Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Gnasthostomata CHONDRICHTHYES Profa. Dra. Letícia Ruiz Sueiro ORIGEM E EVOLUÇÃO Os primeiros fósseis de vertebrados com maxilas e nadadeiras pares aparecem no registro do Siluriano, mostrando que esses organismos coexistiram com os principais grupos de Agnatha. Acanthodii é uma classe de peixes extintos, com características encontradas em peixes ósseos e cartilaginosos. O grupo surgiu no Siluriano inferior (~430 milhões de anos) e desapareceu na extinção permo-triássica no fim do Permiano (~250 milhões de anos). Os Acanthodii também são chamados de tubarões espinhados Os placodermos (classe Placodermi) representam uma classe de peixes extintos, que viveram entre o Siluriano e o final do Devoniano (ca. 430-360 milhões de anos). A sua principal característica, que lhes deu o nome científico de Placodermi, era a cobertura da cabeça e tórax por armaduras articuladas de placas dérmicas. O resto do corpo podia estar, ou não, coberto de escamas. Os placodermos foram um dos primeiros grupos de peixes a desenvolver dentes e mandíbulas. QUANDO APRESENTAMOS OS CHONDRICHTHYES, TAMBÉM ESTAMOS APRESENTANDO O PRIMEIRO GRUPO DE GNASTHOTOMATA. Assim, é obrigatório apresentarmos a hipótese sobre a origem das mandíbulas. Na história evolutiva dos Vertebrata, o surgimento das “barras esqueléticas que margeiam a abertura bucal” significou uma revolução no seu modo de vida. Comportamento: apreensão firme e manipulação de objetos e alimentos; Diferenciação alimentar: microfagia macrofagia predação de outros animais grandes; Surgimento do estômago como uma região do tubo digestório especializada para recepção temporária e início da digestão de itens volumosos; Desenvolvimento da dentição: quebra e maceração dos itens alimentares Aumento da capacidade de exploração de diferentes recursos alimentares; Os dois primeiros arcos faríngeos viscerais desapareceram ou fundiram-se com o terceiro. O terceiro (em verde, no desenho), no entanto, começou a sofrer alterações morfológicas que possibilitaram serem manipulados através da musculatura, permitindo o movimento de abrir e fechar. O quarto arco branquial (em vermelho) acabou se modificando como sendo um suporte para as maxilas = arco hióide Estruturas esqueléticas pareadas de sustentação da parede entre as aberturas da faringe. Hipótese: O osso hióide tem origem embrionária no 2º arco faríngeo. Cada estrutura recebeu um nome em específico: a modificação do terceiro arco branquial se transformou na cartilagem palatoquadrada (maxila superior) e em cartilagem de Meckel (maxila inferior). Já o seguinte recebeu o nome de cartilagem hiomandibular e hioide. NADADEIRAS PARES: Evento evolutivo decisivo no sucesso dos vertebrados, contribuindo significativamente para uma natação ativa, equilibrada, com movimentos laterais, ascendentes e descendentes eficientes na coluna d'água (exceto para formas especializadas de natação). As nadadeiras pares móveis foram fundamentais para exploração de novos recursos alimentares, permitindo o movimento em direções definidas, assim como ajustes rápidos nas direções conforme o alvo alimentar de move. Os Gnasthostomata irradiaram-se evolutivamente durante o Devoniano, conhecido como a Era dos Peixes. A maior diversidade pertence aos Placodermi – peixes com armadura dérmica como os ostracodermes, os quais extinguiram ao final dessa era. Surgem ainda os primeiros Chondrichthyes – peixes cartilaginosos, atualmente incluindo os Elasmobranchii (tubarões e raias) e os Holocephali (quimeras), assim como os primeiros Osteichthyes – peixes ósseos, de onde originaram os tetrápodes. OS CHONDRICHTHYES SÃO CARACTERIZADOS POR: 1. Extrema redução da armadura dérmica, que não recobre o corpo do animal, estando restrita a algumas estruturas, como espinhos na nadadeira dorsal; 2. Endoesqueleto basicamente cartilaginoso, frequentemente calcificado, mas nunca ossificado; o crânio é uma peça única, sem suturas, assim como as maxilas; 3. Escamas do tipo placóide, exclusiva desse grupo. São escmas semelhantes à dentes pequeninos, formados por dentina e esmalte, imersas no corpo do animal (a ponta da escama rompe a pele), conferindo uma textura áspera, de “lixa”. 4. Dentes homólogos às escama placóides, que na boca se desenvolvem bastante e apoiam-se nas maxilas por ligamentos (sem raízes). Frequentemente substituídos. 5. Presença de clásper nos machos – órgão de cópula pareado desenvolvido a partir dos raios mediais das nadadeiras pélvicas. Portanto, a fecundação é interna, abrindo a possibilidade para oviviparidade e viviparidade. Os Chondrichthyes atuais estão divididos em dois grupos monofiléticos: HOLOCEPHALII – apresentam cabeça sem fendas visíveis externamente, as quais são recobertas por um opérculo membranoso, abrindo-se lateralmente; São as quimeras. 40 espécies ELASMOBRANCHII – apresentam 5 à 7 pares de fendas branquiais, primitivamente laterais; São os tubarões e as raias 1100 espécies • Todos são predadores, utilizando de presas pelágicas de grade porte e presas pequenas, como invertebrados com exoesqueleto duro, que trituram com os dentes achatados (quimeras e maioria das raias), e mesmo plâncton (filtradores – tubarão baleia, mantas). • Classe Chondrichthyes (gr. Chondros=cartilagem; ichthys=peixe) • tubarões, raias, quimeras • Peixes cartilaginosos espécies menos diversificados que peixes ósseos; • Chondrichthyes são derivados de ancestrais que tinham ossos desenvolvidos; • Quase todos marinhos, somente 28 espécies água-doce. Tubarão Branco • Suclasse Holocephali (grego holo, todo + cephalo, cabeça) - Quimeras • Peixe-rato, peixe-coelho ou peixe-fantasma – remanescentes de uma linhagem que divergiu da mais antiga linhagem de tubarões (Era Paleozóica); • Atualmente – 40 espécies viventes, habitam mares hemisfério Norte. Hydrolagus sp. Ordem Chimaeriformes • Suclasse Holocephali: Quimera Hydrolagus colliei; Ordem Chimaeriformes • Habita profundidades chegando até 913 m. •Mede até 97 cm •Cabeça grande em forma de cabeça de coelho, e corpo comprido. • Linha lateral composta por canais proeminentes. • Pele sem escamas - lisa e escorregadia. • Tem um grande espinho na parte frontal da primeira barbatana dorsal. •Barbatana peitoral grande, triangular com uma base carnuda. • Alimenta-se de moluscos, crustáceos, peixes, equinodermas e vermes. • As placas dentígeras duram por toda a vida; • Algumas espécies apresentam, como estruturas de defesa, uma glândula de veneno associada a um espinho dorsal robusto e, também, um clásper cefálico, de forma similar a um bastão, nos machos. Anatomia Ecologia • Geralmente encontrados abaixo dos 80 metros de profundidade, dirigindo-se a águas rasas para depositar seus ovos; • A maioria das espécies se alimenta de camarões, gastrópodes e ouriços-do- mar; Registro dos locais de coleta de holocéfalos (fonte: eol.org) Diversidade: • 44 espécies, dividas em 1 ordem e 3 famílias. Hydrolagus colliei Hydrolagus alberti Cápsula de ovo de um holocéfalo. “peixe-elefante” • Caracteres únicos das quimeras: • Boca – maxilas com placas achatadas substitui os dentes; • Medem menos de 1,5 m • Marinhas, • Maxila superior completamente fundida ao crânio; • Alimentação: algas marinhas, moluscos, equinodermas, crustáceos e peixes. • Subclasse Elasmobranchii (gr elasmo,placa + branch, brânquia) - Tubarões e Raias Peixes primariamente marinhos, com uma família sul-americana de raias exclusivamente de água doce e representantes dulciaquícolas de famílias marinhas no sudeste asiático. Ocasionalmente, tubarões aventuram-se na água doce, adentrando quilômetros em rios – como o rio Amazonas. Pelágicos – corpo fusiforme Bentônicos – corpo achatado dorsoventralmente (exceção – jamantas) As raias formam um grupo monofilético altamente especializado para a vida bentônica – são bastante achatadas dorsoventralmente, as nadadeiras peitorais são muito alargadas e fundem-se com a cabeça, de modo que as fendas branquiais (sempre 5) se posicionam ventralmente. • Na sua grande maioria sedentárias, vivendo enterradas ou sobre fundo de areia ou lodo. • São predominantemente marinhas vivendo na zona bentônica, mas existem algumas espécies mais adaptadas à vida pelágica, como por exemplo, a raia manta. • Possuem fósseis datados da era mesozóica. cauda em forma de chicote com espinho dorsal grande e serrilhado; pele rigida coberta por escamas placóides e glândulas mucosas; Espiráculos na parte dorsal – aberturas que levam água às cavidades branquias; olhos bem desenvolvidos, porém incapazes de enxergar colorido; muitas espécies possuem ferrões venenosos na cauda; dentes formam várias fileiras, transformados em placas serrilhadas; possuem mandíbulas móveis; ANATOMIA EXTERNA RAIA DE ÁGUA DOCE RAIA MANTA RAIA PINTADA • TUBARÕES: MORFOLOGIA EXTERNA • Corpo fusiforme • BOCA ventral e rostro (parte frontal) pontudo; • Extremidade posterior coluna vertebral desvia-se para cima terminado lobo superior da cauda - CAUDA HETEROCERCA • Nadadeiras pares – peitorais e pélvicas (macho clásper) • 1 ou 2 dorsais • 1 caudal • 1 anal (maioria tubarões) Nadadeiras • A nadadeira caudal impulsiona o corpo para frente; • Nadadeiras peitoral e pélvica: direcionamento vertical; • 1-2 nadadeiras dorsais, em alguns casos uma anal, estabiliza o peixe na água e orienta na movimentação horizontal. Sistema digestório • Esôfago curto, liga-se ao estômago em forma de J com duas porções (pilórica e cardíaca). Segue o intestino que termina na cloaca. • Fígado 60% da cavidade abdominal (dois lobos) com grande concentração de óleo (flutuabilidade) Vesícula biliar esverdeada • O pâncreas situa-se entre o estomago e o intestino Sistema respiratório • Abrindo e fechando a boca, os tubarões aspiram e expelem água através das fendas branquiais e espiráculos; • Os tubarões apresentam de 5 a 7 fendas branquiais; • MACHO – parte medial da nadadeira pélvica modificada - CLÁSPER • NARINAS pares (bolsas de fundo cego) – Ventrais e anteriores a boca. • OLHOS LATERAIS – sem pálpebras • ESPIRÁCULOS – atrás dos olhos (remanescentes da 1ª fenda branquial) por onde entra a água e banha as brânquias; • 5 fendas branquiais anteriores a nadadeira peitoral • PELE resistente coriácea • Coberta por ESCAMAS PLACÓIDES DÉRMICAS – semelhantes a dentes; • Dispostas de forma a reduzir a turbulência da água que flui ao longo do corpo durante natação TODO PREDADOR DEPENDE DE MECANISMOS EFICIENTES DE DETECÇÃO E APREENSÃO DAS PRESAS, E OS ELASMOBRÂNQUIOS DESTACAM-SE NESSE SENTIDO. Multiplas modalidades sensoriais, inclusive visão, olfação, mecano e eletrorrecepção: • A mecanorrecepção é a percepção de estímulos mecânicos como movimentos da água, é feita através do sistema da linha lateral (presente nos peixes em geral e nos girinos de anfíbios), cuja unidade sensorial são os neuromastos, presentes em canais ou depressões na região da cabeça e ao longo do corpo. • Principalmente na região do focinho, muitos neuromastos modificam-se , dando origem às Ampolas de Lorenzini – constituídas por tubos preenchidos por muco, onde ocorrem as estruturas sensoriais e neurônios, capazes de perceber estímulos elétricos emitidos pelo corpo da presa. • Tais estímulos originam-se do funcionamento muscular de presas vivas que, assim, podem ser detectadas pelos elasmobrânquios, mesmo estando escondidas. Ampollas de Lorenzini • São pequenas bolsas gelatinosas contendo células sensitivas ligadas a fibras nervosas; • Contem eletrorreceptores que captam a “Bioeletricidade” – 0,001 mv • Sentem variações de 0,001ºC. • Tubarões utilizam eletrorrecepção para encontrar presas enterradas na areia (percepção campos elétricos mínimos). • ELETRORRECEPTORES – as ampolas de Lorenzini são localizadas na cabeça do animal Linha Lateral . • Fino sulco ao longo do corpo desses animais contendo aberturas que se comunicam com células nervosas sensoriais (neuromastos- mecanorreceptores). • Tubarões podem localizar presas a longas distâncias pelos: • Mecanorreceptores do sistema da linha lateral – percepção de vibrações de baixa frequência (pressão, tato) • Sistema composto por órgãos receptores especiais – neuromastos – em tubos interconectados e poros estendendo-se ao longo dos lados do corpo e sobre a cabeça. • SISTEMA ESQUELÉTICO • Crânio cartilaginoso completo – conhecido como condrocrânio; • Crânio parcialmente calcificado – ausência de osso verdadeiro; • 1º arco branquial – origina as maxilas superior e inferior – conhecidas como cartilagem palatoquadrada e cartilagem de Meckel; • Tubarões e raias - maxila superior liga-se frouxamente ao crânio e sustentada na parte posterior pelo 2º arco branquial; • Quimeras - maxila superior firmemente fundida ao crânio. . Cinese craniana – mobilidade do crânio: captura de presas grandes Condrocrânio Confere uma mordida de mais de 560 kg/cm²! Sistema muscular • Musculatura axial dividida por um septo longitudinal: Músculos epaxiais dorsais e hipaxiais ventrais • SISTEMA MUSCULAR • Realização de movimento de várias partes do corpo; • Movimento muscular serve para abrir e fechar a boca, as aberturas branquiais, movimentar olhos e nadadeiras e produzir movimentos laterais a fim de promover a locomoção através da água; • Peixes cartilaginosos e ósseos a musculatura axial dividida por septo lateral ou horizontal em músculos epaxiais dorsais e músculos hipoxiais ventrais • Lamelas branquiais – constituídas por pregas finas – recobertas por epitélio respiratório – com redes vasculares → de modo que o dióxido de carbono do sangue pode ser trocado por oxigênio dissolvido na água; • Tubarões e raias – possuem 5 a 7 pares fendas branquiais funcionais e 1 par de aberturas anteriores não- respiratórias – os espiráculos. • SISTEMA DIGESTIVO • Tubarões possuem conjuntos de dentes altamente desenvolvidos – permitem agarrar e lacerar organismos; • Raias e quimeras – dentes assumiram forma de placas largas – trituram moluscos e outros organismos de concha dura; • Peixes cartilaginosos e ósseos • GÔNODAS pares e sexos geralmente distintos • Fêmea – 2 ovidutos • Elasmobrânquios – extremidades superiores ovidutos fundidas - uma única abertura infundibular ou óstio - saída óvulos do ovário. • Cada oviduto possui glândula de casca - ovos fertilizados internamente e encerrados casca córnea. (Chondrichthyes, Rajidae) Galíndez, 2010 • Macho - testículo liga-se região anterior do ducto arquinéfrico por meio túbulos renais. • Fertilização interna– macho desenvolvem órgãos copuladores nas partes internas das nadadeiras pélvicas. • Cada nadadeira tem clásper – sulcado medialmente. • Alguns ovíparos – depositam ovos na água. • Ovovivíparos – incubam internamente – região dilatada da extremidade inferior do oviduto – útero • O saco de ovos de um tubarão esqualídeo, popularmente conhecido como "Bolsa de Sereia“ • Nas espécies ovíparas (20% do total) a fêmea realiza a postura dos ovos retangulares, protegidos por uma membrana filamentosa, para que se grude em algas ou pedras. • Nas espécie ovovivíparas (70%), o desenvolvimento dos ovos ocorre no oviduto da fêmea, e o filhote já nasce pronto. • Nas espécies vivíparas (10%), o desenvolvimento do embrião realiza-se internamente, com ligações placentárias, e os filhotes também já nascem prontos. • A viviparidade garante que os filhotes sejam bem alimentados durante o seu desenvolvimento, estando prontos para sobreviver imediatamente após o nascimento. • Através dos pratos de culinária que utilizam o tubarão fazendo uma sopa – de barbatanas – tida como afrodisíaca que faz parte da culinária oriental. “Finning” Tubarão-branco Carcharodon carcharias Lambaru Ginglymostoma cirratum Mangona Carcharias taurus The “Red list” - IUCN
Compartilhar