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TEORIA GERAL DO DIREITO CAMBIÁRIO

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TEORIA GERAL DO DIREITO CAMBIÁRIO
O que é o direito cambiário ou direito cambial: é o sub-ramo do direito empresarial que disciplina todo o regime jurídico aplicável aos títulos de crédito.
Do que trata o direito cambiário: trata-se de regime jurídico recheado de regras, princípios e características especiais;
 Esse regime é criado com que finalidade: especialmente para que os títulos de crédito consigam desempenhar de forma eficiente e segura a sua principal função, que é a circulação de riqueza.
Juridicamente, o crédito se traduz como o direito: com uma PRESTAÇÃO FUTURA, fundado, essencialmente, na CONFIANÇA e no PRAZO.
Para que servem os títulos de crédito: são documentos representativos de obrigações pecuniárias.
Os títulos de crédito se confundem com a própria obrigação: não, não se confundem com a própria obrigação, mas se distinguem dela na exata medida em que a representam.
PERÍODOS HISTÓRICOS DO DIREITO CAMBIÁRIO 
Em que período a doutrina noticia que o momento histórico em que os títulos de crédito se desenvolveram: a doutrina noticia que foi na Idade Média – não por mera coincidência, foi justamente o período histórico em que surgiu o próprio direito comercial.
Em quantos períodos são divididos o direito cambiário e quais são esses períodos: em quatro períodos históricos distintos:
Primeiro Período – Italiano (que vai até o ano de 1650). Destaque das cidades marítimas italianas onde se realizavam as feiras medievais que atraíam os grandes mercadores da época.
O que mais aconteceu nesse período: desenvolvimento das operações de câmbio, em razão da diversidade de moedas entre as varias cidades medievais.
Surge o câmbio trajetício: pelo qual o transporte da moeda em um determinado trajeto ficava por conta e risco de um banqueiro.
Como se instrumentalizava o câmbio trajetício: por meio de dois documentos:
Como era apontada a cautio: era apontada como origem da nota promissória, por envolver uma promessa de pagamento (o banqueiro reconhecia a dívida e prometia pagá-la no prazo, lugar e moedas convencionados;
E a littera cambii: era apontada como origem da letra de câmbio, por se referir a uma ordem de pagamento (o banqueiro ordenava ao seu correspondente que pagasse a quantia nela fixada).
Segundo Período – Francês (que vai de 1650 a 1848). Surgimento da cláusula à ordem, o que acarretou a criação do instituto cambiário de endosso, que permitia ao da letra de câmbio transferi-la independente da autorização do sacador. 
Terceiro Período – Alemão (que vai do ano de 1848 a 1930). Inicia com a edição em 1848 da Ordenação Geral do Direito Cambiário, uma codificação que continha normas especiais sobre letras de câmbio, diferentes das normas do direito comum. Consolida a letra de câmbio, especificamente – e os títulos de crédito, de uma forma geral – como instrumento de crédito viabilizador da circulação de direitos. 
Quarto Período – Período Uniforme (iniciou em 1930). Realização da Convenção de Genebra sobre títulos de crédito. Aprovação da Lei Uniforme das Cambiais, aplicável as letras de câmbio e notas promissórias. No ano seguinte, foi aprovada a Lei Uniforme do Cheque 
Obs.: As leis uniformes genebrinas receberam forte influência da já mencionada Ordenação Geral Alemã de 1848.
HISTÓRICO DA LEGISLAÇÃO CAMBIÁRIA	
Em virtude do caráter altamente internacionalizado do direito comercial, qual sua principal característica: uma das suas principais características é o cosmopolitismo.
O comércio internacional é gradativamente mais intenso, sobre qual processo: sobretudo em função do processo que se tem denominado globalização.
Com a globalização, foram firmados: grandes números de acordo internacionais de comércio entre os Países, e, o surgimento de expressivos blocos econômicos como, por exemplo, o MERCOSUL. 
Ao longo da história os diversos países atentaram para qual necessidade: de uniformização da legislação aplicável aos títulos de crédito, uma vez que eles constituem os principais instrumentos de efetivação das negociações mercantis internacionais.
A partir dessa preocupação em uniformização da legislação cambiaria e do esforço constante de alguma associações internacionais, como as Câmaras de Comércio italianas e a Association Internatinalle pour le Progrès de Scienses Sociales, o que aconteceu: organizaram congressos e encontros para a discussão do assunto, os quais culminaram na realização das duas Conferências de Haia, em 1910 e 1912.
Na conferência de 1912, o que foi aprovado: o Regulamento uniforme relativo à letra de câmbio e à nota promissória.
Qual foi o acontecimento após a 1º Guerra Mundial: a Liga das Nações, organismo multilateral que ganhava importância na disciplina das relações entre os povos, organiza em 1930, a Convenção de Genebra, aprovando a Lei Uniforme Cambiais, relativa às letras de câmbio e às notas promissórias.
O que aconteceu no ano seguinte: foi realizada nova convenção, na qual foi aprovada a Lei Uniforme do Cheque. 
Uma curiosidade, você sabia: que o Brasil participou das Convenções de Genebra, representado pelo professor Deoclécio de Campos, e aderiu, em 1942, ao que ficou decidido. As Convenções foram aprovadas pelo Congresso Nacional, por sua vez, em 1964, por meio do Decreto Legislativo 54. Os Decretos 57.663/1966 e 57.595/1966 promulgaram as Leis Uniformes das Cambiais e do Cheque, respectivamente, em nosso ordenamento jurídico. 
EVOLUÇÃO PARA TÍTULOS DE CRÉDITO 
Como se vivia nas sociedades mais antigas da história: vivia-se numa economia de escambo, isto é, o “mercado” se limitava às trocas de um bem por outro. 
O que o mercado criou para superar as dificuldades inerentes ao escambo: o próprio mercado criou, então, um meio de troca muito mais eficiente: a moeda. 
O que houve com o passar do tempo: a economia foi se tornando cada vez mais complexa, e até mesmo a moeda passou a ser um meio de troca ineficiente para dar efetividade a todas as transações ocorridas a todo o momento do mercado. 
Como o mercado solucionou o problema da moeda: criando os títulos de crédito, que rapidamente foi incorporado à praxe mercantil. 
 Estamos vivendo em um novo momento histórico, que momento é esse: em que a complexidade das relações econômicas tem-se demonstrado que nem a moeda e nem os títulos de crédito tradicionais (letra de câmbio, nota promissória, cheque, duplicata, etc.) conseguem, de maneira eficiente, dar efetividade aos incríveis números de transações realizadas no mercado globalizado dos dias atuais. 
O que aconteceu com o advento da internet: fez o mercado ignorar a distância entre as partes de uma determinada relação jurídica, sobretudo, as relações empresarias. É preciso repensar os títulos de crédito e, consequentemente, o estudo desse assunto, à luz dessa novel realidade do comércio eletrônico. 
CONCEITUANDO TÍTULO DE CRÉDITO: “Título de crédito é o documento necessário para exercer o direito literal e autônomo nele mencionado.” (CESARE VIVANTE)
Esse conceito foi recepcionado pelo Código Civil, que em seu art. 887 dispõe que: “O título de crédito, documento necessário ao exercício do direito literal e autônomo nele contido, somente produz efeito quando preencha os requisitos da lei”
OBS: O conceito de Vivante é o ideal por que nos remete, por intermédio das expressões “necessário”, “literal” e “autônomo”, que são os três princípios informadores do regime jurídico cambial:
cartularidade; 
literalidade; e,
autonomia 
CARATERÍSTICAS DOS TÍTULOS DE CRÉDITOS: 
O título de crédito é um documento (cártula);
Menciona uma ou mais obrigações literais e autônomas;
Habilita seu portador ao exercício concreto do crédito que menciona, em face dos signatários;
Representa e substituí valores, com a vantagem de ser negociável;
É dotado de executividade; 
EXEMPLIFICAÇÃO INICIAL DA NATUREZA DO TÍTULO DE CRÉDITO ESTÁ NA SUA ESSENCIALIDADE DE INSTRUMENTO REPRESENTATIVO DE OBRIGAÇÃO.
EXEMPLO: Se uma certa pessoa, agindo com culpa, provoca, com o seu automóvel, danos em bens de propriedadealheia, deste seu ato ilícito surgirá a obrigação no sentido de indenizar os prejuízos decorrentes. Se devedor e credor estiverem de acordo quanto à existência da obrigação e também quanto à sua extensão (o valor da indenização devida), esta pode ser representada por um título de crédito — cheque, nota promissória ou letra de câmbio, no caso.
OBS: As obrigações representadas em um título de crédito ou têm origem extra cambial, como no exemplo acima, ou de um contrato de compra e venda, ou de mútuo etc., ou têm origem exclusivamente cambial, como na obrigação do avalista.
HÁ DUAS ESPECIFICIDADES QUE BENEFICIAM O CREDOR POR UM TÍTULO DE CRÉDITO:
1ª De um lado: o título de crédito possibilita uma negociação mais fácil do crédito decorrente da obrigação representada; 
2ª De outro lado: a cobrança judicial de um crédito documentado por este tipo de instrumento é mais eficiente e célere.
OBS: A estas circunstâncias especiais: costuma a doutrina se referir como os atributos dos títulos de crédito, chamados, respectivamente, de negociabilidade (facilidade de circulação do crédito) e executividade (maior eficiência na cobrança).
PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO CAMBIÁRIO 
Três são os princípios que informam o regime jurídico-cambial, são eles:
Cartularidade, 
Literalidade, e 
Autonomia. 
CARTULARIDADE = INCORPORAÇÃO = DOCUMENTAÇÃO - Esse requisito expressa, justamente, a materialização ou incorporação do direito no título (papel).
Para que o credor de um título de crédito exerça os direitos por ele representados: é indispensável que se encontre na posse do documento (também conhecido por cártula).
Enquanto o documento ou cártula corporifica o direito a um crédito: a obrigação a que ele deu origem torna-se uma relação extracartular.
OBS: Portanto, quem detém o título tem legitimidade para exigir o cumprimento do crédito nele mencionado (título original).
 “é a garantia de que o sujeito que postula a satisfação do direito é mesmo o seu titular (...)”. Fábio Ulhôa Coelho
DESMATERIALIZAÇÃO DOS TÍTULOS DE CRÉDITOS
O que os avanços tecnológicos têm causado: fortes impactos sobre as relações jurídicas, e, consequentemente, sobre os títulos de crédito. O documento eletrônico representa um dos exemplos desta situação.
O que preleciona o Código Civil, no parágrafo 3º do artigo 889: estabeleceu expressamente que “o título poderá ser emitido através dos caracteres criados em computador ou em meio técnico equivalente e que constem da escrituração do emitente, observados os requisitos previstos neste artigo”.
A doutrina tem se referido a esta tendência como a: DESMATERIALIZAÇÃO DOS TÍTULOS DE CRÉDITO, que termina por colocar em dúvida, de forma bastante veemente, o PRINCÍPIO DA CARTULARIDADE.
O que enseja a “desmaterialização”: a criação de cambiais NÃO CARTULARIZADAS, não documentadas em papel. Cria situações em que o credor pode executar um determinado título de crédito sem apresentá-lo em juízo. É o que está a ocorrer com as “duplicatas virtuais“, as quais podem ser executadas mediante apresentação do instrumento de protesto por indicações e do comprovante de entrega das mercadorias (art. 15, § 2º, da Lei 5.474/68).
LITERALIDADE
O que é título de crédito: é um documento escrito e somente se levará em consideração aquilo que estiver nele expressamente consignado.
O que não se encontra expressamente consignado no título de crédito: não produz consequências na disciplina das relações jurídico‑cambiais. Sendo assim, no caso de um aval ser outorgado por um instrumento privado, este não terá nenhuma eficácia, pois não gera vínculo jurídico com o título de crédito, já que como foi dito, seria necessário que o seu conteúdo estivesse mencionado no próprio título.
AUTONOMIA
O título de crédito configura o que: documento constitutivo de direito novo, autônomo, originário e completamente desvinculado da relação que lhe deu origem. 
O que efetivamente circula: é o título e não o direito abstrato que nele se menciona, ou seja, o possuidor exerce direito próprio que não se vincula às relações entre os possuidores anteriores e o devedor. 
As obrigações representadas pelos títulos de crédito: são independentes entre si, sendo uma delas nula ou anulável por estar eivada de vício, por exemplo, tal efeito não poderá influir na validade e eficácia das obrigações a ela subsequentes (Exemplo: art. 899 §2ª do CC).
O legítimo portador do título: pode exercer ser direito de crédito sem depender das demais relações que o antecederam, estando completamente imune aos vícios e defeitos que eventualmente as acometeram.
Como bem ensinou o próprio Vivante: “o direito representado num título de crédito é autônomo porque a sua posse legítima caracteriza a existência de um direito próprio, não limitado nem destrutível por relações anteriores”
Se não fosse por este princípio, o que aconteceria: não haveria segurança nas relações cambiais, e os títulos perderiam suas principais características: a negociabilidade e a circularidade.
A pessoa que recebe um título de crédito numa negociação, o que acontece com ela: não precisa se preocupar em investigar sua origem nem as relações que eventualmente antecederam, uma vez que ainda que tais relações existam e estejam viciadas, elas não contaminam as relações futuras decorrentes da circulação desse mesmo título.
EXEMPLO DO PROF. ANDRÉ LUIZ SANTA CRUZ RAMOS
O PRINCÍPIO DA AUTONOMIA SE DESDOBRA EM DOIS SUBPRINCÍPIOS NA LIÇÃO DE FÁBIO ULHOA COELHO:
a) o da abstração
b) e o da inoponibilidade das exceções pessoais aos terceiros de boa-fé. 
ABSTRAÇÃO: Consiste na separação da causa ao título por ela originado. 
OBS: Pode-se ter embasado a emissão do título numa compra e venda, num contrato de mútuo, de aluguel, etc. No título emitido poderá ou não contar esta obrigação que deu causa ao seu nascimento. Quando essa relação inicial não for mencionada no título este se torna abstrato em relação ao negócio original.
Em oposição a tais títulos: existem os títulos causais, ou seja, aquele que expressamente declaram a relação jurídica que a eles deu causa. 
OBS: A duplicata é um exemplo disso, visto que ela só pode ser emitida em decorrência de uma venda efetiva de mercadoria ou prestação de serviço, os quais se encontram discriminados no título. Importante lembrar: É causal apenas na sua origem, visto que, após ser colocada em circulação, torna-se independente do negócio originário.
DA INOPONIBILIDADE DAS EXCEÇÕES PESSOAIS AOS TERCEIROS DE BOA-FÉ
É o aspecto processual do princípio da autonomia: ao circunscrever as matérias que poderão ser arguidas como defesa pelo devedor de um título de crédito executado.
Terceiros de boa-fé: Em relação aos possuidores de boa-fé que se sucederem ao credor originário pela corrente de endossos ou não, o fundamento da obrigação está na sua assinatura constante do título, que o vincula indissoluvelmente ao pagamento daquele crédito ao portador. O subscritor do título, dessa maneira, somente poderá opor contra o possuidor de boa-fé os vícios formais da cártula ou de seu, contudo literal.
Art. 896 CC/02: “O título de crédito não pode ser reivindicado do portador que o adquiriu de boa-fé e na conformidade das normas que disciplinam a sua circulação”.
 
REFLEXÃO SOBRE O ASSUNTO
Interessa à sociedade a utilização dos títulos de crédito, posto que esses são grandes transferidores de riquezas, o que proporciona desenvolvimento e, consequentemente, bem estar. Assim, necessário se faz proteger o indivíduo que adquire um título de crédito, sem ter participado da relação jurídica fundamental que o criou. Necessário se faz resguardá-lo das circunstâncias pessoais atinentes àquela relação.
REQUISITOS PARA APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA INOPONIBILIDADE
1º aspecto:
portador de boa-fé;
sejam as exceções:
de caráter pessoal;
 extracartular;
 referentes a negócios do devedor com os demais antecessores.
LEGISLAÇÃO PERTINENTE
O Decreto n.º 2.044, de 31 de dezembro de 1908: Define a letra de câmbio e a notapromissória e regula as Operações Cambiais.
“Art. 43. As obrigações cambiais são autônomas e independentes umas das outras. O signatário da declaração cambial fica, por ela, vinculado e solidariamente responsável pelo aceite e pelo pagamento da letra, sem embargo da falsidade, da falsificação ou da nulidade de qualquer outra assinatura”.
“Art. 51. Na ação cambial, somente é admissível defesa fundada no direito pessoal do réu contra o autor, em defeito de forma do título e na falta de requisito necessário ao exercício da ação”.
Lei Uniforme de Genebra - Nota Promissória - Letra de Câmbio DECRETO Nº 57.663, DE 24 DE JANEIRO DE 1966 (DOU 31.01.1966, ret. DOU 02.03.1966) Promulga as Convenções para adoção de uma Lei Uniforme em matéria de letras de câmbio e notas promissórias.
“Art. 7.º. Se a letra contém assinaturas de pessoas incapazes de se obrigarem por letras, assinaturas falsas, assinaturas de pessoas fictícias, ou assinaturas que por qualquer outra razão não poderiam obrigar as pessoas que assinaram a letra, ou em nome das quais ela foi assinada, as obrigações dos outros signatários nem por isso deixam de ser válidas”.
CLASSIFICAÇÃO DOS TÍTULOS DE CRÉDITO
A classificação dos títulos de crédito se faz por quatro principais critérios, a saber: 
quanto ao modelo; 
quanto à estrutura; 
quanto às hipóteses de emissão; 
quanto à circulação.
Quanto ao modelo: Esse critério distingue os títulos de crédito entre aqueles de modelo livre e os de modelo vinculado. 
Modelo Livre: Estão os títulos de crédito cuja forma não precisa observar um padrão normativamente estabelecido. Ex.: a letra de câmbio e a nota promissória
Obs.: Os seus requisitos devem ser cumpridos para que se constituam títulos de crédito, mas a lei não determina uma forma específica para eles.
Quanto à estrutura: No tocante ao critério pertinente à estrutura, os títulos de crédito serão ordem de pagamento ou promessa de pagamento. 
Ordem de pagamento: o saque cambial dá nascimento a três situações jurídicas distintas: a de quem dá a ordem, a do destinatário da ordem e a do beneficiário da ordem de pagamento.
Promessa de pagamento: apenas duas situações jurídicas distintas emergem do saque cambial: a de quem promete pagar e a do beneficiário da promessa. 
Obs.: A letra de câmbio, o cheque e a duplicata mercantil são ordens de pagamento, ao passo que a nota promissória é uma promessa de pagamento.
QUANTO ÀS HIPÓTESES DE EMISSÃO
Os títulos de crédito ou são: causais ou não causais (também chamados de abstratos), segundo a lei circunscreva, ou não, as causas que autorizam a sua criação. 
Título de crédito causal: Somente pode ser emitido se ocorrer o fato que a lei elegeu como causa possível para sua emissão.
QUANTO À CIRCULAÇÃO
Em relação ao negócio jurídico: que opera a transferência da titularidade do crédito representado pela cártula, ou seja, quanto à circulação, os títulos de crédito podem ser ao portador ou nominativos. 
Ao Portador: São aqueles que, por não identificarem o seu credor, são transmissíveis por mera tradição
Nominativos: São os que identificam o seu credor e, portanto, a sua transferência pressupõe, além da tradição, a prática de um outro negócio jurídico
Obs.: Os títulos de crédito nominativos ou são “à ordem” ou “não à ordem”. Os nominativos com a cláusula “à ordem” circulam mediante tradição acompanhada de endosso, e os com a cláusula “não à ordem” circulam com a tradição acompanhada de cessão civil de crédito.
TÍTULOS DE CRÉDITO NO CÓDIGO CIVIL
O Código Civil contém normas sobre títulos de crédito (arts. 887 a 926) que se aplicam na hipótese de lacuna na lei específica (art. 903).
Art. 903. “Salvo disposição diversa em lei especial, regem-se os títulos de crédito pelo disposto neste Código”.
Não têm aplicação as disposições do Código Civil: portanto, quando se trata de título de crédito disciplinado exaustivamente por lei própria.
A letra de câmbio e a nota promissória: não se submetem a essas disposições porque a Lei Uniforme de Genebra as disciplina por completo. Assim também o cheque, disciplinado inteiramente pela lei respectiva. 
A duplicata igualmente: não se submete às prescrições do Código Civil porque a lei correspondente a submete ao regime legal aplicável à Letra de Câmbio, que, como visto, é exaustivo (Lei n. 5.474/68, art. 25).
OBS: É importante ressaltar essa distinção porque, principalmente em relação à circulação, o Código Civil contempla disposições diversas das que tradicionalmente se encontra no direito cambiário.
O endosso, por exemplo: quando aplicável o Código Civil, não importa, em princípio, responsabilidade do endossante (art. 914). 
Art. 914. Ressalvada cláusula expressa em contrário, constante do endosso, não responde o endossante pelo cumprimento da prestação constante do título.
A regra contida: na lei aplicável à letra de câmbio e demais títulos acima referidos, no entanto, é exatamente a oposta, que vincula, em regra, o endossante ao pagamento do título (LU, art. 15; LC, art. 21).
Art. 15 da LU. “O endossante, salvo cláusula em contrário, é garante tanto da aceitação como do pagamento da letra”. 
Art. 21 da LC. “Salvo estipulação em contrário, o endossante garante o pagamento”.
Por enquanto, o Código Civil tem aplicação apenas: a três títulos de crédito típicos, que não foram disciplinados completamente pelas respectivas leis de regência: 
o Warrant Agropecuário, 
o Conhecimento de Depósito Agropecuário (Lei n. 11.076/04) e 
a Letra de Arrendamento Mercantil (Lei n. 11.882/08).
WARRANT AGROPECUÁRIO E O CERTIFICADO DE DEPÓSITO AGROPECUÁRIO 
O que são o Warrant e o Conhecimento de Depósito: são títulos de crédito à ordem (que podem ser transferidos por endosso), emitidos pelas empresas de Armazéns Gerais e entregues ao depositante, que com eles poderá negociar as mercadorias em depósito.
O Certificado de Depósito Agropecuário - CDA é conceituado pela Lei nº. 11.076/2004 como “(...) título de crédito representativo de promessa de entrega de produtos agropecuários, seus derivados, subprodutos e resíduos de valor econômico, depositados em conformidade com a Lei nº. 9.973, de 29 de maio de 2000.” (Art. 1º, § 1º).
O Warrant Agropecuário - WA é título de crédito que representa promessa de pagamento em dinheiro, conferindo direito de penhor sobre o CDA correspondente, bem como sobre o produto nele descrito. (Art. 1º, §2º, Lei nº. 11.076/2004).
Obs.: São títulos emitidos simultaneamente pelo depositário (Armazém Geral), a pedido do depositante, podendo ser transmitidos, mediante endosso (e, portanto à ordem), unidos ou separadamente.
LETRA DE ARRENDAMENTO MERCANTIL-TAMBÉM CHAMADO DE LEASING
O que é o leasing: é um contrato denominado na legislação brasileira como “arrendamento mercantil”. 
Como se denomina as partes desse contrato: são denominadas “arrendador” e “arrendatário”, conforme sejam, de um lado, um banco ou sociedade de arrendamento mercantil e, de outro, o cliente.
Qual o objeto do contrato: é a aquisição, por parte do arrendador, de bem escolhido pelo arrendatário para sua utilização. O arrendador é, portanto, o proprietário do bem, sendo que a posse e o usufruto, durante a vigência do contrato, são do arrendatário. 
O contrato de arrendamento mercantil: pode prever ou não a opção de compra, pelo arrendatário, do bem de propriedade do arrendador.
A TRANSFERÊNCIA (CIRCULAÇÃO) DOS TÍTULOS DE CRÉDITO
Dentre as características mais importantes dos títulos de crédito: está a sua negociabilidade, isto é, a capacidade que tem o título de ser objeto de diversos negócios jurídicos, sendo possível a sua transferência a terceiro (circulação).
1- A transferência dos títulos de crédito ao portador: Na forma do artigo 904 do Código Civil, a transferência dos títulos de crédito ao portador ocorre através de simples tradição, isto é, da simples entrega física da cártula que consubstancia o título de crédito. Dessa forma, o possuidor do título (isto é, aquele que o detém fisicamente) tem direito à prestação neleindicada, mediante a sua simples apresentação ao devedor, mesmo que o título tenha entrado em circulação contra a vontade do emitente (art. 905 do CC).
2) A transferência dos títulos de crédito à ordem: os títulos de crédito à ordem são aqueles que contêm o nome de seu beneficiário e são transferíveis através de “endosso”. Tem-se, assim, 2 (dois) elementos básicos para a sua caracterização:
o título não apenas afirma a obrigação certa de um devedor certo, mas também traz a indicação de um beneficiário (um credor) certo; e
faculta-se ao credor nomeado na cártula ordenar que o pagamento se faça a outrem, seja indicando essa outra pessoa, seja não a indicando.
Obs.: Essa possibilidade do credor nomeado no título como beneficiário do crédito ordenar que o pagamento se faça a outra pessoa caracteriza o instituto jurídico do endosso.
ENDOSSO
A palavra “endosso” é derivada do latim in dossum (no dorso, nas costas), de que também se formou o indosso italiano e o endos ou endossement francês. 
Na terminologia jurídica, designa o ato pelo qual a pessoa proprietária de um título de crédito, passa-o para outrem, conferindo-lhe os direitos que lhe competiam.
Na definição de Elizabete Vido: “Endosso é a forma de transmissão dos títulos de crédito. O proprietário do título faz o endosso lançando sua assinatura no verso do documento. Trata-se de negócio jurídico unilateral, cuja eficácia se verifica com a saída do título das mãos do endossante e a posse pelo adquirente ou endossatário”.
A interpretação que se extrai do artigo 910 do Código Civil, é a seguinte:
“Art. 910. O endosso deve ser lançado pelo endossante no verso ou anverso do próprio título.
§ 1º Pode o endossante designar o endossatário, e para validade do endosso dado no verso do título, é suficiente a simples assinatura do endossante. (...)
Temos, assim, que o endosso pode:
ser realizado no verso do título de crédito, bastando para tal a assinatura do endossante, sem a necessidade de explicitação de que o ato se trata de um endosso; ou
ser realizado no anverso (frente) do título, devendo, entretanto, constar declaração explícita de que se trata de um endosso, identificando o ato (ex.: Endosso a Fulano de Tal).
Ressalta-se que essas características do endosso são gerais, extraídas do conteúdo do Código Civil, nada obstando que lei específica a determinado título de crédito trate o endosso de forma diferente. Tudo conforme determina o artigo 903 do Código Civil, abaixo transcrito:
Art. 903. “Salvo disposição diversa em lei especial, regem-se os títulos de crédito pelo disposto neste Código.”
ESPÉCIES DE ENDOSSO: A doutrina indica um grande número de espécies de endosso, sendo que destacamos os seguintes:
Endosso em branco ou incompleto: é aquele que se faz com a simples assinatura do endossante (aquele que transferiu o título), não constando indicação do nome do endossatário (aquele a quem foi transferido o título); 
Endosso em preto ou completo: é aquele em que consta a assinatura do endossante e a indicação do seu beneficiário, isto é, do endossatário.
c) Endosso póstumo, posterior ao vencimento ou tardio: é aquele que é passado após o vencimento do título. 
Na forma do artigo 20 da Lei Uniforme relativa às Letras de Câmbio e Notas Promissórias, “o endosso posterior ao vencimento tem os mesmos efeitos que o endosso anterior. Todavia, o endosso posterior ao protesto por falta de pagamento, o feito depois de expirado o prazo fixado para se fazer o protesto, produz apenas os efeitos de uma cessão ordinária de créditos. Salvo prova em contrário, presume-se que um endosso sem data foi feito antes de expirado o prazo fixado para se fazer o protesto.”
Assim, o endosso póstumo realizado após o protesto ou após expirado o prazo de protesto tem natureza de cessão civil, de forma que o endossante não tem, salvo previsão em contrário, qualquer obrigação quanto ao recebimento da quantia constante do título.
Outra modalidade de endosso é o endosso impróprio, que não serve para transmitir a titularidade do título, mas legitima o exercício dos direitos consignados no título, podendo se apresentar sob duas formas:
Endosso-mandato: é aquele que não priva o proprietário do título dos seus direitos cambiais, mas apenas transfere ao mandatário ou procurador o exercício e a conservação desses direitos. Assim, referido endosso não transfere a propriedade do título, mas transfere poderes ao mandatário para agir em nome do proprietário do título. Evidencia esse tipo de endosso as expressões “por procuração”, “valor a cobrar”, “para cobrança” ou qualquer outra expressão que implique um simples mandato. Tais expressões lançadas no título indicam que o endossatário-mandatário possui amplos poderes, salvo o caso de restrição de poderes, que deve ser expressa no mesmo endosso.
O endosso-mandato pode ser em preto ou em branco, já que pode ou não indicar o nome do endossatário. 
O endosso-mandato é muito comum nas operações de cobrança, entre os empresários e os bancos, ficando estes encarregados de proceder à cobrança do título, como mandatários daqueles. Tem por isso, o endossatário-mandatário tanto os direitos como as obrigações da sua condição, podendo e, em muitos casos, devendo agir em relação ao título, para assegurar direitos etc.
- Endosso-caução: também denominado endosso-penhor, endosso-garantia e endosso pignoratício. É o instrumento adequado para a instituição de penhor sobre o título de crédito.
Importante lembrar que, conforme artigo 1.431, caput, do CC, “constitui-se o penhor pela transferência efetiva da posse que, em garantia do débito ao credor ou a quem o represente, faz o devedor, ou alguém por ele, de uma coisa móvel suscetível de alienação”.
Quanto à forma de constituição dessa espécie de endosso, o penhor sobre o título de crédito exige apenas que se escreva uma cláusula constitutiva respectiva, lançada na cártula, bem como a entrega da cártula, o que, por força do artigo 918 do CC, confere ao endossatário o exercício dos direitos inerentes ao título.
Nada impede, porém, que se recorra a procedimento aplicável ao penhor de direito, como se afere do disposto no artigo 1.458 do CC, segundo o qual o penhor, que recai sobre título de crédito, constitui-se mediante instrumento público ou particular ou endosso pignoratício, com a tradição do título ao credor.
Em geral, as operações de endosso-caução são feitas em documento contratual apartado e o endosso corresponde, no título, como endosso puro e simples ou endosso-mandato.

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