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Surdo e educação inclusiva

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SURDEZ E INCLUSÃO
Juliana Freitas da Silva�
RESUMO 
Este trabalho apresenta o conceito de surdez e a trajetória histórica do surdo como também as leis e políticas da educação inclusiva, a inclusão e integração do aluno suas principais diferenças, o papel da família como suporte, a língua brasileira de sinais: libras, a proposta bilíngue, a relação professor e aluno no ambiente escolar, a formação dos profissionais, considerações e referências.
PALAVRAS-CHAVE: Libras; Proposta bilíngue; Inclusão e Integração.
INTRODUÇÃO:
.
A educação é um processo de socialização em que o indivíduo adquire e assimila vários tipos de conhecimentos. Trata-se de um processo de conscientização cultural e comportamental, que se materializa numa série de habilidades e valores.
Quando as pessoas sofrem de algum tipo de incapacidade intelectual ou física, as suas necessidades podem não ser atendidas satisfatoriamente pelo sistema educativo tradicional. É neste caso que entra o conceito de educação especial, que, como o seu nome indica, apresenta características diferenciadas (isto é, especiais).
A educação especial faculta meios técnicos e humanos de modo a compensar as debilidades (deficiências) de que sofrem os alunos. Desta forma, os estudantes podem completar o processo de aprendizagem num ambiente e a um ritmo que vão ao encontro das suas capacidades.
Posto isto, o objetivo da educação especial consiste em proporcionar as ferramentas e os recursos educativos necessários para aqueles que têm necessidades diferentes da média. Desta maneira, as crianças que sofrem de algum tipo de incapacidade têm acesso à formação e o direito de desabrocharem, de modo a puderem ser inseridas na vida adulta com maior facilidade. Procura-se, portanto, ajudar as crianças a tornarem-se adultos independentes, podendo valer-se sozinhos graças à educação recebida.
Nesse sentido, este trabalho procura trazer em seu desenvolvimento a abordagem de questões consideradas prioritária para desenvolver práticas inclusivas na educação de alunos surdos, focando de maneira específica a Libras como instrumento essencial e imprescindível, quando o objetivo primordial se revela na afetiva inclusão de surdos nas classes regulares de ensino pois, percebe-se que a tentativa de efetivação da educação inclusiva de alunos surdos esbarra principalmente em relação a comunicação entre educando e educador. 	Portanto, denota-se que o desenvolvimento cognitivo do aluno surdo irá ficar comprometido, uma vez que a linguagem, ou seja, a comunicação da pessoa surda e suas formas de linguagem influenciam de forma direta em seu modo de pensar, de compreender e principalmente de aprender a realidade em que encontra-se inserida.
Analisar a importância da existência e uso da Libra no âmbito escolar (a proposta bilíngue) entendendo esta como instrumento primordial escolar do aluno surdo é objetivo primeiro deste artigo. Nessa conjuntura aborda-se a trajetória histórica do Surdo, Leis e Políticas da Educação Inclusiva, Inclusão e Integração (principais diferenças), o papel da família, o papel do professor do ensino regular diante do desafio de estabelecer uma comunicação de qualidade com o aluno surdo. Para tanto, defende-se que o professor deve rever suas ações buscando construir/adquirir novas competências como o domínio da língua brasileira de sinais pois, estudos comprovam que a Libras é o recurso inicial necessário para a verdadeira inclusão – escolar e social do aluno surdo e, a negação ao aprendizado da língua de sinais implica a não aceitação da surdez. 	Para encerrar o artigo em questão procura-se enfocar as mudanças que se fazem urgentes, no papel do professor em relação à inclusão de fato, do aluno surdo, pois os tempos, os espaços, as formas de ensinar e aprender devem ser ressignificadas a partir das diferenças. 
O presente estudo foi realizado por meio de uma revisão bibliográfica de artigos, caracterizando-se como exploratória. Foram identificados artigos e trabalhos científicos publicados em periódicos relevantes, disponíveis para consulta em: Revista Movimento, Revista Digital, Caderno Cedes, Revista Brasileira de Educação. As palavras: inclusão, inclusão de deficientes na escola, surdo e inclusão, libras foram utilizadas como fonte de pesquisa. 
O método utilizado para a realização deste estudo foi primeiramente uma leitura exploratória de materiais bibliográficos, como artigos relacionados com a Educação Inclusiva. Após foi realizada seleção verificando a relevância dos achados. Em seguida, a leitura seletiva foi realizada uma leitura analítica que consiste em ler e analisar os materiais previamente selecionados. A finalização foi realizada por meio de interpretação que consiste em relacionar os artigos com o tema proposto.
1. CONCEITUANDO SURDEZ
Inicialmente faz-se necessário discorrer sobre o conceito de surdez. É bastante comum ouvir as pessoas se referirem ao surdo como "mudo", "mudinho", surdo-mudo, deficiente auditivo, entre outros. O que poucos sabem é que a maioria dos surdos não apresenta nenhuma deficiência no aparelho fonador, ou seja, seus órgãos internos e externos da fala estão intactos, por isso não podem ser considerados como mudos.
Segundo o dicionário Silveira Bueno, mudo é a pessoa incapaz de falar, por defeito do aparelho fonador. De acordo com o Aurélio, mudo é a pessoa privada do uso da palavra por defeito orgânico ou causa psíquica. Já o dicionário on-line-Priberam considera mudo aquele que por acidente fica impossibilitado de falar, silencioso, calado.
Todos os surdos vocalizam, ou seja, produzem sons mais graves, outros mais agudos, porém, por não ouvirem, não têm feedback auditivo, ou seja, não tem retorno auditivo que permite o autocontrole da fala. As pessoas da família ou outros ouvintes, que convivem com a pessoa surda já estão mais acostumados com seu tipo vocal, por isso, em sua maioria, compreendem melhor o que ele diz.
A oralidade no surdo depende de alguns fatores, entre os quais estão o momento do aparecimento da surdez, que pode ser pré-lingual, peri-lingual ou pós lingual, como também, do grau de surdez, que varia de perda leve, moderada, severa, profunda , até mesmo, perda total, sendo que o estímulo da fala quanto mais precoce for, maiores serão as possibilidades de uma criança com surdez severa ou profunda por exemplo desenvolver a oralidade.
A surdez Pré-lingual é marcada pela total ausência de memória auditiva, por isso é extremamente difícil a estruturação da linguagem. A Surdez Peri-lingual aparece nas crianças que falam mas que ainda não leem, situação em que, se não existir um acompanhamento eficaz/eficiente, ocorre uma rápida degradação da linguagem. A Surdez Pós-lingual surge quando a criança já fala e lê, não se acompanhando praticamente de regressão devido ao suporte da leitura. Dependendo do grau de surdez, a prótese auditiva pode ser muito útil na aprendizagem da fala. Nos casos de perda severa à total, a prótese não produz muitos efeitos.
2. TRAJETÓRIA HISTÓRICA DO SURDO:
Ao longo dos tempos denota-se que os surdos travaram imensas lutas pela afirmação da sua identidade, da comunidade surda, da sua língua e da sua cultura, até conseguirem alcançar o reconhecimento que têm hoje, na era moderna. 
Na Antiguidade os chineses lançavam-nos ao mar, os gauleses sacrificavam-nos aos deuses Teutates e em Esparta eram lançados do alto dos rochedos. Na Grécia, os surdos eram vistos como seres incompetentes, inferiores. Aristóteles, pregava que os que nasciam surdos, por não possuírem linguagem, eram, portanto, incapazes de raciocinar. Essa crença, muito comum na época, fazia com que, na Grécia, os surdos não recebessem educação secular, não tivessem direitos, fossem marginalizados (juntamente com os deficientes mentais e os doentes) e que muitas vezes fossem condenados à morte.
Os Romanos, influenciados pelo povo grego, mantinham a mesma postura acerca dos surdos, vendo-os como seres imperfeitos, sem direito a pertencer à sociedade, de acordo comLucrécio e Plínio. Era comum lançarem as crianças surdas (especialmente as pobres) ao rio Tibre, para serem cuidados pelas Ninfas. O imperador Justiniano, em 529 a.C., criou uma lei que impossibilitava os surdos de celebrar contratos, elaborar testamentos e até de possuir propriedades ou reclamar heranças (com exceção dos surdos que falavam).
Em Constantinopla, as regras para os surdos eram praticamente as mesmas. No entanto, lá os surdos realizavam algumas tarefas, tais como o serviço de corte, como pajens das mulheres, ou como bobos, de entretenimento do sultão. Mais tarde, Santo Agostinho defendia a ideia de que os pais de filhos surdos estavam a pagar por algum pecado que haviam cometido. Acreditava que os surdos podiam comunicar por meio de gestos, que, em equivalência à fala, eram aceites quanto à salvação da alma. Os cristãos, até à Idade Média, acreditavam que os surdos, diferentemente dos ouvintes, não possuíam uma alma imortal, uma vez que eram incapazes de proferir os sacramentos. 
John Beverley, em 700 d.C., ensinou um surdo a falar, pela primeira vez (em que há registro). Por essa razão, ele foi considerado por muitos como o primeiro educador de surdos. Portanto, só no fim da Idade Média e inicio do Renascimento, que saímos da perspectiva religiosa para a perspectiva da razão, em que a deficiência passa a ser analisada sob a óptica médica e científica. 
Foi na Idade Moderna que se distinguiu, pela primeira vez, surdez de mudez. A expressão surda-muda, deixou de ser a designação do surdo. Em resultado da evolução nos campos da tecnologia e da ciência, no século XX, particularmente no campo da surdez, a educação dos surdos passou a ser dominada pelo oralismo (que encara a surdez como algo que pode ser corrigido). No entanto, sem a cura da surdez os insucessos do oralismo começaram a ser evidenciados, pois os surdos educados no método não os ajudavam a conseguir um emprego, comunicar com ouvintes desconhecidos ou manter uma conversa fluída. 
Portanto, Segundo a UNESCO - Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (1977), pode-se dividir a história da humanidade, de acordo com a maneira como os deficientes foram tratados e considerados, em cinco fases: 
1. Fase filantrópica: as pessoas com deficiência eram consideradas doentes e portadoras de incapacidades. Portanto, precisavam ficar isoladas para tratamento e cuidados de saúde; 
2. Fase da assistência pública: em que o mesmo estatuto de “doentes” e “inválidos” implicava a institucionalização da ajuda e da assistência social; 
3. Fase dos direitos fundamentais iguais para todas as pessoas, quaisquer que sejam as suas limitações ou incapacidades: Época dos direitos e liberdades individuais e universais de que ninguém pode ser privado, como é o caso do direito à educação; 
4. Fase da igualdade de oportunidades: período em que o desenvolvimento econômico e cultural acarreta a massificação da escola, e ao mesmo tempo, faz surgir o grande contingente de crianças e jovens que, não tendo um rendimento escolar adequado aos objetivos da instituição escolar, passam a engrossar o grupo das crianças e jovens deficientes mentais ou com dificuldades de aprendizagem;
 5. Fase do direito à integração: se na fase anterior se “promovia” o aumento das “deficiências”, uma vez que a ignorância das diferenças, o não respeito pelas diferenças individuais mascarado como defesa dos direitos de “igualdade” agravavam essas diferenças, agora é o conceito de “norma” que passa a ser posto em questão. Em meio às discussões acerca da adoção de uma abordagem educacional para se trabalhar com o surdo, o Estado Brasileiro cria órgãos voltados para o atendimento de pessoas com “necessidades especiais”.
3. LEIS E POLÍTICAS DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA:
O final do século XX foi marcado por vários debates pelo direito de todos à educação. A inclusão do alunado com deficiência no sistema regular de ensino tem por base essa perspectiva de educação para todos, pois, ao serem feitas adaptações pedagógicas para um aluno que tenha algum tipo de deficiência, leva-se em conta distintas formas de aprender e de ensinar. A necessidade e urgência de pensar em uma escola em que a prática pedagógica seja contemplada de maneira a atender as necessidades de todos, de forma igualitária, foi debatida a partir de documentos legais nacionais e internacionais, como a constituição federal de 1988 (BRASIL, 1988), a Declaração Mundial sobre Educação para todos (UNESCO, 1990), a Declaração de Salamanca (Espanha, 1994) e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (BRASIL, 1996). No início deste século, há um incremento da legislação que contempla a pessoa com deficiência, como a convenção de Guatemala (2001), a convenção dos Direitos das Pessoas com Deficiência, ratificada e incorporada a Constituição como Decreto Legislativo nº 186/2008 (BRASIL, 2008) entre outros dispositivos legais.
A partir da Declaração de Salamanca, em 1994, podemos considerar que foi intensificada a temática da inclusão escolar de alunos com necessidades especiais. Várias são as abordagens e os fundamentos teórico-metodológicos que orientam esta questão e centralizam-se numa concepção de “educação de qualidade para todos e no respeito à diversidade dos alunos” (SANT’ANNA, 2005, p. 227). Sendo assim, a educação inclusiva, contida nas orientações do inciso III do Art. 208 da Constituição, refere-se ao atendimento educacional especializado às pessoas de deficiências, “preferencialmente na rede regular de ensino”. Haja vista que na Política Nacional de Educação Especial de 1994 foram estabelecidas como diretrizes da Educação Especial apoiar o sistema regular de ensino permitindo a inserção dos deficientes. Já em 1996 a definição foi reforçada através da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9.394/96), em 2001 através das Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica CNE/CEB.
Entretanto, a ideia de incorporar crianças com necessidades especiais não é nova, uma vez que já estava presente desde o movimento pela integração escolar, porém era entendida como um problema centrado na criança e deixava implícita uma visão acrítica da escola. (MENDES, 2006, p. 395). 
Portanto, a Educação Especial deve ser parte integrante do Sistema Geral de Educação e não um sistema isolado, paralelo. Ela deve fluir nos diferentes níveis e graus de ensino. Tem por finalidade os seguintes fins: a auto realização, a qualificação para o trabalho e o exercício da cidadania.
3.1 INCLUSÃO E INTEGRAÇÃO 
O conceito de inclusão/integração tem se confundido no dia a dia. Daí a necessidade de delinearmos as diferenças pertinentes a cada um. Denomina-se inclusão a inserção de forma incondicional, radical, uma vez que o objetivo é incluir um aluno ou grupo de alunos que não foram anteriormente excluídos. A meta/objetivo da inclusão é, desde o início, não deixar ninguém fora do sistema escolar, o qual terá de se adaptar às particularidades de todo o alunado para atingir seus objetivos. 
Já a integração, é uma maneira condicional de inserção em que vai depender do aluno, ou seja, do nível de sua capacidade de adaptação às opções do sistema escolar, a sua integração, seja em uma sala regular, uma classe especial, ou mesmo em instituições especializadas. Trata-se de uma alternativa em que quase tudo se mantém, quase nada se questiona do esquema escolar em vigor. Mudam as escolas e não os alunos, para terem o direito a frequentá-la, nas salas de aulas do ensino regular. 
 
4. O PAPEL DA FAMÍLIA	
O processo de inclusão social, ou seja, o reconhecimento por parte da sociedade da existência de pessoas com necessidades especiais em seu contexto e o exercício da cidadania por parte das pessoas, ocorre a partir da interferência de inúmeros fatores. 
Dentre esses inúmeros fatores, a família é um dos mais importantes. O relacionamento entre pais e filhos, principalmente filhos com necessidades especiais, deve acontecer de forma positiva para que o deficiente, como as pessoascomuns, adquira crenças, valores e comportamentos produzidos e considerados apropriados pela sociedade, ou seja, adquira o patrimônio cultural na qual ele está inserido.
Costa e Sousa (2004) sugerem que a família deve ter atitudes positivas em relação ao processo de inclusão de seus filhos, porém não só encaminhando e exigindo locais adequados para atendimento dos mesmos, mas também interagindo com as autoridades educacionais e com os professores dos locais de atendimento. Essa proposital interação deve ocorrer a fim de que a família interfira também no processo educacional de seus filhos, propondo atividades educativas em casa e participando da equipe escolar para planejar o processo educacional da instituição, compartilhando e somando experiências com os professores e autoridades educacionais.
A aprendizagem da língua de sinais deve ser iniciada na família, quando possível, ou num outro contexto, com um membro da comunidade surda, por exemplo, e a língua falada deve ser ensinada por uma outra pessoa caracterizando um outro contexto comunicativo. Tais contextos não devem se sobrepor; as pessoas que produzem cada uma das línguas com a criança, no início, devem ser pessoas diferentes e o ideal parece ser que a família participe sinalizando. Num outro contexto, a criança aprenderá a desenvolver sua capacidade articulatória e fará sua adaptação de prótese e sua educação acústica. A língua de sinais estará sempre um pouco mais desenvolvida e adiante da língua falada, sendo, portanto, a aprendizagem de uma língua através da competência em outra língua, como faz os ouvintes quando aprendem uma segunda língua sempre tendo por base sua língua materna.
5 A LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS: LIBRAS
 	
Não se sabe ao certo onde/como surgiram as línguas de sinais das comunidades surdas, mas considera-se que estas foram criadas por homens que tentaram resgatar o funcionamento comunicativo através dos demais canais por terem um impedimento físico: a surdez. 
De acordo com Soares (2005) a Língua Brasileira de Sinais é um sistema linguístico legitimo e natural, utilizado pela comunidade surda brasileira, de modalidade gestual-visual e com estrutura gramatical independente da Língua Portuguesa falada no Brasil. 
A Libras, língua brasileira de sinais, possibilita o desenvolvimento linguístico, social e intelectual daquele que a utiliza enquanto instrumento comunicativo, favorecendo seu acesso ao conhecimento cultural cientifico, bem como a integração no grupo social ao qual pertence. (DAMÁSIO, 2005, p.61). É derivada tanto de uma língua de sinais autóctone quanto da língua gestual francesa, por isso é semelhante a outras línguas de sinais da Europa e da América. 
De acordo com Goldfeald (2003) a Libras não é a simples gestualização da língua portuguesa e sim uma língua a parte que se apresenta como um sistema linguístico de transmissão de ideias e fatos. Os sinais, portanto, surgem da combinação de configurações de mão, movimentos e de pontos de articulação-locais no espaço ou no corpo onde os sinais são feitos, os quais, juntos compõe as unidades básicas da língua brasileira de sinais. 
Para Skliar (1997, p.141) a língua de sinais constituem o elemento identificatório dos surdos e o fato de constituir-se em comunidade significa que compartilham e conhecem os usos e normas de uso da mesma língua, já que interagem cotidianamente em um processo comunicativo eficaz e eficiente. Isto é, desenvolveram as competências linguísticas, comunicativas e cognitivas por meio do uso da língua de sinais. (...) esta permitirá que os surdos constituam uma comunidade linguística diferenciada e não que sejam vistos/olhados como um desvio da normalidade. Mas até chegar a este estágio de reconhecimento, percorreu-se uma longa e árdua trajetória. 
Nacionalmente a LIBRAS foi oficializada através da Lei nº. 4857/2002, enquanto língua dos surdos brasileiros, marcando o início de uma nova e promissora era no que concerne à pessoa surda, sua capacidade, identidade e formação. Esta lei além de reconhecer que a LIBRAS é uma Língua e que como tal deve ser respeitada, também reconhece/respeita a comunidade surda, sua cultura e sua identidade. 
Quando se fala do Bilinguismo do surdo, refere-se à existência de duas línguas no ambiente do surdo e estamos ao mesmo tempo, reconhecendo que os surdos vivem numa situação bilíngue (Kozlowski, 2000). Quando se fala de Bilinguismo do surdo, fala-se da língua oral da comunidade ouvinte (no caso do Brasil, o português) e a língua de sinais da comunidade surda (A Língua Brasileira de Sinais - Libras).
O ensino do Português como segunda língua para surdos deve ser ministrado a partir de políticas que leve em conta a diversidade linguística como meio e fim. Ele deve ser um reforço para a permanência da língua de sinais entre os surdos e não a sua substituição, uma vez que a língua é a expressão concreta da capacidade específica do ser humano para a linguagem/comunicação e é a partir dela que os homens expressam sua cultura, valores e padrões sociais, sendo assim impossível de ser substituída.
Através do aprendizado da língua natural, a criança surda terá acesso aos processos que permitirão todo seu desenvolvimento linguístico e cognitivo, toda base linguística necessária à aquisição de outras línguas, portanto, este contato precoce adulto surdo X criança surda, através de uma língua de sinais, é que proporcionará o acesso à linguagem.
Portanto, a finalidade da educação bilíngue é que a criança surda possa ter um desenvolvimento cognitivo-linguístico equivalente ao verificado na criança ouvinte, e que possa desenvolver uma relação harmoniosa também com ouvintes, tendo acesso às duas línguas: a língua de sinais e a língua majoritária. 	A filosofia bilíngue permite também, que dada à relação entre o adulto surdo e a criança, esta possa construir uma autoimagem positiva como sujeito surdo, sem perder a possibilidade de se integrar numa comunidade de ouvintes. 	
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O texto “A águia e a galinha” do intelectual Leonardo Boff ilustra muito bem o tema que foi estudado neste trabalho de pesquisa. Ao olhar para a estória, assim como ao trabalhar com alunos com necessidades especiais temos que aprender a buscar a condição humana de equilíbrio entre a dimensão do enraizamento, do cotidiano, do limitado da galinha e a dimensão da abertura, do desejo, do ilimitado da águia, bem como com o questionamento de como equilibrar essas duas dimensões na busca da identidade humana através da inclusão das contradições e da superação dos eventuais obstáculos identificados nos aspectos pessoais, sociais e planetários. 
Para que a inclusão escolar aconteça de forma eficaz é necessário que haja mudanças na sociedade, para que os chamados deficientes sejam olhados como cidadãos normais. Vários fatores como reestruturação no sistema de ensino, formação de professores, interdisciplinaridade... são determinantes na questão da inclusão. A educação tem o dever de contribuir, de auxiliar na efetivação da inclusão, porém é urgente que ocorra uma transformação geral para que o aspecto da inclusão seja reconhecido.
É papel do professor desenvolver os aspectos físico e mental do seu aluno, promover a interação deles com os outros colegas, adaptar atividades para que este aluno participe das aulas. Sendo assim, não se trata apenas de matricular as crianças nas escolas, mas de garantir que permaneçam e aprendam, se desenvolvam e caminhem com autonomia.
Assim para o aluno surdo será efetivamente melhor a escola na qual, os conteúdos e a construção do conhecimento sejam abordados também em sua língua de domínio, que ele tenha professores que partilhem com ele a língua de sinais de modo a poder se desenvolver o mais plenamente possível.
A contribuição do processo de inclusão não traz conhecimentos só para alunos com necessidades especiais, mas traz experiências principalmente para colegas e educadores.
Apesar de, nos dias atuais, muito se falar em Educação Inclusiva, ainda é possível ver nas escolasuma educação repressora, competitiva, seletiva e excludente, o que vai de encontro às novas concepções de educação e de desenvolvimento humano. A questão da prática inclusiva não é tão simples quanto parece, pois a sua efetivação não depende somente de uma lei a respeito (que, inclusive, já existe). Abrange horizontes muito mais amplos, exigindo ações conjuntas de familiares, docentes, discentes etc., mudanças de paradigmas, reflexões e profundas transformações e reestruturações. 
Algumas ações nesse sentido já começaram a acontecer, mas muito ainda há por fazer. E nesse processo, um dos agentes transformadores mais importantes é o professor, que se olhar às crianças portadoras de necessidades especiais com outros olhos, já terá dado o primeiro e mais importante passo rumo à inclusão, verdadeiramente como deve ser. 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
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______. Ministério da Educação. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, LDB 9.394, de 20 de dezembro de 1996. 
​______. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília: SEF/MEC, 1998.
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� Graduação em Pedagogia pela Universidade Cruzeiro do Sul, Especialização . E-mail do autor: julianafreitas78@hotmail.com.

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