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1 TEORIA DA EDUCAÇÃO 2 3 Rita de Cássia Marques Costa Marcos Adriano Barbosa de Novaes Sonia Maria Henrique Pereira da Fonseca TEORIAS DA EDUCAÇÃO 1ª Edição Sobral/2017 4 5 Sumário Apresentação do Professor Sobre o autor Trocando ideias com os autores Problematizando Unidade de Estudo I: A História e o pensamento pedagógico Uma cronologia das ideais dos pensadores: Evolução da Educação versus Evolução da Sociedade. O Pensamento Pedagógico Oriental: Lao – Tsé e Talmude O Pensamento Greco: Sócrates, Platão e Aristóteles O Pensamento Romano Principais Educadores Romanos Pensamento Medieval Pensamento Renascentista Pensamento Moderno Pensamento Iluminista Pensamento Positivista Pensamento Socialista O Pensamento Escolanovista (A Escola Nova) O Pensamento Antiautoritário O Pensamento Crítico Unidade de Estudo II: O Pensamento Pedagógico do terceiro mundo: novas possibilidades na educação 6 O Pensamento Pedagógico Brasileiro A Educação Permanente Unidade de Estudo III: A Pluralidade dos modos de conhecimento: Democratizando a ciência Unidade de Estudo IV: Uma análise sobre as Teorias da Educação Conceituando as Teorias da Educação Espaço formativo no contexto da Educação contemporânea O surgimento da pedagogia Pontos de destaque Tendências Pedagógicas Abordagem Tradicional Abordagem Comportamentalista Abordagem Humanista Abordagem Cognitivista Abordagem Sociocultural Síntese: as concepções e Tendências da Educação Unidade de Estudo V: A interface entre as Teorias Modernas, Contemporâneas e Pós-Modernas A Pedagogia e suas exigências em o mundo de mudanças. Teorias Pedagógicas Modernas e Pós-Modernas O contexto “Pós- Moderno” e os impactos na Educação Um esboço das teorias e correntes pedagógicas contemporâneas A corrente racional-tecnológica A corrente neocognitivista 7 Teorias Sociocríticas Correntes “holísticas” Correntes “Pós-Modernas” Explicando melhor com a pesquisa Leitura Obrigatória Pesquisando na Internet Saiba mais Vendo com os olhos de ver Revisando Autoavaliação Bibliografia Bibliografia Web Vídeos 8 9 Apresentação do Professor Olá, sejam bem-vindos! A Teoria da Educação abrange as concepções dos espaços formativos que permeiam o cotidiano de nossas escolas. No cenário educacional vem se fazendo confusão entre os termos “ciências da educação” e “Pedagogia”. Mas do ponto de vista epistemológicos são diferentes. Cabanas (2002) diz o que chamamos de “Teoria da Educação” é a “Pedagogia” enquanto ciência. Como a educação tem sido por algum tempo centrada no professor denominada educação tradicionalista, houve a necessidade de uma pedagogia nova, capaz de tornar a prática da educação mais dinâmica e eficaz, trazendo a exigência de maior sistematização de conhecimento, esboçando uma nova maneira de interpretar a educação. Este material irá trazer variados pensamentos pedagógicos do primeiro e terceiro mundo bem como suas teorias e as possibilidades na Educação, você terá uma visão sobre a pluralidade educacional na atualidade, realizando uma análise comparativa entre a modernidade e pós-modernidade no aspecto democrático da ciência. A disciplina propiciará a você um aprendizado prazeroso; nela serão abordados temas relacionados ao conhecimento e às formulações das teorias construídas em diversas épocas históricas. Abordaremos as Teorias da Educação, analisando e conceituando os diversos pensamentos de autores que participaram e contribuíram para o formato da educação no país. Você terá a oportunidade de estudar sobre as tendências pedagógicas e seus pressupostos de aprendizagem. Para tanto, devemos revelar a multidimensionalidade que envolve o fenômeno educativo, as diversas abordagens e tendências pedagógicas. 10 Este material lhe mostrará os estudos em Pedagogia na modernidade, e você entenderá como os fatores socioculturais e institucionais se desenvolvem nos processos de crescimento e de transformação dos indivíduos. E em que condições esse sujeito aprende melhor nessa atualidade rica em contradições socioeconômicas. Os autores fundamentais para a realização desse estudo sobre docência e conhecimento foram: Luckesi (1983), Saviani (1985); a partir dos diversos estudos que avaliam e conferem as abordagens do processo de ensino e aprendizagem, podemos enfatizar os trabalhos de Bordenave (1984), Libâneo (1982), Saviani (1984) e Mizukami (1986). Os autores! Vídeo de apresentação da disciplina: https://vimeo.com/288623297 11 Sobre o autor Rita de Cássia Marques Costa, mestre em Educação Brasileira, na linha de Movimentos Sociais, Educação Popular e Escola, no Eixo de Estudos Sócio-antropológicos e Políticos da Educação, pela Universidade Federal do Ceará-UFC (2009). Graduada em Pedagogia pela UVA/ Sobral - (2004). Com experiência na área de Educação, com ênfase em Educação Popular e Extensão Rural, Extensão Social, Educação Ambiental, Desenvolvimento Sustentável, Mobilização Social, Educação e Saúde. Atualmente, está como Assessora Pedagógica da Pró-diretoria de Ensino e Graduação, Coordenadora do SEAD-PRODEG e Presidente da CPA do Centro Universitário – UNINTA. Marcos Adriano Barbosa de Novaes, mestre em Educação e Ensino pelo Mestrado Acadêmico da Universidade Estadual do Ceará (MAIE/FAFIDAM/FECLESC), possui graduação em Pedagogia pela Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA) (2013), especialista em Gestão de organizações Sociais. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Política Educacional, atuando principalmente nos seguintes temas: Reforma do Estado e da Educação, Democratização, Educação Superior. Sonia Maria Henrique Pereira da Fonseca, Mestre em Ciências da Educação pela Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias-ULHT. Especialista em Ciências da Educação. Especialista em Educação a Distância. Graduação em Pedagogia pela Universidade Estadual do Ceará-UECE. Atualmente atua como Coordenadora Pedagógica da Proedu do Centro Universitário – UNINTA. 12 13 Ambientação à disciplina Caro estudante, Vamos conhecer a disciplina Teoria da Educação I, para que você possa compreender melhor os caminhos que irão percorrer para aprimoramento dessa disciplina. Apresentar através dos períodos históricos e suas tendências considerando as condições sócio -políticas de cada época nos países desenvolvidos. O estudo sobre as Teorias da Educação exige em um primeiro momento o entendimento sobre o que é a teoria da educação. O fato é que temos aquelas teorias que entendem ser a educação um aparelho de alinhamento social, de superação dos problemas da sociedade. Podemos iniciar o estudo compreendendoa sociedade e a educação brasileira a partir do pensamento de Anísio Teixeira. Ele teceu sua compreensão da sociedade e da educação no Brasil, no movimento que ficou conhecido como Escola Nova que o colocou em contato com a cultura erudita. E em um constante diálogo com alguns dos maiores intelectuais brasileiros da época. Dedicou quase meio século de sua vida a pesquisa sobre a gestão de ensino. Naquela ocasião sua vida pública foi movida, por um sonho de materializar um projeto de educação popular. Por este sonho Anísio Teixeira, estudou, escreveu, viajou com o intuito de conhecer outras experiências pedagógicas, debateu no Congresso e em associações diversas as suas propostas de uma educação para todos os brasileiros. Como as teorias da educação se posicionam perante o fenômeno da escolarização, em pleno século XXI, ainda, é fator determinante de exclusão social? 14 Não pretendia promover apenas uma campanha de ensinar a ler e a escrever, mas compreendia que era urgente promover educação para toda população para o trabalho em que o uso das artes escolares fosse indispensável, bem como para uma forma de governo que exigisse participação consciente, senso crítico, aptidão para julgar e para escolher. A crítica de Anísio Teixeira, por volta do ano de 1958, sobre a seletividade da escola no Brasil, torna-se motivo de reflexão sobre a realidade da educação atual e a sociedade contemporânea. Ainda, existe esta situação na sociedade atual? Para que possamos encontrar respostas é imprescindível se ter esperteza para perceber quais as ideias que estão subjacentes às Teorias da Educação na sociedade do século XXI. A intenção de começamos a partir da reflexão foi resgatar o pensamento de Anísio Teixeira que teve suas bases teóricas construídas a partir do pensamento de John Dewey. O pensador defendia que a concepção de democracia e de mudança social encontra-se situada na criança, mas especificamente na primeira infância. O que culminou na criação do termo pragmatismo. No final da década de 1930, Dewey, lembra aos educadores que a teoria social é um guia metodológico de investigação e de planejamento. Essa prática é o entendimento de múltiplos e simultâneos movimentos de reforma. Esse problema é essencialmente intelectual. Quando se trata de estruturas e de situações específicas de interação que exigem averiguações peculiares e que permita direcionar a nossa compreensão dos problemas, o resultado desse esforço reforça a ligação que há entre a democracia e o pensamento racional. Finalizando, as reflexões iniciais sobre o pensamento de Anísio Teixeira percebemos que as ideias de Dewey forneceram uma leitura da sociedade e da educação e que estas ideias estão ancoradas na própria categoria de reconstrução, isto, permitiu que o educador Anísio Teixeira constituísse sua síntese e entrasse no campo de crítica filosófica moderna. A partir do pensamento de Dewey, Anísio fez uma viagem no mundo de suas concepções para reintegrar o velho e o novo por meio de uma crítica capaz de distinguir, selecionar os elementos fundamentais do momento histórico vivido. 15 Por fim, queremos deixar um pensamento para servir de reflexão durante todos os estudos. A conjuntura da educação contemporânea não é um problema dos que não têm o direito a educação, mas de todos, sobretudo dos próprios profissionais de educação como afirma o autor: “A pedagogia atua apenas sobre o humano. A ela interessa constituir aquele grupo humano com o qual qualquer projeto futuro pode contar.” (GONZAGA TEIXEIRA, 2000, p. 106). 16 Trocando ideias com os autores Caro estudante, agora é o momento em que você vai trocar ideias com os autores das obras indicadas. Sugerimos que leiam a obra Saberes Docentes e Formação Profissional, de Maurice Tardif. O livro apresenta os saberes que fundamentam o trabalho do professor em sala de aula. TARDIF, Maurice. Saberes Docentes e Formação Profissional. 5ª edição. Sugerimos que leia a obra Professores e Professauros: reflexões sobre a sala de aula e as diversas práticas pedagógicas de Celso Antunes. Nesse livro Antunes critica e satiriza o conservadorismo que segundo ele impede uma educação com grandeza. Nos oferecendo sugestões de como os professores podem atuar em sala de aula visando uma aprendizagem consciente. ANTUNES, Celso. Professores e professauros: reflexões sobre a sala e práticas pedagógicas diversas. 4. ed. Petrópolis: Vozes, 2010. Guia de Estudo Após a leitura das obras, esquematize uma comparação entre o pensamento dos autores destacando as teses que eles defendem. 17 Problematizando A prática do professor em sala de aula é influenciada pela experiência de vida deste e pelo discurso pedagógico que ele constrói e utiliza na relação direta com o estudante para transmissão de saberes. Na didática e na comunicação direta com o educando, os educadores, perpassam também, as teorias do conhecimento, da história e da filosofia da educação combinado com a psicologia da educação. E você caro estudante, o que percebe em relação às Teorias da Educação? O ensino de hoje prepara o educando para o mundo? Como trabalhar os saberes no ambiente escolar? Será que existe possibilidade de desenvolver diálogo nos espaços escolares? E os discursos pedagógicos? Estamos usando esses discursos para provocar o processo de ensino e aprendizagem? Guia de Estudo Com base nos questionamentos acima, reflita e discuta com os seus colegas as questões apresentadas. Registre em um texto as opiniões expostas na discussão. 18 19 A História e o pensamento pedagógico 1 20 21 Uma cronologia das ideais dos pensadores: Evolução da Educação versus Evolução da Sociedade. Alguns autores aceitam que a reflexão filosófica auxilia na descoberta de antropologias, ideologias de sistemas educacionais, às inovações, às concepções e práticas pedagógicas. Acredita-se que a educação tem um grande papel no processo de humanização do homem e na transformação social. A teoria educacional visa à formação do homem absoluto. Através dos estudos teóricos dos grandes pensadores da educação podemos entender e enfrentar as possibilidades e os limites educacionais. Segue agora, a explicação dos mais variados e ricos pensamentos pedagógicos para estudo. O Pensamento Pedagógico Oriental: Lao – Tsé e Talmude A prática pedagógica vem antes ao pensamento pedagógico. Este por sua vez nasceu com a meditação sobre a prática educativa, no intuito de sistematizá-la e organizá-la para seus fins educativos. O oriente garantiu os valores da memória, não-violência, da reflexão. Ligou-se a religião na qual enfatizamos: taoísmo, budismo, hinduísmo, judaísmo. A educação primitiva era prática, assinalada por rituais de iniciação e baseada pela visão animista, na qual as coisas tinham alma idêntica a do homem. A educação era natural, não-intencional, aprimorada na oralidade e restringida ao presente próximo. Outra visão é o totemismo religioso, compreensão de mundo que toma qualquer ser, homem, animal, planta como divino e criador do grupo. A este ajuntamento social chamamos declã. O princípio pedagógico mais antigo foi o taoísmo, que foi uma condição de panteísmo, cujos princípios são abalizados em vida saudável, tranquila, sossegada, quieta. “Baseando-se no taoísmo, CONFUCIO (551-479 a.C) criou 22 o aparelho moral que acirrava a tradição e o culto aos mortos” (GADOTTI, 2005,p.22). A primeira filosofia de vida: A partir daí, o confucionismo modificou- se em religião do Estado até a Revolução Cultural, originada na China por Mao Tsé-Tung, no século XX. O domínio dos pais sobre os filhos era indefinido, o pai representava o próprio imperador em sua casa. Criou-se um sistema de ensino dogmatizado e memorizado, acabou por fossilizar a inteligência e a criatividade. A educação chinesa tradicional visava à cópia de hierarquias, sujeição e submissão ao poder dos mandarins. Ainda, nos dias de hoje, existe uma intenção em resgatar a essência do taoísmo, que é a procura da harmonia e do equilíbrio nesse tempo de desordem e de desumanização. A educação hinduísta também amparava a contemplação e a imitação das castas - classes hereditárias, acirrando o espírito e repudiando o corpo. Os párias e as mulheres não tinham direito a educação. Os egípcios foram os primeiros a ter consciência da importância da arte de ensinar e foram eles os autores do uso de bibliotecas. Criaram casa de instrução, leitura e escrita, história dos cultos, astronomia, música e medicina. Mas foram os hebreus que mais mantiveram as informações sobre a história, por isso que herdaram ao mundo um conjunto de princípios e tradições que ainda hoje são adotados. A educação hebraica era rigorosa, desde a infância, pregava medo a Deus e submissão aos pais. O método era aprimorado na repetição e revisão do catecismo. A cultura ocidental foi influenciada pelos métodos dos hebreus. Nesse contexto, a educação primitiva ocorreu com características parecidas, conforme Gadotti, assinalada pela tradição de culto aos velhos, “Esse tradicionalismo pedagógico, foi guiado por tendências religiosas diferentes: o panteísmo do extremo oriente, o teocratismo hebreu, o misticismo hindu, o magicismo babilônico” ( 2005, p. 22). Essas doutrinas se estruturaram e desenvolveram em função da sociedade de classes, e a escola como instituição formal, surgiu como resposta 23 à divisão social do trabalho e ao nascimento do Estado, da família e da propriedade privada. Com a divisão social do trabalho, onde muitos trabalham e poucos se favoreceram do trabalho de muitos, brotam as particularidades: funcionários, sacerdotes, médicos, magos... E a escola passa a não ser mais a aldeia e a vida, funcionando como um lugar especializado onde uns aprendem e outros ensinam. A escola que temos hoje apareceu com a hierarquização e a desigualdade econômica, e a história da educação constituiu-se desse alongamento da história das desigualdades econômicas. Nesse sentido o sistema educacional é resultado de um processo histórico, que tem em seu cerne as relações sociais e de produção, que organizaram e organizam a sociedade em grupos econômicos caracterizados e, ainda mais, estabelece uma relação entre classes sociais antagônicas. Dessa maneira, o sistema educacional concretizou-se a partir do momento em que a sociedade se estruturou em classes sociais antagônicas, com o fim da chamada sociedade primitiva. Os interesses e as necessidades da classe social dominante passaram a delimitar o campo da Educação na medida em que passou a servir para a dominação social de poucos sobre muitos, “Existe entre povos que submetem e dominam outros povos, usando a educação como recurso a mais de sua dominância [...]” (BRANDÃO, 2007, p.10). Analisando a origem da escola enquanto instituição, notamos que, ela surge a partir do fato de que a dominação militar e política não surtiam mais os efeitos desejados em uma sociedade, que se tornava cada vez mais complexa e multifacetada. Nesse contexto a escola serve como um aparato de dominação ideológica e intelectual. A educação primitiva tinha atitude solidária, era unitária e integral, única e igual para todos. Com a divisão social do trabalho surge à desigualdade das educações: uma para exploradores e outra para explorados, reprimidos e explorados. 24 [...] A necessidade de se apropriar da atividade intelectual e das técnicas refinadas de produção passou a compor o rol da divisão social do trabalho e, neste sentido, a classe dominante passou a compreender a Educação como elemento fundamental para a manutenção da desigualdade social, uma vez que os conhecimentos científicos e tecnológicos passaram a ser compreendidos como, cada vez mais necessários para o desenvolvimento do sistema produtivo (SOARES, 2004; TONET, 2005 apud GUIZO; EUSÉBIOS FILHO 2005). Então a educação sistemática segundo Guzzo; Euzebios Filho (2005) acaba assumindo como função primordial a manutenção, alienação e promove a alienação social do trabalho, uma vez que a escola serve como espaço estratégico de convivência social, que tem em seu cerne a reprodução da dinâmica da sociedade capitalista e conferindo um saber dogmatizado a partir de um ser elevado e todo-poderoso, causando medo e terror. A educação hebraica, o que prevalecia nessa educação era o idealismo religioso, onde os estudos fundamentavam-se na Bíblia. Todas as matérias estudadas se pautavam com textos bíblicos e das normas morais. O principal manual era a Tora, também chamada de Pentateuco, porque acumulava os cinco livros de Moisés. Este por sua vez, era um homem religioso e líder do êxodo do Egito, que exerceu influência na mentalidade judaica. Quanto ao ensino, era oral e repetitivo por meio do estudo do Talmude, outro livro sagrado de princípio judaico, dirigido no século II, representando o código religioso e civil dos judeus, que não acolhiam Cristo. Para o Talmude, a criança deve ser castigada com uma mão e acarinhada por outra, já a Bíblia dizia que a vara, a recriminação e a punição dão sabedoria a criança. 25 O Pensamento Pedagógico Greco: Sócrates, Platão e Aristóteles A Grécia foi lugar de origem da cultura, da civilização e da educação ocidental devido sua conjuntura geográfica que provocava o comércio, por ter uma sociedade estratificada e amparada por colônias. Os gregos tinham visão universal. Ser um homem livre para eles significava não ter inquietações materiais ou com o comércio e a guerra. Atividades privadas às classes sociais inferiores. O caráter de classe de educação grega surgia na reclamação de que o ensino excitasse a competição, para afirmar a elevação militar sobre as classes domadas e as regiões tomadas. O homem bem educado careceria ser capaz de comandar e ser correspondido (GADOTTI, 2005). Só entre os gregos livres que existiam diálogo e liberdade de ensino. A Paideia é um termo do grego antigo, empregado para sintetizar a noção de educação na sociedade grega clássica. A palavra é derivada de paidos (paidós) = criança, significa criação dos meninos, referindo-se à educação familiar pautada nos bons modos e princípios morais. A paideia é o modelo ideal de educação da Grécia clássica, com o passar do tempo esse modelo passou designar o resultado do processo educativo que acompanha o ser humano por toda vida, indo além dos muros escolares. Nos dias atuais esse ideário é exercido praticamente todo o mundo, como um perfeito entendimento de formação social do ser humano. O dia a dia do educando baseado no modelo de educação da paideia era organizada de forma que a rotina do aluno era respeitar os preceitos da paideia,como: Acordar logo ao amanhecer, e com a ajuda do pedagogo, o jovem lavava-se e vestia-se; 26 Refeição matinal e logo após, ida à palestra, para as aulas de música e ginástica; Banho e regresso à casa para o almoço; Retorno à palestra à tarde, para lições de leitura e escrita; Ida para casa, sempre na companhia do pedagogo; estudo das lições, trabalhos de casa, jantar e enfim repouso. Não havia finais de semana ou férias, exceto pelos festivais religiosos ou cívicos; Nesse sentido a Paideia concebeu um ideal mais adiantado de educação da antiguidade. Uma educação integral, que advinha na conexão entre cultura e sociedade e a criação individual. Criaram uma pedagogia de ação individual, de convívio social e político. Os gregos obtiveram a fusão entre educação e cultura, dando valor a arte, literatura, ciências e filosofia. A formação de homem integral acontecia na formação do corpo pela ginástica, na mente pela filosofia e ciências, na moral e sentimentos pela música e pelas artes. A cultura Grega foi responsável pelo surgimento da cultura, da civilização e da educação Ocidental. A educação era reservada aos homens livres, que exigia que o ensino os preparasse para competição, estimulassem virtudes guerreiras que serviria para assegurar a superioridade militar sobre as classes submetidas e as regiões conquistadas. Nessa educação o homem era formado para ser capaz de mandar e fazer-se obedecer. Vale ressaltar que nem todos tinham acesso a esse modelo de educação, essa educação era destinada apenas aos gregos livre. Buscava-se ofertar uma educação integral, capaz de integrar cultura e sociedade, pautada numa pedagogia da eficiência individual, simultaneamente da liberdade e de convivência social e política. A relação paralela entre educação e a cultura, possibilitava a valorização da arte, da literatura, da ciência e da filosofia, que consistia na formação do corpo pela ginástica, da mente pela filosofia e pela ciência e na da moral e dos sentimentos pela música e pelas artes. 27 Houve desacordos entre a educação espartana e a ateniense; entre os espartanos preponderava a ginástica e a educação moral domada ao poder do Estado. Já os atenienses, mesmo dando valor ao esporte, ofereceram mais atenção à elaboração teórica para o exercício da política. Platão chegou a dispor um currículo para seus alunos se tornarem reis, ele mesmo queria ser rei. O mundo grego foi rico em intenções pedagógicas: Pitágoras estudou a matemática e sua afinidade com o universo; Sócrates dedicou-se a retórica e na linguagem; Xenofontes foi a primeira a refletir a educação para mulheres, apesar de restrita a conhecimentos caseiros e de importância do esposo. Partia da imaginação da decência humana, segundo ensinou Sócrates. Os três, Sócrates, Platão e Aristóteles desempenharam grandes influências ao mundo grego. Os gregos eram educados através de textos de Homero, o modelo homérico de educação era pautado na preparação de pessoas destinadas ao heroísmo, para a defesa e honra da pátria da qual faziam parte, nesse modelo ganhava importância a busca do belo, do honrado e da reputação que ensinavam virtudes guerreiras, cavalheirismo, amor à glória, à honra, à força e a valentia. Ensinavam a superioridade e por isso imitavam os heróis. Essa educação totalitária sacrificava em Esparta, todos os interesses aos interesses do Estado. O Humanismo ateniense pautava-se na superioridade de outros valores, as contestações eram intelectuais, nas quais procuravam o conhecimento da verdade, do belo e do bem. Platão imaginava com uma República democrática, e pra ele a educação apresentava papel principal. Amparava uma educação municipal para evitar as pretensões totalitárias, e então o ensino seria controlado mais próximo da comunidade. Para ele, todo ensino deveria ser público. O ideal da cultura aristocrática grega não abarcava a formação para o trabalho, o espírito deveria continuar livre para criar. Platão defendia que conhecer é lembrar, e que o homem, ao encontrar o objeto do saber, tem condições de reconhecê-lo, uma vez que ele já está impresso em sua alma. Platão preconizava uma formação básica consistente, a 28 qual gradualmente vai atingindo estágios mais elevados, até resultar em pesquisas filosóficas, a esta etapa só chegariam os seres particularmente talentosos. Platão denomina esta fase de educação preparatória, onde os educandos possuem condições de aperfeiçoar de maneira harmoniosa o espírito e o corpo. Para ele o ensino deveria ser função do Estado e não de instituições privadas. Os educadores teriam que ser escolhidos por Atenas e supervisionados por cidadãos que possuíssem poderes judiciais, nomeados para atuar na campo educacional. Ele ainda projetava um modelo pedagógico igual para homens e mulheres até que eles completassem seis anos de idade. Daí em diante estes aprendizes seriam divididos em classes e professores distintos. A educação do cidadão, para o filósofo, teria uma duração de 50 anos, organizados em cinco períodos: Dos 3 aos 6 anos: Prática do pentatlo (Nome coletivo de cinco exercícios que constituíam os jogos da Grécia, em que entravam os atletas: salto, carreira, luta, pugilato e disco. Dança e música para ambos os sexos); Dos 7 aos 13 anos: Introdução paulatina da cultura intelectual e acentuação dos exercícios físicos. A partir dos 10 anos, aprendizagem da leitura e escrita e cálculo por processos práticos. Afasta-se assim dos costumes atenienses que começavam a educação intelectual antes dos 10 anos; Dos 13 aos 16 anos: Período da educação musical. O programa é dividido em duas secções: uma literária, compreendendo gramática e aritmética; outra musical, compreendendo poesia e música. Ensina-se a tocar a cítara e prefere-se a música dórica, enérgica e viril; 29 Dos 17 aos 20 anos: Período da educação militar. Os jovens deverão adquirir resistência e uma saúde a toda a prova. Será preciso harmonizar a música à ginástica, faziam-se os homens ferozes. Somente com a música, produzir-se-iam os afeminados; Dos 21 anos em diante: Apenas os jovens mais capazes devem continuar a educação já com carácter superior e baseada na Matemática e Filosofia. Entre eles, selecionam-se os futuros governantes, prosseguindo sua educação até os 50 anos. Essa educação pode ser distribuída da seguinte forma: Dos 21 aos 30 anos: estuda-se com profundidade: Aritmética, Geometria e Astronomia; Dos 31 aos 35 anos: predomínio da formação filosófica e dialética, sem prejuízo dos estudos matemáticos; Dos 35 aos 50 anos: O magistrado será incumbido de uma função pública e empregará os seus talentos para a prosperidade do Estado. Ninguém será admitido ao governo, antes dos 50 anos de idade. Dessa maneira os educandos prosseguiam, passando em um estágio adiantado, por diversas disciplinas como Ciências Matemática, Astronomia, entre outras disciplinas, até completar os cinquenta anos, o ápice dessa formação era alcançado com o resgate do conceito eterno e puro do bem, quando estaria preparado para exercer a gestão do estado, fazendo parte do restrito círculo dos governantes, formado tão somente por filósofos. Sócrates, filósofo grego nascido em Atenas, foi considerado o mais espantoso fenômeno pedagógico da história ocidental. Acreditava que o autoconhecimento é o inicio da abertura do verdadeiro saber. Defensor de um diálogo vivo e amigo com seus discípulos. Sócrates realizou uma reviravolta na história humana. A filosofia se preocupavaem explicar o mundo com base na observação das forças da natureza. Com Sócrates, o ser humano voltou-se para si mesmo. Ele se 30 preocupou em levar as pessoas, por meio do autoconhecimento, à sabedoria e à prática do bem. Para Sócrates o homem é concebido como um composto de dois princípios, alma (ou espírito) e corpo. De seu pensamento surgiram duas vertentes da filosofia que, em linhas gerais, podem ser consideradas como as grandes tendências do pensamento ocidental. Uma é a idealista, que partiu de Platão (427-347 a.C.), seguidor de Sócrates. Ao distinguir o mundo concreto do mundo das ideias, deu a estes status de realidade; e a outra é a realista, partindo de Aristóteles (384-322 a.C.), que submeteu as ideias, às quais se chega pelo espírito, ao mundo real. Sócrates buscava o ensino pelo diálogo, defendia o diálogo como método de educação, considerava muito importante o contato direto com os interlocutores. Para Sócrates, ninguém adquire a capacidade de conduzir-se, e muito menos de conduzir os demais, se não possuir a capacidade de autodomínio. Para Sócrates o papel do educador é ajudar o discípulo a caminhar nesse sentido, despertando sua cooperação para que ele consiga por si próprio "iluminar" sua inteligência e sua consciência. Assim, o verdadeiro mestre não é um provedor de conhecimentos, mas alguém que desperta os espíritos. Ele deve, segundo Sócrates, admitir a reciprocidade ao exercer sua função iluminadora, permitindo que os alunos contestem seus argumentos da mesma forma que contesta os argumentos dos alunos. Para o filósofo, só a troca de ideais dá liberdade ao pensamento e a sua expressão - condições imprescindíveis para o aperfeiçoamento do ser humano. Aristóteles, discípulo de Platão, fixou de maneira realista que as ideias estão nas coisas, como sua própria essência. Foi realista em sua intuição educacional, e defendeu três fatores principais que originaram o 31 desenvolvimento espiritual do homem; disposição inata, hábito e ensino. Logo, mostrou-se adepto a medidas educacionais condicionantes. . Aristóteles acreditava que a educação era o caminho para uma vida pública, cabendo a ela a formação do caráter do aluno. Via virtude como modo de educar para viver bem prazerosamente. Tinha o Estado como o único responsável pelo ensino. Defendia a ideia de que a criança aprende com o ato de imitar os bons hábitos do adulto. Para ele o ser humano só será feliz se der sua melhor contribuição ao mundo, se desfrutar suas condições necessárias para desenvolver os talentos. A virtude, para Aristóteles, é uma prática e não um dado da natureza de cada um, tampouco o mero conhecimento do que é virtuoso, como para Platão. Para ser praticada constantemente, a virtude precisa se tornar um hábito. Embora não se conheça nenhum estudo de Aristóteles sobre o assunto, é possível concluir que o hábito da virtude deve ser adquirido na escola. Abaixo acompanhe um quadro resumo sobre os principais educadores gregos: EDUCADOR PRESSUPOSTO MÉTODO SÓCRATES Autoconhecimento do educando. Diálogo crítico, dividido em duas etapas: ironia e maiêutica. PLATÃO Elevação do “espírito” do educando. Dialético a partir de etapas precisas para o processo educacional. ARISTÓTELES Hábitos virtuosos e orientação racional para os alunos. Lógico, partindo da percepção do objeto, memorização do percebido e inter-relação entre os mesmos. 32 O Pensamento Pedagógico Romano A sociedade romana era misturada de grandes proprietários, os patrícios que abarcavam o poder e de plebeus, pequenos proprietários, que mesmo sendo livres eram eliminados do poder. Já os escravos não tinham ensino e eram tratados como objetos. Na ocasião de ouro do império, existiu um sistema de educação com três graus clássicos de ensino: as escolas de ludi-magister que forneciam a educação principal; as escolas do gramático, que hoje são as mesmas do ensino secundário; e os estabelecimentos da educação superior, que estreavam com a retórica e seguida do Direito e Filosofia, se fundavam em uma condição de Universidade. Aos poucos a classe aristocrática foi abdicando lugar para comerciantes e pequenos artesãos e para uma pequena classe de burocratas, e daí careceu de escolas que preparassem administradores. Pela primeira vez na história, o estado assumiu diretamente a educação e formou seu quadro, treinando os supervisores-professores. Assim a educação romana abrange a ideia de se tornar utilitária e militarista constituída pela justiça e disciplina. Uma educação para a pátria, onde apreendia a paz só com vitórias e escravidão para os vencidos e aos rebeldes a pena capital. Os romanos não valorizavam o trabalho manual, seus estudos eram essencialmente humanistas. O que viria a ser humanistas? Roma desenvolveu a concepção de império formado de vários povos, sem discriminar os vencidos e ainda lhe dando o direito a cidadania romana, em troca do pagamento de impostos. Humanitas: é pensar uma cultura universalizada. Equivale à Paideia grega, distingue-se dela por se tratar de uma cultura predominantemente humanística e, sobretudo cosmopolita e universal, buscando aquilo que caracteriza o homem, em todos os tempos e lugares. É uma concepção que não se restringe ao ideal de homem sábio, mas se estende à formação do homem virtuoso, como ser moral, político e literário. 33 As humanistas, dada na escola romana, seguia as seguintes fases: Ditado de um fragmento do texto, a título de exercício ortográfico; memorização do fragmento; tradução do verso em prosa e vice-versa; expressão de uma mesma ideia em diversas construções; análise das palavras nas frases; composição literária. Assim era instruída a elite romana. Enquanto os gregos e sua pedagogia enfatizavam a visão filosófica ou o predomínio da retórica, Roma, por sua vez, adotava uma postura mais gramática, voltada para o cotidiano, para a ação política. É o domínio da retórica sobre a filosofia. A agricultura, a guerra, a política constituía o programa que um romano nobre deveria realizar. Os escravos aprendiam as artes e os ofícios nas casas onde serviam. No apogeu do Império Romano, ou seja, no auge de suas conquistas, os enormes tentáculos do império necessitavam de escolas que viessem a preparar os futuros administradores. Quando os romanos impuseram o latim a numerosas províncias, o sistema educacional romano dividia-se em três graus: Ludi-magister: educação elementar; Gramático: que corresponde ao que hoje chamamos de ensino secundário; A educação superior romana seria a retórica, o ensino do direito e da filosofia. Direitos e deveres, eis o que ensinavam os romanos: Direito do pai sobre o filho (pater potestas). No lar o pai infligia sobre os filhos, e nas escolas os castigos podiam ser severos, incluindo açoites; Direito do marido sobre a esposa (manus); Direito do senhor sobre os escravos (patestas dominica); Direito do homem livre sobre um outro que a lei lhe dava por contrato ou por condenação judiciária (manus capare); 34 Direito sobre a propriedade (dominiun). Todas as cidades e regiões conquistadas, apesar de se serem consideradas aliadas de Roma, eram submetidas aos mesmos hábitos e costumes, à mesma administração. Dessa forma os romanos conseguiram atingir um fenômeno, que é chamando por muitos autores, de “romanização”, obra que foi terminada pelo cristianismo. Roma teve vários teóricos da educação dentre os quais podemosdestacar: Catão, “o antigo” (234-149 a.C.): preconizava a formação do caráter, defendendo o retorno às raízes romanas, a tradição contra a influência helênica. Principais Educadores Romanos Marco Terêncio Varrão (116 - 27 a.C.): partidário de uma cultura romano-helênica, com base na “virtus” romana: pietas, honestitas, austeritas. Escreveu uma enciclopédia didática, onde discutia o ensino da gramática. Compôs sátiras, que viriam a orientar os jovens na “virtus”, com máximas edificantes. Marco Túlio Cícero (106 - 43 a.C.): ampliou o vocabulário latino, apoiado na experiência com o mundo grego e na erudição. Valorizou a fundamentação filosófica do discurso, tornando-se um dos mais claros representantes da humanitas romana. Compreendia que a educação integral do orador requer: cultura geral, formação jurídica, aprendizagem da argumentação filosófica, bem como o desenvolvimento de habilidades literárias e até teatrais, igualmente importante para o exercício da persuasão. Cícero será inclusive um dos principais modelos dos pedagogos para os renascentistas. Orador e político romano, nascido numa região próxima a Roma. Estudou literatura grega, literatura latina e retórica com os melhores mestres da época, aprofundou-se no estudo das leis e nas doutrinas filosóficas. 35 Valorizava a fundamentação teórica e filosófica do discurso, apaixonado defensor da educação integral, afirmava que o orador deveria ter erudição, conhecer a cultura geral, aprofundar-se na formação jurídica, na argumentação filosófica e, conhecer e desenvolver habilidades literárias e teatrais. Seus textos não se ocupam apenas da filosofia, mas também de temas sociais. Não só pela extensão, mas pela originalidade e variedade de sua obra, Cícero é considerado o maior dos escritores romanos e o que mais influenciou os oradores modernos, foi também, o mestre das letras mais completo de toda a Antiguidade Ocidental. Sêneca (por volta de 4 a.C. – 65): insiste na educação para a vida e para a individualidade. Concebe a filosofia como um instrumento capaz de orientar o homem para o bem viver. A filosofia teria a função de ensinar a verdadeira vida humana, que não se confunde com o gozo dos prazeres, voltada que está para o domínio das paixões, já que a felicidade consiste na tranquilidade da alma. Enfatizado a educação moral, dando menos importância à retórica, Sêneca parte da premissa que a educação deveria ser prática e vivificada pelo exemplo. Plutarco (por volta de 46 – depois de 119): dava ênfase em uma educação que procurasse mostrar a biografia dos grandes homens, para que assim servissem de exemplos vivos de virtude e de caráter. Reconhece a importância da música e da beleza na educação. Marco Fábio Quintiliano (por volta de 35 – depois de 96): Foi um dos mais respeitado pedagogo romano. Defendia que o estudo devia dar-se num espaço de alegria (schola), onde o ensino da leitura e da escrita devia ser oferecido pelo mestre do brinquedo (ludi-magister), Marco Fábio peconizava: Distancia-se da filosofia, preferindo os aspectos técnicos da educação, sobretudo da formação do orador; 36 Valoriza a psicologia como instrumento para conhecer a individualidade do aluno; Sugere para iniciação às letras, o ensino simultâneo da leitura e da escrita, criticando as formas vigentes por dificultar a aprendizagem; Recomenda alternar trabalho e recreação para que a atividade escolar seja menos árdua e mais proveitosa; Considera importante que a criança aprenda em grupo, por favorecer a competição, de natureza altamente saudável e estimulante; Recomenda a prática dos exercícios físicos, realizada sem exageros; Valoriza a busca da clareza, a correção, a elegância e os clássicos como Homero e Virgílio no estudo de gramática, reconhecendo os aspectos estético, espiritual e ético. Marco Fábio Quintiliano nasceu na Espanha. Estudou retórica com os maiores mestres de seu tempo e lecionou em Roma durante vinte anos. É considerado um dos pedagogos mais brilhantes do mundo antigo. Sua mais significativa obra foi “De institutione” oratória (escrita no ano de 95), publicada em 12 volumes, nessa obra, o autor apresentou diretrizes para a formação cultural dos romanos, desde a infância até a maturidade. Defendia muito a necessidade de dominar os aspectos técnicos da educação, sobretudo a formação do orador. Dizia que o ideal educacional da eloquência (falar com o público de maneira convincente) associada à sabedoria seria a fórmula perfeita para educar uma pessoa. Valorizava também a psicologia como instrumento para se conhecer a individualidade do aluno. Pelo que pudemos ver até então, Quintiliano, não se prendia apenas às discussões teóricas, pelo contrário, defendia o uso de técnicas de diversas ciências para a melhoria da educação. Por falar em melhoria educacional, um aspecto que não se pode esquecer é que ele também defendia o lúdico no processo ensino-aprendizagem, dizendo que intercalando recreação com as atividades didáticas, o ensino seria mais prazeroso. 37 Achava o estudo em grupo fundamental para o favorecimento da emulação (busca pelos melhores postos na escola e na sociedade) e no estímulo intelectual dos alunos. Incluiu na sua pedagogia exercícios físicos moderados. Por outro lado não se esqueceu da formação intelectual vigorosa, pois para ele, o estudo da gramática devia estimular nos alunos uma escrita clara e elegante. O trabalho de Quintiliano atravessou as barreiras do tempo e das fronteiras, fazendo com que sua obra retornasse com vigor na época do Renascimento em diversos países de língua latina. O Pensamento Pedagógico Medieval Com o declínio do império romano e as invenções dos chamados bárbaros, foi abrigado o limite da influência da cultura Greco-romana. E a igreja cristã brota como uma nova força espiritual. Do ponto de vista pedagógico, Cristo havia sido um grande educador popular e bem sucedido. A sua pedagogia era para a vida, e sua linguagem erudita sabia tocar o povo mais humilde. A patrística é o nome dado à filosofia cristã dos primeiros sete séculos, elaborada pelos Padres da Igreja, que são os primeiros estudiosos da Escritura e os mais antigos testemunhos da fé da Igreja e da vida cristã. A ponte que une a Tradição Apostólica às gerações cristãs posteriores ocorreu no século I ao VII depois de Cristo, acordou a fé cristã com doutrinas greco-romanas e disseminou escolas catequéticas para todo império. E em seguida, surgiu a concentração do ensino por parte do Estado cristão. A partir de Constantino (século IV), o império seguiu o cristianismo como religião oficial e pela primeira vez, a escola tornou-se um aparelho ideológico do Estado. Na educação elementar, o intento da escola estava em instruir as massas camponesas, mantendo-as doces e resignadas, através das escolas paroquiais por sacerdotes. Na educação secundária, eram fornecidas 38 nas escolas monásticas, ou seja, conventos; e na educação superior, munidas nas escolas imperiais onde eram organizados os funcionários do império. Nos séculos VI e VII, forma-se o império árabe. Maomé funda a nova religião, o Islamismo (islã=salvação), seus seguidores ganham a designação de mulçumanos ou maometanos. A doutrina de Maomé esta dominada no Alcorão ( livro sagrado dos mulçumanos). Ao contrário dos cristãos, os árabes não almejavam truncar a cultura grega, e então se inicia um novo tipo de vida intelectual, chamada escolástica que busca harmonizar a razão histórica com a fé cristã.Quem mais se destacou foi São Tomas de Aquino. Defendeu que a educação habitua o educando a brotar todas as suas potencialidades. Mas ele foi incriminado de abusar do princípio da autoridade. Reformador de programas de ensino, criador de escolas superiores, mas acima de tudo professor. Defendeu que deveríamos impedir a aversão pelo tédio e acordar a disposição de admirar e perguntar, como inicio do autêntico ensino. Ao lado do clero, a nobreza realizava sua própria educação. Defendia uma formação do perfeito cavaleiro com formação musical e guerreira, focando apenas na guerra. As classes trabalhadoras só legavam a cultura da luta pela sobrevivência. Na Idade Média, já no século XVIII, com o desenvolvimento das escolas monásticas, houve a disposição gremial da sociedade e o vigor da ciência apresentada pelos árabes, constituindo a primeira organização liberal da Idade Media. As Universidades desenvolveram três métodos que se arrolavam entre si: as lições, repetições e as disputas. Conceberam até hoje uma grande força nas mãos de classes dirigentes. Para muitos historiadores, a Idade Média não foi uma idade das trevas e da ignorância, como os ideólogos do Renascimento fixaram. Ao contrário, foi fecunda em lutas pela autonomia, com greves e debates livres. Discutiam sobre a gratuidade do ensino e pagamento dos professores. As escolas medievais não possuíam o formato das escolas que conhecemos hoje, as 39 aulas podiam ser ministradas ao ar livre e a maioria esmagadora delas era ligada á Igreja Católica (escolas monacais e catedralícias). E o que se ensinava nessas escolas? O conteúdo do ensino era o estudo clássico, isto é, as “artes do homem livre”, bem diferente das “artes mecânicas do homem servil”. Essas artes eram baseadas em algumas disciplinas, que vinham desde os tempos dos sofistas gregos. Na Idade Média elas constituíram o trivium e o quadrivium. O trivium (gramática, retórica e dialética), corresponderia atualmente ao ensino médio era mais comum e de caráter mais popular, encontrava-se abaixo do quadrivium (geometria, aritmética, astronomia e música) que seria uma categoria superior de ensino. Assim o conteúdo de ensino passou a ser chamado de “as sete arte liberais e dividiam-se em o trivium e o quadrivium, que estão brevemente resumidos na tabela abaixo: TRIVIUM QUADRIVIUM Estudo de gramática, retórica e dialética corresponderia atualmente ao ensino médio era mais comum e de caráter mais popular, menos complexo que o quadrivium. Estudo de geometria, aritmética, astronomia e música, eram consideradas como uma categoria superior de ensino. Geralmente só a elite econômica tinha acesso ao mesmo. Apesar de fortemente ligadas ao catolicismo, as escolas monacais e catedralícias, de início, educavam os burgueses, mas em seguida estes procuraram uma educação que atendesse aos objetivos da vida prática. Alterações importantes no sistema educacional só vão ocorrer por volta do século XI, com o fortalecimento do comércio, isso resulta em algumas coisas importantes para a educação. Uma delas foi o surgimento das escolas 40 seculares. Com efeito, o desenvolvimento do comércio faz brotar novamente a necessidade de se aprender a ler, escrever e calcular. Nessas escolas burguesas, acontece uma forte contestação à Igreja, pois as mesmas se opunham ao ensino puramente religioso. Na verdade essas escolas queriam uma proposta ativa, que atendesse aos interesses da classe burguesa. A educação medieval vai sofrer mudança novamente por volta do século XII, pois a sociedade vai ficando cada vez mais complexa. Assim houve ampliação dos estudos (Filosofia, Teologia, Leis e Medicina); surgimento de mestres especializados; exigência de provas para a aquisição dos títulos de bacharel, licenciado e doutor e por fim o surgimento das universidades. Por outro lado, na época medieval a maior parte das mulheres não tinha acesso à educação formal. Apesar de trabalharem arduamente ao lado do marido, continuariam analfabetas. As meninas nobres aprendiam alguma coisa em seu próprio castelo, ocasião em que recebiam aulas de artes domésticas. Quando surgiram as escolas seculares, as meninas burguesas começaram a ter acesso à educação. Porém nos mosteiros (alunas internas) e nos educandários (alunas externas) as meninas aprendem a ler, escrever, fazer artes da miniatura, executar cópia de manuscritos (raramente). Já que somos educadores ou futuros educadores, é bom nos perguntar quem eram esses mestres medievais? Os pedagogos – no sentido exato da palavra – não aparecem na época medieval. As questões pedagógicas eram objeto de reflexão de qualquer pessoa que se dedicasse à interpretação dos textos sagrados, na preservação dos princípios religiosos, no combate à heresia e na conversão dos infiéis. A principal função da educação era a salvação da alma e a vida eterna. Por conseguinte, no final do período medieval, com a ampliação do comércio e por influência da burguesia, começam a haver transformações que irá determinar os novos rumos da ciência, da literatura, da educação. 41 O Pensamento Pedagógico Renascentista Renascimento, Renascença ou Renascentismo são os termos usados para identificar o período da História da Europa aproximadamente entre fins do século XIV e inicio do século XVII. O Renascimento foi um importante movimento de ordem artística, cultural e científica que se deflagrou na passagem da Idade Média para a Moderna. Em um quadro de sensíveis transformações que não mais correspondiam ao conjunto de valores apregoados pelo pensamento medieval, o renascimento apresentou um novo conjunto de temas e interesses aos meios científicos e culturais de sua época. Ao contrário do que possa parecer, o renascimento não pode ser visto como uma radical ruptura com o mundo medieval. Caracterizou-se por uma revalorização da cultura greco-romana, influenciando a educação tornando-a mais prática, compreendendo a cultura do corpo e procurando suprir processos mecânicos por métodos mais afáveis. O renascimento pedagógico estava unido a alguns fatores do próprio progresso histórico. As grandes navegações do século XIV que produziram origem ao capitalismo comercial, a invenção da imprensa alcançada pelo alemão Gutenberg que disseminou o saber e a revolta, o achado da bússola que permitiu as grandes navegações. Todos esses achados beneficiaram um crédito ao individualismo, pioneirismo e aventura. Beneficiou a arte da guerra com o achado da pólvora. A educação renascentista organizou a formação do homem burguês e a educação não atingiu as massas populares. Caracterizava-se pelo elitismo, aristocratismo, individualismo liberal. Abrangia principalmente, o clero, a nobreza e a burguesia. Os principais educadores renascentistas foram: Vittorino da Feltre (1378-1446); Erasmo Desidério (1467-1536); Juan Luís Vives (1492-1540); Fraçois Rabelais (por volta de 1483-1553); e Michel de Montaigne (1533-1592). 42 Michel Montaigne (1533-1592), que abandonou a cultura obscura e a disciplina escolástica, defendeu que os professores deveriam ter a cabeça antes melhor que fornecida de ciência. Engels apreciou a Reforma Protestante como a primeira grande revolução burguesa. Foi iniciada por Martinho Lutero (1483-1546), como consagração do livre-arbítrio. A principal decorrência da Reforma foi a mudança da escola para o controle do Estado, nos países protestantes. Incidia em uma escola pública religiosa. Mas não consistia ainda em uma escola pública, leiga, obrigatória, universale gratuita, como é entendida atualmente. Era uma escola pública religiosa. A igreja católica reagiu a Reforma Protestante por meio do Concílio de Trento que inventou o índice dos livros proibidos e da Companhia de Jesus. Organizou a inquisição para combater o protestantismo. Dentre os reformadores cristãos, destaca-se João Calvino (1509-1564) que deu ao protestantismo suíço e ao francês sua doutrina e organização. Os jesuítas tinham como objetivo converter os hereges e alimentar os cristãos vacilantes. A educação jesuíta encaminhou-se para a formação do homem burguês. Seu fundador foi Inácio de Loyola (1491-1556). Nesta educação tudo estava previsto, incluindo a posição das mãos e o modo de levantar os olhos. Tinha como lema a obediência ao papa até a morte. Os jesuítas desprezaram a educação popular, para o povo sobrou apenas o ensino dos princípios da religião cristã. A educação jesuítica conduziu a educação do homem burguês, e desapoiou a formação das classes populares. Por força das ocasiões, tinham de agir no mundo colonial em duas frentes: a formação da burguesia dos dirigentes e a formação catequética das populações indígenas. A ciência do governo para uns e a catequese e a servidão para outros. 43 O Pensamento Pedagógico Moderno Nos séculos XVI e XVII começou a concepção de uma nova classe em oposição a produção feudal. Com os novos meios de produção estreou o sistema de cooperação antecessor do trabalho em série do século XX. A produção passa para de um esforço isolado para um esforço coletivo. Aparece o método indutivo de investigação, opondo-o ao método aristotélico de dedução. Bacon foi avaliado o fundador do método cientifico moderno. René Descartes escreveu sobre os passos para o estudo e a pesquisa, recriminou o ensino humanista e propôs a matemática como modelo de ciência perfeita. Descarte, pai do racionalismo e da filosofia moderna, acordou em posição dualista a questão ontológica da filosofia, a relação entre o pensamento e o ser. Estudou sobre a razão humana e inventou um novo método científico de conhecimento do mundo, substituindo a fé pela razão. Compôs a religião e a ciência, sofrendo grande influência da ideologia burguesa do século XVIII, influenciado pelas tendências progressistas da classe em ascensão na França. Descartes escreveu sobre o Discurso do Método, e ofereceu os seguintes princípios em seus estudos: nunca acolher alguma coisa como verdade que não conhecesse evidentemente como tal, poupando o ímpeto; dividir cada uma das dificuldades que examinasse em tantas parcelas quantas possíveis e quantas imperativas fossem para melhor resolve-las; dirigir ordem nos pensamentos do mais simples ao mais composto; fazer em toda parte enumerações tão completas e revisões tão gerais que apresentasse a certeza de nada omitir. Ele escreveu sua principal obra a língua popular, possibilitando acesso ao maior número de pessoas. O século XVI assistiu a uma grande revolução linguística, na qual se exigia dos educadores o bilinguismo, o latim como língua culta e o vernáculo como língua popular. A igreja alcançou a importância desse tumulto e logo forneceu através do Concílio de Trento (1562), que as pregações acontecessem em vernáculo. 44 Após vinte anos, depois da publicação do Discurso do método, João Amos Comênio (1592-1670), escreveu a Didática Magna (1657), considerada como método pedagógico para ensinar com rapidez, economia de tempo e sem fadiga. Ele amparava que a escola era para ensinar o conhecimento das coisas. Assim o pensamento pedagógico moderno caracterizou-se pelo realismo. John Locke (1632-1704) começou a investigar de que valia o estudo do latim para os homens trabalhadores nas fábricas. Achava melhor que ensinassem à mecânica e o cálculo. Mesmo assim, permanecia o ensino bilíngue e a educação ainda era para a nobreza e o clero. Locke combateu a origem dos sentidos. A pedagogia realista aparece contra o formalismo humanista, aderente a superioridade do domínio do mundo exterior sobre o domínio do mundo interior, a superioridade das coisas sobre as palavras. Desencadeou a paixão pela razão (Descartes) e o estudo da natureza (Bacon). De humanista a educação torna-se cientifica. O conhecimento só tinha valor se preparasse para a vida e para ação. Bacon divide as ciências em: ciência da memória ou ciência histórica; ciência da imaginação, ou poética; ciência da razão ou filosófica. Já Locke defende que a criança ao nascer, é uma tabula rasa, um papel em branco sobre o qual o professor podia tudo escrever. João Amos Comênio foi respeitado como grande educador e pedagogo moderno e um dos maiores reformadores sociais de sua época. Foi o primeiro a sugerir o sistema articulado de ensino e defendeu que a educação deveria ser permanente, acontecer durante toda a vida do homem. Além disso, defendeu que o sistema educacional deveria abarcar 24 anos com quatro tipos de escolas: a escola materna de 0 a 6 anos; a escola elementar ou vernácula, dos 6 a 12 anos; a escola latina ou o ginásio, de 12 aos 18 anos e a academia ou universidade, dos 18 aos 24 anos. Defendeu que em cada família, deveria existir a escola materna, em cada município ou aldeia uma escola primária, em cada cidade um ginásio e 45 em cada capital uma universidade. O ensino deveria ser unificado com todas as escolas articuladas. Mas apesar dos progressos, a educação das classes populares e a democratização do ensino ainda não se depositavam como questão central. Aceitavam facilmente, a divisão entre o trabalho intelectual e o trabalho manual, resultado da divisão social. No século XVII, aparece a luta das camadas populares pelo acesso a escola, estimulada pelos novos intelectuais iluministas e novas ordens religiosas, a classe trabalhadora em formação, podia e devia ter um papel na mudança social. Criava-se uma cultura de resistência. Ao contrário da ordem dos jesuítas, apareceram várias ordens religiosas católicas que se consagravam à educação popular, que apresentavam ensino gratuito em forma de internato, como uma educação filantrópica e assistencialista. O Pensamento Pedagógico Iluminista O Iluminismo foi um movimento intelectual que surgiu durante o século XVIII na Europa, que defendia o uso da razão (luz) contra o antigo regime (trevas) e pregava maior liberdade econômica e política. Este movimento promoveu mudanças políticas, econômicas e sociais, baseadas nos ideais de liberdade, igualdade e fraternidade. O Iluminismo tinha o apoio da burguesia, pois os pensadores e os burgueses tinham interesses comuns. As críticas do movimento ao Antigo Regime eram em vários aspectos como: mercantilismo; absolutismo monárquico e o poder da igreja e as verdades reveladas pela fé. Com base nos três pontos acima, podemos afirmar que o Iluminismo defendia: a liberdade econômica, ou seja, sem a intervenção do Estado na economia; o antropocentrismo, ou seja, o avanço da ciência e da razão e o predomínio da burguesia e seus ideais. 46 As ideias liberais do Iluminismo se disseminaram rapidamente pela população. Alguns reis absolutistas, com medo de perder o governo ou mesmo a cabeça, passaram a aceitar algumas ideias desse movimento. Estes reis eram denominados Déspotas Esclarecidos, pois tentavam conciliar o jeito de governar absolutista com as ideias de progresso iluministas. Alguns representantes do despotismo esclarecido foram: Frederico II, da Prússia; Catarina II, da Rússia; e Marquês de Pombal, de Portugal. O clero e a nobreza reuniram poder no período da Idade Moderna,através do regime absolutista. A revolução Francesa produziu o fim dessa situação, que através dos iluministas, influenciados pelas ideias liberais condenaram a prepotência do governo e o obscurantismo da igreja. Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) se destacou, implantando uma nova era da história da educação. Desempenhou a relação entre educação e política e destaca, pela primeira vez, o tema da infância na educação. O século XVIII torna-se político pedagógico por excelência. Rousseau resgata a relação entre a educação e a política. A partir dele, a criança não seria mais considerada um adulto em miniatura, mas sim como um ser que vive em seu mundo próprio; a criança nasce boa, o adulto, com sua falsa concepção da vida, é que perverte a criança. O iluminismo tentou emancipar o pensamento da repressão dos monarcas terrenos e do despotismo do clero. Aguçou a movimento pela liberdade individual. A ideia de volta ao estado natural do homem é comprovada no espaço de Rousseau, através dos estudos sobre a sociedade dos homens primitivos. A educação não deveria apenas ensinar, mas permitir que a natureza germinasse na criança. Não deveria dominar e modelar, só os instintos e os interesses naturais deveria direcionar, acabava sendo uma educação racionalista restringindo a experiência. Rousseau dividiu a educação em três momentos: da infância, da adolescência e da maturidade. Nessa situação, houve a passagem do controle da educação da igreja para o Estado. 47 A Revolução Francesa baseou-se nas reclamações populares de um sistema educacional. A Assembleia Constituinte de 1789 organizou vários projetos de reforma escolar e de educação nacional. O mais importante foi o projeto de Condorcet (1743-1794), que sugeriu o ensino universal como meio de acabar com a desigualdade. A partir da Revolução Francesa, tentou-se plasmar o educando de um acordo de classe, centro do conteúdo programático. A burguesia queria da educação, trabalhadores com formação de participes de uma nova sociedade liberal e democrática. Os pedagogos revolucionários foram os primeiros políticos da educação. Froebel (1782-1852) foi o idealizador dos jardins da infância, defendendo que o desenvolvimento da criança dependia de uma atividade espontânea e construtiva (jogos, trabalhos manuais), estudo da natureza, expressão corporal, desenhos, linguagem, etc. Além de Rousseau, outro grande teórico que se destacou foi o alemão Kant (1724-1804). Descartes sustentava que todo conhecimento era inato e Locke que todo saber era alcançado pela experiência. Kant suplantou essa contradição, defendendo que o homem é o que a educação faz dele através da disciplina, da didática, da formação moral e da cultura (aculturação, socialização e personalização). Espaço, tempo, causalidade e outras relações. Sendo assim, Rousseau foi o antecessor da escola nova, que inicia no século XIX e ganhou êxito na primeira metade do século XX, sendo ainda hoje valorizada. Influenciaram educadores como Pestalozzi, Herbart e Froebel. Pestalozzi (1746-1827) queria a reforma da sociedade através da educação das classes populares. Amparava que a educação geral deveria anteceder a profissional. Herbart (1776-1841) foi professor universitário, mais teórico do que prático, respeitado como um dos pioneiros da psicologia cientifica, defendendo que o processo de ensino deveria seguir quatro passos formais: clareza na apresentação do conteúdo-demonstração do objeto; associação do conteúdo com outro assimilado anteriormente pelo aluno–etapa da comparação; 48 ordenação e sistematização dos conteúdo–etapa da generalização e aplicação a situações concretas dos conhecimentos adquiridos –etapa de aplicação. A burguesia ascendeu sob os ideais de liberdade, liberalismo, no período de passagem do feudalismo para o capitalismo. Estimulada pela Reforma Protestante que estimula o livre pensamento no setor religioso, juntou- se ao movimento racionalista, que embutia a liberdade de normas de conduta dos indivíduos. Mas para a burguesia nascente a liberdade servia para ouro fim, a acumulação de riquezas. A igualdade social seria nociva, pois atentaria a padronização e uniformização entre os indivíduos sendo considerado um desrespeito a individualidade. O principio principal da educação burguesa ministrou uma educação distinta para cada classe: classe dirigente e classe trabalhadora, numa concepção dualista de educação, que no século XIX foi sistematizada pelo pensamento positivista. O Pensamento Pedagógico Positivista O positivismo foi uma corrente filosófica iniciada por Auguste Comte, onde as ideias de percepção humanas são baseadas na observação, exatidão, deixando de lado teorias e especulações da Teologia e Metafísica. Segundo Comte, as ciências que são positivistas são a Matemática, Física, Astronomia, Química, Biologia e a recém-criada Sociologia, que se baseia em dados estatísticos. Os positivistas acreditam que a ciência é cumulativa, transcultural (não interessa em qual cultura surgiu, serve para toda a humanidade). Novas ideias podem surgir sem ser continuação de conceitos velhos, como “entidades de um tipo podem ser redutíveis a entidades de outro”, por exemplo, o que se passa na cabeça de uma pessoa pode ser explicado pelas reações químicas no cérebro. 49 Existiam duas forças adversas, uma era o movimento popular e socialista e outra o movimento elitista burguês. Essas duas correntes opostas são representadas pelo marxismo e pelo positivismo. Imaginadas por dois expoentes: Augusto Comte (1798-1857) e Karl Marx (1818-1883). Comte seguiu direção para os estudos das ciências sociais e as ideias de que os fenômenos sociais como os físicos podem ser diminuídos a leis e que todo conhecimento cientifico e filosófico deve ter por finalidade o aperfeiçoamento moral e político da humanidade. Uma verdadeira ciência para Comte deveria avaliar os fatos sociais, carecia ser uma ciência positiva afastando dos preceitos ideológicos e apontando uma ciência neutra. O positivismo concretiza uma ordem pública através da paciência ao seu status quo. Nada de doutrinas criticas revolucionária, como as do iluminismo ou do socialismo. Já Marx buscava a liberdade e a igualdade, mas não poderia ser realizado enquanto não mudasse o sistema econômico que instaurava a desigualdade na base da sociedade. Da Lei dos três estados concluiu o sistema educacional: o estado teológico em que o homem explicava a natureza por agentes sobrenaturais; o estado metafísico, no qual se explicava através de noções abstratas como essência, causalidade e o estado positivo, onde se procuram as leis cientificas. A tendência cientificista ganhou força na educação como desenvolvimento da sociologia em geral, e da sociologia da educação. Um dos principais teóricos da sociologia da educação foi Emile Durkheim (1858-1917). Considerado pai do realismo sociológico, explica o social pelo social, como realidade autônoma. Tratou em especial dos problemas morais. Finalizou que a moral começa ao mesmo tempo em que a vinculação com um grupo. Entendia a educação como esforço contínuo para preparar as crianças para vida em comum. Por isso, era forçoso impor as mesmas maneiras adequadas de ver, sentir, agir. Para ele, a sociologia produz os fins da educação. A pedagogia e a educação representam mais do que um anexo ou apêndice da 50 sociedade e da sociologia, deveriam existir sem autonomia. Levantar na criança através da educação certo número de estados físicos, intelectuais e morais, estabelecidos na sociedade política. Considerava a educaçãocomo imagem e reflexo da sociedade, compreendendo a pedagogia como uma teoria da prática social. Foi o verdadeiro mestre da sociologia positivista moderna. Considerou os fatos sociais em coisas. A intenção positivista concebeu um caráter conservador e reacionário das ideias pedagógicas. Tornou-se uma ideologia de ordem, de paciência e estagnação social. Nasceu como filosofia, mas ao dar uma resposta ao social, afirmou-se como ideologia. OBSERVAÇÃO: A Educação para Durkheim é um fato fundamentalmente social, imagem e reflexo da sociedade. Portanto, o ato educacional é uma ação exercida pelas gerações adultas em relação às mais jovens, que deveriam ser tutoradas em seu ingresso na vida social. No Brasil, o positivismo infundiu a Velha República e o Golpe Militar de 1964. Segundo essa ideologia, o país não seria mais governado pelas paixões políticas, mas pela racionalidade dos cientistas, os tecnocratas, preocupados apenas com os fatos sociais. Essa doutrina serviu muito a elite brasileira quando sentiram seus privilégios advertidos pela organização crescente da classe trabalhadora. A teoria educacional de Durkheim opõe-se diretamente a de Rousseau. Enquanto este, afirmava que o homem nasce bom e a sociedade o corrompe, Durkheim declarava que o homem nasce egoísta e só a sociedade através da educação pode torná-lo solidário. O pensamento positivista na pedagogia andou para o pragmatismo, que considerava a formação empregada para a vida imediata. No Brasil, o valor o positivismo influenciou o primeiro projeto de formação do educador. O valor dado à ciência no processo pedagógico relevaria maior atenção ao pensamento positivista. Não podemos negar sua ajuda no estudo cientifico da educação. 51 O Pensamento Pedagógico Socialista Formou-se no seio do movimento popular, pela democratização do ensino, empenhados com a transformação social. Sugere uma educação igual para todos. Platão já havia provado manifestações do comunismo imaginário, pois ligava educação à política. Mas foi Thomas Morus (1478-1535) que fez critica a sociedade individualista e propôs a diminuição da jornada de trabalho para seis horas diárias, a educação laica e a coeducação. Os princípios da educação pública socialista foram proclamados por Marx (1818-1883) e Engels (1820-1924) e desenvolvidos por Lênin (1870-1924). Os dois escreveram o Manifesto do Partido Comunista em 1947 e 1948, onde protegem a educação pública e gratuita para todas as crianças a partir dos princípios: Eliminação do trabalho delas nas fábricas; Da associação entre educação e produção material; Da educação politécnica que leva a formação do homem unilateral, abrangendo os aspectos, mental, físico e técnico; Da inseparabilidade da política e da educação, portanto, da totalidade social (estudo, trabalho e lazer). Já Lênin, atribuiu a importância da educação no processo de transformação social, como primeiro revolucionário a admitir o controle do governo, pode na sua prática disseminar as ideias socialistas na educação. Defendeu que a educação pública deveria ser de modo eminente, política. 52 Outro histórico defensor da escola socialista, foi Antônio Gramsci (1891-1937), chamava a escola única de escola unitária, evocando a ideia de unidade e centralização democrática. Seguindo a concepção Leninista, também colocou o trabalho como começo antropológico e educativo básico a formação. Criticou a escola tradicional que dividia o ensino em clássico e profissional. E propôs a superação dessa divisão de classes, defendendo uma escola critica e criativa deve ser ao mesmo tempo clássica, intelectual e profissional. Uma escola unitária significa uma relação entre trabalho intelectual e trabalho industrial em toda vida social e não apenas na escola, ou seja, em todos os organismos da cultura. O novo intelectual orgânico, para ele, representava uma organização do conhecimento do mundo moderno a partir da educação técnica ligada ao trabalho industrial. O trabalho como modalidade da prática. Já para Makarenko (1888-1939), o verdadeiro processo educativo se faz pelo próprio coletivo e não pelo individuo que se chama educador. Foi respeitado como um dos maiores pedagogos soviéticos da historia da educação socialista. Defendeu a ideia do trabalho coletivo como principio pedagógico. O Pensamento Pedagógico Escolanovista (A Escola Nova) Movimento que valorizou a autoformação e a atividade espontânea da criança. Uma educação que fosse instigadora da mudança social. Tanto a psicologia educacional como a sociologia educacional contribuíram para a formação da escola nova. John Dewey (1859-1952) foi o primeiro norte-americano a formular o novo ideal pedagógico, afirmando que o ensino deveria ser pela ação e não pela instrução, por uma experiência ativa, concreta e produtiva. A educação era essencialmente pragmática e instrumentalista, buscando a convivência democrática sem por em questão a sociedade de classes. 53 Para ele só o aluno poderia ser autor das suas experiências, aluno como centro (paidocentrismo) da Escola Nova. Desenvolveu-se o método de projetos centrado na atividade prática do aluno. Jean Piaget (1896-1980) pesquisou a natureza do desenvolvimento da inteligência na criança. Estudou como a criança organiza o real. Criticou a escola tradicional que ensina a copiar e decorar e a não pensar. E para obter bons resultados no aprendizado da criança, o professor deveria respeitar as fases de desenvolvimento da criança. Compreendia que aprendizagem é um conceito psicológico. A epistemologia genética também não é uma ciência entre outras, mas uma matéria interdisciplinar que se ocupa com todas as ciências. A gênese do conhecimento foi o maior interesse de estudo de Piaget, onde analisou as relações entre conhecimento e vida orgânica. Buscou conhecer como o ser humano consegue organizar, estruturar e explicar o mundo em que vive. Sua teoria foi importante para explicar a evolução do comportamento cognitivo. Sua teoria epistemológica influenciou outros estudiosos como Emília Ferreiro. O desenvolvimento das tecnologias do ensino deve muito à preocupação escolanovista com os meios e técnicas educacionais. No Brasil existiram as escolas vocacionais, escolas ativas, escolas experimentais, escolas piloto, escolas livres, escolas comunitárias, escolas não-diretivas que adotaram essa filosofia educacional. Os métodos se apuraram e levaram para sala de aula o rádio, o cinema, o vídeo, o computador e as máquinas de ensinar. Inovações que chegam aos educadores e que o fizeram se perderem no meio de tantas propostas inovadoras. Por isso que hoje, os educadores têm a necessidade de analisar mais sobre as sua prática a partir da realidade escolar, sabendo que nada adianta diante de novas técnicas e planos, por mais modernos que sejam. Na segunda metade do século, uma visão critica a respeito da educação escolanovista vem abalar o otimismo dos educadores. Paulo Freire (1921), herdeiro de muitas conquistas da Escola Nova, denunciou o caráter conservador dessa visão pedagógica e observou que a escola podia servir tanto para educação como prática da dominação quanto como pratica para a 54 liberdade. Para ele, a Educação Nova não foi um mal em si, mas representou na história das ideias e práticas pedagógicas, um apreciável avanço. Freire foi o maior defensor da tendência progressiva. Destaca contrastes entre formas de educação que tratam pessoas como objetos em lugar de assuntos e procura entender a educação como ação cultural. O Pensamento Pedagógico
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