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Interdição: Tutela e Curatela

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CURSO DE PRÁTICA FAMÍLIA E SUCESSÕES 
Interdição 
Fernanda Tartuce 
1 
INTERDIÇÃO 
 
Professora Fernanda Tartuce 
www.fernandatartuce.com.br 
fetartuce@uol.com.br 
@fernandatartuce 
Fernanda Tartuce II (Facebook) 
Para refletir 
 
 A única diferença entre a loucura 
 e a saúde mental 
 é que a primeira é muito mais comum. 
 
(Millôr Fernandes) 
 
Caso revelado 
 
 Há alguns anos, a Sra. Cleuza vinha 
apresentando sinais de que sua saúde mental 
não vinha bem: esquecia fatos recentes, tinha 
dificuldade de manusear objetos e apresentava 
elaboração confusa de ideias em alguns 
momentos. 
 Tais manifestações levaram a sua filha 
Neide a buscar diagnóstico e tratamento 
médico. 
 Cleuza foi, então, diagnosticada com 
Alzheimer. 
 
 Dois pontos preocupam Neide: 
 
 - Cleuza ainda recebe ligações de 
locatários de duas pequenas casinhas que 
aluga no bairro; 
 - Cleuza dispõe de uma aposentadoria 
em seu nome, que saca mensalmente no 
banco. 
Incapacidade civil 
Restrição legal ao exercício dos atos da vida 
civil. 
 
Código Civil, art. 3º 
 
São absolutamente incapazes de exercer 
pessoalmente os atos da vida civil: 
 
I - os menores de dezesseis anos; 
II - os que, por enfermidade ou deficiência 
mental, não tiverem o necessário 
discernimento para a prática desses atos; 
III - os que, mesmo por causa transitória, não 
puderem exprimir sua vontade. 
Código Civil, art. 4º 
São incapazes, relativamente a certos atos, ou 
à maneira de os exercer: 
I - os maiores de dezesseis e menores de 
dezoito anos; 
II - os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, 
e os que, por deficiência mental, tenham o 
discernimento reduzido; 
III - os excepcionais, sem desenvolvimento 
mental completo; 
IV - os pródigos. 
 
Tutela e curatela 
 
INTERDIÇÃO 
 
(“CURATELA DE INTERDITOS”) 
 
Meio processual pelo qual se atribui a alguém o 
encargo de curador 
da pessoa e/ou de seus bens. 
Legitimidade Ativa 
 
 
 
 
 
Art. 1.177 do CPC 
 
A interdição pode ser promovida: 
I - pelo pai, mãe ou tutor; 
II - pelo cônjuge ou algum parente próximo; 
III - pelo órgão do Ministério Público. 
 
 
 
 
 
 
 
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CURSO DE PRÁTICA FAMÍLIA E SUCESSÕES 
Interdição 
Fernanda Tartuce 
2 
Legitimidade Ativa 
 
Art. 1.768 do Código Civil 
 
 A interdição deve ser promovida: 
I - pelos pais ou tutores; 
II - pelo cônjuge, ou por qualquer parente; 
III - pelo Ministério Público. 
Legitimidade do MP - condicionada 
Art. 1.769. O Ministério Público só promoverá 
interdição: 
I - em caso de doença mental grave; 
II - se não existir ou não promover a interdição 
alguma das pessoas designadas nos incisos I e 
II do artigo antecedente; 
Legitimidade do MP - condicionada 
III - se, existindo, forem incapazes as pessoas 
mencionadas no inciso antecedente. 
STJ 
I - O Ministério Público tem legitimidade ativa 
originária para propor ação de interdição 
fundamentada em anomalia psíquica, com 
base no artigo 1.178 , I , do Código de 
Processo Civil. 
II - Improsperável a alegação de inépcia da 
petição inicial se o pedido de interdição 
encontra-se devidamente fundamentado, 
inclusive com respaldo em laudos médicos, o 
que justifica o prosseguimento do feito, com 
vistas à aferição da saúde mental do 
interditando, o qual, cumpre ressaltar, tem não 
apenas interesse, mas também o direito de 
provar que pode gerir sua própria vida, 
administrar seus bens e exercer sua profissão. 
(RMS 22679, 3ª Turma, Rel. Sidnei Beneti, j. 
24/03/2008) 
 
PROCEDIMENTO 
 
- Petição inicial, com os requisitos do 282. 
AÇÃO DE INTERDIÇÃO – roteiro da peça 
Art. 282. A petição inicial indicará: 
I - o juiz ou tribunal, a que é dirigida; 
roteiro da peça 
 
COMPETÊNCIA 
 
Ausência de previsão legal – Admite-se: a 
defesa do melhor interesse do interditado e 
aplicação analógica do art. 94/CPC (domicílio 
do réu) 
STJ 
2. Em se tratando de hipótese de competência 
relativa, o art. 87 do CPC institui, com a 
finalidade de proteger a parte, a regra da 
estabilização da competência (perpetuatio 
jurisdictionis), evitando-se, assim, a alteração 
do lugar do processo, toda a vez que houver 
modificações supervenientes do estado de fato 
ou de direito. 
3. Nos processos de curatela, as medidas 
devem ser tomadas no interesse da pessoa 
interditada, o qual deve prevalecer diante de 
quaisquer outras questões, devendo a regra da 
perpetuatio jurisdictionis ceder lugar à solução 
que se afigure mais condizente com os 
interesses do interditado e facilite o acesso do 
Juiz ao incapaz para a realização dos atos de 
fiscalização da curatela. Precedentes. 
STJ 
4. Conflito conhecido para o fim de declarar a 
competência do Juízo de Direito da 11ª Vara 
de Família e Sucessões de São Paulo-SP 
(juízo suscitado), foro de domicilio do interdito e 
da requerente. 
(CC 109840 PE, Segunda Seção, Rel. Min. 
Nancy Andrighi, j. 09/02/2011) 
roteiro da peça 
 
QUALIFICAÇÃO DAS PARTES 
 
II - os nomes, prenomes, estado civil, profissão, 
domicílio e residência do autor e do réu; 
Segundo o CPC, é procedimento de jurisdição 
voluntária, mas pode tomar natureza 
contenciosa caso haja resistência do 
interditando, podendo se falar em réu. 
roteiro da peça 
 
CAUSA DE PEDIR 
 
III - o fato e os fundamentos jurídicos do 
pedido; 
roteiro da peça 
 
CAUSA DE PEDIR 
 
Código de Processo Civil. 
 
Art. 1.180. Na petição inicial, o interessado 
provará a sua legitimidade, especificará os 
fatos que revelam a anomalia psíquica e 
assinalará a incapacidade do interditando para 
reger a sua pessoa e administrar os seus bens. 
 
 
 
 
 
 
 
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CURSO DE PRÁTICA FAMÍLIA E SUCESSÕES 
Interdição 
Fernanda Tartuce 
3 
roteiro da peça 
 
CAUSA DE PEDIR 
 
- FATOS: Existência de incapacidade do 
interditando para os atos da vida civil. 
- Demonstrar legitimidade. 
- Descrever a causa da incapacidade. 
roteiro da peça 
 
CAUSA DE PEDIR 
 
- Fundamentos jurídicos: 
 CC, art. 3° ou 4°; 
 art. 1.767 do Código Civil. 
roteiro da peça 
 
PEDIDO 
 
- IV - o pedido, com as suas 
especificações; 
roteiro da peça 
 
PEDIDO 
 
- Declaração da interdição; 
Código Civil 
 Art. 1.772. Pronunciada a interdição das 
pessoas a que se referem os incisos III e IV do 
art. 1.767, o juiz assinará, segundo o estado ou 
o desenvolvimento mental do interdito, os 
limites da curatela, que poderão circunscrever-
se às restrições constantes do art. 1.782. 
Código Civil 
 Art. 1.773. A sentença que declara a 
interdição produz efeitos desde logo, embora 
sujeita a recurso. 
 
Código de Processo Civil 
 
 Art. 1.184. A sentença de interdição 
produz efeito desde logo, embora sujeita a 
apelação. Será inscrita no Registro de Pessoas 
Naturais e publicada pela imprensa local e pelo 
órgão oficial por três vezes, com intervalo de 
10 (dez) dias, constando do edital os nomes do 
interdito e do curador, a causa da interdição e 
os limites da curatela. 
roteiro da peça 
 
PEDIDO 
 
- Nomeação de curador. 
 
Quem pode ser curador? 
 
roteiro da peça 
 
CÓDIGO CIVIL 
 
- Ordem de preferência: 
Art. 1.775. O cônjuge ou companheiro, não 
separado judicialmente ou de fato, é, de direito, 
curador do outro, quando interdito. 
roteiro da peça 
 
CÓDIGO CIVIL 
 
§1° Na falta do cônjuge ou companheiro, é 
curador legítimo o pai ou a mãe; na falta 
destes, o descendente que se demonstrar mais 
apto. 
roteiro da peça 
 
CÓDIGO CIVIL 
 
§ 2° Entre os descendentes, os mais próximos 
precedem aos mais remotos. 
§ 3° Na falta das pessoas mencionadas neste 
artigo, compete ao juiz a escolha do curador. 
roteiro da peça 
 
QUESTÃOA ordem de preferência é absoluta? 
Mesmo se alguma das pessoas preterida pela 
lei demonstrar maior capacidade de gerir os 
interesses do interditando? 
 
TJ-DF 
 
1. A NOMEAÇÃO DE CURADOR 
PROVISÓRIO É FEITA EM BENEFÍCIO DOS 
INTERESSES DO INTERDITANDO, RAZÃO 
PELA QUAL NÃO É ABSOLUTA A ORDEM DE 
PREFERÊNCIA PREVISTA NO ART. 1.775 
DO CÓDIGO CIVIL, PODENDO TAL 
ENCARGO SER ASSUMIDO POR TERCEIRO 
QUE NÃO POSSUA RELAÇÃO DE 
PARENTESCO COM O INCAPAZ. 
2. Constando dos autos o laudo confeccionado 
por setor do ministério público, aferindo que o 
interditando não se encontra sob a 
responsabilidade da curadora provisória, mas 
sim de terceira pessoa, justifica-se a 
substituição deferida. 
 
 
 
 
 
 
 
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CURSO DE PRÁTICA FAMÍLIA E SUCESSÕES 
Interdição 
Fernanda Tartuce 
4 
3. A definição da controvérsia, contudo, 
somente poderá ser aferida ao final do 
processo, quando o douto juiz da causa, 
obviamente, terá condições de aferir a pessoa 
que melhor velará pelos interesses do 
interditado. 
4. Recurso conhecido e improvido. 
(AI 158520098070000, 4ª Turma Cível, Rel. 
Sandoval Oliveira, j. 14/10/2009) 
roteiro da peça 
 
TUTELA ANTECIPADA? 
 
A despeito da falta de previsão legal específica, 
há a possibilidade de pedido de curatela 
provisória com base nos artigos 1109 e 273 do 
Código de Processo Civil. 
CPC – Jurisdição Voluntária 
Art. 1.109. O juiz decidirá o pedido no prazo de 
10 (dez) dias; não é, porém, obrigado a 
observar critério de legalidade estrita, podendo 
adotar em cada caso a solução que reputar 
mais conveniente ou oportuna. 
Nomeação de curador provisório – situações : 
1. quando há risco de dano vinculado à demora 
da sentença definitiva; 
2. quando há expectativa de recuperação da 
capacidade mental (ex: inconsciência 
decorrente de acidente) 
 
TUTELA ANTECIPADA 
 
Importante arguir e demonstrar: 
- É inequívoca incapacidade mental ; 
- São verossímeis os alegados riscos de dano 
 
TJ-SP 
 
INTERDIÇÃO. Curatela provisória. 
Admissibilidade e necessidade. Atendimento 
dos requisitos do art. 273 CPC. Prova 
inequívoca de que o interditando possui 
doença grave e incapacitante. Impossibilidade 
de prover a própria mantença. Recurso 
provido. 
roteiro da peça 
 
TJ-SP 
 
“Em sede de cognição sumária, vislumbro 
prova inequívoca do direito alegado, 
consistente no relatório médico de fls. 23, que 
corrobora a alegação de que o interditado 
sofreu um AVC, com sequelas motora e 
cognitiva”. 
“Outrossim, a certidão exarada pelo Oficial de 
Justiça, muito embora tenha encontrado o 
interditado lúcido, relatou também que ‘está 
com o lado esquerdo paralisado, não se 
locomove, alimenta, veste e cuida da higiene 
sem ajuda de outra pessoa’ (fls. 35)”. 
(AI n. 0006988-23.2012.8.26.0000, Relator: 
Teixeira Leite, J: 19/04/2012, 4ª Câmara de 
Direito Privado, DJ: 25/04/2012) 
 
TJ-RS 
 
Ausente verossimilhança na alegação de que o 
interditando é incapaz para reger os atos da 
vida civil, ante atestado que se limita a grifar 
sua incapacidade laboral, deve ser mantida, 
por ora, a decisão que indeferiu a curatela 
provisória. 
(AI AI 70047597737 RS, 8ª Câmara Cível, Rel. 
Ricardo Pastl, j. 27/02/2012) 
roteiro da peça 
 
VALOR DA CAUSA 
 
V - o valor da causa; 
Estimado, ante a impossibilidade de avaliar o 
conteúdo econômico da ação. 
 
roteiro da peça 
PROVAS 
 
VI - as provas com que o autor pretende 
demonstrar a verdade dos fatos alegados; 
 
- Indicar e anexar exames e laudos 
médicos que comprovem a 
incapacidade, no caso de doença ou 
deficiência; 
- Provas da prodigalidade...? 
TJ-SC 
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INTERDIÇÃO. 
DISPÊNDIO, PELA INTERDITANDA DE TODO 
O SEU SALÁRIO, COM COMPRAS 
DESNECESSÁRIAS. REALIZAÇÃO DE 
DIVERSOS EMPRÉSTIMOS PARA SALDAR 
OS DÉBITOS. SITUAÇÃO VIVENCIADA 
ANTERIORMENTE. DESNECESSIDADE DE 
VERIFICAÇÃO DE DEBILIDADE PARA 
CONFIGURAÇÃO DE PRODIGALIDADE. 
Interditanda que, em interrogatório, admite a 
incapacidade de administração de sua vida 
 
 
 
 
 
 
 
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Interdição 
Fernanda Tartuce 
5 
financeira. Laudo pericial que aponta a 
tendência ao vício da prodigalidade. 
Necessidade de proteção do patrimônio 
familiar. Recurso conhecido e provido. 
(AC 261963 SC 2011.026196-3, 1ª Câmara de 
Direito Civil, Rel. Cinthia Schaefer, j. 
03/02/2012) 
Interrogatório 
CPC, Art. 1.181. O interditando será citado 
para, em dia designado, comparecer perante o 
juiz, que o examinará, interrogando-o 
minuciosamente acerca de sua vida, negócios, 
bens e do mais que Ihe parecer necessário 
para ajuizar do seu estado mental, reduzidas a 
auto as perguntas e respostas 
PROVAS 
Perícia 
Art. 1.183. (...) o juiz nomeará perito para 
proceder ao exame do interditando. 
PROVAS 
Possibilidade de prova testemunhal 
Art. 1.183. (...) Apresentado o laudo, o juiz 
designará audiência de instrução e 
julgamento.. 
 
roteiro da peça 
CITAÇÃO DO “RÉU” 
 
VII - o requerimento para a citação do réu. 
 
CPC 
 
Art. 1.181. O interditando será citado para, em 
dia designado, comparecer perante o juiz, que 
o examinará... 
 
CITAÇÃO DO “RÉU” 
 
Art. 1.182. Dentro do prazo de 5 (cinco) dias 
contados da audiência de interrogatório, 
poderá o interditando impugnar o pedido. 
 
CITAÇÃO DO “RÉU” 
 
Problema: 
 - deve-se requerer a citação na própria pessoa 
do interdito? 
 - ou deve-se requerer a nomeação de um 
curador para receber a citação? 
 
CITAÇÃO DO “RÉU” 
 
a) Na própria pessoa do interdito: é viavel se a 
interdição for por prodigalidade ou se a 
incapacidade for parcial a ponto de não 
prejudica-lo em termos de compreensão; 
 
CITAÇÃO DO “RÉU” 
 
b) Se o interdito for absolutamente incapaz, 
atenção: 
 
Ver regras do CPC. 
 
CPC 
 
Art. 9º O juiz dará curador especial: 
I - ao incapaz, se não tiver representante legal, 
ou se os interesses deste colidirem com os 
daquele; 
 
CPC 
 
Art. 218. Também não se fará citação, 
quando se verificar que o réu é demente 
ou está impossibilitado de recebê-la. 
CPC 
§ 1o O oficial de justiça passará certidão, 
descrevendo minuciosamente a ocorrência. O 
juiz nomeará um médico, a fim de examinar o 
citando. O laudo será apresentado em 5 (cinco) 
dias. 
CPC 
§ 2o Reconhecida a impossibilidade, 
o juiz dará ao citando um curador, observando, 
quanto à sua escolha, a preferência 
estabelecida na lei civil. 
A nomeação é restrita à causa. 
CPC 
 
§ 3o A citação será feita 
 
• na pessoa do curador, 
• a quem incumbirá a defesa do réu. 
 
Decisão interessante - tjpe 
 1. O intérprete da lei deve ter visão mais 
ampla e moderna do processo ao analisar cada 
caso concreto. Existente o temor da autora e 
mãe do réu na receptividade da citação, por ser 
o interditando considerado violento, faz-se 
necessária a ponderação das regras 
processuais. 
 2. Havendo fortes indícios de que o réu sofre 
alienação mental, deverá existir a prévia 
 
 
 
 
 
 
 
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Interdição 
Fernanda Tartuce 
6 
realização de visita domiciliar médica para 
avaliar o grau de comprometimento da 
capacidade do réu, nomeando-se em seguida, 
se for o caso, curador provisório. 3. Inteligência 
do art. 218 e parágrafos do CPC. 
(TJPE; APL 0076300-69.2011.8.17.0001; 
Quinta Câmara Cível; Rel. Des. José 
Fernandes de Lemos; Julg. 11/07/2012; DJEPE 
06/08/2012; Pág. 101) 
 
CITAÇÃO DO “RÉU” 
 
b) Se o interdito for absolutamente incapaz, 
atenção: requerer a citação do réu, 
destacando-se que, constatada a incapacidade 
pelo Sr.Oficial de Justiça, o juiz determinará a 
nomeação de um curadorespecial, nos termos 
dos artigos 9º e 218 do CPC. 
Decisão interessante - TJSP 
A apelante é representada por curador 
provisório (fs. 174), de modo que sua citação 
deveria ter sido realizada na pessoa de seu 
representante legal, nos termos dos artigos 8 e 
215 do CPC. 
Na hipótese, a citação foi realizada 
pessoalmente na pessoa da apelante (fs. 
164/165), que levou a conhecimento de 
seu curador e conseguiu exercer seu direito de 
ampla defesa... 
(TJSP; APL 0040993-05.2010.8.26.0562; Ac. 
6479549; Santos; Trigésima Segunda Câmara 
de Direito Privado; Rel. Des. Hamid Bdine; 
Julg. 31/01/2013; DJESP 14/03/2013) 
 
roteiro da peça 
 
INTIMAÇÃO DO MP 
 
Art. 82. Compete ao Ministério Público intervir: 
II - nas causas concernentes ao estado da 
pessoa, pátrio poder, tutela, curatela, 
interdição, casamento, declaração de ausência 
e disposições de última vontade; 
 
PEÇA – Caso CLEUSA 
 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ 
DE DIREITO DA ____ VARA DA FAMÍLIA E 
DAS SUCESSÕES DO ____ FORO 
REGIONAL DA COMARCA DE SÃO PAULO-
SP (domicílio da interditanda) 
 
NEIDE (sobrenome), brasileira, solteira, 
professora, portadora da carteira de identidade 
RG (número), inscrita no CPF/MF (número), 
residente e domiciliada nesta comarca, no 
(endereço), pelo procurador que a representa, 
vem, respeitosamente, à presença de vossa 
excelência, propor 
 
AÇÃO DE INTERDIÇÃO 
 
com pedido de antecipação de tutela 
em face de CLEUZA (sobrenome), viúva, 
aposentada, portadora do RG (número), 
inscrita no CPF sob o n. (número), residente e 
domiciliada nesta comarca, na Rua (endereço), 
com fulcro nos arts. 1.767 e ss. do Código Civil 
e 1.177 do Código de Processo Civil, com base 
nos motivos a seguir expostos 
I – DOS FATOS 
A interditanda CLEUZA é mãe da autora, 
conforme comprova certidão de nascimento 
anexa (doc. X). 
Em 2012, a interdita começou a apresentar 
sinais de que sua saúde mental não ia bem: 
esquecimentos recentes, dificuldade em 
manusear objetos, elaboração confusa de 
ideias. 
Em julho deste ano, a Sra. CLEUZA foi 
diagnosticada com Doença de Alzheimer, como 
demonstram os exames e laudos médicos 
anexos (doc. X). 
Segundo atestado dos médicos que 
acompanham seu tratamento (doc. X), a 
doença vem se desenvolvendo rapidamente e 
já foi recomendada assistência e companhia 
integrais à interditanda, pois ela não pode mais 
praticar a maioria das atividades diárias 
sozinha. 
A situação é preocupante não apenas do ponto 
de vista médico, mas também civil, pois a 
interditanda, até então, administrava dois 
contratos de locação de pequenas casas (doc. 
X). 
Além disso, há também a sua aposentadoria 
(doc. X), que, por exigência do banco, não 
pode ser movimentada por terceiros a não ser 
que estes sejam representantes nomeados 
judicialmente. 
 
II – DO DIREITO 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Interdição 
Fernanda Tartuce 
7 
A Lei confere ao filho (“parente próximo”) 
legitimidade para promover a interdição de 
seus pais (art. 1768, II, CC; art. 1.177, II, CPC). 
Sendo a interditanda acometida de Doença de 
Alzheimer, e não possuindo mais 
discernimento para a prática dos atos da vida 
civil, ela é absolutamente incapaz nos termos 
do art. 3°, II, do Código Civil, devendo ser 
submetida a curatela, nos termos do art. 1.767, 
I, do mesmo diploma. 
Sendo o cônjuge e os pais falecidos (docs. X, Y 
e Z), compete ao ascendente mais apto 
exercer a curatela, nos termos do art. 1.775, 
§1°, do CC. 
No caso, a requerente é a mais apta, pois já 
reside com a mãe há anos e vem cuidando 
dela desde que os sintomas começaram a se 
manifestar, além de ter familiaridade com a 
locação dos imóveis. 
 
III – DA TUTELA ANTECIPADA 
 
Estão presentes os requisitos da tutela 
antecipada exigidos pelo art. 273 do CPC, 
devendo ser deferida a curatela provisória. 
A prova inequívoca da verossimilhança das 
alegações consiste na farta prova documental 
médica, realizada inclusive em instituições 
públicas, que demonstra ser a interditanda 
acometida pela Doença de Alzheimer e não 
manter o discernimento necessário para os 
atos da vida civil. 
Ante a prova apresentada, é verossimil a 
alegação de necessidade de submissão da 
interditanda à curatela de sua filha. 
O dano grave e de difícil reparação consiste na 
impossibilidade de movimentação de sua 
aposentadoria, o que vem comprometendo seu 
sustento. 
 
IV – DO PEDIDO 
 
Ante o exposto, pede-se que Vossa Excelência 
conceda a tutela antecipada, nomeando a 
requerente como curadora provisória da Sra. 
CLEUZA. 
Ao final, pede-se que V. Exa confirme a tutela 
antecipada e julgue totalmente procedente o 
pedido da presente ação, declarando a 
interdição da Sra. CLEUZA e nomeando 
definitivamente a requerente como sua 
curadora. 
 
V – DOS REQUERIMENTOS 
 
Requer ainda: 
 
a) a citação da interditanda, por Oficial de 
Justiça, para que compareça à audiência de 
interrogatório e, querendo, apresentar defesa 
no prazo legal. Caso constatada a demência da 
interdita, requer-se que V. Exa nomeie curador 
para receber a citação , nos termos do art. 218 
do CPC. 
 
V – DOS REQUERIMENTOS 
 
Requer ainda: 
 
a) a citação da interditanda, por Oficial de 
Justiça, para que compareça à audiência de 
interrogatório e, querendo, apresentar defesa 
no prazo legal; 
b) a intimação do digníssimo representante do 
Ministério Público para intervir no feito (CPC, 
art. 82, II); 
c) a expedição de mandado determinando a 
averbação da sentença de interdição junto ao 
cartório de registro civil competente, com a 
publicação no órgão oficial por três vezes, nos 
termos do art. 1.184 do CPC; 
Requer provar o alegado por todos os meios 
admitidos em direito, especialmente pela 
juntada de documentos, interrogatório da 
interditanda, realização de perícia médica e 
oitiva de testemunhas em audiência de 
instrução, a serem oportunamente arroladas. 
 
Dá à causa o valor de R$ 1.000,00 (mil reais). 
Nestes termos, pede deferimento 
 
Local, data. 
Nome do advogado, número da OAB. 
Procedimento 
 
DEFESA DO RÉU 
 
Art. 1.182. Dentro do prazo de 5 (cinco) dias 
contados da audiência de interrogatório, 
poderá o interditando impugnar o pedido. 
Procedimento 
 
DEFESA DO RÉU 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Interdição 
Fernanda Tartuce 
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§ 1° Representará o interditando nos autos do 
procedimento o órgão do Ministério Público ou, 
quando for este o requerente, o curador à lide. 
Procedimento 
 
DEFESA DO RÉU 
 
§ 2° Poderá o interditando constituir advogado 
para defender-se. 
§ 3° Qualquer parente sucessível poderá 
constituir-lhe advogado com os poderes 
judiciais que teria se nomeado pelo 
interditando, respondendo pelos honorários. 
 
QUESTÃO 
 
Após a interdição do réu, 
é válida a renúncia ao direito de recorrer 
formulada pelo seu advogado constituído? 
STJ 
1. A sentença de interdição tem natureza 
constitutiva, pois não se limita a declarar uma 
incapacidade preexistente, mas também a 
constituir uma nova situação jurídica de 
sujeição do interdito à curatela, com efeitos ex 
nunc. 
2. Outorga de poderes aos advogados 
subscritores do recurso de apelação que 
permanece hígida, enquanto não for objeto de 
ação específica na qual fique cabalmente 
demonstrada sua nulidade pela incapacidade 
do mandante à época da realização do negócio 
jurídico de outorga do mandato. 
3. Interdição do mandante que acarreta 
automaticamente a extinção do mandato, 
inclusive o judicial, nos termos do art. 682 , II , 
do CC . 
4. Inaplicabilidade do referido dispositivo legal 
ao mandato outorgado pelo interditando para 
atuação de seus advogados na ação de 
interdição,sob pena de cerceamento de seu 
direito de defesa no processo de interdição. 
5. A renúncia ao direito de recorrer configura 
ato processual que exige capacidade 
postulatória, devendo ser praticado por 
advogado. 
6. Nulidade do negócio jurídico realizado pelo 
interdito após a sentença de interdição. 
(REsp 1251728, 3ª Turma, Rel. Paulo de Tarso 
Sanseverino, j. 14/05/2013) 
 
REFLEXÃO FINAL 
 
Nunca existiu uma grande inteligência 
sem uma veia de loucura. 
(Aristóteles)

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