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21/03/2017 1 PROF A . MS F AB IANA MARQUES PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO: CICLO VITAL HORÁRIO 19h10 – 21h40 Lista de presença Participação / assíduidade Comprometimento PORQUE A ESCOLHA DA PSICOLOGIA? QUAIS SÃO SUAS EXPECTATIVAS QUANTO AO CURSO? EMENTA Principais fenômenos e processos do desenvolvimento humano do período pré-natal à velhice, concebidos de forma integrada (físico/motor, cognitivo, psicossocial) e dos processos de perdas, separações, morte e luto, em diferentes contextos sócio-históricos e culturais. OBJETIVOS Reconhecimento e compreensão dos pressupostos epistemológicos relativos ao processo de desenvolvimento humano. Identificação e compreensão dos fenômenos e processos psicológicos do desenvolvimento humano, ao longo do ciclo vital nas suas interfaces: biológica, cognitiva e psicossocial e nos diferentes contextos sócio-históricos e culturais em que se inserem. Reconhecimento e compreensão dos processos de separações, perdas, morte e luto em todas as fases do ciclo vital e suas implicações psicossociais. OBJETIVOS ESPECÍFICOS Identificar e caracterizar relações entre contextos e processos psicológicos/comportamentais nas diferentes fases de desenvolvimento humano. Identificar, descrever e explicar os processos de mudanças biológicas e psicossociais ocorridos na infância, adolescência, vida adulta e velhice. Identificar e descrever os processos de separações, perdas, aquisições e os processos de luto envolvidos na infância, adolescência, idade adulta e velhice. Levantar informações a partir da observação de processos de desenvolvimento, para análise, descrição e interpretação, através do referencial teórico, estabelecendo relações entre os dados coletados e os processos psicológicos subjacentes. Localizar informações bibliográficas em bases de dados, livros, periódicos e manuais técnicos através dos meios convencionais e de sítios na Internet. Articular o conhecimento científico à realidade brasileira e mundial. 21/03/2017 2 CONTEÚDO DA DISCIPLINA 1º BIMESTRE 1- Senso comum e Ciência: a Psicologia do Desenvolvimento como ciência (métodos de pesquisa) 2- A família: a importância na formação da pessoa 3- As Influências pré e perinatais no desenvolvimento 4- Do nascimento ao ingresso na escola (0 _ 3 anos) Desenvolvimento físico, cognitivo e psicossocial. 5- O desenvolvimentos das crianças em idade escolar (3 – 12 anos) Desenvolvimento físico, cognitivo e psicossocial. 2º BIMESTRE 1- A Puberdade e Adolescência (12 – 20 anos) Mudanças físicas, cognitivas e psicossociais. 2- O Adulto-Jovem (20 – 40 anos) Mudanças físicas, cognitivas e psicossociais. 3- A Meia-Idade (40 – 65 anos ) Mudanças físicas, cognitivas e psicossociais. 4- A Velhice (a partir dos 65 anos) Mudanças físicas, cognitivas e psicossociais. 5- A Morte: visão histórica, social e cultural. A morte nas diferentes etapas do desenvolvimento humano. Morte, Separação, Perdas e o Processo de Luto. TRABALHO DE OBSERVAÇÃO DO 1º BIMESTRE OBJETIVO: Introduzir o aluno na prática da observação dos fenômenos do desenvolvimento da criança. Articular teoria e prática . JUSTIFICATIVA: Este trabalho tem como objetivo promover o contato do aluno com crianças de 0 - 12 anos através da técnica de observação permitindo que compreenda as dificuldades envolvidas na observação e no estudo de crianças. PROCEDIMENTO: Os alunos deverão se organizar em duplas ou trios e entrar em contato com escolas, creches, abrigos ou pais de crianças; esclarecer os objetivos do trabalho e obter a autorização para a execução do mesmo. É obrigatório que os pais ou responsável pela criança assinem o termo de consentimento em 2 (duas) vias, sendo que a prim eira deve ficar com o responsável pelo observado e a segunda deverá ser entre gue ao professor, para arquivá-la. SUJEITOS: crianças entre 0 meses a 12 anos (cada dupla ou trio de alunos irá escolher uma faixa etária: 0 -2 anos; 2-6 anos ou 6 a 12 anos). LOCAL: A observação deverá acontecer em um “ambiente natural” (escola, creches, abrigos, parque, playground ou outra situação que seja familiar à criança), por cerca de 20 (v inte) minutos. ASPECTOS A SEREM OBSERVADOS: Aspecto físico, perceptual, cognitivo, linguagem, personalidade e social. (os dados serão observ ados, anotados e devem ser livres de interpretações). METODO DE OBSERVAÇÃO: Os alunos devem ser orientados a fazer as anotações através do registro cursivo, garantindo assim uma menor interferência do observador. DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO: 1- Questões de ordem prática: apresentar por escrito (digitado) os dados da observação. 2- Questões de ordem teórica: redigir um texto, usando os conhecimentos científicos adquiridos na disciplina. Este instrumento será usado para compreende r os dados da observação (item 1). 3- Questões teórico-práticas: relacionar os dados obtidos na observação (item 1) com os conhecimentos teóricos adquiridos (item 2) no curso. 4- Critérios de avaliação do trabalho escrito: abrangência dos dados da observação, clareza, objetividade e coesão textual, permitindo que se identifiquem os aspectos teórico-práticos. 5- Pôster interativo:os alunos poderão elaborar um pôster para apresentação aos demais alunos da turma, em data previamente agendada. Obs.: o aluno não poderá faltar a esta apresentação em nenhuma hipótese. TRABALHO TEÓRICO-PRÁTICO 2º BIMESTRE Elaboração e realização de entrevistas OBJETIVOS: - Introduzir o aluno na prática do planejamento e realização de entrevistas. - Desenvolver a capacidade de observação e discutir o impacto da situação de entrevista, no entrevistador. JUSTIFICATIVA : Este trabalho possibilitará o contato do aluno com a situação de entrevista permitindo o reconhecimento de fatores de influência em seu próprio desenvolvimento e no de outros, assim como,desenvolver a capacidade de observação dos processos de mudança ocorridos na adolescência, vida adulta e velhice. PROCEDIMENTOS: Discussão do roteiro da entrevista (sugerido pelo líder e adequação do mesmo, se preciso, frente à realidade local). Discussão do termo de consentimento (é obrigatório que cada entrevistado assine o termo de consentimento em duas vias, a primeira fica com o entrevistado, a segunda é entregue ao professor que deve arquivá-la). AVALIAÇÃO Primeiro Bimestre - NP1 A nota final de aproveitamento do aluno no primeiro bimestre será dada pela soma da notas provenientes de: Prova escrita individual, contendo 12 questões objetivas, nota total 10,0 (dez) com peso 8 Trabalho de observação: equivale a 10,0 (dez) com peso 2. Atenção: O aluno que não tirar nota mínima 4,0 (quatro) na prova do 1º bimestre, ficará apenas com a nota da prova no bimestre, não sendo computada a nota do trabalho. Segundo Bimestre – NP2 A nota final de aproveitamento do aluno no segundo bimestre será dada pela soma das notas provenientes de: Prova escrita individual contendo 12 questões objetivas, nota total 10,0 (dez) com peso 8. Trabalho de Entrevistas: equivale a nota 10,0 (dez) com peso 2. A média do semestre será calculada de acordo com o Regimento da UNIP. BIBLIOGRAFIA BÁSICA GRIFFA, M. C. Chaves para a psicologia do desenvolvimento. Tomo 2. 8ª ed. São Paulo: Paulinas, 2011. KOVÁCS, M. J. A Morte e o Desenvolvimento Humano. 4ª ed. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2002. TOURRETTE, C. Introdução à Psicologia do Desenvolvimento: do nascimentoà adolescência. 3ª ed. Petrópolis: Vozes, 2013. COMPLEMENTAR ARRIES, Philippe. História Social da Criança e da Família. 2ªed. Rio de Janeiro: LTC, 1981. BOCK, A.M.B Psicologias: uma introdução ao estudo da Psicologia. 14ª ed. São Paulo: Saraiva, 2009. MOURA, M. L. S. (org.) O bebê do século XXI e a Psicologia em Desenvolvimento. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2004. PAPALIA, D. E. Desenvolvimento Humano. 12ª ed. Porto Alegre: AMGH, 2013. 21/03/2017 3 PSICOLOGIA E AS PSICOLOGIAS Será essa a psicologia dos psicólogos? Certamente não. Essa psicologia, usada no cotidiano pelas pessoas em geral, é denominada de psicologia do senso comum. Um dia ao viajar de táxi e a meio de uma conversa animada sobre um tema qualquer da atualidade, o motorista perguntou-me indiretamente qual era a minha profissão: “Você por acaso não é advogado?” “Não, — respondi eu — Sou professor de psicologia”. “Psicologia, grande curso!” — disse o motorista. E continuou, “Sabe, eu acho que tinha jeito para a psicologia. Uma pessoa na minha profissão não se safa se não tiver uns bons conhecimentos de psicologia”. Se se considera a psicologia como o estudo do comportamento, então as observações do taxista sobre o comportamento das pessoas que conduz constitui uma parte potencialmente importante da sua profissão A avaliação do taxista podia ser feita por qualquer pessoa, na medida em que a sobrevivência da espécie humana depende de uma interpretação adequada das reações dos nossos semelhantes quando interagimos uns com os outros. As pessoas, normalmente, têm um domínio, mesmo que pequeno e superficial, do conhecimento acumulado pela Psicologia científica, o que lhes permite explicar ou compreender seus problemas cotidianos de um ponto de vista psicológico. É a vida do cotidiano. SENSO COMUM “As crianças que habitam em lares onde há mais livros têm uma melhor realização escolar” “E daí? Isso é óbvio! Faz parte do senso comum!” IMPORTÂNCIA: Sem esse conhecimento intuitivo, espontâneo, de tentativas e erros, a nossa vida no dia-a-dia seria muito complicada. O senso comum, na produção desse tipo de conhecimento, percorre um caminho que vai do hábito à tradição, a qual, quando estabelecida, passa de geração para geração. SENSO COMUM De acordo com Fletcher (1984), o senso comum é um corpo de crenças e conhecimentos culturais partilhados por um grupo ou comunidade acerca do funcionamento das pessoas e do mundo que as rodeia. O senso comum pode ser analisado segundo as três perspectivas seguintes: • O senso comum é constituído por um conjunto de crenças fundamentais sobre a natureza do mundo físico e social. • O senso comum é constituído por um conjunto de máximas e provérbios que as pessoas partilham sobre o mundo físico e social. • O senso comum é constituído por uma maneira comum de pensar sobre o mundo físico e social. Segundo Fletcher (1984) aprendemos a pensar dentro de uma cultura A psicologia é ainda uma ciência, porque formula modelos e teorias consistentes para compreender, explicar e prever os fenômenos humanos e depois avalia, modifica, retém ou abandona tais modelos explicativos se não forem capazes de resistir às provas empíricas 21/03/2017 4 APROPRIAÇÃO DA PSICOLOGIA pelo senso comum 'rapaz complexado; 'menina histérica'; 'ficar neurótico’; ‘pessoa bipolar’ CIÊNCIA A ciência compõe-se de um conjunto de conhecimentos sobre fatos ou aspectos da realidade (objeto de estudo), expresso por meio de uma linguagem precisa e rigorosa. Esses conhecimentos devem ser obtidos de maneira programada, sistemática e controlada, para que se permita a verificação de sua validade. A CIÊNCIA AVANÇA: Negam-se, reafirmam-se, descobrem-se novos aspectos, e assim a ciência avança. Nesse sentido, a ciência caracteriza-se como um processo. A CIÊNCIA aspira à objetividade. Suas conclusões devem ser passíveis de verificação e isentas de emoção, para, assim, tornarem-se válidas para todos. Qual o objeto específico de estudo da Psicologia? A diversidade de objetos da Psicologia é explicada pelo fato de este campo do conhecimento ter-se constituído como área do conhecimento científico só muito recentemente (final do século 19), a Observatório Nacional — Rio de Janeiro. Estudar o fenômeno físico é pensar sobre algo externo ao homem. Estudar o homem é pensar sobre si mesmo. Esse fato é importante, já que a ciência se caracteriza pela exatidão de sua construção teórica, e, quando uma ciência é muito nova, ela não teve tempo ainda de apresentar teorias acabadas e definitivas, que permitam determinar com maior precisão seu objeto de estudo. Um outro motivo que contribui para dificultar uma clara definição de objeto da Psicologia é o fato de o cientista — o pesquisador — confundir-se com o objeto a ser pesquisado. No sentido mais amplo, o objeto de estudo da Psicologia é o homem, e neste caso o pesquisador está inserido na categoria a ser estudada. A concepção de homem que o pesquisador traz consigo “contamina” inevitavelmente a sua pesquisa em Psicologia. Isso ocorre porque há diferentes concepções de homem entre os cientistas (na medida em que estudos filosóficos e teológicos e mesmo doutrinas políticas acabam definindo o homem à sua maneira, e o cientista acaba necessariamente se vinculando a uma destas crenças). A identidade da Psicologia é o que a diferencia dos demais ramos das ciências humanas, e pode ser obtida considerando-se que cada um desses ramos enfoca o homem de m A Psicologia colabora com o estudo da subjetividade: é essa a sua forma particular, específica de contribuição para a compreensão da totalidade da vida humana maneira particular. SUBJETIVIDADE A subjetividade é a síntese singular e individual que cada um de nós vai constituindo conforme vamos nos desenvolvendo e vivenciando as experiências da vida social e cultural a subjetividade — é o mundo de idéias, significados e emoções construído internamente pelo sujeito a partir de suas relações sociais, de suas vivências e de sua constituição biológica; é, também, fonte de suas manifestações afetivas e comportamentais. SUBJETIVIDADE O indivíduo constrói aos poucos a SUBJETIVIDADE, apropriando-se do material do mundo social e cultural, e faz isso ao mesmo tempo em que atua sobre este mundo, ou seja, é ativo na sua construção. Criando e transformando o mundo (externo), o homem constrói e transforma a si próprio. 21/03/2017 5 SUBJETIVIDADE Estudar a subjetividade, nos tempos atuais, é tentar compreender a produção de novos modos de ser, isto é, as subjetividades emergentes, cuja fabricação é social e histórica. “O importante e bonito do mundo é isso: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas, mas que elas vão sempre mudando. Afinam e desafinam”. (Guimarães Rosa, Grande Sertão: Veredas) MENTE ABERTA Não se deve misturar a Psicologia com práticas adivinhatórias ou místicas que estão baseadas em pressupostos diversos e opostos ao da Psicologia. “Mente é como pára-quedas: melhor aberta.” É preciso estar aberto para o novo, atento a novos conhecimentos que, tendo sido estudados no âmbito da Ciência, podem trazer novos saberes, ou seja, novas respostas para perguntas ainda não respondidas. PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO A psicologia do desenvolvimento é um ramo da psicologia que se preocupa em responder como e por que as capacidades dos indivíduos vão se diferenciando ao longo da vida. Busca um entendimento sistemáticoda sequência de mudanças biológicas, cognitivas, psicossociais e seus desdobramentos ao longo do ciclo vital. OBJETIVO Estudar os principais processos de desenvolvimento humano do período pré-natal até a morte, ou seja, Possibilitar ao futuro profissional a compreensão dos fenômenos e processos psicológicos básicos envolvidos no desenvolvimento humano, enfatizando sua continuidade durante o ciclo evolutivo e os inter relacionamentos nas esferas física, cognitiva e psicossocial PENSE Foto aproximadamente dez anos de idade e uma recente. Observe-as e tente fazer uma reflexão listando no que você mudou e o que foi mantido. Como você entende essas mudanças e continuidades? Pense agora em suas experiências pessoais e profissionais. Você consegue identificar as mudanças ao longo do desenvolvimento dos indivíduos com os quais se relacionou? Como as entende? 21/03/2017 6 SUZANA Alice é solteira, tem 33 anos e já está formada em sociologia. Sua idade é um detalhe cronológico que pode levar algumas pessoas a pensarem se ela vai se casar e se estabelecer. Mas, para a psicologia do desenvolvimento, é mais interessante compreender seu passado do que pensar em seu futuro. Como a maioria das pessoas, Suzana tem uma família que cuida dela desde que nasceu, passou por escolas e professores, teve uma vida social em sua comunidade. Enfim, é relevante conhecer e compreender seus primeiros anos de vida, sua infância, a adolescência e seu ingresso na fase adulta. Com isso estamos em busca de respostas para as seguintes questões: • Quais foram os padrões de desenvolvimento que nortearam o ciclo vital de Suzana? • Quais os principais fatores que influenciaram o seu desenvolvimento? PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO A psicologia do desenvolvimento é um ramo da psicologia que se preocupa em responder como e por que as capacidades dos indivíduos vão se diferenciando ao longo da vida. Focaliza seus estudos nas mudanças e nas consistências (continuidades), na universalidade e na individualidade. Busca um entendimento sistemático da sequência de mudanças físicas, cognitivas, psicossociais e seus desdobramentos ao longo do ciclo vital. “é a área de conhecimento da psicologia que busca compreender como e por que as pessoas se modificam, e como e por que elas permanecem as mesmas nos vários momentos de sua vida, à medida que envelhecem” (BERGER, 2001, p. 3). CICLO VITAL Estudar o ciclo vital significa admitir que o desenvolvimento humano ocorre durante a vida inteira e cada período é influenciado pelo que aconteceu antes e irá afetar o que virá depois. Sugere também que cada fase tem sua importância, características e valores especiais. DENISE BOYD. A CRIANÇA EM CRESCIMENTO O campo da ciência do desenvolvimento humano é a aplicação de métodos científicos ao estudo das mudanças relacionadas à idade no comportamento, no pensamento, na emoção e na personalidade. Como tal, a ciência do desenvolvimento utiliza teorias e pesquisas de várias perspectivas disciplinares diferentes. Estas incluem psicologia, sociologia, antropologia e economia, assim como biologia e medicina. ORIGENS FILOSÓFICAS E CIENTÍFICAS As ideias dos primeiros filósofos sobre desenvolvimento humano foram derivadas de autoridades espirituais, orientações filosóficas gerais e lógica dedutiva. OS FILÓSOFOS se preocupavam em saber por que os bebês, que são muito parecidos, se tornam muito diferentes quando crescem, e estavam preocupados com as dimensões morais do desenvolvimento. NO SÉCULO XIX, as pessoas que queriam compreender melhor o desenvolvimento humano se voltaram para a ciência. ADULTOS EM MINIATURAS? Até o século XVII, as crianças não eram vistas como qualitativamente diferentes dos adultos, eram consideradas “adultos em miniaturas”, menores, mais fracas e menos inteligentes (ARIÈS, 1978); a adolescência não era compreendida até o início do século XX como um estágio do desenvolvimento com características próprias, diferentes dos outros períodos. The Bavia Children – Figura 1 a pintura de crianças e adolescentes com vestimentas de adultos, confirmando a ausência da noção de desenvolvimento mencionada. 21/03/2017 7 ORIGENS PECADO ORIGINAL LOUSA VAZIA BONDADE INATA atribuída ao filósofo Agostinho de Hippo do século IV, ensinava que todos os seres humanos nascem com uma natureza egoísta. Os defensores da visão do pecado original afirmavam que, para reduzir a influência dessa tendência inata para o egoísmo, pais e professores devem ajudar as crianças a realizar sua necessidade de renascimento espiritual e prover-lhes uma educação religiosa. John Locke se utilizou de uma ampla abordagem filosófica conhecida como empirismo ao afirmar que a mente de uma criança é uma lousa vazia. Segundo o empirismo, os seres humanos não possuem tendências inatas e todas as diferenças entre as pessoas são atribuíveis à experiência. Sugere-se que os adultos podem moldar as crianças conforme o que quiserem que elas sejam. Portanto, as diferenças entre adultos podem ser explicadas em termos de diferenças em seus ambientes de infância era a visão da proposta pelo filósofo suíço do século XVIII Jean-Jacques Rousseau. Ele afirmava que todos os seres humanos são naturalmente bons e buscam experiências que os ajudem a crescer. Rousseau acreditava que as crianças só precisam de nutrição e proteção para realizarem seu pleno potencial. SÉCULO XIX Charles Darwin G. Stanley Hall Arnold Gesell Darwin propôs que estudar o desenvolvimento das crianças poderia ajudar os cientistas a melhor compreender a evolução da espécie humana. Para esse fim, Darwin e outros cientistas com ideias afins mantinham registros detalhados do desenvolvimento inicial de seus próprios filhos (denominados biografias de bebês), na esperança de descobrir evidências que respaldassem a teoria da evolução queria descobrir modos mais objetivos de estudar o desenvolvimento. Ele achava que os desenvolvimentistas deveriam identificar normas, ou idades médias nas quais os marcos do desenvolvimento são alcançados. As normas, segundo Hall, poderiam ser utilizadas para aprender sobre a evolução da espécie assim como acompanhar o desenvolvimento de crianças individuais. Adolescencia como periodo de desenvolvimento único. utilizou o termo maturação para descrever esse padrão de mudança. Ele achava que o desenvolvimento determinado pela maturação ocorria independentemente da prática, treinamento ou esforço. Por exemplo, os bebês não precisam ser ensinados a andar – eles começam a andar sozinhos quando atingem uma certa idade. Por sua forte crença de que muitas mudanças desenvolvimentistas importantes são determinadas pela maturação, Gesell passou décadas estudando crianças e normas de desenvolvimento. Ele foi o pioneiro no uso de câmeras de filmagem e dispositivos de observação de via única para estudar o comportamento das crianças DOMÍNIOS Mudanças no desenvolvimento denominadas: O domínio físico inclui mudanças no tamanho, forma e características do corpo. domínio cognitivo - as mudanças no pensamento, na memória, na resolução de problemas e em outras habilidades intelectuais o domínio socioemocional inclui mudanças em variáveis associadas ao relacionamento de um indivíduo consigo mesmo e com os outros PERÍODOS DE DESENVOLVIMENTO Pré-natal Primeira infância Segunda infância Terceira infância Adolescência Vida adulta Velhice QUESTÕES-CHAVE NO ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO HUMANO Debate natureza-experiência Debate entre as contribuições relativas dos processos biológicos (lado da natureza) dos fatores experienciais (lada da experiência) no desenvolvimento. Debate continuidade-descontinuidade Debate sobre se as mudanças relacionadas à idade são primordialmente uma questão de quantidade ou grau (lado da continuidade) ou envolvem mudanças de tipo ou espécie (lado da descontinuidade). Natureza versus experiência Natureza A mudança se deve a forças internas dentro do indivíduo. Tendências inatas As crianças nascem com tendências a responder de certas maneiras. Experiência A mudança se deve a forças fora do indivíduo. O efeito do ambiente depende da interpretação do indivíduo. 21/03/2017 8 Métodos e modelos de pesquisa Objetivos da ciência do desenvolvimento Produzir explicações e previsões. Resultados devem poder ser generalizados para indivíduos que não participaram do estudo. Variedade de métodos e desenhos Métodos descritivos Método experimental Modelos para estudar mudanças relacionadas à idade Pesquisa intercultural Os objetivos da ciência do desenvolvimento Descrever Dizer o que acontece Prever Explicar Dizer por que um determinado evento acontece. Os cientistas do desenvolvimento se baseiam em teorias Conjuntos de enunciados que propõem princípios gerais de desenvolvimento. Influenciar o desenvolvimento das crianças Ética na pesquisa Proteção contra danos Consentimento informado Sigilo Conhecimento dos resultados Engano A R R I E S , P H I L I P P E . H I S T Ó R I A S O C I A L D A C R I A N Ç A E D A F A M Í L I A . 2 ª E D . R I O D E J A N E I R O : L T C , 1 9 8 1 . HISTÓRIA SOCIAL DA CRIANÇA E DA FAMÍLIA 21/03/2017 9 Pieter Bruegel RETRATO DE BRINCADEIRAS 1560 CONCEPÇÕES DE INFÂNCIA Infância Infante (origem latina) ausência de fala “Por não falar, a infância não se fala e não se falando, não ocupa a primeira pessoa nos discursos que dela se ocupam. [...] Por isso é sempre definida por fora” (LAJOLO, 1997,P. 226). CONCEPÇÕES DE INFÂNCIA INFÂNCIA : Categoria histórica que possui vários significados, os quais dependem das relações sociais, econômicas, políticas, históricas, culturais entre outras. CRIANÇAS: Nas leis brasileiras são consideradas crianças os indivíduos com até 12 anos de idade incompletos. HISTÓRIA DA CRIANÇA Sabemos que a história da criança é registrada a partir do olhar dos adultos, pois a criança não pode registrar sua própria história. Se fosse o caso de darmos voz a essas crianças, certamente ouviríamos histórias de crianças relatando momentos de alegria,encontrados no amor da família, no direito respeitado, nos espaços para brincadeiras,enfim, nos encantos de sua vida, a partir da vivência de situações agradáveis e felizes. De outro lado: histórias de incompreensões sofridas, tristezas, atos de injustiça, violência física e moral, desamparo, enfim, os desencantos com a vida a que um grupo grande de crianças está exposto. indicação de que a infância não acontece da mesma forma para todas as crianças e as histórias se diversificam a cada experiência. CONCEPÇÕES DE INFÂNCIA Período do ciclo da vida que têm dimensões biológicas e culturais. Idade cronológica não constitui critério valido de manutenção física. Vai do nascimento até a puberdade (0 a 12anos ECA). CONCEPÇÕES DE INFÂNCIA SANTOS, 1996 Desenvolvimento biológico é universal, mas o recorte desse continuum obedece às diferenças do ritmo fisiológico e varia de indivíduo para indivíduo de acordo com o sexo. Mais apropriado “infâncias” 21/03/2017 10 CONCEPÇÕES DE INFÂNCIA Infância como Categoria Social Final do Século XVIII e começo do Século XIX Sociedade burguesa começa a perceber a criança como ser coletivo. “Ainda não se poderá falar em um reconhecimento generalizado da sua identidade e de sua importância, já que esse processo de autonomização não ocorre da mesma maneira em todos os Países [...] (FARIAS, 2005, p. 56). CONCEPÇÕES DE INFÂNCIA PHILIPPE ARIÈS (1973) Historiador francês, nasceu em 1914, em Blois, na região central da França, e viveu a maior parte de sua vida em Paris. Morreu em 1984. História Social da Criança e da Família Este livro custou dez anos de pesquisas, entre 1950 e 1960. CONCEPÇÕES DE INFÂNCIA PHILIPPE ARIÈS (1973) ARIÈS é considerado o precursor da história da infância, pois foi através de estudos realizados por ele com variadas fontes, como a iconografia religiosa e leiga, diários de família, dossiês familiares, cartas, registros de batismo e inscrições em túmulos, que surgem os primeiros trabalhos na área de história, apontando para o lugar e a representação da criança na sociedade dos séculos XII ao XVII. ARIÈS (1981, p. 26) afirma: (...) é sempre, quer ou não, uma história comparativa e regressiva. Partimos necessariamente do que sabemos sobre o comportamento do homem de hoje, como de um modelo ao qual comparamos os dados do passado . com, a condição de, a seguir, considerar o modelo novo, construído com o auxílio dos dados do passado, como uma segunda origem, e descer novamente até o presente, modificando a imagem ingênua que tínhamos no início. PHILIPPE ARIÈS Crianças são adultos em miniatura (roupas, expressões faciais), A arte medieval “desconhecia” a infância O sentimento de infância surge entre os séculos XIII e XVIII (temas religiosos. A infância se introduz na iconografia medieval). Século XIII não existem crianças caracterizadas por expressão particular, e sim homens de tamanho reduzido. INFÂNCIA NO SÉCULO XI PHILIPPE ARIÈS As crianças foram tratadas como adultos em miniatura: na sua maneira de vestir-se, na participação ativa em reuniões, festas e danças. Os adultos se relacionavam com as crianças sem discriminação, falavam vulgaridades, realizavam brincadeiras grosseiras, todos os tipos de assuntos eram discutidos. Partindo de relatos e textos dos século XII ao XVIII, demonstra que as pessoas definiam a idade da criança como .... A primeira idade é a infância que planta os dentes, e essa idade começa quando nasce e dura até os sete anos, e nessa idade aquilo que nasce é chamado de enfant (criança), que quer dizer não falante, pois nessa idade a pessoa não pode falar bem nem formar perfeitamente suas palavras.... (ARIÉS, 1981, p. 36). Nessa perspectiva, a fase da infância seria caracterizada pela ausência da fala e de comportamentos esperados a passagem da vida infantil para a vida adulta seria uma condição a ser superada: .... a passagem da criança pela família e pela sociedade era muito breve e muito insignificante para que tivesse tempo ou razão de forçar a memória e tocar a sensibilidade.... (ARIÉS, 1981, p. 10). 21/03/2017 11 SÉCULOS XV E XVI A Cena de gênero se desenvolveu A criança se torna uma personagem mais frequentes nas pinturas: crianças com seus companheiros, com sua família... Na vida quotidiana as crianças estavam misturadas com os adultos, para o trabalho, o passeio, o jogo. SÉCULOS XV E XVI Os pintores gostavam de representar a criança por sua graça ou por seu pitoresco e se compraziam em representar a presença da criança dentro do grupo ou da multidão. Século XV – o retrato e o Putto Século XVI- retrato da criança morta (aparece nas sepulturas de seus mestres) Durante esse Século- surge o retrato da criança morta. Século XVII Foram séculos de altos índices de mortalidade e de práticas de infanticídio. As crianças eram jogadas fora e substituídas por outras semsentimentos, na intenção de conseguir um espécime melhor, mais saudável, mais forte que correspondesse às expectativas dos pais e de uma sociedade que estava organizada em torno dessa perspectiva utilitária da infância. O sentimento de amor materno não existia, como uma referência à afetividade. A família era social e não sentimental. “uma vizinha, mulher de um relator, tranqüilizar assim uma mulher inquieta, mãe de cinco .pestes., e que acabara de dar à luz:.Antes que eles te possam causar muitos problemas, tu terás perdido a metade, e quem sabe todos..... (ARIÈS, 1981, p. 56).” Assim, as crianças sadias eram mantidas por questões de necessidade, mas a mortalidade também era algo aceito com bastante naturalidade. Outra característica da época era entregar a criança para que outra família a educasse. O retorno para casa se dava aos sete anos, se sobrevivesse. Nesta idade, estaria apta para ser inserida na vida da família e no trabalho. Século XVII Surge a preocupação da Igreja em não aceitar passivamente o infanticídio, antes secretamente tolerado. Preservar e cuidar das crianças seria um trabalho realizado exclusivamente pelas mulheres, no caso, as amas e parteiras, que agiriam como protetoras dos bebês, criando uma nova concepção sobre a manutenção da vida infantil, ....como se a consciência comum só então descobrisse que a alma da criança também era imortal. Surgiram medidas para salvar as crianças. As condições de higiene foram melhoradas e a preocupação com a saúde das crianças fez com que os pais não aceitassem perdê-las com naturalidade. No século XIV, devido ao grande movimento da religiosidade cristã, surge a criança mística ou criança anjo; ....essa imagem da criança associada ao Menino Jesus ou Virgem Maria, causa consternação, ternura nas pessoas.. 21/03/2017 12 SÉCULO XVII Nasce o sentimento da infância Início do interesse pela criança Retratos de crianças sozinhas e retrato de crianças em família em que a criança era o centro Registro da linguagem infantil. TESE DE ARIÉS A civilização medieval não percebia um período transitório entre a infância e a idade adulta. As crianças eram percebidas como adultos em miniatura. A infância era apenas uma fase sem importância e não fazia sentido fixar lembranças. Ausência do sentimento de Infância na Idade Média. O que é natural é considerado normal. O normal correspondia à ideia de que a norma é o que há de comum, aceitável. O anormal é entendido como inaceitável. Existem muitas infâncias distintas entre si por condição social, por idade, sexo, pelo lugar onde a criança vive, pela cultura, pela época, pelas relações com os adultos. A construção das infâncias REFERÊNCIAS ARIÈS, Philippe. História Social da Criança e da Família. Rio de Janeiro: LTC, 1981. HEYWOOD, Colin. Uma História da Infância: da Idade Média à Época Contemporânea no Ocidente, trad. Roberto Cataldo Costa. Porto Alegre: Artemed, 2004. FARIAS, G; DERMATINI, Zelia de Brito Fabri; PRADO, Patricia Dias (orgs) Por uma cultura da infância : metodologia de pesquisa com criança. Campinas São Paulo : Autores Associados, 2005. REFERÊNCIAS BRUEGEL, Pieter, o Velho. Jogos Infantis. 1560. Óleo sobre madeira. 118 x 161 cm. Kunsthistorisches Museum, Viena; ________. O Banquete de casamento camponês. 1568. Óleo sobre madeira. 114 x 164 cm. Kunsthistorisches Museum, Viena;
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