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g 8ν , indicando que K e´ pequeno para poros pequenos e alta viscosidade. O valor da condutividade aproximada K e´ mostrada na tabela 8.5. 228 Cap´ıtulo 8 - Soluc¸a˜o Nume´rica de EDP’s Tabela 8.5: Ordem de magnitude da condutividade K(m/s) de alguns materiais material K(m/s) argila < 109 areia fina 10−5 - 10−4 areia grossa 10−4 - 10−3 cascalho > 10−2 8.8.3 Problemas em aerodinaˆmica O desenvolvimento de projetos de aerofo´lios e de asas ou he´lices de aeronaves en- volve uma ana´lise do desempenho aerodinaˆmico dos mesmos. Em geral, esta ana´lise e´ inicialmente feita atrave´s de me´todos computacionais que simulem a situac¸a˜o real em que o corpo sera´ submetido, uma vez que experimentos reais envolvem um custo mais elevado. Por simplicidade, considere o escoamento potencial em toda a vizinhac¸a do perfil aero- dinaˆmico. A equac¸a˜o que rege o escoamento potencial e´ de Laplace ∇2Ψ = 0. A varia´vel Ψ representa o potencial de velocidades, sendo o vetor velocidade obtido atrave´s da relac¸a˜o ~V = −~∇Ψ que satisfaz ~∇× ~V = 0, ou seja, o escoamento e´ irrotacional. Para a resoluc¸a˜o nume´rica destas equac¸o˜es foi necessa´ria a utilizac¸a˜o de um sistema de coordenadas generalizadas (ξ, η, γ) que coincidem com a geometria da malha. Estudos sobre as vantagens do uso destas coordenadas mostram que a utilizac¸a˜o de sistemas de coordenadas ortogonais, como cartesiano, cil´ındrico e esfe´rico apresentam Fund. de Ca´lculo Nume´rico para Engenheiros 229 dificuldades em problemas com geometria arbitra´ria, ocorrendo a necessidade de interpolac¸o˜es nas fronteiras para a aplicac¸a˜o das condic¸o˜es de contorno, ocasionando erros onde os gradientes sa˜o altos, ou seja, justamente nas regio˜es onde temos maior interesse. Outra vantagem seria a versatilidade que o uso de coordenadas coincidentes com a fronteira oferece. Partindo da equac¸a˜o original para o caso bidimensional ∂2Ψ ∂x2 + ∂2Ψ ∂y2 = 0 (8.18) atrave´s da regra da cadeia, resulta ∂Ψ ∂x = ∂Ψ ∂η ηx + ∂Ψ ∂ξ ξx ∂Ψ ∂y = ∂Ψ ∂η ηy + ∂Ψ ∂ξ ξy Apo´s nova aplicac¸a˜o da regra da cadeia obte´m-se as expresso˜es para as derivadas de segunda ordem Ψxx = ξxxΨξ + ηxxΨη + ξ 2 xΨξξ + η 2 xΨηη + 2 ξx ηxΨξη Ψyy = ξyyΨξ + ηyy Ψη + ξ 2 y Ψξξ + η 2 xΨηη + 2 ξy ηy Ψξη sendo a expressa˜o final para a equac¸a˜o a ser implementada dada por (ξxx + ξyy)Ψξ + (ηxx + ηyy)Ψη + (ξ 2 x + ξ 2 y)Ψξξ + +(η2x + η 2 y)Ψηη + 2(ξx ηx + ξy ηy)ψξη = 0 Esta equac¸a˜o e´ resolvida numericamente, sendo suas derivadas aproximadas por diferenc¸as finitas centrais. As me´tricas da transformac¸a˜o (ξx, ξy, ηx, ηy) sa˜o calcula- 230 Cap´ıtulo 8 - Soluc¸a˜o Nume´rica de EDP’s dos atrave´s de sua interpretac¸a˜o geome´trica ∆xi = xi+1,j − xi−1,j 2 ∆xj = xi,j+1 − xi,j−1 2 ∆yi = yi+1,j − yi−1,j 2 ∆yj = yi,j+1 − yi,j−1 2 ∆ξ = √ ∆x2 +∆y2 ∆η = √ ∆x2 +∆y2 ξx = ∆ξ ∆x ηx = ∆η ∆x ξy = ∆ξ ∆y ηy = ∆η ∆y onde ∆ξ e´ a metade do comprimento de linha que liga os pontos (i+1, j) e (i−1, j). As derivadas de segunda ordem ξxx, ξyy, ηxx, ηyy foram aproximadas por diferenc¸as finitas centrais baseado nestas me´tricas. Para a soluc¸a˜o da equac¸a˜o (8.18) utiliza-se o me´todo expl´ıcito de Jacobi, na qual o valor da func¸a˜o Ψ calculada em uma iterac¸a˜o e´ baseada nos valores de Ψi−1,j, Ψi+1,j, Ψi,j+1, Ψi,j−1, Ψi−1,j−1, Ψi+1,j+1 obtidos na iterac¸a˜o anterior. As relac¸o˜es de discretizac¸a˜o em diferenc¸as finitas sa˜o dadas como segue Ψξ = Ψi+1,j −Ψi−1,j 2∆ξ Ψη = Ψi,j+1 −Ψi,j−1 2∆η Ψξξ = Ψi+1,j − 2Ψi,j +Ψi−1,j ∆ξ2 Ψηη = Ψi,j+1 − 2Ψi,j +Ψi,j−1 ∆η2 Ψξη = Ψi+1,j+1 −Ψi+1,j−1 +Ψi−1,j−1 −Ψi−1,j+1 4∆ξ∆η Apesar de uma certa instabilidade natural do me´todo de jacobi, este procedimento convergiu para toleraˆncia 10−6. Na Fig. 8.8(a) apresenta-se a malha sobre a qual sa˜o Fund. de Ca´lculo Nume´rico para Engenheiros 231 obtidas as soluc¸o˜es. As curvas equipotenciais resultantes da equac¸a˜o ∇2Ψ = 0 esta˜o dispostas na figura 8.8(b). Na Fig. 8.9 mostra-se o campo de velocidades obtido a partir da func¸a˜o corrente Ψ. Figura 8.8: Malha de 98 × 41 pontos e linhas de corrente sobre o aerofo´lio NACA 0012 Figura 8.9: Campo de velocidades do escoamento sobre o aerofo´lio GOE490 A seguir apresenta-se uma introduc¸a˜o ao me´todo de elementos finitos aplicados a sistemas unidimensionais e a problemas gerais de engenharia. 232 Cap´ıtulo 9 - Int. ao me´todo de elementos finitos 9 INTRODUC¸A˜O AO ME´TODO DE ELEMENTOS FINITOS Assim como o me´todo de diferenc¸as finitas, elementos finitos e´ utilizado para aprox- imar a soluc¸a˜o de problemas de valor inicial e de contorno. Ele foi originariamente desenvolvido para utilizac¸a˜o em engenharia estrutural, mas atualmente e´ utilizado para obter soluc¸o˜es de equac¸o˜es diferenciais parciais que surgem em todos os campos da matema´tica aplicada; sendo mais vantajoso em problemas estruturais. Segue uma breve introduc¸a˜o sobre como obter os sistemas matriciais em elementos finitos. Diante da possibilidade de resolver os mesmos problemas por diferenc¸as ou elementos finitos, os autores na˜o veˆem vantagens em utilizar o me´todo mais complexo; por isso as aplicac¸o˜es anteriores foram resolvidas em diferenc¸as finitas. 9.1 Sistemas lineares unidimensionais Considere sistemas massa-mola com duas massas, transfereˆncia de calor entre 2 pontos e de vaza˜o entre dois pontos num duto. No primeiro o deslocamento e´ pro- porcional a` forc¸a aplicada. A troca de calor e´ dada pela lei de Fourier e a diferenc¸a de pressa˜o e´ proporcional a` vaza˜o, de forma que F = Kδ → δ = 1 k F = CF q = −K ∂T ∂x → q ∫ dx K = −dT p1 − p2 = KQ implicando em F1 = Kδ1 − Kδ2 F2 = −Kδ1 + Kδ2 ˛˛˛ ˛ q1 = −K(T2 − T1)q2 = −K(T1 − T2) ˛˛˛ ˛ Q1 = f(P1 − p2)Q2 = f(p2 − p1) Fund. de Ca´lculo Nume´rico para Engenheiros 233 Assim, na forma matricial[ K −K −K K ]{ δ1 δ2 } = { F1 F2 } ∣∣∣∣ [ K −K −K K ]{ T1 T2 } = { q1 q2 } ∣∣∣∣ [ K −K −K K ]{ p1 p2 } = { Q1 Q2 } ou ainda, [K]{δ} = {F} ∣∣∣ [K]{T} = {q} ∣∣∣ [K]{p} = {Q}. Observe a grande semelhanc¸a na obtenc¸a˜o destes sistemas matriciais. 9.2 Func¸o˜es de interpolac¸a˜o comuns para elementos lineares, triangulares e tetrae´dricos Seja a func¸a˜o interpoladora em coordenadas natuarais dada pela seguinte equac¸a˜o: φ = ∑ Liφi As func¸o˜es de interpolac¸a˜o para elementos lineares, triangulares e tetrae´dricos para o me´todo de elementos finitos podem ser obtidos como segue (veja a figura 9.1): a) Linear 234 Cap´ıtulo 9 - Int. ao me´todo de elementos finitos Figura 9.1: Reta, triaˆngulo e tetraedro regular Para uma dimensa˜o, conforme Fig. 9.1a, a func¸a˜o de interpolac¸a˜o e´ obtida fazendo x = L1x1 + L2x2 1 = L1 + L2 Assim, L1(x) = x− x1 x2 − x1 L2(x) = x2 − x x2 − x1 b) Triangular Utilizando coordenadas naturais, segundo a Fig. 9.1b, tem-se x = L1x1 + L2x2 + L3x3 y = L1y1 + L2y2 + L3y3 1 = L1 + L2 + L3 Desta forma, aplicando o me´todo de Cramer obte´m-se Fund. de Ca´lculo Nume´rico para Engenheiros 235 L1 = ˛˛˛ ˛˛˛ ˛˛˛ ˛ 1 1 1 x x2 x3 y y2 y3 ˛˛˛ ˛˛˛ ˛˛˛ ˛˛˛˛ ˛˛˛ ˛˛˛ ˛ 1 1 1 x1 x2 x3 y1 y2 y3 ˛˛˛ ˛˛˛ ˛˛˛ ˛ L2 = ˛˛˛ ˛˛˛ ˛˛˛ ˛ 1 1 1 x1 x x3 y1 y y3 ˛˛˛ ˛˛˛ ˛˛˛ ˛˛˛˛ ˛˛˛ ˛˛˛ ˛ 1 1 1 x1 x2 x3 y1 y2 y3 ˛˛˛ ˛˛˛ ˛˛˛ ˛ L3 = ˛˛˛ ˛˛˛ ˛˛˛ ˛ 1 1 1 x1 x2 x y1 y2 y ˛˛˛ ˛˛˛ ˛˛˛ ˛˛˛˛ ˛˛˛ ˛˛˛ ˛ 1 1 1 x1 x2 x3 y1 y2 y3 ˛˛˛ ˛˛˛ ˛˛˛ ˛ ou genericamente Li = 1 2∆ (ai + bix+ ciy) sendo o valor dos coeficientes a1 = x2y3 − x3y2 a2 = x3y1 −