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As principais universidades de psicologia dos Estados Unidos nessa época eram Cornell e Harvard, onde ensinavam, respectivamente, Titchener e James. Apesar de as propostas de ambos serem conceitualmente diferentes, elas se aproximavam em um aspecto: consideravam a consciência como o objeto de estudo da psicologia. Nesse período, os estudos de psicologia nos Estados Unidos se conso- lidavam cada vez mais. JAMES MARK BALDWIN e William James publicaram diversos artigos importantes. E os avanços não se restringiram apenas a publicações. Em 1888, James McKeen Cattell, da Universidade da Pensilvânia, tornou-se o primeiro professor a lecionar formalmente a disciplina de psicologia em território estadunidense. Em 1892, foi criada a American Psychological Association (APA) e dois anos mais tarde, foi fundado o Psychological Review, um dos principais periódicos sobre psicologia do mundo, que continua sendo publicado até os dias atuais. Um dos estudiosos mais desta- cados da época era EDWARD LEE THORNDIKE, da Escola Funcionalista de Columbia (cf. capítulo 7), um dos JAMES MARK BALDWIN (1861-1934). Seus principais estudos sobre psicologia foram realizados a partir da última década do século XIX. Baldwin foi uma figura importante no estudo do desenvolvimento mental de crianças, tendo realizado ele mesmo, pela primeira vez na história da psicologia, experimentos utilizando crianças como sujeitos. Também foi um dos primeiros psicólogos a aplicar a teoria da evolução de Darwin às suas teorias do desenvolvimento. EDWARD LEE THORNDIKE (1874-1949) trabalhou, inicialmente, com galinhas, no porão da casa de William James. Após um período em Boston, Thorndike se dirige, com o auxílio de James Cattell (1860-1944), para a Universidade de Columbia (Nova York), onde realiza seu doutoramento em 1899, com a famosa dissertação Inteligência animal: um estudo experimental dos processos associativos nos animais. ��� ��� primeiros psicólogos a ter sua formação inteira realizada nos Estados Unidos. Ele foi um dos pioneiros na realização de experimentos controlados com descrição detalhada das atividades dos animais sem se deter na introspecção como abordagem. Por meio desses experimentos, Thorndike formula a “Lei do Efeito”. Tal proposição afirma que das várias respostas emitidas para a mesma situação, aquelas que forem concomitantes ou acompanhadas por satisfação para o animal irão, mantidas as mesmas condições, se tornar mais firmemente conectadas a esta situação, dessa forma, quando essa ocorrer novamente, [as respostas] terão mais chance de ocorrer novamente; aquelas que são concomitantes ou acompanhadas por desconforto para o animal irão, mantidas as mesmas condições, ter as suas conexões com esta situação enfraquecida, dessa forma, quando ela ocorrer novamente, [as respostas] terão menos chances de ocorrer novamente (Thorndike, 1911: 244). Os estudos de Thorndike foram de grande influência para os pensadores da psicologia, principalmente os estadunidenses, na área de educação. Segundo o autor, “assim como a ciência e a agricultura dependem da química e da botânica, a educação depende da psicologia e da filosofia” (Thorndike, 1910: 6). Dessa forma, a psicologia buscaria auxiliar os processos educacionais atuando em quatro tópicos principais: objetivos, materiais, meios e métodos. Para investigar tais tópicos, seriam propostas duas linhas de trabalho: descobrir e implementar maneiras de se mensurar as funções intelectuais; e estudar diversas etnias, ambos os sexos, idade, diferenças individuais e outros elementos que facilitassem a compreensão do indivíduo. Apesar de fazer uso de experimentos controlados e de trabalhar com dados empíricos, Thorndike foi criticado, posteriormente, por utilizar termos ainda mentalistas como “satisfação” e “desconforto” em suas explicações. Tais explicações, contudo, eram cada vez menos aceitas por um determinado grupo de autores que buscavam alternativas aos modelos mentalistas e introspeccionistas na psicologia. Essa busca crescente culminou no surgimento de uma nova maneira de se pensar e se trabalhar a psicologia: o BEHAVIORISMO. BEHAVIORISM, em inglês, gerou o termo BEHAVIORISMO, consagrado na língua portuguesa, aparecendo nos dicionários mais recentes publicados no Brasil. Optou-se, no presente capítulo, pela utilização do termo behaviorismo. Em português encontram-se também os termos comportamentalismo e comportamentismo. ��� ��� 2�oPDQLIHVWR�EHKDYLRULVWDp�H�RV�SULPÍUGLRV�GH�XPD�FLÄQFLD�GR�FRPSRUWDPHQWR O que precisamos fazer é começar a trabalhar na psicologia fazendo do comportamento, e não da consciência, o ponto objetivo do nosso ataque. Watson, 1913 A frase acima, proferida pelo psicólogo estadunidense JOHN BROADUS WATSON em seu manifesto de 1913, “A psicologia como o behaviorista a vê” (Psychology as the behaviorist views it), exemplifica a forma como esse autor pensa a psicologia. O interesse de Watson era o estudo do comportamento. Ele propõe que a psicologia seja uma ciência empírica e que leve a generalizações amplas sobre o comportamento huma- no, mantendo-se a uniformidade do procedimento experimental, para que os experimentos dos psicólogos possam, assim como os dos físicos e químicos, ser replicados em qualquer laboratório. Os experimentos desenvolvidos nos tradicionais laboratórios de psicologia tinham como função detectar processos e conteúdos mentais que estivessem envolvidos na percepção, na memória etc., e não verificar o modo como o ser humano responde a situações em um ambiente complexo. Para Watson, conceitos como imaginação, julgamento e raciocínio não deveriam ser tomados como objetos de estudo pela ciência da psicologia. Da mesma forma, tais conceitos já vinham servindo de base explicativa por cientistas das tradicionais abordagens de psicologia até então. A primeira fase do trabalho de Watson é marcadapor um grande interesse na psicologia animal. Defendendo o uso de sujeitos animais no estudo do comportamento, ele enfatizava as vantagens de sua utilização em detrimento do uso de sujeitos humanos. O trabalho com animais visa responder a perguntas (hipóteses) que poderiam ser GENERALIZADAS ao comportamento humano. Neste aspecto, a psicologia animal (cf. capítulo 6) se torna o modelo para os estudos do comportamento. Porém, preocupado em dar ao behaviorismo um valor J O H N BROADUS WATSON (1878-1958) matriculou-se, em 1894, na Universidade de Furman. Em 1903, Watson se torna a mais jovem pessoa a se doutorar na Universidade de Chicago. Em 1913, publica o artigo “A psicologia como o behaviorista a vê”, que ficou conhecido como o “manifesto behaviorista” e no qual delimitava o campo onde a psicologia deveria focar seus estudos. Dois anos mais tarde, é eleito presidente da Associação Americana de Psicologia (APA). Após alguns desentendimentos com a Universidade Johns Hopkins, onde lecionava, Watson é afastado e passa a concentrar sua atenção nos estudos de publicidade e propagan- da. O conceito de GENERALIZAÇÃO implica a realização do mesmo procedimento empírico com outros sujeitos da espécie em questão ou com sujeitos de outras espécies. Só quando da replicação dos resultados – pela realização do mesmo procedimento metodológico-experimental ou de procedimento análogo – com sujeitos da mesma espécie (replicação direta) ou com sujeitos de outras espécies (replicação sistemática) pode-se falar em generalização dos resultados. ��� ��� prático, que ultrapassasse as barreiras dos laboratórios acadêmicos, Watson estende seus estudos aos sujeitos humanos, apresentando no livro A psicologia do ponto de vista de um behaviorista, talvez o mais importante de sua carreira, sua proposta de psicologia como uma ciência natural independente. Mais tarde, na década de 1920, o interesse do autor muda para o estudo de crianças. Watson propôs que, ao nascer, a criança conta com apenas três reações básicas: amor, raiva e medo. Por meio dessas reações, o ambiente seria responsável pela formação dos hábitos. Segundo o autor, as pessoas, ao entrarem em contato com o ambiente que as cerca – tanto o ambiente interno (músculos, glândulas etc.) quanto o externo (os objetos do mundo exterior) –, aprendem a responder aos estímulos particulares do mesmo. Quando exposta à mesma situação novamente, a pessoa realiza as mesmas ações de forma mais rápida e com a necessidade de menos movimentos diz-se que a pessoa formou um hábito para lidar com essa situação (Watson, 1924: 200). Em Os cuidados psicológicos com a criança, de 1928 – um livro de estrondoso sucesso –, Watson apresentava um sistema para a criação de filhos baseado no comportamentalismo. Ele aconselha os pais a incentivarem os filhos desde cedo a superarem as pequenas dificuldades do ambiente sem a ajuda de adultos. De acordo com o método de criação apresentado por Watson, os pais deveriam dispensar aos filhos apenas poucas demonstrações de afeto, no sentido de controlar o comportamento da criança. Essa postura, segundo Skinner (1959), levou a que Watson se arrependesse publicamente do livro, pois “ele alertava os pais sobre a demonstração incondicional de afeto”. Durante a realização de suas pesquisas com bebês, envolveu-se com sua assistente, Rosalie Rayner, o que causou um grande escândalo, pois Watson, casado, teve que se divorciar de sua esposa. Pela grande repercussão do caso, foi afastado da Johns Hopkins University, onde então lecionava. Watson destacou-se também na área de publicidade. Após seu afastamento da universidade, foi contratado por uma grande empresa de propaganda, e seus estudos na área de predição e controle do comportamento foram bem recebidos no mundo dos negócios. Para ele, o trabalho da propaganda era simplesmente atingir o medo, a raiva ou o amor e influenciar, dessa forma, uma necessidade psicológica. Valendo-se disso, o autor iniciou os processos de pesquisa na área da publicidade, afirmando que a melhor maneira de alcançar um comprador é conhecê-lo, e a única maneira de fazer isso é pesquisando. Watson torna-se, mais tarde, vice-presidente da empresa que o contratou, trabalhando na área até sua aposentadoria. ��� ��� Mesmo dedicando a maior parte de seu tempo ao estudo da propagan- da, Watson não deixou de escrever sobre psicologia. Em seu livro de 1924, Behaviorismo, o autor contextualiza e define o behaviorismo não como um sistema de psicologia, mas como uma aproximação metodológica aos problemas da mesma. Watson considerava o comportamento como um campo de estudo muito novo, e que concepções como “mente” e “consciência” ainda não haviam sido abolidas de outros campos do saber, como a filosofia, por exemplo. Além disso, apresenta conceitos como “estímulo” e “resposta”, mostrando como uma resposta pode ser condicionada a um estímulo específico, que tipos de resposta podemos apresentar, e dedica algumas páginas para tratar dos reflexos condicionados, estudados por Ivan P. Pavlov (cf. capítulo 10), que foi um dos maiores influenciadores de seu trabalho a partir de 1916. Em 1957, foi homenageado pela Associação Americana de Psicologia (APA) como um dos autores mais importantes da história da psicologia moderna. No ano seguinte Watson falece, aos 80 anos. 8PD�DERUGDJHP�IXQFLRQDO�GR�FRPSRUWDPHQWR��R�FRQFHLWR�GH�RSHUDQWH Os homens agem sobre o mundo, modificam-no e, por sua vez, são modificados pelas conseqüências de suas ações. Skinner, 1957: 15 A presente citação, retirada do livro O comportamento verbal, de BURRHUS FREDERIC SKINNER, faz referência a um ponto central no sistema de pensamento proposto por esse autor: o comportamento operante. Até o início da década de 1930, em parte da psicologia estadunidense, a ênfase explicativa dada ao comportamento dos organismos ora era feita com base na concepção mentalista da psicologia – ou seja, fazendo-se referência àquilo que estaria ocorrendo em sua mente –, ora utilizando-se a noção de reflexos, esta última proposta por Pavlov e apropriada pela psicologia B. F. SKINNER (1904-1990) graduou-se em inglês no Hamilton College e decidiu seguir a carreira de escritor. Após algumas tentativas frustradas, a escrita, como atividade profissional, foi deixada de lado. Skinner ingressou no curso de psicologia da Universidade de Harvard em 1928 e doutorou-se em 1931. Permaneceu nessa instituição como pesquisador até 1936, ano em que começou a lecionar psicologia na Universidade de Minnesota. Em 1947, retornou à Harvard como professor. Permaneceu nessa instituição como professor-pesquisador até sua aposentadoria, em 1974. Publicou vários livros, sendo os mais importantes: O comportamento dos organismos (1938), Walden II (1948), Ciência e comportamento humano (1953), O comportamento verbal (1957), Para além da liberdade e da dignidade (1971) e Sobre o behaviorismo (1974). Essas obras revelam a posição teórica do autor, bem como as mudanças pelas quais passou seu pensamento. ��� ��� behaviorista de Watson. Da mesma forma, a Lei do Efeito elaborada por Thorndike influía na compreensão dos atos do indivíduo, embora tal proposta teórica tenha sido criticada por Watson por referir-se a sentimentos e estados mentais quando da explicação do comportamento. O contexto acadêmico da época foi marcado por uma fase conhecida como a “crise da física clássica”, que alterou a maneira de pensar a ciência em todas as suas formas. O sistema determinista, que atribuía relações estritas entre as causas e os efeitos nos fenômenos naturais, sofria várias críticas desde muito antes da crise. Ernst Mach (1838-1916), físico austríaco, defendia o abandono das explicações de causalidade mecânica utilizadas pela física newtoniana, em favor da adoçãode RELAÇÕES FUNCIONAIS entre os fatos. Dessa forma, atribuições mecanicistas de causa e efeito foram gradativamente perdendo espaço para as descrições funcionais entre fatos. Um exemplo disso é a teoria da relatividade geral de Albert Einstein (1879-1955), que, em 1915, formula uma teoria da gravitação mais abrangente que a de Newton. Influenciado por essa concepção funcional de Mach, Skinner propõe um sistema no qual as explicações dadas para o comportamento do organismo em termos de causa e efeito são substituídas por descrições de relações funcionais entre as alterações ambientais e o comportamento. Esse sistema englobava dois tipos de condicionamento: o que chamou tipo S, ou condicionamento reflexo já estudado por Pavlov e Watson, e o que chamou tipo R, no qual se torna uma conseqüência contingente a uma resposta, o que já havia sido trabalhado por Thorndike, como vimos acima. Os resultados de Skinner em suas pesquisas sobre o comportamento reordenavam as considerações feitas sobre esse objeto de estudo até então. O comportamento dos organismos não seria influenciado apenas por alterações ambientais antecedentes, como proposto pela psicologia estímulo- resposta, baseada no paradigma reflexo. Grande parte do comportamento seria influenciada por suas conseqüências. Um organismo, ao comportar-se, produz modificações no ambiente que, por sua vez, alteram a forma como o indivíduo se comporta. É neste sentido que, na perspectiva skinneriana, pode- se dizer que o organismo produz o meio que o determina. RELAÇÕES FUNCIONAIS, no caso do comportamento, são descrições de relações (seja entre aspectos do ambiente ou entre o ambiente e o organismo) nas quais um dos eventos (ou variáveis) altera-se em função de modificações no outro. Não se trata mais de explicações substanciais ou deterministas. A partir de uma análise dos fatos relacionados, busca-se a descrição da relação através de uma função matemática. Chamam-se variável dependente aqueles aspectos da relação sobre os quais observa-se um efeito de manipulação prévia ou alteração em outra variável – a variável independente – a ela relacionada. A Análise do Comportamento tem como variável dependente o próprio comportamento e como variáveis independentes quaisquer condições que afetem o comportamento de um organismo (Skinner, 2000 [1953]; Catania, 1999). ��� ��� Proposto formalmente no ano de 1937, quando Skinner publica o artigo “Dois tipos de reflexo condicionado: uma resposta a Konorski e Miller”, o conceito de OPERANTE marca a distinção em face de uma psicologia proponente de teorias estímulo-resposta diretamente ligadas à noção de causalidade mecanicista. Considerando o significado dado às ações do organismo pelo operante, sobretudo ao fazer do organismo huma- no, esse conceito proporciona uma ampliação do comportamento como objeto de estudo até então não atingida no âmbito da análise do comportamento reflexo. A noção de comportamento operante descreve a ação do organismo sobre o meio do qual emergem as conseqüências últimas de seu comportamento. No entanto, quando se trata de sujeitos humanos, deve-se considerar uma forma de comportamento operante distintiva, que age indiretamente sobre o meio, ou seja, que age inicialmente sobre outros seres humanos. Denomina-se esse tipo de operante COMPORTAMENTO VERBAL. O organismo humano, portanto, quando se comporta verbalmente, tem as conseqüências de suas ações providas por outros seres humanos, e não imediatamente pelo ambiente físico que o cerca. À medida que o comportamento verbal começa a ser estudado, aproximadamente a partir de 1934, abre-se a possibilidade de uma análise funcional dos diversos níveis da ação humana: a linguagem, o pensamento, a moral, a alienação, os propósitos, dentre outros. A complexidade característica a esse tipo de comportamento não justifica uma nova forma de análise, ou seja, os operantes verbais são analisados em termos de sua relação com o ambiente, sobretudo sua relação com o ambiente humano, social. Desde a proposta watsoniana, que relacionava a linguagem a complexas cadeias de respondentes, os psicólogos behavioristas vêm tentando abordar o fenômeno lingüístico, cada qual baseando-se em concepções específicas do que seria o comportamento e, portanto, a linguagem e outros fenômenos relacionados (como o pensamento). Ressalta-se que, para Skinner, a linguagem é um comportamento operante e, portanto, é selecionada e mantida pelo contato do organismo com contingências de reforçamento específicas. COMPORTAMENTO VERBAL é o comportamento operante que possui reforço mediacional. Segundo Catania (1999: 392), comportamento verbal “é qualquer comportamento que envolva palavras, independente da modalidade (falada, escrita, gestual); que é adquirido e mantido pelas práticas de reforçamento de uma comunidade verbal, isto é, uma comunidade de falantes e ouvintes”. Linguagem, segundo o mesmo autor, seriam as práticas de reforçamento partilhadas pelos membros de uma comunidade verbal, levando-se em conta as “consistências de vocabulário e de gramática” (1999: 409). “O termo OPERANTE designa uma classe de respostas. A característica comum a estas respostas é que elas possuem a propriedade à qual a conseqüência é contingente. Um operante é, portanto, uma categoria cujas instâncias concretas são respostas do organismo, ou seja, ocorrências discretas de comportamento. Essas respostas não são definidas por sua forma, mas por sua relação com a conseqüência” (de Rose, 1982: 73). ��� ��� Durante a década de 1970 e início dos anos 1980, Skinner esboça mais claramente seu interesse nas influências biológicas que atuam sobre o comportamento. A obra Origem das espécies, de Charles Darwin (cf. capítulo 6), é utilizada por ele para traçar um paralelo entre os princípios da seleção natural e o comportamento dos organismos. Skinner amplia, assim, a visão de Mach sobre as relações funcionais entre fatos tomando como modelo de causalidade a proposta darwiniana de seleção por conseqüências. O fenômeno da seleção natural, desenvolvido por Darwin para a explicação da evolução das espécies, aplica-se também à análise do comportamento do indivíduo, bem como ao estudo do processo de evolução das culturas. Assim como características genéticas levam a mutações fisiológicas que podem ser selecionadas conforme suas conseqüências, isto é, segundo proporcionem maior adaptação do organismo a determinado ambiente, os comportamentos são selecionados pelo processo de REFORÇAMENTO, ou seja, são determinados pelas conseqüências que forem contingentes às respostas dadas pelo organismo. Segundo Skinner, o comportamento humano é selecionado não apenas para atender a necessidades de sobrevivência imediata – sendo esta apenas um tipo de conseqüência seletiva – como também para se adaptar a situações futuras. Os diversos tipos de ambientes com os quais nos deparamos ao longo da vida exigiriam que nosso comportamento também esteja em constante mutação, fazendo com que cada pessoa, entrando em contato com CONTINGÊNCIAS específicas, se torne única, comportando-se de forma distinta das outras pessoas. Duas pessoas, mesmo que possuam idêntico dote genético, não teriam a mesma história de relação com o ambiente, simplesmente pelo fato de ocuparem locais diferentes no ESPAÇO. Skinner define, dessa forma, três níveis de atuação das contingências: o filogenético, o ontogenético e o cultural. O comportamento humano é fruto da ação integrada e inseparável destes três níveis. O primeiro refere-se à seleção de comportamentos característicos da espécie ao longo do processo evolutivo da mesma. O segundo diz respeito à história de reforçamento, ou seja, é relativo aos comportamentos selecionados ao longo da vida deum indivíduo, considerando- O termo “REFORÇAMENTO” designa a operação comportamental de conse- qüenciação às respostas emitidas por um organismo e que tem, como resultado, um aumento da freqüência de respostas da mesma classe. CONTINGÊNCIAS DE REFORÇAMENTO são as condições nas quais uma resposta produz uma conseqüência (Catania, 1999: 394). “Uma pessoa […] é um LÓCUS, um ponto no qual muitas condições genéticas e ambientais se agrupam em um efeito conjunto. Como tal, ela permanece inquestionavelmente única. Ninguém (a menos que ela tenha um gêmeo idêntico) tem seu dote genético e, sem exceção, ninguém tem sua história pessoal” (Skinner, 1974: 168). ��� ��� se a interação deste com seu ambiente. O terceiro, o nível cultural, é relativo aos comportamentos selecionados pela interação do organismo humano com seu ambiente social específico, caracterizado por determinadas práticas sociais (Skinner, 1981). Algo de extrema importância a ser ressaltado é que a susceptibilidade do organismo às conseqüências do comportamento – ou seja, a capacidade de ser influenciado pelas conseqüências de suas ações –, é uma característica que foi selecionada filogeneticamente. Segundo Skinner, a humanidade deu um grande passo em termos sociais quando a musculatura vocal passou a ficar sob controle operante, isto é, quando as emissões vocais passaram a ser influenciadas por suas conseqüências. A emergência do comportamento verbal teria permitido que a cooperação entre os seres humanos fosse mais bem-sucedida. Da mesma forma, as pessoas passaram a aprender a partir daquilo que outros haviam aprendido, por exemplo, seguindo REGRAS socialmente estabelecidas e conselhos dados por outrem. O alfabeto e a escrita desempenham um papel preponderante nesse aspecto, uma vez que possibilitam a disseminação de determinados avanços obtidos por uma comunidade humana por diversos locais e, sobretudo, ao longo do tempo. Para o behaviorismo de Skinner, comportar-se verbalmente, por sua vez, permite outro passo importante, que é o processo de evolução cultural. Uma maneira diferente de resolver determinado problema, como, por exemplo, cultivar grãos, desenvolver um novo método de navegação ou mesmo escrever um poema, é selecionada por suas conseqüências: o cultivo de determinado tipo de grãos, um melhor barco e um poema escrito. Tais processos surgiriam em níveis individuais e poderiam ser passados a outros seres humanos. Contribuirão para a evolução da cultura aqueles desenvolvimentos de determinado grupo que se mostrarem úteis na solução de QUESTÕES SOCIAIS. A análise do comportamento, denominação dada à forma de ciência proposta por Skinner, considera o comportamento dos organismos como sendo fruto desses três níveis de atuação das contingências que, por sua vez, são indissociáveis. Os seres humanos são parte de uma espécie e possuem uma relação única com seu ambiente, que é social e também histórica. Filogeneticamente REGRAS são descrições de contingências de reforçamento, i.e., são enunciados acerca de condições nas quais determinadas respostas produzem conseqüências. Neste sentido, num esporte como, por exemplo, o futebol, há uma regra que especifica que se o jogador de um time deixar que a bola ultrapasse a linha de de marcação do campo, a posse de bola passa a ser do time adversário. QUESTÕES SOCIAIS. “É o efeito no grupo e não as conseqüências reforça- doras em relação aos indivíduos, que é responsável pela evolução cultural” (Skinner, B. F. Selection by Consequences. 1981). ��� ��� seria selecionado um organismo da espécie humana enquanto a ontogenia e a cultura selecionariam, respectivamente, uma pessoa e um eu. Os conceitos de “pessoa” e “eu” não descrevem o indivíduo como portador ou possuidor de uma personalidade, enquanto conceito explicativo ou estrutura determinante de seus comportamentos. Um organismo, uma pessoa ou um eu são denominações que descrevem os comportamentos do organismo procurando fazer referência, respectivamente, às contingências filogenéticas, ontogenéticas ou culturais nas quais a explicação deve ser buscada. $VSHFWRV�ILORVÍILFRV�GD�DQ»OLVH�GR�FRPSRUWDPHQWR O behaviorismo, segundo Skinner, não é a ciência do comportamento humano, mas sua filosofia. Diferentemente do behaviorismo watsoniano, o BEHAVIORISMO RADICAL rejeita o critério de consenso público – isto é, consenso entre dois ou mais observadores acerca de um fenômeno – como central na definição de um objeto de estudo. Da mesma forma, não ignora a capacidade de auto-observação, mas questiona a natureza daquilo que é observado, em suma, daquilo que é conhecido. Segundo Skinner, a introspecção proposta pelas tradicionais escolas de pensamento psicológico enfatiza apenas o interno, o mental. Ao contrário, o behaviorismo metodológico, rejeitando o estudo dos eventos mentais – pois não haveria sobre eles consenso entre observadores –, enfatiza a análise dos eventos externos determinantes do comportamento. O behaviorismo radical estabeleceria um equilíbrio, na medida em que admite a CAPACIDADE DE AUTO-OBSERVAÇÃO e que foca também os determinantes ambientais do comportamento. Aqueles comportamentos emitidos de maneira inobservável não são tomados como especiais apenas porque ocorrem no interior do organismo. Assim como comportamentos diretamente observáveis, os eventos privados são também comportamentos, são frutos da interação de um organismo com seu ambiente. O fato de ocorrerem no interior A designação BEHAVIORISMO RADICAL foi cunhada por Skinner para se referir à filosofia da análise experimental do comportamento. O termo “radical” vem de raiz, no sentido em que designaria uma proposta que se atém ao estudo do comportamento a partir do próprio comportamento, sem o recurso explicativo a qualquer outra entidade. “O behaviorismo radical não nega a possibilidade da AUTO-OBSERVAÇÃO ou do autoconhecimento ou sua possível utilidade, mas questiona a natureza daquilo que é sentido e observado. Restaura a introspecção, mas não aquilo que os filósofos e os psicólogos introspectivos acreditavam ‘esperar’ (spect), e suscita o problema de quanto de nosso corpo podemos realmente observar” (Skinner, 2000 [1974]: 19). ��� ��� do organismo não lhes atribui uma natureza especial (seja uma natureza não física, seja uma natureza explicativa de comportamentos públicos). Como ressaltado por Skinner, o que observamos é nosso próprio organismo, nosso comportamento. A proposta behaviorista radical parte do estudo do comportamento tomando-se como objeto o próprio comportamento, isto é, sem buscar referências explicativas de outra natureza, sejam elas mentais ou fisiológicas. As conseqüências da aplicação dos princípios da análise do comporta- mento aos assuntos humanos aproximaram Skinner de reflexões morais e filosóficas. O critério de cientificidade adotado pelo behaviorismo radical passa a ser o de utilidade do conhecimento produzido. Dessa maneira, proposições acerca do comportamento humano seriam relevantes na medida em que se mostrassem úteis na solução de problemas enfrentados pela comunidade humana. Nas obras do final de sua carreira, Skinner enfatiza a discussão de aspectos filosóficos de sua posição. PARA ALÉM DA LIBERDADE E DA DIGNIDADE, de 1971, e Sobre o behaviorismo, de 1974, são exemplos de livros que buscam esclarecer dúvidas sobre as questões filosóficas apresentadas pelo behaviorista. Em relação ao primeiro, o autor elabora uma discussão sobre os avanços do estudo do comportamento humano, desde a época da Grécia Antiga, e faz uma reflexão comportamental sobre temas como dignidade, liberdade e responsabilidade, aproximando seu ponto de vista de temas cotidianos. De acordo com sua visão, a liberdade seria“uma questão de contingências de reforço, e não de sentimentos que as contingências geram” (Skinner, 1977: 34). Em Sobre o behaviorismo, trata de elucidar as principais dúvidas e erros teóricos oriundos da má interpretação de suas idéias, mostrando as interpretações behavioristas radicais sobre diversos temas, em oposição a explicações mentalistas acerca desses temas. Contingências especiais de reforçamento proporcionaram a evolução dessa forma específica de conhecimento, assim como de vários tipos de conhecimentos existentes sobre o comportamento humano. Deve-se procurar entender o behaviorismo, bem como qualquer outra forma de saber, como um processo que evoluiu em um meio histórico-cultural específico e que está sujeito a ser selecionado pela cultura, na medida em que se mostre útil para a compreensão dos seres humanos. Optou-se pelo presente título, dado à tradução portuguesa da obra de 1971, Beyond Freedom and Dignity, em detrimento do da tradução brasileira, O mito da liberdade. Acreditamos que PARA ALÉM DA LIBERDADE E DA DIGNIDADE expressa mais fidedignamente a idéia contida no título original. ��� ��� 'HVGREUDPHQWRV�GD�DQ»OLVH�GR�FRPSRUWDPHQWR�QR�%UDVLO O surgimento dos primeiros cursos de psicologia no Brasil, nos anos 1950, aponta para a necessidade de atualização exigida por parte de profissionais de instituições de ensino, sobretudo de ensino superior, o que levou os docentes desses novos cursos a entrar em contato com tendências recentes do pensamento psicológico, bem como a buscar, com outros profissionais da área, seja em contexto brasileiro ou internacional, apoio para o ensino e para o desenvolvimento da psicologia em âmbito nacional. Assim, no início da década de 1960, mais precisamente no primeiro semestre de 1961, a convite do diretor da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP, professor Paulo Sawaya, chega ao Brasil, como professor visitante, o psicólogo estadunidense FRED SIMMONS KELLER. Dar-se ia, nesse contexto, o primeiro contato efetivo de profissionais e estudantes em uma instituição de ensino brasileira com a análise do comportamento. Antes de realizar sua primeira viagem ao Brasil, Keller trabalhava como professor na Universidade de Columbia, nos EUA. Suas pesquisas, bem como sua atuação profissional, colaboraram para o estabelecimento e para a divulgação da análise do comportamento. Inicialmente, as contingências de ensino estabelecidas por Keller – duas disciplinas optativas – atraíram alguns poucos alunos e também professores. Dentre esses destacam-se Carolina Martuscelli Bori, Rodolpho Azzi, ambos docentes da USP, e Maria Amélia Matos, nessa época estudante de graduação do curso de psicologia. As aulas teóricas e os exercícios práticos, esses últimos realizados num laboratório recém-construído por Keller e Rodolpho Azzi, procuravam instruir os alunos acerca das bases conceituais da análise comportamental para que, em curso posterior, fossem tratados autores como Pavlov, Watson e Skinner. Em 1962, Keller retorna aos EUA. Seus alunos da Universidade de São Paulo estabeleceriam novas contingências a partir daquelas anteriormente FRED SIMMONS KELLER (1899-1996). Graduou-se no Tufts College e estudou Psicologia em Harvard, universidade na qual permaneceu até 1931. Tornou-se professor de Psicologia da Universidade de Columbia, instituição na qual permaneceu até sua aposentadoria, em 1964. Foi também professor visitante em duas universidades brasileiras – Universidade de São Paulo e Universidade de Brasília – respectivamente nos anos de 1961 e 1964. Idealizou o Sistema Personalizado de Instrução (PSI), método de ensino criado a partir de estudos em análise experimental do comportamento. É autor do livro Princípios de Psicologia (1950, co-autoria de W. N. Shoenfeld) e de vários outros artigos científicos. Keller esteve no Brasil como professor visitante no período de 1961-1962. Retorna ao país em 1964, como professor da Universidade de Brasília, onde permanece por apenas dois meses. Nos anos de 1972 e 1978 e também nas décadas de 1980 e 1990, volta ao país para participar de congressos científicos. ��� ��� propostas, direcionadas ao ensino e à pesquisa em solo brasileiro. Novos projetos de pesquisa e propostas de ensino baseados nos preceitos e metodologia comportamentais começaram a ser elaborados nesse período. A falta de uma sólida preparação teórica, bem como de materiais necessários ao andamento dos projetos propostos foram barreiras difíceis de serem transpostas, mas não impossíveis. Em relação a esse aspecto, é muito cara a contribuição não só à analise do comportamento, mas à psicologia como um todo da professora CAROLINA M. BORI. Ao elaborar projetos para o financiamento de pesquisa junto a órgãos governamentais ligados à educação, para a construção de materiais para o ensino e também para a pesquisa em laboratórios, e para o estabelecimento de um acervo bibliográfico consistente, ela dá subsídios para o estabelecimento desse campo de saber específico, assim como para a psicologia de uma forma geral. Posteriormente, à frente de importantes instituições científicas como a CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) e a SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência), Carolina Bori colabora para a fundação de diversos cursos de graduação em psicologia e também cursos de pós-graduação relacionados à análise do comportamento. A partir da década de 1970, passam a ser estabelecidos diversos cursos de pós-graduação no país, com forte ênfase em análise do comportamento, por exemplo, na USP, na Universidade de Brasília, na Universidade Federal do Pará, na Universidade Federal de São Carlos e, mais recentemente, na PUC-SP. Analistas do comportamento passam a se organizar em sociedades científicas e a produzir publicações dirigidas tanto à área quanto ao público em geral. Temas de pesquisa inicialmente tratados, como esquemas de reforçamento e controle aversivo, abrem caminho para estudos acerca de toxicologia, bem como a respeito de educação, tema desenvolvido por Skinner em Tecnologia do ensino. O SISTEMA PERSONALIZADO DE ENSINO (PSI, da sigla original em inglês) idealizado por Keller toma no Brasil uma nova CAROLINA MARTUSCELLI BORI (1924-2004). Em 1947, formou-se em Pedagogia pela Faculdade de Filosofia Ciências e Letras da Universidade de São Paulo. No ano seguinte é contratada como professora assistente de Psicologia na USP, universidade na qual permaneceu como docente até sua aposentadoria, em 1994. Seu contato com a análise do comportamento deu-se, efetivamente, em 1961, quando foi aluna de F. S. Keller. Carolina M. Bori, em mais de 50 anos de trabalho, dedicou-se à ciência como um todo, na busca de sua divulgação e de seu progresso. Orientou aproximadamente 100 teses de mestrado e doutorado e destacou-se como presidente de importantes sociedades científicas brasileiras como a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (1986-1989) e a Sociedade Brasileira de Psicologia (1992-1993). Carolina Bori propôs uma ampliação do Sistema Personalizado de Instrução, elaborado por F. S. Keller: A Análise de Contingências em Programação de Ensino. ��� ��� direção, proposta por Carolina M. Bori: A Análise de Contingências em Programação de Ensino. Segundo essa visão, deveriam ser analisados os conhecimentos e habilidades necessários para o exercício de determinada atividade e o conseqüente planejamento de contingências de ensino que proporcionassem a aquisição dos mesmos. Tal vertente de pesquisa influenciou diversos analistas do comportamento, bem como profissionais voltados para o ensino de diversas áreas, como a matemática, a química, a engenharia e a arquitetura, em várias capitais do país. Ao longo do tempo, áreas como o comportamentoverbal, a variabilidade comportamental, a equivalência de estímulos, dentre outras, passaram a ser estudadas no Brasil. As atividades de ensino e de atuação clínica também cresceram entre os analistas do comportamento. Atualmente, grande parte dos analistas do comportamento brasileiros reúne-se todo ano nos encontros da ABPMC (Associação Brasileira de Psicoterapia e Medicina Comportamental) e nas reuniões da SPB (Sociedade Brasileira de Psicologia). Artigos sobre a análise do comportamento são publicados nas mais diversas revistas científicas do país e profissionais brasileiros vêm colaborando para revistas internacionais especializadas em análise do comportamento. ,QGLFDÁÏHV�HVWÃWLFDV�H�ELEOLRJU»ILFDV Drawing hands, litogravura (28,5 x 34 cm) de M. C. Escher, 1948. Raciocinar sobre a relação organismo-ambiente, tomando um desses pontos em separado consiste, de maneira geral, em uma abstração. Essa interação ocorre como num fluxo, e a abstração é feita no sentido de simplificar uma situação, com o intuito de descrevê-la. Uma alteração feita por um organismo em seu ambiente leva a uma modificação dessa ação, processo que é contínuo e apenas interrompido com a morte do organismo que se comporta. A litogravura de Escher apresenta duas mãos que se desenham simultaneamente em uma folha de papel, presa a uma prancheta por quatro tachas. O produto da ação de uma das mãos – isto é, o desenho da outra mão – pode vir a repercutir nessa ação, uma vez que a mão alterada desenhará aquela que a produziu. É interessante também notar que os desenhos estão, de O SISTEMA PERSONALIZADO DE ENSINO propõe uma aplicação de preceitos da análise do comportamento ao campo da educação. A proposta de Keller foca a análise dos temas e dos textos a serem ensinados, bem como a maneira pela qual esse processo seria avaliado. ��� ��� certa maneira, inacabados. Seguindo por este caminho, poder-se-ia pensar que essas duas mãos continuariam a se desenhar infinitamente ou que, subitamente parariam, como quando o resultado se mostrasse ideal. Em uma analogia, o comportar-se de um organismo dá-se infinitamente no curso de uma vida. O comportamento é matéria não acabada, estando sempre por ser trabalhada – no sentido de que se modifica, evolui, nessa interação organismo-ambiente. O desenho pronto, acabado, coincidiria com a situação na qual o organismo já não mais se comportaria, situação esta em que deixaria de viver. Baum, W. M. (1999) Compreender o behaviorismo – ciência, comportamento e cultura. Porto Alegre: Artes Médicas. Catania, A. C. (1999) Aprendizagem: comportamento, linguagem e cognição. Porto Alegre: Artmed. Skinner, B. F. (1977) O mito da liberdade. Rio de Janeiro: Bloch. (1978 [1957]) O comportamento verbal. São Paulo: Editora Cultrix / Editora da Universidade de São Paulo. (2000 [1953]) Ciência e comportamento humano. São Paulo: Martins Fontes. 5HIHUÄQFLDV�ELEOLRJU»ILFDV Abreu-Rodrigues, J.; Ribeiro, M. R. (org.) (2005) Análise do comportamento: pesquisa, teoria e aplicação. São Paulo: Artmed. Catania, A. C. (1999) Aprendizagem: comportamento, linguagem e cognição. Porto Alegre: Artmed. Escher, M. C. (2002) M. C. Escher gravuras e desenhos. Taschen. Kerbauy, R. R. (1983) Keller: o cientista ensina. In: Kerbauy, R. R, Fernandes, F. Keller. 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