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PROJETO DE RESTAURAÇÃO 
Caderno de Estudos 
IMÓVEL SEDE DO IPHAN-ES 
Diagnóstico 
 
 
 
 
 
Projeto de Restauração 
Imóvel Sede do Iphan-ES 
 
Caderno de Estudos 
Volume II 
 
Diagnóstico 
 
Vitória 
Novembro de 2011 
 
 
PROJETO DE RESTAURAÇÃO 
Caderno de Estudos 
IMÓVEL SEDE DO IPHAN-ES 
Diagnóstico 
 
 
SANETEC Saneamentos e Serviços Técnicos de Engenharia Ltda. 
R. Rio de Janeiro, 282/906 . Centro . CEP 30.160-040 . Belo Horizonte/MG . telefax: (31) 3201-4766 
2
 
EDITORIAL 
 
 
INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL – 
SUPERINTENDÊNCIA NO ESPÍRITO SANTO – IPHAN-ES 
 
 
Diva Maria Freire Figueiredo 
Superintendente Iphan-ES 
 
 Aline Barroso Miceli 
 Chefe da Divisão Técnica 
 
 Caroline Maciel Lauar 
 Técnica – Arquiteta Urbanista 
 
 
 
SANETEC SANEAMENTO E SERVIÇOS TÉCNICOS DE ENGENHARIA LTDA. 
 
 
 Honório Nicholls Pereira 
 Sócio Diretor 
 Arquiteto e Urbanista 
 CREA 67.602/D-MG 
 
 Adriana Paiva de Assis 
 Arquiteta e Urbanista 
 CREA 61.651/D-MG 
 
 Aline Pinheiro Brettas 
 Historiadora 
 
 
 
PROJETO DE RESTAURAÇÃO 
Caderno de Estudos 
IMÓVEL SEDE DO IPHAN-ES 
Diagnóstico 
 
 
SANETEC Saneamentos e Serviços Técnicos de Engenharia Ltda. 
R. Rio de Janeiro, 282/906 . Centro . CEP 30.160-040 . Belo Horizonte/MG . telefax: (31) 3201-4766 
3
 
SUMÁRIO 
 
 
VOLUME II 
 
APRESENTAÇÃO...................................................................................................................................................4 
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................................5 
FICHA TÉCNICA.....................................................................................................................................................7 
 
2. DIAGNÓSTICO ARQUITETÔNICO ....................................................................................................................8 
2.1 ANÁLISE FÍSICO-AMBIENTAL .....................................................................................................................8 
2.2 ANÁLISE HISTÓRICA .................................................................................................................................10 
2.2.1 Histórico de Vitória ................................................................................................................................10 
2.2.2 Histórico do Imóvel Sede do Iphan-ES .................................................................................................32 
2.3 PROSPECÇÕES .........................................................................................................................................60 
2.4 PLANTAS DE MATERIAIS CONSTRUTIVOS ............................................................................................80 
2.5 PLANTAS CRONOLÓGICAS ......................................................................................................................83 
2.6 ANÁLISE CONSTRUTIVA ...........................................................................................................................86 
2.7 ANÁLISE ESTÉTICO-ESTILÍSTICA............................................................................................................90 
2.8. ANÁLISE DO ENTORNO ...........................................................................................................................94 
2.9 FICHAS DE DIAGNÓSTICO........................................................................................................................96 
2.10 MAPEAMENTO DE DANOS....................................................................................................................136 
2.11 RELATÓRIO FINAL .................................................................................................................................144 
2.12 PROGRAMA DE NECESSIDADES.........................................................................................................148 
 
3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...............................................................................................................150 
 
 
 
 
PROJETO DE RESTAURAÇÃO 
Caderno de Estudos 
IMÓVEL SEDE DO IPHAN-ES 
Diagnóstico 
 
 
SANETEC Saneamentos e Serviços Técnicos de Engenharia Ltda. 
R. Rio de Janeiro, 282/906 . Centro . CEP 30.160-040 . Belo Horizonte/MG . telefax: (31) 3201-4766 
4
 
APRESENTAÇÃO 
 
 
Este Caderno de Estudos é parte integrante do Projeto de Restauração e Adaptação do Imóvel 
Sede do Iphan-ES, localizado na cidade de Vitória, Estado do Espírito Santo, e tem por finalidade 
consolidar a proposta de restauração e adaptação do imóvel para utilização como sede da 
Superintendência no Espírito Santo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - Iphan-
ES. Neste Volume é apresentada a etapa de “Levantamento Cadastral” do Projeto de Restauração e 
Adaptação. 
 
O trabalho foi elaborado pela SANETEC Saneamento e Serviços Técnicos de Engenharia Ltda., sob 
responsabilidade técnica do Arquiteto e Urbanista Honório Nicholls Pereira (CREA 67.602/D-MG) e 
com a colaboração da Arquiteta e Urbanista Adriana Paiva de Assis (CREA 61.651/D-MG) e da 
Historiadora Aline Pinheiro Brettas, para a Superintendência no Espírito Santo do Instituto do 
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – Iphan-ES, entre os meses de setembro e novembro de 
2011. 
 
 
 
PROJETO DE RESTAURAÇÃO 
Caderno de Estudos 
IMÓVEL SEDE DO IPHAN-ES 
Diagnóstico 
 
 
SANETEC Saneamentos e Serviços Técnicos de Engenharia Ltda. 
R. Rio de Janeiro, 282/906 . Centro . CEP 30.160-040 . Belo Horizonte/MG . telefax: (31) 3201-4766 
5
 
INTRODUÇÃO 
 
 
A Casa à Rua José Marcelino, 203/205 localiza-se na Cidade Alta de Vitória, ponto de ocupação 
mais antiga da cidade. Foi provavelmente edificada no período colonial, tendo sofrido diversas 
intervenções e adaptações ao longo do tempo. Sua ocupação foi predominantemente residencial, 
tendo sido usada como casa de moradia e/ou de aluguel. Há registros de que tenha sido usada, 
eventualmente, para fins comerciais ou mistos. A edificação foi tombada pelo Iphan em 13 de 
novembro de 1967, através do Processo 0787-T-67, recebendo a Inscrição n° 408 do Livro Histórico. 
O imóvel foi adquirido pelo Iphan em 2006 e vem sendo usado, desde então, como sede de sua 
Superintendência no Espírito Santo, sem, contudo, ter sido adaptado para receber o novo uso 
institucional. 
 
O Projeto de Restauração e Adaptação do Imóvel Sede do Iphan-ES compreende o conjunto de 
elementos necessários e suficientes para execução das ações destinadas a preservar e prolongar o 
tempo de vida útil da edificação, englobando não apenas sua restauração, mas também a adaptação 
ao novo uso institucional. O Projeto está dividido em três seções. 
 
A primeira seção refere-se à etapa de Levantamento Cadastral e tem como objetivo conhecer e 
analisar o objeto sob os aspectos físico, histórico, artístico, formal e técnico. Objetiva também 
compreender o significado do objeto ao longo do tempo, conhecer sua evolução e, principalmente, os 
valores pelos quais foi reconhecida como patrimônio cultural. Nessa seção são apresentados os 
levantamentos histórico, documental, físico e cadastral, complementados pela análise e descrição do 
monumento e de sua inserção na área urbana de Vitória. 
 
A segunda seção refere-se ao Diagnóstico do edifício, que consolida as pesquisas e estudos 
anteriormente realizados, complementando o conhecimento do objeto. São analisados, de forma 
pormenorizada, os aspectos históricos e artísticos, com a finalidade de compreender seu significado 
ao longo do tempo, conhecer sua evolução e, principalmente, os valores pelos quais foireconhecido 
como patrimônio cultural. Também são analisados os aspectos físicos e ambientais que influenciam 
o estado de conservação da edificação, além dos problemas e questões relativos ao estado atual de 
conservação do edifício. São apresentadas, através de fichas de análise e pranchas de mapeamento 
de danos, as principais alterações e patologias da edificação, sendo identificados os agentes e as 
causas que geram as alterações. De forma complementar, são feitas análises, prospecções e um 
histórico das intervenções pelas quais o bem cultural passou através dos anos. Tal mapeamento 
serve de base à elaboração de um relatório técnico com recomendações para a conservação 
preventiva e para a implementação de diretrizes de intervenção, que serão retomadas e 
consideradas na etapa seguinte, o Projeto de Restauração. 
 
A terceira e última seção do trabalho consiste no Projeto de Restauração propriamente dito, que 
compreende o conjunto de ações necessárias e suficientes para caracterizar a intervenção, 
determinando soluções, definindo usos e procedimentos de execução, abordados técnica e 
conceitualmente. O projeto será composto por justificativa teórica e conceitual, programa 
arquitetônico, memorial descritivo, especificações técnicas, desenhos em pranchas e escalas 
apropriadas e demais informações necessárias ao perfeito entendimento do projeto em questão. 
 
O Projeto Arquitetônico de Restauração, acima especificado, será acompanhado pelos seguintes 
projetos complementares: Estrutural, Hidrosanitário, Drenagem, Elétrico e Luminotécnico, Lógica e 
 
 
PROJETO DE RESTAURAÇÃO 
Caderno de Estudos 
IMÓVEL SEDE DO IPHAN-ES 
Diagnóstico 
 
 
SANETEC Saneamentos e Serviços Técnicos de Engenharia Ltda. 
R. Rio de Janeiro, 282/906 . Centro . CEP 30.160-040 . Belo Horizonte/MG . telefax: (31) 3201-4766 
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Telefonia, Climatização, Proteção Contra Incêndio e Pânico – PCI e Sistema de Proteção Contra 
Descargas Atmosféricas – SPDA. 
 
Acredita-se que, a partir da efetiva execução deste projeto de Restauração e Adaptação, o Imóvel 
Sede do Iphan-ES será preservado, receberá um novo uso compatível com suas características 
físicas e construtivas e terá seu tempo de vida útil prolongado. A nova destinação institucional 
contribuirá ainda para a revitalização da região urbana onde se insere e para o resgate da memória 
urbana da Cidade Alta e, por que não dizer, da cidade de Vitória e do Estado do Espírito Santo. 
 
 
 
PROJETO DE RESTAURAÇÃO 
Caderno de Estudos 
IMÓVEL SEDE DO IPHAN-ES 
Diagnóstico 
 
 
SANETEC Saneamentos e Serviços Técnicos de Engenharia Ltda. 
R. Rio de Janeiro, 282/906 . Centro . CEP 30.160-040 . Belo Horizonte/MG . telefax: (31) 3201-4766 
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FICHA TÉCNICA 
 
 
Projeto: Projeto de Restauração e Adaptação do Imóvel Sede do Iphan-ES 
Imóveis: Casa à Rua José Marcelino, 203/205 
Endereço: Rua José Marcelino, 203/205 – Cidade Alta, Centro – Vitória/ES 
Propriedade: Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – Iphan 
Finalidade: Restauração e adaptação para o uso institucional 
Área edificada: 380,49 m² 
Área do terreno: 215,10 m² 
Época de construção: Anterior a 1875 
 
 
 
 
PROJETO DE RESTAURAÇÃO 
Caderno de Estudos 
IMÓVEL SEDE DO IPHAN-ES 
Diagnóstico 
 
 
SANETEC Saneamentos e Serviços Técnicos de Engenharia Ltda. 
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2. DIAGNÓSTICO ARQUITETÔNICO 
 
 
2.1 ANÁLISE FÍSICO-AMBIENTAL1 
 
O município de Vitória está localizado no extremo Leste do Estado do Espírito Santo. Limita-se a 
Norte com o município de Serra, a Sul com Vila Velha, a Oeste com Cariacica e a Leste com o 
Oceano Atlântico. Integra, segundo a classificação do IBGE, a mesorregião Central Espírito-santense 
e a microrregião de Vitória. O município integra a Região Metropolitana da Grande Vitória, área 
bastante urbanizada, compreendida pelos municípios de Vitória, Cariacica, Fundão, Guarapari, 
Serra, Viana e Vila Velha. 
 
A sede do município está localizada nas coordenadas geográficas 20º19'09" de latitude Sul e 
40º20'50" de longitude Oeste. Vitória dista 524km de Belo Horizonte (BR-262 e BR-381), 525km do 
Rio de Janeiro (BR-101) e 1.252km de Brasília (BR-040). Todas as rodovias de acesso são 
pavimentadas. 
 
De acordo com a divisão administrativa de 2005, o município é constituído pelos distritos Sede e 
Goiabeiras. A sede do Município conta com 79 bairros, distribuídos pelas ilhas e pela região 
continental. 
 
A população do município é de 327.801 habitantes (IBGE 2010), sendo 153.948 homens (46,96%) e 
173.853 mulheres (53,04%). A população está distribuída em uma área de 98,506km2, o que 
corresponde a uma densidade populacional de 3.327,72 hab/km2, bastante alta quando comparada à 
média do Estado e do País. A população do município é predominantemente urbana (>95%). 
 
A economia de Vitória é voltada para as atividades portuárias, comércio, indústria, prestação de 
serviços e turismo de negócios. A capital capixaba conta com dois dos mais importantes portos do 
país: Vitória e Tubarão. As indústrias mais importantes da capital são a Arcelor Mittal Tubarão (antiga 
CST) e Vale (antiga Companhia Vale do Rio Doce). Esses portos, junto com vários outros do estado, 
formam o maior complexo portuário do Brasil. 
 
O Estado do Espírito Santo recebe royalties por ser produtor de petróleo e gás natural, o que 
contribui para o aumento dos recursos e da renda do Estado e dos municípios capixabas. O PIB per 
capita de Vitória chegou a R$ 71.407,32, em 2008, sendo este o maior PIB entre as capitais do país. 
 
O Índice de Desenvolvimento Humano Municipal – IDH-M de Vitória é de 0,856 (PNUD 2000), 
integrando a faixa de desenvolvimento alto, correspondendo ao 18º lugar entre todas as cidades 
brasileiras e 3º lugar entre as capitais do país. 
 
Em relação à geografia, Vitória possui localização privilegiada na planície litorânea, junto à Baia de 
Vitória. A parte mais antiga da cidade está localizada em uma ilha fluviomarinha – a Ilha de Vitória –, 
enquanto a parte mais nova localiza-se no continente. A Ilha de Vitória é limitada a Oeste e Sul pelo 
Rio Santa Maria, a Norte pelo Canal do Camburi e a Leste pela Baia de Vitória. 
 
1 Dados retirados das sínteses do IBGE, disponíveis em www.ibge.gov.br; do IEMA, disponíveis em 
http://www.iema.es.gov.br/; da Prefeitura Municipal de Vitória, disponíveis em 
http://legado.vitoria.es.gov.br/regionais/home.asp; e da Wikipedia, disponíveis em 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Vit%C3%B3ria_%28Esp%C3%ADrito_Santo%29 . 
 
 
PROJETO DE RESTAURAÇÃO 
Caderno de Estudos 
IMÓVEL SEDE DO IPHAN-ES 
Diagnóstico 
 
 
SANETEC Saneamentos e Serviços Técnicos de Engenharia Ltda. 
R. Rio de Janeiro, 282/906 . Centro . CEP 30.160-040 . Belo Horizonte/MG . telefax: (31) 3201-4766 
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Além da ilha principal, fazem parte do município outras 34 ilhas. Acredita-se que havia originalmente 
50 ilhas na Baía, muitas das quais foram agregadas por meio de aterro à ilha maior. 
 
A Baixada Espiritossantense, onde se localiza o município, é caracterizada como planície sedimentar 
onde ocorrem diversos afloramentos de rochas granítico-basálticas, chegando a altitudes de 300m. 
 
Com relação à geologia, o relevo das ilhas é um prolongamento do continente, de constituição 
granítica, circundado pelo mar e áreas de praia, mangue e restinga. O maciço central da ilha de 
Vitória é o Morro da Fonte Grande, com altitude de 308m. Os principais afloramentos graníticos são a 
Pedra dos Dois Olhos, com 296m, e o Morro de São Benedito, com 194m de altitude. O ponto mais 
alto do município é o Pico do Desejado, na ilha de Trindade, com 601m de altitude. 
 
Em relação à vegetação natural, predominam, nas áreas baixas,as vegetações litorâneas (restinga e 
manguezais). Nas áreas mais altas predominam a floresta tropical e a Mata Atlântica. A vegetação 
natural, entretanto, foi bastante modificada ao longo do tempo pela atividade antrópica. 
 
O clima, de acordo com a classificação de Köppen, é o Tropical, com verões quentes e chuvosos e 
invernos amenos e secos. A temperatura média anual gira em torno de 23ºC. As médias mensais 
variam entre 27ºC, em fevereiro, e 21ºC, em julho. As temperaturas médias máximas mensais são 
observadas no verão, chegando a 39ºC (fevereiro); e as médias mínimas no inverno, baixando a 
12ºC (junho e setembro). 
 
As amplitudes térmicas diária, sazonal e anual são baixas em Vitória. O índice pluviométrico é mais 
baixo do que no resto do Estado, com média anual registrada de 1.153mm de chuva, concentrada 
nos meses de outubro a fevereiro. 
 
A umidade relativa do ar varia pouco durante o ano. As médias mensais giram em torno dos 80%, 
variando entre médias mínimas de 40%, nos meses secos, e 99%, nos meses chuvosos. 
 
Os principais sistemas de circulação atmosférica que atuam na região são o anticiclone 
subtropical do Atlântico Sul, responsável pelos ventos predominantes de Leste (E) e Nordeste 
(NE); e o anticiclone polar móvel, responsável pelas frentes frias provenientes do extremo sul do 
continente, caracterizado pelas baixas temperaturas, nebulosidade e ventos ocasionais de Sul 
(S). A velocidade média anual dos ventos varia de 0,9 a 2,3 m/s. 
 
A pressão atmosférica média anual varia em torno de 1007 mbar. A maior média mensal ocorre 
em junho, chegando a 1012 mbar; e a menor média mensal ocorre em fevereiro, baixando a 
1005 mbar. 
 
A radiação solar média anual é alta em Vitória (200 W/m2), variando entre médias mensais de 
290 W/m2, em janeiro, e 110 W/m2, em junho. A radiação solar máxima observada em fevereiro 
chega a 1086 W/m2. 
 
Em relação à poluição do ar, dados recentes (2006) mostram que os índices de qualidade do ar 
em Vitória encontram-se em níveis aceitáveis (predomínio de níveis "bons" durante o ano). 
Observa-se que os índices de Partículas Totais em Suspensão (PTS), Partículas Inaláveis 
(PM10) e Dióxido de Nitrogênio (NO2) chegam a níveis médios "regulares" nos meses secos. 
 
 
PROJETO DE RESTAURAÇÃO 
Caderno de Estudos 
IMÓVEL SEDE DO IPHAN-ES 
Diagnóstico 
 
 
SANETEC Saneamentos e Serviços Técnicos de Engenharia Ltda. 
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2.2 ANÁLISE HISTÓRICA 
 
2.2.1 Histórico de Vitória 
 
A história da colonização do Espírito Santo pelos portugueses começa com a chegada de Vasco 
Fernandes Coutinho e da tripulação da nau Glória à capitania que lhe fora doada por D. João III, 
como retribuição aos serviços prestados nas campanhas portuguesas na África e na Índia.2 
 
A Carta de Doação de 1534 estabelecia que a Capitania de Vasco Coutinho deveria ter, como as 
demais, 50 léguas de frente, avançando "pelo sertão e terra firme adentro" até a Linha de 
Tordesilhas. Os limites da capitania foram definidos por negociação com os donatários vizinhos. 
Confrontava, a Sul, com a Capitania de Pero Góis (São Tomé) no Rio Itapemirim, e a Norte, com a 
de Pero Campo Tourinho (Porto Seguro) no Rio Mucuri. 
 
De acordo com José Teixeira de Oliveira, foi em um domingo, 23 de maio de 1535, que a caravela de 
Vasco Fernandes Coutinho fundeou à esquerda da entrada da baía – que julgaram ser um rio. Como 
se tratava do dia dedicado ao Espírito Santo (oitava de Pentecostes), à vila fundada foi dado o nome 
de Vila do Espírito Santo (atual Vila Velha), termo posteriormente estendido a toda a Capitania.3 
Além de fortificações, paliçadas, almoxarifados e outras feitorias, foram edificadas na Vila do Espírito 
Santo, nos anos iniciais de ocupação, a capela de N. Sra. do Rosário (1535), um engenho (no Sítio 
Ribeiro) e cerca de 50 casas. 
 
Os povos indígenas que habitavam a região resistiram à ocupação portuguesa. Para expulsá-los, o 
donatário contou com a colaboração de Duarte Lemos e Jorge de Menezes, a quem concedeu 
sesmarias. Duarte Lemos, que vivia na capitania da Bahia, chegou em 1536 ou 1537 ao Espírito 
Santo, empregando homens e recursos nas batalhas que se seguiram pela posse da terra.4 Em 
retribuição aos esforços na peleja contra os indígenas, Vasco Coutinho doou a Ilha de Santo Antônio 
(atual Ilha de Vitória) a Duarte de Lemos, em 15 de julho de 1537.5 
 
Duarte de Lemos deu “logo às pessoas e moradores da terra grandes partes de sesmarias das terras 
da dita ilha pera aproveitarem e a povoarem”6 e, segundo Basílio Daemon, comprometeu-se a 
fortificá-la contra as invasões.7 
 
A Igreja de Santa Luzia foi a primeira a ser edificada na parte alta da ilha, sobre rocha granítica, 
provavelmente em 1537. Teria sido, segundo fontes secundárias, uma capela particular da fazenda 
de Duarte Lemos.8 
 
Os primeiros ocupantes da Ilha de Santo Antônio ergueram engenhos e fizeram plantações em suas 
terras, de modo que, em 1545, já se fazia referência à produção de cana-de-açúcar, pescados e 
 
2 OLIVEIRA, José Teixeira de. História do Estado do Espírito Santo. 3 ed. Vitória: Arquivo Público do Estado do Espírito 
Santo; Secretaria de Estado da Cultura , 2008. 670 p. (Coleção Canaã , v. 8). p. 27. 
3 Idem, p. 38. 
4 Idem, p. 43. 
5 Ibidem. 
6 Ibidem. 
7 Prov. ES, 58. Citado por OLIVEIRA, p. 43. 
8 A Igreja de Santa Luzia foi tombada pelo Iphan através do Processo 0195-T-39, sendo inscrita no Livro Histórico sob no. 
245, em 1º de agosto de 1946. Igreja de Santa Luzia (Vitória, ES). Arquivo Noronha Santos. Livro de Tombo Histórico. 
Iphan. Rio de Janeiro. 
 
 
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11
mantimentos diversos. Diz-se que as roças plantadas eram denominadas "capixabas" pelos índios, 
expressão que acabou servindo para denominar os habitantes da ilha e, posteriormente, todos os 
espírito-santenses. 
 
As tentativas iniciais de escravizar os índios Tupi, Goitacá e Aymoré para o trabalho agrícola resultou 
num grande ataque destes, por volta de 1545, o qual dizimou plantações e vilas nascentes, 
resultando na morte ou fuga dos colonos, e na perda das benfeitorias recém-construídas. 
 
Vasco Coutinho decide transferir a sede da Capitania para a Ilha de Santo Antônio, onde a defesa 
era mais fácil, protegida que estava pelos morros e águas circundantes. De acordo com Oliveira, em 
março de 1550 a sede da capitania já havia sido transferida,9 recebendo o nome de Villa Nova ou 
Villa de Nossa Senhora da Victoria. Em contraposição, a Vila do Espírito Santo passou a ser 
denominada Villa Velha. 
 
O núcleo da nova vila foi estabelecido em um platô rochoso, hoje conhecido como Cidade Alta. O 
platô era delimitado pelo mar, pelo relevo do Maciço Central (atual Morro da Fonte Grande) e pelas 
áreas baixas e alagadiças. Todos esses elementos facilitaram a defesa da vila nos primeiros tempos 
mas, recentemente, passaram a ser limitadores do crescimento urbano. 
 
A parte alta da cidade oferecia condições naturais de defesa e concentrou as construções 
administrativas e religiosas. Ao redor do núcleo administrativo e religioso foram construídas as 
residências, que, aos poucos, deram origem às ruas quase sempre estreitas e sinuosas, amoldadas 
à topografia do terreno. A parte baixa da cidade era local menos privilegiado, considerado insalubre e 
sujeito a inundações e ataques de invasores. Para proteger a cidade do perigo que vinha do mar, 
foram construídas diversas fortificações e paliçadas a beira-mar, fazendo de Vitória uma praça-forte. 
 
As primeirasigrejas construídas foram as de Santa Luzia (1537) e a Matriz de Nossa Senhora da 
Vitória (provavelmente edificada a partir de 1551), sempre ocupando sítios elevados, voltadas para 
dentro da ilha e formando adros à sua frente. 
 
Acredita-se que a Santa Casa de Misericórdia também já havia se instalado em Vitória no ano de 
1545, recebendo em 1605 os mesmos privilégios de sua irmã de Lisboa. 
 
Nesse núcleo inicial instalou-se a Companhia de Jesus, representada pelo Padre Afonso Brás e pelo 
irmão Simão Gonçalves. Chegando à Villa Nova em março de 1551 e ocupando terras a eles doadas 
por Duarte Lemos, "livres de todos os encargos fiscais", os jesuítas logo iniciam a construção do 
Colégio dos Meninos de Jesus do Espírito Santo e da Igreja de Santiago (atual Palácio Anchieta). Em 
1552, o Colégio já estava em atividade. 
 
Os jesuítas contribuíram no desenvolvimento e organização da capitania, implantando fazendas e 
aldeias ao longo do litoral. As fazendas destinavam-se à produção do sustento dos jesuítas e as 
aldeias, à catequese dos nativos. A expulsão dos jesuítas do Espírito Santo, em 1760, teve como 
conseqüência imediata a desorganização social, política e econômica da capitania, posto que suas 
fazendas, engenhos, aldeias, escolas e bibliotecas foram abandonados ou entregues à própria sorte. 
 
Fato que também merece menção é a chegada do frei Pedro Palácios a Vila Velha (1558), onde 
construiu uma ermida para abrigar um painel de Nossa Senhora com o Menino Jesus, que trouxera 
 
9 Oliveira, p. 66. 
 
 
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da Europa (provavelmente de origem espanhola). Mais tarde ampliada, a ermida de frei Pedro 
originou o atual Santuário de Nossa Senhora da Penha. 
 
Em meados do séc. XVI, a capitania do Espírito Santo era considerada uma das mais prósperas da 
colônia, tendo em seu território seis engenhos de açúcar,10 “número maior do que o total existente 
nas capitanias de Porto Seguro, São Vicente e São Tomé (Rio de Janeiro)”.11 Como afirmava Tomé 
de Souza em uma carta a D. João III: “O Espírito Santo é a melhor e a mais rica capitania que há na 
costa do Brasil”.12 
 
Pouco se sabe sobre as primeiras edificações residenciais de Vitória. Eram provavelmente 
edificações feitas com materiais pouco duráveis. Por ocasião de uma tentativa de invasão de 
corsários franceses, em 1561, relatava-se que a população da vila ficara aterrorizada "por serem os 
moradores poucos, as casas cobertas de palha e sem fortaleza".13 
 
A administração do segundo donatário, Vasco Coutinho (filho) (1564-1589) foi marcada por um 
período de paz e prosperidade, resultando na construção de mais engenhos e na implementação do 
comercio direto com Portugal. Naquele momento, a capitania era rica em "gado e algodões, além de 
seis engenhos de açúcar", e que os portugueses tinham "muita escravaria dos índios cristãos”. 
 
A Vila de Vitória, entretanto, não parecia refletir a prosperidade da capitania. Visitada por Cardim e 
habitada por José de Anchieta no quartel final do séc. XVI, Vitória seria descrita como uma vila "mal 
situada", localizada "em lugar baixo e pouco aprazível". Cardim informa que a vila "contava com mais 
de cento e cinqüenta vizinhos, com seu vigário" e que os jesuítas tinham "uma casa bem acomodada 
com sete cubículos e uma igreja nova e capaz".14 José de Anchieta afirmava que a gente da terra era 
"rica e honrada" e que a terra era visitada anualmente por três ou quatro navios que iam a Portugal. 
 
Em 1559 um incêndio teria destruído a primitiva Igreja de São Tiago. Em 1573, os jesuítas iniciam a 
construção de uma nova igreja em seu Colégio, com "mais de cem palmos de comprido, fora a 
capela, e quarenta e cinco de largo". As paredes foram feitas de taipa sob fundações de pedra e cal. 
Os próprios padres da Companhia dirigiram a obra, auxiliados por Belchior de Azeredo e os 
principais moradores, que “com suas próprias mãos [ajudaram] a trazer pedras grandes para os 
alicerces”.15 Foi assim, com o "adjutório de grandes e humildes, de senhores e escravos, e graças ao 
naufrágio que obrigou o padre Luís da Grã e seus companheiros a uma longa demora na Vila da 
Vitória", que se levantaram as primeiras paredes do templo que, em 1595, acolheria os restos 
mortais de José de Anchieta. 
 
Em 1589, poucos meses após a morte de Vasco Coutinho (filho), aportam em Vitória os frades 
franciscanos Antônio dos Mártires e Antônio das Chagas, que iniciaram a construção do Convento de 
São Francisco, em terras doadas pelo falecido donatário. 
 
No mesmo ano, os padres beneditinos frei Damião da Fonseca e irmão Basílio chegaram da Bahia 
com o intuito de fundar, na Vila Velha, um mosteiro da sua ordem. Dois anos mais tarde, obtinham 
 
10 CARDIM, Pe. Fernão Apud LIMA JÚNIOR, Carlos Benevides. Baia de Vitória: aspectos históricos e culturais. Vitória: 
Editora Fundação Ceciliano Abel de Almeida/UFES, 1995, p. 30. Ver também SCHAYDER, José Pontes. História do 
Espírito Santo: uma abordagem didática e atualizada – 1535-2002. Campinas, SP: Companhia da Escola, 2002, p. 26. 
11 SCHAYDER, Op. Cit. p. 26. 
12 Carta de Tomé de Souza Apud SCHAYDER, p. 24. 
13 Carta do Espírito Santo, de 1562, in Cartas, III, 465. Citado por OLIVEIRA, Op. Cit., p. 106. 
14 OLIVEIRA, Op. Cit. p. 113. 
15 Carta de INÁCIO TOLOSA, apud SERAFIM LEITE, HCJB, I, 222). Citado por OLIVEIRA, Op. Cit., p. 116. 
 
 
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“huma sorte de terras” em Vitória, onde pretendiam “fundar outro Mosteiro”. Os beneditinos iniciaram 
a construção de seu mosteiro em uma ilha que passaria a ser conhecida como Ilha do Frade. A 
construção não foi terminada e encontra-se hoje em ruínas. 
Por ocasião da passagem do lendário corsário inglês Thomas Cavendish por Vitória, em 1592, foram 
construídos dois fortins na entrada da baía, um deles no local em que, anos mais tarde, seria 
definitivamente construído o Forte São João. 
 
Em 1605, Vitória chegava a 700 habitantes e relatava-se possuir boas casas de negócio, além de 
colégios e conventos.16 
 
As ilustrações do Reys-boeck van het rijcke Brasilien (…) ou "Livro de viagem ao reino Brasileiro (...)" 
publicado na Holanda por volta de 1624, incluem uma estampa do Espiritu Santo (Figura 1). Trata-se 
de importante documento iconográfico, embora com alguns erros geográficos, justificáveis por se 
tratar de um levantamento feito por holandeses que não tinham acesso ao território brasileiro. 
 
 
Figura 1: Estampa "Espiritu Santo". Ilustração de autor não-identificado, 
inclusa no Reys-boeck van het rijcke Brasilien (…) ou "Livro de viagem ao 
reino Brasileiro (...)" publicado na Holanda ca. 1624 (FONTE: REIS, s/d). 
 
O canal é representado como Rio de Espiritu Santo e a vila de Vitória (no alto) não é representada 
como parte de uma ilha. O Pão de Açúcar (atual Penedo) aparece invertido, à direita do canal. Vila 
Velha ( grafada como Vilha velha) guarda a entrada do canal, representada com uma torre que talvez 
seja da Igreja do Rosário. Uma Fortaleza aparece à direita do canal, talvez fosse a antiga fortificação 
reedificada, anos mais tarde, com o nome de Forte de São João. 
 
Nestor Goulart Reis faz algumas observações sobre essa estampa: 
 
16 ROCHA POMBO, HB, V, 133-4. Citado por OLIVEIRA, Op. Cit. p.126. 
 
 
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No desenho aparecem duas torres de igrejas. A mais afastada poderia ser a do 
Colégio dos jesuítas e a mais próxima a da Matriz. Ao fundo, sobre uma colina, o que 
seria a então pequena igreja dos frades franciscanos. As casas são apresentadas 
como se fizessem frente para a praia, à margem do canal. De fato, situavam-se então 
na borda da Cidade Alta, no mesmo nível das demais. Nesse caso, o que parece ser 
a frente das casas, voltadas para o canal, seria de fato seu fundo, na parte alta. 
 
Os belíssimos mapas do Espírito Santo e Vitória feitos por João Teixeira de Albernaz, em 1631, 
mostram uma pequena vila na costa Sul da ilha, sendo pouco detalhados em relação à ocupação 
urbana. Nesses mapas, alguns acidentes geográficos são identificados: Ponta da Barra ou Morro de 
João Moreno, Abrolho, Rio Moreype e Ponta do Tubarão. Em relação à ocupação humana, ganham 
destaque os fortins de São Miguel e São Marcos, guarnecendo a entrada da Baía; a Vila Velha com 
destaque para a Igreja de N. S. da Peña; e a Villa da Vitoria, representada como um povoado de 15 
casas em frente a um porto. 
 
 
Figura 2: Detalhe do mapa da Capitania do 
Espírito Santo do Cabo de São Tomé à Ponta da 
Fruta. Reprodução fotográfica do livro "Estado do 
Brasil, coligido das mais certas noticias que pode 
ajuntar D. Jerônimo de Ataíde. por João Teixeira 
Albernaz I, Cosmógrafo de Sua Majestade, 
1631". (FONTE: Biblioteca Itamaraty, 1631). 
 
 
 
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15
 
 
 
Figura 3: Mapa da Barra e Baía do Espírito Santo, com a Ilha de Vitória. 
Reprodução fotográfica do livro Estado do Brasil, coligido das mais certas 
noticias que pode ajuntar D. Jerônimo de Ataíde. por João Teixeira 
Albernaz I, Cosmógrafo de Sua Majestade, 1631. Em destaque, a Ilha de 
Vitória (FONTE: Biblioteca Itamaraty, 1631). 
 
Outro mapa de Albernaz, datado de 1666 e mais detalhado, identifica, além dos acidentes já 
mencionados, o Pão de Açúcar (atual Penedo), a Ilha de D. Jorge, a Enseada de Areia (atual 
Camburi) e as "Serras", a Leste. Em Vila Velha, são identificadas as igrejas da Penha e do Rosário. 
Em Vitória, além do povoado, merecem destaque o "Forte" e uma Vigia (Farol), esta situada no alto 
do morro que receberia o nome de Morro da Vigia. 
 
 
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16
 
 
Figura 4: Detalhe da Demonstração do Sprito Santo. Reprodução 
fotográfica do "Livro de toda a Costa da provincia Santa Cruz feito por 
João Teixeira Albernas anno d. 1666 (FONTE: Ministério das Relações 
Exteriores, 1666). 
 
No quartel final do séc. XVII, toma impulso em Vitória a arquitetura militar, seja com a construção de 
novas fortificações ou reforma e ampliação das existentes. 
 
A administração Francisco Gil de Araújo (1678-1682) foi particularmente ambiciosa em relação às 
fortificações e edificações oficiais. Francisco Gil teria edificado ou refeito os fortes de N. S. do Monte 
do Carmo e de São João, este encontrado em ruínas. De sua iniciativa, conta-se a construção do 
forte de S. Francisco Xavier, estrategicamente situado para proteger a entrada da barra de Vitória. Às 
quatro companhias de armas existentes na capitania, Francisco Gil adicionou mais cinco, inclusive 
uma de homens pardos. Também as edificações oficiais foram cuidadas pelo donatário: a casa de 
câmara e o Pelourinho, que ainda não existiam, foram construídos de pedra e cal, "tão perfeito que 
se não a acha villa que a tenha como ella". Os templos foram asseados; e a Santa Casa da 
Misericórdia, de “que não se viam mais que os vestígios”, foi reedificada, “ficando perfeitíssima”.17 
 
Outra importante referência urbana a surgir na vila é o Convento de Nossa Senhora do Monte do 
Carmo, fundado em 1682 por padres carmelitas. Totalmente edificado, o conjunto era composto pelo 
convento propriamente dito, pela Igreja de Nossa Senhora do Monte do Carmo e pela Capela da 
Ordem Terceira. 
 
A descoberta do ouro nas Minas Geraes, em 1693, traria grandes mudanças para a Capitania do 
Espírito Santo, pois foi proibido o comércio e a abertura de estradas em direção às minas, como 
forma de evitar o contrabando. Todo o escoamento do ouro e das pedras preciosas – o que gerava 
grande fluxo de pessoas, maior movimentação da economia e disseminação de conhecimento – era 
 
17 FREIRE, Capitania, 80. Citado por Oliveira, p. 172. 
 
 
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17
feito pela capitania de São Tomé (atual Estado do Rio de Janeiro). Esses fatos, somados à 
incompetência das administrações subseqüentes à de Francisco Gil, levaram a um longo período de 
estagnação econômica da Capitania do Espírito Santo. 
 
Durante o séc. XVIII, encontraremos a economia do Espírito Santo ainda canalizada pelas funções 
administrativas e militares, temerosos estavam os governantes de que estrangeiros tomassem a 
capitania e dali passassem às Minas. A compra da capitania pela coroa portuguesa por 40 mil 
ducados, em 1710, pode ser entendida nesse contexto de controle e proteção do território contra 
invasores estrangeiros. 
 
Nesse contexto, a Vila de Vitória passou a depender economicamente do aprimoramento de suas 
funções administrativa e militar, que resultaram em maior divisão social do trabalho, especialização 
da mão-de-obra e certo refinamento cultural.18 
 
A construção da Capela da Irmandade de Nossa Senhora do Amparo e da Boa Morte, em 1707, é 
claro reflexo da diversidade social da vila, posto que a irmandade era formada por homens pardos, 
isto é, trabalhadores livres e urbanos. Passados oito anos, as irmandades solicitaram permissão para 
construir, no local da capela, uma igreja dedicada a São Gonçalo Garcia. Em 2 de novembro 1766, 
com a presença do visitador diocesano, padre Antônio Pereira Carneiro, e do vigário da vila de 
Vitória, Antônio Xavier, a igreja foi consagrada.19 
 
Em relação à questão militar, observa-se ao longo do séc. XVIII a recorrente preocupação dos 
administradores com a construção, reforma e manutenção de fortificações militares na Baía e na Vila 
de Vitória, reflexo da preocupação da Coroa Portuguesa com possíveis invasões estrangeiras. 
 
Em 1726, o vice-rei conde de Sabugosa comissionou o engenheiro Nicolau de Abreu Carvalho para 
reconstruir ou "aperfeiçoar" as fortificações, julgadas necessárias, na baía do Espírito Santo. 
Asseveram os cronistas que Nicolau de Abreu refez a fortaleza de São João “na garganta que faz a 
baía acima da Vila do Espírito Santo”; os fortes de Nossa Senhora do Monte do Carmo “entre o cais 
grande e a praia do peixe na marinha da cidade [de Vitória]” e de S. Tiago, dentro da vila de Vitória; 
além de S. Inácio, ou S. Maurício, “na marinha da cidade; dentro da cerca que foi dos regulares 
jesuítas” (Figuras 5 a 8). 
 
 
18 Em 1700, o bacharel formado pela Universidade de Coimbra, João Trancosode Lira, fora nomeado ouvidor da capitania. 
De 1703 é a provisão concedendo licença a D. João de Noronha “para advogar em todos os juízos da vila de Vitória”. O 
primeiro alcaide-mor da vila, Antônio Pacheco de Almeida, foi nomeado em 1709. 
19 A Igreja de São Gonçalo foi tombada pelo Iphan através do Processo 0381-T-48, sendo inscrita no Livro de Belas Artes, 
sob no. 317, em 6 de novembro de 1948, e no Livro Histórico sob no. 251, em 8 de novembro de 1948. Igreja de São 
Gonçalo (Vitória, ES). Arquivo Noronha Santos. Livro de Tombo Histórico. Iphan. Rio de Janeiro. 
 
 
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18
 
Figura 5: Planta da Fortaleza de São João, cópia do 
original de João Antônio Caldas de 1764, por Luis dos 
Santos Vilhena, 1801 (FONTE: Biblioteca Nacional, 
1801). 
Figura 6: Planta e Prospecto do Fortinho de S. 
Thiago, cópia do original de João Antônio Caldas de 
1764, por Luis dos Santos Vilhena, 1801 (FONTE: 
Biblioteca Nacional, 1801). 
 
 
Figura 7: Planta e Prospecto do Forte de N. S. do 
Monte do Carmo, cópia do original de João Antônio 
Caldas de 1764, por Luis dos Santos Vilhena, 1801 
(FONTE: Biblioteca Nacional, 1801). 
Figura 8: Planta e Prospecto do Fortinho de Santo 
Ignácio, cópia do original de João Antônio Caldas de 
1764, por Luis dos Santos Vilhena, 1801 (FONTE: 
Biblioteca Nacional, 1801). 
 
 
 
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19
Aproveitando sua presença na terra e atendendo aos pedidos do povo e às próprias necessidades do 
culto, o capitão-mor Dionísio Carvalho de Abreu mandou orçar as obras de reedificação da igreja-
matriz de Nossa Senhora da Vitória que, aos olhos de seus contemporâneos, parecia-se mais com 
uma “caza de armazem, que lugar dedicado para a celebração dos officios divinos”.20 Em 1731 foi 
baixada uma ordem régia determinando a execução das obras,21 só iniciadas em 1749.22 
 
Graças à documentação que instruiu o processo relativo às obras da Igreja Matriz, sabe-se que, 
entre 1728 e 1730, a vila da Vitória “se achava mui destituida de cabedaes e atenuada por falta de 
negocio, sendo por esta cauza muy pobres os seus moradores; que os vizinhos de que se compunha 
passavão de 5.000 entre brancos, pardos, pretos forros e captivos, que os fogos que nella havião 
passavão de 700, que os dizimos não chegavão em muitas occasiões a cobrir os filhos da folha, não 
passando o seu rendimento de 2:500$000”.23 
 
A ocupação do Morro do Pernambuco ocorreu na segunda metade do séc. XVIII, a partir da 
construção da Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, em 1765. A estrutura principal foi 
concluída em dois anos, com mão-de-obra negra. O terreno foi doado à Irmandade de Nossa 
Senhora do Rosário dos Pretos pelo capitão Felipe Gonçalves dos Santos e, a partir daí, os 
arredores do Morro do Pernambuco começaram a ser ocupados, mormente por membros da 
irmandade do Rosário dos Pretos. 
 
A estadia do engenheiro militar José Antonio Caldas na vila de Vitória, em meados da década de 
1760, foi extremamente profícua, legando à posteridade um excelente acervo de mapas, plantas, 
prospectos e frontispícios da cidade. Caldas realizou o levantamento da área do canal, produzindo 
também a carta geográfica denominada "Topográfica da Barra, de Rio do Espírito Santo" e o 
"Prospeto da Vila da Vitoria". 
 
A planta e o prospecto da cidade, feitos por Caldas em 1767 (Figura 9), mostram uma cidade já 
estabelecida, com ruas longas e sinuosas, amoldadas às curvas de nível do terreno. A cidade se 
organizava em torno de um eixo central (Sudoeste-Nordeste) na parte alta, indo da Igreja de São 
Tiago, no Colégio dos Jesuítas (à esquerda, no mapa), até a Igreja Matriz (à direita), passando pela 
Igreja da Misericórdia e pela Cadeia (Pelourinho). Esse eixo central era denominado Rua da Matriz e 
corresponde à atual Rua Pedro Palácios. 
 
 
20 Da Informação do provedor da Fazenda do Rio de Janeiro (ALMEIDA, Inventário, VII, 133-4). São da Informação retro 
mais as seguintes valiosas achegas: “Tem o corpo desta Igreja cento e vinte palmos de comprimento, e achando os ditos 
engenheiros ter de largura somente cincoenta e três lhe deram mais sete, que fazem sessenta, para ter a proporção dupla 
ao comprimento ... As paredes que são feitas de pedra e barro e muito arruinadas, escassamente chegão a ter vinte palmos 
de altura. Tambem lhe derão pouco mais fundo e largura na capella mór, por ser mui pequena”. 
21 “Sou servido por resolução de vinte e dois do prezente mez e anno, em consulta do meu Conselho Ultramarino, que do 
rendimento dos mesmos dizimos se tirem todos os annos 400$000 rs. para a factura da Egreja e que os Freguezes 
concorrão igualmente com outros 400$000 rs. todos os annos para o corpo della, cujas contribuições durarão athé se 
prefazerem os ditos 10:000 cruzados, em que foi orçada a dita egreja, que hade ser feita na forma da dita planta” 
(ALMEIDA, Inventário, VIII, 103). 
22 72 - “Certidão em que o Escrivão da Fazenda Carlos José Ferreira declara ter ficado deserta a arrematação das obras da 
reedificação da referida egreja e terem principiado as mesmas obras sob a direcção do Provedor da Fazenda e da Camara. 
Vila de N. Sa. da Victoria, cinco de fevereiro de 1749” (ALMEIDA, Inventário, VIII, 103). 
23 Informação do provedor da Fazenda do Rio de Janeiro, baseada em elementos do seu colega do Espírito Santo. No 
mesmo documento, se lê mais o seguinte: “não sabia que houvesse naquella Capitania [Espírito Santo] effeitos alguns 
donde sahisse a despeza que se havia de fazer com a reedificação da dita Igreja”. (ALMEIDA, Inventário, VII, 133-4). 
Citado por OLIVEIRA, Op. Cit. 
 
 
 
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20
Outra via de destaque era a Rua Santa Luzia ou Grande (atual José Marcelino), que partia do 
Colégio dos Jesuítas, passava pela Igreja de São Gonçalo, Capela de Santa Luzia e fundos da 
Matriz, terminando na Ladeira da Pedra, descida íngreme que levava à Prainha, onde fora construído 
o Forte São Thiago e a Capela de N. Sra. da Conceição. Na periferia da cidade, a Nordeste, a cidade 
chegava até o Morro do Pernambuco, onde em 1765 começou a ser edificada a Igreja do Rosário. 
 
 
Figura 9: Planta da Villa da Victoria, Capital da Capitania do Espirito Santo, de José Antonio 
Caldas (FONTE: Arquivo Histórico do Exército, 1767). 
 
O casario civil acompanhava a sinuosidade das ruas na cidade alta, dando as costas à baía. No alto 
da planta (a Noroeste), são vistos os conventos franciscano e carmelita, situados nos arrabaldes da 
cidade. Ruas transversais, de grande declividade, cortavam a cidade, ligando os cais aos principais 
prédios públicos e religiosos. 
 
 
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21
 
Na parte baixa e alagadiça da cidade predominavam os trapiches e fortes, notadamente o de Santo 
Ignácio, na extremidade esquerda do mapa; a Fortaleza de Nossa Senhora do Monte do Carmo 
(atual Praça Oito), ao centro; e o de São Tiago,à direita (atual Praça Costa Pereira). Um pequeno 
canal com ponte separava o Forte de São Tiago da Igreja da Conceição. 
 
Na extremidade direita do mapa, vê-se uma área verde que corresponderia às áreas de plantação e 
engenho dos jesuítas, enquanto as linhas marrons seriam canais de irrigação por eles abertos. 
 
Em uma variação dessa planta, recolhida ao Arquivo Histórico do Exército, nota-se a duplicidade de 
indicações relativas à Igreja Matriz, indício de que a nova Matriz (1749) foi edificada em lugar 
diferente da antiga Matriz (1551). 
 
 
Figura 10: Detalhe de uma variação da Planta da Villa da Victoria, Capital 
da Capitania do Espirito Santo, de José Antonio Caldas. Ao centro, vê-se 
duas indicações de "Matriz". A igreja indicada ao alto era provavelmente a 
primeva matriz, edificada em 1551; e a de baixo corresponderia à segunda 
matriz, edificada em 1749 e demolida em 1918 (FONTE: Arquivo Histórico 
do Exército, s/d). 
 
Caldas deixou interessante depoimento sobre a capitania do Espírito Santo, tal como a viu em 1767: 
 
Aqui me ocorre por na prezença de V. Exa. que esta Villa [da Vitória] é fértil de todos 
os fructos e legumes, que produzem neste Brazil, e com tanta abundancia, que não 
só a gente da terra (que excede o número de oito mil almas, sem a rezenha dos 
meninos e pagãos), mas ainda carregam de mantimentos muitas embarcações, com 
que enchem, fornecem e satisfazem em parte esta cidade [do Salvador] e a do Rio de 
Janeiro, sendo uma das Villas que tem grande commercio no Brazil, porque saiem 
pela sua barra todos os annos para cima de 300:000 cruzados, não só dos effeitos de 
mantimentos, se não também em assucares, madeiras e pannos de algodão (que 
este genero é o principal daquelle commercio), os quaes transportam em vinte 
sumacas (cujos senhorios são moradores nella), não só para esta Bahia e Rio de 
Janeiro, se não para todos os portos do sul como Santos, Paranaguá, Iguape, 
 
 
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22
Cananéia, Itanhaem, Ilha Grande e outros, sendo os commerciantes desta Villa os 
que neste continente disfructam o commercio mais regular della.24 
 
De acordo com Caldas, a capitania tinha pelo menos oito mil habitantes, exportava mantimentos, 
madeiras, panos de algodão e açúcar para a Bahia, Rio de Janeiro e portos do sul, em valor superior 
a trezentos mil cruzados por ano. O transporte se fazia em embarcações pertencentes aos próprios 
comerciantes de Vitória, “que neste continente disfrutam o commercio mais regular”. Releva notar 
que os panos de algodão tinham predominância nas pautas da exportação, sinal evidente de que a 
indústria de tecelagem ocupava lugar de destaque nas atividades dos capixabas. 
 
Os anos finais do séc. XVIII não trarão grandes mudanças à organização urbana representada e 
descrita por Caldas. Há que se notar, apenas, o crescimento da população que, a dar fé aos registros 
de então, praticamente dobrou entre 1774 e 1780, passando de 7.773 hab para 15.600 hab. Boa 
parte dessa população continuava, de alguma forma, vinculada a atividades administrativas, 
comerciais, portuárias ou militares. Mais da metade da população era escrava ou forra. 
 
Vitória chega ao fim do séc. XVIII com uma configuração urbana bem definida (ver Figura 11), 
ocupando o platô e as áreas alagadiças contíguas. Eixos de expansão urbana eram ensaiados pela 
costa, indo do Morro de Pernambuco, à Leste, ao Morro da Santa Casa, a Oeste. 
 
A Perspectiva da Villa de Victoria, feita por Joaquim Pantaleão Pereira da Silva em 1805, descreve 
perfeitamente a situação de ocupação da cidade naquele momento. Trata-se, nas palavras de Nestor 
Goulart Reis, de 
 
uma vista em perspectiva da Vila de Vitória, tomada a partir do canal. O maior 
destaque aparece no antigo Colégio dos jesuítas, com sua igreja (A) e, na 
extremidade direita da colina, a Matriz, já com sua nova fachada com frontão 
trabalhado (B). Bem mais acima, vemos a igreja do Rosário (D); entre a Matriz e o 
Colégio dos jesuítas, a igreja da Misericórdia (C) e a Casa de Câmara e Cadeia (E), 
com dois corpos de telhado destacados. Ao centro, um grande cais avança em 
direção ao canal.25 
 
Além das edificações mencionadas por Reis, são destacados na Perspectiva: Forte do Carmo (F), 
Forte de São Mauricio (G), Praça nova de SThiago (H), Cais e rua do Porto dos Padres [Jesuítas] (I), 
Cais Novo (J), Cais do Azambuja (M), Cais Grande (N), Cais do Santissimo (O), Porto da Lanxa (P), 
Ladeira do Pernambuco (Q), Pedra redonda (R), "Capichaba" (S) e Campinho (T). 
 
 
24 “Ofício do Engenheiro José Antonio Caldas para o Conde Governador, no qual lhe dá explicações sobre as nove plantas 
que lhe remete, relativas à Capitania do Espírito Santo e diversas informações sobre a mesma Capitania e a construção da 
Fortaleza da Ilha do Boi. Bahia, treze de outubro de 1767” (apud ALMEIDA, Inventário, II, 183). 
25 REIS FILHO, Nestor Goulart. Imagens de Vilas e Cidades do Brasil Colonial. São Paulo: Edusp, 2000. 
 
 
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23
 
Figura 11: Perspectiva da Villa de Victoria / Capitania do Espirito Santo por Joaquim Napoleão Per.ª da 
S.ª/ Anno de 1805 (FONTE: Arquivo Histórico do Exército, 1805). 
 
A visita de August de Saint-HIlaire a Vitória, em 1818, rendeu-nos um excelente relato da situação da 
cidade naquele momento, merecendo por isso longa transcrição: 
 
As ruas de Vitória são calçadas, porém mal; têm pouca largura, não 
apresentando qualquer regularidade. 
Aqui, entretanto, não se vêem casas abandonadas, como na maioria das 
cidades de Minas Gerais. Dedicados à agricultura, ou a um comércio regularmente 
estabelecido, os habitantes da Vila da Vitória não estão sujeitos aos mesmos reveses 
dos cavadores de ouro e não têm motivo para abandonar sua terra natal. Cuidam 
bem de preparar e embelezar suas casas. Considerável número delas tem um ou 
dois andares. Algumas têm janelas com vidraças e lindas varandas trabalhadas na 
Europa. A vila da Vitória não tem cais; ora as casas se estendem até a baía, ora se 
vê, na praia, terreno sem construção, que tem sido reservado para embarque de 
mercadorias. A cidade também é privada de outro tipo de ornato: não possui, por 
assim dizer, qualquer praça pública, pois a existente diante do palácio é muito 
pequena, e com muita condescendência é que se chama de praça a encruzilhada 
enlameada que se prolonga da Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia até a 
praia. Há, na vila da Vitória, algumas fontes públicas, que também não concorrem 
para embelezar a cidade, mas, pelo menos, fornecem aos habitantes água de 
excelente qualidade. 
 
 
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24
Contam-se, na Capital do Espírito Santo, nove igrejas, incluindo-se a dos 
mosteiros. A igreja paroquial é muito grande, muito limpa e não apresenta nada que 
provoque a curiosidade. Desde a expulsão dos jesuítas, os conventos não são senão 
em número de dois, o das Carmelitas e o de São Francisco, construídos fora ou 
quase fora da cidade. O convento de São Francisco, que abrange o panorama de 
uma parte da baía e as campinas vizinhas, nada tem de notável a não ser sua 
posição. Quandode minha viagem, contavam-se nele dois religiosos; entretanto, 
embora pequeno, o edifício poderia recebê-los em número maior; de resto, as 
receitas dessa casa são pouco consideráveis. 
Quanto ao convento do Carmo, pareceu-me qual o dos franciscanos; mas, a 
administração tomou o pavimento térreo para fazer a caserna dos soldados 
pedestres. A igreja desse convento é muito limpa e bem clara, a exemplo de todas do 
Brasil; é contristante que se a tenha enfeiado, colocando, em cima dos altares, as 
mais feias figuras que eu jamais vi. Da comunidade do Carmo depende uma 
belíssima fazenda; mas, essa propriedade, disseram-me, é, desde muito tempo, 
muito mal administrada; os monges, animados do mesmo espírito da maioria dos 
brasileiros, apenas pensam em fazer dinheiro de tudo, destroem as matas e não 
deixarão aos seus sucessores senão terras inúteis. 
Existem, na Vila da Vitória, um hospital militar e um pequeno hospital civil. Na 
ocasião de minha viagem, haviam projetado reuni-los e tinham vontade de 
estabelecê-los em cima do morro que se eleva a uma pequena distância da cidade, 
bem no extremo ocidental da ilha. Teria sido impossível escolher-se uma posição 
mais favorável, pois são os ventos de nordeste desta região que afastarão, 
precisamente, da cidade, as emanações perigosas. 
Em 1818, os edifícios do hospital projetado se erguiam já a alguns pés do 
chão, parecendo que seriam notáveis. 
O mais belo ornato da capital do Espírito Santo é, sem contradição, o antigo 
convento dos jesuítas, hoje palácio do Governador, situado na extremidade da 
cidade. É um edifício de um andar e quase quadrado, tendo num dos seus lados vista 
para o mar, e a fachada voltada para a cidade, dando sobre uma pequena praça, 
fronteira a uma igreja, a da Misericórdia; essa fachada tem cerca de cincoenta pés de 
comprimento, e cada um dos dois lados quase 60. Diante da parte que dá para o mar, 
há uma espécie de terraço coberto de grama ao qual se chegava, vindo da baía, por 
uma escadaria ladeada por duas filas de palmeiras. 
(...) A população de Vitória elevava-se, em 1818, a 4.245 habitantes, entre os 
quais cerca de 1/3 de escravos e um pouco mais de 1/4 de brancos. 26 
 
Com o declínio da mineração, a partir de meados do séc. XVIII, diminuíram os riscos de ataque à 
costa brasileira. A proibição de comércio e transporte entre Espírito Santo e Minas Gerais foi então 
abolida e o Espírito Santo ganhou um novo impulso comercial e econômico, incrementado depois 
pelo ciclo do café e pela imigração européia. 
 
A população de Vitória começou a crescer em ritmo mais rápido, criando um movimento de expansão 
da cidade. Como solução para esse problema, foram realizados, ao longo do séc. XIX, pequenos 
aterros, principalmente nas regiões alagadiças e nos baixios que existiam na vila. Dois importantes 
aterros dessa época foram o da Prainha ou Largo da Conceição (atual Praça Costa Pereira) e da 
Lapa do Mangal (depois conhecida como Campinho e atualmente Parque Moscoso). Esses aterros 
permitiram a expansão da vila para além de seus limites coloniais. O Morro da Santa Casa também 
foi ocupado a partir de 1813, no governo de Francisco Alberto Rubim (1812-1819), à reboque da 
construção da Santa Casa da Misericórdia. A configuração da parte baixa da cidade sofreu, assim, 
uma primeira onda de modificações. 
 
26 SAINT-HILAIRE, Auguste. Viagem ao Espírito Santo e Rio Doce. São Paulo: Itatiaia, 1974. pp. 95-99. 
 
 
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25
 
 
Figura 12: Mapa de Vitória em 1895. A cidade pouco crescera no séc. XIX, estendendo-se da Santa Casa, a 
Oeste (esquerda, no mapa), ao Forte de São João, a Leste. As principais áreas de expansão foram ganhas 
em aterros da Baía e desmontes de morros (FONTE: Projeto Visitar; PMV, 2008). 
 
Terminado o período imperial, os primeiros governantes republicanos – inspirados pelos ideais 
positivistas de progresso, harmonia, saúde e beleza; e auxiliados por jovens engenheiros e arquitetos 
doutrinados pelo higienismo – voltam-se contra os espaços públicos da cidade antiga, vista como 
suja, feia, desorganizada e insalubre. Opera-se, então, uma série de modificações que vão 
remodelar a cidade antiga e criar novas áreas de expansão urbana. 
 
Tudo tem início no primeiro governo Muniz Freire (1892-1896). Seu programa visava centralizar as 
atividades econômicas em Vitória, reestruturando a rede ferroviária, direcionando-a ao porto da 
capital e reaparelhando o porto para atendimento à nova demanda. Em caráter complementar e 
inserido no mesmo programa encontrava-se o projeto de expansão da cidade de Vitória com o intuito 
de desfazer sua estrutura urbana colonial e apresentá-la como uma cidade moderna. Para 
modernizar a cidade, Muniz Freire cria, em 1895, a Comissão de Melhoramentos da Capital, liderada 
pelo engenheiro sanitarista Francisco Saturnino de Brito, que em 1896 projetou um "novo arrabalde" 
com área cinco vezes maior que a cidade existente (Figura 13). 
 
O projeto idealizado por Saturnino de Brito previa a criação de vias largas e construções bem 
iluminadas e ventiladas, implantadas com afastamentos nas divisas, algo que se contrapunha à 
lógica histórica da constituição da cidade. 
 
Ainda que não executado por Muniz Freire, o ambicioso projeto de Saturnino de Brito serviu de guia 
para seus sucessores, sendo usado para planejar o crescimento da cidade nos 50 anos seguintes. 
 
 
 
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Figura 13: Planta da Ilha de Victoria 1896. Nela se vê o projeto de 
Saturnino de Brito para o Novo Arrabalde (em rosa), a Leste; e o plano de 
ocupação do Campinho (em vermelho), a Oeste, que o transformaria no 
Parque Moscoso (FONTE: PMV; Arquivo UFES, Memória Visual da Baía de 
Vitória, 1896). 
 
Jerônimo Monteiro (1908-1912) desenvolveu o Plano de Melhoramento de Vitória, aterrando o antigo 
Campinho, ali criando a Vila e o Parque Moscoso, e realizando algumas melhorias urbanas: 
implementação dos serviços de água e esgoto; instalação da rede de iluminação pública e privada de 
Vitória; abertura de vias largas e retas; e alargamentos e aterramentos das vias que ficavam à 
margem da baía; implementação do serviço de bondes elétricos; adoção do estilo eclético para os 
prédios públicos; e reforma do Palácio Anchieta, cujo estilo colonial foi modificado pelo engenheiro 
francês Justin Norbert. 
 
No mandato do governador Bernardino Monteiro (1913-1917) e do prefeito Henrique de Novaes 
(1917-1920) foi concebido e implementado o Plano Geral da Cidade (1917), um esforço continuado 
para reformar o centro da cidade, retificando e alargando as ruas, demolindo os "antigos pardieiros" e 
abrindo novas ruas e avenidas. Especial atenção foi dada por Henrique Novaes ao Porto de Vitória, 
cujo aterro é feito com terras do desmonte do morro da Santa Casa. 
 
O Porto foi criado na década de 1880 para dar suporte à exportação de café, substituindo os cais e 
trapiches que até então caracterizavam a cidade baixa de Vitória. Foi ampliado em 1911, com a 
construção de um dique de meia maré em aterro ganho à Baía. Em 1925, o Serviço de 
Melhoramento de Vitória começou a construção de uma muralha de 130 metros de extensão e três 
armazéns, depois ampliados para quatro. A sucessiva ampliação dos armazéns bloqueou a vista e o 
 
 
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acesso à Baía, de modo que o centro da cidade perdeu paulatinamente sua relação histórica com o 
braço de mar. Poucas brechas restaram, como em frente à escadaria do Palácio Anchieta, onde 
antes havia o cais Grande. 
 
No governo Florentino Avidos (1924-1928) foi feito o aterro próximo ao Forte São João, melhorando 
o acesso a essa região. Também começou a ser implementado o projeto do "Novo Arrabalde" de 
Muniz Freire. Avidos também realizou obras no Porto; a construção dos três primeiros galpões na 
região do Parque Moscoso; a construção da Ponte que liga a ilha de Vitória ao continente pela 
cidade de Vila Velha (atual Ponte Florentino Ávidos ou Cinco Pontes); e a abertura da avenida 
Capixaba (atual Av. Jerônimo Monteiro). Induzida pela abertura de avenidas, na década de 1920 já 
começava a ocupação em Jucutuquara, Maruípe e Praia Comprida, a Leste. 
 
 
Figura 14: A Avenida Capixaba, atual Jerônimo Monteiro, ligou a cidade 
antiga ao Novo Arrabalde, ampliando as áreas de ocupação à beira da Baía 
de Vitória (FONTE: Acervo Photo Paes; Memória Visual da Baía de Vitória; 
UFES; 1936). 
 
A década de 1920 marca o início da verticalização e do adensamento do centro histórico, 
registrando-se então a construção dos primeiros edifícios, como o Teatro Glória, na atual Praça 
Costa Pereira. A verticalização do centro intensificar-se-ia nas décadas de 1940 e 1950, quando 
surgem os primeiros arranha-céus. 
 
 
 
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Figura 15: Panorâmica de Vitória (1930). A Cidade-Presépio acompanha as curvas da Baía e se encaixa entre 
os morros, preservando as fontes d´água e os espaços verdes (FONTE: Memória Visual da Baía de Vitória; 
UFES; 1930). 
 
Voltando à Prefeitura na década de 1930, Henrique Novaes retoma e amplia seu Plano Geral da 
Cidade de 1917, elaborando e implementando o Plano de Urbanisação de Vitória (1931). Tratava-se, 
uma vez mais, da urbanização através da execução de grandes aterros à beira da Baía, tanto no 
"Novo Arrabalde" como no Porto e na Ilha do Príncipe (que foi anexada à Ilha de Vitória). Em relação 
ao centro da cidade, Henrique Novaes passa a se preocupar com as ligações entre cidade alta e 
baixa, que são remodeladas na década de 1940; a retificação de antigas ladeiras, como a da Pedra; 
e a execução de diversas escadarias em estilo eclético, como a São Diogo. Novaes chega a sugerir 
alterações arquitetônicas e paisagísticas, interferindo na construção da Catedral e seu adro. 
 
 
Figura 16: Planta Geral da Cidade e Porto de Victória (1936). Vê-se aí a expansão da cidade 
para além da Ilha do Príncipe e Vila Rubim, a Oeste; e a construção do "Novo Arrabalde", a 
Leste (FONTE: Memória Visual da Baía de Vitória; Arquivo Geral de Vitória; 1936). 
 
Novaes ainda faria um terceiro Plano de Urbanização em 1945, tendo como consultor Alfred Agache. 
Nesse último plano Novaes se dedica aos problemas de infra-estrutura viária e de localização de 
equipamentos como estações ferroviárias, rodoviárias, hidroporto, aeroporto, estádio municipal e 
centro administrativo. A implantação do bairro Saldanha da Gama (atual Bento Ferreira) é prevista no 
 
 
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plano, bem como a criação de avenidas marginais para ligação Leste-Oeste, que continuava sendo o 
principal problema viário da cidade. 
 
Os Planos de 1931 e 1945 previam o zoneamento urbano e propunham diretrizes para o uso e 
ocupação do solo, que só seriam oficializadas no Código Municipal de 1954 (Lei 351/1954). O 
Código limitou o número de pavimentos de novos prédios, medida necessária mas que chegava 
tarde ao centro, já crivado de arranha-céus construídos sem respeito ao tecido histórico. 
 
A década de 1960 é marcada pela inauguração do Porto de Tubarão (1966), cujas atividades criam 
um novo eixo de crescimento e desenvolvimento urbanos na direção Norte. Como conseqüência, 
toda a praia de Camburi é urbanizada e são criados, entre outros, os bairros Jardim da Penha e 
Goiabeiras. 
 
 
Figura 17: Praia de Camburi provavelmente no início da década de 1960, 
ainda inabitada (FONTE: Fotos Antigas de Vitória, 1969). 
 
Também a instalação do Campus da UFES em Goiabeiras, a partir de 1962, e o aumento paulatino 
do tráfego no Aeroporto Eurico de Aguiar Salles contribuem para a consolidação da ocupação urbana 
a Norte, para além do "arrabalde" de Muniz Freire. 
 
Como conseqüência do surgimento de novos eixos de ocupação, o Centro de Vitória começa a sofrer 
um esvaziamento na década de 1970, resultando na ociosidade, degradação e conseqüente 
desvalorização de seus edifícios históricos. 
 
A descoberta de reservas de petróleo no Espírito Santo, em 1969, e o início de sua exploração 
comercial, na década de 1970, abrem um novo capítulo na história do Estado e de sua capital. O 
Espírito Santo finalmente atinge sua independência financeira e passa a crescer acima da média 
nacional, atingindo, na década de 2000, marcas invejáveis em relação à renda e à qualidade de vida. 
 
 
 
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Vitória torna-se uma metrópole moderna na década de 1990, completando sua integração física aos 
municípios vizinhos de Vitória, Cariacica, Fundão, Guarapari, Serra, Viana e Vila Velha, que hoje 
compõem a Região Metropolitana de Vitória. 
 
Como outras metrópoles brasileiras, Vitória apresenta sérios problemas estruturais: insuficiêncide 
moradia, periferização da população, transporte público insuficiente, ocupação irregular de morros e 
encostas, violência, falta de saneamento básico, falta de recursos para saúde e educação, entre 
outros os mais notáveis. 
 
Particularmente em relação aos morros e encostas, nota-se que vem se acelerando a ocupação das 
áreas elevadas na área central da cidade, o que traz problemas complementares para a preservação 
dos maciços que hoje são considerados um patrimônio natural do município. 
 
 
Figura 18: Panorâmica de Vila Velha (em primeiro plano) e Vitória, 
evidenciando a consolidação da Região Metropolitana de Vitória (FONTE: 
Flávio Lobos Martins; Memória Visual da Baía de Vitória, 1999). 
 
Iniciou-se, na década de 1990, uma mobilização por parte dos órgãos governamentais em prol da 
revitalização do centro de Vitória, resultando em diversas ações para reformar ruas e praças, 
melhorar a acessibilidade e mobilidade urbanas e sinalizar o centro histórico com vistas ao turismo. 
 
As décadas de 2000 e 2010, enfim, assistiram à revalorização e revitalização de importantes 
espaços centrais – como a Praça Costa Pereira e a Rua Barão de Itapemirim. Assistiu também à 
restauração e adaptação de importantes edifícios históricos – caso do Palácio Anchieta e dos teatros 
Glória e Carlos Gomes. O Palácio Domingos Martins também é objeto de projeto de restauro que em 
breve se concretizará. O Projeto de Restauração e Adaptação do Imóvel Sede do Iphan-ES pode, 
portanto, ser entendido como mais uma ação nesse processo recente de revalorização e 
requalificação do centro histórico de Vitória para usos culturais e artísticos.PROJETO DE RESTAURAÇÃO 
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Figura 19: Mapa de Ocupação Urbana de Vitória, com manchas de ocupação em 1800, 1900, 1950, 1975 e 
2000. Em cinco séculos de ocupação, a pequena vila colonial se expandiu para Norte, aumentando em mais 
de 40 vezes sua área de ocupação. O mesmo ocorreu com sua população. Se, em 1800, ela era estimada em 
8.000 hab., em 1900 passara a cerca de 15.000 hab., atingindo 50.922 hab. em 1950, 133.019 hab. em 1970 
e 292.304 no ano 2000. Atualmente a população de Vitória é de 325.453 hab. (IBGE 2010) (FONTE: Memória 
Visual da Baía de Vitória; PMV; UFES; Google Earth; Sanetec, 2011). 
 
 
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2.2.2 Histórico do Imóvel Sede do Iphan-ES 
 
A Casa à Rua José Marcelino, 203/205 localiza-se na Cidade Alta de Vitória, ponto de ocupação 
mais antiga da cidade. Foi provavelmente edificada no período colonial,27 tendo sofrido diversas 
intervenções e adaptações ao longo do tempo. 
 
Sua ocupação foi predominantemente residencial, tendo sido usada como casa de moradia e/ou de 
aluguel. Há registros de que tenha sido usada, eventualmente, para fins comerciais ou mistos. A 
edificação foi tombada pelo Iphan em 13 de novembro de 1967, através do Processo 0787-T-67, 
recebendo a Inscrição n° 408 do Livro Histórico. O imóvel foi adquirido pelo Iphan em 2006 e vem 
sendo usado, desde então, como sede de sua Superintendência no Espírito Santo, sem, contudo, ter 
sido adaptado para receber o novo uso institucional. 
 
Embora não tenham sido encontrados, até o momento, documentos que atestem a data de 
construção do Imóvel Sede do Iphan-ES, algumas constatações podem ser feitas a partir da análise 
da iconografia e da documentação histórica de Vitória. 
 
O terreno em questão está localizado na parte alta da cidade e junto ao adro da Catedral 
Metropolitana, antiga Igreja Matriz de Nossa Senhora da Vitória, área ocupada desde meados do 
séc. XVI. 
 
O mapa mais antigo da cidade ao qual tivemos acesso é o de José Antonio Caldas, de 1767. Nele, 
percebe-se que, naquela época, a Rua Grande (antiga Rua Santa Luzia, atual Rua José Marcelino) 
já tinha seu traçado bem definido (tracejado azul). Uma área extensa e desocupada configurava um 
dos acessos entre as cidades alta e baixa, denominada Ladeira da Pedra (depois Ladeira São Diogo, 
atual Rua Erothildes Rosendo). De acordo com esse mapa, o terreno do Imóvel Sede do Iphan-ES já 
estaria ocupado e edificado em 1767 (Figura 20). 
 
 
27 No Guia dos Bens Tombados do Brasil e no Catálogo de bens culturais tombados no Espírito Santo afirma-se que as 
casas de número 197 e 203/205 foram edificadas no séc. XVIII, sendo estes "os únicos exemplares de como eram as 
construções (residenciais) coloniais de Vitória". Guia dos bens tombados Brasil. CARRAZZONI, Maria Elisa (Coord.). 2 
ed. Rio de Janeiro: Expressão e Cultura, 1987. Catálogo de bens culturais tombados no Espírito Santo. ACHIAMÉ, 
Fernando Antônio de Moraes; BETTA-BELLO, Fernando Augusto de Barros. SANCHOTENE, Fernando Lima (Org.). 
Espírito Santo: Massao Ohno Editor, 1991. 
 
 
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Figura 20: Detalhe de uma variação da Planta da Villa da Victoria, Capital 
da Capitania do Espirito Santo, de José Antonio Caldas (1767). Em 
tracejado azul, a atual Rua José Marcelino. No quadrado vermelho, a 
localização aproximada do Imóvel Sede do Iphan-ES (FONTE: Arquivo 
Histórico do Exército, s/d). 
 
Antigos desenhos, gravuras e fotografias, dos sécs. XVIII e XIX, confirmam que o entorno da Igreja 
Matriz era densamente ocupado, possibilitando-nos afirmar que o atual terreno do imóvel sede do 
Iphan-ES estava edificado desde, pelo menos, meados do séc. XVIII (Figuras 21 a 23). 
 
Nessa época, a numeração da Rua Grande era invertida, isto é, iniciava-se na Ladeira da Pedra e 
terminava próximo ao Colégio dos Jesuítas. Elmo Élton afirma que o sobrado de número 1 da Rua 
Grande foi utilizado como residência de Dom José Justiniano Mascarenhas Castelo Branco, Bispo do 
Rio de Janeiro, no ano em que este residiu em Vitória (1799), fazendo visitas pastorais pela 
Arquidiocese. De acordo com Élton, o sobrado foi demolido no governo de Aristeu Borges de Aguiar 
(1928-1930).28 
 
 
 
28 ÉLTON, Elmo. Logradouros Antigos de Vitória. Vitória: EDUFES, 1986. pp. 84-85. 
 
 
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R. Rio de Janeiro, 282/906 . Centro . CEP 30.160-040 . Belo Horizonte/MG . telefax: (31) 3201-4766 
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Figura 21: Detalhe do Prospecto da Villa da Victoria, Capital da Capitania 
do Espirito Santo, de José Antonio Caldas (1767). Em destaque, os fundos 
da Igreja Matriz, que ainda não tinha torre sineira, e seu entorno 
densamente ocupado (FONTE: Nestor Goulart Reis, s/d). 
 
 
 
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Figura 22: Vista geral de Vitória, foto de Victor Frond (1860). No detalhe, o 
entorno densamente ocupado da Igreja Matriz, com sua torre lateral em 
construção. Em destaque (seta vermelha), a localização aproximada do 
imóvel sede do Iphan-ES (FONTE: Biblioteca Nacional, 1860). 
 
 
 
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Figura 23: Vila de Vitória em 1884, fotografada por Marc Ferrez. Em 
destaque, a ocupação no entorno da Matriz e a localização aproximada do 
Imóvel-sede do Iphan-ES (FONTE: Arquivo UFES, 1884). 
 
A Planta da Cidade de Vitória em 1895 mostra uma alteração significativa na ocupação da área 
próxima ao atual Imóvel Sede do Iphan-ES. Por esse mapa, vê-se que a antiga área livre em frente à 
edificação havia sido ocupada por um quarteirão triangular, de modo que a Ladeira da Pedra (depois 
Ladeira São Diogo, atual Rua Erothildes Rosendo) já estava fisicamente definida. 
 
Percebe-se, pela Planta de 1895, a localização privilegiada do atual Imóvel Sede do Iphan-ES: 
próximo à Matriz, no encontro entre as ruas mais importantes da cidade – José Marcelino e Pedro 
Palácios –, e em uma das principais articulações entre Cidade Alta e a parte baixa. 
 
 
 
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Figura 24: Detalhe da Planta Geral da Cidade de Vitória em 1895. desenho de André Carloni. Em 
destaque (elipse laranja), a confluência entre as ruas José Marcelino, Pedro Palácios e a Ladeira da 
Pedra. O quarteirão

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