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ATIVIDADE FISICA E QUALIDADE DE VIDA material de estudo

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ATIVIDADE FÍSICA E
QUALIDADE DE VIDA
PROFESSORES
Dr. Bruno de Paula Caraça Smirmaul
Dr. João Victor Del Conti Esteves
ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA 
2 
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância; 
SMIRMAUL, Bruno de Paula Caraça; ESTEVES, João Victor Del Conti.
 Atividade Física e Qualidade de Vida. Bruno de Paula Caraça Smirmaul; 
João Victor Del Conti Esteves.
 Maringá - PR.:UniCesumar, 2018.
 182 p.
 “Graduação em Educação Física - EaD”.
 1. Atividade Física. 2. Qualidade de Vida. 3. Saúde. 4. EaD. I. Título.
 ISBN 978-85-459-0974-3
CDD - 22ª Ed. 701.1 
CIP - NBR 12899 - AACR/2
NEAD 
Núcleo de Educação a Distância
Av. Guedner, 1610, Bloco 4 
Jd. Aclimação - Cep 87050-900 Maringá - Paraná
www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360
DIREÇÃO UNICESUMAR
Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor Executivo de EAD 
William Victor Kendrick de Matos Silva, Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin, Presidente 
da Mantenedora Cláudio Ferdinandi.
NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes, Tiago Stachon, Diretoria de Graduação e 
Pós-graduação Kátia Coelho, Diretoria de Permanência Leonardo Spaine, Diretoria de Design 
Educacional Débora Leite, Head de Produção de Conteúdos Celso Luiz Braga de Souza Filho, Head de 
Curadoria e Inovação Jorge Luiz Vargas Prudencio de Barros Pires, Gerência de Produção de Conteúdo 
Diogo Ribeiro Garcia, Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki Hey, Gerência de Processos 
Acadêmicos Taessa Penha Shiraishi Vieira, Gerência de Curadoria Giovana Costa Alfredo, Supervisão do 
Núcleo de Produção de Materiais Nádila Toledo, Supervisão Operacional de Ensino Luiz Arthur Sanglard.
Coordenador(a) de Conteúdo Mara Cecilia Rafael Lopes, Projeto Gráfico José Jhonny Coelho, Editoração 
Humberto Garcia da Silva, Designer Educacional Hellyery Agda, Revisão Textual Cintia Prezoto Ferreira, 
Ilustração Bruno Pardinho, Fotos Shutterstock.
Viver e trabalhar em uma sociedade global é um grande 
desafio para todos os cidadãos. A busca por tecnologia, 
informação, conhecimento de qualidade, novas 
habilidades para liderança e solução de problemas 
com eficiência tornou-se uma questão de sobrevivência 
no mundo do trabalho.
Cada um de nós tem uma grande responsabilidade: 
as escolhas que fizermos por nós e pelos nossos fará 
grande diferença no futuro.
Com essa visão, o Centro Universitário Cesumar assume 
o compromisso de democratizar o conhecimento por 
meio de alta tecnologia e contribuir para o futuro dos 
brasileiros.
No cumprimento de sua missão – “promover a 
educação de qualidade nas diferentes áreas do 
conhecimento, formando profissionais cidadãos que 
contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade 
justa e solidária” –, o Centro Universitário Cesumar 
busca a integração do ensino-pesquisa-extensão com 
as demandas institucionais e sociais; a realização 
de uma prática acadêmica que contribua para o 
desenvolvimento da consciência social e política e, por 
fim, a democratização do conhecimento acadêmico 
com a articulação e a integração com a sociedade.
Diante disso, o Centro Universitário Cesumar almeja 
ser reconhecida como uma instituição universitária 
de referência regional e nacional pela qualidade 
e compromisso do corpo docente; aquisição de 
competências institucionais para o desenvolvimento 
de linhas de pesquisa; consolidação da extensão 
universitária; qualidade da oferta dos ensinos 
presencial e a distância; bem-estar e satisfação da 
comunidade interna; qualidade da gestão acadêmica 
e administrativa; compromisso social de inclusão; 
processos de cooperação e parceria com o mundo 
do trabalho, como também pelo compromisso 
e relacionamento permanente com os egressos, 
incentivando a educação continuada.
Wilson Matos da Silva
Reitor da Unicesumar
boas-vindas
Prezado(a) Acadêmico(a), bem-vindo(a) à 
Comunidade do Conhecimento. 
Essa é a característica principal pela qual a Unicesumar 
tem sido conhecida pelos nossos alunos, professores 
e pela nossa sociedade. Porém, é importante 
destacar aqui que não estamos falando mais daquele 
conhecimento estático, repetitivo, local e elitizado, mas 
de um conhecimento dinâmico, renovável em minutos, 
atemporal, global, democratizado, transformado pelas 
tecnologias digitais e virtuais.
De fato, as tecnologias de informação e comunicação 
têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, lugares, 
informações, da educação por meio da conectividade 
via internet, do acesso wireless em diferentes lugares 
e da mobilidade dos celulares. 
As redes sociais, os sites, blogs e os tablets aceleraram 
a informação e a produção do conhecimento, que não 
reconhece mais fuso horário e atravessa oceanos em 
segundos.
A apropriação dessa nova forma de conhecer 
transformou-se hoje em um dos principais fatores de 
agregação de valor, de superação das desigualdades, 
propagação de trabalho qualificado e de bem-estar. 
Logo, como agente social, convido você a saber cada 
vez mais, a conhecer, entender, selecionar e usar a 
tecnologia que temos e que está disponível. 
Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg 
modificou toda uma cultura e forma de conhecer, 
as tecnologias atuais e suas novas ferramentas, 
equipamentos e aplicações estão mudando a nossa 
cultura e transformando a todos nós. Então, priorizar o 
conhecimento hoje, por meio da Educação a Distância 
(EAD), significa possibilitar o contato com ambientes 
cativantes, ricos em informações e interatividade. É 
um processo desafiador, que ao mesmo tempo abrirá 
as portas para melhores oportunidades. Como já disse 
Sócrates, “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida”. 
É isso que a EAD da Unicesumar se propõe a fazer. 
Willian V. K. de Matos Silva
Pró-Reitor da Unicesumar EaD
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está 
iniciando um processo de transformação, pois quando 
investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou 
profissional, nos transformamos e, consequentemente, 
transformamos também a sociedade na qual estamos 
inseridos. De que forma o fazemos? Criando 
oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capazes 
de alcançar um nível de desenvolvimento compatível 
com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. 
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de 
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo 
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens 
se educam juntos, na transformação do mundo”.
Os materiais produzidos oferecem linguagem 
dialógica e encontram-se integrados à proposta 
pedagógica, contribuindo no processo educacional, 
complementando sua formação profissional, 
desenvolvendo competências e habilidades, e 
aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, 
de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, 
estes materiais têm como principal objetivo “provocar 
uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta 
forma possibilita o desenvolvimento da autonomia 
em busca dos conhecimentos necessários para a sua 
formação pessoal e profissional.
Portanto, nossa distância nesse processo de 
crescimento e construção do conhecimento deve 
ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos 
pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar 
lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o AVA 
– Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos 
fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe 
das discussões. Além disso, lembre-se que existe 
uma equipe de professores e tutores que se encontra 
disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em 
seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe 
trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória 
acadêmica.
boas-vindas
Débora do Nascimento Leite
Diretoria de Design Educacional
Janes Fidélis Tomelin
Pró-Reitor de Ensino de EADKátia Solange Coelho
Diretoria de Graduação 
e Pós-graduação
Leonardo Spaine
Diretoria de Permanência
6 
autores
6 
Professor Doutor
Bruno de Paula Caraça Smirmaul
Doutor em Atividade Física e Saúde pela UNESP Rio Claro, Mestre em Biodinâmica do 
Movimento e Esporte pela UNICAMP (com estágio de pesquisa na University of Kent com 
o Prof. Samuel M. Marcora) e Graduado em Educação Física pela UNICAMP (com estágio 
de pesquisa na University of Cape Town com o Prof. Timothy D. Noakes). Fundador e 
Autor Principal do site “EFBE - Educação Física Baseada em Evidências” (www.efbe.com.
br). Professor das Faculdades ASSER nas seguintes disciplinas: I) Fisiologia do Exercício; 
II) Atividade Física para Grupos Especiais; III) Medidas e Avaliação; IV) Programas de Aca-
demia; V) Saúde e Sustentabilidade; VI) Estágio Supervisionado.
Para saber mais, acesse o currículo disponível em: <http://lattes.cnpq.br/1225203348100287>.
Professor Doutor
João Victor Del Conti Esteves
Doutor em Ciências (Fisiologia Humana) pelo Instituto de Ciências Biomédicas da Univer-
sidade de São Paulo (ICB-USP) (2016), com período de estágio no Instituto de Medicina 
Molecular da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa (IMM-Lisboa); Mestrado 
em Educação Física (linha de pesquisa: Ajustes e Respostas Fisiológicas e Metabólicas ao 
Exercício Físico) pelo Programa de Pós-Graduação Associado em Educação Física - UEM/
UEL (2012); pós-graduação (lato-sensu) em Prescrição Personalizada de Exercícios Físi-
cos - Personal Training (UEM) (2010) e graduação em Educação Física pela Universidade 
Estadual de Maringá (UEM) (2008). Tem experiência na área de Fisiologia, Avaliação Física, 
Treinamento Físico Resistido e Aeróbio, com ênfase em Fisiologia do Esforço e Endócrina, 
atuando principalmente nos seguintes temas: atividade física e saúde, avaliação física e 
funcional, treinamento físico, obesidade, diabetes, tecido adiposo, músculo esquelético, 
GLUT4 e microRNAs.
Para saber mais, acesse o currículo disponível em: <http://lattes.cnpq.br/2122237844359604>.
apresentação
ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA
Prezado(a) aluno(a), seja bem-vindo à disciplina “Atividade Física e Qualidade 
de Vida”.
Este livro foi preparado por dois professores, ambos profissionais de Educação 
Física, com o intuito de apresentar a você conteúdos e reflexões fundamentais 
na área de atividade física, saúde e qualidade de vida. Esses conhecimentos lhe 
trarão a oportunidade de aprendizado e de desenvolver uma reflexão crítica que 
o auxiliará sobremaneira na sua formação e futura atuação como profissional de 
Educação Física.
Este livro está dividido em cinco unidades:
A Unidade I, intitulada “Saúde e Qualidade de Vida,” está dividida em quatro 
tópicos que abordarão sobre os diferentes conceitos de saúde, os aspectos relacio-
nados às transições demográfica e epidemiológica e suas consequências no cená-
rio da saúde, assim como os diferentes fatores que a determinam. Você também 
aprenderá sobre a qualidade de vida, seus diversos componentes e a sua relação 
com o estilo de vida das pessoas.
A Unidade II, denominada “Atividade Física e Saúde,” está dividida em três 
tópicos que fornecerão uma compreensão da relação entre atividade física e saúde 
numa perspectiva da evolução humana, o impacto da tecnologia nos níveis de 
atividade física cotidiana e também discutirá a trajetória do conhecimento na área 
de atividade física e saúde, bem como as diferentes possibilidades de atuação do 
profissional de Educação Física.
A Unidade III, denominada “Atividade Física, Aptidão Física e suas Relações 
com a Saúde: Conceitos e Evidências,” está dividida em cinco tópicos. Nessa unidade, 
você aprenderá conceitos essenciais para a sua atuação profissional: atividade física, 
exercício físico, aptidão física e suas inter-relações com a saúde. Além disso, você 
aprenderá sobre os diferentes componentes da aptidão física relacionada à saúde 
(aptidão cardiorrespiratória, composição corporal, aptidão musculoesquelética e 
flexibilidade), bem como os diferentes métodos de avaliá-los.
A Unidade IV, chamada “Prescrição de Exercícios para melhora da Aptidão 
Física e Saúde”, abordará, numa perspectiva mais aplicada, as orientações gerais 
e princípios básicos para a prescrição do exercício aeróbio, de condicionamento 
neuromuscular (força e resistência musculares) e de flexibilidade para adultos 
saudáveis. As recomendações para crianças e adolescentes também serão debatidas.
Por fim, a Unidade V, “Exercício Físico para Grupos Especiais”, discutirá os 
principais aspectos relacionados ao envelhecimento, à obesidade, ao diabetes melli-
tus e à hipertensão arterial, bem como o papel do exercício físico nessas condições.
Este livro possui conteúdos e reflexões valiosas e, desse modo, esperamos 
contribuir para a sua formação sólida e de qualidade.
Aproveite a leitura e desejamos um ótimo curso!
Bruno de Paula Caraça Smirmaul
João Victor Del Conti Esteves
sumário
UNIDADE I
SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA
14 O Que é Saúde?
20 Transições Demográfi ca e Epidemiológica
26 Determinantes da Saúde
30 Qualidade de Vida
UNIDADE II
ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE
46 Perspectiva Evolutiva da Atividade Física
50 Tecnologia e (IN) Atividade Física
54 Passado e Presente dos Conhecimentos 
Sobre Atividade Física e Saúde
UNIDADE III
ATIVIDADE FÍSICA, APTIDÃO FÍSICA E 
SUAS RELAÇÕES COM A SAÚDE:
CONCEITOS E EVIDÊNCIAS
70 Atividade Física, Aptidão Física e Suas 
Relações com a Saúde
82 Aptidão Cardiorrespiratória
88 Composição Corporal
94 Aptidão Musculoesquelética
98 Flexibilidade
UNIDADE IV
PRESCRIÇÃO DE EXERCÍCIOS PARA
MELHORA DA APTIDÃO FÍSICA E SAÚDE
112 Orientações Gerais Para a prescrição de 
Exercícios
118 Exercício Aeróbio (Condicionamento Cardior-
respiratório)
129 Condicionamento Neuromuscular
134 Exercícios de Flexibilidade
136 Exercícios Para Crianças e Adolescentes
UNIDADE V
EXERCÍCIO FÍSICO PARA 
GRUPOS ESPECIAIS
152 Envelhecimento e Exercício Físico
158 Obesidade e Exercício Físico
164 Diabetes Mellitus e Exercício Físico
170 Hipertensão Arterial e Exercício Físico
182 Conclusão Geral
Professor Dr. Bruno de Paula Caraça Smirmaul
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta 
unidade:
• O que é Saúde?
• Transições Demográfi ca e Epidemiológica
• Determinantes da Saúde
• Qualidade de Vida
Objetivos de Aprendizagem
• Conhecer e refl etir sobre os diferentes conceitos de Saúde.
• Compreender o que é Transição Demográfi ca e Transição 
Epidemiológica e suas consequências no cenário da saúde.
• Estudar e refl etir sobre os Determinantes da Saúde.
• Conhecer o conceito de Qualidade de Vida, seus 
componentes e sua relação com o estilo de vida.
SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA
I
unidade
INTRODUÇÃO
C
aro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a)! Na Unidade I, abordare-
mos quatro tópicos principais de estudo. 
No primeiro Tópico (“O que é Saúde”), você estudará o con-
ceito de Saúde, um conceito essencial para nós, profissionais da 
área. Para isso, apresentarei diferentes conceitos e discutiremos, juntos, 
sobre os pontos positivos e negativos de cada conceituação. Veremos que 
compreender bem esse tema implicará em uma atuação profissional de 
mais qualidade e mais abrangente, potencialmente beneficiando os resul-
tados de nosso trabalho.
O segundo Tópico (“Transições Demográfica e Epidemiológica”) ser-
virá para você compreender as mudanças que estão ocorrendo no Brasil e 
no mundo em relação às características da população, assim como o per-
fil de doenças e de causas de mortalidade. Além disso, você refletirá sobre 
como essa duas transições estão conectadas entre si. Esse conhecimento é 
essencial para analisarmos as atuais transformações em nossa sociedade 
e seu impacto nas condiçõese necessidades de saúde da população.
No terceiro Tópico (“Determinantes da Saúde”), apresentarei os com-
ponentes e características de uma pessoa, comunidade ou população que 
influenciam a saúde. Você irá refletir sobre diversos aspectos que afetam 
a nossa saúde, muito além do que apenas as nossas escolhas e comporta-
mentos individuais.
Por fim, o quarto Tópico (“Qualidade de Vida”) apresentará elemen-
tos que facilitará a sua compreensão sobre o que é Qualidade de Vida, 
conceito tão popular e importante para os indivíduos e para a população 
em geral. Além disso, apresentarei um instrumento de fácil utilização 
para analisar o estilo de vida, componente intimamente relacionado à 
Qualidade de Vida.
Bons estudos!
ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA 
14 
O Que é
 Saúde?
 15
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
Começo esta unidade com uma pergunta muito 
simples. Quero que você, antes de prosseguir com 
o texto, pare, pense e tente responder de forma mais 
completa possível: “você é saudável?”. 
Em uma situação hipotética (no futuro), extrapo-
le agora essa pergunta para outras pessoas e respon-
da: “seus alunos, clientes ou pacientes são saudáveis?”.
Enquanto você pensava nas respostas das per-
guntas anteriores, tanto para você mesmo como para 
eventuais alunos, clientes e/ou pacientes, há grandes 
chances de que você tenha começado a perceber que 
a resposta para essa pergunta pode não ser tão sim-
ples como inicialmente imaginado. Quais elementos 
ou aspectos relacionados à saúde você utilizou para 
compor a sua resposta? É notório que os elemen-
tos contidos na resposta vão depender, em grande 
parte, do conceito que temos do “O que é Saúde?”. 
Dependendo desse conceito, utilizaremos diferentes 
elementos e aspectos para definirmos se uma pessoa 
é saudável ou não ou, ainda, qual o “nível” de saúde 
determinada pessoa possui.
Assim, como profissionais da saúde e da edu-
cação, é muito importante conhecermos alguns di-
ferentes conceitos de “saúde” e refletirmos critica-
mente sobre eles. Tal importância se dá pelo fato de 
que, de acordo com nossa visão de saúde, podere-
mos considerar e abordar (ou não considerar e não 
abordar) determinados aspectos ao longo de nossa 
atuação profissional, impactando diretamente na 
vida das pessoas.
Um primeiro conceito de saúde que podemos 
considerar é o seguinte:
Independentemente do quanto você conseguiu ex-
plorar o tema, vamos refletir juntos agora. De acor-
do com o conceito anterior, se uma pessoa não apre-
senta nenhuma doença específica, ela é considerada 
saudável. Porém, imagine uma pessoa que não pos-
sui nenhuma doença específica, mas apresenta uma 
ou várias das características a seguir:
SAÚDE É A AUSÊNCIA DE DOENÇAS
O que você acha desse conceito? Bom? Ruim? 
Completo? Incompleto? Faria alguma alteração? 
Acrescentaria algo? Novamente, peço que você 
pare, pense e tente responder a essas perguntas an-
tes de prosseguir.
ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA 
16 
• Tristeza;
• Cansaço;
• Angústia;
• Possui uma defi ciência física;
• É amputada;
• Possui baixa aptidão cardiorrespiratória;
• Possui baixos níveis de força;
• Possui baixa capacidade funcional;
• É incapaz de realizar as atividades de vida 
diária (AVDs) de forma independente;
• Fuma;
• Se alimenta de forma inapropriada;
• Etc.
E agora, depois de saber que a pessoa possui 
alguma, várias ou todas essas características, 
você ainda falaria que essa pessoa é saudável, 
somente por não apresentar nenhuma doen-
ça específi ca?
 17
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
Uma evolução do conceito anteriormente estudado 
é o conceito de saúde da Organização Mundial de 
Saúde ([2017], on-line)1, um dos mais populares atu-
almente. De acordo com esse conceito, saúde é um:
“Estado de completo bem-estar físico, 
mental e social, e não apenas a ausên-
cia de doenças”
Isso mesmo, precisamos ter pensamento crí-
tico sempre, mesmo se a fonte da informação seja 
um órgão famoso e respeitado, como a Organização 
Mundial de Saúde (ALMEIDA FILHO, 2000). Ape-
sar de ser um conceito bem mais interessante que o 
primeiro, uma palavra presente nesse conceito não 
parece adequada para a defi nição de “ser saudável” 
ou não. Você consegue identifi car a palavra?
No conceito da Organização Mundial da Saúde, 
a palavra “completo” acaba sendo um pouco estra-
nha. É só pararmos para pensar. Será que algum 
de nós consegue passar um mês, uma semana, ou 
mesmo um dia inteiro em um “completo bem-estar 
físico, mental e social”? Dessa forma, ao utilizarmos 
esse conceito, teríamos que classifi car a maioria de 
nós, ou todos nós, como não saudáveis.
Por fi m, apresento um conceito que considero bas-
tante completo e interessante para defi nirmos saúde:
“Estado dinâmico de bem-estar caracteriza-
do pelo potencial físico e mental que satisfaz 
as demandas vitais compatíveis com a idade, 
cultura e responsabilidade pessoal” 
(BIRCHER 2005, p. 336).
“Estado de completo bem-estar físico, “Estado dinâmico de bem-estar caracteriza-
do pelo potencial físico e mental que satisfaz 
as demandas vitais compatíveis com a idade, 
do pelo potencial físico e mental que satisfaz 
E agora, você está satisfeito com esse conceito de 
saúde? Acha que abrange um espectro de elementos 
bem maior e é mais completo? Porém, mesmo assim, 
você ainda conseguiria pensar em algum ponto ne-
gativo ou que poderia ser melhorado nesse conceito?
ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA 
18 
Esse conceito de saúde inclui a palavra “dinâmico”, 
considerando que nosso bem-estar é influenciado 
por diversos aspectos e totalmente mutável ao lon-
go do tempo. Ainda, explicita a questão da idade, 
cultura e responsabilidades pessoais. É interessante 
pensar nisso, pois as mesmas características físicas e 
mentais que podem ser consideradas boas para um 
idoso, podem ser consideradas ruins, em termos de 
saúde, para um adulto jovem, por exemplo. O mes-
mo pode acontecer para diferentes culturas ao redor 
do mundo. Apesar disso, não quero dizer que esse 
Lembre-se de sua resposta à pergunta inicial da Unidade (“Você é saudável?”) e reflita sobre os ele-
mentos que você utilizou para responde-la. Agora responda novamente, utilizando todos os conceitos 
e informações que estudamos até aqui.
Fonte: autor.
REFLITA
Figura 1 - Representação do “contínuo” da saúde
Fonte: adaptada de Nahas (2013).
último conceito é perfeito e que não possam haver 
outros mais interessantes ou que não podemos en-
contrar pontos negativos neste.
Outro ponto interessante é que esse último 
conceito de saúde estudado nos permite enxergar 
o processo de saúde como um “contínuo”, ao invés 
de algo binário, definido como “sim” ou “não” (sau-
dável ou não saudável). De acordo com a natureza 
dinâmica de nossa saúde, diferentes comportamen-
tos e fatores podem influenciar nosso “nível” de 
saúde. Veja a figura a seguir:
 19
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA 
20 
Agora que estudamos e refletimos sobre diferen-
tes conceitos de saúde, vamos dar o próximo passo 
e analisar o atual cenário brasileiro, em termos de 
saúde e doenças. Para a compreensão desse cenário, 
dois aspectos são essenciais: a Transição Demográfi-
ca e a Transição Epidemiológica.
A Transição Demográfica é um conceito que des-
creve a alteração na dinâmica de crescimento da po-
pulação. Certamente você já deve ter ouvido falar que 
o número de idosos no Brasil está aumentando rapi-
damente, assim como algumas de suas consequên-
Transições Demográfica 
e Epidemiológica
cias. Uma das consequências que se tem falado muito 
ultimamente se refere à questão previdenciária, por 
exemplo. Porém, no que tange os aspectos de saúde e 
doenças, tais alterações na dinâmica de crescimento 
da população impactam profundamente esse cenário.Uma forma bem interessante de visualizarmos a Tran-
sição Demográfica que tem ocorrido no Brasil (e no 
mundo) é por meio da utilização das pirâmides etárias. 
Confira, a seguir, a composição e características da pi-
râmide etária do Brasil em 1980, atualmente (2016) e as 
projeções para o ano de 2050, de acordo com o IBGE.
 21
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
Figura 2 - Pirâmide etária do Brasil em 1980, em 2016 e uma projeção 
para 2050
Fonte: IBGE (2017, on-line)2. 
Analisando a pirâmide etária brasileira, identifica-
mos que, ao longo das décadas (e a projeção futura), 
a proporção de crianças, adolescentes e jovens está 
gradativamente diminuindo, enquanto a proporção 
de pessoas mais velhas, especialmente idosas, está 
aumentando gradativamente. Tais transformações 
populacionais (Transição Demográfica) têm sido 
impulsionadas por dois fatores principais: a taxa de 
natalidade e a expectativa de vida. Vamos estudar 
cada uma delas.
A taxa de natalidade representa o número de 
nascidos vivos anualmente a cada mil habitantes. 
Atente-se a essa definição, pois ela é diferente da 
taxa de fecundidade, que é o número médio de fi-
lhos que uma mulher tem em sua vida. Assim, quan-
to menos filhos uma mulher tem (taxa de fecundi-
dade), potencialmente a taxa de natalidade também 
será menor. Entre os anos de 1970 e o ano de 2008, 
por exemplo, houve uma rápida queda na taxa de fe-
cundidade, de 5,8 para 1,9 filhos por mulher (PAIM 
et al, 2011). Essa taxa continua a cair, sendo que em 
2015 ela já estava em 1,7 filhos por mulher (IBGE, 
2017, on-line)3.
Como esperado, essa redução da fecundidade 
tem levado a uma queda na taxa de natalidade, indo 
de 22 nascidos vivos a cada mil habitantes em 1995 
para 15,8 no ano de 2010 (MIRANDA et al, 2017).
A expectativa de vida representa o número mé-
dio de anos esperado de vida de uma população, ao 
nascer. Tal índice aumentou substancialmente nas 
últimas décadas no Brasil, indo de 52,3 anos em 
1970, para 72,8 em 2010 (PAIM et al, 2011). Esse 
grande aumento na expectativa de vida se deu, den-
tre outros fatores, principalmente pela drástica re-
dução nas taxas de mortalidade infantil, que caíram 
de 113/1000 nascidos vivos em 1970, para 19/1000 
nascidos vivos em 2010 (PAIM et al, 2011).
ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA 
22 
Assim, a combinação das alterações desses dois 
fatores ao longo dos anos, ou seja, uma redução 
nas taxas de natalidade e aumento da expectativa 
de vida, são os principais responsáveis pela Tran-
sição Demográfica em progresso no Brasil, confor-
me observamos na pirâmide etária. Proporcional-
mente nascem menos crianças, enquanto os mais 
velhos sobrevivem por mais tempo, criando esse 
aumento proporcional na quantidade de pessoas 
mais velhas no país. Em termos do perfil e caracte-
rísticas da saúde e das doenças da população, como 
você acha que essas alterações podem influenciar o 
cenário brasileiro?
A Transição Epidemiológica é um conceito que 
descreve as alterações no perfil de mortalidade e 
morbidade da população, sendo que morbidade é 
a taxa de doenças, lesões ou incapacidade. De uma 
forma simples, a Transição Epidemiológica repre-
senta as alterações na mortalidade e nas doenças de 
uma população. 
Ao analisarmos o perfil de mortalidade e doen-
ças ao longo das décadas no Brasil, identificamos 
uma drástica alteração. Em 1930, doenças infeccio-
sas, como malária, poliomielite, caxumba, tétano, 
tuberculose, dentre diversas outras, representavam 
cerca de 46% de todas as mortes do país (SCHMI-
DT et al, 2011). Em grande contraste, em 2003, por 
exemplo, a mortalidade por doenças infecciosas já 
representava apenas 5% de todas as mortes do Brasil 
(MALTA et al, 2006). 
Por outro lado, enquanto as doenças cardiovas-
culares representavam apenas 12% das mortes na 
década de 30, atualmente elas representam cerca 
de 31% de todas as mortes (WHO, 2014, on-line)4. 
Ainda mais notório é o fato de que, atualmente, do 
total de mais de 1 milhão de 300 mil mortes anu-
almente no Brasil, as chamadas doenças crônicas 
não-transmissíveis representam cerca de 74% de 
todas essas mortes (WHO, 2014, on-line)4. Exem-
plos de doenças crônicas não-transmissíveis são 
doenças cardiovasculares, cânceres, doenças crôni-
cas respiratórias, diabetes etc. 
Ainda, também podemos ver uma grande 
alteração no perfil de morbidade da população. 
Tomando a prevalência de sobrepeso como exem-
plo, verificamos um aumento de 18,6% em 1974 
para mais de 50% atualmente (MALTA; BARBO-
SA DA SILVA, 2012). 
 23
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
Essas grandes alterações nos perfi s de mortalida-
de e morbidade podem ser explicadas, em grande 
parte, pelos avanços tecnológicos, avanços na me-
dicina e urbanização ao longo das décadas. O gran-
de avanço em serviços, como saneamento básico; 
avanços na medicina, como vacinas, diagnósticos, 
tratamentos, acesso a diversos serviços de saúde, 
dentre outros fatores, contribuíram fortemente 
para tais mudanças.
Até o momento, vimos a Transição Demográfi ca e 
Transição Epidemiológica como fenômenos isolados 
por motivos didáticos. Porém, essas alterações no per-
fi l da população não ocorreram de forma independen-
te, e sim de maneira conjunta, sendo que, ao mesmo 
tempo, um infl uenciou e infl uencia o outro. Pare por 
um momento e tente identifi car quais as conexões das 
duas transições. Como a Transição Demográfi ca in-
fl uencia a Transição Epidemiológica e vice-versa?
As Doenças Crônicas Não transmissíveis (DCNT) 
são as principais causas de mortes no mundo 
e têm gerado elevado número de mortes pre-
maturas, perda de qualidade de vida com alto 
grau de limitação nas atividades de trabalho e 
de lazer, além de impactos econômicos para as 
famílias, comunidades e a sociedade em geral, 
agravando as iniquidades e aumentando a po-
breza. Apesar do rápido crescimento das DCNT, 
seu impacto pode ser revertido por meio de 
intervenções amplas e custo-efetivas de pro-
moção de saúde para redução de seus fatores 
de risco, além de melhoria da atenção à saúde, 
detecção precoce e tratamento oportuno. Os 
principais fatores de risco para DCNT são o ta-
baco, a alimentação não saudável, a inatividade 
física e o consumo nocivo de álcool, responsá-
veis, em grande parte, pela epidemia de sobre-
peso e obesidade, pela elevada prevalência de 
hipertensão arterial e pelo colesterol alto.
Fonte: adaptado de Ministério da Saúde (2011, p. 
30, on-line)5.
SAIBA MAIS
ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA 
24 
Após a sua reflexão, vamos analisar juntos. Confor-
me as transformações (urbanização, melhorias de 
saneamento básico e avanços na medicina) foram 
ocorrendo, o perfil das doenças e das causas de mor-
talidade também começaram a se alterar (Transição 
Epidemiológica). Por exemplo, a existência e dispo-
nibilidade de vacinas para diversas doenças infec-
ciosas, grande causa de mortes no passado, foram 
reduzindo esse problema e, consequentemente, as 
pessoas passaram a viver mais. 
Como vimos, a grande queda da mortalidade 
infantil também contribuiu bastante para o au-
mento da expectativa de vida. Com menos mortes 
prematuras e maior expectativa de vida, há uma 
gradativa alteração na pirâmide etária (Transição 
Demográfica). Por sua vez, se a população em ge-
ral vive por mais tempo, é natural que as doenças 
e causas de mortalidade também se alterem, uma 
vez que o perfil das doenças que atinge jovens e 
adultos se difere, em muitos casos, das doenças 
que afligem os idosos. Isto é, ambas as transições 
contribuíram, ao mesmo tempo, para acentuar as 
alterações uma da outra. 
Vale ressaltar que estamos abordando apenas 
alguns dos principais fatores responsáveis pelas 
transições, mas que este é um processo complexo e 
multifatorial, que recebeu influência de diversas ou-
tras características do país, comocaracterísticas eco-
nômicas, políticas e sociais. Além disso, apesar de 
termos focado o estudo dessas transições apenas no 
Brasil, tais transformações têm ocorrido, em diferen-
tes velocidades, no mundo inteiro.
 25
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA 
26 
Determinantes 
da Saúde
 27
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
• Renda: uma maior renda está ligada a uma 
melhor saúde. Quanto maior a desigualdade 
entre os mais ricos e os mais pobres, maior as 
diferenças nos níveis de saúde.
• Educação: baixos níveis de educação estão li-
gados a uma pior saúde, maior estresse e me-
nor autoconfiança.
• Ambiente Físico: a qualidade da água e do 
ar, ambientes saudáveis de trabalho, moradia 
segura, estradas e ruas seguras são todos fa-
tores que influenciam a saúde das pessoas. As 
condições de emprego e o quanto as pessoas 
possuem controle sobre esse ambiente tam-
bém influenciam a saúde.
• Aspectos Sociais: um maior suporte social da 
família, amigos e da comunidade como um 
tudo está relacionado a melhores níveis de 
saúde. A cultura, crenças e tradições locais 
também afetam a saúde.
• Fatores Genéticos: fatores hereditários po-
dem influenciar a longevidade e o risco de 
desenvolvimento de determinadas doenças.
• Serviços de Saúde: a disponibilidade, o aces-
so e o uso dos serviços de saúde agem como 
fatores que podem colaborar na prevenção e 
tratamento de doenças, afetando a saúde.
• Gênero: homens e mulheres sofrem de dife-
rentes tipos de doenças em diferentes idades.
Em resumo, observamos que os determinantes da 
saúde passam por uma série de esferas, desde o com-
portamento individual (que na verdade também é 
afetado por uma série de outros fatores) até caracte-
rísticas socioeconômicas, culturais e ambientais, em 
que o indivíduo, de forma isolada, tem pouco ou ne-
nhum controle. Uma ilustração bastante didática e 
interessante dos determinantes da saúde é o popular 
modelo de Dahlgren e Whitehead (BUSS; PELLE-
GRINI FILHO, 2007). Veja a seguir:
Depois de estudarmos alguns diferentes conceitos 
de saúde, assim como o impacto das Transições De-
mográfica e Epidemiológica no cenário da saúde e 
das doenças do Brasil, vamos avançar e refletir sobre 
os fatores que determinam a saúde.
É muito comum a ideia de que um dos princi-
pais fatores que determinam a nossa saúde é repre-
sentado unicamente pelos nossos comportamentos 
voluntários. Essa ideia, que coloca praticamente 
toda a responsabilidade da saúde das pessoas nos 
próprios comportamentos, tem sido denominada 
“culpabilização do indivíduo”. Isto é, a pessoa que 
não faz atividade física, não se alimenta adequa-
damente, não realiza exames preventivos, dentre 
outras ações, deveria ser responsabilizada pela 
própria saúde. Apesar de ouvirmos frequente-
mente esse tipo de ideia entre amigos, familiares, 
na mídia e, até mesmo, entre profissionais da área, 
a “culpabilização do indivíduo” ignora uma varie-
dade de conhecimentos atuais sobre os determi-
nantes da saúde.
Atualmente, sabemos que a saúde de uma pes-
soa ou de uma população é influenciada por uma 
grande e complexa variedade de fatores. Segundo a 
Organização Mundial da Saúde (2017, on-line)6, em 
termos gerais, os determinantes da saúde incluem:
• o ambiente social e econômico;
• o ambiente físico;
• as características e comportamentos individuais.
Mais especificamente, a Organização Mundial da 
Saúde indica diversos aspectos que já são conheci-
dos por afetar a saúde de um indivíduo, comunidade 
ou população:
ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA 
28 
Com base nesses conhecimentos sobre os determi-
nantes da saúde, começamos a entender e visuali-
zar que o campo de atuação dos profissionais e in-
teressados na área da saúde é bem mais amplo do 
que costumamos imaginar. Ações e intervenções de 
saúde podem abranger desde uma “simples” oferta 
de atividade física em um espaço público até uma 
política de planejamento urbano para melhoria de 
ruas, calçadas e parques, para o estímulo do uso do 
transporte ativo, da caminhada no lazer etc.
Observe a imagem a seguir, que apresenta um 
condomínio de luxo situado ao lado de uma favela. 
Considerando o contraste das condições de mora-
dia, saneamento básico, presença de árvores, segu-
rança, acesso a possibilidades de lazer, dentre outros 
fatores, reflita sobre a influência dos determinantes 
estudados na saúde das pessoas. Você consegue fa-
zer uma lista de quais aspectos da saúde poderão ser 
influenciados, independentemente do comporta-
mento individual?
Figura 3 - Modelo dos Determinantes da Saúde, que inclui desde fatores pessoais, até fatores socioeconômicos, culturais e ambientais gerais
Fonte: Centro Cultural do Ministério da Saúde (2016, on-line)7. 
 29
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
Quando pensamos especificamente em relação à 
prática de atividades físicas, é interessante realizar-
mos uma análise similar. O comportamento da prá-
tica de atividades físicas é, por si só, um determinan-
te da saúde. Porém, o que será que determina esse 
comportamento?
Novamente, é comum ouvir, e nós mesmos pen-
sarmos, que a “culpa” de não fazer atividades físi-
cas se dá apenas por fatores pessoais, como falta de 
motivação ou, até mesmo, preguiça. Porém, imagine 
o seguinte cenário: considere duas pessoas que mo-
ram em cidades diferentes. Uma cidade possui níveis 
baixíssimos de violência, possui parques e praças 
iluminadas e com a presença de equipamentos de 
lazer; a prefeitura oferece uma variedade de espor-
tes e programas de atividade física gratuitos, possui 
um sistema de transporte público eficiente e barato, 
ruas e calçadas seguras, sem buracos, limpas, dentre 
outras características. O morador da outra cidade se 
encontra em um cenário em que a cidade é violenta, 
os poucos parques e praças não têm iluminação e 
manutenção nenhuma, há somente oferta de ativi-
dade física e esportes privados e caros, ruas e calça-
das são perigosas e mal cuidadas etc. Em qual cidade 
você acha que a população praticará mais ativida-
des físicas, desde caminhar até a padaria, brincar no 
parque, usar bicicleta ou mesmo praticar esportes? 
Na primeira ou na segunda?
Assim, após trilhar toda essa linha de estudos, finalizaremos esta unidade com o estudo de um conceito bas-
tante relevante e que tem ganhado grande atenção nas últimas décadas: a qualidade de vida.
ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA 
30 
Como vimos anteriormente, as Transições Demo-
gráfica e Epidemiológica estão resultando em uma 
população que possui maior longevidade (maior ex-
pectativa de vida), mas que tem apresentado elevado 
níveis de morbidade. Esse último é evidenciado pe-
los elevados e crescentes níveis de sobrepeso e obesi-
dade, hipertensão, diabetes, dentre outras condições 
crônicas na população. Assim, nos últimos anos, 
grande atenção tem sido direcionada à questão da 
qualidade de vida.
O conceito de qualidade de vida é definido por 
Nahas (2013, p. 14) como:
“a percepção de bem-estar resultante 
de um conjunto de parâmetros indivi-
duais e socioambientais, modificáveis 
ou não, que caracterizam as condições 
em que vive o ser humano.”
Qualidade 
de Vida
É interessante notar que, baseado no conceito ante-
rior, observamos que essa percepção de bem-estar 
(qualidade de vida) é subjetiva, resultante de uma 
combinação de fatores, fenômenos e situações que, 
após passar por um “filtro individual”, gera essa sen-
sação abstrata (NAHAS, 2013). Assim, uma mesma 
situação de vida, com fatores e fenômenos similares, 
pode gerar uma percepção de bem-estar e qualidade 
de vida diferente de pessoa para pessoa. O mesmo 
também pode ocorrer, em que pessoas vivendo em 
situações totalmente diferentes podem julgar que 
suas qualidades de vida são similares. Dentre os di-
versos fatores, fenômenos e situaçõesque podem 
afetar a qualidade de vida de uma pessoa ou de uma 
comunidade ou população, veja alguns considera-
dos bastante relevantes no quadro a seguir:
 31
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
Quadro 1 - Parâmetros socioambientais e individu-
ais que podem afetar a Qualidade de Vida
QUALIDADE DE VIDA
Parâmetros Socioam-
bientais Parâmetros Individuais
Moradia, transporte, 
segurança Hereditariedade
Assistência médica Estilo de Vida:
Condições de trabalho 
e remuneração • Hábitos alimentares
Educação • Controle do estresse
Opções de lazer • Atividade física habitual
Meio ambiente • Relacionamentos
Cultura • Comportamento preventivo
Fonte: Nahas (2013).
Conforme observado, a qualidade de vida reflete a 
percepção das pessoas sobre uma variedade de as-
pectos. Nas últimas décadas, questões relacionadas 
à saúde, mais especificamente ao estilo de vida, têm 
ganhado grande atenção e crescente importância 
quando falamos de qualidade de vida. Isso é mui-
to interessante, uma vez que nós, profissionais da 
saúde, temos grande influência no estilo de vida das 
pessoas. Assim, nosso foco principal serão os aspec-
tos da qualidade de vida que estão intimamente re-
lacionados ao estilo de vida.
Nos últimos anos, a questão da qualidade de vida 
ganhou muita notoriedade, principalmente quando 
considerada em relação aos cuidados de pacientes 
com doenças infecciosas graves, como AIDS, por 
exemplo, assim como com doenças crônicas não-
-transmissíveis, por exemplo, doenças cardiovascu-
lares, diabetes, hipertensão e câncer. Particularmente 
um aspecto do estilo de vida, a prática de atividade 
física habitual, hoje é considerada como um potente 
influenciador da qualidade de vida (NAHAS, 2013), 
sendo associada a:
• Maior capacidade de trabalho físico e mental.
• Mais entusiasmo para a vida.
• Positiva sensação de bem-estar.
• Menores gastos com saúde.
• Menor risco de doenças crônicas não-trans-
missíveis.
• Redução da mortalidade precoce.
Assim como previamente estudado em relação 
aos determinantes da saúde, o estilo de vida das 
pessoas, incluindo a prática habitual de atividade 
física, é influenciada por um conjunto comple-
xo de fatores. Nesse sentido, o conceito de estilo 
de vida pode ser entendido como um “conjun-
to de ações habituais que refletem as atitudes, os 
valores e as oportunidades na vida das pessoas” 
(NAHAS, 2013). Devido ao cenário atual da popu-
lação, advindos das transformações demográfica e 
epidemiológica, dentre outros fatores, atualmente 
o estilo de vida e seus diversos componentes são 
considerados essenciais para a saúde, bem-estar e 
qualidade de vida da população.
Uma forma bem simples e de fácil visualização 
para a avaliação de alguns aspectos do estilo de vida 
é o instrumento PERFIL DO ESTILO DE VIDA, 
derivado do modelo do Pentáculo do Bem-Estar 
(NAHAS et al, 2000). Esse instrumento inclui cinco 
aspectos do estilo de vida que estão relacionados ao 
bem-estar e à saúde. São eles: 
ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA 
32 
1) Alimentação
2) Atividade Física
3) Comportamento Preventivo
4) Relacionamentos
5) Controle do Estresse
Cada um dos cinco aspectos possui três itens para 
preenchimento, em uma escala que vai de 0 pontos 
(ausência total de tal característica no estilo de vida) 
até 3 pontos (completa realização do comportamen-
to considerado). O instrumento, que deve ser pre-
enchido por meio da pintura dos espaços de acordo 
com a escala de resposta, além de ser autoadminis-
trado, é bastante ilustrativo e de fácil visualização, 
uma vez que quanto mais colorida estiver a figura, 
mais adequado está o estilo de vida da pessoa, base-
ada nesses cinco aspectos (NAHAS, 2013). Confira, 
a seguir, o instrumento completo:
 33
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
PERFIL DO ESTILO DE VIDA
O ESTILO DE VIDA corresponde ao conjunto 
de ações habituais que refletem as atitudes, 
valores e oportunidades das pessoas. Essas 
ações têm grande influência na saúde geral e 
qualidade de vida de todos os indivíduos.
Os itens a seguir representam caracterís-
ticas do estilo de vida relacionadas ao bem-
-estar individual. Manifeste-se sobre cada afir-
mação considerando a escala:
[ 0 ] Absolutamente não faz parte do seu 
estilo de vida.
[ 1 ] Às vezes corresponde ao seu compor-
tamento.
[ 2 ] Quase sempre verdadeiro no seu 
comportamento.
[ 3 ] A afirmação é sempre verdadeira no 
seu dia a dia; faz parte do seu estilo de vida.
Componente: Alimentação
a. Sua alimentação diária inclui pelo menos 
5 porções de frutas e hortaliças.
b. Você evita ingerir alimentos gordurosos 
(carnes gordas, frituras) e doces.
c. Você faz 4 a 5 refeições variadas ao dia, 
incluindo um bom café da manhã.
Componente: Atividade Física
d. Seu lazer inclui a prática de atividades físi-
cas (exercícios, esportes ou dança).
e. Ao menos duas vezes por semana você 
realiza exercícios que envolvam força e 
alongamento muscular.
f. Você caminha ou pedala como meio de 
deslocamento e, preferencialmente, usa 
as escadas ao invés do elevador.
Componente: Comportamento Preventivo
g. Você conhece sua pressão arterial, seus 
níveis de colesterol e procura controlá-los.
h. Você se abstém de fumar e ingere álcool 
com moderação (ou não bebe).
i. Você respeita as normas de trânsito 
(como pedestre, ciclista ou motorista); 
usa sempre o cinto de segurança e, se di-
rige, nunca ingere álcool.
Componente: Relacionamentos
j. Você procura cultivar amigos e está satis-
feito com seus relacionamentos.
k. Seu lazer inclui encontros com amigos, 
atividades em grupo, participação em as-
sociações ou entidades sociais.
l. Você procura ser ativo em sua comunida-
de, sentindo-se útil no seu ambiente social.
ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA 
34 
Componente: Controle do Estresse
m. Você reserva tempo (ao menos 5 minu-
tos) todos os dias para relaxar.
n. Você mantém uma discussão sem alterar-
-se, mesmo quando contrariado.
o. Você equilibra o tempo dedicado ao tra-
balho com o tempo dedicado ao lazer.
Considerando suas respostas aos 15 itens, 
procure colorir a figura abaixo, construindo 
uma representação visual do seu Estilo de 
Vida atual
• Deixe em branco se você marcou zero 
para o item.
• Preencha do centro até o primeiro cír-
culo se marcou [ 1 ].
• Preencha do centro até o segundo cír-
culo se marcou [ 2 ].
• Preencha do centro até o terceiro círcu-
lo se marcou [ 3 ].
Alimentação
b
c
d
e
fm
l g
hk
j i
n
o
a
Controle do
estresse
Atividade
física
Comportamento
 Preventivo
Relacionamentos
Figura 4 - Pentáculo do bem-estar
Fonte: Nahas et al (2000).
Ao encerrar essa primeira Unidade, espero 
que você tenha ampliado a sua visão sobre 
saúde, desde o seu conceito, passando por 
como as transformações populacionais a afe-
tam, seus determinantes e sua estreita relação 
com a Qualidade de Vida. Tais conhecimentos, 
além de contribuir para a sua formação pro-
fissional, embasarão diversos aspectos das 
próximas unidades. Até breve!
A utilização do instrumento, que pode ser re-
alizada de maneira individual ou em grupo, 
analisando o perfil do grupo como um todo, 
permite identificar aspectos positivos e nega-
tivos do estilo de vida das pessoas, facilitando 
a visualização e reflexão, tanto pelo próprio 
avaliado como pelo avaliador (Profissional de 
Educação Física). Os resultados podem ser 
utilizados para a identificação de aspectos a 
serem mantidos, aprimorados ou iniciados. 
Assim, cabe ao profissional, em posse dos 
resultados, identificar e elaborar estratégias 
para o aprimoramento dos diferentes aspec-
tos, a fim de melhorar o estilo de vida das pes-
soas e, consequentemente, seu bem-estar e 
qualidade de vida.
 35
considerações finais
Caro(a) aluno(a), aqui encerramosa Unidade I. 
No primeiro Tópico (“O que é Saúde”), vimos algumas diferentes conceitu-
ações para o termo “Saúde”. Discutimos que Saúde não é apenas a ausência de 
doenças e que o atual conceito da Organização Mundial de Saúde é questionável, 
uma vez que raramente temos um completo bem-estar físico, emocional e social. 
Assim, apresentei um modelo de Saúde como um “contínuo”, que se revela dinâ-
mico, de acordo com as situações e comportamentos. 
No segundo Tópico (“Transições Demográfica e Epidemiológica”), estuda-
mos o que são essas transições, seus principais componentes e como elas estão 
afetando as características populacionais do Brasil, tanto em termos de idade, 
como em termos de mortalidade e morbidade. Ainda, apesar de inicialmente 
estudarmos as transições separadamente, vimos que, na verdade, elas estão co-
nectadas. A alteração na mortalidade afeta características da população que, 
por sua vez, afetam novamente o perfil das doenças e da mortalidade, forman-
do um ciclo.
O terceiro Tópico (“Determinantes da Saúde”) foi dedicado a melhor com-
preendermos o que determina a saúde de um indivíduo, comunidade ou popula-
ção. Vimos que a saúde depende de muitos fatores, como a renda, educação, am-
biente físico, aspectos sociais, fatores genéticos, serviços de saúde, dentre outros. 
Assim, a “culpabilização do indivíduo” por sua saúde é uma abordagem muito 
rasa e simplista.
Por fim, o quarto Tópico (“Qualidade de Vida”) foi dedicado à questão da 
Qualidade de Vida, que tem ganhado bastante atenção devido às transformações 
populacionais que vivenciamos. Além de conceituar e estudar alguns fatores do 
estilo de vida que afetam a Qualidade de Vida, conhecemos o “Perfil do Estilo de 
Vida”, um instrumento simples e prático para os profissionais utilizarem.
Até breve!
36 
atividades de estudo
1. Considere o seguinte conceito de Saúde: “Saúde é a ausência de doenças”. 
Descreva as limitações desse conceito, ilustrando suas explicações 
com exemplos práticos.
2. Atualmente, a Organização Mundial da Saúde conceitua a Saúde como “Es-
tado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausên-
cia de doenças”. Qual é a principal palavra dessa conceituação que não 
parece adequada para o mundo real? Explique.
3. Em relação a Transição Demográfica, assinale Verdadeiro (V) ou Falso (F).
( ) Pode ser observada pela alteração no perfil das doenças e causas de morte.
( ) Pode ser observada pela alteração no perfil da população, vista na pirâmide etária, 
com crescente proporção de idosos.
( ) Alteração na dinâmica de crescimento da população.
( ) Alteração no perfil de mortalidade e morbidade da população.
( ) É caracterizada pela redução das doenças infecciosas e aumento das doenças crô-
nicas não-transmissíveis.
( ) Influenciada principalmente pelas taxas de natalidade (nascimentos) e expec-
tativa de vida.
4. Em relação a Transição Epidemiológica, assinale Verdadeiro (V) ou Falso (F).
( ) Pode ser observada pela alteração no perfil das doenças e causas de morte.
( ) Pode ser observada pela alteração no perfil da população, vista na pirâmide etária, 
com crescente proporção de idosos.
( ) Alteração na dinâmica de crescimento da população.
( ) Alteração no perfil de mortalidade e morbidade da população.
( ) É caracterizada pela redução das doenças infecciosas e aumento das doenças crô-
nicas não-transmissíveis.
( ) Influenciada principalmente pelas taxas de natalidade (nascimentos) e expec-
tativa de vida.
5. Considerando as diversas esferas dos Determinantes da Saúde, indique 
pelo menos três parâmetros socioambientais e três parâmetros indi-
viduais que têm relação com a Qualidade de Vida.
 37
LEITURA
COMPLEMENTAR
Leia as seguintes passagens de um artigo de opinião bastante interessante sobre o 
tema do envelhecimento populacional e suas consequências.
O envelhecimento da população mundial é um fato incontestável. É praticamente con-
senso, também, que o ritmo deste processo nas próximas décadas será particularmen-
te acelerado em países que, como o Brasil, se encontram em vias de desenvolvimento. 
[...] Entre 2000 e 2025 estima-se que a proporção da população com 60 anos e mais 
aumente de 8% para 15% e subsequentemente para 24% no ano 2050 (Nações Unidas, 
2005a). Embora esta proporção se encontre ainda muito aquém da observada nos paí-
ses mais desenvolvidos, este aumento proporcional irá representar, em termos absolu-
tos, um incremento da ordem de 45 milhões de pessoas idosas na população.
O envelhecimento contínuo de uma população traz uma série de implicações que afe-
tam, direta ou indiretamente, diferentes esferas de sua organização social, econômica 
e política. [...]
Em algumas áreas, como é o caso da saúde, as conseqüências deste fenômeno se fa-
zem sentir de forma mais clara e imediata. O impacto de uma crescente massa de 
população idosa não somente sugere a necessidade de desenvolvimento de técnicas 
e metodologias de atendimento diferenciado, mas passa também pela questão funda-
mental da utilização mais intensiva dos serviços e equipamentos de saúde por parte da 
população em idades mais avançadas. [...]
É sabido, portanto, que as transformações demográfi cas e epidemiológicas irão resul-
tar em mudanças dramáticas no quadro de demandas na área de saúde. Entre as prin-
cipais mudanças está, sem dúvida, o aumento considerável na demanda por cuidados 
continuados de pessoas idosas. [...] 
Recentemente, a Organização Mundial da Saúde adotou o termo “envelhecimento 
ativo” para expressar a idéia de que uma vida mais longa deve vir acompanhada por 
oportunidades contínuas de saúde, participação e segurança (Organização Mundial da 
Saúde, 2002). A palavra “ativo”, no caso, refere-se não somente à prática de atividades 
físicas ou à participação no mercado laboral, mas também à participação contínua em 
assuntos sociais, econômicos, cívicos, culturais e espirituais. [...]
38 
LEITURA
COMPLEMENTAR
A defi nição de “saúde” adquire uma maior abrangência dentro deste conceito, pas-
sando a referir-se não somente ao bem-estar físico, mas também ao bem-estar men-
tal e social. Portanto, dentro de um contexto de envelhecimento ativo, programas e 
políticas voltadas à promoção de saúde mental e ao incremento de conexões sociais 
passam a ser tão importantes quanto aquelas dedicadas à melhoria das condições 
de saúde física.
Manter autonomia e independência à medida que se envelhece é a meta primordial 
tanto para os próprios indivíduos que envelhecem quanto para os setores de planeja-
mento na área de saúde. Neste sentido, todas as estratégias de promoção de saúde e 
prevenção de doenças que contribuam para diminuir o risco da perda de autonomia do 
indivíduo idoso constituem peças fundamentais das políticas de planejamento em saú-
de. Em particular, reconhece-se que, em todas as idades, a prática de atividades físicas 
está diretamente associada a uma melhor qualidade de vida. Para pessoas de idades 
mais avançadas, existe uma crescente evidência científi ca indicando a atividade física 
como um fator importante no prolongamento dos anos de vida ativa e independente, 
na redução das incapacidades e na melhoria da qualidade de vida em geral (Pelaez, 
2002). Embora as evidências sejam claras, elas raramente têm se traduzido em planos 
de ação nacionais direcionados a criar oportunidades de atividades físicas para pessoas 
idosas como uma medida de saúde pública. [...]
Fonte: Saad ([2017], on-line).
 39
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
Vídeo bastante didático sobre os Determinantes Sociais da Saúde que, por meio de um exem-
plo prático, explica como a nossa saúde depende de fatores que vão além do comportamen-
to individual.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=79z4Thkuw90>
40 
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6 Em: <http://www.who.int/hia/evidence/doh/en/>. Acesso em: 07 nov. 2017.
7 Em: <http://www.ccs.saude.gov.br/sus/determinantes.php>. Acesso em: 07 nov. 2017.
 41
gabarito
1. As principais limitações desse conceito se dão pelo fato de que não possuir nenhu-
ma doença específica diagnosticada (“ausência de doenças”) não significa, necessa-
riamente, que a pessoa seja saudável. Apesar de não ter nenhuma doença específi-
ca, alguém pode apresentar, por exemplo, tristeza, cansaço, angústia, possuir uma 
deficiência física, ser amputada, possuir baixa aptidão cardiorrespiratória, baixos 
níveis de força, baixa capacidade funcional, ser incapaz de realizar as atividades 
de vida diária de forma independente, fumar, se alimentar de forma inapropriada, 
dentre outros.
2. A principal palavra dessa conceituação que não parece adequada para o mundo real 
é a palavra “completo”. Isso se dá pelo fato de que é praticamente impossível que 
algum de nós consiga passar um mês, uma semana ou mesmo um dia inteiro em um 
“completo” bem-estar físico, mental e social. Sempre haverá algum problema, pe-
queno ou grande, que afetará o nosso dia a dia. Um estado “dinâmico” de bem-estar 
é mais realista.
3. F, V, V, F, F, V.
4. V, F, F, V, V, F.
5. Enquanto o tópico “Determinantes da Saúde” explora bastante o tema, há um qua-
dro no tópico “Qualidade de Vida” que apresenta diversos parâmetros socioambien-
tais e individuais.
Professor Dr. Bruno de Paula Caraça Smirmaul
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta 
unidade:
• Perspectiva Evolutiva da Atividade Física
• Tecnologia e (In)Atividade Física
• Passado e Presente dos Conhecimentos sobre Atividade 
Física e Saúde
Objetivos de Aprendizagem
• Entender como a evolução nos ajuda a compreender a 
atual relação entre a Atividade Física e a Saúde.
• Visualizar e refl etir sobre os efeitos da tecnologia na (In)
Atividade Física.
• Conhecer um pouco da trajetória do conhecimento 
na área de Atividade Física e Saúde e suas diferentes 
possibilidades atuais.
ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE
II
unidade
INTRODUÇÃO
Caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a)! Na Unidade II, abordaremos três 
tópicos principais de estudo. 
O primeiro Tópico (“Perspectiva Evolutiva da Atividade Física”) ser-
virá como base para toda a estrutura seguinte de nossos estudos. Isso 
acontece porque compreenderemos como a evolução humana, em ter-
mos de movimento corporal e demandas de atividades do dia a dia, nos 
ajuda a entender grande parte da relação entre a prática de atividades 
físicas e seus efeitos na saúde que conhecemos atualmente. Para isso, re-
alizaremos uma jornada ao longo de diversas eras da evolução humana e 
veremos como a necessidade de movimento corporal de nosso dia a dia 
se alterou ao longo do tempo.
No segundo Tópico (“Tecnologia e (In)Atividade Física”), refletire-
mos sobre o impacto da tecnologia atual nos níveis de atividade física 
da população em geral, com diversos exemplos práticos e reflexões de 
como isso tem alterado o nosso cotidiano. Especificamente, abordare-
mos como a tecnologia tem impactado o nosso gasto energético, com 
implicações não somente para a gordura corporal, mas também para a 
saúde em geral. Para isso, analisaremos o gasto energético de diversas 
atividades de nosso dia a dia, com e sem a utilização da tecnologia atual, 
e como isso pode impactar em nosso gasto energético total ao longo de 
um dia. Ainda, veremos o quanto precisaríamos praticar de atividades 
físicas específicas para compensar tal diferença.
Por fim, no terceiro Tópico (“Passado e Presente dos Conhecimentos 
sobre Atividade Física e Saúde”), abordaremos como se deu a trajetória 
do conhecimento na área de Atividade Física e Saúde. Além disso, co-
nheceremos alguns temas específicos nos quais o conhecimento tem se 
aprofundado, o que nos permite expandir nosso horizontes e possibilida-
des de atuação profissional. 
Bons estudos!
ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA 
46 
Perspectiva Evolutiva da 
Atividade Física
Imagine o dia a dia de uma pessoa que acorda cedo, 
utiliza seu veículo para ir ao trabalho, trabalha por 
cerca de 8 horas sentada em um escritório, volta para 
sua casa e gasta algumas horas da noite em ativida-
des de lazer antes de dormir, geralmente sentado na 
frente da TV, computador ou celular. Qual a quanti-
dade de movimento corporal que essa pessoa realiza 
diariamente? Provavelmente, muito pouco! E, atual-
mente, essa é a realidade de um número enorme de 
pessoas no Brasil e no mundo. Porém, esse cenário 
nem sempre foi assim. A seguir, utilizarei a linha de 
raciocínio que desenvolvi em um recente trabalho 
(SMIRMAUL, 2017), para analisarmos a evolução 
dos níveis de atividade física do homem.
Ao longo da evolução humana, desde que de-
senvolvemos a capacidade de locomoção bípede, o 
movimento corporal foi um componente essencial 
para a sobrevivência humana e altamente presente 
no dia a dia de nossos antepassados. As atividades 
essenciais para a sobrevivência envolviam altas e fre-
quentes quantidades de movimento corporal, como 
procurar/explorar por água, coletar e caçar alimen-
tos, fugir de predadores, além da locomoção em si 
de uma forma geral (LIEBERMAN, 2011). Esse pa-
drão de vida, com elevada quantidade e frequência 
de movimento corporal, perdurou por cerca de 2 
milhões de anos (SMIRMAUL, 2017).
Figura 1 – Ilustração do padrão de vida de nossos antepassados, que 
envolviagrande quantidade de movimento corporal no dia a dia com 
atividades essenciais para a sobrevivência
Fonte: Wikimedia Commons (2017, on-line)1.
 47
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
Após a Revolução da Agricultura, cerca de 10 
mil anos atrás, o padrão de vida das pessoas se 
alterou substancialmente. Apesar disso, a neces-
sidade de movimento corporal na rotina conti-
nuou bastante elevada. Mesmo após a Revolução 
Industrial - outro marco histórico que ocorreu 
cerca de 200 anos atrás -, as atividades diárias das 
pessoas ainda envolviam grandes quantidades de 
movimento.
Foi apenas após a Mecanização das Atividades Di-
árias, com início cerca de 60 anos atrás, e da Revo-
lução Digital, aproximadamente 30 anos atrás, que 
a necessidade de movimento corporal em nosso dia 
a dia se alterou drasticamente, com uma grande re-
dução dessa necessidade. O movimento, que estava 
integrado em praticamente todas as atividades do 
passado, foi substancialmente reduzido devido aos 
avanços tecnológicos das últimas décadas.
Figura 2 - Ilustração do padrão de vida após a Revolução da Agricultura 
(imagem 1), cerca de 10 mil anos atrás, e após a Revolução Industrial 
(imagem 2), cerca de 200 anos atrás
Fonte: Wikimedia Commons (2017, on-line)2 e Wikimedia Commons 
(2017, on-line)3.
Figura 3 - Ilustração do padrão de vida após a Mecanização das Ativi-
dades Diárias (imagem 1), com início cerca de 60 anos atrás, e após a 
Revolução Digital (imagem 2), cerca de 30 anos atrás e em que vivemos 
atualmente
Fonte: Wikimedia Commons (2017, on-line)4. 
1 1
2 2
ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA 
48 
Por que analisar toda a evolução do homem e 
sua relação com o movimento? Porque é justamente 
por meio dessa análise que conseguimos entender 
a relação entre a atividade física e a saúde humana. 
Para melhor entender essa relação, recentemente 
eu criei o “Calendário da Atividade Física” (SMIR-
MAUL, 2017), uma forma pedagógica para melhor 
visualizar as alterações dos níveis de atividade física 
ao longo da evolução humana. Em resumo, eu com-
primi cerca de 2 milhões de anos (desde quando 
nossos antepassados eram caçadores-coletores) em 
um calendário de 1 ano (365 dias). Nesse calendá-
rio, o dia 01 de Janeiro representa 2 milhões de anos 
atrás, enquanto o dia 31 de Dezembro, às 00:00h 
(meia-noite), representa o dia de hoje.
Nesse calendário (acompanhe a tabela a se-
guir para melhor compreensão), podemos obser-
var alguns dados impressionantes. Por exemplo, a 
Mecanização da Vida Diária e a Revolução Digi-
tal, que reduziram drasticamente a necessidade de 
movimento corporal, somente ocorreram depois 
de mais de 71 mil gerações. E, desde então, apenas 
2 gerações se sucederam. Nos termos do calendá-
rio, é como se tivéssemos vivido do dia 01 de Janei-
ro até o dia 31 de Dezembro às 23h44 com muito 
movimento (atividade física) em nosso dia a dia. 
Isto é, apenas nos últimos 16 minutos, ou 0,003% 
do tempo de nossa evolução, os níveis de atividade 
física declinaram radicalmente. Confira todos os 
detalhes da Tabela 1:
Tabela 1 - Calendário da Atividade Física
Caçadores-Coletores
(2 milhões de anos atrás)
01 de Janeiro a 30 de 
Dezembro 04h00 71.400 gerações 99,5% do tempo
Revolução da Agricultura
(10 mil anos atrás) 1 dia e 20h atrás 350 gerações 0,5% do tempo
Revolução Industrial
(200 anos atrás) 1h atrás 7 gerações 0,01% do tempo
Mecanização da Vida Diária
(60 anos atrás) 16 minutos atrás 2 gerações
0,003% do 
tempo
Revolução Digital
(30 anos atrás) 8 minutos atrás 1 geração
0,0015% do 
tempo
Fonte: adaptada de Smirmaul (2017).
Você pode estar se perguntando: “ok, todas essas in-
formações são muito interessantes, mas como isso 
me ajuda a entender a relação entre a atividade física 
e a saúde?”. A resposta para essa pergunta advém da 
compreensão de que todos os nossos sistemas cor-
porais sofreram, por milhares de anos e milhares de 
gerações, pressões evolutivas em um ambiente com 
alta necessidade e frequência de movimento cor-
poral e, ao mesmo tempo, de escassez de alimento. 
Em outras palavras, adaptações em nossos sistemas 
corporais, que favoreciam a sobrevivência e repro-
dução nesse ambiente (altos e frequentes níveis de 
movimento e escassez de alimento), eram passadas 
de geração para geração.
 49
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
Sendo assim, nossos sistemas corporais são 
muito eficientes em conservar energia e a respon-
der (se adaptar) a altos e frequentes níveis de ativi-
dade física. O primeiro ponto pode ser observado 
em nossa capacidade de acumular gordura frente 
ao consumo excessivo de alimento, enquanto o se-
gundo ponto é observado na incrível capacidade de 
adaptação frente à atividade física. Porém, desde a 
Mecanização da Vida Diária (60 anos atrás) e, ain-
da mais, após a Revolução Digital (30 anos atrás), 
a redução da necessidade de movimento pelas pes-
soas tem causado um desequilíbrio de nossos siste-
mas corporais. Juntamente com a disponibilidade 
“ilimitada” de alimento em nosso dia a dia, a falta 
de atividade física gera, por exemplo, problemas 
como o acúmulo de gordura. Características que 
antigamente eram uma vantagem para a sobrevi-
vência, agora são uma grande preocupação devido 
às mudanças em nosso estilo de vida. 
Atualmente, já sabemos que a falta de movimen-
to corporal (atividade física) está associada a mais de 
35 condições de saúde (veja a Figura 4), envolvendo 
os sistemas cardiorrespiratório, muscular, nervoso, 
reprodutivo, digestivo, imune, ósseo e endócrino 
(BOOTH et al, 2012; BOOTH et al, 2017). Gran-
de parte desses problemas ocorre porque os nossos 
sistemas corporais “precisam” de, relativamente, al-
tos e frequentes estímulos advindos do movimento 
corporal (atividade física) para o seu bom funciona-
mento. A condição de baixos níveis de movimento 
não é algo para o qual nosso organismo está adap-
tado, sendo esse o motivo pelo qual, atualmente, 
grande parte dos problemas crônicos de saúde estão 
relacionados à falta de atividade física.
Diabetes
Obesidade
Síndrome
Metabólica
Osteoporose
Osteoartrite
Quedas
Fraturas
Artrite Reumatóide
Dor
Esteatose Hepática
Câncer de Cólon
Diverticulite
Constipação
Câncer de Mama
Ovário Policístico
Diabetes Gestacional
Disfunção Erétil
Etc...
Atro�a
Sarcopenia
Cardiorrespiratório
En
dó
cri
no
Ó
ss
eo
Muscular
Imune
Digestivo
INATIVIDADE
FÍSICA
Re
pr
od
ut
ivo
N
ervoso
Disfunção Cognitiva
Depressão
Ansiedade
Infarto do Miocárdio
Hipertensão
Derrame
Aterosclerose
Doença Arterial
Periférica
Etc...
Figura 4 - A falta de movimento corporal (atividade física) está associada 
a mais de 35 condições de saúde, envolvendo diversos sistemas corporais 
Fonte: adaptada de Booth et al (2017).
Três linhas de raciocínio de que o corpo hu-
mano é “desenhado” para a atividade física:
1. O organismo humano é capaz de se adap-
tar a uma variedade de demandas metabó-
licas impostas pelos esforços de diferentes 
atividades físicas.
2. Baixos níveis de atividade física estão asso-
ciados a um maior risco de doenças (prin-
cipalmente doenças crônicas) e a morte 
prematura.
3. A história evolutiva nos mostra que nossos 
antepassados não teriam sobrevivido sem 
a capacidade de realizar relativamente al-
tos e frequentes níveis de atividades físicas.
Fonte: adaptado de Bouchard et al (2007).
SAIBA MAIS
ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA 
50 
Avanços tecnológicos fazem parte da história da hu-
manidade e têm alterado substancialmente diversos 
aspectos de nossas vidas, como as áreas de saúde, 
transportes, informação, ciência, lazer, educação, 
dentre outras. Geralmente, tais avanços tecnológi-
cos aprimoram componentes de nosso cotidiano, 
tornando-o mais eficiente, mais prático, mais con-
fortável, mais prazerosoetc. Quando pensamos no 
impacto na atividade física, não há dúvida que avan-
ços tecnológicos podem ter facilitado o acesso à prá-
tica. Porém, quando visualizamos o cenário como 
um todo, verificamos que a tecnologia tem causado 
diminuições, de uma forma geral, nos níveis de ati-
vidade física das pessoas.
Tecnologia e
(in) Atividade Física
Para refletir melhor sobre isso, vamos imaginar 
o impacto da tecnologia em quatro momentos de 
nossas vidas bastante comuns quando o assunto é 
atividade física: trabalho, transporte, doméstico e 
lazer. O trabalho, independentemente se realizado 
no campo ou nas cidades, era predominantemente 
manual, ou seja, exigia relativamente altos níveis 
de esforço. Com o passar do tempo, a substituição 
por máquinas, automatizações e mudanças no tipo 
de trabalho (trabalhos de escritório, por exemplo) 
vêm exigindo cada vez menos esforço físico. Na 
área de transportes, a locomoção, antes realizada 
a pé ou de bicicleta, tem sido substituída majo-
ritariamente por meios automotivos. Atividades 
 51
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
domésticas, como lavar roupa e limpar a casa, por 
exemplo, são facilitadas e alteradas cada vez mais 
pelos avanços tecnológicos, de modo a facilitar sua 
execução. Por fim, as opções de lazer, que se am-
pliaram muito, sofrem uma forte tendência tecno-
lógica, como celulares, videogames, televisão (ne-
tflix, por exemplo), dentre outros, sendo a maior 
parte atividades sedentárias e envolvendo pouco 
movimento corporal.
Assim, temos um cenário em que os avanços tec-
nológicos, parte integral e essencial do desenvolvi-
mento humano e que têm impactado positivamente 
diversos aspectos de nossas vidas (inclusive a saúde), 
também têm causado um efeito inesperado. Esse 
efeito é a progressiva diminuição da necessidade de 
esforços físicos na maioria das atividades de nosso 
cotidiano (NG; POPKIN, 2012), levando a um qua-
dro de altos índices de sedentarismo. O grande pro-
blema é que, como visto anteriormente, nosso orga-
nismo necessita de movimento.
ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA 
52 
Um interessante estudo (LANNINGHAM-FOSTER 
et al, 2003) intitulado “Trabalho, economizando 
calorias perdidas: o impacto energético dos equi-
pamentos domésticos” (tradução pessoal), nos dá 
uma boa perspectiva de como os avanços tecnoló-
gicos têm impacto nossos níveis de atividade física. 
Os pesquisadores compararam a diferença de gasto 
energético entre quatro atividades:
1. Lavar roupa à mão x máquina de lavar.
2. Lavar louças à mão x lavar máquina de lavar 
louças.
3. Subir alguns andares de escada x subir de 
elevador.
4. Ir ao trabalho a pé x ir de carro.
Os resultados mostraram que, juntando o gasto 
energético despendido das atividades sem e com os 
“avanços tecnológicos”, temos um gasto energético 
de 111 kcal/dia superior quando essas atividades 
são realizadas sem o suporte tecnológico (LAN-
NINGHAM-FOSTER et al, 2003). Interessante-
mente, essa diferença de gasto energético é equiva-
lente a uma caminhada leve de cerca de 45 minutos. 
É importante notar que tamanha diferença se deu 
apenas com a análise de quatro atividades, longe de 
considerar todas as atividades que desenvolvemos 
em nosso dia a dia.
Para ampliar essas informações e trazer para uma 
situação real, a seguir, eu mostrarei informações que 
apresentei em uma palestra do 4º Congresso de Edu-
cação Física IFSULDEMINAS/UEMG, em Setembro 
de 2017. Para essa palestra, eu levantei algumas infor-
mações sobre a rotina de meu pai (hoje com 61 anos) 
quando ele tinha 24 anos de idade, em 1980. Após 
isso, fiz uma comparação com as atividades que realiza 
hoje, em 2017. Para a estimativa do gasto energético 
dessas atividades, eu utilizei o “Compêndio de Ativi-
dades Físicas” ([2017], on-line)5. Veja a tabela a seguir:
Tabela 2 - Comparação do gasto energético de dife-
rentes atividades do dia a dia de um adulto em 1980 e 
em 2017
1980 Kcal 2017 Kcal
Bicicleta para 
o Transporte 400 Kcal
Carro para o 
Transporte 200 Kcal
Atividades no 
Trabalho (4h 
de atividades 
moderadas e 
4h sentado)
1500 Kcal
Atividades 
no Trabalho 
(8h sentado)
880 Kcal
Atividades de 
Lazer (Futebol) 140 Kcal
Atividades 
de Lazer (TV) 40 Kcal
Total 2040 Kcal Total 1220 Kcal
DIFERENÇA 
DE 820 Kcal
Fonte: o autor.
Apesar da análise envolver grande parte do dia a dia 
(8h de trabalho), ainda assim há atividades rotineiras 
que foram impactadas pelos avanços tecnológicos e, 
provavelmente, contribuem para reduzir ainda mais 
o gasto energético total. Além disso, independen-
temente da tecnologia, há comportamentos, ações, 
ambientes e situações que podem impactar a quan-
tidade de movimento e, consequentemente, de gas-
Ao mesmo tempo que os avanços tecnológi-
cos trouxeram melhorias em diversas áreas, 
inclusive na área da saúde, esses mesmos 
avanços reduziram drasticamente a necessi-
dade de movimento corporal em nosso dia a 
dia. Para onde essa situação paradoxal levará 
nossa saúde?
REFLITA
 53
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
to energético ao longo do dia. Confira mais alguns 
exemplos na Tabela 3:
Tabela 3 - Comparação do gasto energético de dife-
rentes atividades de nosso dia a dia
Subir 6 andares 
de escada 48 Kcal
Subir 6 andares 
de elevador
1,2 
Kcal
Estacionar e ir em 
um restaurante
23 Kcal
Pegar comida no 
drive-through
5 Kcal
Falar ao telefone 
em pé (30 min)
20 Kcal
Falar ao telefone 
reclinado (30 min)
4 Kcal
Andar com ca-
chorro (30 min)
125 Kcal
Jogar a bolinha e 
esperar sentado 
(30 min)
45 Kcal
Total 216 Kcal Total 55 Kcal
DIFERENÇA DE 
161 Kcal
Fonte: o autor.
Após essa ilustração prática de atividades individu-
ais, é interessante olharmos para o cenário como um 
todo. Assim, evidências que utilizaram informações 
dos quatro domínios comentados anteriormente 
(trabalho, doméstico, transporte e lazer) demons-
tram que, do ano de 1965 para o ano de 2009, o 
gasto energético médio das pessoas relacionado às 
atividades físicas caiu de 2467 Kcal para 1680 kcal, 
ou seja, uma queda de, aproximadamente, 800 Kcal 
(NG & POPKIN, 2012). Projeções para o ano de 
2030 estimam que o declínio continuará, com valo-
res médios chegando a 1323 Kcal.
Não há dúvidas de que a prática de exercícios fí-
sicos e esportes podem compensar pela redução do 
movimento causado pela tecnologia, porém, para 
um gasto adicional de cerca de 1000 Kcal por dia, 
confira, em média, a quantidade de atividades que 
precisariam ser feitas diariamente:
• 4 horas de caminhada em intensidade mo-
derada;
• 2 horas e 30 minutos de pilates em intensida-
de vigorosa;
• 2 horas de musculação em intensidade vigorosa;
• 1 hora e 40 minutos de bicicleta em intensi-
dade moderada;
• 1 hora e 20 minutos de corrida a 10 km/h.
Apesar do gasto energético ser um importante fa-
tor relacionado ao ganho de gordura, por exem-
plo, é importante destacar que a redução do gasto 
energético se dá pela redução das atividades físi-
cas (movimento). Dessa forma, olhar apenas para 
o gasto energético é demasiado simplista, uma vez 
que, como vimos anteriormente, baixos níveis de 
atividade física impactam mais de 35 condições de 
saúde (BOOTH et al, 2012; BOOTH et al, 2017). 
Dentre essas condições, podemos destacar algu-
mas muito populares e que afetam a população 
em geral, como a hipertensão, a aterosclerose, o 
infarto do miocárdio, a sarcopenia, a depressão, 
a diabetes, a obesidade, a síndrome metabólica, a 
osteoporose, dentre outras.
Faça uma análise de todas as atividades do 
seu dia a dia, desde o momento que acorda 
até o momento em que vai dormir, incluindo 
o transporte, o trabalho, atividades domésti-
cas e o lazer. Quais atividades poderiam ser 
substituídas ou alteradas para incluir mais 
movimento?
REFLITA
ATIVIDADE FÍSICA

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