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PRÁTICA EM FAMÍLIA E SUCESSÕES 
Filiação e Parentesco 
Cristiano Chaves 
1 
AS RELAÇÕES FILIATÓRIAS 
 
Prof. Cristiano Chaves de Farias 
Promotor de Justiça do Ministério Público do 
Estado da Bahia 
Professor de Direito Civil do CERS 
 
 
 
1. Noções gerais e históricas sobre a 
filiação 
(Napoleão Bonaparte: a sociedade não tem 
interesse em que os bastardos sejam 
reconhecidos). 
Filiação era vínculo entre uma pessoa e 
aquelas que lhe deram origem (visão 
biológica). 
Novas possibilidades decorrentes da 
Biotecnologia. 
Possibilidade de adoção ou de origem 
socioafetiva. 
Possibilidade de adoção homoafetiva (STJ, 
REsp. 889.852/RS). 
Filiação é o vínculo de parentesco no primeiro 
grau, na linha reta, determinado pela 
paternidade e/ou maternidade (doutrina 
argentina – ZANNONI). É vínculo entre uma 
pessoa e aqueles que o geraram ou que o 
acolheram, com base no afeto e na 
solidariedade. 
Princípio constitucional da igualdade entre os 
filhos. 
 
 
2. Prova da maternidade. 
A prova da maternidade: mater is semper 
certus. Maternidade é presumida pela gestação 
(Enunciado 129, Jornada). Presunção 
relativa. 
A regra do CC 1.608 e a possibilidade de ação 
negatória de maternidade. 
A questão da troca de bebês na maternidade 
(responsabilidade civil do hospital). 
A questão da “barriga de aluguel”/gestação por 
substituição relativizando a presunção (Res. 
1.957/10, CFM): i) pessoas capazes; ii) 
gratuidade; iii) pessoas da mesma família (não 
sendo, autorização do CRM correspondente); 
iv) finalidade médica-terapêutica. Possibilidade 
hipotética de conflito registral. 
 
 
3. Critérios determinantes da paternidade. 
Inexistência de hierarquia entre os critérios. 
Estabelecimento concreto de um critério 
(casuísmo). 
A teoria tridimensional do Direito de 
Família/pluripaternidade (BELMIRO PEDRO 
WELTER / WALSY RODRIGUES JR.) e 
admissibilidade da multiparentalidade. 
 
 
3.1. Critério presuntivo (presunção pater is 
est quaem justae nupcias demonstrant). CC 
1.597. 
Inaplicabilidade à união estável (admitindo: 
STJ, REsp.23/PR e REsp. 1.194.059/SP). 
Crítica doutrinária (TARTUCE; MH DINIZ). 
Presunção decorrente de relações sexuais 
(fundamento biológico). Início 180 dias após o 
casamento e permanência até 300 dias depois 
da sua dissolução. 
Presunção decorrente de fertilização 
medicamente assistida (fundamento artificial). 
Extensão para alcançar a concepção artificial 
(Jornada 105 e 257: as expressões concepção 
e inseminação artificial devem ser interpretadas 
como técnicas de reprodução assistida, mas 
interpretadas restritivamente). 
Inadmissibilidade de escolha de material 
genético (impossibilidade do super homem 
genético). 
A questão da concepção após a morte do 
marido/doador de sêmen e os eventuais 
direitos hereditários do embrião 
laboratorial. Incidência do CC 1.798. Posição 
doutrinária: TARTUCE, não. MARIA 
BERENICE DIAS, sim. 
Os embriões excedentários e o descarte no 
prazo de 3 anos (Lei n.11.105/05, art. 5º, e 
STF, ADIn.3510/DF). 
Caráter absoluto da presunção de paternidade 
decorrente de fertilização heteróloga com 
autorização prévia do marido (Jornada 258). 
Possibilidade de uso da fertilização heteróloga 
em casais homoafetivos? (Sim, MARIA 
BEERENICE DIAS e Res. 1.957/10, CFM). 
Impossibilidade de utilização da utilização da 
ação de investigação de origem genética pelo 
filho oriundo de fertilização heteróloga 
(Jornada 111). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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PRÁTICA EM FAMÍLIA E SUCESSÕES 
Filiação e Parentesco 
Cristiano Chaves 
2 
Art. 1.597, CC: 
“Presumem-se concebidos na constância do 
casamento os filhos: I - nascidos cento e 
oitenta dias, pelo menos, depois de 
estabelecida a convivência conjugal; II - 
nascidos nos trezentos dias subsequentes à 
dissolução da sociedade conjugal, por morte, 
separação judicial, nulidade e anulação do 
casamento; III - havidos por fecundação 
artificial homóloga, mesmo que falecido o 
marido; IV - havidos, a qualquer tempo, quando 
se tratar de embriões excedentários, 
decorrentes de concepção artificial homóloga; 
V - havidos por inseminação artificial 
heteróloga, desde que tenha prévia autorização 
do marido.” 
 
 
 
 
 
 
3.2. Critério biológico (o DNA). 
A recusa na realização do exame, a Súmula 
301 e a presunção relativa legal (Lei 
n.12.004/09). 
Gratuidade na perícia (Lei n.1.060/50, art. 3º, 
VI). 
Se o Estado não pagar a perícia, julga com 
base em prova testemunhal. Relevância de 
todos os meios de prova. STJ admite que 
até mesmo “ficar” pode ser prova (STJ, 
REsp 557.365 / RO): “Verificada a recusa, o 
reconhecimento da paternidade decorrerá de 
outras provas, estas suficientes a demonstrar 
ou a existência de relacionamento amoroso à 
época da concepção ou, ao menos, a 
existência de relacionamento casual, hábito 
hodierno que parte do simples 'ficar', relação 
fugaz, de apenas um encontro, mas que pode 
garantir a concepção, dada a forte dissolução 
que opera entre o envolvimento amoroso e o 
contato sexual”. 
Determinação de sua realização ex officio. 
Conversão do julgamento em diligência quando 
não foi realizado anteriormente (STJ, REsp. 
397.013/MG). 
 
 
STJ 301: 
 
“Em ação investigatória, a recusa do suposto 
pai a submeter-se ao exame de DNA induz 
presunção juris tantum de paternidade.” 
 
 
3.3. Critério socioafetivo. 
A posse do estado de filho (pai é quem cria). 
Quando as partes assumem, na prática, o 
papel de pai e filho. Admissibilidade da posse 
do estado de filho como concretização da 
filiação socioafetiva (STJ, REsp.709.608/MS). 
Filiação decorrente da convivência (viver 
como se pai e filho fossem). Personagem 
Josué, do filme Central do Brasil. 
Desvinculação dos conceitos de genitor e pai. 
Desbiologização da filiação. 
Efeitos jurídicos familiares e sucessórios 
fixados automaticamente na quando 
caracterizada a filiação socioafetiva. STJ, 
REsp. 878.941/DF. A paternidade socioafetiva 
e os seus efeitos patrimoniais e pessoais. Ex: 
herança e alimentos (Enunciado 341, 
Jornada). 
A possibilidade de investigação de 
paternidade socioafetiva. 
As ações filiatórias e as novas ações 
determinativas do estado biológico (ação de 
investigação de paternidade versus ação de 
investigação de origem genética). 
Admissibilidade pelo STJ (STJ, 
REsp.833.712/RS). ECA 48. Ilegitimidade do 
Ministério Público e necessidade de plena 
capacidade. Inexistência de efeitos jurídicos 
familiares e sucessórios. Relativização do 
direito à origem genética em alguns casos (ex: 
parto anônimo). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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PRÁTICA EM FAMÍLIA E SUCESSÕES 
Filiação e Parentesco 
Cristiano Chaves 
3 
 
 
 
A tese da paternidade alimentar e da 
paternidade sucessória, incidindo 
excepcionalmente. 
 
4. Reconhecimento voluntário de filhos. 
Ato unilateral (ato jurídico em sentido estrito: 
irrevogável e irretratável, porém anulável). 
Natureza: confissão. 
O relativamente incapaz pode, independente 
de assistência. O absolutamente incapaz 
depende de ato judicial, ouvido o MP 
(BERENICE). 
Múltiplas formas (CC 1.609) e a questão do 
reconhecimento na ata do casamento (Lei 
n.8.560/92: revogação?). Desnecessidade dos 
arts. 1.612 e 1.617, CC. 
Reconhecimento do nascituro e do filho morto 
(reconhecimento póstumo). 
Exigência de consentimento do filho-
reconhecido e o prazo do CC 1.614 (4 anos). A 
ação de impugnação de reconhecimento de 
filho. 
 
Art. 1.614, CC: 
 
“O filho maior não pode ser reconhecido sem o 
seu consentimento, e o menor pode impugnar 
o reconhecimento, nos quatro anos que se 
seguirem à maioridade, ou à emancipação.” 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5.O procedimento de averiguação oficiosa 
(art. 2º, Lei n8.560/92). 
Natureza não judicial (administrativa). 
Início ex officio. 
Não aplicação da revelia. 
Intervenção do MP. 
Encaminhamento dos autos ao MP para 
análise da viabilidade da propositura da ação 
investigatória. 
Princípio da obrigatoriedade mitigada. Não 
propositura de ação se o menor estiver 
figurando em lista de adoção. 
 
6. Reconhecimento judicial de filhos. 
 
 
 
A ação de investigação de parentalidade e o 
procedimento cabível (procedimento 
comum ordinário) e a sua natureza jurídica 
(declaratória ou constitutiva). Possibilidade de 
uso das ações filiatórias pelos filhos e pelos 
pais. A investigação de fraternidade, de 
maternidade, de paternidade, a investigação 
avoenga... 
 
 
 
 
 
 
 
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4 
A investigação avoenga. Admissibilidade 
jurisprudencial (STJ, REsp 807.849 / RJ). 
Discussão sobre a possibilidade de 
ajuizamento enquanto vivo o pai (entendimento 
do STJ de ilegitimidade ativa do neto, enquanto 
vivo o pai – STJ, REsp. REsp 876.434/RS, 
DJe 1.2.12). 
 
A possibilidade de ação negatória 
(contestação de paternidade/maternidade – CC 
1.601) pelo pai ou mãe. A possibilidade de 
ação de impugnação de paternidade (pelo 
terceiro, pelo filho...). 
 
Impossibilidade de limitação de causa de pedir. 
 
Cumulabilidade (CPC 292). Ações 
cumuláveis: petição de herança e indenização 
por dano moral. 
A desnecessidade de cumulação da anulação 
de registro público (STJ, REsp.693.230/MG, 
rel. Min. Nancy Andrighi). 
 
Imprescritibilidade (Súmula 149, STF e ECA 
27). 
 
STF 149: 
“É imprescritível a ação de investigação de 
paternidade, mas não o é a de petição de 
herança.” 
 
Competência (Súmula 1, STJ). Posição 
crítica de NELSON NERY Jr. 
 
Art. 7º, Lei n.8.560/92: “Sempre que na 
sentença de primeiro grau se reconhecer a 
paternidade, nela se fixarão os alimentos 
provisionais ou definitivos do reconhecido que 
deles necessite.” 
STJ 1: “O foro do domicílio ou da residência 
do alimentando é o competente para a ação de 
investigação de paternidade, quando cumulada 
com a de alimentos.” 
 
 
 
 
Legitimidade ativa: i) o próprio investigante 
maior ou menor (assistido/representado); ii) o 
nascituro (ECA 26 e CC 1.609); iii) o filho já 
morto (a investigação avoenga); iv) o filho 
registrado em nome de outra pessoa e o 
litisconsórcio passivo necessário (STJ, Ac.4ªT., 
REsp.117.129/RS, rel. Min. Aldir Passarinho 
Jr.); v) o Ministério Público (Lei n.8.560/92). A 
possibilidade de formação de litisconsórcio 
ativo facultativo. 
 
Legitimidade passiva. i) o suposto pai (não 
necessariamente genitor); ii) os herdeiros (não 
o espólio, inclusive a viúva); iii) os legatários; 
iv) a Fazenda Pública Municipal (se a ação for 
cumulada com petição de herança). 
 
Os efeitos da revelia (CPC 320, II). Fluência 
do prazo recursal para o réu 
independentemente de intimação (Súmula 7, 
TJ/RS). 
 
A questão da prova ilícita e a 
admissibilidade doutrinária. Posição do 
TJ/SP (TJ/SP, Ac.5ªCâm.Cív., 
AgInstr.223.044-1, rel. Des. Barbosa 
Pereira). 
 
Desistência e possibilidade de assunção da 
demanda pelo MP. 
 
Natureza da sentença e fixação de 
alimentos independentemente de pedido 
expresso da parte (art. 7º, Lei n.8.560/92). 
Possibilidade de fixação dos alimentos em grau 
recursal, independentemente de pedido da 
parte por conta do efeito translativo do recurso 
(CPC 516). 
 
Retroatividade dos alimentos à data da 
citação (Súmula 277, STJ). Posição de 
MARIA BERENICE DIAS de retroação até a 
data da concepção. 
 
 
STJ 277: 
“Julgada procedente a investigação de 
paternidade, os alimentos são devidos a partir 
da citação 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Filiação e Parentesco 
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5 
O recurso e os seus efeitos. 
 
Coisa julgada na ação filiatória e sua 
flexibilização pelo STJ e pelo STF (STJ, 
Ac.4ªT., REsp.226.436/PR; STF, RE 
363.889/DF).

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