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DA POSSE 1(2)

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POSSE
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Conceito:
“Constitui a posse uma situação de fato, na qual alguém mantém determinada coisa sob a sua guarda e para o seu uso ou gozo, tendo ou não a intenção de considerá-la como de sua propriedade.” (A.W.)
POSSE: origem - Teoria de Niebuhr
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Surgiu com a repartição das terras conquistadas pelos romanos, loteadas sendo uma parte (possessiones), cedida a título precário aos cidadãos e a outra destinada à construção de novas cidades.
Não sendo proprietários, não podiam valer-se da ação reivindicatória para defendê-las das invasões, surgindo daí um processo especial interdito possessório protegendo juridicamente aquele estado de fato.
Posse Origem - Teoria de IHERING
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Surgiu com a medida arbitrária tomada pelo pretor, ante os atritos eclodidos na fase inicial das ações reivindicatórias, mantendo qualquer dos litigantes na guarda ou detenção da coisa litigiosa. 
Essa situação provisória tornava-se quase definitiva em favor daquele beneficiado e consolidava o estado de fato em virtude da inércia das partes, embora a questão da propriedade ficasse em suspenso. 
TEORIA SUBJETIVA DA POSSE
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 SAVIGNY definiu a posse como o poder direto ou imediato que tem a pessoa de dispor fisicamente de um bem com a intenção de tê-lo para si e de defendê-lo contra a intervenção ou agressão de quem quer que seja; 
 Para essa teoria, a posse só se configura pela união de corpus e animus, sendo o poder imediato de dispor fisicamente do bem, com o animus rem sibi habendi, defendendo-a contra agressões de terceiros e a mera detenção não possibilita essa defesa.
TEORIA OBJETIVA
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Para IHERING, posse é a exteriorização ou visibilidade do domínio, ou seja, a relação exterior intencional, existente normalmente entre o proprietário e sua coisa;
para essa escola: a posse é condição de fato da utilização econômica da propriedade; 
o direito de possuir faz parte do conteúdo do direito de propriedade; 
a posse é o meio de proteção do domínio; 
a posse é uma rota que conduz à propriedade, reconhecendo, assim, a posse de um direito.
TEORIA OBJETIVA DA POSSE
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Segundo Von Ihering, basta apenas o CORPUS, dispensando o animus que estaria implícito no poder de fato exercido sobre a coisa. É a exteriorização ou visibilidade do domínio: a relação exterior intencional, existente normalmente entre o proprietário e a coisa.
Essa doutrina separa a posse da propriedade, colocando a relação possessória a serviço da propriedade. 
O proprietário pode usar ele mesmo do destino econômico do bem ou cedê-lo onerosa ou gratuitamente a terceiro. 
Essas hipóteses pressupõem posse e a sua defesa pelos interditos.
OBJETO DA POSSE
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Coisas corpóreas, salvo as que estiverem fora do comércio, ainda que gravadas com cláusula de inalienabilidade;
coisas acessórias se puderem ser destacadas da principal sem alteração de sua substância;
coisas coletivas; 
direitos reais de fruição (uso, usufruto, etc.); 
Direitos reais de garantia;
Direito real de aquisição.
ELEMENTOS CONSTITUTIVOS
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a) o corpus, exterioridade da propriedade, que consiste no estado normal das coisas, sob o qual desempenham a função econômica de servir e pelo qual o homem distingue quem possui e quem não possui; 
b) o animus, que já está incluído no corpus, indicando o modo como o proprietário age em face do bem de que é possuidor.
QUEM É POSSUIDOR?
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Possuidor é o que tem pleno exercício de fato dos poderes constitutivos do domínio ou somente de alguns deles, como no caso dos direitos reais sobre coisa alheia, como o usufruto, etc..
NATUREZA JURIDICA
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Posse é um fato e um direito?
Posse é um direito? (mais aceita em nosso ordenamento, partindo-se do princípio de que a posse é um atributo da propriedade e esta sendo um direito real, a posse também o seria, numa relação principal-acessório).
 
Se não é um direito porque é tão debatida?
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1 – a posse é a exteriorização da propriedade, o principal direito real; existe uma presunção de que o possuidor é o proprietário da coisa. Difícil afirmar que os pertences de uma pessoa são propriedade dela. Podem ser, ou apenas serem emprestadas, ou alugadas, por exemplo. Entretanto, age em relação à coisa como agiria o seu legítimo dono. É a teoria da aparência, tutelada pelo Direito.
2 -  Por isso, a posse precisa ser estudada e protegida para evitar violência e manter a paz social; quem não defende seus bens (§ 1o do 1210) e perde a posse deles, pode usar a força para recuperá-los ou pode invocar a tutela jurídica, embora continue proprietário dos seus bens.
3 – a posse existe no mundo antes da propriedade, afinal a posse é um fato que está na natureza, enquanto a propriedade é um direito criado pela sociedade; os homens primitivos tinham a posse dos seus bens, a propriedade só surgiu com a organização da sociedade e o desenvolvimento do direito.
Classificações da posse 
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1) QUANTO À EXTENSÃO DA GARANTIA POSSESSORIA:
DIRETA (precária) é a do cessionário que recebe o bem para uso/gozo temporário, resultante de negócio ou da lei e com o dever de restituição: locação, comodato, usufruto, etc..;
INDIRETA – a do cedente, baseada na confiança e com a garantia da restituição possessória;
2) QUANTO AO EXERCICIO SIMULTANEO
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Quando duas ou mais pessoas exercerem posse sobre um mesmo objeto, surge a COMPOSSE, gerando igualdade qualitativa e quantitativa(se for o caso), entre os compossuidores, podendo ser:
pro indiviso – possuem em conjunto um bem tendo sobre ele uma parte ideal (metade; terça parte; quarta parte, etc.); 
pro diviso – não há uma divisão de direito, mas já existe uma de fato, fazendo com que compossuidor tenha posse de parte certa do terreno.
3 – VICIO OBJETIVO 
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JUSTA – que não contiver nenhum dos vícios do artigo 1.200, CC.
INJUSTA – a que se revestir de aquisição por ato de
 violência (vis compulsiva, vis absoluta); 
clandestinidade 
precariedade.
Todas são esbulhativas.
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4 - SUBJETIVIDADE DO ADQUIRENTE 
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DE BOA-FÉ - corresponde à BOA-FÉ OBJETIVA, também chamada de BOA-FÉ LEALDADE ou BOA-FÉ COMPORTAMENTO. O possuidor ignora ferir direito de outra pessoa. Consiste num erro de direito. Surge do justo título.
DE MÁ-FÉ - O possuidor sabe que sua conduta fere o direito de outrem, tem consciência do vício ou do obstáculo que impede a aquisição da posse, e mesmo assim a adquire.
5 - QUANTO AOS EFEITOS
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 AD INTERDICTA é aquela que permite defesa contra o titular ou terceiro, pelos interditos e ações possessórias, quando molestada, mas não conduz ao usucapião. Exemplo: o locatário vítima de ameaça ou de efetiva turbação ou esbulho, tem a faculdade de defende-la ou de recupera-la pela ação possessória, mas não conduz à usucapião.
AD USUCAPIONEM – É a que se prolonga no tempo podendo dar origem à prescrição aquisitiva da propriedade, em face da usucapião, observados os requisitos legais. Permite defesa contra terceiros, mas não admite contra o titular antes da prescrição.
6 – QUANTO A IDADE 
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POSSE NOVA – permite ao titular o desforço imediato ou amparar-se nos remédios jurídicos para obter medida liminar inaudita altera parte; (Art. 924, CPC) – Abrevia a retomada.
POSSE VELHA – (mais de ano e dia) – confere direito aos interditos possessórios, até ser convencido de direito melhor que o seu. Retarda a retomada pelo prejudicado.
	
CARÁTER DA POSSE
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 A carga constitutiva de sua aquisição, se manterá ou seja, se posse iniciou de forma violenta, clandestina ou precária, presume-se ficar com os mesmos vícios que irão acompanha-la nas mãos dos sucessores do adquirente. 
Essa norma foi criada originariamente do provérbio Romano que diz que “NINGUÉM PODE MUDAR, POR SI SÓ, A CAUSA DE SUA POSSE”. Sendo assim, o possuidor a título de compra e venda não pode, arbitrariamente, invocar o título de herdeiro; ou o mero detentor não pode fazer de sua detenção uma posse verdadeira.
OUTRAS CLASSIFICAÇÕES
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POSSE NATURAL se constitui pelo exercício de poderes de fato sobre a coisa. É autônoma, sem título e decorre
exclusivamente da posse. É chamado de IUS POSSESSIONIS.
 POSSE CIVIL ou JURÍDICA é a que se considera por força de lei, sem necessidade de atos físicos ou materiais. É posse titulada. É transmitida ou adquirida pelo título, não sendo necessário o contato com a coisa. Exemplo: Ocorre também no CONSTITUTO POSSESSÓRIO, como forma de desdobramento da posse, onde na venda e compra o vendedor transfere somente POSSE INDIRETA, ficando para si a POSSE DIRETA. É também chamado de IUS POSSIDENDIS. 
AQUISIÇÃO DA POSSE
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(1.204, C.C.)
“Adquire-se a posse desde o momento em que se torna possível o exercício em nome próprio, de qualquer dos poderes inerentes à propriedade.”
AQUISIÇÃO DA POSSE
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ORIGINÁRIA – (unilateral) aquisição desvinculada do possuidor anterior: 
Apropriação da coisa:
Coisa abandonada - res derelictae; 
Coisa sem dono - res nullius; 
sobre bens de outrem sem seu consentimento - esbulho.
Pelo exercício do direito: 
adquire pelo fato de dispor do direito: servidão, uso. 
Nos bens móveis: ocupação; 
Nos imóveis: pelo uso.
AQUISIÇÃO DERIVADA
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vinculada ao possuidor anterior por ato inter vivos ou causa mortis.
A) Tradição:
 real/material; 
simbólica 
consensual (brevi manu/longa manu);
B) Constituto Possessório;
C) Acessão: 
sucessão inter vivos; 
Sucessão causa mortis (testamentária). 
QUEM PODE ADQUIRIR POSSE
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A própria pessoa interessada (gozo da capacidade civil)
Representante ou procurador do que pretende ser possuidor;
Terceiro sem procuração ou mandato (depende de ratificação posterior)
DETENÇÃO
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O detentor é aquele que, embora exerça de fato os poderes inerentes ao domínio, não tem tutela jurídica que o ampare.
Situações de detenção:
1) Fâmulo da posse (art. 1.198, CC);
2) Atos de mera tolerância (art. 1.208, CC);
3) A situação de quem adquire a posse com violência ou clandestinidade, enquanto essas não cessarem (art. 1.208).
ATOS QUE NÃO INDUZEM POSSE I
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FÂMULO DA POSSE: dependência econômica ou vínculo subordinação com outrem, exercendo posse em desta última.
DETENÇÃO – art. 1.198, cc (posse natural - custódia);
Empregados domésticos;
Empregados motoristas em relação ao veículo;
O depositário.
 	
ATOS QUE NÃO INDUZEM POSSE II
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ATOS DE MERA PERMISSÃO – anuência expressa ou concessão do dono, revogáveis pelo concedente, sem efeitos de outorga ou cessão de direitos.
 abertura temporária: vão de janela no prédio vizinho;
Uso temporário de quarto pelo hóspede;
ATOS QUE NÃO INDUZEM POSSE III
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DE MERA TOLERÂNCIA : É o comportamento omisssivo – consciente ou não do possuidor que, sem renunciar à posse, admite a atividade de terceiro em relação à coisa, sem gerar posse.
Relações de boa vizinhança ou familiar: vizinho ou parente atravessa sua propriedade como meio de atalho do percurso.
PERDA DA P0SSE
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DA COISA:
Abandono;
Tradição;
Perda da própria coisa;
Destruição da coisa;
Inalienabilidade;
Posse de outrem (esbulho);
Constituto possessório
DOS DIREITOS:
Impossibilidade de seu exercício; (ART. 1.196)
Desuso (art. 1.389, III);
Para O Possuidor Que Não Presenciou O Esbulho (Art. 1224, CC)
Tentativa de desforço;
Inércia após notícia.
EFEITOS DA POSSE I
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DIREITO DO POSSUIDOR À PROTEÇÃO POSSESSÓRIA CONTRA ATOS MOLESTADORES: 
Turbação;
Esbulho:
Ameaça
LEGÍTIMA DEFESA DA POSSE - EXERCÍCIO 
Da Autotutela - Desforço imediato (1.210 § 1º CC)
Das Tutelas Jurídicas dos Interditos Possessórios.
 
TUTELAS DE JUÍZO POSSESSÓRIO
AÇÕES POSSESSÓRIAS – art. 920 CPC
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REINTEGRAÇÃO DE POSSE  ESBULHO 
MANUTENÇÃO DE POSSE  TURBAÇÃO
INTERDITO PROIBITÓRIO  AMEAÇA
ATO VIOLADOR  Menos de Ano e dia: 
Concessão de MEDIDA LIMINAR INAUDITA ALTERA PARTE. 
NATUREZA DÚPLICE DAS AÇÕES POSSESSÓRIAS
FUNGIBILIDADE DAS AÇÕES POSSESSÓRIAS
CUMULAÇÃO DE PEDIDOS
AÇÃO ESPOLIATIVA DE FORÇA NOVA - (RITO ESPECIAL)
AÇÃO DE FORÇA VELHA – (RITO ORDINÁRIO).
Tutelas jurídicas da Posse - Ações de Juízo Petitório 
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Defesa da posse e propriedade:
Nunciação de Obra Nova;
Dano Infecto;
Embargos de Terceiro;
Imissão de Posse.
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EFEITOS DA POSSE II - DIREITO À PERCEPÇÃO DE FRUTOS/RENDIMENTOS
Tem importância em razão das consequências derivadas da perda da posse.
O princípio geral que rege a sua indenização objetiva evitar o enriquecimento sem causa ou injusto.
Os frutos civis são contados dia por dia, isto é, o 
possuidor de má-fé responde por eles desde o dia em que ela se iniciou.
Os frutos naturais e industriais reputam-se colhidos logo que separados.
PERCEPÇÃO DOS FRUTOS
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Objetivamente: utilidades periódicas produzidas pela coisa.
Subjetivamente: riquezas normalmente produzidas por um bem (safra, rendimentos do capital, juros, alugueres, dividendos, etc.)
 *Não alteram a substancia da coisa
Classificação dos Frutos
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Naturais (produzidos pela força orgânica da coisa: frutos de uma árvore, cria dos animais); 
Industriais (decorrentes da atividade humana: produção industrial); 
Civis (rendas auferidas pela coisa ou provenientes do capital)
PRODUTOS
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PRODUTOS: bens extraídos da coisa, diminuindo sua substância e que não se reproduzem periodicamente como os frutos jazidas minerais, ouro, petróleo, etc.;
RENDIMENTOS: são frutos civis, considerados acessórios.
FRUTOS – Espécies 
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Pendentes: estão unidos à coisa que os produziu (plantação em fase de maturação - prenhez);
Percebidos ou colhidos: quando já separados da coisa que os produziu;
Estantes: separados e estejam armazenados;
Percipiendos: os que deveriam ter sido colhidos e não o foram;
Consumidos: os frutos já utilizados, não mais existentes.
Percepção dos Frutos: Animus do Possuidor
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Se de Boa-fé:
Direito aos frutos percebidos enquanto nessa condição;
Se de Má-fé:
Perde os pendentes;
Restituirá os indevidamente percebidos e os colhidos antecipadamente;
Direito a indenização pelas despesas da produção e custeio.
Efeitos da Posse III – Indenização por benfeitorias
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Possuidor de Boa-fé
Indenizado pelas necessárias e úteis (valor atual);
Pode levantar as voluptuárias (jus tollendi);
Direito de retenção.
Possuidor de Má-fé:
Indenizado pelas necessárias (valor atual ou de custo);
Perde as úteis em compensação pelo uso indevido;
Impedido de levantar as voluptuárias;
Não tem direito à retenção.
Efeitos da Posse IV – Responsabilidade pelos danos
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Possuidor de Boa-fé:
Só responde pelos danos causados por sua culpa;
Possuidor de Má-fé:
Responde por todos os danos causados por sua culpa;
Responde pelos danos acidentais, exceto se demonstrar que ocorreriam, ainda que a coisa estivesse em poder do reivindicante.
Efeito da Posse V – aquisição do direito real
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A posse exercida com animus domini contínua e pacificamente, aliado aos demais requisitos legais de cada espécie de usucapião, permite que o possuidor:
 suprir a inexistência do justo título;
 superar a deficiência do justo título 
	alcançando a titularidade do direito real (sobre a coisa própria ou sobre coisa alheia). através da prescrição aquisitiva
Efeitos da Posse VI – privilégios no processo possessório
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O possuidor com mais de ano e dia de posse, deverá ser mantido nela até ser convencido pelos meios ordinários;
Direito de retenção, se de boa-fé;
Direito a indenização por benfeitorias;
Indenização pelo custeio da produção;
O reivindicante deverá demonstrar que o possuidor atual exerce a posse de má-fé.

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