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Educação, Batatais, v. 2, n. 1, p. 1-158, junho, 2012 1 Batatais - SP v. 3, n.1, p. 1-144, jan./dez. 2013 ISSN 2237-2334 Educação, Batatais, v. 2, n. 1, p. 1-158, junho, 2012 2 Claretiano – Centro Universitário Educação a Distância - Revista Científica / Claretiano – Centro Universitário – Batatais, SP: Coordenadoria Geral de Pesquisa e Iniciação Científica (CPIC), v. 3, n. 1 (jan./dez. 2013) ISSN 2237-2334 Anual 1. Educação a Distância 2. Periódico científico I. Claretiano – Centro Universitário Ficha Catalográfica Pede-se permuta We ask for exchange On demande l´échange Se pide intercambio Contato: CLARETIANO – CENTRO UNIVERSITÁRIO Bibliotecária Responsável: Cristina de Cássia Bueno Mendes – CRB8 – 3636 Rua Dom Bosco, 466 - Castelo 14300-000 - Batatais - SP Fone: (16) 3660-1616 E-mail: periodico@claretiano.edu.br Educação, Batatais, v. 2, n. 1, p. 1-158, junho, 2012 3 REITORIA Reitor Dr. Pe. Sérgio Ibanor Piva Pró-Reitor Administrativo Pe. Luiz Claudemir Botteon Pró-Reitor Acadêmico Prof. Ms. Luís Cláudio de Almeida Pró-Reitor de Extensão e Ação Comunitária Ms. Pe. José Paulo Gatti 4 Educação a Distância, Batatais, v. 3, n. 1, p. 1-144, jan./dez. 2013 Comissão Editorial Rafael Menari Archanjo - Editor Chefe Artieres Estevão Romeiro - Editor Conselho Editorial Amaline Boulus Issa Mussi (UNISUL-SC) Ana Cláudia da Silva (UNIVALE-MG) César Apareciddo Nunes (UNICAMP) Cláudia Regina Bovo (UFMT-MT) Daniel Mill (UFSCAR-SP) Jeferson Pistori (UCDB-SP) João Vianney (Hoper Consultoria) Juscimara Roesler (UNISUL-SC) Lania Stefanoni Ferreira (Claretiano-SP) Lúcia Giraffa (PUC-RS) Patrícia Lupion Torres (PUC-PR) Marcelo Donizete da Silva (UFOP-MG) Marcia Campos de Oliveira (Claretiano-SP) Stefan Vasilev Krastanov (UFMS) Produção Editorial Equipe Editorial - Claretiano Educação, Batatais, v. 2, n. 1, p. 1-158, junho, 2012 5 Sumário / Contents Editorial ARTIGOS / ARTICLES Há relação humana na interação professor-aluno em Educação a Distância? / Is there a human relationship in teacher-student interaction in distance education? Emerson Carneiro Porcari A importância do uso das tecnologias no processo de ensino-aprendizagem / The importance of the use of technology in teaching-learning process Fernanda Wolf Garcia Razões para escolha de uma Graduação a distância: uma abordagem sobre o perfil de alunos ingressos em EaD / Reasons to choose a distance learning graduation course: an approach about student’s profile that ingresses in distance learning courses Gabriel Luis Spina Educação a Distância na formação continuada dos professores de Várzea Paulista / Distance education in continuing education of teachers of Várzea Paulista Henderson Tavares de Souza 7 9 25 49 EDUCAÇÃO Educação, Batatais, v. 2, n. 1, p. 1-158, junho, 2012 6 79 97 117 EDUCAÇÃO A formação de professores em um curso de Licenciatura a distância / Teacher education at a distance degree course Maria Aparecida Vilela Mendonça Pinto Coelho Estratégias de sucesso de um professor trabalhando uma disciplina nova com apoio de ferramentas de educação a distância (EAD): estudo de caso / Strategies for success of a teacher working with a new discipline with support tools of distance education (EAD): case study Dorlivete Moreira Shitsuka Rabbith Ive Carolina Shitsuka Risenberg Ricardo Shitsuka Inclusão informacional de alunos com necessidades educacionais especiais (NEE) em bibliotecas / Informational inclusion of students with special educational needs (SEN) in libraries Vitor Gonçalves Dias 7Educação a Distância, Batatais, v. 3, n. 1, p. 7, jan./dez. 2013 Editorial EDUCAÇÃO Tema paradigmático nas discussões acerca da ensinagem nos últimos anos, a Educação a Distância já é uma realidade. Consolida-se como um viés de aprendizado que vem ao encontro das mudanças dinâmicas da so- ciedade – a redefinir os conceitos de espaço e tempo dentro da Educação. Um dos pioneiros a acreditar na proposta e desenvolver um método pró- prio de EaD foi o Claretiano – Centro Universitário. Referência em Educação a Distância, juntamente com outras pro- postas de sucesso nessa modalidade, tendo em vista o resultado do ENA- DE e as últimas avaliações do MEC, a Instituição tem papel importantís- simo no eixo da discussão. Em resposta a essa realidade, lança o terceiro número do periódico científico EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA. Os textos publicados, oriundos dessa confluência, não poderiam deixar de trazer os principais temas do debate: o preponderante papel do tutor: sua ação motivacional e instrucional no específico modelo; a importância do uso das tecnologias e a necessidade de seu contínuo aper- feiçoamento, de modo a atender a dinâmica do processo ensino-aprendi- zagem; avaliação de atividades e interatividades; a adaptação do processo a alunos com necessidades especiais, além de importantes estudos de caso realizados em populações e cursos específicos. Em nome da Instituição, convido você, caro leitor, a entrar no debate. Mãos à obra? Prof. Rafael Menari Archanjo Coordenador Geral de Pesquisa e Iniciação Científica 8 Educação, Batatais, v. 3, n. 1, p. 8, junho, 2012 9Educação a Distância, Batatais, v. 3, n. 1, p. 9-24, jan./dez. 2013 Há relação humana na interação professor-aluno em Educação a Distância? Emerson Carneiro Porcari1 Resumo: Este artigo pretende verificar em que medida a relação entre alunos e professores/tutores pode interferir na qualidade da aprendizagem e na motivação nos cursos de educação à distância. Parece haver uma relação entre o nível de relacionamento que se estabelece entre o tutor, sua turma e os alunos entre si com o desempenho e a motivação dos alunos. Caracterizada pela separação física e temporal entre seus agentes, a EaD se desenvolve mediada pelas TICs, e os cursos são geralmente pensados de modo a garantir autonomia, seja com relação ao tutor ou às próprias demandas dos alunos. Todavia, muitos alunos e ex-alunos se queixam com relativa frequência quanto à ausência ou indiferença do tutor. As pesquisas realizadas neste trabalho denotam a necessidade de que as instituições atentem para a qualidade da tutoria que, mais que quesitos como conteúdo, material didático e sistemas AVA utilizados, influenciam a motivação e as desistências. Palavras-chave: Educação. Tutoria. Aprendizagem. Interação. 1 Especialista em Planejamento, Implantação e Gestão em Educação a Distância pelo Claretiano – Centro Universitário. Licenciado em Filosofia pela Universidade Estadual de Campinas – Unicamp. Docente de Filosofia no Ensino Fundamental na Rede Municipal de Indaiatuba (SP). E-mail: <eme_cps@hotmail. com>. Educação a Distância, Batatais, v. 3, n. 1, p. 9-24, jan./dez. 201310 1. INTRODUÇÃO Nesta pesquisa bibliográfica, buscamos verificar se há relação huma- na em Educação a Distância, doravante chamada de EaD, e se tal relação intermediada por máquinas e tecnologias permite uma interação adequa- da ao desempenho dos alunos desses cursos. Para isso, é preciso verificar como se dão as relações entre seus agentes, professor/tutor e aluno, nos cursos de Educação a Distância e se essa relação pode influenciar o desem- penho dos alunos. Embora alguns autores defendam que a interação não é necessária em cursos a distância, muitos outros mostram que ela não só é necessária, mas é também parte constituinte da EaD, que já é possível manter em ambientes virtuais a interação característica da educação pre- sencial e ressaltam que a má interação promove a desistência do curso, com prejuízos ao aluno, à instituição e mesmo, podemosdizer, à Educa- ção a Distância enquanto modalidade educacional ainda em formação e com uma imagem em construção no Brasil e no mundo. Se um curso presencial segue, geralmente, uma lógica linear, na EaD o tutor, sendo a figura que mantém essa relação, deverá estar atento ao envolvimento e ao desempenho da turma, flexibilizando ou alterando os tempos das tarefas e das interações, ou mesmo disponibilizando material antecipadamente, de modo a atender o público com o qual interage. Ora, se tal importância é reconhecida na figura do tutor, não é desnecessário lembrar que ele precisa ter empatia, estar presente e se fazer atuante pe- rante seus alunos, além de motivá-los, sob pena de colocar todo o trabalho institucional em risco. Ele passa a ser o mediador entre conteúdo, material midiático, instituição e docentes, sendo o elo do aluno com o curso, além de ser responsável por promover a interação entre ele mesmo e os demais alunos, e destes entre si. Por isso, sua ausência é sempre e rapidamente sentida pelos alunos, que, nesse caso, se sentem desprestigiados em suas re- alizações, no próprio sentido de construção mútua, característico da EaD, além de tolhidos em sua autonomia, especialmente se as dúvidas não são esclarecidas em tempo hábil, conforme Santos e Machado (2010, p. 5): 11Educação a Distância, Batatais, v. 3, n. 1, p. 9-24, jan./dez. 2013 A comunicação mediada tecnologicamente deve estar pautada em uma capacidade de se relacionar, mesmo a distância, com empatia, e do domínio das tecnologias e do conteúdo, para que, munido de tais habilidades e competências, este profissional possa motivar os seus alunos e ajudá-los a gerenciar os seus estudos. Pudemos perceber que a interação (ou a falta dela) influencia o an- damento dos cursos de Graduação e Pós-Graduação, bem como de outros cursos na modalidade a distância, tanto quanto demais fatores, quer sejam internos, como ambiente virtual e apoio acadêmico, ou externos, como excesso de trabalho, problemas financeiros etc. Vários autores concluem que uma interação deficiente interfere na motivação dos alunos, aumen- tando a evasão e a desmotivação, sendo a falta de interação responsável por grande parte dos ex-alunos e desistentes desses cursos terem abando- nado os mesmos. Nesse sentido, para o aluno, o tutor pode ser um fator determinante de estímulo ou desestímulo para a realização do curso. 2. INÍCIO DA EAD Os atuais cursos em EaD são ainda descendentes dos modestos cur- sos técnicos por correspondência vigentes séculos atrás, com alguns au- tores relatando ensino de taquigrafia por correspondência já no século XVIII. Nos séculos seguintes, especialmente na Europa e EUA, inicia- ram-se experiências com cursos acadêmicos que seguiam o mesmo esti- lo de execução, com muitas dificuldades, mas que foram se atualizando segundo o surgimento de novas tecnologias e mídias; rádio, TV, cassetes, telefone etc. É do período das décadas de 60 e 70 do século XX o surgi- mento na Inglaterra da Open University, que foi demarcatório e serviu de modelo para os nossos cursos atuais, atuando até hoje e formando milhões de alunos. Gradualmente, a EaD foi se firmando no Brasil a partir da mesma época, evoluindo para o uso de rádio e televisão na década de 1970. “Esse Educação a Distância, Batatais, v. 3, n. 1, p. 9-24, jan./dez. 201312 modelo foi amplamente usado para programas de ensino de cursos técni- cos” (MUGNOL, 2009, p. 336) e “[...] tinha como finalidade ampliar a oferta de oportunidades educacionais” (MUGNOL, 2009, p. 337). Dessa época vale ressaltar a existência de algumas instituições: o Projeto Minerva e o Instituto Monitor de Rádio oferecendo cursos técnicos, e o IUB – Ins- tituto Universal Brasileiro, que, além de diversos cursos técnicos, oferecia formação nos níveis básico e médio. Cabe ressaltar que esses primeiros cursos tinham por meta a formação de profissionais técnicos (principal- mente de conserto de rádios) e o reforço escolar e alfabetização por meio de programas como os telecursos de 1º e 2º graus. Devido à necessidade de regulamentar a EaD, o MEC criou normas próprias como base legal, inse- ridas na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9394/96). Nota-se nessa lei a preocupação com a qualidade dos cursos, mantendo as instituições em constante acompanhamento por meio da avaliação do sistema (MUGNOL, 2009, p. 348). Conforme Munhol, “houve no país uma impressionante expansão da EaD depois da publicação da LDB em 1996” (2009, p. 338), prova de que há muito se fazia necessário uma regulamentação específica para EaD no país. Depois da sua regulamentação pelo MEC, com o incremento de novas tecnologias e ampliação do alcance de outras, com a internet se es- tabelecendo e se expandindo no país, a EaD passou por um grande cresci- mento em torno dos anos 90, o que permitiu o surgimento de novas mo- dalidades de ensino de nível superior, como Graduação e Pós-Graduação. 3. CONCEITO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Podemos classificar a educação em duas modalidades: presencial e a distância (ALVES, 2011, p. 84). Quando procuramos por definições de Educação a Distância, encontramos, na maioria das vezes, uma defini- ção que busque diferenciá-la do ensino presencial. A Educação Presencial, também conhecida como tradicional, é aquela na qual alunos e professo- res se encontram com certa regularidade em locais e horários predetermi- 13Educação a Distância, Batatais, v. 3, n. 1, p. 9-24, jan./dez. 2013 nados, e caracteriza-se pela transmissão de conteúdo do professor para o aluno, em um processo linear. Todavia, o advento das novas tecnologias permitiu o crescimento da modalidade de Ensino a Distância, e novos caminhos deverão ser traçados para o futuro da educação em massa, em processos não lineares, em que o aluno pode ser coautor do conhecimen- to. Para caracterizar a Educação a Distância, vários autores a definem, em geral, como aquela na qual os agentes (professor/tutor e aluno) se relacio- nam por meio de tecnologias de comunicação de vários tipos em espaços e tempos distintos, o que valoriza a bidirecionalidade e a autonomia do aluno, destacando-se a definição de Aretio (apud GUAREZI, 2009, p. 19), segundo a qual a: EAD é um sistema tecnológico de comunicação bidirecional que substitui a interação pessoal, em sala de aula, entre professor e aluno como meio preferencial de ensino pela ação sistemática e conjunta de diversos recursos didáticos e pelo apoio de uma organização tuto- rial de modo a propiciar a aprendizagem autônoma dos estudantes. Podemos acrescentar ainda a interação constante com o novo como característica de EaD, definida por autores como Schlosser: A educação a distância pode ser entendida como a modalidade edu- cativa que possibilita aos estudantes desenvolver habilidades para que sejam capazes de construir seus próprios conhecimentos, com li- berdade de criar novas formas de aprender e entender, apoiados por recursos tecnológicos. No contexto dessa modalidade, compreende- -se que estar distante não é estar ausente e em repouso, mas sim estar atento e pronto a interagir com o novo, estabelecendo outras formas de contato e comunicação (SCHLOSSER, 2010, p. 06, grifos nossos). Assim, tão importante quanto a diferenciação de Educação Presen- cial é a caracterização de EaD como aquela na qual o aluno é separado do grupo de aprendizagem (KEEGAN apud MAIA; MATTAR, 2008, p. 08), condicionando o andamento do curso à sua autonomia e capacidade de interação à distância, o que depende da figura do tutor. Educação a Distância, Batatais, v. 3, n. 1, p. 9-24, jan./dez. 201314 4. RELAÇÃO PROFESSOR/TUTOR-ALUNO Como nossa intenção é justamente averiguar a influência da intera- ção nos cursos de EaD, nos focaremos nos atores que a compõem, a saber; o professor/tutor e o aluno. Precisamos abordar a questãoda diferencia- ção entre professor e tutor para evitar indefinições, pois esses profissionais muitas vezes exercem funções que se sobrepõem, definindo-se pelas suas atribuições no curso, visto que “o que difere entre esses dois profissionais da educação é o contexto em que estão institucionalizados e as deman- das pedagógicas lhe são atribuídas” (PEREIRA, 2007, p. 08). Em geral, o professor tem sido caracterizado como aquele que produz o conteúdo, ao passo que o tutor é entendido como aquele que interage com os alunos. Independente do fato de que professor e tutor devem trabalhar colabora- tivamente, como o aluno interage nas demandas diárias principalmente com a figura do tutor, acaba vinculando sua imagem à do próprio curso e à da instituição. Quando um aluno sente algo em relação ao tutor, seja aver- são ou empatia, esse sentimento fica sendo o mesmo que sente pela insti- tuição e pelo curso em questão, porque, “em suma, o tutor é aquele que em muitos momentos representa o curso e é por isso que autores depositam em sua atuação o sucesso ou não da educação a distância” (SCHLOSSER, 2010, p. 02). Para que essa complexa relação entre tutor e aluno possa evoluir no sentido de permitir as interações almejadas para o curso, é necessário que haja uma relação amigável entre eles. Como o aluno é quem chega e o tutor o recebe, este deve proporcionar uma recepção que valorize o ingres- sante e faça-o sentir-se à vontade mesmo estando a distância. Essa relação tem se mostrado essencial para a satisfação e motivação dos alunos, e para caracterizar uma EaD eficiente é necessário que haja bidirecionalidade na interação, conforme Saraiva (1996, p. 17): A educação à distância só se realiza quando um processo de utili- zação garante uma verdadeira comunicação bilateral nitidamente educativa. Uma proposta de ensino/educação à distância necessaria- 15Educação a Distância, Batatais, v. 3, n. 1, p. 9-24, jan./dez. 2013 mente ultrapassa o simples colocar materiais instrucionais a dispo- sição do aluno distante. Exige atendimento pedagógico, superador da distância e que promova a essencial relação professor-aluno, por meios e estratégias institucionalmente garantidos. Como essa interação será sempre mediada pelo material instrucio- nal, as instituições precisam estar atentas a todo o processo de concepção de um curso, mantendo sempre seu foco “no aluno e suas significações”, conforme Coll Salvador (1994, p. 52, apud PEREIRA, 2007, p. 87), in- dependentemente das adversidades, porque “[...] é preciso que ocorra a adequação das metodologias e estratégias de ensino-aprendizagem que potencializem ao máximo a aprendizagem do aluno” (PEREIRA, 2007, p. 88). Conforme Pereira: [...] tudo parece indicar que o aluno constrói significações ao mesmo tempo em que atribui um sentido ao que aprende, de tal maneira que as significações que finalmente constrói a partir do que lhe é ensinado não dependem só dos conhecimentos provisórios que pos- sua e do seu colocar em relação ao novo material de aprendizagem, mas também do sentido que atribui a este e à própria atividade de aprendizagem (p. 78). Ao tutor, o autor recomenda que se coloque na posição mais presen- te possível: Portanto, se quisermos desenvolver um processo de formação signi- ficativo, que ultrapasse a mera certificação, será necessário dialogar com os demais aspectos, inclusive para realmente possamos intervir e auxiliar o aluno em suas dificuldades de aprendizagem e em seus dilemas profissionais (PEREIRA, 2007, p. 87). A figura do tutor é, portanto, definitiva para o bom andamento de um curso de EaD. Segundo Pereira, “é também por meio da tutoria que se garantirá que o curso se efetive em todos os níveis” (2007, p. 100). Ao Educação a Distância, Batatais, v. 3, n. 1, p. 9-24, jan./dez. 201316 mesmo tempo em que o tutor se mantém mais próximo de seus alunos, em EaD, o docente diminui o controle sobre seus alunos e sobre o que e como fazem (SOUZA, 2008), devido ao distanciamento físico, o que exige maior mediação do tutor: “Na EaD, a mediação adquiriu papel de suma importância uma vez que o distanciamento físico sempre esteve a exigir recursos, estratégias, habilidades, competências e atitudes diferen- tes dos convencionais” (SOUZA, 2008, p. 06). O envolvimento do pro- fessor (docente/tutor) estimula a todos e promove um acolhimento que forma o grupo; por isso, faz-se necessário maior envolvimento do tutor no ambiente virtual justamente para compensar sua virtualidade. Sua atitude frente ao grupo será determinante para o incentivo de todos, possibilitan- do alcançar o máximo de suas potencialidades: Para Masetto (2000), mediação pedagógica é a atitude, o compor- tamento do professor que se coloca como um incentivador ou mo- tivador da aprendizagem, como uma ponte rolante entre o aprendiz e a aprendizagem, destacando o diálogo, a troca de experiências, o debate e a proposição de situações (SOUZA, 2008, p. 05). Em se considerando essa definição, contudo, poderíamos dizer que grande parte dos tutores atuantes nos cursos de EaD não poderiam ser as- sim chamados, visto que, segundo relatam vários alunos de cursos de EaD, não se enquadram no perfil de “incentivador” ou “ponte entre o aprendiz e a aprendizagem”, pois muitos somente postam as tarefas, não respon- dem questões ou o fazem tardiamente, não interagem com a turma e não direcionam as discussões, deixando os alunos restritos a se organizarem por conta própria e subordinados aos prazos. Essa sensação de abandono relatada por vários alunos de cursos a distância mostra o quanto a EaD precisa evoluir ainda nesse quesito, dentre outros. Uma das barreiras que precisa ser vencida é quanto à imagem de facilidade da EaD. Muito da imagem de que a EaD é mais fácil e exige menos esforço dos alunos é o que garante o desestímulo posterior destes, quando se veem diante das dificuldades de ter autonomia e organização, além da dedicação neces- 17Educação a Distância, Batatais, v. 3, n. 1, p. 9-24, jan./dez. 2013 sária aos estudos. Todavia, as próprias instituições podem ser, em parte, responsabilizadas por essa imagem de aparente facilidade, quando divul- gam seus cursos em seus sites ou outros meios. Destaca-se sempre o sistema utilizado, os conteúdos de qualidade e mesmo a ligação posterior com o mercado de trabalho, mas nunca a necessária dedicação – por parte dos alunos – aos estudos e a autonomia necessária, tão fundamentais para que o curso seja terminado a contento, conforme Souza: Um dos desafios atuais da EaD hoje é construir um aparato pedagógico em que o aluno sinta-se participante, “vivo” no processo, mesmo não vendo os outros colegas e o espaço demarcado fisicamente; mesmo não tendo um horário fixo, predeterminado, sinta-se impelido a aprender de forma interativa e compartilhada (SOUZA, 2008, p. 12). A própria formação de tutores, segundo se pode observar, não deixa de se configurar como um desafio para a EaD, que se consolida no mun- do todo como um caminho sem volta, mas é dependente dessa figura tão complexa e ao mesmo tempo tão fundamental para o fortalecimento des- sa modalidade de ensino-aprendizagem, pois, “atualmente, a formação de tutores é um grande desafio para a modalidade a distância, na medida em que esse profissional tem ganhado maior relevância por parte de cada vez mais autores, que salientam sua importância para o sucesso dos cursos de EaD” (SCHLOSSER, 2010, p. 02). Para que isso ocorra de fato, é preciso que as instituições reconheçam o valor dos seus tutores, de modo que eles possam dedicar boa parte de seu tempo aos alunos que orientam, uma vez que “[...] o tutor precisa ter capacidades pessoais e técnicas e dominar a modalidade na qual atua” (SCHLOSSER, 2010, p. 08), porque “[...] nes- se tipo de relação estabelecida em EAD, visualizamos a função do tutor comoa de um professor orientador” (PEREIRA, 2007, p. 08), que precisa organizar espaços e tempos e estar atento para poder dedicar-se com efici- ência ao aprendizado dos alunos e sua autonomia, pois, segundo o autor, “[...] é também por meio da tutoria que se garantirá que o curso se efetive em todos os níveis” (PEREIRA, 2007, p. 100). Educação a Distância, Batatais, v. 3, n. 1, p. 9-24, jan./dez. 201318 5. A INTERAÇÃO Para sanar possíveis ambiguidades, distinguiremos os termos “inte- ratividade” e “interação”. Conforme Goulart et al., interatividade é um termo mais amplo que se refere a duas possibilidades; a potencialidade técnica disponível e a atividade humana com a tecnologia. Já por intera- ção podemos considerar a “[...] ação recíproca entre os sujeitos que pode ser direta ou indireta (mediada por algum veiculo técnico de comunica- ção [...])” (GOULART et al., 2007). Então essa ação, para se caracteri- zar, precisa da atuação efetiva dos agentes do curso e essa ação deve ser recíproca. Nossas questões quanto à interação são: ela ocorre? Em que medida? Quando? A interação, ou a falta dela, interfere para o aluno no andamento do curso? Contudo, a interação presencial (entre tutores e alunos, alunos e alu- nos), tão comum no ensino tradicional, não pode ser mantida na EaD – ao menos, não no mesmo formato –, exceto nos encontros obrigatórios (que no futuro podem, inclusive, ser abolidos, dependendo da legislação). Há, inclusive, seja pelas restrições das antigas tecnologias, seja por considera- rem que a interação tolhe a autonomia do aluno, autores que defendem que a interação não seja considerada parte constituinte dos cursos de EaD, pois seria necessário coordenar tempos e espaços (ao menos na interação síncrona), restringindo as possibilidades discentes. Tais autores conside- ram que propor interações limita a autonomia dos alunos, defendendo que “a interação de professores e alunos não é considerada por todos uma característica necessária para a EaD” (MAIA; MATTAR, 2008, p. 09). A necessidade da interação em EaD surgiu posteriormente, conforme Maia e Mattar (2008, p. 09): A ideia de autonomia e independência do aluno era [antes da web e das TICs] parte integrante do conceito de EaD, enquanto a ideia de interação não, mesmo porque não havia tecnologia capaz de repro- duzir, à distância, a riqueza da interação em sala de aula. 19Educação a Distância, Batatais, v. 3, n. 1, p. 9-24, jan./dez. 2013 Atualmente, contudo, as tecnologias existentes já permitem que haja muita interação em salas de aula virtuais. Keegan afirma que já é possível reconstruir virtualmente a interação e a intersubjetividade que ocorrem na educação tradicional (KEEGAN apud MAIA; MATTAR, p. 08). Ademais, segundo Maia e Mattar, “os projetos de EaD deveriam incluir uma comunicação de mão dupla, que envolvesse a possibilidade de diá- logo com o professor e os demais alunos” (2008, p. 09), porque “muitos autores consideram que a ideia de interação deve fazer parte do conceito de EaD” (2008, p. 09). Ainda segundo Goulart et al., a interação, além de importante, não pode ser considerada isoladamente na vida dos agentes; ela se relaciona com os outros aspectos da vida do aluno, aspectos esses externos ao curso: A interação não se dá apenas entre aluno e material instrucional, alunos entre si, alunos e tutor, alunos e instituição de ensino. Dá- -se também, entre os demais elementos que compõem o universo do aluno (história de vida, família, trabalho, classe, outros grupos a que pertença) (GOULART et al., 2007, s. p.). Como já disseram alguns autores sobre a educação a distância, está claro que ela não pode ser distante (ZUIN, 2006), mas deve criar condi- ções para aprendizagem efetiva e a motivação do grupo. Porque a distân- cia interpessoal, sentida emocionalmente, se equipara à distância sentida fisicamente, porque “[...] a distância não é apenas um espaço físico, mas também psicológico, sociológico, cultural, econômico, filosófico, entre outros” (GOULART et al., 2007, s. p.). Dessa forma, a interação não se restringe à relação estabelecida entre aluno e tutor, mas abrange pratica- mente todos os aspectos da vida do aluno, o que a torna subjetiva, mas determinante para a realização da EaD. A boa interação, então, possibi- litaria maiores garantias de aprendizagem, uma vez que “Os métodos em EAD devem buscar reduzir a distância interpessoal promovendo a inte- ração entre professor-aluno e aluno-aluno, garantindo a aprendizagem Educação a Distância, Batatais, v. 3, n. 1, p. 9-24, jan./dez. 201320 e a transferência de mensagens” (GOULART et al., 2007, s. p.). Assim sendo, não há como negar o papel importante que as interações realizadas durante um curso de EaD, entre alunos, entre alunos e tutoria, no uso de suas ferramentas e do AVA, interferem na motivação e nos resultados tan- to quanto as interações externas ao curso, relativas a cada aluno. 6. EVASÃO Quando analisamos os motivos relatados em pesquisas sobre evasão, encontramos grande parte dos desistentes relatando falta de dinheiro, tempo e apoio da instituição, especialmente do tutor. Segundo relatório de pesquisa realizada pela autora com alunos desistentes do Curso de Es- pecialização em Esporte Escolar da UnB, Almeida relata que: De acordo com o contexto de motivos para desistência, os resulta- dos da análise contemplaram cinco categorias-síntese estabelecidas a posteriori: Fatores situacionais, falta de apoio acadêmico, problemas com a tecnologia, falta de apoio administrativo e sobrecarga de tra- balho (ALMEIDA, 2008, p. 04). Sua interessante pesquisa mostra, quanto ao item apoio acadêmico, que alunos desistentes relatam contatos insuficientes e insatisfação com a atuação da tutoria, falta de encontros presenciais para melhor interação com os participantes e interação dos fóruns também insuficiente, além da inexistência de interação com os colegas e professores: A análise da categoria “Falta de apoio acadêmico” apontou que os alunos não tiveram um acompanhamento acadêmico efetivo. Eles relataram problemas de comunicação com o tutor, falta de feedback sobre as atividades enviadas, entre outros. Em síntese, essa categoria enfatiza também problemas com relação à falta de interação entre o tutor e os alunos, sendo indicada por 41% dos respondentes (AL- MEIDA, 2008, p. 06). 21Educação a Distância, Batatais, v. 3, n. 1, p. 9-24, jan./dez. 2013 Aspectos endógenos relatados pelos alunos, como o isolamento, a falta de um grupo, aspectos pessoais que ocorrem durante o curso, são fatores decisivos quanto à evasão nos cursos de EaD analisados por outros autores, com destaque para Cookson, segundo Almeida: Cookson apontou a solidão e a falta de apoio acadêmico nos mo- mentos de dificuldade, como fatores que os levaram a desistirem de um curso a distância. A importância do tutor nos cursos a distância também é enfatizada por Hricko (2002) e Harasim (2005). Essas autoras destacam que a aprendizagem em grupo on-line exige que o tutor desempenhe um papel de facilitador, observador e monitor, para auxiliar o aluno no processo de interação, além de prestar, em tempo hábil, as informações necessárias. Num ambiente onde a co- municação é assíncrona e “de muitos para muitos”, o professor deve estimular o aluno a participar e a interagir com o grupo (ALMEI- DA, 2008, p. 07). Evidentemente, fatores externos ao curso, como excesso de trabalho, situações contingentes, família etc., interferem no andamento dos cursos e na evasão, mas não se pode desconsiderar a importância de interação no ambiente virtual, seja com o tutor ou com os demais alunos como fator determinante na motivação e na persistência dos alunos. 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS A pesquisa bibliográfica revelou que, nas análises das definições de EaD, a ênfase dada é na descontinuidade,ou seja, na separação aluno/ professor. No entanto, é indispensável o contato regular e eficiente entre esses atores no processo educativo, pois facilita uma interação satisfatória, proporcionando segurança psicológica entre os alunos e a instituição ofer- tante do curso, sendo de extrema importância para a motivação do aluno, como condição indispensável para a aprendizagem autônoma. Quanto à relação inversa, autonomia/interação, cabe estudar, para cada instituição Educação a Distância, Batatais, v. 3, n. 1, p. 9-24, jan./dez. 201322 ou curso, se a interação limita de fato a autonomia, e em que circunstân- cias, e propor um meio-termo para essa questão, promovendo interações de modo planejado para dar ao aluno autonomia, como a possibilidade de participar de um chat, mas liberdade para não ser obrigado a fazer isso. Nossa pesquisa permite considerar que os aspectos exógenos, como tec- nologia, trabalho, apoio administrativo etc., interferem no desempenho dos cursos de EaD, mas a tutoria mal feita e a falta de interação garantida por ela revelam-se os pontos fracos de muitos desses cursos. Há que se ter cuidado na questão da autonomia, porque o aluno tem liberdade para organizar seus tempos de estudo, mas não para alterar as datas das provas e prazos propostos. Há relação humana nos cursos de EaD, mas ela pode ser solitária. Do latim antigo, herdamos uma frase intrigante da sabedo- ria dos romanos: quis custodiet ipsos custodes (quem guardará os próprios guardas?). Fica a lição para as instituições: faz-se necessário que, também elas, acompanhem o tutor como ele deveria fazer com a sua turma. REFERÊNCIAS ALMEIDA, O. C. S. Evasão em cursos a distância: análise dos motivos de desistência. Maio 2008. Disponível em: <http://www.abed.org.br/congresso2008/ tc/552008112738PM.pdf >. 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Abstract: This article intends to check how much the relationship between students and teachers/tutors can interfere with the quality of learning and motivation in distance education courses. There seems to be a relation between the level of relationship that is established between the tutor, his class and students among themselves and the performance and motivation of the students. Characterized by physical and temporal separation among their agents, the distance education is developed through ICTs, and the courses are generally designed to ensure autonomy, regarding either the tutor and the students’ own demands. However, many students and former students complain with relative frequency about the absence or indifference of the tutor. The research carried out in this work embodies the need that the institutions must act for the quality of mentoring that, more than interrogatories as content, teaching materials and virtual systems used, influence the motivation and the defections. Keywords: Education. Mentoring. Learning. Interaction. 25Educação a Distância, Batatais, v. 3, n. 1, p. 25-48, jan./dez. 2013 A importância do uso das tecnologias no processo de ensino-aprendizagem Fernanda Wolf Garcia1 Resumo: A sociedade atual é tecnológica, de modo que não é mais possível pensar em educação sem a utilização das tecnologias. O processo de ensino-aprendizagem também já se mostra diferente do de antigamente, pois as formas de ensinar e aprender são diferentes, isto é, o professor não é mais um simples transmissor do conhecimento. Hoje, ele é um mediador, facilitador do processo de ensino-aprendizagem e os alunos são os sujeitos ativos desse processo, deixando de ser simples receptores do conhecimento. Dessa forma, o professor precisa utilizar recursos que transformem suas aulas, de modo a instigar mais e mais a busca pelo conhecimento por parte dos alunos, ministrando aulas dinâmicas, motivadoras, atrativas e entendendo que as tecnologias disponíveis auxiliam no processo de ensino-aprendizagem, as quais vêm para colaborar com o professor, funcionando como suporte, como um recurso a mais para esse processo e não como um recurso em sua substituição. Palavras-chave: Tecnologia. Educação. Conhecimento. Professor. Aluno. 1 Especialista em Engenharia e Administração de Banco de Dados pela Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep). Graduada em Sistemas de Informação pelas Faculdades Integradas Claretianas de Rio Claro (Uniclar). Coordenadora de Suporte em Áudio-Visual e Laboratórios de Informática da Ação Educacional Claretiana de Rio Claro e Tutora Presencial do Claretiano – Centro Universitário. E-mail: <fernanda@graficaconchal.com.br>. 26 Educação a Distância, Batatais, v. 3, n. 1, p. 25-48, jan./dez. 2013 1. INTRODUÇÃO Atualmente, vive-se a era da tecnologia, em que todas as áreas da sociedade se beneficiam dos aparatos tecnológicos existentes, que surgem para melhorar as atividades e necessidades de cada uma dessas áreas. Com a educação não poderia ser diferente. Hoje, as tecnologias contribuem para um melhor processo deensino-aprendizagem, proporcionando no- vas formas de ensinar e aprender. Segundo Ribas (2008), o professor deve ser alguém criativo, compe- tente e comprometido com o advento das novas tecnologias, interagindo em meio à sociedade do conhecimento, repensando a educação e buscan- do os fundamentos para o uso dessas novas tecnologias, que causam gran- de impacto na educação e determinam uma nova cultura e novos valores na sociedade. A partir de mudanças na forma de ensinar e com a inserção de tecno- logias nesse processo de ensino, mudam-se também as formas de aprendi- zagem. Os alunos sentem-se mais motivados, pois estas diferem de anti- gamente, quando não existia diálogo entre professor e aluno; hoje há uma troca de informações em sala de aula, na qual o professor não é mais o detentor de todo o conhecimento, de modo que o aluno passa a ser o prin- cipal responsável pela construção do seu conhecimento, tendo um papel mais ativo, na busca de soluções das suas necessidades. De acordo com Gatti (1993, apud MAINART; SANTOS, 2010, p. 03): A incorporação das inovações tecnológicas só tem sentido se contribuir para a melhoria da qualidade de ensino. A simples presença de novas tec- nologias na escola não é, por si só, garantia de maior qualidade na educação, pois a aparente modernidade pode mascarar um ensino tradicional basea- do na recepção e na memorização de informações. E, segundo Moran (1995, apud MAINART; SANTOS, 2010, p. 04): 27Educação a Distância, Batatais, v. 3, n. 1, p. 25-48, jan./dez. 2013 A concepção de ensino e aprendizagem revela-se na prática de sala de aula e na forma como professores e alunos utilizam os recursos tecnológicos dis- poníveis. A presença dos recursos tecnológicos na sala de aula não garante mudanças na forma de ensinar e aprender. A tecnologia deve servir para enriquecer o ambiente educacional, propiciando a construção de conheci- mentos por meio de uma atuação ativa, crítica e criativa por parte de alunos e professores. O principal objetivo do processo de ensino-aprendizagem por meio da tecnologia é formar alunos mais ativos, de modo que o educador e a tecnologia se tornem mediadores desse processo, devendo estar unifica- dos para que a aprendizagem se torne eficaz. Por meio da utilização das tecnologias, a associação das práticas pe- dagógicas, juntamente com o aprendizado, representa uma possibilidade a mais para os professores, pois estimula o aprendizado, de modo que os participantes desse processo passam a investigar as soluções para os pro- blemas e para as situações em estudo. Essa nova maneira está relacionada a uma nova visão de construção do conhecimento, em um processo que envolve todos os participantes, professores e alunos, superando as formas tradicionais na relação de ensino-aprendizagem (BRIGNOL, 2004). O objetivo desse artigo é falar sobre as tecnologias, mostrando sua contribuição e seus benefícios para o processo de ensino-aprendizagem (a intenção não é falar quais tecnologias são as mais adequadas, mas descre- ver a importância de sua utilização de modo geral), focando sua utilização em sala de aula, de modo a proporcionar novas formas de ensinar e a sua relação com o professor, demonstrando que ela surgiu como apoio ao pro- cesso de ensino-aprendizagem e não em substituição ao professor, como muitos pensam. Tal objetivo é justificado pelas grandes mudanças e trans- formações da sociedade e das necessidades humanas, as quais requerem novas formas de acesso à informação para alunos e professores, estimulan- do o processo de ensino-aprendizagem e a construção do conhecimento e demonstrando a importância do uso das tecnologias para a educação. 28 Educação a Distância, Batatais, v. 3, n. 1, p. 25-48, jan./dez. 2013 2. TECNOLOGIAS Segundo o Dicionário Priberam da Língua Portuguesa (2012), tec- nologia é uma “ciência cujo objeto é a aplicação do conhecimento técnico e científico para fins industriais e comerciais” e um “conjunto dos termos técnicos de uma arte ou de uma ciência”. A base da tecnologia encontra-se no conhecimento, técnica e experi- ência. É por meio deste conjunto que novas tecnologias são criadas e que aos poucos são transformados os indivíduos e a sociedade, independente da utilização que se faça dessa tecnologia. Essa absorção da tecnologia pela cultura ocorre a partir de valores preestabelecidos pela sociedade. Segun- do Sancho (1998, apud BRIGNOL, 2004, p. 27) “[...] a tecnologia cons- titui um novo tipo de sistema cultural que reestrutura o mundo social e ao escolhermos as nossas tecnologias nos tornamos o que somos e desta forma fazemos uma configuração do nosso futuro”. Para Kenski (2007, p. 15), “[...] as tecnologias são tão antigas quanto a espécie humana”. Elas existem desde a idade da pedra, quando os mais fortes se destacavam com ideias para a sua própria sobrevivência e, à me- dida que iam sobrevivendo, surgiram novas necessidades, de modo que novas tecnologias foram sendo criadas. Esse processo ocorre até os dias atuais, isto é, no decorrer da evolução originaram-se diferentes tecnolo- gias. Atualmente, temos uma evolução tecnológica bem diferente da re- alidade da idade da pedra, mas que possui os mesmos objetivos, sempre buscando novas formas de melhorar os processos existentes que ocorrem nos diversos setores da sociedade, desenvolvendo mudanças tanto na vida coletiva, como na vida individual. Kenski (2007, p. 25) também aborda o surgimento de novas tec- nologias, citando que “[...] o conceito de novas tecnologias é variável e contextual”, ou seja, em muitos casos não é uma nova tecnologia que está surgindo, mas sim uma inovação de uma tecnologia já existente. É muito rápido o processo de desenvolvimento tecnológico atual, em que fica difí- cil definir o que é um novo conhecimento, instrumento e procedimento ou o que é uma inovação de uma tecnologia já existente. É nesse ponto 29Educação a Distância, Batatais, v. 3, n. 1, p. 25-48, jan./dez. 2013 que a autora comenta que “o critério para a identificação de novas tecno- logias pode ser visto pela sua natureza técnica e pelas estratégias de apro- priação e de uso”. Atualmente, as novas tecnologias estão relacionadas aos processos e produtos originários da eletrônica, da microeletrônica e das telecomunicações, as quais caracterizam-se por serem áreas evolutivas, em permanente transformação. Kenski (2010, p. 17) comenta que hoje são comuns as expressões “sociedade tecnológica”, “a tecnologia invadiu nosso cotidiano”, o que, às vezes, causa certo receio nas pessoas, as quais se assustam com as possibi- lidades demonstradas nos filmes de ficção científica, em que a tecnologia passa a ter domínio sobre os seres humanos. A tecnologia faz parte de nossa vida em todos os aspectos, por exemplo, comer só é possível graças à tecnologia dos talheres, pratos, geladeira, fogão, micro-ondas etc. E, dessa mesma forma, a tecnologia está presente em todas as atividades da nossa rotina e, para a realização das mesmas, são necessários produtos e equi- pamentos resultantes de estudos, planejamentos e construções, ou seja, é possível dizer que trata-se de tecnologia o “[...] conjunto de conhecimen- tos e princípios científicos que se aplicam ao planejamento, à construção e à utilização de um equipamento em determinado tipo de atividade” (KENSKI, 2010, p. 18). Pensando dessa forma, não é só agora que se vive a “era tecnológica”. Essa “era” já existe desde os primórdios, porém em cada época existiu um tipo de tecnologia diferente, que, cada uma a sua manei- ra, tinha o objetivo de melhorar a qualidade dos processos. É importante comentar também que: A evolução tecnológica não se restringe apenas aos novos usos de determinados equipamentos e produtos. Ela altera comportamen- tos. A ampliação e a banalização do uso de determinada tecnologia impõem-se à cultura existentee transformam não apenas o com- portamento individual, mas o de todo o grupo social. (...) As tecno- logias transformam suas maneiras de pensar, sentir e agir. Mudam também suas formas de se comunicar e de adquirir conhecimentos (KENSKI, 2010, p. 21). 30 Educação a Distância, Batatais, v. 3, n. 1, p. 25-48, jan./dez. 2013 As tecnologias atuais representam mudança de comportamento. Um exemplo simples é a internet, que, apesar de ser uma tecnologia já antiga (em 1960 já se falava de internet), possibilita a comunicação das pessoas sem que estas estejam no mesmo local e a Educação a Distância, que permite àqueles que não têm a possibilidade de cursar o Ensino Supe- rior de forma presencial ou que não possuem recursos para arcar com esse investimento. Outros exemplos: televisão, computadores, celulares etc. As pessoas já estão dependentes de toda a tecnologia existente. Hoje é muito comum uma criança já saber utilizar um celular e/ou os progra- mas de computador. Uma realidade muito diferente de anos atrás, já que o acesso a essas tecnologias se dava apenas quando fossem jovens e/ou adultos. A escola e o professor precisam explorar esse conhecimento que já possuem, permitindo assim novas formas de ensinar e aprender e também incluir aqueles que ainda estão nas estatísticas de exclusão digital, pois, apesar das facilidades de acesso às tecnologias, ainda existe desigualda- de social nesse âmbito. Este é outro ponto importante da utilização das tecnologias no processo de ensino-aprendizagem, já que a escola passa a fazer um trabalho social, inserindo essas pessoas no mundo tecnológico, eliminando assim todas as barreiras que possam existir, sejam elas sociais, culturais ou intelectuais. 3. TECNOLOGIAS E SALA DE AULA Conforme comenta Kenski (2010), as diversas possibilidades de acesso às tecnologias proporcionaram novas formas de viver, de trabalhar e de se organizar na sociedade. Um exemplo é a constante comunicação entre as pessoas, localizadas em locais diferentes e, muitas vezes, distantes, através de aparelhos celulares, de e-mails, de comunicadores instantâneos ou de redes sociais. Com base nisso, percebe-se que essas novas possibili- dades tecnológicas não interferem apenas na vida cotidiana, mas passam 31Educação a Distância, Batatais, v. 3, n. 1, p. 25-48, jan./dez. 2013 a interferir em todas as ações, nas condições de pensar e de representar a realidade e, no caso da educação, na maneira de trabalhar em atividades ligadas à educação escolar. De acordo com as tradições, o ensinar era tarefa exclusiva da esco- la. Os conhecimentos eram apresentados às crianças ao entrarem nas es- colas e esses eram finitos e determinados; ao final de uma determinada formação, o aluno era considerado uma pessoa formada, já que possuía conhecimentos necessários para o ingresso em alguma profissão. Atual- mente, não é possível ter esse mesmo pensamento, pois as rápidas mudan- ças tecnológicas atribuem novas formas à atividade de ensinar e aprender, estando constantemente em processo de aprendizagem e adaptação, não sendo mais possível considerar uma pessoa completamente formada, in- dependente do seu grau de formação (KENSKI, 2010). A escola de hoje faz parte desse momento tecnológico revolucioná- rio e, para atender sua função social, ela deve estar atenta e aberta para in- corporar esses novos parâmetros comportamentais, hábitos e demandas, participando ativamente dos processos de transformação e construção da sociedade. Deste modo, é necessário que os alunos desenvolvam habili- dades para utilizar os recursos tecnológicos, cabendo à escola integrar a cultura tecnológica ao seu cotidiano. A utilização das tecnologias no processo de ensino-aprendizagem institui um fator de inovação pedagógica, possibilitando novas modali- dades de trabalho na escola, devendo esta acompanhar as transformações sociais. A escola precisa se tornar mais atraente, estreitando a linha que a divide do mundo externo, no qual o aluno vai absorver grande parte das informações. A escola precisa transformar-se de simples transmissora de conhecimentos em organizadora de aprendizagens e reconhecer que já não detém a posse da transmissão dos saberes, proporcionando ao aluno os meios necessários para aprender a obter a informação, para construir o conhecimento e adquirir competências, desenvolvendo o espírito crítico (ROSA, 1999). 32 Educação a Distância, Batatais, v. 3, n. 1, p. 25-48, jan./dez. 2013 Educar é colaborar para que professores e alunos transformem suas vidas em processos permanentes de aprendizagem. É ajudar os alu- nos na construção da sua identidade, do seu caminho pessoal e pro- fissional e a tornarem-se cidadãos realizados e produtivos. Na sociedade da informação todos estão reaprendendo a conhecer, a comunicar-se, a ensinar e a aprender; a integrar o humano e o tecno- lógico; a integrar o individual, o grupal e o social. Uma mudança qualitativa no processo de ensino-aprendizagem acontece quando se consegue integrar dentro de uma visão inovado- ra todas as tecnologias: as telemáticas, as audiovisuais, as textuais, as orais, as musicais, as lúdicas e as corporais. Passamos muito rapidamente do livro para a televisão e vídeo e destes para o computador e a internet, sem aprender e explorar todas as possibilidades de cada meio (MORAN, 2000). Passerino (2001, p. 04), conjetura que “As tecnologias aplicadas à educação devem ter como função principal serem ferramentas intelectu- ais que permitam aos alunos construir significados e representações pró- prias do mundo de maneira individual e coletiva”. Segundo Almeida (2007), a utilização das tecnologias no processo educativo proporciona novos ambientes de ensinar e aprender diferentes dos ambientes tradicionais, e as reais contribuições das tecnologias para a educação surgem à medida que são utilizadas como mediadoras para a construção do conhecimento. Já para Graça (2007), a presença das tec- nologias na educação é indispensável, pois estas objetivam escolarizar as atividades da sociedade, adequando-as aos seus objetivos, “[...] permitin- do assim uma compreensão profunda do mundo e enriquecendo o conhe- cimento” (GRAÇA, 2007). Atualmente, existe uma infinidade de tecnologias que contribuem na parte pedagógica, que proporcionam novas formas de transmissão e articulação do conhecimento, mais atrativas, mais dinâmicas, tornando a aprendizagem do aluno mais interessante, por exemplo, TV, DVD, câ- meras, videocassete, retroprojetor, rádio, computador, projetor, internet etc. Por meio dessas tecnologias, como o computador conectado a um 33Educação a Distância, Batatais, v. 3, n. 1, p. 25-48, jan./dez. 2013 projetor e com som, é possível ilustrar as aulas, tornando-as mais atrativas, possibilitando aos alunos vivenciar situações reais do conteúdo que está sendo abordado. Um filme, um documentário, ilustrações ou até mesmo uma simples apresentação de slides, complementando a aula expositiva, torna-a mais dinâmica, atraindo a atenção dos alunos, gerando, dessa forma, maiores possibilidades de construção do conhecimento. E uma aula com internet? Quantas possibilidades não são encontradas na rede mundial de computadores? Quem nunca utilizou a internet como recurso didático-pedagógico? Hoje, tudo o que se precisa é encontrado na internet. Através dela são possíveis “viagens” incríveis, ter acesso a bibliotecas, ambientes, jogos, simulações, que possibilitam uma infinidade de novos conhecimentos e que vem a complementar o processo de ensino-aprendizagem. Por exem- plo, existem diversos sites de jogos educativos, onde, brincando, os alunos aprendem, explorando o conteúdo em estudo de uma forma totalmente diferente da tradicional. Também existem diversos sites que possibilitam a aplicação de simulações e desafios, permitindo ver na prática a teoria estudada.Outro exemplo que também pode ser citado são os blogs cons- truídos por professores, que sempre são atualizados com informações que agregam conhecimento aos alunos, por meio de leituras complementares relacionadas com os conteúdos em estudo, e os próprios alunos também podem fazer comentários, gerando assim uma construção coletiva e cola- borativa do conhecimento. São apenas essas as aplicações da tecnologia? São só esses os exem- plos de tecnologias? Não, existem muitas aplicações e muitas tecnologias disponíveis, permitindo uma diversidade de formas de utilização, possibi- litando a diversificação na sala de aula. Polato (2009) comenta que da união entre tecnologia e conteúdos nascem oportunidades de ensino, entretanto é necessário analisar se essas oportunidades são significativas, por exemplo, quando as tecnologias aju- dam a enfrentar desafios atuais, como encontrar informações na internet e se localizar em um mapa virtual. Em outros casos, porém, ela é dispen- sável, como no crescimento de uma semente, que não faz sentido ver em uma animação se é possível ter a experiência real. 34 Educação a Distância, Batatais, v. 3, n. 1, p. 25-48, jan./dez. 2013 Dessa forma, sabendo da importância, das contribuições e das poten- cialidades das tecnologias, é possível utilizá-las de acordo com a necessida- de e em momentos em que realmente ela irá contribuir para o processo de ensino-aprendizagem, o qual acontecerá de forma diferente e inovadora. O perfil do trabalhador é baseado em conhecimentos atualizados, iniciativa, flexibilidade, atitude crítica, competência técnica, capa- cidade de criar novas soluções, tendo competência para lidar com a grande e crescente quantidade de informações em novos formatos e com novas formas de acesso. Dessa forma, temos na educação a espe- rança de redução das diferenças e das desigualdades. Nesse sentido, é imprescindível que a escola ofereça uma formação que contemple os seguintes aspectos: informações técnicas, desenvolvimento de habilidades e atitudes e formação de cidadãos críticos e reflexivos. Além disso, é fundamental que os alunos conheçam as tecnologias e aprendam a utilizá-las (PEREIRA, 2007, p. 19). Para Passerino (2001), existem vários usos para a tecnologia na área da educação: • Como fim, que se refere ao aprender sobre a tecnologia, em que o aluno entra em contato com ela para entendê-la e dominá-la. • Como ferramenta, que se refere ao uso por professores e alunos para apoio aos seus próprios trabalhos. • Como meio, que se refere ao aprender da tecnologia e ao apren- der com a tecnologia. O aprender da tecnologia trabalha com a ideia de que a tecnologia possui o conhecimento e, que o apren- diz precisa utilizar a mesma como fonte de conhecimento. O aprender com a tecnologia trabalha com a ideia de que o aluno é um sujeito ativo e, para que a aprendizagem aconteça é impor- tante o pensar e a reflexão do aluno sobre o próprio processo. O aprender com a tecnologia se embasa nas teorias construtivistas, segundo as quais o conhecimento não é transmitido, mas sim 35Educação a Distância, Batatais, v. 3, n. 1, p. 25-48, jan./dez. 2013 construído pelo próprio sujeito. Os professores e a tecnologia são mediadores desse processo. Já Jonassen (1996, apud LOPES, 2002) faz uma classificação da aprendizagem com tecnologia: • Aprender a partir da tecnologia, que se refere à tecnologia apre- sentar o conhecimento, como se fosse ministrado pelo professor e o aluno recebesse esse conhecimento. • Aprender acerca da tecnologia, que se refere à tecnologia como objeto de aprendizagem. • Aprender através da tecnologia, que se refere ao aluno aprender ensinando a tecnologia. • Aprender com a tecnologia, que se refere ao aluno aprender através da utilização das tecnologias como ferramentas que dão suporte no processo de construção do conhecimento. Nessa classificação, em especial, a questão principal não é a tecnologia em si, mas a forma de enfrentar essa tecnologia, usando-a, prin- cipalmente, como estratégia cognitiva de aprendizagem. Complementando os vários usos da tecnologia para a área da edu- cação e a classificação da aprendizagem com tecnologia, Sancho e Her- nándes et al (2006, p. 88) abordam que “[...] o uso das tecnologias é visto como um meio para fortalecer um estilo mais pessoal de aprender em que os estudantes estejam ativamente envolvidos na construção do conhe- cimento e na busca de respostas para seus problemas específicos”. Dessa forma, os alunos estão utilizando suas habilidades para aprender sobre as tecnologias e também sobre como são utilizadas as mesmas. Para Mainart e Santos (2010), é fundamental a utilização das tecno- logias no ambiente escolar, pois esse é um local para a construção do co- nhecimento, para a socialização do saber, um local de discussão, de troca de experiências e desenvolvimento de uma nova sociedade. Já para Pereira 36 Educação a Distância, Batatais, v. 3, n. 1, p. 25-48, jan./dez. 2013 (2007), o rápido acesso às informações e as transformações das tecnolo- gias podem fazer com que as pessoas se sintam discriminadas ou constran- gidas diante da incapacidade de realizar algumas atividades, entretanto também possibilita a constante aprendizagem por meio da autonomia na construção e reconstrução do conhecimento, conforme a pessoa processa novas informações. As tecnologias, de acordo com Jacinski e Faraco (2002), proporcio- nam novas formas de representar o mundo, além da linguagem oral, da linguagem escrita ou das linguagens visuais e audiovisuais utilizadas iso- ladamente. As tecnologias constituem novas linguagens ao proporciona- rem a união de todas as linguagens, ampliando o funcionamento de cada uma delas. Sendo assim, as tecnologias não são simples ferramentas, mas sim novas linguagens, novos modos de significar o mundo. Apesar de todos os benefícios da tecnologia, uma atenção deve ser dada para que sua utilização não torne cansativo o processo de construção do conhecimento. A tecnologia deve ser utilizada de maneira didático- -pedagógica, de modo a agregar conhecimento aos alunos, conforme co- menta Peters (2003, p. 108) “[...] o que os professores devem fazer é sele- cionar pontos críticos de um curso ou de uma unidade do curso no qual o trabalho exigido na utilização da tecnologia é mais bem empregado para ilustrar o progresso da aprendizagem e a aquisição de conhecimento”, pois a simples presença da tecnologia na sala de aula não garante mudanças na forma de ensinar e aprender. A introdução das tecnologias só tem sentido se for realizada com o objetivo de melhorar a qualidade de ensino, propor- cionando um processo de ensino-aprendizagem de forma positiva. As tecnologias possuem um papel profundo na educação. Elas pro- porcionam, segundo Graça (2007): Novos objetivos para a educação que emergem uma sociedade de informa- ção e da necessidade de exercer uma cidadania participativa, crítica e inter- veniente; Novas concepções acerca da natureza dos saberes, valorizando o trabalho cooperativo; 37Educação a Distância, Batatais, v. 3, n. 1, p. 25-48, jan./dez. 2013 Novas vivências e práticas escolares, através do desenvolvimento de interfa- ces entre escolas e instituições, tais como bibliotecas, museus; Novas investigações científicas. E, segundo Rosa (1999), as práticas pedagógicas com a utilização das tecnologias de uma forma planejada e sistemática possibilitam: O desenvolvimento de uma competência de trabalho em autono- mia, já que os alunos podem dispor, desde muito novos, de uma enorme variedade de ferramentas de investigação; Um acesso à informação com rapidez e facilidade; Uma prática de confrontação, verificação, organização, seleção e es- truturação, já que as informações não estão apenas numa fonte; O desenvolvimento das competências de análise e de reflexão;A abertura ao mundo e disponibilidade para conhecer e compreen- der outras culturas; A organização do seu pensamento; O trabalho em simultâneo com um ou mais colegas situados em di- ferentes pontos. Outro ponto importante a ser considerado é que as tecnologias estão promovendo uma reorganização dos padrões ao longo da história, levan- do a uma crescente evolução, sendo que o principal agente é o ser humano e não a máquina, pois “[...] o mito do domínio das tecnologias nos perse- gue há séculos, mas tende a ser superado a cada nova tecnologia alcança- da” (BRIGNOL, 2004, p. 28). A tecnologia sempre existiu e continuará existindo como apoio aos professores e nunca em substituição a esses. Passerino (2001, p. 08) diz que “[...] não devemos esquecer que as crianças chegam na escola “impregnadas” de tecnologia do seu dia a dia, e esperam que na escola elas possam usar essa tecnologia para aprender... aprender com a tecnologia... como parceria do professor e do aluno”, po- rém é necessário que os professores acompanhem tais mudanças, de modo a aprender a aprender as tecnologias, oferecendo, assim, aos alunos uma formação atualizada. 38 Educação a Distância, Batatais, v. 3, n. 1, p. 25-48, jan./dez. 2013 A educação, sozinha, não tem condições de atender a demanda da sociedade atual sem se aliar às tecnologias e a realidade do acesso às tec- nologias não soluciona os atuais desafios nesse âmbito. É preciso saber aplicar as tecnologias no processo de ensino-aprendizagem para que se- jam alcançados resultados que garantam a qualidade do ensino (NUNES, 2008). 4. TECNOLOGIAS E PROFESSOR Atualmente o aprender não é mais um trabalho mecânico, mas sim um processo de construção e transformação do conhecimento, no qual o papel do professor é de fundamental importância como questionador, investigador e incentivador dessa construção e transformação. É necessá- rio ao professor mudar, aperfeiçoar, repensar suas práticas pedagógicas e trabalhar de forma que sempre instigue no aluno a posição de questiona- mento, permitindo que expresse suas ideias, sentimentos e emoções, além de pensar sobre suas escolhas e na concretização dos seus objetivos (RO- SALES; MAGALINI, 2007). Segundo Graça (2007), a utilização da tecnologia na educação pro- põe uma nova forma de atuação dos professores, não se limitando apenas a uma simples utilização tecnológica, mas sim a uma nova forma de ensinar- -aprender, deixando o professor de ser um transmissor do conhecimento e passando a ser um facilitador desse conhecimento, por meio de aulas diferentes, dinâmicas, que atendam a essa nova geração tecnológica, na qual estamos vivendo. Dessa forma, o cenário tecnológico exige “[...] no- vos hábitos, uma nova gestão do conhecimento, na forma de conceber, armazenar e transmitir o saber, dando origem, assim, a novas formas de simbolização e representação do conhecimento” (BRITO; PURIFICA- ÇÃO, 2011, p. 23). 39Educação a Distância, Batatais, v. 3, n. 1, p. 25-48, jan./dez. 2013 Tecnologia e educação são conceitos indissociáveis. Educação diz respeito ao “processo de desenvolvimento da capacidade física, intelectual e moral da criança e do ser humano em geral, visando à sua melhor integração indi- vidual e social”. Para que ocorra essa integração, é preciso que conhecimen- tos, valores, hábitos, atitudes e comportamentos do grupo sejam ensinados e aprendidos, ou seja, que se utilize a educação para ensinar sobre as tecno- logias que estão na base da identidade e da ação do grupo e que se faça uso delas para ensinar as bases da educação (KENSKI, 2007, p. 43). Diante desses avanços tecnológicos, existe o desafio da mudança no trabalho do professor, pois este precisa se adequar a uma nova postura, deixando de ser um simples transmissor do conhecimento, para ser um orientador do processo de ensino-aprendizagem, pois os alunos já vêm com uma grande bagagem de informações de casa, proporcionadas pela TV, rádio, internet, celular, sendo necessária a organização dessas infor- mações para que a construção do conhecimento realmente aconteça; caso contrário, de nada adianta toda essa tecnologia se não conseguimos fazer com que o aluno adquira esse conhecimento. São notáveis os benefícios da tecnologia na educação, entretanto ain- da é encontrada grande discussão entre os professores sobre o uso dessas tecnologias. Existem duas vertentes: aqueles professores interessados na utilização da tecnologia, que se preparam, buscam o conhecimento para o uso desses recursos e os aplicam em sala de aula, proporcionando novas formas de ensinar e aprender, auxiliando no processo de ensino-aprendiza- gem, e aqueles professores indecisos, inseguros, hesitantes com esse novo método, principalmente por achar que os recursos vão substituí-los. Uma forma equivocada de se pensar, pois o professor nunca será substituído, já que ele é fundamental. A mudança é dada pela substituição das formas do processo de ensino-aprendizagem e, à medida que evoluímos, precisamos acompanhar as mudanças e adequá-las à nossa prática docente, deixando de lado apenas o trabalho com o modo tradicional de ensino, embutindo nesse modo os avanços existentes, que proporcionam uma nova forma de aprender mais concreta. Para Rosales e Magalini (2007, p. 05), o professor 40 Educação a Distância, Batatais, v. 3, n. 1, p. 25-48, jan./dez. 2013 deve ter em mente que a tecnologia vem como um recurso, um suporte a mais para o processo de ensino-aprendizagem, como “[...] uma ferramenta de apoio, um instrumento inovador, tornando a aprendizagem mais efi- ciente e eficaz”, e o professor deve estar em “[...] processo permanente de aprendizagem e ter uma postura de pesquisador, investigador e crítico”. Ainda segundo Rosales e Magalini (2007, p. 05), a própria sociedade atual exige a mudança dos professores, porque ela demanda “[...] profis- sionais críticos, criativos, com capacidade para aprender a aprender, de trabalhar em equipe e conhecedores de diversos saberes”, incumbindo ao professor “formar esse profissional que construa o seu próprio conheci- mento e que desenvolva as competências exigidas pelo mercado de traba- lho”. As autoras tratam também os tipos de professores que encontramos “[...] num momento em que o velho insiste em manter-se e o novo é ur- gente, que chega lentamente nas instituições escolares e que assusta alguns educadores” (ROSALES; MAGALINI, 2007, p. 08), pois, independente da forma como o conhecimento é passado, seja o tradicional, seja com a inserção das tecnologias, os professores sempre buscam a formação inte- gral de seus alunos: Deslumbrados: aqueles que só vêem aspectos positivos, consideram que toda a humanidade deve tecnologizar-se, estão sempre antena- dos as inovações tecnológicas e acreditam que somente por meio da tecnologia será possível uma melhora na qualidade de vida das pessoas; Apocalípticos: afirmam que o homem vivia mais em contato com a natureza e com seu semelhante e não dependiam da tecnologia para viver. Julgam que a causa de tudo que está ocorrendo de errado na sociedade é decorrente dos avanços tecnológicos; Indiferentes ou acomodados: vivem alheios às evidências que os cercam, consideram-se velhos demais para assimilar esta nova cultu- ra, dizem que a sua aposentadoria chegará antes das inovações tec- nológicas à sua escola; Conscientes: aqueles que procuram se posicionar e aprender as no- vas tecnologias da maneira que elas são apresentadas, têm consci- 41Educação a Distância, Batatais, v. 3, n. 1, p. 25-48, jan./dez. 2013 ência da melhoria e da facilidade que pode trazer para o ambiente escolar, mas também alertam sobre o seu uso indevido que poderá acarretar prejuízos para as pessoas envolvidas (ROSALES; MAGA- LINI, 2007, p. 08-09). Precisamos de professores conscientes, que saibam utilizar os bene- fícios dos recursos tecnológicosem favor da formação dos alunos, cientes das possibilidades que essa nova forma de ensino-aprendizagem propor- ciona para o futuro cidadão. Peters (2003) também comenta sobre as mudanças de paradigmas que estão ocorrendo, tratando as abordagens de aprendizagem como abordagem heterônoma e abordagem autônoma, que, embora tenham suas particularidades metodológicas, possuem o mesmo objetivo, ou seja, a aprendizagem. A abordagem heterônoma, que é a aprendizagem tra- dicional, é aquela que conhecemos, que vivenciamos na escola, onde o professor é o responsável pelo processo de ensino-aprendizagem, porém, atualmente, com as mudanças e evoluções que estão acontecendo, esta- mos nos deparando com uma nova prática pedagógica, isto é, a aborda- gem autônoma, em que o aluno passa a ser o responsável pela construção do conhecimento, o responsável pelo processo de ensino-aprendizagem e o professor é um facilitador, mediador e orientador desse processo. Os alunos têm acesso a quaisquer informações, de qualquer lugar do mundo, de forma rápida, prática e atrativa; sendo assim, é imprescindível o repla- nejamento do processo de ensino-aprendizagem, sendo o principal ponto desse processo, não mais o professor, mas sim o aluno, o que ele precisa aprender. Com base nas literaturas, a mudança é nítida, de modo que real- mente elas estão ocorrendo na prática docente. Nesse sentido, o professor também deve avaliar sua prática docente e utilizar meios e recursos que proporcionem esse processo de aprender para os alunos. Existem inú- meras possibilidades para a prática docente com mediação tecnológica. Os recursos tecnológicos vieram a facilitar o processo de ensino-apren- dizagem, pois oferecem diferentes formas para o professor apresentar o 42 Educação a Distância, Batatais, v. 3, n. 1, p. 25-48, jan./dez. 2013 conteúdo – tendo aquele um papel de mediador, orientador – e para o aluno, permitindo a construção do conhecimento de uma forma mais in- teressante – tendo ele o papel de responsável pelo seu processo de ensino- -aprendizagem. Em uma reportagem do Programa Salto para o Futuro sobre “Tec- nologias em Educação a Distância”, os participantes da discussão falam da tecnologia como processo, o “saber-fazer”, de mudanças de concepção, comentando que, sem uma nova proposta educativa, sem saber o que fazer com as tecnologias, sem caminhar para novas formas de ensinar e apren- der, mesmo adotando os recursos mais atuais disponíveis, não estaremos dando passos muito largos. Existe um vídeo, chamado Tecnologia ou Me- todologia?, que retrata essa questão, pois, após a instalação de equipamen- tos multimídia e de informática, a professora manteve o mesmo método de ensino. Nesse caso, então, para que serve a tecnologia se a metodologia se mantém? É importante usufruir de todos os benefícios oferecidos pela tecnologia, para proporcionar uma nova forma de aprendizagem para os alunos, sendo mais atraente, motivador, instigante, pois a maioria dos alunos já chega nas escolas cheios de informações e precisamos trabalhar as mesmas de maneira adequada, transformando-as em conhecimento de um modo mais dinâmico, não apenas com aulas expositivas ou com uso das tecnologias, mas com mudanças metodológicas. É responsabilidade dos professores serem os protagonistas desta ação, proporcionando opor- tunidades de ensinar e reconstruir o conhecimento como um sujeito ativo. Segundo Pereira (2007), a prática tem mostrado que a relação entre aluno e professor se modifica com o aumento da proximidade, interação e colaboração entre ambos. Sendo assim, as tecnologias não vieram para substituir o professor, como muitos pensam, mas, sim, para intensificar seu papel na preparação, condução e avaliação do processo de ensino- -aprendizagem. O professor sempre será o responsável por trazer os pro- blemas que serão investigados e dar condições para que os alunos possam acessar a informação, entendê-la, interpretá-la e fazer um julgamento. Apesar da realidade já visível, ainda existem muitos professores com receio desses recursos, talvez por medo, insegurança do ainda desconheci- 43Educação a Distância, Batatais, v. 3, n. 1, p. 25-48, jan./dez. 2013 do, talvez por acomodação. Uma atitude que deve ser indicada para esses professores é um trabalho de formação e capacitação docente, conforme comenta Almeida (2007, p. 12): Adequada formação de educadores para a apropriação das tecnologias dis- poníveis de modo a dominar os principais recursos e compreender caracte- rísticas e propriedades inerentes às tecnologias; aprender a integrá-las entre si de acordo com as necessidades que emergem nas situações de uso nos processos de ensinar e aprender, articular teorias educacionais a partir das experiências realizadas com o uso dessas tecnologias. Mudanças (para aqueles que ainda são inseguros, para aqueles que não possuem interesse na tecnologia) e capacitação e formação docente, unidas à didática, possibilitam uma infinidade de formas de ministrar os conteúdos, dinamizando, diversificando a aula, proporcionando um en- sino-aprendizagem mais interessante, mais motivador. Nos dias de hoje, não temos mais como fugir dos avanços tecnológicos, já que a tecnolo- gia está presente em tudo ao nosso redor. Faz-se necessária uma mudança de paradigma, inserindo mais efetivamente a tecnologia em nossa práti- ca docente. Para Rocha (2009, p. 31), “A tecnologia não é a salvação da educação nem lhe dará todos os respaldos para buscá-la, mas é um novo instrumento que abre possibilidades para novos direcionamentos meto- dológicos e pedagógicos” para a atividade do professor. 5. CONCLUSÃO Nos dias atuais, a tecnologia é uma realidade que traz inúmeros benefícios e, quando incorporada ao processo de ensino-aprendizagem, proporciona novas formas de ensinar e, principalmente, de aprender, em um momento no qual a cultura e os valores da sociedade estão mudan- do, exigindo novas formas de acesso ao conhecimento e cidadãos críticos, criativos, competentes e dinâmicos. 44 Educação a Distância, Batatais, v. 3, n. 1, p. 25-48, jan./dez. 2013 As vantagens da inserção das tecnologias são notórias em todas as áreas, inclusive na educação, área em que os recursos tecnológicos devem ser bem empregados e bastante utilizados, pois a educação é a base para a formação dos cidadãos, preparando-os para a vida, para a sociedade nos dias de hoje. Entretanto, é necessário saber usufruir desses recursos, fa- zendo com que eles contribuam para a melhoria da qualidade do processo de ensino-aprendizagem e não sejam utilizados simplesmente como uma nova forma de ensinar, mantendo as mesmas metodologias de ensino. É necessário aliar as tecnologias às novas metodologias, tornando esse processo eficaz, fazendo com que a bagagem de informações que os alunos já trazem para a escola seja transformada em conhecimento. É nes- se momento que o professor deixa de lado seu antigo papel de detentor do conhecimento e passa a ser o mediador, facilitador, de modo que os alunos, os quais são atualmente os sujeitos ativos do processo de ensino- -aprendizagem, explorem as informações, socializem o saber e construam seu conhecimento. O professor deve ver a tecnologia com uma aliada do processo de ensino-aprendizagem, isto é, como um recurso que surgiu em contribui- ção ao processo. Já é perceptível certa mudança na forma de pensar dos professores, entretanto ainda encontramos aqueles que são resistentes, in- seguros e que não acreditam nos benefícios que a tecnologia proporciona. Inúmeros estudos comprovam seus benefícios, suas vantagens, de modo que não existe razão para não aplicar os recursos tecnológicos em sala de aula. Talvez sejam necessárias capacitações e treinamentos, para que esses professores se sintam seguros na utilização desses recursos. Podemos utilizar essa necessidade de capacitações
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