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AULA I CIENCIA POLITICA-TGE - O DISCURSO E A ACAO POLITICOS 2015.1

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O CAMPO E O PODER POLÍTICOS:
DISCURSO E AÇÃO POLÍTICOS
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DO DISCURSO POLÍTICO COMO PROCESSO DE INFLUÊNCIA SOCIAL
O DISCURSO se configura como o conjunto de atos de linguagem que circulam no mundo social, refletindo tudo aquilo que se constitui nos universos do pensamento e dos valores que se impõem em um tempo histórico determinado.
A análise do discurso, diferentemente da Filosofia e da Ciência políticas e da História, não faz questionamentos sobre a racionalidade política, sobre os mecanismos que produzem os comportamentos políticos e nem sobre as explicações causais – na verdade, a análise do discurso produz questionamentos sobre como os discursos tornam possíveis a emergência de uma determinada racionalidade política e da regulação dos fatos políticos.
Ainda que o discurso político não esgote todo o conceito político, NÃO HÁ POLÍTICA SEM DISCURSO – ou seja, o discurso é constitutivo da política, o que significa dizer que é através da circulação dos discursos que a linguagem possibilita a constituição dos espaços de discussão, de persuasão e de sedução nos quais se elaboram o pensamento e ação políticos.
A AÇÃO POLÍTICA e o DISCURSO POLÍTICO estão inevitavelmente ligados, permitindo que o estudo político se faça pelo discurso (pela análise do discurso).
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DOS LUGARES SOCIAIS DE “FABRICAÇÃO” DO DISCURSO POLÍTICO
Os lugares de fabricação do discurso político
 O discurso político como sistema de pensamento resulta de uma atividade discursiva que busca fundar um ideal político a partir de certos princípios que sirvam de referência para a construção de opiniões e posicionamentos - em nome de sistemas de pensamento determinam-se as filiações ideológicas.
O discurso político como ato de comunicação relaciona-se diretamente aos atores que participam da cena da comunicação política objetivando a obtenção de adesões, rejeições ou consensos – o discurso político como ato de comunicação resulta de aglomerações que estruturam em parte a ação política (comícios, debates, reuniões, ajuntamentos, declarações televisivas, apresentação de slogans)
O discurso político como comentário tem como propósito o conceito político, cuja finalidade está fora do campo da ação política, sendo um discurso a respeito do político, sem o risco político.
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IMPORTANTE!!!
Qualquer enunciado, por mais inócuo que seja, pode ter um sentido político desde que a situação assim o autorize – ao mesmo tempo um enunciado aparentemente político pode, por força de uma determinada situação, servir de desculpa para se dizer outra coisa não-política.
Portanto, NÃO É O DISCURSO QUE É POLÍTICO, MAS A SITUAÇÃO DE COMUNICAÇÃO QUE ASSIM O TORNA – não é o conteúdo do discurso que o torna político, mas é a situação que o politiza.
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A AÇÃO POLÍTICA (I)
Em uma primeira abordagem, a ação política é a que, em termos ideais, determina a vida social, organizando-a, visando a obtenção do bem comum.
A ação política pode ser compreendida também como aquela que possibilita a tomada de decisões coletivas por meio de uma comunidade, decisões estas movidas, segundo Hannah Arendt, por um “querer viver junto”.
Toda ação é finalizada tendo em vista um determinado objetivo, estruturando-se de forma que o agente responsável seja um “decisor” que precisa se dar os meios necessários para o atingimento dos fins previamente estabelecidos.
Podemos entender como “decisor”, o agente que, além de elaborar o projeto que abriga os fins a serem atingidos, decidiu engajar-se na sua concretização, tornando-se totalmente responsável por ela.
Dar-se os meios necessários à obtenção de um resultado positivo significa dizer que o “decisor” deve planejar da melhor maneira possível a sucessão de seus atos (com o foco na eficácia), visando atingir um resultado positivo.
A busca pelo resultado positivo por meios de atos eficazes, previamente planejados por parte do “decisor” deve (ou deveria) ser marcada pela análise das vantagens e dos inconvenientes das escolhas dos meios (cabendo neste ponto uma possível reflexão ética).
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A AÇÃO POLÍTICA (II)
Quando se trata de decisão coletiva, as características da ação se modificam já que, para que ocorra uma decisão coletiva, é essencial que os indivíduos que compõem o coletivo busquem um entendimento no sentido de um projeto comum (marcado por objetivos comuns), pressupondo assim a existência de um espaço de discussão no qual tal projeto comum seja elaborado.
Há que se observar também que o compromisso de ação, sempre sob a égide do coletivo, seja firmado por seu representante – essencial ainda que os meios escolhidos para a consecução do fins desejados pelo projeto comum sejam discutidos para que se estabeleça qual deles será usado pelo representante.
O representante, por sua vez, deve sempre ser obrigado a prestar contas à coletividade, que deve estabelecer mecanismos de controle dos atos praticados pelos seus representantes.
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COMO SE DÁ A ORGANIZAÇÃO DA AÇÃO POLÍTICA? 
Ela compreende um espaço de discussão dos objetivos a serem definidos (partidos, sindicatos, grupos associativos em geral, mídias).
Ela diz respeito a uma forma de ter acesso à representação do poder (por meio de eleições). 
Ela deve propor modalidades de controle (internamente às diversas instituições e externamente por movimentos reivindicativos diversos).
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INSTÂNCIAS IMPLICADAS NA AÇÃO POLÍTICA (I): 
A instância política é delegada e assume a realização da ação política – por ser uma instância de decisão, deve agir sempre em função do POSSÍVEL.
A instância cidadã está na origem na escolha dos representantes do poder – a instância cidadã elege a instância política para realizar o DESEJÁVEL.
* O exercício do poder político não se apresenta como uma tarefa fácil uma vez que, cabe a ele, ditar a lei, sancioná-la, assegurando-se sempre de obter e manter o consentimento da instância cidadã. 
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PRIMEIRO CONJUNTO DE OBSERVAÇÕES 
É a partir da configuração dos espaços de discussão e de persuasão, onde se “formatam” os valores essenciais à ação política, que o campo político se apresenta, em parte, como o “governo da palavra”.
Ainda que o “governo da palavra” não seja o “todo” da política, esta não pode agir sem a palavra – a essencialidade da palavra no “jogo político” se dá por três ordens de “intervenção”, a saber:
A PALAVRA intervém no ESPAÇO DA DISCUSSÃO de forma que sejam definidos os fins e os meios da ação política.
A PALAVRA intervém no ESPAÇO DA AÇÃO visando a organização e a coordenação das tarefas a serem distribuídas e a promulgação das leis, regras e decisões de todas as ordens.
A PALAVRA intervém no ESPAÇO DA PERSUASÃO de modo que a INSTÂNCIA POLÍTICA convença a INSTÂNCIA CIDADÃ da validade e dos fundamentos de seu programa de ação e das decisões tomadas a seu favor na gerência dos conflitos de opinião. 
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SEGUNDO CONJUNTO DE OBSERVAÇÕES
A instância política deve sempre encontrar uma maneira de dizer, de se comunicar que não revele nem a totalidade dos projetos, nem os objetivos das ações políticas.
Todavia, o mascaramento que se faz das ações por meio do discurso deve, precisa ser limitado por uma ética da responsabilidade.
 A palavra política deve se situar entre duas “verdades”:
A VERDADE DO DIZER, que é uma verdade da discussão que se manifesta por meio de uma PALAVRA DE PERSUASÃO (da ordem da razão) ou por meio de uma PALAVRA DE SEDUÇÃO (da ordem da paixão).
A VERDADE DO FAZER, que é uma verdade da ação que se manifesta por meio de uma PALAVRA DE DECISÃO.
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Alguns conceitos de PODER POLÍTICO:
Para Weber, o poder político está diretamente ligado à dominação e à violência através do Estado, que em virtude de sua força de dominação, impõe sua autoridade sob a aparência da legalidade, ao mesmo tempo em que obriga os indivíduos à submissão. 
Segundo Hannah Arendt, o poder político resulta de um consentimento, de uma determinação dos indivíduos em viverem juntos o que fundaria o fato político no qual poder e
ação se definem reciprocamente – o poder político não se ligaria à opressão, mas à livre opinião.
De acordo com Habermas, o poder político implica na existência de um PODER COMUNICATIVO (que se instaura fora de toda a dominação e que cria um espaço de discussão, não programado para a tomada de decisões) e de um PODER ADMINISTRATIVO (que se traduz em relações de dominação, já que se trata de organizar a ação social, regulando-a por leis e sanções e evitando tudo aquilo que venha a se opor à vontade de agir).
Para Charaudeau, os poderes comunicativo e administrativo se definem segundo relações de força que exigem processos de regulação, misturando linguagem e ação – no primeiro predomina a linguagem (lugar da luta discursiva que envolve manipulação, proselitismo, ameaças/promessas, estando em jogo a conquista de uma legitimidade através da elaboração de opiniões), enquanto no segundo predomina a ação (lugar onde se exerce o poder de agir entre uma instância política “soberana” e uma instância cidadã)

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