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Karen Maciel Estácio -. Recife 2012.2 DOENÇAS DO NEURÔNIO MOTOR CONCEITO Caracteriza-se pela degeneração progressiva de: Células do corno anterior da medula Lesão de motoneurônios inferiores FONTE: http://www.sarah.br/paginas/doencas/PO/p_06_atrofia_muscu_espinhal.htm 3 Tractos corticoespinhais Lesão dos motoneurônios superiores FONTE: http://www.sistemanervoso.com/images/anatomia/ccve_01.jpg Núcleos motores do tronco encefálico Paralisia Bulbar FONTE: http://www.sistemanervoso.com/neurofisiologia/11_images/11_clip_image002_0006.jpg PRINCIPAIS DOENÇAS DO NEURÔNIO MOTOR - DEGENERATIVAS Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) ou Doença do Neurônio Motor Esclerose Lateral Primária (ELP) Atrofia Muscular Progressiva (AMP) As demais formas de doenças do neuronio motor são consideradas por alguns autores como subtipos da ELA 6 ESCLEROSE LATERAL AMIOTRÓFICA –(ELA) LOU GEHRIG. – JOGADOR DE BEISEBOL 1920/1930 Nos Estados Unidos, a esclerose lateral amiotrófica é conhecida como Doença de Lou Gehrig. Os aficionados por beisebol certamente já ouviram falar de Lou Gehrig, um exímio jogador das décadas de 1920/1930. Aos 12 anos, ele conseguia atravessar a nado o rio Hudson que separa a cidade de Nova York do estado de Nova Jersey e, aos 23 anos, era jogador titular do New York Yankees, time com maior número de vitórias da Liga Americana de Beisebol. Considerado um dos melhores jogadores por anos consecutivos, Lou Gehrig recebeu vários prêmios e, aos 37 anos, encontrava-se no auge da forma física, técnica e emocional. Estava casado, tinha filhos, era famoso e querido pela torcida. Um ano mais tarde, porém, a Liga Americana de Beisebol divulgou que o índice de batida desse jogador, ou seja, a tentativa de acertar a bola arremessada, tinha começado a cair, embora ele não apresentasse o menor sinal de fraqueza muscular ou de outra anormalidade qualquer. Mesmo assim, o atleta procurou um médico, um segundo, um terceiro, mas nenhum deles encontrou explicação para o que estava acontecendo. O quarto médico, porém, ao examiná-lo sem roupa, notou pequena atrofia e certo tremor muscular e fez o diagnóstico. Ele conhecia as características da esclerose lateral amiotrófica, porque sua mãe havia morrido por causa dessa doença 7 DEFINIÇÃO A esclerose lateral amiotrófica (ELA) também conhecida como doença de Charcot (França) ou doença de Lou Gehring (EUA) é uma enfermidade adquirida, neurodegenerativa de causa desconhecida, que acomete principalmente os neurônios motores da medula espinhal, do tronco cerebral e do encéfalo. (Palermo, S.; Braz de Lima, J.M.; Alvarenga, R.P, 2009) Acomete, neurônios superiores e inferiores, além dos centros do tronco cerebral. Estudos de caso-controle ainda não conseguiram encontrar um agente etiológico ou identificar fatores de risco. 8 DEFINIÇÃO Esclerose significa endurecimento e cicatrização. Lateral refere-se ao endurecimento da porção lateral da medula espinhal. E amiotrófica é a fraqueza que resulta na atrofia do músculo. Ou seja, o volume real do tecido muscular diminui. Dessa forma, Esclerose Lateral Amiotrófica significa fraqueza muscular secundária por comprometimento dos neurônios motores. 9 EPIDEMIOLOGIA Responsável por 66% de todos os pacientes com DNM Prevalência 4 a 6/ 100.000 habitantes Incidência 1 a 2 /100.000 habitantes / ano Mais comum no sexo masculino 1,5 – 2 : 1 Início dos sintomas entre 50 e 60 anos de idade Em média 52 anos no Brasil 59 – 65 anos em países da europa Acima de 65 anos nos EUA É uma doença de meia idade e de idade avançada. A ocorrência de demência e parkinsonismo pode aumentar em familiares diretos de pacientes com ELA, sugerindo uma raiz comum das doenças neurodegenerativas do envelhecimento. 11 TIPOS CLÍNICOS ELA Esporádica ELA Familiar ELA plus (forma Guam) Na ilha de Guam nos Estados Unidos os casos de ELA estavam frequentemente associados a demência e parkinsonismo, a doença foi encontrada numa frequencia cerca de 50 vezes maior do que em outras partes do mundo, com a modernização da ilha a frequencia igualou-se a de outras partes do mundo. 12 TEORIAS ETIOPATOGÊNICAS Esporádica em 90% ou mais casos Familiar - Herança autossômica dominante em 5 a 10% dos casos 20% ligados a mutação de um gene relacionado com uma enzima inibidora dos radicais livres superóxido dismutase (SOD). Consumo elevado de glutamato Maior incidência de demência e parkinsonismo nos familiares em primeiro grau maior suscetibilidade às doenças neurodegenerativas do envelhecimento. SOD ILHA DE GUAM PAPEL DO GLUTAMATO ELA é uma doença relativamente rara. São registrados um ou dois casos em cada cem mil pessoas por ano no mundo. Acontece que numa das ilhas Marianas, a ilha de Guan situada no Pacífico Oeste, abaixo das Filipinas e a leste do Japão, o número de casos é cem vezes maior. Isso chamou a atenção dos pesquisadores. Eles descobriram que habitantes dessa região, os chamorros, consumiam muito a fruta de uma palmeira que era rica em glutamato. O curioso é que a toxicidade não estava no fruto: estava numa iguaria feita com morcegos carregados de glutamato, porque se alimentavam com esse fruto. Os pesquisadores concluíram, então, que tanto os atletas expostos a ações repetitivas, quanto os chamorros comendo, por anos a fio, o prato feito com morcegos, teriam predisposição para o aparecimento da doença 15 PAPEL DO GLUTAMATO GLUTAMATO VESÍCULAS SINÁPTICAS RECEPTORES PARA O GLUTAMATO CANAIS IÔNICOS Glutamato O principal neurotransmissor excitatório do SNC é sintetizado a partir de glutamina, por ação da enzima glutaminase. Pode ser sintetizado, também, a partir do α-cetoglutarato, um intermediário do ciclo de Krebs, por ação da enzima GABA transaminase, que o converte em glutamato. Encontra-se amplamente distribuído no cérebro e demais regiões do SNC, e é armazenado em vesículas nas sinapses. Entre os receptores para o glutamato, encontramos receptores ionotrópicos: ácido α-amino-3-hidroxi-5-metil-4-isoxazol propiônico (AMPA), cainato e N-metil-D-aspartato (NMDA). Os receptores cainato e AMPA medeiam a despolarização rápida na maioria das sinapses no cérebro e na medula espinhal, geralmente associados a canais de influxo de íons sódio. Os receptores NMDA, por sua vez, relacionam-se à entrada de íons cálcio na célula, sendo controlados pelo ligante (glutamato) e também por voltagem. Isso acontece porque esses receptores (que se encontram bloqueados por magnésio nos potenciais de membrana em repouso) requerem, para sua ativação, não apenas a ligação do glutamato, mas também a despolarização simultânea da membrana pós-sináptica conseguida pela ativação de receptores AMPA e cainato em sinapses próximas de neurônios de entrada diferentes. Assim, percebe-se que os receptores NMDA são ativados, em geral, quando da descarga simultânea de dois ou mais neurônios distintos. Também são encontrados receptores metabotrópicos, acoplados a proteínas G, que são subdivididos em três grupos (mGlu I, II e III) e que possuem atividade mais expressiva em termos pré-sinápticos, para regulação por feedback da liberação do neurotransmissor. Acredita-se que o glutamato atue na memória e cognição do indivíduo, fato que pode ser relacionado à participação do receptor NMDA na plasticidade sináptica (alteração da “força sináptica”, ou seja, da capacidade de excitação ou inibição da célula pós-sináptica) e na indução da potencialização de longo prazo (LTP), que se refere a um aumento prolongado (horas a dias) na magnitude de uma resposta pós-sináptica a um estímulo pré-sináptico. Após sua atividade no receptor, glutamato é retirado ou recaptado da fenda sináptica através de proteínas transportadoras, localizadas na membrana de células gliais e no neurônio pré-sináptico, garantindo assim a homeostase. Processa-se, então, dentro da célula glial, o início de uma via de reutilização através da conversão do glutamato em glutamina (enzima glutamina sintetase). A glutamina é transportada através da membranada célula glial para o neurônio pré-sináptico e então convertida em glutamato pela enzima glutaminase para ser estocado novamente em vesículas. A ação reversa, em condições patológicas, desses transportadores de recaptação pode levar a uma condição conhecida por excitotoxicidade, na qual a excessiva entrada de íons na célula pós-sináptica, notadamente íons cálcio, é capaz de ativar mecanismos apoptóticos 16 FATORES PREDISPONENTES ASSOCIADOS À E.L.A. Veteranos de guerra Exposição à choque elétrico severo Atividade física extenuante Jogadores profissionais Polio prévia Trauma Linfoma Exposição a metais pesados CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS Sinais de acometimento do NMI (baseados no exame clínico, eletroneuromiográfico ou anatomopatológico) em uma ou mais de quatro regiões (bulbar, cervical, torácica, e lombossacral); Sinais de acometimento do NMS (mediante exame físico) em uma ou mais de quatro regiões; Alterações do tipo neurogênicas na ENMG (El Escorial World Federation of Neurology, 1998) A principal função da EMG é distinguir distúrbios NEUROGÊNICOS de MIOGÊNICOS. A configuração das unidades motoras se altera dependendo da doença específica. Nas doenças neurogênicas, o território da unidade motora aumenta e os potenciais da unidade motora aumentam em duração e em amplitude. Nas doenças miogênicas os potenciais da unidade motora têm sua amplitude e sua duração diminuídas. 18 SUBCLASSIFICAÇÃO DO CRITÉRIO DIAGNÓSTICO ELA definida (típica): sinais de acometimento de NMI e NMS em três ou mais regiões (tronco, membros superiores, membros inferiores); ELA provável: sinais de acometimento de NMI e NMS em duas regiões; ELA possível: sinais de acometimento de NMI e NMS em uma região ou de NMS em duas ou três regiões; ELA suspeita: sinais de acometimento de NMI em duas ou três regiões. Há ainda uma subclassificação do critério diagnóstico El Escorial que subdivide a ELA, em: ELA definida (típica): sinais de acometimento de NMI e NMS em três ou mais regiões (tronco cerebral, membros superiores, tórax, membros inferiores), ELA provável: sinais de acometimento de NMI e NMS em duas regiões, ELA possível: sinais de acometimento de NMI e NMS em uma região ou de NMS em duas ou três regiões, ELA suspeita: sinais de acometimento de NMI em duas ou três regiões 19 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Atrofias musculares distais e ou proximais dos membros superiores e ou inferiores e dos músculos da língua; Miofasciculações; Sinais piramidais: hiperreflexia, sinal de Babinski; Ausência de alterações de sensibilidades e distúrbios do controle esfincteriano; Evolução insidiosa FISIOPATOLOGIA Danos ao neurônio motor superior produzem: DEBILIDADE ESPASTICIDADE HIPERREFLEXIA Danos ao neurônio motor inferior resultam em: ATROFIA DEBILIDADE FASCICULAÇÃO MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 75% dos pacientes se apresentam com sintomas em membros. 25% dos pacientes se apresentam com sintomas bulbares. EVOLUÇÃO E PROGNÓSTICO INEXORÁVEL E PROGRESSIVA SEM REMISSÕES, RECIDIVAS OU MESMO PERÍODO DE ESTABILIZAÇÃO. EXPECTATIVA DE VIDA DE 2 – 5 ANOS APÓS O APARECIMENTO DOS SINTOMAS MORTE POR: INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA, PNEUMONIA POR ASPIRAÇÃO OU EMBOLIA PULMONAR TRAQUEOSTOMIZADO, O PACIENTE PODE SER MANTIDO VIVO DURANTE ANOS. EVOLUÇÃO E PROGNÓSTICO FATORES QUE FAVORECEM A EXPECTATIVA DE VIDA MAIOREXPECTATIVA DE VIDA MENOR EXPECTATIVA DE VIDA IDADEMAIOR 50 ANOS IDADE MENOR 50 ANOS INÍCIO ESPINHAL INÍCIO BULBAR BOANUTRIÇÃO DISPNÉIA / NUTRIÇÃO RUIM POUCASFASCICULAÇÕES MUITAS FASCICULAÇÕES TRATAMENTO Nenhuma terapêutica farmacológica eficaz. Tratamento sintomático Psicoterapia Apoio emocional Fisioterapia maximização funcional Fonoaudiologia Dispositivos auxiliares ORGANIZAÇÕES DE APOIO À ELA http://www.tudosobreela.com.br/ http://www.alsmndalliance.org/ http://www.mndassociation.org/index.html http://www.hawking.org.uk/ TRATAMENTO Adequação de tônus Trabalhar a musculatura ainda íntegra Associar fisioterapia respiratória Hidroterapia : prestando atenção na pressão da água Stephen Hawking, um dos mais consagrados cientistas da atualidade). POLIOMIELITE ANTERIOR AGUDA POLIOMIELITE ANTERIOR AGUDA Paralisia infantil Doença infecciosa causada por um enterovírus Transmissão é fecal-oral Afeta os cornos anteriores da medula Raramente afeta os núcleos motores dos pares cranianos no tronco cerebral. Doença exclusiva do neurônio motor inferior. Paralisia Severa atrofia muscular POLIOMIELITE ANTERIOR AGUDA Fase aguda: surgimento da fraqueza 2 a 3 semanas após o meningismo Após a fase aguda, a fraqueza melhora 6 a 9 meses depois Presença de sequelas neurológicas. Diagnóstico: EMG, líquor Fisiotrapia na fase aguda: posicionamento Fisioterapia após fase aguda SÍNDROME PÓS-PÓLIO Surgimento décadas após a ocorrência da poliomielite Sintomas: fraqueza muscular, fadiga generalizada e dor muscular Ocorre em até 30 a 60% dos pacientes acometidos por pólio. Mecanismo fisiopatológico não é totalmente conhecido envelhecimento precoce das unidades motoras acometidas pela poliomielite Fadiga e a dor são os sintomas mais incapacitantes. SÍNDROME PÓS-PÓLIO A cometimento dos mesmos músculos afetados Não há exame complementar para confirmar Durante o exame físico é difícil determinar o que é déficit novo e o que é antigo Evolução benigna Tratamento fisioterapêutico: evitar o excesso de exercícios que pode levar à piora da fraqueza. TRATAMENTO O mais importante é fortalecer sem gerar fadiga muscular Não utilizar resistência Fisioterapia aquática: usar a resistência da água OBRIGADA!!!!
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