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www.cers.com.br OAB XIV EXAME – PROJETO UTI 60 HORAS Direito Civil Luciano Figueiredo 1 Roteiro Parte Geral UTI Pessoa Física ou Natural Tema I 1) Para o Código Civil a aquisição da personalidade “começa do nascimento com vida” (art. 2°, CC). Adota, portanto, a teoria natalista. 2) O registro da pessoa natural consiste em ato meramente declaratório, pois a personalidade foi adquirida desde o nascimento com vida. Retroage, portanto, o registro, à data do nascimento. 3) A Lei Civil trata do nascituro quando, posto não o considere pessoa, coloca a salvo os seus direitos desde a concepção (art. 2º, CC). 4) Capacidade de Direito, Jurídica ou de Gozo: é uma capacidade genérica, adquirida juntamente com a personalidade. Assim, adquirida a personalidade jurídica, toda pessoa passa a ser capaz de direitos e deveres na ordem jurídica (art. 1 do CC). 5) Capacidade de Fato, Exercício ou Ação: consiste na capacidade de pessoalmente praticar atos da vida civil, agindo de forma autônoma. Logo, malgrado todos possuírem capacidade de direito, nem todos detém capacidade de exercício, a exemplo dos recém-nascidos. 6) Quando a pessoa física cumula a soma das duas capacidades, afirma-se que ela possui capacidade jurídica plena ou geral. Todavia, embora uma pessoa física possua a capacidade jurídica geral, há determinados atos que ela não poderá praticar sem uma legitimação, ou seja: sem uma autorização específica. Verificam-se como exemplo a vênia conjugal: A Outorga Uxória e Marital. O art. 1647 do CC elenca o rol de hipóteses que demandam a outorga: I - alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis; II - pleitear, como autor ou réu, acerca desses bens ou direitos; III - prestar fiança ou aval e IV - fazer doação, não sendo remuneratória, de bens comuns, ou dos que possam integrar futura meação. Caso o cônjuge, isoladamente, venha a praticar o ato que necessite da outorga (vide art. 1647 do CC), sem a respectiva autorização, a hipótese é de anulabilidade do ato, no prazo decadencial de 2 (dois) anos, contados do término da sociedade conjugal (vide art. 1649 do CC). Tal outorga não será exigida nos regimes de separação absoluta e no da participação final no aquestos se o pacto antenupcial autorizar a venda de bens imóveis particulares sem a referida autorização (arts. 1647 e 1656 do CC). 7) Atenção: são absolutamente incapazes (art. 3°, CC): I. Menores de 16 Anos, II. Aqueles que por enfermidade ou doença mental não tiverem o necessário discernimento para a prática desses atos. III. Aqueles que mesmo por causa transitória não puderem exprimir a sua vontade. 8) Por outro lado, são relativamente incapazes (art. 4º, CC): I. Os maiores de 16 (dezesseis) e menores de 18 (dezoito) anos. II. Ébrios habituais, viciados em tóxico e os que por doença mental tenha discernimento reduzido. III. Os excepcionais que não tenham desenvolvimento mental completo. IV. Pródigos. 9) O suprimento da incapacidade absoluta dá- se através da representação, quando o representante age no interesse do incapaz. De outro modo, na incapacidade relativa dá-se por meio da assistência, vale dizer, o relativamente incapaz pratica o ato jurídico juntamente com seu assistente, sob pena de anulabilidade. Na prova, RIA. 10) São hipóteses que cessam a incapacidade: I - Maioridade (18 anos completos), II – Melhora psíquica, III - Emancipação (ato irretratável e irrevogável. Pode ser: voluntária, judicial e legal. • Voluntária: aquela concedida por ambos os pais, ou por um deles na falta do outro, mediante instrumento público. Atente-se para a questão usual da prova: se a mãe detiver a guarda, ainda que unilateral, não poderá sozinha conceder a emancipação, pois guarda não extingue o poder familiar. www.cers.com.br OAB XIV EXAME – PROJETO UTI 60 HORAS Direito Civil Luciano Figueiredo 2 • Judicial: ocorre em duas situações apenas. É aquela concedida pelo tutor ao pupilo, com dezesseis anos completos, mediante decisão judicial ou, ainda, aquela determinada pela Justiça em casos de divergência entre os genitores (art. 1.631 do CC). • Legal: São as hipóteses previstas no art. 5º, parágrafo único, II e ss. do CC: a) Pelo casamento. Recordando que a dissolução posterior não vai interferir na emancipação; b) Exercício de emprego público efetivo; c) Colação de grau em ensino superior; d) O estabelecimento civil ou comercial, ou a existência de relação de emprego, desde que o menor, com 16 (dezesseis) anos completos tenha economia própria. 12) Extinção da Pessoa Física ou Natural: termina a existência da pessoa natural com a morte. A morte no direito nacional pode ser: a) Real b) c) Presumida: são hipóteses em que há impossibilidade de localização do cadáver. Sem procedimento de ausência (art. 7º, CC): há incidência normativa em duas hipóteses: a) quando extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida; b) na hipótese de desaparecimento em decorrência de campanha ou prisão, quando o desaparecido não for encontrado após 2 (dois) anos do término da guerra. Com procedimento de ausência: processo desdobrado em três fases: 1ª Fase – Curadoria de Bens do Ausente: O curador não será necessariamente quem iniciou o procedimento, havendo uma ordem preferencial estabelecida no artigo 25 do CC: a) O cônjuge, desde que não esteja separado judicialmente e nem de fato há mais de dois anos; b) Os pais; c) Os descendentes, preferindo os mais próximos em relação aos mais remotos; d) Curador dativo, à escolha do Juiz. 2ª Fase – Sucessão Provisória: começa após 1 (um) ano contado da data da decisão que mandou arrecadar os bens, ou 3 (três) anos após tal decisão, caso o ausente tenha deixado procurador (art. 26, CC). 3ª Fase – Sucessão Definitiva: inicia-se 10 (dez) anos após o trânsito em julgado da sentença que declarou aberta a sucessão provisória, ou 5 (cinco) anos depois das últimas notícias do ausente, se maior de 80 (oitenta) anos, como pontuam os artigos 37 e 38 do CC. Nesta fase há transmissão dos bens, em caráter definitivo. 13) Atenção: a morte presumida com decretação de ausência (art. 6º) dissolve o casamento (art. 1.571 do CC/02). Pessoa Jurídica Tema II 1) A existência da pessoa jurídica começa com a inscrição do ato constitutivo desta no registro competente, ex vi do artigo 45 do Código Civil. O registro tem, portanto, natureza constitutiva. 2) Tal registro gera a incidência da separação, independência ou autonomia. Assim, em regra, a pessoa física não poderá ser atingida por dívidas da pessoa jurídica. 3) Desconsideração da Personalidade Jurídica da Pessoa Jurídica (“Disregard Doutrine”): Objetiva o superamento episódico, e por via de exceção, da personalidade jurídica da pessoa jurídica, objetivando a satisfação do terceiro lesado junto ao patrimônio dos próprios integrantes da pessoa jurídica. O legislador civilista optou pelo o que denomina a doutrina de uma teoria maior, ao passo que elencou alguns requisitos, quais sejam: a) Pedido Expresso: Da Parte ou do Ministério Público, quando couber intervir no Processo – www.cers.com.br OAB XIV EXAME – PROJETO UTI 60 HORAS Direito Civil Luciano Figueiredo 3 é vedada no Código Civil a desconsideração de ofício pelo juiz. + b) Abuso da Personalidade: seja através do desvio de finalidade ou confusão patrimonial. Direitos da Personalidade Tema III 1) São direitos subjetivos que tem como características o fato de serem intransmissíveis, irrenunciáveis, indisponíveis,absolutos, extrapatrimoniais, inatos, imprescritíveis e vitalícios (interpretação elástica do art. 11 do CC). 2) Direitos da personalidade da pessoa jurídica: aplica-se no que couber os direitos da personalidade da pessoa física. É possível que a violação destes enseje danos morais ou patrimoniais (art. 52 do CC e Sumula 227 do STJ). Bens Jurídicos Tema III 1) Os bens jurídicos possuem diversas classificações. A mais importante: I. Imóveis e Móveis. São bens imóveis: a) Naturalmente imóveis: o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente (art. 79 do CC). b) Por força da lei (arts. 80 e 81 do CC): I - os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram; II - o direito à sucessão aberta; III - as edificações que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade, forem removidas para outro local e IV - os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se reempregarem. São bens móveis: a) Naturalmente móveis (art. 82 do CC): os bens suscetíveis de movimento próprio (semoventes), ou de remoção por força alheia, sem alteração da substância ou da destinação econômico-social. b) Móveis por Força da Lei (arts. 83 e 84 do CC): I - as energias que tenham valor econômico; II - os direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes; III - os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações; IV - Os materiais destinados a alguma construção, enquanto não forem empregados e V - conservam sua qualidade de móveis; readquirem essa qualidade os provenientes da demolição de algum prédio. Negócio Jurídico Tema V 1) O art. 104, CC elenca os requisitos necessários à validade do negócio jurídico. Quais sejam: I) Agente Capaz; II) Objeto Lícito, Possível, Determinado ou Determinável; III) Forma Prescrita ou Não Defesa em Lei. 2) As hipóteses de nulidade absoluta estão elencadas nos artigos 166 e 167 do CC. Possui as seguintes características: • Pode ser arguida pelas partes, por terceiro interessado, pelo Ministério Público, quando lhe couber intervir, ou, até mesmo, pronunciada de ofício (ex oficio) pelo Juiz; • A ação declaratória de nulidade é decidida por sentença com efeitos ex tunc (retroativos) e contra todos (erga omnes); • A nulidade pode ser reconhecida a qualquer tempo, não se sujeitando a prazo prescricional (imprescritível) ou decadencial. • O ato nulo pode ser convertido em um válido (art. 170 do CC/02). 3) As hipóteses de nulidade relativa estão elencadas no art. 171 do CC, sendo elas: I - por incapacidade relativa do agente; II - por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores. 4) O negócio jurídico anulável possui as seguintes características: Somente pode ser arguida pelos legítimos interessados; www.cers.com.br OAB XIV EXAME – PROJETO UTI 60 HORAS Direito Civil Luciano Figueiredo 4 A anulabilidade somente pode ser arguida, pela via judicial, em prazos decadenciais de 4 (regra geral) ou 2 (regra supletiva) anos, salvo norma específica em sentido contrário (art. 178 e 179, CC). O ato anulável pode ser convalidado, de forma expressa ou tácita e sem atingir o interesse de terceiros (art. 172 do CC). 5) Condição, termo, modo ou encargo são elementos acidentais ou acessórios do negócio jurídico. 6) Condição é evento futuro e incerto que condiciona o negócio jurídico e deriva da vontade humana das partes envolvidas no ato (art. 121, CC). 7) A condição suspensiva torna os efeitos do negócio jurídico pendentes. 8) A condição resolutiva, de seu turno, é aquela que, quando implementada, coloca fim ao negócio jurídico (resolve). 9) O Termo relaciona-se a um evento futuro e certo. Consiste no dia ou momento em que o negócio começa (termo inicial ou dies a quo) ou extingue a sua eficácia (termo final ou dies ad quem). 10) Modo ou Encargo é um ônus (restrição) imposto para que a parte usufrua benefício. 11) São defeitos do negócio jurídico: A) Erro ou Ignorância (arts. 138 a 144, CC): falsa percepção da realidade. O erro há de ser essencial. B) Dolo (Art. 145 a 150, CC): consiste no induzimento malicioso de alguém à prática de um ato que lhe seja prejudicial, mas proveitoso ao autor do dolo ou a terceiro. C) Coação Moral (arts. 151 a 155, CC). D) Estado de Perigo (art. 156, CC): configura- se o estado de perigo quando alguém, premido da necessidade de salvar-se, a pessoa de sua família, ou até mesmo terceiro, de grave dano, conhecido pela outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa. Difere-se da lesão por ser subjetivo (o estado de perigo é subjetivo e exige dolo de aproveitamento). E) Lesão (art. 157, CC): dois são os requisitos da lesão em destaque: i) Objetivo: manifesta desproporção entre as prestações estabelecidas no negócio; ii) Subjetivo: inexperiência ou premente necessidade de uma das partes, a qual é percebida pelas condições pessoais do contratante. 12) A lesão e a simulação são vícios sociais. Sendo a simulação uma causa de nulidade absoluta do negócio jurídico. Prescrição e Decadência Tema VI 1) Inércia do titular + decurso do tempo + pretensão = prescrição. 2) Inércia do titular + decurso do tempo + potestade = decadência. 3) A decisão fundada em prescrição gera extinção do processo com a resolução de mérito (art. 269, CPC) de modo que não será mais possível renovar a pretensão, sob pena de violência à coisa julgada material. 3) A decisão fundada em prescrição gera extinção do processo com a resolução de mérito (art. 269, CPC) de modo que não será mais possível renovar a pretensão, sob pena de violência à coisa julgada material. 5) Para o CC/02 são causas impeditivas ou suspensivas do prazo prescricional (art. 197 a 201 do CC): I - entre os cônjuges, na constância da sociedade conjugal; II - entre ascendentes e descendentes, durante o poder familiar; III - entre tutelados ou curatelados e seus tutores ou curadores, durante a tutela ou curatela; IV - contra os incapazes de que trata o art. 3o; V - contra os ausentes do País em serviço público da União, dos Estados ou dos Municípios; VI - contra os que se acharem servindo nas Forças Armadas, em tempo de guerra;VII - pendendo condição suspensiva; VIII - não estando vencido o prazo; IX - pendendo ação de evicção e X - Quando a ação se originar de fato que deva ser apurado www.cers.com.br OAB XIV EXAME – PROJETO UTI 60 HORAS Direito Civil Luciano Figueiredo 5 no juízo criminal, não correrá a prescrição antes da respectiva sentença definitiva. 6) “não corre a prescrição contra os incapazes de que trata o art. 3º” do CC/02, ou seja, contra os absolutamente incapazes. Contudo, quanto aos relativamente incapazes a prescrição corre, a teor do artigo 195 do CC/02. 7) Causas Interruptivas (art. 202) zeram o prazo, interrompendo-o para impor nova contagem, desde o início. A interrupção só poderá ocorrer uma única vez, como determina o caput do artigo 202. São suas causas: I - por despacho do juiz, mesmo incompetente, que ordenar a citação, se o interessado a promover no prazo e na forma da lei processual; II - por protesto, nas condições do inciso antecedente; III - por protesto cambial; IV - pela apresentação do título de crédito em juízo de inventário ou em concurso de credores; V - por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor; VI - por qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe reconhecimento do direito pelo devedor. 8) Lembre-se que a prescrição, na ótica do Código Civil, pode seralegada em qualquer grau de jurisdição pela parte a quem aproveita (art. 193 do CC). 9) O prazo decadencial pode ser legal (decorrente da lei, a exemplo dos supramencionados arts. 178 e 179) ou convencional (decorrente do próprio negócio por ato de vontade), pois assim autoriza a lei (art. 211, CC). 10) A prescrição por ser uma defesa do devedor, pode ser renunciada, nos termos do artigo 191 CC; na mesma linha, a decadência convencional que também pode ser renunciada, não se admitindo, porém, a renúncia ao prazo decadencial legal (art. 209, CC). 11) Assim como a prescrição, a decadência legal pode ser reconhecida de ofício pelo juiz (a convencional não) – arts. 210 e 211 do CC/02. 12) A decadência, em regra, não se impede, se suspende ou se interrompe, salvo disposição legal em contrário. Vaticina o Código Civil que não corre decadência, assim como prescrição, em face dos absolutamente incapazes (arts. 207 e 208 do CC).
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