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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” INSTITUTO A VEZ DO MESTRE MÉTODOS E TÉCNICAS E SUAS IMPLICAÇÕES NO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM Por: Marcia Cristina da Costa Silva Orientador Prof. Marcelo Saldanha Rio de Janeiro 2011 2 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU INSTITUTO A VEZ DO MESTRE MÉTODOS E TÉCNICAS E SUAS IMPLICAÇÕES NO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM MARCIA CRISTINA DA COSTA SILVA Apresentação de monografia à Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Docência do Ensino Superior. Orientador: Marcelo Saldanha Rio de Janeiro, 2011 3 AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus, por conceder-me essa oportunidade em minha vida profissional. Em especial ao meu filho Jorge Luís da Costa Silva, que me acompanhou durante toda a execução, com muita paciência para me ouvir e ler meus textos. Ao professor orientador Marcelo Saldanha, por todo o apoio e dedicação, pelo compromisso em me auxiliar nesse trabalho. 4 DEDICATÓRIA Dedico à minha família a conclusão desta pesquisa, agradeço a Deus pelo sucesso na minha vida acadêmica e por fim, ao meu orientador Marcelo Saldanha. 5 RESUMO O presente estudo “Métodos e Técnicas e suas implicações no Processo de Ensino-Aprendizagem” é uma análise sobre a metodologia atual utilizada em sala de aula e a necessidade da reforma da consciência do professor que deve despertar o interesse no aluno e permitir que o mesmo seja construtor de seu conhecimento. Visa indicar que a diversidade de técnicas torna uma aula dinâmica e prende a atenção do aluno, estimulando sua curiosidade e induzindo-o a pesquisar para alcançar o objetivo desejado. Verificam-se as características das metodologias de ensino, apontando as diferenças existentes e levando o professor refletir acerca do assunto para programar uma nova abordagem, a fim de promover um ensino de qualidade. Visa indicar a partir da apresentação das abordagens, se a atual está correspondendo as expectativas do ensino. O estudo foi desenvolvido a partir da seguinte problemática: Por que os alunos não demonstram interesse para aprender e não tem vontade de estar em uma sala de aula? O método empregado está em acordo com esse comportamento?Foi realizada uma pesquisa bibliográfica de caráter qualitativo fundamentada em bases teóricos de diversos autores como Libâneo (1994), Freire (1996), Lukesi (2001), Larroyo (1974), Mizukami (1986), Saviani (1987),Vasconcellos (2002), dentre outros. Com base nesse estudo ficou claro que o método atual está sendo um fracasso, além de ser um fator importante para a evasão escolar, no entanto deve haver uma reforma que vise modificar o comportamento docente e discente, onde todos devem participar e lutar para deixar de ser manipulados pela classe dominante. Palavras – chave: aluno, professor, sala de aula, metodologia, aprendizagem. 6 METODOLOGIA Este trabalho trata de uma pesquisa bibliográfica que visa indicar as abordagens educacionais, dando uma ênfase na Abordagem Tradicional, mais utilizadas no processo ensino-aprendizagem, com objetivo de refletir e apontar mudanças que possam despertar o interesse no aluno em pesquisar para construir seu conhecimento. Levar o professor a uma reflexão, a fim de pensar na possibilidade de modificar seu comportamento em sala de aula, para permitir que o aluno conquiste sua autonomia 7 SUMÁRIO INTRODUÇÃO................................................................................................. 01 CAPÍTULO I: A IMPORTÂNCIA DOS MÉTODOS E TÉCNICAS PARA O PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM........................................................ 03 1.1 – Resgate das abordagens de ensino abordagem tradicional.....................06 CAPÍTULO II: ABORDAGEM PEDAGÓGICA 2.1 – Características da pedagogia tradicional.................................................09 2.2 – Método tradicional em sala de aula: aula expositiva.............................. 14 CAPÍTULO III: MUDANÇA CULTURAL DOS DOCENTES 3.1 – A (re) construção do conhecimento a partir de uma nova concepção....................................................................................................... 19 CONCLUSÃO.................................................................................................. 25 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA.................................................................... 29 8 INTRODUÇÃO Essa pesquisa propõe apontar a importância dos métodos e técnicas e suas implicações no processo ensino-aprendizagem, partindo da análise de um breve histórico; conduzir o professor à reflexão acerca do seu papel, enquanto educador, e não simplesmente como mero transmissor de informações; além de apontar as características da abordagem tradicional, a fim de constatar que a metodologia empregada não está correspondendo às expectativas dos alunos, contudo devem ser modificadas as estratégias utilizadas no processo de ensino-aprendizagem. O aluno é a parte central no processo ensino-aprendizagem, logo deve ter interesse para pesquisar e construir seu conhecimento. No entanto, com a metodologia empregada, o professor é a parte central desse processo, ignorando a vivência e o interesse do mesmo. A escolha do tema deve-se a uma observação empírica, na qual os alunos não demonstram interesse em pesquisarem para construírem conhecimento e não há preocupação no corpo docente para solucionar tal problema. Enquanto uma profissional de Educação considero essa pesquisa relevante para que sejam encontradas alternativas viáveis com a possibilidade de reorganizar esse método tradicional e resgatar o interesse dos alunos, alvo central desse estudo, que mudará toda a vivência em sala de aula. Na elaboração dessa pesquisa foi realizada uma pesquisa bibliográfica, baseada em teóricos como: Bordenave (1984), Libâneo (1982), Saviani (1984), Muzakami (1986), Piaget (2003) e Gadotti,Freire,Guimarães(1986). No primeiro capítulo é apontada a importância dos métodos e técnicas e suas implicações no processo de ensino-aprendizagem e é feito um resgate das seguintes abordagens do processo ensino-aprendizagem: tradicional, comportamentalista, humanista, cognitivista e sociocultural. No segundo capítulo apresenta as características da Abordagem Tradicional e a concepção de alguns teóricos. No terceiro capítulo apresenta a (re) construção do conhecimento a partir de uma nova concepção pedagógica. 9 Considera-se que as mudanças da metodologia e do papel do professor são inerentes para dinamizar uma aula, levando o aluno à construção do seu conhecimento, otimizando a qualidade da aprendizagem, além de despertar o seu interesse e o senso crítico dos atores envolvidos no processo – professor e aluno – para solucionar possíveis problemas.10 CAPÍTULO I A IMPORTÂNCIA DOS MÉTODOS E TÉCNICAS PARA O PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM Para abordar o processo ensino-aprendizagem, faz-se necessário comentar sobre a Didática. Segundo Martins (2001), “didática geral é uma disciplina pedagógica que auxilia a prática docente, visando o aprimoramento do profissional da educação em toda sua transversalidade.” Com base nesse conceito, verifica-se a importância da didática no papel do professor, uma vez que fornece subsídios na colaboração e realização do seu trabalho. A aprendizagem é, portanto, o objeto de estudo da didática, que envolve os seguintes elementos: aluno, professor, sala de aula e abordagens no processo ensino-aprendizagem. De acordo com Piaget (1974), “os dispositivos e sequências didáticas buscam mobilizar os alunos seja para compreender, seja para terem êxito, se possível os dois.” Nesse contexto, é apontada abordagem tradicional da Educação, o fato do aluno compreender ou obter êxito é o método mais utilizado pelo professor, na aula expositiva, momento no qual os alunos são colocados como “meros” receptores, seres passivos e deixando-os incapazes de formar e adquirir seus próprios conhecimentos enquanto cidadãos. Embora essa metodologia busque passar informações gerais e não estimular a aprendizage, ainda se faz muito presente, tornando a aprendizagem um fracasso, sendo notável, no ambiente de uma sala de aula, a falta de empenho dos discentes em participar, pesquisar e construir conceitos. A aprendizagem é um processo de troca entre professor e aluno, esse é o principal motivo de aplicar um método diferente que o aluno deixe de ser passivo e atue de forma ativa. Dessa forma, ele poderá questionar e construir seu pensamento crítico acerca do assunto. Segundo Edson Franco, “só a participação na aprendizagem torna-a efetiva”. Baseado nessa afirmação, vale ressaltar que a aprendizagem é fruto da ação docente e discente, para que aconteça é fundamental a interação 11 professor-aluno, processo de troca e formação de conceitos para ambos. No processo educacional o educador também assume o papel de educando. O que torna uma aula boa? A fim de que o aluno conquiste sua autonomia, é primordial o bom desempenho do docente e a participação contínua do discente. O professor deve estar comprometido com a sua aprendizagem e do aluno; dominar o conteúdo; evitar aula longa, para induzir o aluno pesquisar e deixar de ser apenas reprodutor; despertar o interesse no aluno com uma relação de reciprocidade. É necessário romper com esse paradigma tradicional e implantar uma nova educação na qual o aluno perceba que ele é o mais interessado e beneficiado na construção do saber. Portanto, isso só será possível numa escola que utilize metodologias de ensino diversificadas com a finalidade de atender as diferenças individuais e coletivas dos alunos. Segundo Paulo Freire, “não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino”. Diante disto, constata-se a importância de modificar o método atual, vale ressaltar que a pesquisa é conseqüência da curiosidade, momento de questionamento, análise e reflexão acerca de um fenômeno. A partir desse processo de aprendizagem, há a construção do conhecimento. O professor, por sua vez, deve agir como orientador para guiar o aluno e criar condições para que ele possa buscar seu autodesenvolvimento. O professor deve, portanto, segundo Célio Murillo, “oferecer condições para o aluno estudar e se capacitar para o autodesenvolvimento ético, social e empreendedor”. Nesse caso, o professor assume o papel de coordenador levando o aluno a trabalhar o mais independente possível, de maneira que o aluno tenha um papel ativo e esteja capacitado para exercer direitos e deveres na sociedade. Para Paulo Freire, “ensinar não é transferir conhecimento, mas criar possibilidades para sua própria produção ou a sua construção”, no entanto a metodologia empregada pela maioria dos docentes aponta essa falha. A exposição do conteúdo se dá com uma apresentação oral sob o auxílio de anotações no quadro e o aluno, de forma passiva e pouco participativa, é 12 responsável por copiar as anotações do professor e absorver o que está sendo dito. Diante desse comportamento submisso, este aluno só reproduz as informações ditadas e, assim, fica impedido de criar questionamentos e análises, caracterizando-se como um ser alienado. O professor deve dinamizar sua aula com diversas estratégias, com intuito de atender não só à turma, mas as diferenças individuais, despertando o interesse no aluno para agir como um ser político – aquele que ouve e argumenta, explanando suas idéias e pesquisando a fim de conquistar sua autonomia. A partir da concepção de Freire, se torna fundamental a aplicação de uma abordagem em que o aluno possa buscar informações, analisar, refletir e reconstruí-las para atender seus objetivos e transformá-las em conhecimento. Na visão de Paulo Freire, “o fracasso escolar deve-se em particular a técnicas de ensino ultrapassadas e desconexa com o contexto social e econômico do aluno, a escola ainda é um dos mais importantes aparelhos ideológicos do Estado.” A partir do problema apontado por Freire, cabe ao profissional da Educação repensar seus atos e atitudes e programar métodos para que reverta essa situação, despertando nos alunos o interesse e a importância da construção do seu conhecimento, pois é crível afirmar só será possível o processo de emancipação de uma educação de qualidade frente à desconstrução do aparelho ideológico do Estado voltado a atender os interesses da classe dominante. 1.1 – Resgate das abordagens de ensino Abordagem tradicional Segundo essa abordagem, a escola é o lugar ideal para realização da educação, prepara os indivíduos para a sociedade, possui normas disciplinares rígidas e é organizada com funções claramente definidas. 13 Sob esse contexto, o aluno é um ser “passivo” que deve assimilar e dominar os conteúdos transmitidos pelo professor. Este, por sua vez, é transmissor dos conteúdos aos alunos e age com autoridade. Já no processo ensino-aprendizagem, são predominantes aulas expositivas, com exercícios de fixação, leituras e cópias; os objetivos educacionais obedecem a sequência lógica dos conteúdos baseados em documentos legais a partir da cultura universal acumulada. Abordagem Comportamentalista Já sob essa percepção, a escola constitui-se como uma agência educacional, havendo uma divisão entre planejamento e execução. Diante da circunstância, a sociedade poderia existir sem o ambiente escolar, utilizando apenas o ensino à distância. O aluno eficiente e produtivo, neste caso, é aquele que lida “cientificamente” com os problemas da realidade. Por outro lado, o professor é o educador responsável por selecionar, organizar e aplicar um conjunto de meios que garantam a eficiência e eficácia do ensino. O processo ensino-aprendizagem, nesse momento, é baseado em objetivos educacionais operacionalizados e categorizado a partir de classificações gerais – educacionais – e específicas – instrucionais. É enfatizado nos meios: recursos audiovisuais, instrução programada, tecnologias de ensino, ensino individualizado e computadores. Abordagem Humanista Para os humanistas, a escola é um ambiente democrático que deve oferecer condições ao desenvolvimento e autonomia do aluno, este, por sua vez, é um ser ativo, centro do processo ensino-aprendizagem, criativo que “aprendeu a aprender” e participativo. O professor cumpre, portanto, apenas a função de facilitar o processo de aprendizagem. 14 Este processode ensino-aprendizagem visa os objetivos educacionais obedecendo ao desenvolvimento psicológico do aluno. Os conteúdos são selecionados a partir do interesse dos alunos e a avaliação valoriza aspectos afetivos (atitudes) com ênfase na auto-avaliação. Abordagem Cognitivista Para a abordagem cognitivista, a escola deve dar condições para que o aluno possa aprender por si próprio, oferecendo liberdade de ação real e material, reconhecendo a prioridade psicológica da inteligência sobre a aprendizagem, além de promover um ambiente desafiador favorável à motivação intrínseca do aluno, o qual assume um papel essencialmente ativo de observar, experimentar, comparar, relacionar, analisar, etc. O professor fica, então, responsável de criar situações desafiadoras e desequilibradoras, por meio da orientação, além de estabelecer condições de reciprocidade e cooperação simultaneamente. O processo ensino-aprendizagem deve desenvolver a inteligência, considerando o sujeito inserido numa situação social. A inteligência constrói-se a partir da troca do organismo com o meio, por meio das ações do indivíduo, baseia-se no ensaio e no erro, na pesquisa, na investigação, na solução de problemas, facilitando o “aprender a pensar” e dá ênfase nos trabalhos em equipes e jogos. Abordagem sociocultural Os teóricos dessa abordagem acreditam que a escola deve estar funcionando bem para proporcionar as condições para que a educação se realize em seus múltiplos aspectos. Considerando o aluno como uma pessoa concreta, objetiva, que determina e é determinado pelo social, político, econômico, individual, esta abordagem crê que ele deve ser capaz de operar conscientemente mudanças na realidade. Em correspondência a isso, o professor é pensado como o educador que direciona e conduz o processo de ensino-aprendizagem. Desta 15 forma, a relação entre os atores professor e aluno deve ser horizontal, na qual ambos se posicionam como sujeitos do ato de conhecimento. No processo de ensino-aprendizagem os objetivos educacionais são definidos a partir das necessidades concretas do contexto histórico-social no qual se encontram os sujeitos, havendo assim, a busca de uma consciência crítica. Os temas geradores para o ensino devem ser extraídos da prática de vida dos educandos, a partir, do diálogo e dos grupos de discussão, os quais são caracterizados como fundamentais para o aprendizado. 16 CAPÍTULO II ABORDAGEM PEDAGÓGICA TRADICIONAL Este capítulo aborda questões sobre a pedagogia tradicional, a visão dos teóricos em estudo e suas implicações no contexto escolar, enfatizando a aula expositiva como método tradicional. 2.1 – Características da pedagogia tradicional Essa pedagogia configurou-se após uns momentos de grandes mudanças na sociedade, mudanças estas consideradas como grande avanço, conhecida como Revolução Industrial, que teve início na Inglaterra, no século XVIII e espalhou-se por diversos lugares do mundo. A principal característica desse movimento foi a máquina movida a energia artificial, que substituiu o trabalho manual do homem. Nessa época, cresce a escolarização entre as pessoas, devido à necessidade de obter instrução para melhor adaptação ao trabalho industrial. Sobre a instalação do chamado “tradicionalismo” no contexto educacional da mesma época, Saviani afirma que: “[...] esse ensino tradicional que ainda predomina hoje nas escolas, se constituiu após a Revolução Industrial e se implantou nos chamados sistemas nacionais de ensino, configurando amplas redes oficiais, criadas a partir de meados do século passado, no momento em que consolidado o poder burguês, aciona-se a escola redentora da humanidade, universal, gratuita e obrigatória como um instrumento de consolidação da ordem democrática.” (Saviani, 1987, p. 47) Verifica-se que a denominada pedagogia tradicional, apresenta suas idéias junto ao surgimento da escola obrigatória e gratuita, que em primeira instância poderia significar a oportunidade de educação para todos, independente da classe social. É indispensável falar sobre o positivismo, corrente filosófica, fundada por Augusto Comte (1798 – 1857), em meados do século XIX, cujo objetivo principal era promover uma reforma na sociedade. Acreditava-se que a 17 verdadeira ciência seria aquela que se dedicasse ao estudo dos fatos, pois o conhecimento prévio auxiliaria para agir quando necessário. No positivismo, a reforma social almejada por Comte poderia existir diante da organização de um processo educacional popular. Segundo Larroyo (1974:665), “Comte estava convicto de que só o positivismo seria capaz de organizar um verdadeiro sistema de educação popular, o qual tornaria o mais vigoroso instrumento da reforma social”. Esse processo social teria como foco realizar uma combinação social, pregando o respeito em relação à hierarquia da época, pois, para ele, o fundamental era a humanidade como um todo e não o indivíduo. Comte pensava que a educação deveria ser laica e universal, funcionando como forma de ensino para todos, que deveria espalhar ideias de harmonia e ordem para promover o bem da humanidade. Há várias semelhanças entre a concepção de educação tradicional e os princípios de educação comteana, possivelmente devido às influências que a pedagogia tradicional e os filósofos da área educacional receberam do positivismo. Encontram-se as seguintes semelhanças: não é oferecida ao aluno a dúvida ou a reflexão; o dever de memorização do aluno; currículo parte do mais simples para uma ciência mais complexa; conhecimento em ordem sistemática; o conteúdo não deve ser discutido e somente ensinado; obediência total ao professor. Processo de ensino e aprendizagem é baseado em leitura, exposição e memorização. Esses princípios podem ser identificados na educação tradicional, segundo Mizukami, essa concepção considera que: “[...] o isolamento da escola e o artificialismo dos programas não facilitam a transferência de aprendizagem. Ignoram-se as diferenças individuais, pois os métodos não variam aos longos das classes nem dentro da mesma classe.” (MIZUKAMI, 1986, p.14) É visível que a pedagogia tradicional foi um movimento muito importante, presente praticamente em todas as escolas - públicas ou privadas. Este movimento educacional possui traços marcantes, tais como: conteudismo, 18 memorização, professor detentor do saber, aluno receptor passivo, etc. Esses traços, ainda, podem ser notados no processo educacional atual. A pedagogia tradicional tem como característica principal o método expositivo, que é formado pelos seguintes passos: preparação, assimilação, comparação, generalização e aplicação. O professor é responsável pela execução desses passos, de forma mecanicista e repetitiva. Esse princípio metodológico foi fundado por Johann Friedrich Herbart, de origem alemã. Ele era filósofo, psicólogo e teórico da educação, acreditava que tanto a educação quanto a aprendizagem deveria ser realizadas a partir de conceitos morais e intelectuais. Os cinco passos da metodologia de Herbart são explicados por Saviani da seguinte maneira: “[...] no ensino herbartiano, o passo da preparação significa basicamente a reconstrução, da lição anterior, logo, do já conhecido; através do passo da apresentação, é colocado diante do aluno um novo conhecimento que lhe cabe assimilar; a assimilação, portanto o terceiro passo ocorre por comparação, daí por que eu o denominei assimilação – comparação – a assimilação ocorre por comparação donovo com o velho; o novo é assimilado, pois, a partir do velho. Esses três passos correspondem, no método científico indutivo, no momento da observação. Trata-se de identificar e destacar o diferente entre os elementos já conhecidos. O passo seguinte, o da generalização, significa que, se o aluno já assimilou o novo conhecimento, ele é capaz de identificar todos os fenômenos correspondentes ao conhecimento, ele é capaz de identificar todos os fenômenos correspondentes ao conhecimento adquirido. Ora, no método indutivo, o momento da generalização não é outra coisa senão a subfunção, sob uma lei extraída dos elementos observados, pertencentes a determinada classe de fenômenos, de todos os elementos (observados ou não), que integram a mesma classe de fenômenos. O passo da aplicação, é que o quinto passo do método herbartiano, coincide, via de regra, com as “lições para casa”. Fazendo os exercícios, o aluno vai demonstrar se ele aprendeu, se assimilou ou não o conhecimento. Trata-se de 19 verificar através de exemplos novos, não manipulados ainda pelo aluno, se ele efetivamente assimilou o que foi ensinado.” (SAVIANI, 1987, p.48) Nota-se, então, que essa metodologia deveria ser seguida passo a passo, no entanto a flexibilidade era pouco presente. E ao finalizar os cinco passos deveria ser constatada a aprendizagem. Mizukami relata que: “[...] a reprodução dos conteúdos feita pelo aluno, de forma automática e sem variações, na maioria das vezes é considerada como um poderoso e suficiente indicador de que houve aprendizagem [...]” (MIZUKAMI, 1986, p.15) No âmbito da abordagem tradicional, a prática educativa caracteriza-se pela transmissão de conteúdos acumulados pela humanidade, cabendo exclusivamente ao docente em situações de sala de aula, sendo indiferente o interesse dos alunos em relação aos conteúdos. Atualmente, diversas tendências e manifestações seguem esse modelo. A intenção é abordar as diferentes manifestações advindas da prática pedagógica do professor, mantém-se por muito tempo e influenciou as demais abordagens. Snyders (1974) num estudo sobre o “ensino tradicional” defende a necessidade de se compreender esse tipo de ensino e suas justificativas. Ele a conceitua de “ensino verdadeiro”, que tem a função de conduzir aluno aos conceitos da história da humanidade. O professor é o elemento principal para realizar a transmissão de conteúdos. Nessa concepção, o adulto é considerado um indivíduo acabado e o aluno é um homem em miniatura, que precisa ser atualizado. O ensino é centrado no professor e o aluno é o executor das tarefas impostas pelas autoridades externas. O homem é um ser colocado no mundo repleto de informações, que serão escolhidas as mais importantes para ele. É considerado um ser passivo que deve memorizar as informações e repetir para àqueles que não as conhecem. É visto como uma tabula rasa, que deve ser preenchido pelas informações alheias. 20 Para Paulo Freire (1975), este tipo de sociedade mantém um sistema de ensino baseado na educação bancária (tipologia mais aproximada do que se entende por ensino nessa abordagem), ou seja, uma educação que se caracteriza por “depositar”, no aluno, conhecimentos, informações, dados, fatos, etc. No conceito de Freire, o sistema de ensino caracteriza o aluno como um indivíduo “vazio”, o qual deve acumular informações para serem reproduzidas fielmente. Nessa abordagem, a inteligência consiste no ato de armazenar dados. Esses dados adquiridos por meio da transmissão constituem a educação formal. A Educação recebe o nome de instrução, que se baseia na transmissão de conteúdos e restrita à escola. A escola é vista como parte da vida. O professor é o mediador entre os alunos e os modelos. A relação social estabelecida é vertical, já que as tarefas impostas ao aluno devem ser individuais. Segundo Mizukami (1986:17), é considerada “catequética e unificadora da escola”; envolve “programas minuciosos, rígidos e coercitivos. Exames seletivos, investidos de caráter sacramental”. A partir dessa definição, é perceptível o papel do aluno, um ser sem vontade própria que exerce a função de receptor de informações, sejam elas importantes ou não para seu contexto social. A escola é vista como o lugar ideal para essa transmissão de informações escolhidas e criadas por outros, sem que haja preocupação em relação ao aluno a construção do conhecimento e busca, inclusive, transmitir informações cujo processo é chamado de Ensino. A partir do conceito de Bordenave, o qual considera que: “[...] o ensino tradicional é denominado de pedagogia de transmissão – assim, se a opção pedagógica valoriza, sobretudo os conteúdos educativos, isto é, o conhecimento e os valores a serem transmitidos, isto caracteriza um tipo de Educação Tradicional.” (BORDENAVE, 1984, p. 41) É possível verificar-se a ênfase dada às informações selecionadas, deixando à parte a vontade do aluno. 21 Baseando-se em conceitos dos teóricos em análise, essa pedagogia forma alunos passivos e produzir cidadãos obedientes com o propósito de continuar atendendo as exigências impostas pelo capitalismo. Diante disso, o aluno fica oprimido e perde o direito de intervir enquanto cidadão para requerer seus direitos e pensar na possibilidade de uma futura ascensão social, deixando-o sempre na condição dos miseráveis. Enquanto Libâneo (1982:12) denomina essa abordagem como pedagogia liberal em sua versão conservadora, ressaltando que o papel da escola é para formação intelectual e moral dos alunos, a fim de que estes possam assumir seu lugar na sociedade, afirma que “na versão conservadora, a pedagogia liberal se caracteriza por acentuar o ensino humanístico, de cultura geral, no qual o aluno é educado para atingir, pelo próprio esforço, sua plena realização como pessoa. Os conteúdos, os procedimentos didáticos, a relação professor-aluno não tem nenhuma relação com o cotidiano do aluno e muito menos com as realidades sociais”. Na versão de Saviani (1984:9) identifica essa abordagem como pedagogia tradicional. Ensina que “a escola surge como um antídoto à ignorância, logo, um instrumento para equacionar o problema da marginalidade. Seu papel é difundir a instrução, transmitir conhecimentos acumulados pela humanidade e sistematizados logicamente”. Com base nesse conceito, a escola é vista como a salvação da humanidade de modo que as pessoas possam obter informações, sistematicamente, para formar seus conhecimentos e estar inseridos na sociedade. Partindo desses conceitos, pode-se afirmar que a concepção tradicional não permite o diálogo e a reflexão como meios de construir o conhecimento teórico, confrontando-o com a realidade vivenciada pelo aluno e professor, no cotidiano. Trata-se apenas de memorizar e transmitir as informações prontas que lhe foi passada. 22 2.2 – Método tradicional em sala de aula: aula expositiva A aula expositiva ocorre na sala de aula, é o método mais utilizado que consiste na transmissão de informações culturais impostas como modelos acabados pela classe dominante. O professor repassa o conteúdo ao aluno, que só ouve sem poder hesitar para depois repeti-lo. A aprendizagem é constatada a partir da memorização adquirida pelo aluno, deixando-o impossibilitado de opinar,acrescentar ou até mesmo alterar o conteúdo, ou seja, o aluno diante desse método fica impossibilitado de (re)construir seu conhecimento a fim de alcançar sua autonomia. Diante dessa perspectiva, o magistério recebe uma visão errônea, visando o professor como o centro da arte de ensinar e, no entantosabe-se que o centro é o aluno. A relação entre professor e aluno inexiste, devido à ausência de diálogo. Pois só o professor fala e o aluno é apenas ouvinte. Esse método não atende as diferenças individuais, cada aluno deve ter um atendimento de acordo com suas dificuldades e/ou facilidades, mas essa questão não é levada em consideração. É exclusiva em todo o processo de ensino tradicional, independente dos conteúdos e objetivos propostos. A avaliação consiste na reprodução fiel do aluno sobre as informações transmitidas em sala de aula. Em relação à escolha do método de ensino, Libâneo afirma que: “[...] os métodos são determinados pela relação objetivo- conteúdo, e referem-se aos meios para alcançar objetivos gerais e específicos do ensino, ou seja, ao “como do processo de ensino, englobando as ações a serem realizadas pelo professor e pelos alunos para atingir os objetivos e conteúdos.” (LIBÂNEO, 1994:149) De acordo com essa proposta, faz-se necessário variar a metodologia para atender diversos conteúdos e alcançar o objetivo traçado. Porém a 23 pedagogia tradicional não pensa dessa maneira, aplica sempre o mesmo método. O produto final almejado na pedagogia tradicional e nas demais é a aprendizagem, no entanto nesse contexto a aprendizagem restringe-se no ato de memorização e repetição. Libâneo considera que metodologia segue além de um simples procedimento, pois: [...] antes de constituírem em passos, medidas e procedimentos, os métodos de ensino se fundamentam num método de reflexão e ação sobre a realidade educacional, sobre a lógica interna e as relações entre os objetos, fatos e problemas dos conteúdos de ensino, de modo a vincular a todo momento o processo de conhecimento e a atividade prática humana do mundo.” (LIBÂNEO, 1994, p. 151) Não havia preocupação em relação à realidade educacional e muito menos ao cotidiano, já que o conteúdo vinha pronto para o professor, que o repassava para os alunos, sem questionamentos. Nesse processo, o autoritarismo predominava por diversos fatores, dentre eles: a decisão do professor sobre as aulas; a obediência do aluno não questionar o professor, o qual era o único possuidor do saber, etc. A iniciativa em sala era sempre do professor, que era o único capaz de levar o aluno à aprendizagem, enquanto o método tradicional priorizava a quantidade de informações e entendia a disciplina como característica de respeito que consiste na passividade. O uso desse método tradicional, a escola tinha o aluno como um recipiente vazio, que devia ser preenchido gradativamente, desconsiderando suas vivências e experiências adquiridas fora da escola. Freire discorda dessa idéia e evidencia que “[...] por isso mesmo pensar certo coloca ao professor ou, mais amplamente, à escola, o dever de não só respeitar os saberes com que os educandos, sobretudo os das classes populares, chegam a ela – saberes socialmente construídos na prática comunitária – mas também, como há mais de trinta anos venho sugerindo, discutir com os alunos a razão de ser de alguns 24 desses saberes em relação com o ensino dos conteúdos.” (FREIRE, 1996, p. 33) Essas ideias trazem consigo um forte desejo de conscientizar a sociedade sobre sua vivência e questionar os privilégios entre dominantes e dominados e como mudar essas situações. Em contra partida, o método tradicional induz o aluno aceitar passivamente tudo que é repassado pelo professor. Nessa abordagem, o questionamento feito pelo aluno é entendido como falta de respeito. Freire (1996:13) fala da importância e grandeza do diálogo entre professor e aluno, indivíduo e indivíduo, independente da classe social, religião,etc. Ele indica essa concepção ao declarar o seguinte “[...] me sinto seguro, porque não há razão para me envergonhar, por desconhecer algo. Testemunhar a abertura aos outros, a disponibilidade curiosa à vida, a seus desafios, são saberes necessários à prática educativa. Viver a abertura respeitosa aos outros e, de quando em vez, de acordo com o momento, tomar a própria prática de abertura ao outro como objeto da reflexão crítica deveria fazer parte da aventura docente. A razão ética da abertura, seu fundamento político, sua referência pedagógica; a boniteza que há nela como viabilidade do diálogo.” (FREIRE, 1996, p. 153). Constata-se que o diálogo é um meio de expandir o conhecimento, desde que não haja limitações e preconceitos que inviabilize a compreensão. No tradicionalismo, o diálogo não fazia parte do processo educativo. A aula expositiva, assim como qualquer método, possui características positivas e negativas, nesse contexto a lógica de análise e reflexão aponta pontos positivos e negativos. Considerando que o processo ensino- aprendizagem deve considerar uma relação professor-aluno para que tenha êxito, considerando que não há turmas homogêneas, e que o professor não é detentor do saber, deve-se ressaltar que conhecimento é uma verdade passível de questionamentos e alterações, sendo crível afirmar que na aula expositiva, segundo Lopes: 25 “[...] a economia de tempo, por exemplo, é bastante ressaltada. Isso significa que determinado assunto poderá ser sintetizado de tal forma por uma exposição que, previsto para ser estudado em quatro horas, por exemplo, poderá ser apresentado em apenas uma hora.” (LOPES, 1991, p. 40) No entanto, essa economia de tempo só será apropriada em determinados conteúdos, pois existem outros que necessitam de uma explicação minuciosa com exemplificações para que sejam assimilados. Outro fator importante é que essa metodologia pode suprir a ausência de uma referência bibliográfica para o aluno. Nesse sentido, Lopes afirma que: “[...] outra vantagem citada é que esta técnica supre a falta de bibliografia para o aluno em duas situações: quando determinado assunto ainda não foi amplamente divulgado e quando há dificuldade de acesso às publicações existentes.” Torna-se necessário ressaltar, porém, que somente em algumas situações se torna possível suprir a ausência do referencial bibliográfico do aluno, visto que, é mais adequado ter um material concreto para estudar, estimular a pesquisa, e relembrar as atividades realizadas no espaço de sala de aula. 26 CAPÍTULO III – A (RE) CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO A PARTIR DE UMA NOVA CONCEPÇÃO Educar é compreendido como ato de formar um cidadão, para que este possa (re) conhecer seus direitos e cumprir seus deveres. Porém esse conceito está mascarado pela classe dominante. Segundo eles o fato de colher informações prontas e incumbir o indivíduo chamado “educador” de transmitir os conteúdos, sem a flexibilidade de alterá-los, esse processo é chamado de educação. A partir dessa concepção, é importante que se pense numa reforma profunda na infra-estrutura do ensino com a perspectiva de modificar os métodos tradicionais em vigor. Inicialmente, deve haver uma atenção especial a fim de despertar o interesse no aluno à pesquisa. Essa atitude deve ser espontânea, permitindo o poder desconstruir e reconstruir toda verdade encontrada. O papel do professor é de criar situações-problemas com o propósito de incentivar o aluno a pesquisar livremente, através de seu próprio esforço e encontrar soluções para o problema proposto, e não o simples ato de receber informações prontas. O professor é um elemento de suma importância no processo ensino-aprendizagem, logo este tem o dever de manter se atualizado nos conhecimentos inerentes sobre as peculiaridades do pensamento das crianças e adolescentes. É necessário esseaprofundamento psicopedagógico, pois este é uma ferramenta para o bom desempenho do processo ensino educacional, momento que o professor ocupará o cargo de mediador do aluno, para que este tenha êxito na aprendizagem. O profissional da Educação deve conhecer a realidade do cotidiano dos alunos, a partir dessas informações é mais fácil elaborar o planejamento de aula atendendo às diferenças individuais e assim obtendo sucesso no ensino. O foco almejado nesse estudo é despertar nos indivíduos o ato de criar e não só de repetir. De acordo com Dewey (2006/148) 27 ...Praticou obediência e submissão até então cultivadas nas escolas. Ele as considerava verdadeiros obstáculos à educação. Através dos princípios da iniciativa, originalidade e cooperação, pretendia liberar as potencialidades do indivíduo... (Dewey, 2006) Em consonância à crítica acima, verifica-se a necessidade da iniciativa, originalidade e cooperação do indivíduo. Esses elementos são favoráveis no ensino, pois o aluno original é aquele que tem a iniciativa de expor suas ideias, as quais serão debatidas em sala, havendo a contribuição dos demais, momento em que cada aluno coopera com uma parte e somando as partes, o professor forma um todo (visão holística) criando e/ou reconstruindo a partir de pensamentos reflexivos dentro de um contexto. Essa situação nova permite ao aluno dialogar e (re) construir seu conhecimento. A reformulação de uma nova prática da educação deve atender os seguintes princípios: o ato de expressar e o cultivo da individualidade; a atividade livre; aprender por experiência; a sua aquisição como meia para atingir fins que respondam a apelos diretos e vitais do aluno; aproveitar ao máximo das oportunidades do presente; a tomada de contato com um mundo em mudança (...) (Dewey, 2006) Dentro desse fragmento, o aluno mediante o interesse, sente-se curioso para aprender através de suas práticas no cotidiano, que facilitam o acesso às informações, assim levando o à percepção de um novo saber, o qual é (re) formulado com base nos seus conceitos relevantes à sua cultura e, logo despertando sua atenção para o contato direto com as mudanças decorrentes do mundo. Consequentemente, a tarefa da nova professora tornou-se mais delicada e mais séria. (Montessori, 2006). O papel da professora assume uma nova versão no processo de ensino-aprendizagem, uma vez que depende dela incentivar o aluno, diante de seu esforço, encontrar seu caminho rumo à aquisição da construção do conhecimento, havendo a necessidade da professora perceber a importância da mudança de seus atos e atitudes pedagógicas, investindo no autodesenvolvimento do aluno, para que o mesmo alcance o produto sem sua interferência. No entanto, a professora deve estar atenta para atender as diferenças individuais demonstrando dedicação e amor. 28 Para Clarapéde (2006, 154), “a educação deve visar o desenvolvimento das funções intelectuais e morais, e não encher a cabeça de um mundo de conhecimentos que, quando não logo esquecidos, são quase conhecimentos mortos, parados na memória como corpos estranhos, sem relação com a vida.” Dentro dessa concepção, fica visível a importância da educação atribuir uma ênfase no ato de estimular o indivíduo, para despertar seu cognitivo e conceitos morais. A nova função do professor é estimular o interesse nos alunos que encontram respostas para suas necessidades intelectuais. Segundo a concepção de Puente (1980:107), “a metodologia e as técnicas científicas devem ser postas a serviço do subjetivo pessoal de cada indivíduo”, o aluno é a parte central no processo de ensino-aprendizagem, portanto deve ser considerada sua subjetividade e experiência de vida. A partir de tal experiência, há um contato direto com os significados importantes que contribuem para a aquisição do conhecimento. O processo de educação centrada no sujeito leva à valorização da busca progressiva de autonomia em oposição à anomia e à heteronomia. (MIZUKAMI, 1986, p. 45) A primazia no sujeito contribui no autodesenvolvimento, pois o indivíduo sente-se curioso, logo traça metas para atingir seu objetivo e formar o conhecimento. Esse processo age ao encontro da anomia (ausência de regras) e da heteronomia (normas dadas por outros). A mola da educação deve ser não o temor do castigo, nem mesmo o desejo da recompensa, mas o interesse, o interesse profundo pela coisa de assimilar ou de executar. O aluno não deve trabalhar e portar-se bem para obedecer, e sim porque sinta que essa maneira de agir é desejável. Numa palavra, a disciplina interior deve substituir a disciplina exterior. (Gadotti, 2006/154) A descrição acima revela o produto adquirido no método tradicional, no entanto deve ser repensada a mudança não só no processo ensino- aprendizagem, mas também na relação professor-aluno. O aluno, parte principal, deve sentir interesse e ter certeza de que sua ida à escola é um fator contribuinte para construir o conhecimento acerca do mundo que vive, e por 29 muitas vezes por falta desse conhecimento, torna-se um indivíduo alienado, ou seja, manipulado pela classe dominante. Na Educação há uma interferência política partidária que engloba diversos fatores, como: autoridade, liberdade, disciplina, avaliação, os quais estão associados ao autoritarismo. Diante disso, surge a dúvida: qual é o papel do educador hoje? O educador não pode ser visto como algo imutável deve pensar que este está a serviço da sociedade. Porém há aqueles que prestam serviço para a classe dominante enquanto outros para a classe dominada. Há o professor revolucionário e o professor reacionário; o revolucionário age para investigar e construir o conhecimento junto ao educando, não se preocupa em seguir a metodologia e não se sente o possuidor do conhecimento. Em contra partida, o professor reacionário assume a postura daquele que detém o conhecimento, segue rigorosamente a metodologia e considera a transferência um método eficaz para obter o conhecimento. Ambos demonstram eficiência, mas seguem caminhos opostos. Nessa nova concepção, o professor revolucionário coopera de forma mais positiva instigando o interesse no educando para que este pesquise e construa seu conhecimento acerca da informação. Dentre essa situação, é necessário repensar numa revolução no papel do professor, que deve assumir um compromisso com a classe popular. Esta deve lutar em função de uma utopia na sociedade. Essa revolução implica na tomada do poder da burguesia, que por sua vez impõe normas à Educação a seu favor, sempre atendendo seus interesses. De acordo com Freire (1985), “Nesse sentido é que eu acho que o problema é tomar e reinventar o poder, mas não ficar no tomar. *Nessa reinvenção do poder, ou as massas populares têm uma participação ativa e crescentemente crítica no processo de aprendizagem de serem críticas, ou o poder não será reinventado”. Para Freire a reinvenção do poder forneceria às classes populares seus direitos e a burguesia perderia a liderança, com isso haveria uma mudança no 30 processo de aprendizagem, o qual deixaria de atender os interesses da burguesia. A partir dessa mudança, o professor revolucionário trabalharia em prol da classe popular, a fim de não só ensinar, mas aprender também. Em relação ao conteúdo trabalhado, deve haver uma unificação para abranger tanto as crianças da periferia quanto aqueles que estudam nas escolas burguesas, isso lhes dariam a oportunidade da luta e busca de uma oportunidade de chegar aonde desejar. Deseja-se que atue no processoensino-aprendizagem um educador dirigente (soma do técnico e do político) e não um instrutor, que simplesmente usa o guia que o leva a nada. Segundo Gadotti ( ), “ os problemas da educação brasileira já foram suficientemente equacionados pelos próprios professores e o que faltaria seria um projeto político novo, que não depende só dos educadores mas da sociedade como um todo”. Com base nessa afirmação, verifica-se a importância da intervenção de todos para agir contra o governo e exigir que seja feito algo para modificar o sistema atual de ensino. Até o presente momento, há a impressão de que a educação atual, ainda que apresente um péssimo resultado, principalmente na classe popular, é conveniente para que o poder não seja alterado. Caso haja uma mudança na Educação, certamente atingirá a burguesia. De acordo com Freire (1985), “se o povo brasileiro, se as classes populares têm sido proibidas de falar, a experiência histórica desse país é a do silêncio dessas classes, acho que é exatamente”gritando” que elas vão obter o direito de falar.” É possível analisar no pensamento de Freire e perceber que o povo deve reivindicar por uma educação sistemática, digna e igualitária para todos. Educação é política, portanto quando se pensa na mudança metodológica, logo se verifica a importância da reflexão do professor e estes fatores estão relacionados à burguesia. 31 Considerações Finais O trabalho docente é decorrente dos princípios oriundos da Didática, que por sua vez é uma ferramenta importantíssima para a execução do trabalho docente. Quando se fala em aprendizagem, sabe-se que envolve os seguintes elementos: aluno, professor, sala de aula e metodologias de ensino. O aluno é a parte central desse processo, no entanto não deve ser passivo. O professor precisa refletir sobre sua postura profissional, para inovar e/ou dinamizar sua aula, despertando dessa forma o interesse no aluno, a fim de que este obtenha êxito na construção do seu conhecimento. A interação entre professor e aluno torna a aprendizagem eficaz, pois onde há troca de informações aumenta a possibilidade de aquisição de conhecimento para ambos. É fundamental a percepção do aluno no seu papel em sala de aula, certamente, esse envolvimento contribuirá positivamente no produto do processo ensino-aprendizagem. O professor deve conscientizar-se de que a diversificação dos métodos utilizados em sala de aula despertará o interesse no aluno, deixando-o com prazer de participar daquela aula; atualizar-se, constantemente, para ter segurança no momento que explanar o conteúdo, atitude que gerará um comprometimento profissional eficiente. Dentre os aspectos abordados até aqui, percebe-se que não é valorizado o ato de pesquisar, embora constata-se que o ensino exige pesquisa e vice-verso. O momento da pesquisa desperta a curiosidade, a qual exige análise e reflexão sobre o objeto estudado, cuja conseqüência é a aquisição do conhecimento. O ato de ensinar deve proporcionar ao aluno a criação e não a transmissão de informações, como ocorre na metodologia atual. A partir dessa prática de ensino, o aluno tende a agir e pensar como um ser político, aquele que ouve, argumenta e critica. 32 A mudança desejada nessa pesquisa deve ser decorrente da sociedade e do Estado, afinal os interesses atendidos até agora, visam somente à classe dominante, desfavorecendo a classe popular. A abordagem tradicional determina a transmissão de conteúdos pelo professor ao aluno, que ocorre em sala de aula, lugar onde os alunos são seres passivos diante da autoridade imposta pelo outro. Enquanto na abordagem comportamentalista, a escola é algo que pode ser substituído pelo ensino à distância. O aluno deve enfrentar circunstâncias da realidade e solucioná-las, nesse processo o professor age como mediador, quem seleciona, organiza os conteúdos que atendam o desejado na aprendizagem. Para os humanistas, a escola é o ambiente democrático que deve oferecer o ensino e o professor age como o facilitador do ensino. Há preocupação na seleção de conteúdos, os quais são organizados de acordo com o interesse dos alunos. Já a abordagem cognitivista, a escola é um ambiente que deve proporcionar condições para o aluno construir seu conhecimento com autonomia. O papel do professor é elaborar situações desafiadoras para estimular ações no aluno, por meio de trabalhos em grupo. Na abordagem sociocultural considera o aluno como um ser que pode lidar com mudanças da realidade e o professor é o condutor no processo ensino-aprendizagem. Com a chegada da Revolução Industrial houve uma necessidade de aumentar a escolarização, com intuito de atender a demanda exigida no mercado de trabalho. Diante disso, surge o método tradicional utilizado na maioria das instituições de ensino, atualmente. Esse método tem a função de transmitir conteúdos, que são selecionados e organizados pela classe dominante para destinar ao professor o papel de transmissor. Nesse contexto o aluno não tem oportunidade para pensar, refletir e criar um determinado conceito. O professor não pode alterar o conteúdo para 33 adaptá-los à realidade dos alunos e não existe preocupação em selecioná-los mediante o interesse discente. O positivismo almejava por uma reforma social que permitisse um Ensino para atender todos em igualdade. A teoria comteana acorda em alguns aspectos com a abordagem tradicional, como: transmissão de conteúdos, obediência ao professor, memorização, etc. Na pedagogia tradicional o método mais empregado é a aula expositiva, que o professore transmite os conteúdos, o aluno anota e ouve as informações sobre as regras impostas por outros; não há atendimento individual, uma vez que nem todos têm a mesma facilidade para assimilar as informações. Nessa abordagem, o homem é visto como um ser acabado enquanto o aluno é visto como um homem em miniatura que precisa receber informações para ser preenchido. Esse armazenamento de informações é chamado de Inteligência. O processo de Ensino deve ocorrer restritamente na escola, sem que haja preocupação em atender a realidade dos alunos. Essa abordagem impede aos alunos de ascender socialmente, deixando-os incapacitados para reivindicar seus direitos enquanto cidadão. Educar não é transmitir informações e sim formar um cidadão crítico e consciente de seus deveres e direitos. É necessário repensar nas atitudes docentes, para inová-las com o objetivo de atrair a atenção dos alunos. Um fator de suma importância é elaborar um planejamento levando em consideração a vivência e a experiência de cada aluno. Esse fator é relevante para o bom desempenho na aprendizagem. O ato de repetir deve ser substituído pelo ato de criar. O professor deve despertar o interesse no aluno para criar, nesse processo o diálogo entre professor e aluno é fundamental, cujo papel docente será estimulá-lo para pesquisar e construir seu conhecimento. Esse estudo busca inovar a metodologia de ensino e a relação professor e aluno, o aluno como parte principal no processo ensino- 34 aprendizagem, deve perceber a importância no momento que passa na escola e que sua formação de conhecimento lhe possibilitará atingir um novo Universo. Com base nos estudos, verifica-se a influência da política centrada no Ensino, que busca atender somente o interesse da classe dominante. Dentro desse contexto, é necessário que inicie uma mudança no ambiente escolar, conscientizando os professores e alunos de sua responsabilidade diante de tal fato. Uma integração entre as partes citadas previamente e a sociedadedeve gritar para o Estado e exigir uma igualdade de ensino para todos, independente de ser da classe dominante ou da classe popular. Essa nova concepção deseja ter em sala de aula um professor revolucionário que assuma essa responsabilidade junto a classe popular. 35 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática educativa. 22 ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996. _______. Pedagogia do Oprimido. 17 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987. LARROYO, Francisco. História Geral da Pedagogia. 2. ed. São Paulo: Mestre Jou, 1974. LIBÂNEO, José Carlos. Didática. 19. ed. São Paulo: Cortez, 1994. ________. Adeus Professor, Adeus Professora? Novas Exigências Educacionais e Profissão Docente. 4. ed. São Paulo: Cortez, 1998. LUCKESI, Cipriano Carlos. Filosofia da Educação. 15. ed. São Paulo: Cortez, 1994. ________. O papel da didática na formação do educador: In: CANDAU, Vera Maria. (Org.) A Didática em Questão. 20. ed. Petrópoles,RJ: Vozes, 2001, p. 25-34. MIZUKAMI, Maria da Graça Nicoletti. Ensino: As Abordagens do Processo. São Paulo: EPU, 1986. SAVIANI, Demerval. Escola e Democracia. 15. ed. São Paulo, SP: Cortez, 1987. PERRENOULD, Philippe. Construir as competências desde a Escola. Porto Alegre, Artmed, 1999. SUMÁRIO CAPÍTULO I: A IMPORTÂNCIA DOS MÉTODOS E TÉCNICAS PARA O PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM.......................................... CAPÍTULO II: ABORDAGEM PEDAGÓGICA CAPÍTULO III: MUDANÇA CULTURAL DOS DOCENTES CONCLUSÃO.................................................................................................. 25 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA.................................................................... 29
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