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RESENHA DOCUMENTÁRIO JANELAS DA ALMA

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RESENHA: FILME “JANELA D’ALMA” E “IMMANUEL KANT”
Primeiramente cumpre dizer que o documentário “Janela d’alma” retrata a visão multidirecional da realidade. O olhar representa o instrumento modificador que determina um recorte da realidade, de forma diferenciada de pessoa para pessoa. Trata-se de uma orgnanização da realidade na medida em que seleciona o recorte do que se quer observar e analisar, proporcionando uma menor complexidade daquela realidade estudada. Assim, podemos dizer que faz jus o entendimento de Kant quando diz que o conhecimento não deve regurlar-se pelo objeto, mas sim o objeto pelo nosso conhecimento. Portanto, a realidade na medida em que a compreendemos está a mercê da nossa imaginação e do nosso conhecimento sensorial para que possamos determiná-la, a partir da nossa compreensão.
Existem inúmeras percepções, logo, podemos perceber que não só o olhar mais outros sentidos também determinam a compreensão. O filme proporciona o entendimento de que há a percepção do mundo através dos sentidos e a ausência de um pode, inclusive, intensificar a percepção de outro. Desta forma, é possível desenvolver outras percepções da realidade que muitas vezes quem dispõe de visão não percebe e aquele consegue perceber mesmo sem a visão.
Nesse 
sentido, Kant, ao escrever a Crítica da razão pura e a Crítica da razão prática, determinou a distinção entre a realidade em si e o conhecimento da realidade. A primeira, dizia ele, é inalcançável por nosso entendimento, embora nossa razão aspire por ela, tendo criado a metafísica como conhecimento racional das coisas em si. Mas a metafísica não é possível: é uma ilusão (inevitável) de nossa razão.
Acontece que, na verdade, para Kant, conhecemos apenas o modo como a realidade se apresenta a nós (os fenômenos), ou seja, através dos nossos sentidos, e organizada pela estrutura de nossa própria capacidade de conhecer, isto é, segundo as formas do espaço e do tempo, e segundo os conceitos ou categorias de nosso entendimento (substância, qualidade, quantidade, causalidade,atividade, passividade). Logo, os sentidos estão condicionando as inúmeras percepções possíveis que podemos ter a cerca da realidade; tomando a realidade como aquilo que existe para nós enquanto somos o sujeito do conhecimento.
Outra perspectiva apresentada pelo filósofo está em dizer que os conteúdos por serem empíricos podem variar no tempo e no espaço, podendo transforma-se com novas experiências. 
Sendo assim podemos comprender que a noção de espaço não é algo percebido, mas é o que permite haver percepção e que o tempo é condição de possibilidade de percepção das coisas. Assim, o espaço 
e o tempo são formas a priori da sensibilidade e existem na razão antes e sem a experiência. 
A partir desse posicionamento de Kant, e trazendo como reflexão uma frase do documentário que diz “Cada experiência de olhar é um limite”, podemos dissertar no sentido de que, há um espaço e um tempo a priori determinados que condicionam o recorte que se faz de cada realidade. Apesar de dispor de uma visão multidirecionada, o homem somente absorve aquele recorte que foi selecionado. O restante da experiência a sua volta não é compreendida por ele em sua magnitude devido a essa restrição do olhar. As variáveis do tempo e do espaço, como na visão de Kant, aparecem aqui para tornar essas experiências singulares e ao mesmo tempo modificáveis, afinal, após retornar ao infinito de complexidade o objeto já não é mais o mesmo estudado, está presente em uma complexidade muito maior.
Afim de demonstrar esse entendimento o cineasta Win Wender aborda, no filme, de forma metafórica o uso dos seus óculos, que determinam uma visão delimitada do momento. Sendo assim, quando se retira esta parcela da realidade há uma redução de sua complexidade e consequentemente haverá maior segurança em relação àquela realidade. Escolhendo uma parte dessa realidade podemos dar sentido à ela, como no exemplo apresentado pelo documentário, no qual demonstra que nós nos direcionarmos através de 
romances para garantir um sentido para a realidade. Isso ocorre através de um encadeamento lógico, de forma a organizar a realidade caótica com a qual nos deparamos. Assim encontramos uma forma de assegurar a razão.
Por fim, podemos concluir Kant realizou uma “revolução copernicana” em filosofia, isto é, exigiu que, antes de qualquer afirmação sobre as idéias, houvesse o estudo da própria capacidade de conhecer, isto é, da razão. E de forma comparativa, observamos no filme muitas vezes essa capacidade de conhecer, que é fonte de conhecimento, através dos juizos sintéticos, por exemplo, quando o cego sabe se localizar na cidade e lembrar das localizações e edificações memso sem enxergar. Isso se dá, na visão de Kant, quando o conhecimento da realidade é determinada pela maneira como a razão através de sua estrutura universal, organiza de modo universal e necessário os dados da experiência, ou seja, graças às formas a priori da sensibilidade (espaço e tempo) e dos conceitos a priori do entendimento (as categorias de substância, causalidade, relação, quantidade, qualidade, etc.), possuímos uma capacidade de conhecimento inata, universal e necessária que não depende da experiência, nesse caso não depende somente da experiência visual, mas se realiza por ocasião da experiência sobre os objetos, através dos sentidos e seus desdobramentos, que esta nos oferece.

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