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1 1-INTRODUÇÃO Os partidos políticos são associações humanas que se consolidaram a partir no final do Século XIX, como veículo de exteriorização da vontade política dos cidadãos que, unidos por uma ideologia e interesses comuns, se organizam estavelmente com o intuito de compartilhar seus ideais perante a opinião pública e influenciar na orientação política do país. Porém, é de suma importância ressaltar, que muitos dos que são eleitos, buscam por seus próprios interesses, deixando de lado o verdadeiro intuito dos partidos políticos, Na busca por uma sociedade mais justa e igualitária, por esse motivo a sociedade têm buscado formas diretas de se fazer ouvir pelos Governos(Federal, Estadual e Municipal), mediante a ocupação do espaço público urbano para protestar e fazer reivindicações por maior participação democrática. No que diz respeito ao Estado Democrático de Direito, é aquele pelo qual os poderes públicos estão regulados por leis, ou seja, a sociedade é governada de forma tal que ninguém está acima das leis do país. A constituição de 1988, a fim de impedir o exercício ilegal do poder e o abuso de poder, estabeleceu a divisão de poderes,estabelecendo competências e prerrogativas próprias dos poderes: Legislativo, Executivo e Judiciário. Sendo que tais poderes são independentes e harmônicos entre si. O presente trabalho tem por objetivo explanar a respeito dos Artigos 17, 18 e 19 da Constituição da República Federativa do Brasil, que tratam dos partidos políticos e da organização político administrativa do estado, em que segundo oArt. 1º da CF, é formado pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado democrático de direito e tem como fundamentos: I -a soberania; II -a cidadania; III -a dignidade da pessoa humana; 2 IV -os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; V -o pluralismo político. E“Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.” (art. 1º, da CF/88). Nosso trabalho foi embasado em uma pesquisa bibliográfica e visa discorrer de forma aprofundada a tudo que se refere aos devidos artigos. 2- CONCEITO DE PARTIDO POLÍTICO É uma organização de pessoas reunidas em torno de um mesmo programa politico com a finalidade de assumir o poder e de mantê-lo ou influenciar na gestão da coisa publica através de criticas e oposição. Segundo José Afonso da silva é uma agremiação de um grupo social que se propõe a organizar, coordenar e instrumentar a vontade popular com o fim de assumir o poder para realizar seu programa de governo. 2.1-Regras Constitucionais. Refere-se à liberdade de organização não se trata de liberdade partidária absoluta, visto ser livre a criação, a fusão, a incorporação e a extinção dos partidos políticos regulados pela lei 9.096- 95, a Lei orgânicas dos partidos políticos, uma vez que deverão ser resguardados a soberania racional, regime democrática, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais da pessoa humana e observado os seguintes preceitos: A) Caráter nacional. B) Proibição de recebimento de percursos financeiros de entidade ou governo estrangeiro ou de subordinação a este. C) Prestação de contas a justiça eleitoral. D) Funcionamento parlamentar de acordo com a lei. E) Vedação da utilização pelos partidos políticos de organização paramilitar. 3 É assegurado aos partidos políticos autonomia para definir sua estrutura interna, organização e funcionamento, devendo constar dos estatutos partidários normas a respeito da fidelidade e disciplina partidária, podendo, inclusive prever sanções (como advertência, exclusão...). Em caso da infidelidade partidária (desrespeito as regras dos estatutos, objetivos, diretrizes, ideias...), não podendo nunca, porém, ensejar a perda do mandato, cujas hipóteses estão taxativamente previstas no art. 15 da CF, que repudia de forma expressa, a cassação de direitos políticos. 3. DOS PARTIDOS POLITICOS 3.1- Criação e Registro Civil No Brasil, o partido politico é considerado pessoa jurídica de Direito Privado obrigada a se inscrever no CNPJ. Para ser criado, o Partido, precisa registrar seu Estatuto no cartório de Registro Civil das Pessoas Jurídicas da Capital Federal e outro no Tribunal Superior Eleitoral. 3.2- Criações dos partidos 1º passo – Fundação. O primeiro passo para a criação de um partido é a reunião de fundação na qual pelo menos 101 eleitores, com domicílio eleitoral em no mínimo, um terço dos Estados Brasileiros, deverão elaborar o programa e o estatuto do partido a ser criado, bem como eleger seus dirigentes nacionais provisórios. Em seguida, deverá ser providenciada a publicação do inteiro teor do programa e do estatuto no Diário Oficial da União. 2º passo – Aquisição da personalidade jurídica/Registro civil. 4 O segundo passo é a aquisição da personalidade jurídica com requerimento deregistro dirigido ao cartório competente do registro civil das pessoas jurídicas, da capital federal. Esse requerimento deve ser subscrito pelos 101 cidadãos fundadores e deve ser acompanhado de: Cópia autêntica da ata da reunião de fundação do partido; Exemplar do Diário Oficial da União que publicou, no seu inteiro teor, o programa e o estatuto; Relação de todos os fundadores com o nome completo, naturalidade, número do título eleitoral com a zona, seção, município e unidade da Federação, profissão e endereço de residência; e Indicação do nome e função dos dirigentes provisórios e endereço da sede nacional do partido que deve ser na capital federal. Satisfeitas tais exigências, o oficial do registro civil efetua o registro no livro correspondente e expede uma certidão com a transcrição integral da anotação do registro do partido no cartório. 3º passo – Informação aos tribunais regionais. O terceiro passo é a informação aos Tribunais Regionais Eleitorais, que deve ser feita sob a forma de requerimento, acompanhado da certidão do registro civil e, ainda,conter a formação da comissão provisória ou nomes das pessoas responsáveis pelo partido no respectivo Estado. Essas pessoas se incumbirão de providenciar as listas ou formulários de assinaturas do apoiamento mínimo. 4º passo – Apoiamento mínimo. O quarto passo é a obtenção do apoiamento mínimo, que deve ser realizado por meio da coleta de assinaturas dos eleitores, em listas ou formulários organizados pelo partido para cada zona eleitoral. O número total das assinaturas deve corresponder a, pelo menos, 0,5% dos votos dados na última eleição geral para a Câmara dos Deputados, não computados os votos 5 em branco e os nulos, distribuídos por 1/3, ou mais, dos estados, com um mínimo de 0,1% do eleitorado que votou em cada um deles. 5º passo – Registro nos Tribunais Regionais Eleitorais. Depois de obtido o apoiamento mínimo e constituídos, definitivamente, os órgãos de direção municipal e estadual (também denominado regional), o presidente do órgão estadual solicitará o registro no respectivo tribunal regional, por meio de requerimento, o qual deverá estar acompanhado de: Exemplar autenticado do inteiro teor do programa e do estatuto partidários, inscritos no cartório competente; Certidão de inteiro teor do registro do partido no cartório civil; Certidões fornecidas pelos cartórios eleitorais que comprovem ter o partido político em formação obtido, no respectivo estado, o apoiamentomínimo de eleitores; eProva da constituição definitiva dos órgãos de direção regional e municipais, com a designação de seus dirigentes, de acordo com o estatuto.Registro no Tribunal Superior EleitoralRegistrados os órgãos de direção regional em, pelo menos, 1/3 dos estadosbrasileiros, o presidente nacional do partido solicitará ao Tribunal Superior Eleitoral o registro do estatuto partidário e do respectivo órgão de direção nacional. Esse pedido deverá ser acompanhado dos seguintes documentos: Exemplar autenticado do inteiro teor do programa e estatuto partidário, inscritos no registro civil da capital federal; Certidão de inteiro teor do registro do partido político no cartório civil das pessoas jurídicas; Certidões expedidas pelos Tribunais Regionais Eleitorais que comprovem ter o partido obtido, em cada estado, apoiamento mínimo deeleitores; e Prova da constituição definitiva do órgão de direção nacional, com a designação de seus dirigentes. É necessário ressaltar que só após o registro do seu estatuto no Tribunal Superior Eleitoral é que o partido pode participar do processo eleitoral, receber recursos do Fundo Partidário, ter acesso gratuito ao rádio e à televisão e ter assegurada a exclusividade de sua denominação, sigla e símbolos. 6 4-REDE SUSTENTABILIDADE Segundo uma reportagem de um veículo de comunicação de grande porte nacional, o TSE negou o pedido de registro do partido de Marina Silva, a Justificativa dos ministros foi de que Rede Sustentabilidade não conseguiu assinaturas suficientes. “Dona de quase 20 milhões de votos na última eleição para o cargo de presidente da República, em 2010, a ex-senadora Marina Silva viu naufragar nesta quinta-feira o sonho de criar um partido próprio para disputar o pleito do ano que vem. Por 6 votos a 1, os ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) rejeitaram o pedido de registro da Rede Sustentabilidade. O principal argumento foi o número de assinaturas abaixo do mínimo exigido por lei. Ao rejeitar o pedido de criação do partido de Marina Silva, a relatora do processo, ministra Laurita Vaz, afirmou que é “inconciliável” o pedido para que fossem validadas 95 mil assinaturas rejeitadas, pleito de Marina e seus correligionários. Ela explicou que a ex-senadora deveria ter questionado as anulações diretamente nos cartórios.” “É inconciliável o requerimento da requerente de que se procedesse ao reconhecimento das assinaturas por presunção”, afirmou a ministra. Ainda segundo Laurita Vaz, cabia ao partido comprovar a validade das assinaturas e não aos cartórios. “Não há como admitir que a falta de uma oportuna verificação pelo próprio partido das 95 mil assinaturas perante cada cartório esteja suprido nos presentes autos. Isso porque incumbe ao responsável pelos partidos a verificação dos motivos do acolhimento parcial das assinaturas”, completou. 5. FUNCIONAMENTO PARLAMENTAR O funcionamento parlamentar é o direito que possuem os partidos políticos de se fazerem representar como tal nas casas legislativas. Consiste no direito de seus membros se organizarem em bancadas, sob a direção de um 7 líder de sua livre escolha, e de participarem das diversas instâncias da casa legislativa. Art. 12. O partido político funciona, nas Casas Legislativas, por intermédio de uma bancada, que deve constituir suas lideranças de acordo com o estatuto do partido, as disposições regimentais das respectivas Casas e as normas desta Lei. Art. 13. Tem direito a funcionamento parlamentar, em todas as Casas Legislativas para as quais tenha elegido representante, o partido que, em cada eleição para a Câmara dos Deputados obtenha o apoio de, no mínimo, cinco por cento dos votos apurados, não computados os brancos e os nulos, distribuídos em, pelo menos, um terço dos Estados, com um mínimo de dois por cento do total de cada um deles. (Vide Adinsnºs 1.351-3 e 1.354-8 ) 6. DO PROGRAMA E DO ESTATUTO Conjunto de normas que fixam os objetivos, a estrutura interna, a organização e o funcionamento do partido político. Art. 14. Observadas as disposições constitucionais e as desta Lei, o partido é livre para fixar, em seu programa, seus objetivos políticos e para estabelecer, em seu estatuto, a sua estrutura interna, organização e funcionamento. Art. 15. O Estatuto do partido deve conter, entre outras, normas sobre: I - nome, denominação abreviada e o estabelecimento da sede na Capital Federal; II - filiação e desligamento de seus membros; III - direitos e deveres dos filiados; 8 IV - modo como se organiza e administra, com a definição de sua estrutura geral e identificação, composição e competências dos órgãos partidários nos níveis municipal, estadual e nacional, duração dos mandatos e processo de eleição dos seus membros; V - fidelidade e disciplina partidárias, processo para apuração das infrações e aplicação das penalidades, assegurado amplo direito de defesa; VI - condições e forma de escolha de seus candidatos a cargos e funções eletivas; VII - finanças e contabilidade, estabelecendo, inclusive, normas que os habilitem a apurar as quantias que os seus candidatos possam despender com a própria eleição, que fixem os limites das contribuições dos filiados e definam as diversas fontes de receita do partido, além daquelas previstas nesta Lei; VIII - critérios de distribuição dos recursos do Fundo Partidário entre os órgãos de nível municipal, estadual e nacional que compõem o partido; IX - procedimento de reforma do programa e do estatuto. Art. 15-A. A responsabilidade, inclusive civil e trabalhista, cabe exclusivamente ao órgão partidário municipal, estadual ou nacional que tiver dado causa ao não cumprimento da obrigação, à violação de direito, a dano a outrem ou a qualquer ato ilícito, excluída a solidariedade de outros órgãos de direção partidária. (Redação dada pela Lei nº 12.034, de 2009) Parágrafo único. O órgão nacional do partido político, quando responsável, somente poderá ser demandado judicialmente na circunscrição especial judiciária da sua sede, inclusive nas ações de natureza cível ou trabalhista. (Incluído pela Lei nº 12.891, de 2013) 7. DA FILIAÇÃO PARTIDÁRIA 9 Filiação partidária é o ato pelo qual o eleitor formalmente manifesta sua adesão ao programa de um partido político. É uma das condições de elegibilidade, está prevista no inciso V do §3º do art. 14 da Constituição Federal (filiação por, no mínimo, um ano antes da eleição). 7.1- Condição para filiação a partido. Pode filiar-se a partido o eleitor que estiver no pleno gozo dos seus direitos políticos, segundo a expressa redação do art. 16 da Lei nº 9.096/95 (leia o artigo). Não obstante a clara redação do dispositivo acima citado, a jurisprudência do TSE consolidou-se no sentido de que o eleitor considerado inelegível também pode filiar-se a partido político (AC-TSE nºs 12.371/92, 23.351/04; 22.014/04). Diante da jurisprudência formada, a Resolução TSE nº 23.117/09, em seu art. 1º, admitiu expressamente a filiação partidária de eleitor inelegível. Em resumo, temos a seguinte situação atualmente: apenas eleitores no pleno gozo dos direitos políticos podem filiar-se a partido político, sendo que essa exigência é afastada unicamente no caso de inelegibilidade, que apesar de retirar do eleitor a plenitude dos direitos políticos, não impede a sua filiação. Além da necessidade de estar no pleno gozo dos direitos políticos, o eleitor deveverificar se atende às regras e condições estabelecidas no estatuto do partido. 7.2- Procedimento de filiação. O art. 17 da Lei nº 9.096/95 assevera que “considera-se deferida, para todos os efeitos, a filiação partidária, com o atendimento das regras estatutárias do partido”. A análise e deferimento do requerimento de filiação a partido político ocorre, em termos objetivos e impessoais, sem casuísmos. O dirigente partidário não pode impor restrições suas à filiação de qualquer eleitor. Todas as regras referentes à filiação devem ser prévia e obrigatoriamente estabelecidas no estatuto do partido (Lei nº 9.096/95, art. 15, II). 10 Atendidas as regras estatutárias, o eleitor tem direito subjetivo de filiar-se ao partido. O partido, ao deferir a filiação, entrega ao interessado um comprovante da filiação, de acordo com o modelo adotado. Esse comprovante é a prova de que o eleitor está filiado ao partido e terá enorme importância na hipótese de o partido, por desídia ou má-fé, deixar de enviar o nome do eleitor na lista de filiados. Esse tema será trabalhado com mais detalhes no item sobre relações de filiados. O requerimento de filiação, em regra, deve ser dirigido ao órgão de direção municipal do partido. Quando, por alguma razão, for realizado perante os órgãos de direção nacional ou regional, o órgão de direção partidário correspondente à Zona Eleitoral de inscrição do eleitor deve ser informado, para que possa, na época apropriada, informar à Justiça Eleitoral a filiação do eleitor, por intermédio da inclusão do mesmo na relação de filiados que é encaminhada à Justiça Eleitoral nos meses de abril e outubro de cada ano (Lei nº 9.096/95, art. 19 e Resolução TSE 21.707/04). 7.3- Vedação de atividade político-partidária. Em alguns casos, mesmo estando no pleno gozo dos direitos políticos, alguns profissionais, em razão das especificidades de suas carreiras, são impedidos de filiar-se a partido político. A filiação partidária é vedada a: - militares em serviço ativo (CF/88, art. 142, V); - membros do Ministério Público (CF/88, art.128, §5º, II, “e”); - magistrados (CF/88, art. 95, p. único, III); - membros do Tribunal de Contas da União (CF/88, art. art. 73, §§ 3º e 4º); - membros da Defensoria Pública (LC nº 80/94, arts. 46, V, 91, V, 10, V); - servidores da Justiça Eleitoral (CE, art. 366). Faço a ressalva de que os membros do Ministério Público que ingressaram na carreira antes da Constituição Federal de 1988 puderam optar pelo regime jurídico anterior ao da LC nº 75/93, nos termos do §3º do art. 29 do ADCT e parágrafo único do art. 281 da LC nº 75/93. Quem fez essa opção continuou mantendo a prerrogativa de filiar-se a partido político. 11 Destaque-se, no entanto, que se trata de exceção, já que a regra atual é a vedação de atividade político-partidária a membro do Ministério Público. 7.4- Relações de filiados. Como já foi dito, a filiação partidária é uma condição de elegibilidade. O eleitor, para ser candidato, deve estar filiado a partido político pelo menos um ano antes da data fixada para a eleição, sendo que o partido dispõe da prerrogativa de aumentar ainda mais esse prazo por intermédio do seu estatuto. Mas como a Justiça Eleitoral, ao analisar o requerimento de registro de candidato, poderá ter certeza de que o prazo de filiação realmente foi respeitado? A resposta está no art. 19 da Lei nº 9.096/95: Art. 19. Na segunda semana dos meses de abril e outubro de cada ano, o partido, por seus órgãos de direção municipais, regionais ou nacional, deverá remeter, aos juízes eleitorais, para arquivamento, publicação e cumprimento dos prazos de filiação partidária para efeito de candidatura a cargos eletivos, a relação dos nomes de todos os seus filiados, da qual constará a data de filiação, o número dos títulos eleitorais e das seções em que estão inscritos. Caso o partido não envie a relação de filiados na data própria, fica valendo a relação anterior, que é considerada inalterada. Por exemplo: o partido não encaminha, no mês de outubro, a relação de filiados, de modo que permanecerá válida para todos os efeitos e considerada inalterada a relação encaminhada no mês de abril (leia o §1º da art. 19 da Lei nº 9.096/95). Nesse contexto, imaginemos a seguinte situação: João, pretendendo ser candidato a vereador na eleição que ocorrerá em 07/10/2012, filia-se ao Partido X em 30/09/2011, de modo a respeitar o prazo de um ano de filiação partidária. Não obstante à diligência de João, o Partido X, por desídia ou má-fé, não encaminha a sua lista de filiados para a Justiça Eleitoral no mês de outubro de 2011, razão pela qual permanece válida e inalterada a lista enviada anteriormente, em abril de 2011, quando João ainda não constava no rol de filiados do partido. 12 Diante dessa situação, em que João filiou-se ao Partido X mais de um ano antes da eleição, mas não houve envio da lista com o seu nome à Justiça Eleitoral, como ele poderá comprovar ao Juiz Eleitoral que cumpriu a condição de elegibilidade referente à filiação partidária? Em situações assim, comprovado o prejuízo por desídia ou má-fé, o filiado poderá requerer ao Juiz Eleitoral que intime o partido para que envie a lista com os dados do filiado no prazo que fixar não superior a 10 (dez) dias (Lei nº 9.096/95, art. 19, §2º). Essa lista que o partido encaminha à Justiça Eleitoral depois de intimado pelo magistrado chama-se “lista especial”. Para comprovar ao Juiz que de fato está filiado ao partido, o eleitor poderá instruir o seu requerimento com o comprovante de filiação que lhe foi entregue no momento da filiação (Lei nº 9.096/95, art. 17, parágrafo único). Surge uma questão: Ora, se o filiado recebe do partido um comprovante no momento em que sua filiação é deferida, por que não utilizar esse comprovante para fazer prova de que respeitou o prazo de filiação de um ano antes da eleição? Não seria mais prático do que esse procedimento ora estudado? A dúvida ganha um relevo ainda maior quando se consulta a Súmula TSE nº 20, que diz o seguinte: “A falta do nome do filiado ao partido na lista por este encaminhada à Justiça Eleitoral, nos termos do art. 19 da Lei nº 9.096, de 19.9.95, pode ser suprida por outros meios de prova de oportuna filiação”. Em que pese o acima exposto, o fato é que “a prova de filiação partidária, inclusive com vistas à candidatura a cargo eletivo, será feita com base na última relação oficial de eleitores recebida e armazenada no sistema de filiação” (Resolução TSE nº 23.117/09, art. 21. Ver também Resolução TSE nº 19.406/95,art. 36, §6º). Ademais, quanto à aplicação da Súmula TSE nº 20, a jurisprudência é no seguinte sentido:“[...]. Filiação partidária. Documentos produzidos unilateralmente. Ausência de fé pública. Súmula nº 20/TSE. Não incidência. Indícios. Irregularidades. Assinaturas. [...].Documentos produzidos unilateralmente por partido político ou candidato – na espécie, ficha de filiação, ata de reunião do partido e relação interna de filiados extraída do respectivo sistema – não são aptos a comprovar a filiação partidária, por não gozarem de 13 fé pública. Não incidência da Súmula nº 20/TSE. [...].” (TSE – Ac. de 6.10.2010 no AgR-REspe nº 338745, rel. Min. Aldir Passarinho Junior.) Assim, a lista é necessária, independentemente da existência de comprovante de filiação. O eleitor pode fazer uso do comprovante de filiação para provar ao Juiz que tem direito de ser incluído na lista a ser enviada pelo partido, mas não para substituí-la como meio de prova do tempo de filiação partidária.A lista é tão importante porque é inserida no sistema informatizado que, no momento do registro do candidato, faz o cruzamento das informações e verifica automaticamente se o eleitor alcançou, ou não, todas as condições de elegibilidade (sem prejuízo, é claro, da posterior e obrigatória análise subjetiva do Juiz, no exercício do seu poder-dever de prestar jurisdição). Por derradeiro, cumpre destacar que a Resolução TSE nº 21.707/04 estabelece que a regra é o órgão de direção municipal correspondente à Zona Eleitoral do filiado encaminhar as listas à Justiça Eleitoral, nos meses de abril e outubro de cada ano. Contudo, não é vedado que as listas sejam enviadas pelos órgãos regional ou nacional, desde que declarem expressamente que o envio foi feito em nome do partido e que a lista contém todos os filiados no município. Caso o cartório eleitoral, no prazo legal, receba mais de uma lista oriunda de órgãos diferentes do mesmo partido (uma do diretório regional e outra do municipal, por exemplo), o Juiz deverá intimar ambos os envolvidos para sanarem a divergência no prazo de até 10 (dez) dias, sob pena de ficar valendo a primeira lista enviada. 7.5- Desligamento do partido. Há duas maneiras de o filiado desligar-se do partido: a) por iniciativa dopróprio filiado; b) por iniciativa do partido. Para desligar-se por iniciativa própria, o filiado faz comunicação escrita ao órgão de direção municipal do partido e ao Juiz Eleitoral da Zona em que for 14 inscrito. Decorridos dois dias da entrega da comunicação a ambos, o vínculo torna-se extinto para todos os efeitos. Veja que não se trata de requerimento de desfiliação, pois o partido não pode negar a saída do filiado. Trata-se apenas de uma comunicação por escrito da desfiliação. Mas e se não houver órgão de direção do partido no município, a quem o filiado fará a comunicação de desfiliação? A Resolução TSE nº 23.117/2009, em seu art. 13, §5º, permite que a comunicação seja feita apenas ao Juiz da Zona Eleitoral em que o filiado for inscrito, na hipótese de inexistência de órgão municipal do partido ou comprovada impossibilidade de localização do seu representante. Frise-se: apenas nessas duas possibilidades admite-se comunicação exclusivamente ao Juiz Eleitoral. Em qualquer outra situação a comunicação deve ser feita obrigatoriamente a ambos: Juiz e órgão de Direção Municipal. O desligamento por iniciativa do partido ocorre em algumas situações previstas em lei, quando deve haver o cancelamento imediato da filiação. As situações estão elencadas no art. 22 da Lei nº 9.096/95: I – morte, II – perda dos direitos políticos, III – expulsão, IV – outras formas previstas no estatuto, com comunicação obrigatória ao atingido no prazo de quarenta e oito horas. Observe que apenas a perda dos direitos políticos gera o imediato cancelamento da filiação, não a suspensão dos direitos políticos. No caso de expulsão do filiado ou de cancelamento da filiação por conta de outras formas previstas no estatuto, deve ser facultado ao interessado, antes do cancelamento, o exercício do contraditório e da ampla defesa. Ou seja: o cancelamento imediato ocorre após a decisão do partido, que deverá ser precedida de oportunidade de contraditório e ampla defesa. 7.6- Dupla filiação partidária. 15 O nosso ordenamento jurídico, com a finalidade de evitar que a dupla filiação partidária desvirtue o certame eleitoral, veda que o eleitor possua, ao mesmo tempo, mais de uma filiação partidária. Ora, se o eleitor pudesse filiar-se regularmente a mais de um partido concomitantemente, poderia, então, candidatar-se por mais de um partido, o que causaria uma grande desordem no pleito, além de contrariar toda a lógica partidária, já que não poderia defender simultaneamente, perante o eleitorado, duas ideologias distintas ou até mesmo conflitantes. O art. 320 do Código Eleitoral considera crime o eleitor filiar-se a mais de um partido (leia o artigo). O parágrafo único do art. 22 da Lei nº 9.096/1995 trata da questão nos seguintes termos: Art. 22. (…) Parágrafo único. Quem se filia a outro partido deve fazer comunicação ao partido e ao juiz de sua respectiva Zona Eleitoral, para cancelar sua filiação; se não o fizer no dia imediato ao da nova filiação, fica configurada dupla filiação, sendo ambas consideradas nulas para todos os efeitos. Como se observa, no momento em que o eleitor se filia a um segundo partido político sem providenciar, no máximo até o dia imediato a segunda filiação, a desfiliação da primeira agremiação, ambas as filiações são, por força de lei, consideradas nulas para todos os efeitos. A decisão judicial que declara a nulidade das filiações é precedida de regular processo administrativo, que segue o rito do art. 12 da Resolução TSE nº 23.117/09. O recurso da decisão que declara a nulidade das filiações em duplicidade não tem efeito suspensivo, nos termos do art. 257 do Código Eleitoral. 8- DA FIDELIDADE E DA DISCIPLINA PARTIDÁRIAS. A temática relacionada à fidelidade partidária provocou diversos debates no cenário político por muitos anos. Discutia-se, inicialmente, se o mandato eletivo pertencia à agremiação partidária ou se seria um direito subjetivo do 16 candidato, independentemente do fato de ter este sido eleito em razão da contribuição dos votos de legenda ou do aproveitamento de sobras partidárias. O assunto ficou restrito, pelo lustro que se seguiu à promulgação da Carta Política, à disciplina interna dos partidos, pois a Constituição sempre se referiu ao princípio da fidelidade partidária em seu artigo 17, § 1º, dispondo que o estatuto do partido é que deveria "estabelecer normas de disciplina e fidelidade partidária". Contudo, o artigo 26 da Lei nº 9.096/95 ("Lei dos Partidos Políticos") inovou ao estabelecer que o parlamentar que deixasse o partido sob cuja legenda tivesse sido eleito deveria perder a função ou cargo que exercesse na respectiva Casa Legislativa. Tal previsão legal, apesar de extremamente cristalina, permaneceu sem aplicação em face de um entendimento do Supremo Tribunal Federal que se protraiu no tempo, segundo o qual a infidelidade partidária não repercutiria sobre o mandato eletivo. Desse modo, a sanção partidária máxima, para atos de infidelidade, era a exclusão dos quadros do partido. O mandato, nessa concepção, se ligava ao patrimônio subjetivo do candidato eleito, pois quando este mudava de partido levava consigo o direito de continuar exercendo o cargo para o qual tinha sido eleito. O Tribunal Superior Eleitoral, em 2007, ao responder à Consulta nº 1.398, do Partido da Frente Liberal (PFL), atualmente Democratas (DEM), fixou, por maioria, entendimento contrário ao que vigia na Excelsa Corte. Para o TSE, "os partidos políticos e as coligações conservam direito à vaga obtida pelo sistema eleitoral proporcional, quando houver pedido de cancelamento de filiação ou transferência de um candidato eleito por um partido para outra legenda". Houve confirmação desse entendimento, relativamente ao mandato obtido pelo sistema majoritário, na resposta que a referida Corte prestou à Consulta nº 1.407. Ao julgar os Mandados de Segurança nº 26.602, nº 26.603 e nº 26.604, o Supremo Tribunal Federal ratificou a orientação jurisprudencial inaugurada pelo TSE, no sentido de que o mandato eletivo, obtido tanto pelo sistema proporcional, como pelo majoritário, pertence ao partido político ou coligação, possibilitando a essas agremiações pleitear, perante a Justiça Eleitoral, a 17 decretação da perda do mandato eleitoral em decorrênciada desfiliação partidária. O Supremo Tribunal Federal, apesar de ter definido que o mandato pertence ao partido político ou à coligação, deixou a cargo do Tribunal Superior Eleitoral a fixação de hipóteses em que o desligamento pode ocorrer por justa causa. Nesses casos, o candidato eleito pode permanecer em exercício do mandato independentemente de sua desfiliação. Essas situações são as definidas no artigo 1º da Resolução TSE nº 22.610/07, que possui o seguinte teor: “Art. 1º - O partido político interessado pode pedir, perante a Justiça Eleitoral, a decretação da perda de cargo eletivo em decorrência de desfiliação partidária sem justa causa”. § 1º - Considera-se justa causa: I)incorporação ou fusão do partido; II)criação de novo partido; III)mudança substancial ou desvio reiterado do programa partidário; IV) “grave discriminação pessoal.” Patente está, ante a norma transcrita, que nenhum candidato perderá o seu mandato caso peça desfiliação para criar novo partido (artigo 1º, §1º, inciso II, da Resolução TSE 22.610). Observa-se, no entanto, que das quatro hipóteses elencadas pela Justiça Eleitoral somente essa se relaciona com conduta a ser perpetrada pelo representante eleito, e não a um proceder atribuível à agremiação partidária. É que o desligamento para criação de novo partido, quando não acompanhado de perseguição pessoal, mudança no programa, fusão ou incorporação do partido já existente, é decisão unilateral e espontânea do filiado. Os partidos podem reclamar à Justiça Eleitoral a devolução do cargo eletivo. Mas apenas os tribunais podem decretar se houve justa causa na desfiliação, contudo o estatuto do partido deve conter normas sobre fidelidade e disciplina partidárias e processo para apuração das infrações e aplicação das penas, assegurando amplo direito de defesa. Os partidos podem impor sanções aos que na atuação parlamentar afrontem as diretrizes partidárias, pelo voto ou atitude. O eleito pode ser temporariamente afastado da bancada, ter o direito de voto suspenso nas reuniões internas ou perder as prerrogativas, 18 cargos e funções que exerça em decorrência da representação e da proporção partidária. 9. DA FUSÃO. A fusão partidária é o fenômeno pelo qual dois ou mais partidos fundem- se num só partido, por decisão de seus órgãos nacionais de deliberação, no qual nascerá uma pessoa jurídica de direito privado, gerando um novo partido com novo estatuto, acarretando a extinção das pessoas jurídicas fundidas que terão os seus respectivos registros cancelados junto ao TSE e ao registro civil, valendo o mesmo pelos seus estatutos. A fusão vislumbra alguns efeitos que refletem em outras questões de suma importância: Primeiramente, os membros deverão estar filiados para concorrer as eleições pelo menos um, ou antes, da data fixada para as eleições, conforme art.18 da lei 9.096/95, pois é a condição de elegibilidade constitucional, vide art. 14,3º, inciso V, da CF/88. Deve-se investigar acerca dos votos obtidos pelos partidos políticos participantes da fusão, na ultima eleição geral para a câmara dos deputados, de modo que deverão ser somadas para efeito de: Funcionamento Parlamentar, de distribuição de recursos do fundo partidário e também do acesso gratuito ao radio e tv (art. 29, 6,LOPP). Tal regra é de suma importância, vez que 95% do total arrecadado do fundo partidário, serão distribuídos aos partidos políticos na proporção dos votos obtidos na ultima eleição geral para a Câmara dos Deputados. 10- INCORPORAÇÃO. Ocorre quando uma organização partidária mediante deliberação por maioria dos votos do órgão nacional de deliberação convenção ou assembleia adota o estatuto e programa de outra agremiação. 19 Depois que o partido incorporado deliberar pela adoção do programa e estatuto do partido incorporador, os órgãos de deliberação de ambos, conjuntamente elegerão o novo órgão de direção nacional. O instrumento de incorporação deve ser averbado no cartório de registro civil e no TSE, após a averbação o partido incorporado deixa de existir. 11- EXTINÇÃO. Um partido politico pode ser extinto por iniciativa própria, mediante deliberação de seus membros, na forma prevista em seu estatuto, que deve prever as formalidades e o quórum necessário para essa deliberação, ou também compulsoriamente, por decisão do TSE, transitado em julgado determinando o cancelamento do registro civil e do estatuto do partido. Neste caso, há de ficar provado que o partido cometeu uma das seguintes ilicitudes (art.28) I- Ter recebido ou esta recebendo recursos financeiros de procedência estrangeira. II- Esta subordinada à entidade ou governo estrangeiro. III- Não ter prestado, nos termos da lei, as devidas contas à justiça eleitoral. IV- Que mantem organização paramilitar. 12. DO FUNDO PARTIDÁRIO Criado juntamente com a Constituição Brasileira de 1988, o Fundo Partidário Nacional nasceu com o objetivo de fortalecer os partidos políticos, garantido a diversidade e a autonomia financeira das legendas. Atualmente existem 27 partidos políticos registrados no Tribunal Superior Eleitoral, todos aptos a receber parte do montante destinado ao Fundo. Os recursos do Fundo são provenientes do orçamento da União. O Fundo Partidário Nacional também recebe recursos provenientes de multas, 20 como aquelas pagas pelos eleitores em situação irregular, e as que são originadas em condenação judicial eleitoral de políticos e candidatos. Conforme o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), cerca de R$ 155 milhões do orçamento da União foram destinados ao fundo em 2009, que recebeu ainda 30 milhões de reais provenientes de multas. Em 2010, ano eleitoral, a quantia destinada ao Fundo Partidário Nacional superou R$ 200 milhões, sendo R$ 160 milhões provenientes do orçamento obtido por meio da arrecadação de impostos e mais de R$ 40 milhões derivados das multas eleitorais. A legislação eleitoral garante total autonomia aos partidos políticos, que fazem uso dos recursos considerando as decisões internas. A mesma legislação traz como obrigação a prestação de contas anuais que, em se tratando de diretório nacional, são apreciadas pelo Tribunal Superior Eleitoral. A lei obriga ainda que os diretórios estaduais apresentem anualmente os demonstrativos de gastos ao Tribunal Regional Eleitoral da federação, enquanto os diretórios municipais devem apresentar as contas ao cartório eleitoral da sua cidade. Nas eleições gerais de 2010, os partidos políticos que decidiram utilizar os recursos do fundo partidário nas campanhas eleitorais foram obrigados a apresentar uma prestação de contas específica, trazendo os gastos realizados como o fundo partidário. 13- A DISTRIBUIÇÃO DOS RECURSOS A forma de distribuição dos recursos continua sendo objeto de discórdia entre os partidos políticos, principalmente entre aqueles cuja representação parlamentar no Congresso Nacional é reduzida. Em 1995, foi aprovada a Lei nº 9.096 , que associou os critérios de distribuição dos recursos do fundo à chamada cláusula de barreira, dispositivo legal que restringia o funcionamento parlamentar, bem como o acesso aos recursos, somente para os partidos que obtinham 5% dos votos válidos do 21 país. Os votos também deveriam atingir, pelo menos, um terço dos Estados brasileiros, com o mínimo de 2% do total de votos em cada uma das unidades da Federação. O art. 41 da Lei estabelecia então que a distribuição atenderia o seguinte critério: 1% do total dos recursos seria distribuído de maneira uniforme. 99% dos recursospertencentes ao Fundo seriam distribuídos de maneira proporcional, observando a representatividade das agremiações políticas no Congresso Nacional. O dispositivo legal teria validade a partir da composição política do Congresso empossado em 2007. Contudo, no final de 2006, o Supremo Tribunal Federal, em decisão proferida no julgamento de duas Ações de Declaração de Inconstitucionalidade movidas por diversos partidos políticos, declarou que o artigo que regulamentava a distribuição dos recursos feria os dispositivos constitucionais da nação. Ainda em 2007, o Congresso Nacional aprovou a Lei nº 11.459 , que foi sancionada pelo Presidente Luis Inácio Lula da Silva. No texto, ficou decidido que os recursos do Fundo seriam divididos considerando os seguintes critérios: 5% dos recursos divididos igualitariamente entre os partidos registrados no TSE, 95% do restante divididos considerando-se a proporcionalidade das agremiações partidárias no Congresso. Atualmente, é este o critério que vem sendo aplicado. O diretório nacional tem total autonomia para gerir e definir a forma de utilização dos recursos do fundo partidário. Não existe na legislação eleitoral dispositivos que obriguem a distribuição do dinheiro para os diretórios estaduais e municipais, mas é comum a transferência de recursos entre as instâncias partidárias. Apesar de se tratar de recurso público, não é incomum encontrar diretórios regionais que não prestam contas, ou que apresentam as informações com comprovantes irregulares, o que leva o Tribunal Regional Eleitoral a aplicar sanções como multas e suspensão temporária do repasse do 22 Fundo Partidário Nacional. Somente este ano, mais de dez diretórios estaduais tiveram as contas reprovadas. 14- DA PRESTAÇÃO DE CONTAS Compete àjustiça eleitoral a fiscalização sobre a escrituração contábil e a prestação de costas dos partidos e das despesas de campanha eleitoral (art.34 e incisos da lei 9.096/95 c/c art.17, inciso III da CF). 14.1- Formas de prestação de contas: Existe a apresentadapelos partidos políticos através de seus órgãos de direção nacional, regional e municipal. Prestação de contas de campanha eleitoral: apresentada pelos candidatos e comitês financeiros após a campanha eleitoral. Os partidos devem manter escrituração contábil, sob a responsabilidade de profissional habilitado em contabilidade, de forma a permitir a aferição da origem e aplicação de seus recursos, bem como de sua situação patrimonial. Legislação Aplicada: Lei 9.096/95, artigos 30 ao 44 Resolução TSE n.º 21841/2004 14.2- Prazo “Art. 32. O partido está obrigado a enviar, anualmente, à Justiça Eleitoral, o balanço contábil do exercício findo, até o dia 30 de abril do ano seguinte.” ( Lei n.º 9096/95) Caso a data limite ocorra em final de semana, que não haja funcionamento do cartório eleitoral ou em feriado, valerá a regra do código Civil, que determina a dilação do prazo para o primeiro dia útil seguinte após o final de semana ou feriado. Até julho de 2004- art. 6º Resolução TSE n.º 19.768/96. 23 As informações constantes dos demonstrativos exigidos pela Resolução TSE n.º 19.768/96, deveriam ser extraídas dos livros contábil Diário e Razão, cuja apresentação não era exigida pela Justiça Eleitoral. Atualmente é obrigatória a entrega, junto com a prestação de contas anual dos partidos, dos livros Razão e Diário, este último obrigatoriamente registrado no Cartório de Registro Civil das Pessoas Jurídicas. Balanço Patrimonial Demonstração de Resultado Demonstração de Lucros e Prejuízos acumulados Demonstração das mutações do Patrimônio líquido Demonstração das origens e Aplicações dos Recursos Demonstrativo de Receitas e Despesas Demonstrativo de Obrigações a Pagar Esses são alguns demonstrativos. Registro nos livros Diário e Razão, com base em documentos fiscais( prova material). Diário- Os registros contábeis são efetuados em ordem cronológica e disposição técnica segundo as normas de contabilidade. Razão- Registra todas as operações de forma analítica, agrupando-as por conta emconformidade com plano de contas. Sistema de prestação de contas partidárias- SPCP A Justiça Eleitoral criou o Sistema de Prestação de Contas Partidárias- SPCP, que gera um arquivo para leitura na recepção e imprime todos os demonstrativos da prestação de contas, inclusive os livros Diário e Razão. Para o exercício 2005, a utilização do SPCP foi facultativa ( Resolução TSE n.º 22.067/2005), mas as peças apresentadas já foram as litadas no art.14, incisos I e II da Resolução TSE n. 21.841/2004. Para o exercício financeiro, a utilização do SPCP seria obrigatória, no entanto, um requerimento assinado por 8 partidos políticos enseja nova decisão sobre o assunto: “ Exclusão da obrigatoriedade do SPCP para o exercício financeiro, formação de grupo de estudo para viabilizar novo sistema, a partir do exercício financeiro. Importante: as demonstrações exigidas no art.14,I, da Res. TSE n.º 21.841/2004 -BP,DRE,DLPA ,DMPL E DOAR, devem conter assinatura do 24 profissional contábil legalmente habilitado, com indicação de sua categoria profissional e de seu registro no CRC- selo DHP- Declaração de Habilitação Profissional( Resolução CFC n.º 871/2000). Importante: qualquer situação em que o partido receba doação ( seja em dinheiro ou estimáveis), este deverá emitir recibo ao doador, com cópia para a contabilidade, a fim de servir de comprovante de lançamento de Receita de Doação. Não apresentação dascontas: o art.18 da Resolução TSE n.º 21.841/2004, determina que a falta de suspensão automática do fundo Partidário do respectivo órgão partidário, independente de provocação e de decisão, e sujeita os responsáveis ás penas da lei. 14.3- Das Sanções: RONI- Suspensão, com perda, de novas contas do FP, até esclarecimento; Fontes vedadas- Suspensão, com, perda, de participação do FP por um ano e , passar recursos recebidos indevidamente para o FP; Omissão na prestação de contas-Suspensão, com perda, de novas cotas do FP, pelo tempo em que permanecer omisso; Contas Desaprovadas- Suspensão, com perda, de participação no FP pelo período de um ano. Da competência para análise técnica e julgamento das contas O art.19 determina que cabe ás unidades responsáveis pelas contas eleitorais e partidárias examinar e opinar sobre a regularidade das contas anuais do partidos políticos apresentados á Justiça eleitoral em sua esfera de competência. TSE- DIRETÓRIOS NACIANAIS; TER- DIRETÓRIOS ESTADUAIS OU REGIONAIS; JUIZ ELEITORAL- DIRETORIOS MUNICIPAIS OU ZONAIS E COMISSÕES PROVISÓRIAS MUNICIPAIS. 15. DO ACESSO GRATUITO AO RADIO E TV 25 15.1- Gratuidade. Toda a propaganda eleitoral realizada no rádio e na televisão deve necessariamente ser gratuita. A propaganda eleitoral nesses veículos não pode ser paga em hipótese alguma. Há duas modalidades de exibição da propaganda eleitoral gratuita no rádio e TV: a) em blocos; b) em inserções. 15.2- Período. A propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão ocorrerá, em primeiro turno, nos 45 dias anteriores à antevéspera da eleição (Lei nº 9.504/97, art. 47). No segundo turno deverá ter início a partir de 48h após a proclamação dos resultados do primeiro turno, devendo cessar na antevéspera da eleição. Perceba que no primeiro turno o último dia de propaganda eleitoral gratuita é o dia anterior à antevéspera da eleição, ao passo que no segundo turno o último dia é a própria antevéspera. 15.3- Linguagembrasileira de sinais. A propaganda eleitoral gratuita na TV deve obrigatoriamente utilizar a Linguagem Brasileira de Sinais (Libras) ou o recurso de legenda, que constará obrigatoriamente do material entregue às emissoras. Perceba que embora normalmente o material utilize as legendas e o recurso de libras, não há obrigatoriedade de utilizá-los concomitantemente, sendo possível optar por um ou outro. 26 15.4- Quem deve transmitir a propaganda eleitoral gratuita. 1 - As emissoras de rádio, inclusive as rádios comunitárias. 2 - As emissoras de televisão que operam em VHF e UHF. 3 - Os canais de televisão por assinatura sob a responsabilidade do Senado Federal, da Câmara dos Deputados, das Assembléias Legislativas e da Câmara Legislativa do Distrito Federal. Emissoras não autorizadas a funcionar pelo poder competente estão sujeitas à multa caso veiculem propaganda eleitoral (a medida tem a finalidade de impedir que emissoras piratas sejam instaladas com o único intuito de transmitir propaganda eleitoral). 15.5- Comercial na propaganda eleitoral. Não é possível nenhum tipo de propaganda comercial na propaganda eleitoral gratuita, ainda que de modo indireto ou dissimulado. 15.6- Vedações no semestre em que ocorre a propaganda eleitoral. Toda a propaganda eleitoral no rádio e na televisão deve ser veiculada exclusivamente no horário de propaganda eleitoral gratuita. Para impedir que candidatos e partidos tentem burlar essa regra por intermédio de artifícios maliciosos, a legislação eleitoral veda as seguintes condutas no semestre da eleição, tanto na programação normal quanto nos noticiários (desde o dia 1º de julho do ano da eleição): I - transmitir, ainda que sob a forma de entrevista jornalística, imagens de realização de pesquisa ou qualquer outro tipo de consulta popular de 27 natureza eleitoral em que seja possível identificar o entrevistado ou em que haja manipulação de dados; II - usar trucagem, montagem ou outro recurso de áudio ou vídeo que, de qualquer forma, degradem ou ridicularizem candidato, partido ou coligação, ou produzir ou veicular programa com esse efeito; III - veicular propaganda política ou difundir opinião favorável ou contrária a candidato, partido, coligação, a seus órgãos ou representantes; IV - dar tratamento privilegiado a candidato, partido ou coligação; V - veicular ou divulgar filmes, novelas, minisséries ou qualquer outro programa com alusão ou crítica a candidato ou partido político, mesmo que dissimuladamente, exceto programas jornalísticos ou debates políticos; VI - divulgar nome de programa que se refira a candidato escolhido em convenção, ainda quando preexistente, inclusive se coincidente com o nome do candidato ou com a variação nominal por ele adotada. Sendo o nome do programa o mesmo que o do candidato, fica proibida a sua divulgação, sob pena de cancelamento do respectivo registro. Observe um detalhe: no semestre da eleição não é possível divulgar nome de programa que se refira a candidato, mas desde a escolha em convenção (o que ocorre no semestre anterior ao da eleição) não pode haver programa apresentado por candidato escolhido em convenção. 15.7- Aparição de um candidato na propaganda de outro. O partido político pode utilizar na propaganda eleitoral dos seus candidatos em âmbito regional a imagem e a voz de candidato ou militante de partido político que integre sua coligação em âmbito nacional. 28 Veja que não se exige que os partidos estejam coligados também em âmbito regional, bastando a coligação em âmbito nacional. Assim, se um partido isoladamente lançar candidato a Governador em um Estado, o candidato a Presidente da República por outro partido com o qual esteja coligado nacionalmente poderá aparecer na propaganda eleitoral do candidato a governador. Se forem do mesmo partido ou coligação, os candidatos que concorrem pelo sistema proporcional podem fazer depoimentos na propaganda dos candidatos que concorrem pelo sistema majoritário, e vice-versa. Essa aparição, no entanto, deve consistir apenas em pedido de voto ao candidato que cedeu o tempo. Jamais pode o candidato entrar no horário de outro para pedir votos para si mesmo. 15.8- Troca de horários entre candidatos aos cargos proporcionais e majoritários. Os horários destinados aos candidatos que concorrem aos cargos disputados pelo sistema proporcional não podem ser utilizados para propaganda dos candidatos que concorrem as cargos disputados pelo sistema majoritário, e vice-versa. Em que pese a regra acima, ela não impede que na propaganda dos candidatos aos cargos proporcionais apareçam legendas mencionando o candidato ao cargo majoritário, bem como fotos ou cartazes do mesmo. 15.9- Propaganda ofensiva à honra de candidato, à moral e aos bons costumes. Embora não se permita censura prévia ou cortes instantâneos, a Justiça Eleitoral pode impedir que seja reapresentada a propaganda eleitoral ofensiva à honra de candidato, à moral e aos bons costumes, pois é vedada a 29 propaganda eleitoral que possa degradar ou ridicularizar candidatos (Lei nº 9.504/97, art. 53, §1º). Veja que, como não cabe censura prévia à propaganda eleitoral, não se impede a apresentação, mas sim areapresentação da propaganda. Para que a propaganda seja impedida de ser reapresentada a Justiça Eleitoral deve ser provocada por partido político, coligação ou candidato, e embora a lei eleitoral não diga expressamente, o Ministério Público também possui legitimidade para atuar nesse sentido. 15.10- Distribuição da propaganda eleitoral gratuita nos dias da semana (programas em bloco). Cargos Dias Presidente da República, Deputado Federal, Vereador. terças-feiras, quintas-feiras e sábados. Governador, Senador, Deputado Estadual/Distrital, Prefeito. segundas-feiras, quartas-feiras, sextas-feiras. Obs.: no segundo turno a propaganda eleitoral gratuita ocorre todos os dias da semana, inclusive aos domingos. 15.11- Duração da propaganda eleitoral gratuita (programas em bloco). Meio de divulgação Horários 30 Televisão Tarde: 13:00h às 13:50h Noite: 20:30h às 21:20h Rádio Manhã: 7:00h às 7:50h Tarde: 12:00h às 12:50h. Como podemos ver, há dois programas em bloco por dia, cada um com 50 minutos (primeiro turno). No segundo turno, haverá dois programas em bloco de apenas 20 minutos cada. 15.12- Distribuição do tempo de propaganda eleitoral gratuita. O horário de propaganda eleitoral gratuita será distribuído apenas aos partidos e coligações que atendamcumulativamente a dois requisitos: a)tenham candidato; b)tenham representação na Câmara dos Deputados. Depois de verificados os requisitos acima, o tempo destinado a cada partido ou coligação observará os seguintes critérios: a)1/3 do tempo será distribuído igualitariamente entre todos os partidos e coligações; b)2/3 do tempo é destinado aos partidos e coligações na proporção da representação que possuem na Câmara dos Deputados. Tratando-se de coligação, considera-se sua representação como a soma de todos os representantes de cada partido que a compõe. 31 A representação de cada partido ou coligação é a resultante da eleição, não se considerando alterações posteriores, advindas, por exemplo, de evasão dos filiados, troca de partido etc. Se houver fusão ou incorporação de partidos, considerar-se-áa soma da representação que existia para cada um deles em decorrência da eleição. 15.13- Propaganda eleitoral gratuita em inserções. Além da propaganda eleitoral gratuita que é exibida por intermédio de programas contínuos (blocos), há também 30 minutos diários de inserções de até 60 segundos, que são distribuídas ao longo do dia, entre 08:00h e 24:00h, nos intervalos comerciais da programação normal do rádio e da TV. Caso a gravação da inserção fornecida à emissora tenha mais de 60 segundos, será cortada a parte final. É vedado na propaganda eleitoral por inserções: a) utilização de gravações externas; b) montagens ou trucagens; c)computação gráfica, desenhos animados e efeitos especiais; d) veiculação de mensagens que possam degradar ou ridicularizar candidato, partido ou coligação. Tanto no primeiro turno quanto no segundo o tempo diário de inserções é o mesmo: 30 minutos. Há inserções em todos os dias da semana. 15.14- Plano de mídia. 32 Segundo o Glossário Eleitoral do TSE o plano de mídia é “elaborado em conjunto pelos tribunais eleitorais, partidos políticos e representantes das emissoras, destinado à organização das inserções no horário eleitoral gratuito reservado aos partidos e coligações concorrentes às eleições majoritária e proporcional. Não havendo acordo, a Justiça Eleitoral será a responsável por elaborar o plano de mídia.” A partir do dia 08 de julho do ano da eleição a Justiça Eleitoral convocará os partidos políticos e os representantes das emissoras de rádio e televisão para elaborarem o plano de mídia. É garantida a todos a participação nos horários de maior ou menor audiência. 15.15- Debates no rádio, na televisão e na internet antes do período de propaganda eleitoral. Os debates, ao contrário do que normalmente se pensa, não são apenas para candidatos já registrados como tal, pois filiados e pré-candidatos também podem participar de debates no rádio, na televisão e na internet antes do dia 06 de julho do ano da eleição, apresentando inclusive suas plataformas e projetos políticos (Lei nº 9.504/97, art. 36-A). Esse tipo de aparição não é considerada propaganda eleitoral antecipada. Não obstante, para que ocorram esses “debates antecipados”, devem ser obedecidas duas exigências da lei: a) não pode haver pedido de voto; b) não pode haver tratamento diferenciado a partido ou candidato. 15.16- Debates no período de propaganda eleitoral. Nesses debates é obrigatória a presença de candidatos cujos partidos possuam representação na Câmara dos Deputados e facultada a dos demais 33 candidatos (considera-se a representação decorrente da eleição anterior, não se leva em conta alterações posteriores). As regras desses debates devem ser estabelecidas conjuntamente por intermédio de acordo celebrado entre os partidos envolvidos e a pessoa jurídica interessada na transmissão, dando-se ciência à Justiça Eleitoral (Lei nº 9.504/97, art. 46, §4º). As regras serão aprovadas se contarem com a anuência de pelo menos 2/3 dos candidatos aptos aos cargos majoritários, ou 2/3 dos partidos ou coligações com candidatos aptos, no caso de eleição proporcional. Se não houver acordo aprovado nos termos acima, serão utilizados os critérios da lei (Lei nº 9.504/97, art. 46), que são os seguintes: I – nas eleições majoritárias, a apresentação dos debates poderá ser feita: a) em conjunto, estando presentes todos os candidatos a um mesmo cargo eletivo; b) em grupos, estando presentes, no mínimo, 3 candidatos. II – nas eleições proporcionais, os debates deverão ser organizados de modo que assegurem a presença de número equivalente de candidatos de todos os partidos políticos e coligações a um mesmo cargo eletivo, podendo desdobrar-se em mais de 1 dia. Independentemente de as regras serem estabelecidas por acordo entre partidos e emissora ou por adoção dos critérios legais, é necessário observar que: a) não se admite a presença de um mesmo candidato a cargo disputado por sistema proporcional em mais de um debate da mesma emissora; 34 b) o limite para transmissão de debates é até 24:00h do dia anterior à antevéspera da eleição no primeiro turno, sendo que no segundo turno o limite é até 24:00h da própria antevéspera; c) será permitido que ocorra debate sem a presença de representante de partido ou coligação, desde que o veículo de comunicação comprove que o convidou com antecedência mínima de 72h; d) se apenas um dos convidados comparecer ao debate, o tempo destinado ao debate poderá ser utilizado para simplesmente entrevistar esse candidato. 16- ORGANIZAÇÃO POLITICO-ADMINISTRATIVA DO ESTADO 16.1- Noções Gerais: A organização político-administrativa do Estado brasileiro é formada pela União, os estados-membros, o Distrito Federal e os municípios, sendo-lhes garantida autonomia, pela Constituição Federal de 1988. Esta autonomia está caracterizada no poder de organização política, administrativa, tributária, orçamentária e institucional de cada um daqueles entes, limitada por outras disposições constitucionais ou legais dela decorrentes. Esta organização diz respeito a forma pela qual os Estados têm estrutura para atingir seus fins, e devem sempre conservar os princípios da supremacia do interesse público sobre o privado e da indisponibilidade do interesse público. Para aparar aos postulados constitucionais, as atribuições administrativas foram divididas entre a União, os estados-membros, o Distrito Federal e os municípios, descentralizando em três partes, sendo em nível nacional, estadual e municipal. Trata-se de um mecanismo de manutenção de diferenças culturais e regionais em grandes territórios, como um meio de atingir a unidade preservando o pluralismo. Assim temos uma multiplicidade de organizações governamentais distribuídas regionalmente, com repartição de poderes e dotadas de autonomia. 35 Já a organização administrativa diz respeito ao ordenamento estrutural dos órgãos que compõem a administração pública. Para Meireles, a administração pública, é o conjunto de órgãos instituídos para consecução dos objetivos do governo. Em sentido material, é o conjunto das funções necessárias aos serviços públicos em geral. Em acepção operacional, é o desempenho perene e sistemático, legal e técnico, dos serviços públicos próprios do Estado ou por ele assumidos em benefício da coletividade. 16.2. Organização do Estado no Brasil: - Forma de Governo: República. - Sistema de Governo: Presidencialismo. - Forma de Estado: Federação. Preceitua o Art. 1ª caput, da CF/88 que a República Federativa do Brasil é firmada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constituindo-se em Estado Democrático de Direito, sendo que o caput de seu art. 18 complementa, estabelecendo que “a organização político- administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta constituição.” 16.3- União É definida no Art. 18 da CF/88, como uma pessoa jurídica de direito público, representando o governo Federal, no âmbito interno e da República Federativa do Brasil no âmbito externo. Segundo David Araújo e Serrano Nunes, “a União age em nome de toda a Federação quando, no plano internacional, representa o País, ou, no plano interno, intervém em um Estado-membro. Outras vezes, porém, a União age por si, como nas situações em que organiza a JustiçaFederal, realiza uma obra pública ou organizada o serviço público federal.” 36 16.4- Capital Federal: Brasília Juscelino Kubistschek, cumprindo mandamento constitucional de interiorização do País (art. 3º, CF/1881; art. 4º, caput, das Disposições Transitórias da CF/1934, e art. 4º, ADCT, CF/1946), inaugurou Brasília em 21.04.1960. Brasília é a capital Federal (art. 18 inciso 1º). Trata-se de inovação em relação a carta anterior, que estabelecia ser o Distrito Federal a capital da União(cf. item 7.7.1). 16.5- Estados Membros Os Estados Federados são autônomos, em decorrência da capacidade de auto-organização, autogoverno, autoadministração e autolegislação. Trata- se de autonomia, e não de soberania, na medida em que a soberania é um dos fundamentos da República Federativa do Brasil. Internamente, os entes federativos são autônomos, nos limites de suas competências, constitucionamente definidas, delimitadas e asseguradas. Constituem pessoas jurídicas de direitopúblico interno, autônomos, nos seguintes termos: - auto-organização: art.25, caput, que, como vimos, preceitua que os Estados se organizarão e serão regidos pelas leis e constituições que adotarem, observando-se, sempre, as regras e preceitos estabelecidos na CF. - autogoverno: os arts.27,28 e 125 estabelecem regras para a estruturação dos “Poderes”: Legislativo: Assembléia Legislativa; Executivo: Governador do Estado; e Judiciário: Tribunais e Juízes. - autoadministração e autolegislação: arts.18 e 25 a 28 – regras de competências legislativas e não legislativas. 16.6- Municípios 37 O Município pode ser definido como pessoa jurídica de direitopúblico interno e autônomo nos termos e de acordo com as regras estabelecidas na CF/88. Muito se questionou a respeito de serem os municípios parte integrantes ou não de nossa federação, bem como sobre sua autonomia. A análise dos arts. 1º e 18, bem como de todo capítulo reservado aos Municípios , leva-nos ao único entendimento de que eles são entes federativos, dotados de autonomia própria, materializada por sua capacidade de auto-organização, autogoverno, autoadministração e autolegislação. Internamente os entes federativos são autônomos, na medida de sua competência, constitucionalmente definida, delimitada e assegurada, mas trata- se de autonomia, e não de soberania, uma vez em que soberania é um dos fundamentos da República Federativa do Brasil. - Auto-organização: art.29, caput- os Municípios organizam-se por meio de Lei Orgânica, votada em dois tirnos, com o interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços dos membros da Câmara Municipal, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos na Constituição Federal, na Constituição do respectivo Estado e o preceituado nos incisos I a XIVdo art. 29 da CF/88. - Autogoverno: elege, diretamente, o Prefeito, Vice-Prefeito e Vereadores. - Autoadministração e autolegislação: art.30- O STF, ao destacar a essência da autonomia municipal, estabeleceu que a autoadministração implica a capacidade decisória quanto aos interesses locais, sem delegação ou aprovação hierárquica ( ADI 1.842, item 3 da ementa). 16.7- Territórios Federais Apesar de a primeira Contituição a tratar sobre Territórios ter sido a de 1934, foi na vigência da de 1891 que se estabeleceu o primeiro Território Federal no Brasil, qual seja, o do Acre, adquirido pelo Brasil pelo Tratado de 38 Petrópolis, assinado em 17.11.1903 coma República da Bolívia e pela qual se celebrou permuta de territórios (destacando que apenas em 08.09.1909 é que se pacificou a controvérsia em relação á fronteira com o Peru- cf. Art. VIII do estatuto). De acordo com o art. III do referidoTratado, “por não haver equivalência nas áreas dos territórios permutados entre as duas Nações, os Estados Unidos do Brasil pagarão uma indenização de 2.000.000 (dois milhões de libras estelinas), que a República da Bolívia aceita com o propósito de aplicar principalmente na construção de caminhos de ferro ou em obras tendentes a melhorar as comunicações e desenvolver o comércio entre os dois países.” 17- CONCLUSÃO Pode-se notar que os partidos políticos estão completamente viciados, onde a grande maioria dos candidatos se resume a laborar em benefício próprio ou de seus aliados, e a sociedade começa a sentir que seu direito de cidadania está sendo vilipendiado e começa a procurar alternativas cívicas diretas para se fazer ouvir. Porém nos dias de hoje, ainda que com menor intensidade, os partidos políticos continuam a desempenhar papel vital para o exercício da democracia, consoante os predicados de organização, interpretações de tendências e de convergência de opiniões, inerente ao sistema de representação política. A organização da República Federativa do Brasil está presente na Constituição Federal de 1988. Todo Estado precisa de uma correta organização para que sejam cumpridos os seus objetivos dentro da 39 administração pública. A divisão político-administrativa foi uma das formas encontradas para facilitar a organização do Estado Brasileiro. O trabalho em questão teve seu objetivo geral alcançado, já que discorreu de maneira condizente a respeito da proposta envolvendo osArtigos 17,18 e 19 da Constituição da República Federativa do Brasil. Assim, atingida a proposta projetada através do desenvolvimento temático pode-se notar, a criação, a fusão, incorporação, extinção, fundo partidário, prestação de contas, ou seja, como deve se proceder no caso da criação dos partidos políticos e da organização do estado, a união, a capital, os municípios, territórios, enfim, como é o funcionamento organizacional do nosso país. 18- BIBLIOGRAFIA http://www.justicaeleitoral.jus.br/arquivos/partidos-politicos-fundacao-criacao-e- registro-roteiros-eje http://g1.globo.com/politica/noticia/2013/10/por-6-1-tse-barra-partido-de-marina- silva-nas-eleicoes-de-2014.html http://redesustentabilidade.org.br/
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