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ESTRUTURAS EM ROCHAS A geologia estrutural, disciplina das Ciências da Terra, estuda os processos deformacionais da litosfera e as estruturas decorrentes dessas deformações. Investiga, de maneira detalhada, as formas geométricas que se desenvolvem em decorrência do dinamismo do nosso planeta, abrangendo da escala microscópica à macroscópica, portanto, deformações desde a escala dos cristais formadores de rochas até a escala continental, neste último caso voltando-se ao exame do deslocamento de blocos de grandes dimensões. Do ponto de vista científico, os estudos em geologia estrutural tem mostrado que nosso planeta é dinâmico e que vivemos sobre placas litosféricas de dimensões continentais, que se movem de maneira lenta e contínua. Esta movimentação é, em grande parte, responsável pela formação das estruturas geológicas. Do ponto de vista prático, muitas destas estruturas são responsáveis pelo armazenamento de hidrocarbonetos (petróleo e gás), água, minérios etc. São importantes também em obras de engenharia civil, onde o levantamento das estruturas geológicas constitui a base para as grandes obras de engenharia, como barragens, pontes, túneis, estradas etc. AMBIENTE DEFORMACIONAL PROFUNDO E SUPERFICIAL Fatores físicos, como a temperatura e a pressão hidrostática/litostática, são função da profundidade na crosta terrestre e permitem distinguir dois domínios deformacionais distintos: o superficial e o profundo. Estes domínios deformacionais são caracterizados pela formação de estruturas geológicas distintas. [1] Rúptil - perda de coesão (quebra) de um corpo sobre influência de uma deformação. [2] Dúctil - mudança permanente na forma ou no tamanho não voltando quando a deformação acaba. Domínio superficial - caracteriza-se por uma deformação essencial rúptil[1]. Formação de falhas, fendas e fraturas marcadas por planos de descontinuidades. Domínio profundo - caracteriza-se por uma deformação essencial dúctil[2]. Entendida como deformação sem perda de continuidade, porém, a rocha sofre distorção. Portanto estruturas formadas a cerca de 40 km de profundidade, com pressões da ordem de 10 kilobares e temperaturas de 800º a 1.000ºC são muito diferentes de estruturas formadas em subsuperfície. Deformação dúctil (plástica) Deformação rúptil FATORES QUE AFETAM A DEFORMAÇÃO Alguns fatores determinam o quanto a rocha vai se deformar ou falhar, isto depende da reologia do material. Algumas rochas são mais duras que outras, isto é resultando da assembléia mineral e da coesão entre os grãos. Assim, podemos classificar as rochas em: Competentes - rochas que deformam unicamente por grandes estresses; Incompetentes - rochas que deformam com pouco ou moderado estresse. São relevantes os fatores como temperatura, pressão, taxa de estresse e tipo de rocha. TIPOS DE DEFORMAÇÕES - DOBRAS As dobras são deformações dúcteis que afetam corpos rochosos da crosta terrestre. São caracterizadas por ondulações de dimensões variáveis e podem ser quantificadas individualmente por parâmetros como amplitude e comprimento de onda. A sua formação se deve à existência de uma estrutura planar anterior, que pode ser o acamamento sedimentar ou a foliação metamórfica (clivagem, xistosidade, bandamento gnáissico). O estudo das dobras pode ser conduzido em três escalas: macroscópica, mesoscópica e microscópica. A escala microscópica corresponde à escala de estudo em que a estrutura é observada com auxílio de microscópio ou lupa (fig. 1). Na escala mesoscópica a estrutura é visualizada de modo contínuo desde amostras na escala de mão até afloramento, ou maior ainda (Fig. 2). Na escala macroscópica a estrutura observada é produto da integração e reconstrução de afloramentos (Fig. 3), sendo, em geral, representada em perfis ou mapas geológicos (Fig. 4). Figura 1 - Grãos de granada envolto por grãos deformados de biotita. Figura 2 - Arenito com camadas dobradas. Figura 3 - Afloramento de granito dobrado. Figura 4 - Perfil esquemático de dobra anticlinal de diferentes tipos de rochas. Dobras – deformações dúcteis Dobras tectônicas: relacionadas com a dinâmica interna da Terra, associada a processos tectônicos Dobras Dobras Fig. 11.1 Dobras Dobras Dobras Dobras atectônicas: são formadas na superfície ou próximo a esta, desencadeada pela ação da gravidade. FALHAS As falhas resultam de deformações rúpteis nas rochas da crosta terrestre. São expressas por superfícies descontínuas com deslocamento diferencial de poucos cm a dezenas e centenas de km, sendo esta a ordem de grandeza para o deslocamento nas grandes falhas. A condição básica para a existência de uma falha é que tenha ocorrido deslocamento ao longo da superfície. São feições comuns em cadeias de montanhas modernas e antigas e aparecem em diferentes estágios de sua evolução. As falhas são encontradas em vários ambientes tectônicos, sendo associadas a regimes deformacionais compressivos (Fig. 5), distensivos (Fig. 6) e cisalhantes (Fig. 7). Podem ser rasas ou profundas. No primeiro caso afetam camadas superficiais da crosta, sendo muitas vezes ligadas à dinâmica externa do planeta. A atividade sísmica (rasa ou profunda) pode também formar estruturas superficiais. No segundo caso, podem atravessar toda a litosfera, passando a se constituir em limite de placas litosféricas, sendo então referidas como falhas transformantes, como a falha de San Andreas na costa oeste dos EUA. Figura 5 - Falha do tipo thrust, onde aparece o cavalgamento de camadas. Figura 6 - movimentação de porções da crosta continental gerando falhas reversas em limites distensivos. Figura 7 - Falha do tipo cisalhante ou transcorrente. Classificando as falhas As falhas são classificadas com base em elementos geométricos e mecânicos. A classificação geométrica leva em conta o mergulho do plano de falha, a forma da superfície de falha, o movimento relativo entre os blocos e tipo de rejeito, ao passo que a classificação mecânica leva em consideração o quadro de tensões que produziu a falha e distingue três tipos: normal, inversa ou de empurrão ou transcorrente. Mergulho da superfície de falha - é uma classificação muito simples, que divide as falhas em dois grupos: falhas de alto ângulo, quando o mergulho do plano de falha é superior a 45º, e falhas de baixo ângulo, quando é inferior a 45º. Movimento relativo - nesta classificação as falhas são divididas em vários tipos: falhas normais (ou de gravidade) e falhas reversas ou de empurrão. Numa falha reversa o teto [1] é o bloco que sobe em relação ao muro[2] - forças compressionais (Fig. 8), ao passo que numa falha normal ocorre o inverso, o teto desce em relação ao muro - forças extensionais (Fig. 9). Como o movimento ocorrido entre os blocos é relativo, torna-se difícil saber exatamente como ele ocorreu, pois várias combinações são possíveis: os dois blocos podem descer ou subir conjuntamente, porém em velocidades diferentes, ou ainda, um pode permanecer estacionário, enquanto o outro sobe ou desce. [1] Muro - corresponde ao bloco situado abaixo do plano da falha. [2] Teto - corresponde ao bloco situado acima do plano da falha. Figura 9 - Falha normal. Figura 8 - Falha reversa. Falha normal, rejeito paralelo ao mergulho Deformações rúpteis Falha - Caracteriza-se pelo deslocamento diferencial dos blocos, de poucos centímetros a centenas de quilômetros. Fratura – não apresenta deslocamento dos blocos. BIBLIOGRAFIA TEIXEIRA, W. TOLEDO, M. C. M., FAIRCHILD, T. R., TAIOLI, F. Decifrando a Terra. Oficina de Textos, São Paulo, 2001. PRESS, F., SIEVER, R., GROTZINGER, J., JORDAN, T.H. Tradução MENEGAT, R., FERNANDES, P. C. D., FERNANDES, L. A. D., PORCHER, C. C. Para entender a Terra. Bookman, Porto Alegre, 2006. OBS. As ilustrações (figuras, fotos, desenhos, etc.) utilizadas nesta apresentação, tiveram como fonte os dois livros acima citados. * * * * * * *
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