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TEXTO COMPLEMENTAR - FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO ESPECIAL E INCLUSIVA Caro(a) aluno(a), A Universidade Candido Mendes (UCAM), tem o interesse contínuo em proporcionar um ensino de qualidade, com estratégias de acesso aos saberes que conduzem ao conhecimento. Todos os projetos são fortemente comprometidos com o progresso educacional para o desempenho do aluno-profissional permissivo à busca do crescimento intelectual. Através do conhecimento, homens e mulheres se comunicam, têm acesso à informação, expressam opiniões, constroem visão de mundo, produzem cultura, é desejo desta Instituição, garantir a todos os alunos, o direito às informações necessárias para o exercício de suas variadas funções. Expressamos nossa satisfação em apresentar o seu novo material de estudo, totalmente reformulado e empenhado na facilitação de um construto melhor para os respaldos teóricos e práticos exigidos ao longo do curso. Dispensem tempo específico para a leitura deste material, produzido com muita dedicação pelos Doutores, Mestres e Especialistas que compõem a equipe docente da Universidade Candido Mendes (UCAM). Leia com atenção os conteúdos aqui abordados, pois eles nortearão o princípio de suas ideias, que se iniciam com um intenso processo de reflexão, análise e síntese dos saberes. Desejamos sucesso nesta caminhada e esperamos, mais uma vez, alcançar o equilíbrio e contribuição profícua no processo de conhecimento de todos! Atenciosamente, Setor Pedagógico Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 3 SUMÁRIO INTRODUÇÃO .............................................................................................................................4 1. O ALUNO PORTADOR DE NECESSIDADES ESPECIAIS ..............................................8 2. ESTRATÉGIAS PARA A PREPARAÇÃO/ RECICLAGEM DOS PROFESSORES DA EDUCAÇÃO ESPECIAL ...........................................................................................................10 3. A SOCIEDADE E O DEFICIENTE AUDITIVO: A FAMÍLIA COMO PRIMEIRA CÉLULA DE INCLUSÃO ..........................................................................................................12 3.1 A AÇÃO DA ESCOLA EM RELAÇÃO AO DEFICIENTE AUDITIVO ........................13 3.2 A SOCIEDADE E O DEFICIENTE AUDITIVO ..............................................................13 3.3 FUNDAMENTAÇÃO LEGAL DA INCLUSÃO DO DEFICIENTE AUDITIVO NA ESCOLA ..............................................................................................................................15 3.4 A LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS.............................................................................16 4. OS DEFICIENTES INTELECTUAIS NO CONTEXTO DA SALA DE AULA ..............24 5. DIFICULDADES DE APRENDIZAGENS NA EDUCAÇÃO ESPECIAL .......................26 6. PEQUENO HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO DE CEGOS ...................................................33 7. O ALUNO COM DEFICIÊNCIA VISUAL E O ATENDIMENTO ESPECIALIZADO 35 8. TRANSTORNO DO DÉFICIT DE ATENÇÃO/HIPERATIVIDADE ..............................36 9. CAUSAS E SINTOMAS DO TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO/ HIPERATIVIDADE ....................................................................................................................37 10. ORIENTAÇÕES AOS PAIS E PROFESSORES ...............................................................39 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................................42 REFERÊNCIAS ...........................................................................................................................43 Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 4 INTRODUÇÃO O direito à educação para todos os brasileiros foi estabelecido na constituição de 1824, na época do Brasil Império. As constituições brasileiras de 1034, 1937 e 1946, da mesma maneira, garantiam a todos o direito á educação. Em 1948, a declaração universal dos direitos do homem aprovada pela assembleia geral das nações unidas, afirma o principio da não-discriminação e proclama o direito de toda pessoa á educação. Em 21 de abril de 1959, a assembléia geral das nações unidas, aprovou a declaração dos direitos da criança, assegurando, no seu principio 7°, o direito a educação gratuita e obrigatória, ao menos em nível elementar. Além do desenvolvimento de suas faculdades, de seu juízo pessoal e do sentindo da responsabilidade de moral e social, outro objetivo desse principio da declaração dos direitos da criança a uma participação útil na sociedade. Diante desses textos consagrados internacionalmente, houve grandes esforços, realizados por países do mundo inteiro, no sentindo de assegurar a todos os direitos à educação. Nesta perspectiva, as constituições brasileiras de 1967 e 1969 também levaram em consideração os princípios da declaração universal dos direitos do homem e da declaração dos direitos da criança. Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 5 O nosso atual texto constitucional (1988) igualmente consagra, no art. 205, a educação como direito de todos e dever do estado e da família. No art. 2066, podemos destacar princípios eminentemente democráticos, cujo sentido é nortear a educação, tais como: a igualdade de condições não só para o acesso, mas também, para a permanecia na escola; a liberdade de aprender, ensinar e divulgar o pensamento; o pluralismo de ideias e concepções pedagógicas; a coexistência de instituição públicas e privadas; a existência de ensino público gratuito e a gestão democrática do ensino público. A Educação Especial é uma educação organizada para atender especifica e exclusivamente alunos com determinadas necessidades educativas especiais, por serem pessoas que possuem privações de sentido. Algumas escolas dedicam-se apenas a um tipo de necessidade, enquanto que outras se dedicam a vários. O ensino especial tem sido alvo de criticas, por não promover o convívio entre as crianças “especiais” e as demais crianças. Por outro lado, a escola direcionada para a educação especial conta com materiais, equipamentos e professores especializados. É o ramo da Educação que ocupa-se do atendimento e da educação de pessoas com deficiência em instituições especializadas, tais como escola para surdos, escola para cegos ou escolas para atender pessoas com deficiência mental. Conforme relata Jiménez (1993), no final do século XVIII e início do século XIX, se iniciam nos países escandinavos e na América do Norte o período da institucionalização especializada das pessoas com deficiências, e a partir daí surge a Educação Especial. A sociedade toma consciência da necessidade de atender essas pessoas, mais com caráter assistencial que educativo. A assistência era proporcionada em centros, na qual pessoas com deficiências eram atendidas e assim a sociedade era protegida do contato com os anormais. No século XX ocorrem à educação escolar para o deficiente mental no mundo ocidental e a desinstitucionalização pela criação de programas escolares para os deficientes mentais leves e moderados, e pela relativa abertura das instituições. Também se ampliam e se diversificam os serviços especiais (ANEE), a época chamada excepcionais, aparece na escola. Para Bueno (1993), a Educação Especial tem cumprido, na sociedade moderna, duplo papel, o de complementaridade da educação regular, atendendode um lado a democratização do ensino, na medida em que reponde às necessidades de parcela da população que não consegue Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 6 usufruir dos processos regulares de ensino, do outro responde ao processo de segregação, legitimando a ação seletiva da escola regular. Pensar em educação é refletir sobre seu papel no atual momento de transição que se caracteriza pela tentativa de consolidar a qualificação do ensino, de tal modo, que se fez necessário analisar sobre a perspectiva de educação inclusiva e seus aspectos lúdicos que permeiam sua pratica, ao mesmo tempo, é importante salientar sobre as reais condições das Instituições de ensino, se as mesmas favorecem a inclusão de alunos com necessidades especiais, integrando-os ao processo educativo regular. As reflexões em torno de uma educação crítica têm-se concentrado numa pedagogia dinâmica e no papel que a inclusão escolar ocupa nesse contexto, sendo assim, compete primeiramente retomar as questões que envolvem o conceito de inclusão, fazendo abordagens sobre o lúdico enquanto construção, uso e reflexão da prática pedagógica. Posicionar-se frente a uma educação desafiadora, crítica, lúdica, consciente e construtiva, trata-se de refletir sobre os dogmas existentes na sociedade ou estereótipos em relação à capacidade criadora e autônoma de pessoas com necessidades especiais. Diante de práticas pedagógicas extremamente seletivas, conteudistas e pré-conceituosas, é necessário lançar um olhar mais humano para esta realidade, inserindo uma prática lúdica que facilitam a inclusão, promovendo resultados significativos, ao mesmo tempo, desvelando um avanço na aprendizagem. Por uma analogia inicial, vamos conceber a Educação Especial como um campo de conhecimento, a nossa ciência normal, e os diversos olhares a elas atrelados, como os paradigmas que ela utiliza para melhor explicitar os seus processos, procedimentos e conceitos. A Educação Especial será tomada aqui como um campo de conhecimento no sentido proposto por Pierre Bourdieu: A noção de campo é, em certo sentido, uma estenografia conceitual de um modo de construção do objeto que vai comandar – ou orientar – todas as opções práticas da pesquisa. Ela funciona como um sinal que lembra o que há que fazer, a saber, verificar que o objeto em questão não está isolado de um conjunto de relações de que retira o essencial de suas propriedades. Por meio dela torna-se presente o primeiro preceito do método, que impõem que se lute por todos os meios contra a inclinação primária para pensar o mundo social de maneira realista ou, para dizer, como Cassirer, substancia lista: é preciso pensar relacionalmente. Com efeito, poder-se-ia dizer, deformando a expressão de Hegel: o real é relacional (BOURDIEU, 1989). Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 7 Pensar a Educação Especial através de um modelo relacional, desde o início, evita que nós caíamos em um modelo clássico de como as relações educativa devam ser. Partindo desta premissa, a questão agora é pensarmos se a haveria a possibilidade da Educação Inclusiva ocupar ou não o lugar do paradigma revolucionário que reformula a própria Ciência Normal. Foi dentro desta vertente que resolvemos retomar o tema que nos foi proposto inicialmente. Educação Inclusiva: realidade ou utopia. Primeiramente é preciso que entendamos o que é um paradigma tal como foi proposto por Thomas S. Kuhn. Um paradigma propõe problemas e soluções modelares aos praticantes de uma dada área ou campo do conhecimento. Um paradigma faz um determinado recorte do real. Um paradigma é uma constelação de conceitos, valores, percepções e práticas compartilhadas por uma comunidade científica que apresenta uma determinada concepção da realidade, estruturada a partir de um determinado tipo de pensamento (KUHN, 1978). Um paradigma é um modelo mental, uma forma de ver o mundo, um modelo de referência, filtrando outras percepções, conteúdos determinados, etc. Ele estabelece, em suma, um modelo de pensamento e/ou de crenças através do qual o mundo pode ser interpretado. Isto quer dizer que, ao adotarmos o paradigma a nossa escolha deixa de ter como referenciais apenas os aspectos cognitivos. Ela passa a ter também componentes emocionais, que podem fazer com que as ideias daquele paradigma ou dos paradigmas oponentes a ele sejam realmente aceitos ou rejeitados. Sendo assim, pretende-se com esse trabalho demonstrar a real necessidade de uma práxis direcionada a inovações, princípios éticos educativos e o compromisso com o passado, presente e futuro da humanidade. Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 8 1. O ALUNO PORTADOR DE NECESSIDADES ESPECIAIS O aluno portador de necessidades especiais é o sujeito desta educação e a principal razão de nossa prática educacional no cotidiano escolar, nas salas de aula e em nossas comunidades organizadas como um todo. Vamos destacar a evolução da Educação Especial, a partir das últimas décadas até os dias de hoje, suas várias etapas e os princípios básicos que a norteiam. Abordaremos a educação especial como um direito assegurado e sua fundamentação legal na Constituição Federal e Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, além de sua estrutura geral e posicionamento nas esferas administrativas governamentais, em nível federal e estadual. Um ponto muito importante é o atendimento educacional especializado e as modalidades de atendimento da Educação especial, de acordo com a filosofia governamental, bem como os profissionais envolvidos nesta educação, o papel dos professores e a necessidade cada vez maior da formação e ainda, o tratamento que é dado à questão, com os programas de prevenção, essências para diminuir ou evitar as múltiplas deficiências das pessoas em nossa realidade social. Para quem trabalha ou vai trabalhar com pessoas (crianças, adolescentes, jovens e adultos) portadores de necessidades educativas e clínicas especiais, vamos abordar as inúmeras deficiências (visual, mental, física, auditiva, múltipla, condutas típicas, pessoas com altas habilidades), como uma forma de conhecimentos melhor a estas pessoas. Ainda, as abordagens de ensino, as tendências pedagógicas no processo de ensino-aprendizagem: a tradicional e tecnicista (comportamentalista) e a renovadora progressiva (construtivista). Desde a Constituição Federal, de 1988, no Estatuto da Criança e do Adolescente, de 13 de julho de 1990, na Lei de Diretrizes e Bases, Lei nº 9.394/96, também na Declaração Mundial de Educação para todos e Declaração de Salamanca, além de muitas outras leis, decretos, portarias e resoluções, que a educação inclusiva vem buscando sua implantação, seu processo e seu espaço para garantir a toda criança o direito à educação, mostra a importância que as escolas têm e precisa adaptar os seus espaços físicos, currículos, reavaliar seus métodos e suas técnicas, reorientar seus recursos pedagógicos e organizar-se de maneira específica de tal forma que atenda satisfatoriamente a todas as necessidades especiais e individuais de seus alunos. As atuais exigências e transformações mundiais exigem uma mudança de paradigma das escolas públicas ou privadas para que as mesmas, em seu projeto político pedagógico, com seu pessoal e em seus espaços físicos possam melhorar seu trabalho e oferecer uma educaçãode qualidade para todos os seus alunos. Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 9 Nesta perspectiva, para que a escola melhore seu trabalho rumo à educação de qualidade e inclusiva é necessário repensar o modelo de escola que está inserido neste novo contexto, a formação do professor deve estar associada a uma prática reflexiva e mudanças de postura, para que as legislações que regem a educação inclusiva não sejam vistas como uma imposição, mas como garantia aos direitos de todos a uma educação de qualidade. O paradigma de educação inclusiva transformou-se em um rico instrumento cultural e social para a construção e reconstrução de um mundo mais humano, mais justo e mais solidário. Para garantir uma educação de qualidade para todos é necessário reconhecer com total urgência as causas da exclusão, descobrindo-as e reconhecendo as diferenças e a necessidade de acontecer e haver condições diferenciadas para o processo educacional, já é o primeiro passo para o princípio da equidade. Uma sociedade inclusiva necessita de sua própria construção. É um processo fundamental para desenvolver um espírito democrático e solidário. O que se compreende é que a Inclusão é a garantia a todo cidadão ao acesso do saber, um acesso contínuo e no mesmo espaço em que vive todo ser humano em sociedade, esta mesma que deve ser direcionada e conscientizada através de relações humanas, acolhedoras, aceitação à diversidade, aceitação das diferenças, esforço coletivo para que as oportunidades de desenvolvimento humano com qualidade sejam para todos, em todas as dimensões da vida do cidadão. Para que tudo isso ocorra de maneira reflexiva e acolhedora, sente-se a necessidade de as escolas desenvolverem estratégias e possibilidades pedagógicas que possam possibilitar a todos os alunos o acesso ao conhecimento, à cultura, à produtividade, possibilitando assim a educação inclusiva para seu pleno exercício da cidadania. O ato de educar envolve a compreensão e a diversidade de aspectos, que criam vínculos entre educador/educando/escola/conhecimento. Isso leva a uma reflexão para a busca de sentimentos que tentam amenizar as angústias que levam o ser humano a buscar o conhecimento. Este buscar enfrenta barreiras que devem ser derrubadas, para isso, há conflitos, sofrimento e alegria. Assim, faremos uma reflexão para conhecer a complexidade humana em busca de uma transformação da sociedade com ética, respeito, amor, solidariedade, democracia, cidadania. Tudo isso em busca da inclusão de todos. Pois todo ser humano é diferente e tem uma necessidade diferente. Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 10 2. ESTRATÉGIAS PARA A PREPARAÇÃO/ RECICLAGEM DOS PROFESSORES DA EDUCAÇÃO ESPECIAL Os professores que lidam com a Educação Especial e ou/ Inclusiva necessitam de cursos que, os conscientizem que os deficientes intelectuais têm limitações, mas sobretudo possuem potencialidades e estas são mais facilmente desenvolvidas quando os deficientes se sentem acolhidos aceitos respeitados estimulados motivados e integrados aos outros colegas afinal a escola tem o dever de formar cidadãos e só é possível construí-los a partir de sua socialização processo iniciado na família continuado pelas instituições de ensino e assim por diante. O aprimoramento desses e de outros educadores da Educação Especial e/ ou Inclusiva. Além disso, como mencionamos no item anterior, as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial recomendam um trabalho conjunto para que se identifiquem as melhores metodologias para os alunos portadores de necessidades especiais. Porém, em se tratando de educando com deficiência intelectual, segundo Rodrigues (op. Cit, p.93) independentemente de se consultar ou não especialistas e instituições, a melhor metodologia para este público será aquela. Que mantenha o aluno, como jogos de tabuleiro, quebra-cabeça, jogo da memória e imitações de sons ou movimentos do professor ou dos colegas (...). Também é importante adequar á proposta á idade e, principalmente, aos assuntos trabalhados em classe. (...). A meta é que, sempre que possível e mesmo com um trabalho diferente, o aluno esteja participando do grupo. A tarefa deve começar tão fácil quanto seja necessário para que ele perceba que consegue chicotá-la, mas sempre com alguém desafio depois, pode-se aumentar as regras, o numero de participantes e a complexidade. Em linguagem ainda mais clara: a autora coloca que, os docentes lidam com alunos com deficiência intelectual devem oferecer para estes atividades que envolvam jogos e sons de acordo com sua faixa etária, de modo que, o grau de dificuldade de cada tarefa seja apropriado á sua idade. Entretanto, os professores só descobrirão quais as atividades mais próprias para os deficientes intelectuais lidando com os mesmos, aproveitando cursos, reciclagens e palestras oferecidos pelo município, pelo Estado com a finalidade de preparar os docentes para desenvolver um trabalho mais eficiente com os portadores de necessidades especiais, desde que estes apresentem sugestões de atividades de materiais didáticos de avaliações etc. voltadas para a realidade dos alunos, já que teoria desvinculada da realidade nunca foi boa estratégia para concretização aulas significativas. Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 11 Naturalmente, há quem defenda que, os docentes devem primeiro aprender a teoria antes de entrar na sala de aula, no entanto, se os cursos o de Educação Especial oferecessem estágios para todos os seus alunos em classes de pessoas com deficiência estes se sentiriam menos amedrontados e inseguros ao entrar para dar aula pela primeira vez numa sala com deficientes, pois a prática combinada á teoria é a forma mais eficaz para preparar educadores destinados ao atendimento das crianças adolescentes e/ou jovens com deficiência(s). Sendo esta visão padronizada, os Portadores de Necessidades Especiais sofrem com a discriminação e a exclusão social pelo fato de possuírem algumas limitações, sejam elas físicas, mentais ou sensoriais. Para compreendermos esta realidade nada melhor que seguir o fio condutor da historia, pois ao reportarmos a historia da inclusão no sistema de ensino vamos perceber que desde a sua inserção no âmbito educacional estes sofrem com preconceitos inerentes às suas limitações. Ressaltando os estudos da Sassaki apud Reinaldo Soler (2005, p. 79-80) conseguimos observar de forma precisa como se deu o processo histórico da educação das pessoas com deficiência, sendo que estes se dividem em fases bastante distintas: Fase da Exclusão: anterior ao séc. 20, quando as pessoas portadoras de deficiência eram impedidas de freqüentar as escolas. Fase da Segregação: já dentro de séc. 20, quando as pessoas portadoras de necessidades especiais eram atendidas dentro de instituições. Entre os anos de 1950 e 1960, surgiram às escolas especiais, e mais tarde as classes especiais dentro de escolas comuns. Fase de Integração: apenas eram aceitas as deficiências mais adaptáveis às classes comuns, não havia modificação no sistema, pois a escola continuava da mesma forma que sempre se apresentou. Os alunos é que tinham que se adaptar ao sistema escolar, e não o contrário. Fase de Inclusão: surgiu na metade da dec. 1980 e desenvolveu-se durante os anos de 1990. A grande evolução ocorrida nessa fase foi a de adaptaro sistema educacional às necessidades dos alunos. Neste sentido, percebemos que houve alguns avanços na história desses indivíduos uma vez que atualmente já existem leis que asseguram a presença das pessoas com necessidades especiais nas escolas de ensino regular, no entanto apesar destes avanços ainda encontramos muitas barreiras que impedem o acesso, a permanência e o convívio destas pessoas de forma efetiva no espaço escolar. Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 12 Incluir significa atender a todos os Portadores de Necessidade Especiais ou não, respeitando as necessidades de cada uma delas, tendo profissionais capacitados e espaço físico adequado. Os benefícios da convivência entre pessoas diferentes são mútuos. Mantoan (1999), diz que “reunir no mesmo espaço crianças comuns e as com deficiência beneficia todo o sistema escolar”. E, ainda segundo ela: (...) a inclusão é uma inovação, cujo sentido tem sido muito distorcido e um movimento muito polemizados pelos mais diferentes segmentos educacionais sociais. No entanto, inserir alunos com déficits de toda ordem, permanentes ou temporários, mais graves ou menos severos no ensino regular nada mais é do que o direito de todos à educação (MANTOAN, p. 35). Como citado anteriormente de acordo com a LDB 9.394/96, no cap. 09, artigo 58, a educação especial é entendida como uma modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos com necessidades especiais. No entanto, acreditamos que é necessário acontecer alguns avanços com o intuito de produzir mudanças significativas na realidade escolar, capaz de permitir que às pessoas com deficiência tenham uma educação de qualidade. 3. A SOCIEDADE E O DEFICIENTE AUDITIVO: A FAMÍLIA COMO PRIMEIRA CÉLULA DE INCLUSÃO A família tem se encontrado, historicamente, numa posição de dependência de profissionais em diferentes áreas do conhecimento, no sentido de receberam orientações de como proceder em relação aos seus filhos com Deficiência Auditiva. Outrora, o problema social do Deficiente Auditivo se iniciava na família que ao detectarem a sua surdez, o julga incapaz. Na maior parte dos casos, sendo de classe social carente, sem estrutura financeira, psicológica e emocional para encarar a deficiência e buscar subsídios para auxiliá-lo no processo de integração social. Hoje, é muito comum ver famílias se movimentando, em busca de atendimento ou mesmo frequentando serviços diferentes, sem ter noção do que é que estão fazendo. Constata-se que a relação entre família e profissionais tem sido uma relação de poder do conhecimento nas decisões do que é melhor para seus filhos. Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 13 O papel da família é de máxima importância em todo o processo educacional da criança surda. Segundo Freeman (1991), o sucesso no processo da educação das crianças com Deficiência Auditiva depende em grande parte dos pais por serem eles, ao longo da vida, as pessoas que maior influência terão na educação de seus filhos. Quando eles participam do processo educacional, apoiando e compartilhando conhecimentos com os profissionais, a criança surda aprende a amenizar os obstáculos que enfrentam. Sem a participação da família é impossível realizar o trabalho com base na transdiciplinaridade, necessário ao adequado desenvolvimento do programa educacional. 3.1 A AÇÃO DA ESCOLA EM RELAÇÃO AO DEFICIENTE AUDITIVO Na nossa sociedade, a única instituição que tem por finalidade específica a transmissão de conhecimentos sistematizados socialmente disponíveis é a escola. Caso a escola não garanta e execute a sua especialidade, não há outra instituição que substitua neste aspecto Educar o Deficiente Auditivo é tarefa que exige a colaboração de todos que participam do processo ensino-aprendizagem. A participação da família é de grande importância e por isso deve haver uma inter-relação constante entre família e escola. Quando o Deficiente Auditivo adquire uma língua ele pode ter melhor relacionamento com o mundo, tornando-se ativo e interagido no seu meio. No que se refere ao conhecimento do mundo, devem ser priorizados as atividades que envolvam: expressão corporal, artes visuais, natureza e sociedade, matemática e linguagem oral e escrita. Para o desenvolvimento de todas essas atividades com crianças surdas faz-se necessário que haja adequações, flexibilizações e adaptações curriculares. 3.2 A SOCIEDADE E O DEFICIENTE AUDITIVO O deficiente auditivo não deve ser considerado um ser passivo que somente recebe o conhecimento do seu meio. Sabe-se atualmente que ele constrói seus conhecimentos ativamente em interação com o meio. Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 14 Para que se atinja a participação ativa do deficiente auditivo necessário se faz buscar medidas inovadoras que contribuam para facilitar sua inclusão na sociedade. Compreendendo a pessoa com deficiência auditiva, a família, a escola e a sociedade, juntas terão maiores possibilidades de desempenhar seus papéis sociais mais adequadamente. Através de uma ação afetiva e integradora, servindo-se de agentes capazes de modificar as ideias que levam a segregação do deficiente auditivo. Ser solidário é uma das melhores condutas em relação ao deficiente, respeitando-o como cidadão. Para isso, devem observar o direito que cada criança tem no sentido de que sua dignidade seja preservada, que seus projetos de estudo, de trabalho e de inserção na vida social, sejam garantidos, reconhecendo e valorizando suas diferenças e potencialidades, mesmo que tenham necessidades educacionais diferenciadas no processo de ensino e aprendizagem, pois estes são elementos fundamentais para constituir e ampliar neles valores, atitudes, conhecimentos, habilidades e competências. Em resumo, a escola deve proporcionar o desenvolvimento desses alunos para o exercício da cidadania, participação social, política, econômica dentro do princípio de garantia do cumprimento dos direitos e deveres. Para que os deficientes auditivos gozem do direito à cidadania é preciso que lhes seja assegurado: Ingresso e permanência em todos os serviços oferecidos as demais pessoas; Consciência dos seus direitos e deveres como cidadão; Integração à sociedade, evitando o isolamento e a convivência apenas entre si; Capacitação profissional adequado as suas potencialidades; Abertura no mercado de trabalho sem que haja superproteção nem preconceito; Atualização e aperfeiçoamento do pessoal docente no atendimento ao deficiente auditivo; Adaptação dos currículos educacionais, tornando-os amplos equilibrados flexíveis e abertos contemplando os aspectos, social, afetivo e emocional. Sabe-se que o meio tem grande influência no desenvolvimento sócio emocional e no seu desenvolvimento global. Partindo do princípio que o Deficiente Auditivo é capaz, conclui-se que e válido investir e empenhar-se na sua educação, tornando-a relevante a ele mesmo, bem como à sociedade a qual pertence. Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 15 3.3 FUNDAMENTAÇÃO LEGAL DA INCLUSÃO DO DEFICIENTE AUDITIVO NA ESCOLA As duas últimas décadas foram marcadas por movimentossociais importantes organizados por pessoas com deficiência e por militantes dos direitos humanos, que conquistaram o reconhecimento do direito das pessoas com deficiência à plena participação social. Essa conquista tomou forma nos instrumentos internacionais que passaram a orientar a reformulação dos marcos legais de todos os países, inclusive no Brasil. O Brasil fez opção pela construção de um sistema educacional inclusivo ao concordar com a Declaração Mundial de Educação para todos, firmada em Jomtien, na Tailândia, em 1990, e ao mostrar consonância com os postulados produzidos em Salamanca (Espanha, 1994) na Conferência Mundial sobre Necessidades Educacionais Especiais: Acesso e Qualidade. As políticas educacionais deverão levar em consta as diferenças individuais e as diversas situações. Deve ser levada em consideração, por exemplo, a importância da língua de sinais como meio de comunicação para os surdos, e ser assegurado a todos os surdos, acesso ao ensino da língua de sinais de seus pais. Face às necessidades específicas de comunicação de surdos e de surdos-cegos, seria mais conveniente que a educação lhes fosse ministrada em escolas especiais ou em classe ou unidades especiais nas escolas comuns”. “... que todas as crianças, sempre que possível possam aprender juntas, independente de suas dificuldades e diferenças...”. A Educação Especial deve ser parte integrante do Sistema Geral de Educação e não um sistema isolado ou paralelo. As pessoas portadoras de necessidades especiais têm garantidos seus direitos de cidadania e devem ter acesso a educação e integração social, sendo respeitadas como pessoas que poderão ser úteis à sociedade. Faz-se necessário o conhecimento dos aspectos legais que fundamentam no Brasil os direitos das pessoas portadoras de necessidades educativas especiais proporcionando-lhes condições de vida social útil e desenvolvendo ao máximo suas potencialidades. Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 16 3.4 A LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Existem várias maneiras com as quais são possíveis as interações entre os seres humanos. Existem muitos modos em que nos são permitidos estabelecer comunicação. A língua, instrumento poderoso nas relações sociais, é um desses meios, mas, sabidamente, não podemos confundir língua com linguagem: a linguagem pode ser manifesta de várias formas e a língua é uma delas. Quando pensamos em língua, logo nos vêm à cabeça as línguas orais. Se pensarmos universalmente nos vem em primeiro plano o Inglês, o Francês, o Espanhol, o Português, o Italiano e assim por diante. Ao contrário do que grande parte da população ainda pensa, existem outras formas de interação entre seres humanos que independem da língua oral. Existem, no mundo, línguas orais-auditivas que são praticadas por pessoas ouvintes e línguas espaço-visuais praticadas, naturalmente, por pessoas surdas. Sobre o exposto, Fernandes (2003, p.17) explica que: As línguas são denominadas orais-auditivas quanto à forma de recepção não-grafada (não-escrita) é a audição e a forma de reprodução (não-escrita) é a oralização. É o caso do português, por exemplo, e de todas as línguas oralizáveis; as línguas espaço-visuais são naturalmente reproduzidas por sinais manuais e sua recepção é visual. Neste segundo caso, citamos todas as línguas de sinais, usadas, principalmente, pelos surdos. As línguas de sinais, como as línguas oralizáveis, possuem gramática própria, que as diferencia umas das outras e das oralizáveis. Isto quer dizer que a língua de sinais brasileira, por exemplo, tem estrutura diferente da estrutura da língua portuguesa e deve ser encarada, também, como uma língua natural (não-artificial), pois tem sua origem equivalente a qualquer língua natural que conhecemos. Como nas línguas orais, os empréstimos linguísticos também existem na LIBRAS, sobretudo quando alguma palavra ainda não tem seu sinal (o que equivale a uma palavra na língua oral) em LIBRAS. Usa-se a datilologia (alfabeto manual, mostrado a seguir) para soletrar/escrever tal palavra e tornar a comunicação possível. Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 17 A LIBRAS é a língua natural da comunidade surda e é através dela que todo o indivíduo surdo deveria se comunicar. Na década de 601 os estudos sobre a LIBRAS começaram a ser realizados no Brasil, mas a LIBRAS só foi reconhecida como segunda língua oficial do país através da Lei 10.436 de 24 de abril de 2002. Segundo Perlin e Strobel (2006), é interessante ressaltar que quase todos os Estados brasileiros já têm em seu quadro a lei que defende língua de sinais e a torna de uso oficial nestes Estados. Esses estudos evidenciaram que a LIBRAS é uma língua como outra qualquer, que possui uma gramática própria; expressões corporo-faciais, sendo usada pela maioria das pessoas surdas, já que esta língua ainda não é garantida para todos os indivíduos surdos brasileiros. 1 Ver site da Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos (FENEIS) Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 18 Os estudos com indivíduos surdos demonstram que a língua de sinais apresenta uma organização neural semelhante à língua oral, ou seja, que esta se organiza no cérebro da mesma maneira que as línguas faladas. O que diferencia as línguas de sinais das demais línguas é a sua modalidade visual-espacial, (KARNOPP, 1999). Segundo informações da Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos (FENEIS)2: Língua de Sinais apresenta, por ser uma língua, um período crítico precoce para sua aquisição, considerando-se que a forma de comunicação natural é aquela para a qual o sujeito está mais bem preparado, levando-se em conta a noção de conforto estabelecido diante de qualquer tipo de aquisição na tenra idade (FENEIS, 2009). Não se pode confundir os gestos e mímicas com a LIBRAS, pois é uma língua na qual encontramos sintaxe, parâmetros, elementos padrões para a comunicação entre os indivíduos surdos e/ou entre pessoas que utilizam a língua de sinais para comunicação. Como na língua falada, há, nas línguas de sinais e na LIBRAS variações em cada grupo de falantes a depender da localização geográfica e do contexto sociocultural em que esses falantes/ usuários da língua se encontram. O falante, ao utilizar a fala, submete-se aos modelos de enunciação, que são padrões estruturais. Tais estruturas sofrem variações a depender da época, espaço geográfico, classe social, nível cultural entre outros fatores. Isso pode ser evidenciado também na LIBRAS. Todas essas variedades são englobadas pela língua, pois “o ato de fala, desse modo, não recorre diretamente às possibilidades que o sistema oferece, mas passa por um processo de escolha: a norma das realizações possíveis de dado sistema” (ANDRADE E HENRIQUES, 2000, p. 22). A língua de sinais é completa e pode transmitir sentimentos, ideias, e não se configura como uma mistura de mímica e gestos naturais, os sinais são próprios da língua e substituem a fala. Como toda língua de sinais, é uma língua de modalidade gestual-visual porque utiliza, como canal ou meio de comunicação, movimentos gestuais e expressões faciais que são percebidos pela visão. De acordo com Gauto et al (2007, p. 9): Como língua, está composta de todos os componentespertinentes às línguas orais, como gramática, semântica, pragmática, sintaxe e outros elementos preenchendo, assim, os requisitos científicos para ser considerado instrumento lingüístico de poder e força. Possui todos elementos classificatórios identificáveis numa língua e demanda prática para seu aprendizado, como qualquer outra língua. 2 Registrado no site da FENEIS Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 19 Os estudos sobre a LIBRAS no Brasil começaram a ser realizados com mais dedicação na década de 60, mas foi apenas em 2002 que a língua foi reconhecida como segunda língua oficial do país. Esses estudos evidenciaram que a LIBRAS é uma língua como outra qualquer, que possui uma gramática própria; expressões corporo-faciais, sendo esta usada pela maioria das pessoas surdas, já que esta língua ainda não é garantida para todos os indivíduos surdos brasileiros. A LIBRAS, como toda Língua de Sinais, é uma língua de modalidade gestual-visual porque utiliza, como canal ou meio de comunicação, movimentos gestuais e expressões faciais que são percebidos pela visão; portanto, diferencia-se da Língua Portuguesa, que é uma língua de modalidade oral-auditiva por utilizar, como canal ou meio de comunicação, sons articulados que são percebidos pelos ouvidos. Mas, as diferenças não estão somente em canais diferentes, estão também nas estruturas gramaticais de cada língua (FENEIS, 2009). As particularidades da LIBRAS têm sido, hoje, alvos de milhares de brasileiros que têm interesse em ingressar nesse “novo” e curioso universo linguístico. Existem algumas particularidades que são inerentes às línguas de sinais e que as categorizam, podendo se listar algumas dessas particularidades, as quais se chamam parâmetros. Dentro das regras sintáticas/gramaticais que regem a LIBRAS destacam-se cinco parâmetros: Configuração de Mãos, que são as formas tomadas pelas mãos para serem usadas na datilologia ou outras formas feitas por uma ou pelas duas mãos do emissor ou sinalizador para a realização dos sinais. Veja as possibilidades de configurações de mãos no quadro I, retirado de Ferreira Brito: Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 20 QUADRO 01 As 46 configurações de mãos (FERREIRA BRITO, 1995, p. 220) Agora vejamos algumas possibilidades de combinações das configurações de mãos: Sinais e suas possibilidades de configuração de mãos Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 21 Ponto de Articulação é o lugar onde a mão predomina na sinalização e pode estar tocando alguma parte do corpo ou estar em um espaço neutro vertical (do meio do corpo até a cabeça) e horizontal (à frente do emissor), espaços em que são realizados a maioria dos sinais; Sinais e suas possibilidades de pontos de articulação Movimento, os sinais podem ter ou não ter um movimento; Sinais e suas possibilidades de movimentos Orientação, os sinais podem ter uma direção (para baixo, para cima, para frente, para trás, para a direita, para a esquerda); Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 22 Sinais e suas possibilidades de pontos de orientações Expressão Facial e Corporal, muitos sinais, além dos quatro parâmetros mencionados acima, em sua configuração, têm como traço diferenciador também a expressão facial e/ou corporal, este, talvez, seja o parâmetro mais importante na língua de sinais, pois é ele que demonstra os sentimentos das expressões. Sinais e suas possibilidades de expressões corporo-faciais Os sinais são formados a partir da combinação do movimento das mãos com um determinado formato em um determinado lugar, podendo este lugar ser uma parte do corpo ou um espaço em frente ao corpo. Estas articulações das mãos, que podem ser comparadas aos fonemas e às vezes aos morfemas, são chamadas de parâmetros, portanto, nas Línguas de Sinais podem ser encontrados os seguintes parâmetros: configuração das mãos, ponto de articulação, movimento, orientação, expressão facial e/ou corporal. Na combinação destes quatro parâmetros, ou cinco, tem-se o sinal. Falar com as mãos é, portanto, combinar estes elementos que formam as palavras e estas formam as frases em um contexto (REVISTA DA FENEIS, número 2, p. 16). Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 23 O símbolo arroba (@) é utilizado na LIBRAS quando não se tem a definição do gênero masculino e feminino, para saber-se tal definição, seguido do sinal que se quer dizer utiliza-se os sinais de homem ou mulher. Exemplo: TI@ - se quiser dizer TIO, faz-se o sinal de ti@ + o sinal de homem; se quiser dizer TIA, faz-se o sinal de ti@ + o sinal de mulher. Por ser de fundamental importância na comunicação dos surdos, a expressão facial pode ser estudada em dois grupos, as expressões afetivas e as expressões gramaticais. As primeiras demonstram sentimentos – alegria, tristeza, dor, raiva, entre outros – podendo acompanhar um ou mais léxicos. Já as expressões gramaticais estão relacionadas às estruturas específicas tanto no nível morfológico, como no sintático. Quadros (1997), ao falar da LIBRAS, diz que tal língua surge pelos mesmos ideais, as necessidades naturais e específicas dos seres humanos de usarem um sistema linguístico para expressarem ideias, sentimentos e ações. Perceber e reconhecer a LIBRAS, com toda a sua estrutura sintática, os seus parâmetros com traços distintivos da língua (configuração de mãos, ponto de articulação, orientação, movimento e expressão facial e/ou corporal), permite que reconheçamos a potencialidade de uma língua na sua diversidade linguística e que as pessoas surdas, em sua grande maioria, não apresentam déficit de cognição, como se pensa. Apenas são usuários de outra língua. O importante e essencial é que mais do que um contato linguístico, haja entre surdos e ouvintes uma relação de intercompreensão de suas culturas, de suas particularidades e de sua diversidade. Nenhuma relação apenas mecânica pode contribuir para um melhor desempenho de quem quer que seja, pois a afetividade, o respeito e o compromisso entre as partes envolvidas permitirão ao indivíduo não só a possibilidade de se adequar ao mundo que o circunda, mas também vai fazê-lo perceber que faz parte desse mundo. A Língua Brasileira de Sinais, para contemplar a comunidade surda no lócus real do problema - a comunicação - deve ser ensinada aos surdos e ouvintes, desde as séries iniciais, para que os ouvintes tenham acesso à língua dos surdos e a segunda língua oficial de seu país e, para que os surdos não se sintam estrangeiros dentro de sua própria família, sociedade/comunidade. Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 24 4. OS DEFICIENTES INTELECTUAIS NO CONTEXTO DA SALA DE AULA Durante todo período da história da humanidade evidenciam-se preconceitos e discriminações em relação as pessoas cegas, estas para fazer partedo grupo social, diante de toda negação da sociedade dirigida a elas, têm tentado superar as adversidades sociais e a própria deficiência e revelando o ilimitado potencial humano. Um longo caminho foi percorrido entre a exclusão e a inclusão escolar e social das pessoas com necessidades educativas especiais. Até bem pouco tempo a educação desse público era dada em ambientes fechados, qual seja o das classes especiais, distanciando essa população dos demais alunos. Nem sempre, mas em muitos casos, a escola especial desenvolvia-se em regime residencial e, consequentemente, a criança, o adolescente e o jovem eram afastados da família e da sociedade. Esse procedimento conduzia involuntariamente a um maior preconceito. Essa prática reforçava não só a segregação desses indivíduos, mas também os preconceitos sobre as pessoas que fugiam do padrão de "normalidade", agravando-se pela irresponsabilidade dos sistemas de ensino para com essa parcela da população, bem como pela omissão de informações acerca dos cursos de formações de professores. Na tentativa de eliminar os preconceitos e de integrar os alunos com deficiências nas escolas comuns do ensino regular, surgiu o movimento de integração escolar. O aluno, nesse processo, tinha que se adequar à escola, que se mantinha inalterada. A integração total na classe comum só era permitida para aqueles alunos que conseguissem acompanhar o currículo ali desenvolvido. Tal processo, no entanto, impedia que a maioria das crianças, jovens e adultos com necessidades especiais alcançassem os níveis mais elevados de ensino aumentando, dessa forma, a lista dos excluídos do sistema educacional (PARECER, Nº17, 2001). Nota-se nos tempos atuais que as discussões estão voltadas para a política da inclusão assegurada pela legislação no que se refere ao atendimento dos alunos com necessidades educacionais especiais, hoje chamados alunos com deficiência, preferencialmente em classes comuns das escolas, em todos os níveis e modalidades de educação e ensino. Atualmente, fala-se muito em democratização das oportunidades de acesso à escola para todos, inclusive para as pessoas com deficiência, todavia possibilitar a frequência produtiva dessas às instituições de ensino, ou seja, sua aprendizagem e desenvolvimento integral pleno requerem educadores bem preparados, cientes das limitações, das potencialidades e da realidade Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 25 dos seus alunos, entretanto muitos professores da rede pública e particular de ensino desconhecem certos tipos de “necessidades especiais” como as intelectuais, por exemplo, confundidas com diferencia mental por alguns docentes. Assim, de acordo com Rodrigues (2009, p. 93): (...) deficiência intelectual (...) é a limitação pelo menos duas das seguintes habilidades: comunicação, auto cuidado, vida no lar, adaptação, saúde e segurança, uso de recursos da comunidade, determinação, funções acadêmica, lazer e trabalho. (...) ‘doença mental’ (...) é um estado patológico de pessoas que tem o intelecto igual da média, mas que, por algum problema, acabam temporariamente sem usá-lo em sua capacidade plena. Logo, deficiência intelectual e doença mental, às vezes, também chamada de deficiência mental por inúmeras pessoas não são a mesma coisa, pois no caso da primeira, esta prejudica geralmente apenas duas habilidades do educando e no segundo caso, esta compromete até mais de duas habilidades, sendo que alguns precisam ingerir remédios para contra sua conduta. Ainda segundo Rodrigues (op. cit, p. 93), a deficiência intelectual nem sempre requer tratamento com remédios, pois suas causas ser: fatores genéticos, como a síndrome de Dawn, dificuldades no parto, prematuridade, meningite e traumas cranianos. Desse modo, quando um professor tiver em sua classe um aluno com dificuldades intelectuais, precisa certificar, com segurança, sobre qual é realmente a deficiência do seu aluno, para que assim o seu planejamento pedagógico possa contemplar as necessidades dos discentes, tendo em visto que os educandos com deficiências intelectuais precisam de estímulos diferenciados, distintos dos alunos classificados como “normais”. Em outras palavras: é bastantes comum ver que enquanto os discentes normais realizam atividades escritas, os educando com deficiência intelectual se interessam por tarefas que envolvem desenho, música, sons ou simplesmente, arte e ludicidade. No entanto, para essas atividades artísticas e lúdicas serem significativas, estas devem estar sempre interligadas a objetivos bem traçados e a conteúdos relevantes e o educador só é capaz de fazer isso, quando recebe preparo para tal finalidade que pode ocorrer em cursos, oficinas, palestras e em todos esses e outros associados. Todavia é indispensável esclarecer que, esses eventos devem ser realizados por pessoas que conheçam as restrições e as potencialidades dos indivíduos com “necessidades especiais”. Em suma: os educadores somente são capazes de atender as necessidades dos educando de forma adequada com o auxilio de colaboradores Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 26 competentes. Aliás, é isso o que diz as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica, citada pela Secretaria de Educação Especial (2006, p. 23): Para a identificação das necessidades educacionais especiais dos alunos e a tomada de decisões quanto ao atendimento necessário, a escola deve realizar, com assessoramento técnico, avaliação do aluno no processo de ensino e de aprendizagem, contando, para tal com: I- A experiência de seu corpo docente, diretores, coordenadores, orientadores e supervisores educacionais; II- O setor responsável pela educação especial do respectivo sistema; III- A colaboração da família e a cooperação dos serviços de saúde, Assistência Social, Trabalho, Justiça e Esporte, bem como do Ministério Publico, quando necessário (...)’ Em poucas palavras: a escola e os docentes precisam se respaldar em vários setores e instituições para reconhecer e atender convenientemente as necessidades estudantes. Por isso, no próximo tópico será abordado como pode ser oferecido esse respaldo, seus pontos positivos (e negativos, quando houver). 5. DIFICULDADES DE APRENDIZAGENS NA EDUCAÇÃO ESPECIAL As dificuldades escolares podem estar ligadas à ausência de estrutura cognoscitiva adequada que permita a organização dos estímulos de modo a possibilitar a aquisição dos conteúdos programáticos ensinados em sala de aula. Dentro de uma visão piagetiana, o conhecimento se constrói pela interação entre o sujeito e o meio, de modo que, do ponto de vista do sujeito, ele não pode aprender algo que esteja acima de seu nível de competência cognitiva, ou seja, seu nível de estrutura cognoscitiva. Desta forma, cada um dos temas de ensino supõe uma coordenação de esquemas em um âmbito prático, representativo, conceitual e concordante com um nível de equilibração particular, obtido através de regulações, descentrações intuitivas ou operações lógicas, práticas ou formais [...] (Sara Paim, 1996, p. 23). A aprendizagem normal dá-se de forma integrada no aluno (aprendente), no seu pensar, sentir, falar e agir. Quando começa a aparecer “dissociações de campo” (Bleger, 1984) e sabendo-se que o sujeito não tem danos orgânicos, pode-se pensar que estão se instalando dificuldades na aprendizagem: algo vai mal no pensar, na sua expressão, no agir sobre o mundo. Na prática diagnóstica,é necessário levar em consideração alguns aspectos, dentre os quais podemos destacar: 1. Aspectos orgânicos relacionados à construção biofisiológica do sujeito que aprende; Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 27 2. Alterações nos órgãos sensoriais impedirão ou dificultarão o acesso aos sinais do conhecimento; 3. A construção das estruturas cognoscitivas se processa num ritmo diferente entre os indivíduos normais e os portadores de deficiências sensoriais, pois existirão diferenças nas experiências físicas e sociais vividas. 4. Diferentes problemas do sistema nervoso central acarretarão alterações como, por exemplo, disfasias e afasias que comprometem a linguagem e poderão ou não causar problemas de leitura e escrita. Na realidade, crianças portadoras de alterações orgânicas recebem na maioria das vezes, uma educação diferenciada por parte da família, o que pode levar à formação de problemas emocionais em diversos níveis, gerando dificuldades na aprendizagem escolar. Aspectos cognitivos estariam ligados basicamente ao desenvolvimento e funcionamento das estruturas cognoscitivas em seus diferentes domínios. Incluir nessa grande área também aspectos ligados à memória, atenção, antecipação, etc., anteriormente grupados nos chamados fatores intelectuais. Novamente, numa visão piagetiana o desenvolvimento cognitivo é um processo de construção que se dá na “interação entre o organismo e o meio.” Se esse organismo apresenta problemas desde o nascimento, o processo de construção do sujeito sofrerá alterações no seu ritmo. Por exemplo, a criança com baixa visão terá seu processo de construção do espaço complicado, pois suas experiências com o mundo físico ficam diferentes das crianças com visão normal. A criança deficiente mental caminha na sua construção cognitiva, lentamente, mas até certo ponto. Ela tem limites, mas não necessariamente problemas na aprendizagem que ocorre dentro dos seus limites (Sara Paim). Aspectos emocionais estariam ligados ao desenvolvimento afetivo e sua relação com a construção do conhecimento e a expressão deste através da produção escolar. O não aprender pode, por exemplo, expressar uma dificuldade na relação da criança com a sua família, será o sintoma de que algo vai mal nessa dinâmica. Na prática, pode exprimir- se por uma rejeição do conhecimento escolar, em trocas, omissões e distorções na leitura ou na escrita, não conseguir calcular em geral, não conseguir fazer uma divisão etc. Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 28 Aspectos sociais estão ligados à perspectiva da sociedade em que estão inseridas a família e a escola. Inclui, além da questão das oportunidades, o que já foi comentado, o da formação da ideologia em diferentes classes sociais. Aspectos pedagógicos contribuem muitas vezes para o aparecimento de uma formação reativa dos objetos da aprendizagem escolar. Tal quadro confunde-se, às vezes com as dificuldades de aprendizagem originadas na história pessoal e familiar do aluno. Nesse conjunto de fatores, como já vimos anteriormente, estão incluídas as questões ligadas a metodologia do ensino, a avaliação, à dosagem de informações, à estruturação de turmas, à organização geral, etc., que influindo na qualidade do ensino, interferem no processo ensino-aprendizagem. Ficam diminuídas, assim as condições externas de acesso do aluno ao conhecimento via escola, de acordo com Vygotsky (1989) quando enfatiza que o “único bom ensino é o que adianta ao desenvolvimento”. Uma boa escola deveria ser estimulante para aprender, por essa razão, concordamos que a função básica dos profissionais da área de educação especial deveria: Melhorar as condições de ensino para o crescimento constante do processo de ensino-aprendizagem e assim prevenir dificuldades de aprendizagem. Fornecer meios dentro da escola, para que o aluno possa superar dificuldades na busca de conhecimentos anteriores ao seu ingresso. Atenuar ou, no mínimo contribuir para não agravar os problemas de aprendizagem nascidos ao longo da história pessoal do aluno e de sua família. Essa função do educador se distingue da do clínico que terá por obrigação intervir, buscando remover as causas profundas que levaram ao quadro do não – aprender. Segundo Maria Lúcia L. Weisso aspecto social perpassa todas as situações e pode-se ilustrar da seguinte maneira: Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 29 No caso, trata-se do não – aprender, do fugir de situações de possível aprendizagem, nesta investigação não se pretende classificar o paciente em determinadas categorias nosológicas, mas sim obter uma compreensão global da sua forma de aprender e dos desvios que estão ocorrendo nesse processo. Busca-se organizar os dados obtidos em relação à sua vida biológica, intrapsíquica e social de forma única, pessoal. Tal fato torna evidente que há um certo tipo de desvio em relação determinados parâmetros existentes no meio, que são representados por suas exigências. Aceitando a ideia de que há um desvio, surge o questionamento: desvio em relação a quê? Esse é um momento crucial do diagnóstico que precisa de uma definição a qualidade e quantidade do desvio sua importância no desenvolvimento da escolaridade. Somente depois de identificada a posição do desvio é possível traçar os rumos a serem seguidos no diagnóstico. Alguns parâmetros são facilmente identificados como: formação cultural, classe socioeconômica, idade cronológica, exigência familiar, exigência escolar, relação entre conteúdos escolares durante a alfabetização e a psicogênese da leitura e da escrita e o desenvolvimento biopsicológicos considerado normal. Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 30 Somente assim pode-se aprofundar a investigação a níveis psicossocial, sócio dinâmicos e institucionais, na colocação de Pichon - Riviére (1982). Muitas vezes, a sensação do professor diante de um aluno que não aprende é de fracasso, (mais ou menos explicito) como profissional. A resposta dada mais ou menos pelo professor a este sentimento dependerá muito das suas características próprias e da sua história pessoal da acolhida e ajuda proporcionados por seus colegas de escola, da sua formação profissional e conhecimentos como professor das suas concepções sobre os processos de ensino-aprendizagem, etc. Assim, descobrimos que existem várias formas de responder ao fato de enfrentar alunos com dificuldades de aprendizagem, e/eu comportamento negar o problema, defendendo-se da angústia que isto lhes provoca, angustiar-se e buscar ajuda de forma desorganizada, refletir e procurar saídas como os conhecimentos e recursos próprios do professor, buscar ajuda de profissionais de fora da escola, aproveitar os recursos que possuem outros profissionais da escola. Em todas estas situações, o mais importante é que o psicopedagogo aprenda a entender a demanda realizada, que se estabeleça sua situação de comunicação que o permita e que ajuste a resposta à solicitação feita, definindo o papel que se pode e quer desempenhar. O diagnóstico psicopedagógico não se refere unicamente à prescrição de orientações para os alunos em particular, mas aborda outros assuntos de caráter mais geral derivados das discussõessobre alunos com dificuldades, do desenvolvimento das orientações e, também da análise conjunta de dúvidas ou questionamentos sobre assuntos didáticos. Desta forma, consegue-se não somente ajuda a resolver problemas concretos, mas intervir de uma forma mais preventiva e institucional, evitando aparecimento de outros. Três palavras foram propositadamente escolhidas e são significativas no desenvolvimento desse estudo a primeira delas dificuldades de aprendizagem que de acordo com Antunes (1999), as dificuldades de aprendizagem envolvem alunos comuns, aparentemente sem danos de natureza médica ou psicóloga que necessitem de práticas educativas especiais. Apresentam dificuldades de aprendizagem crianças que, examinadas por uma equipe psicopedagógica e interdisciplinar, mesmo recebendo exercícios e atividades apropriadas para seu nível de idade e de capacidade, não rendem de acordo com esses níveis em uma ou mais Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 31 áreas dentre as seguintes: expressão oral, compreensão oral, expressão escrita com ortografia adequada, habilidade básica de leitura, compreensão da leitura, cálculo matemático. Alguns comportamentos surgem a partir das mesmas condições neurológicas que causam dificuldades de aprendizagem. Embora, muitos alunos que apresentam dificuldades de aprendizagem sentem-se felizes e ajustados, alguns desenvolvem problemas emocionais. Muitos desistem de aprender e desenvolvem estratégias para evitar a escola, questionam sobre sua própria inteligência, tendem-se a isolar-se socialmente, com frequência sofrem de solidão e de baixa auto-estima. Estão propensos a abandonar os estudos, sentem-se frustrados e a insegurança pode acompanhar esses alunos até a idade adulta. Muitos poderão ter dificuldades de se relacionar e fazer amizades, seus altos e baixos emocionais podem levar a família a um tumulto. É difícil para muitos pais que tem filhos com dificuldades de aprendizagem será a parceria com os professores e orientadores escolares para o enfrentamento desses problemas. A segunda palavra estudada é o problema de aprendizagem que na visão de Martim e Marchesi (apud Christofi, Tozzi e Onest (1997), o conceito de problema s de aprendizagem ou atraso na aprendizagem é muito amplo, o seu significado abrangeria qualquer dificuldade observável enfrentada pelo aluno para acompanhar o ritmo de aprendizagem de seus colegas da mesma faixa etária, seja qual for o fator determinante desse atraso. Assim a população é de uma heterogeneidade não sendo simples encontra critérios que delimitem com maior precisão. Conforme Major (1987, p. 02), o termo problemas de aprendizagem é frequentemente mal interpretado, devido às várias definições que lhe foram atribuídos. Geralmente, quando se refere a uma criança com problemas de aprendizagem, refere-se a uma criança de inteligência mediana (ou acima da média) sem problemas emocionais ou motores sérios e que pode ver e ouvir a partir dos parâmetros normais. Porém, a mesma poderá apresentar alguma dificuldade nas atividades escolares habituais. Essa criança não é o aprendiz vagaroso, que não tem habilidade para aprender em ritmo normal, ou uma criança emocionalmente perturbada e socialmente mal ajustada. Os rótulos empregados na descrição dessas crianças, tais como: deficiência perceptiva, lesão cerebral, disfunção mínima cerebral (DMC), dificuldade, problema ou distúrbios de aprendizagem merecem ser refletido pelos profissionais da educação para não haver ocorrências de uso de termos inapropriados para expressar as dificuldades de aprendizagem. Entende-se que Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 32 a expressão problemas de aprendizagem tem sido utilizada em múltiplos sentidos. Devido fundamentalmente à diversidade de fatores intervenientes no processo da aprendizagem humana, como à diversidade de profissionais que se dedicam ao tema. Segundo Ferreiro (1987, p. 15), o que acontece no início da escolaridade primária é decisivo para todo o resto da história escolar da criança. É no primeiro ano das séries iniciais, que a criança é definida como um aluno lento, rápido, com ou sem problemas. É neste espaço que o aluno receberá a primeira etiqueta, que terá consequências no resto de sua escolaridade. A terceira palavra estudada é o distúrbio de aprendizagem que de acordo com Bruce (1997, p. 04), refere-se aos distúrbios de aprendizagem como um termo mais amplo do que incapacidade de aprender (que é subconjunto de distúrbios de aprendizagem), pois o termo distúrbio de aprendizagem não exclui o retardo mental ou as etiologias adquiridas Historicamente, o retardo mental foi o primeiro distúrbio de aprendizagem descrito e estudado. Para Ciasca (1991), as características dos indivíduos com distúrbios de aprendizagem, podem ser identificadas como déficit de atenção, falha no desenvolvimento e nas estratégias cognitivas para a aprendizagem, dificuldade na leitura, dificuldade em raciocínio matemático e comportamento social inapropriado. O processo diagnóstico do aluno com distúrbio de aprendizagem não é algo simples, no entanto, muitas vezes o professor suspeita de que algo não está dentro da normalidade com um aluno e lhe atribui de irresponsável, o rótulo de portador de distúrbios de aprendizagem. Percebe- se que é necessário avançar em relação aos rótulos e julgamentos precoces, buscando conhecer o aluno e compreender seu desempenho. Eliminada a possibilidade de que fatores relacionados à prática pedagógica e às condições socioeconômicas do aluno sejam os determinantes da situação constatada, a suspeita inicial de um(a) professor(a) deveria ser investigada através de uma avaliação interdisciplinar, envolvendo avaliações psicológicas, pedagógicas e neurológicas. Esse processo diagnóstico exige avaliações precisas que deveriam ser abrangentes, possibilitando a coleta de informações diferenciada e complementar, pautada na compreensão do desempenho do aluno. Todo diagnóstico psicopedagógico é, sim, uma investigação, é uma pesquisa do que não vai bem com o sujeito em relação a uma conduta esperada. Será, portanto o esclarecimento de Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 33 uma queixa do próprio sujeito, da família e, na maioria das vezes, da escola. No caso, trata-se do não aprender, do aprender com dificuldades ou lentamente, de não revelar o que aprendeu, do fugir de situações de possível aprendizagem. As dificuldades escolares podem estar ligadas à ausência de estrutura cognoscitiva adequada que permita a organização dos estímulos, de modo a possibilitar a aquisição dos conteúdos programáticos ensinados em sala de aula. Desta forma, cada um dos temas de ensino supõe uma coordenação de esquemas em um âmbito prático, representativo, conceitual e concordante com um nível de equilibração particular, obtido através de regulações, descentrações intuitivas ou operações lógicas, práticas ou formais (PAIN, 1986, p. 23). Apesar de estudo realizado, acreditamos que é preciso uma maior reflexão e sistematização no que se refere à utilização e elaboração de provas psicopedagógicas referentes a alguns conteúdos determinados. É também necessário e conveniente implementar trabalhos de colaboração com a escola para elaborar e sistematizar propostas e adequações curriculares destinadas a alunos com dificuldades de aprendizagem. Bem sevê que é um grande desafio, uma busca de caminhos, um refazer de descaminhos, acreditando numa educação transformadora. É preciso capacidade de superar os empecilhos que dificultam a aprendizagem impedindo a descoberta de novos horizontes e perspectivas de um aprendizado desafiador pronto a enfrentar o mundo contemporâneo, identificando as problemáticas que afetam alunos portadores dessas dificuldades. 6. PEQUENO HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO DE CEGOS O médico italiano, Girolínia Cardono, em meados do Séc. XVI, testa a possibilidade de algum aprendizado de leitura através do tato. Mais tarde, ainda na Itália, o jesuíta Lana Pérsia publica um livro tratando sobre a instrução da pessoa cega. A partir de então, as idéias vão ganhando força, até que em 1784, em Paris, surge a primeira escola para cegos, o Instituto Real dos Jovens Cegos, idealizada por Valentin Haüy, que inventou um sistema de leitura tátil, baseados nos caracteres comuns, e alfabetizou um cego que era mendigo, e tinha capacidade de reconhecer pelo tato o valor das moedas que recebia. Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 34 A partir dessa escola, outras surgiram na Europa no início do Séc. XIX com a mesma proposta educacional. Mas somente com o surgimento de um novo sistema de leitura e escrita dos caracteres em relevo, desenvolvido por Louis Braille (1804-1852), é que o processo de ensino aprendizagem das pessoas cegas avança de modo a possibilitar maior participação social desses cidadãos. O Sistema Braille, assim denominado pelo seu inventor, torna-se público em 1825, sendo alterado através de duas versões, em 1829 e em 1837, sendo consagrado e atualmente é universalmente conhecido. Esse sistema teve aceitação plena por parte dos cegos desde seu início, porém sofre grande resistência por parte dos professores. Seu uso foi suspenso durante algum tempo, mas continua sendo utilizado às escondidas pelos seus usuários. Somente em 1839 houve liberação para seu uso pleno. O sucesso do novo método e a credibilidade na capacidade da pessoa cega chega ao Brasil por meio de José Álvares de Azevedo. Este cego que desde os 10 anos de idade, estudara em Paris na primeira escola para cegos, o Instituto Real dos Jovens Cegos. Ao regressar em 1850, após ter concluído seus estudos, traz a idéia de criar uma escola para cegos no Rio de Janeiro. Foi a partir do ensino do Sistema Braille ministrado para Adélia Sigaud, filha de um médico da Corte Imperial, que José Álvares de Azevedo foi levado à presença do Imperador D. Pedro II, a quem ele relatou sobre o seu plano de criação dessa escola no Brasil. Sensibilizado, o Imperador autoriza e exige que sejam tomadas providencias necessárias para a concretização das idéias de Azevedo, que morre em 1854 sem, contudo ver seu ideal completamente realizado. O Instituto dos Meninos Cegos, hoje Instituto Benjamin Constant (IBC) foi o primeiro colégio para cegos da América Latina, que configurou como núcleo irradiador de todo atendimento educacional aos cegos, no Brasil. Seguindo esse mesmo modelo educacional, surgem nos diversos estados brasileiros outros institutos como: Instituto São Rafael, em Minas Gerais (1926); Instituto Padre Chico, em São Paulo (1928); Instituto de Cegos da Bahia (1929); Instituto Santa Luzia, no Rio Grande do Sul (1941); Instituto dos Cegos do Ceará (1943); e Instituto de Cegos de Florisvaldo Vargas, em Mato Grosso do Sul (1957). Em 1946 dá-se um marco na história da educação das pessoas cegas com a criação da Fundação para o Livro do Cego, hoje Fundação Dorina Nowill para Cegos que objetiva a divulgação do livro do Sistema Braille. Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 35 Em 1950, iniciam-se as primeiras experiências de alunos cegos na escola comum, ensino integrado, já que até então, todo atendimento era realizado em escolas, internatos ou residenciais, com ensino segregado. Com o avanço científico nas décadas de 1980 e 1990 cria-se nas universidades, cursos para capacitação de professores e a criação de Centros de Atendimentos, com Núcleos de Estudos nas universidades UNESP, UNICAMP, USP E UERJ. Nesse mesmo momento histórico surgem as várias associações que além de advogar em defesa do direito à cidadania lutam também pela melhoria na qualidade de vida das pessoas cegas ou com deficiência visual. É pois, neste período que em Vitória da Conquista- Ba surge a ACIDE, instituição que passa a servir como ponte para o Deficiente Visual, no sentido de proporcionar-lhe condições favoráveis para a sua inserção no meio sócio-educacional. 7. O ALUNO COM DEFICIÊNCIA VISUAL E O ATENDIMENTO ESPECIALIZADO A deficiência visual, segundo os especialistas, pode-se apresentar sob duas formas: a cegueira, quando a incapacidade é total; e a visão reduzida, quando a perda visual for parcial. Numa abordagem educacional, considera-se cego o aluno que necessita do Método Braille para ler, escrever e contar, e aluno de visão subnormal ou visão reduzida, o que somente consegue ler ampliando-se o material de leitura. Toda visão residual deverá ser estimulada em diferentes atividades, a saber: • a cegueira pode ser: congênita (a criança já nasce cega), precoce (a criança torna-se cega até 5/6 anos e adquirida (quando ocorre após os 7 anos); • são sinais indicadores das palavras, aproximação excessiva do material de leitura aos olhos; grande sensibilidade à luz; dores de cabeça frequentes; olhos vermelhos e lacrimejantes; perda do contato visual com a localização do trecho que lê; apertar os olhos para ler e piscar excessivamente os olhos. As crianças com alguns desses sintomas deverão ser encaminhadas a um exame oftalmológico. Os alunos cegos e de visão reduzida devem permanecer em classe regular, com atendimento extra, do professor especializado, sempre que possível. Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 36 O aluno com deficiência visual (parcial ou total), de acordo ao seu desenvolvimento terá as mesmas necessidades, desejos e direitos ao acesso e permanência na escola. Segundo a Constituição Federal: A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho (CAPÍTULO III. ART. 205). Ao se ingressar na escola regular o aluno com deficiência visual deparará com situações diversas, tais como: as dificuldades de se adaptar ao novo ambiente devido a estrutura física não pensada para ele; a insegurança dos professores haja vista que a formação profissional alcançada não contempla essa modalidade; o não preparo dos demais funcionários da escola para o recebimento desse aluno; a relação com os demais alunos; a insuficiência de materiais adequados às suas limitações, entre outras. Devido à inexistência de atendimento nas instituições públicas e privadas, voltado para a alfabetização do deficiente visual, qual seja a aquisição do Sistema Braille, emerge a necessidade desses alunos buscarem auxilio nas instituições especializadas. O objetivo dessas entidades já estava explícito no nome: integrar as pessoas com quaisquer deficiências na sociedade. 8. TRANSTORNO DO DÉFICIT DE ATENÇÃO/HIPERATIVIDADE O transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH) é um problema
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