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Ata Notarial

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§ 85. ATA NOTARIAL
Sumário: 693. Conceito. 694. Natureza da ata notarial. 695. Necessidade de requerimento da parte interessada. 696. Falsidade da ata. 697. Exemplos de fatos registráveis em ata notarial.
Conceito A ata notarial foi incluída pelo novo CPC como meio de prova, no art. 384,1 que assim dispõe: “a existência e o modo de existir de algum fato podem ser atestados ou documentados, a requerimento do interessado, mediante ata lavrada por tabelião”. Entende-se por serviço notarial e de registro os de organização técnica e administrativa, destinados a garantir a publicidade, a autenticidade, a segurança e a eficácia dos atos jurídicos (art. 1º da Lei 8.935/1994). A atividade notarial e de registro é exercida pelo tabelião ou notário, profissional do direito, dotado de fé pública (art. 3º da Lei 8.935/1994), que atua como delegatário do Poder Público, por meio de concurso público. Uma vez que a lei não define o que é a ata notarial, a doutrina a conceitua como “o testemunho oficial de fatos narrados pelo notário no exercício de sua competência em razão de seu ofício”,2 ou, ainda, como o “documento em que foram narrados os fatos presenciados pelo tabelião”.3 Importante ressaltar que o notário não dá autenticidade ao fato, apenas o relata com autenticidade. Ele “produz o documento autêntico, que representa o fato”.4 Assim, a ata notarial não se confunde com a escritura pública. Enquanto esta se destina a provar negócios jurídicos e declarações de vontade, aquela simplesmente descreve, a requerimento do interessado, fatos constatados presencialmente pelo tabelião.5 A ata notarial, de tal forma, atesta ou documenta a existência e o modo de existir de algum fato (art. 384, caput), além de poder preservar a memória do registro eletrônico, na medida em que também pode reproduzir dados
694.
695.
696.
representados por imagem ou som gravados em arquivos eletrônicos (art. 384, parágrafo único).
Natureza da ata notarial A ata notarial é documento público, dotado de fé pública,6 razão pela qual goza de presunção de veracidade. Destarte, “descrito pelo autor da ação o fato que se acha contido em ata notarial, está cumprido o seu ônus probatório”, não sendo necessária a complementação por outras provas.7 Em razão dessa presunção de veracidade, diz-se que a ata faz prova plena do fato nela narrado. “Independente de corroboração por outras provas, o instrumento constitui elemento bastante dos fatos nela declarados como aferidos diretamente pelo oficial público que a lavrou”.8 Todavia, a presunção é juris tantum, ou seja, admite prova em contrário. Vale dizer, reconhecer a veracidade do fato atestado na ata notarial não enseja a automática procedência ou improcedência do pedido. O juiz deverá cotejar a ata com as outras provas existentes nos autos para formar o seu convencimento a respeito do litígio. E, caso o material probatório abale a fé da ata, a sua veracidade poderá ser afastada. A ata, portanto, não se constitui em prova legal absoluta que, uma vez presente no processo, não possa ser ignorada e que se imponha com supremacia no juízo de valoração da prova dos autos. Não se pode confundir, ainda, a ata com a prova testemunhal. O notário não é testemunha, mas, sim, um documentador público. “O notário não leva a cabo testemunhos, senão que forma documentos enquanto descreve fatos, que ocorrem ante sua vista, a fim de que a descrição sirva para representá-los em um momento posterior”.9
Necessidade de requerimento da parte interessada Dispõe o novo CPC, em seu art. 384, que o tabelião lavre a ata a requerimento do interessado. Ou seja, sua atividade não pode ser exercida de ofício. É o denominado princípio da instância, vigente no sistema de registros públicos.
Falsidade da ata
697.
A ata notarial, como visto, goza de presunção de veracidade. Entretanto, esta circunstância não impede que o seu conteúdo seja questionado pela parte contrária, que poderá, inclusive, comprovar a sua falsidade ideológica (formar documento não verdadeiro – NCPC, art. 427, parágrafo único, I) ou material (alterar documento verdadeiro – art. 427, parágrafo único, II). Nesse caso, cessa a fé da ata, nos termos do art. 427, caput.
Exemplos de fatos registráveis em ata notarial A jurisprudência apresenta vários exemplos de fatos que podem ser registrados em ata notarial com o fim de servir de prova no processo: (a) Informações veiculadas pela internet: para conferir maior segurança quanto ao conteúdo de página da internet, o tabelião atesta haver consultado determinado endereço eletrônico, a partir de seu computador, em dia e hora anotados, descrevendo as informações ali constantes. É possível, ainda, que se prove, por meio da ata, os “caminhos” percorridos por determinada página, como o que ocorre com os sites de compras.10 (b) Diligências de constatação: tabelião registra os fatos in loco e os informa ao juiz tal como verificados, como, por exemplo, atestar (i) as cores da testeira e do uniforme de frentistas, para comprovar a concorrência desleal; (ii) o descumprimento de decisão judicial de obrigação de derrubar cercas e porteiras;11 (iii) as informações que foram prestadas ao consumidor por funcionários de empresas12 etc. (c) Declaração de testemunhas: importante ressaltar que a ata não pode servir de instrumento de coleta de depoimentos testemunhais, que devem ser tomados seguindo o rito do Código de Processo Civil. Contudo, nada impede que as partes, de comum acordo, solicitem a um tabelião que registre a oitiva da testemuha em ata, para posterior juntada em juízo, como simples peça informativa. (d) Reuniões assembleares: é comum que os sócios ou acionistas requeiram a um tabelião que compareça à assembleia para registrar os fatos ocorridos durante sua realização, tais como número de presentes, discussões, deliberações etc. No tocante à produção antecipada de provas, entende a doutrina que a ata notarial não pode substituir a prova testemunhal, o depoimento pessoal e a perícia. Referidas provas devem ser produzidas e colhidas em juízo, sob a
direção do magistrado e respeitando o contraditório. Deve-se ressalvar, contudo, a confissão, que pode ser tanto judicial como extrajudicial (NCPC, art. 389). Logo, é perfeitamente possível haver confissão produzida em ata notarial, mesmo sem a presença do adversário. No processo, entretanto, essa prova passará pelo crivo do contraditório e da valoração dentro do conjunto das provas, não ficando descartada a convocação do confitente para depor novamente em juízo. Também não é de todo vedado o uso da ata notarial em matéria de coleta de parecer de perito. É que o Código valoriza, também, os pareceres técnicos e os documentos elucidativos que a critério do juiz podem substituir e dispensar a prova pericial (art. 472). Se documentos particulares podem ser acolhidos na instrução como sucedâneos da prova técnica, não se deve impedir que o tabelião colha informações dessa natureza por meio de ata notarial, cujo valor probante será, naturalmente, apreciado pelo juiz, segundo as circunstâncias do processo.
§ 86. DEPOIMENTO PESSOAL
Sumário: 698. Conceito. 699. Sanção decorrente do ônus de prestar depoimento pessoal. 700. Legitimação para o depoimento. 701. Objeto do depoimento pessoal. 702. Procedimento.
Conceito Depoimento pessoal é o meio de prova destinado a realizar o interrogatório da parte, no curso do processo. Aplica-se tanto ao autor como ao réu, pois ambos se submetem ao ônus de comparecer em juízo e responder ao que lhe for interrogado pelo juiz (NCPC, art. 379, I). A iniciativa da diligência processual pode ser da parte contrária ou do próprio juiz (art. 385, caput).13 A finalidade desse meio de prova é dupla: provocar a confissão da parte e esclarecer fatos discutidos na causa. O momento processual da ouvida do depoimento pessoal é a audiência de instrução e julgamento (art. 385). Entre os poderes do juiz há um outro expediente determinado a ouvir a parte, que, entretanto, não se confunde com o depoimento pessoal. Trata-se da determinação do “comparecimento pessoal daspartes, para inquiri-las sobre os fatos da causa”, o que se dará sem a cominação da “pena de confesso” e que poderá ocorrer “a qualquer tempo”, durante o curso do processo (art. 139, VIII).14 Essa diligência, que se costuma chamar de “interrogatório livre”, é utilizada pelo juiz para esclarecimentos sobre a matéria fática do litígio, dentro do poder de “direção material do processo”, segundo linguagem de Cappelletti.15
Sanção decorrente do ônus de prestar depoimento pessoal Incumbe à parte intimada: (i) comparecer em juízo; e (ii) prestar o depoimento pessoal, respondendo, sem evasivas, ao que lhe for perguntado pelo juiz. Se a parte não comparecer, ou, comparecendo, se recusar a depor, o juiz
lhe aplicará a pena de confissão (NCPC, art. 385, § 1º).16 Essa pena consiste em admitir o juiz como verdadeiros os fatos contrários ao interesse da parte faltosa e favoráveis ao adversário. Sua imposição, todavia, dependerá de ter sido o depoente intimado com a advertência prevista no § 1º do art. 38517 (vide, infra, nº 702). Diante dessa situação, se tais fatos forem suficientes para o acolhimento do pedido do autor, o juiz poderá dispensar as demais provas e passar ao julgamento da causa, observado, porém, o debate oral, se a falta de depoimento pessoal ocorrer em audiência. O ônus da parte não é apenas o de depor, mas o de responder a todas as perguntas formuladas pelo juiz, com clareza e lealdade. Dessa forma, quando a parte, sem motivo justificado, deixar de responder ao que lhe for perguntado, ou empregar evasivas, o juiz, apreciando as demais circunstâncias e elementos de prova, declarará, na sentença, que houve recusa de depor (art. 386).18 Isto quer dizer que o juiz pode, conforme as circunstâncias, considerar como recusa de depoimento pessoal o depoimento prestado com omissões ou evasivas. E a consequência será a mesma do art. 385, § 1º, i.e., a aplicação da pena de confesso. Há casos, porém, em que se considera liberta a parte do ônus de depor. Sua recusa, então, será feita com “motivo justificado”, como diz a ressalva do art. 386, e não terá aplicação a pena de confesso. Essas exceções estão previstas no art. 388,19 que dispõe não estar a parte obrigada a depor sobre: (a) fatos criminosos ou torpes que lhe forem imputados (inciso I); (b) fatos a cujo respeito, por estado ou profissão, deva guardar sigilo (inciso II); (c) fatos a que não possa responder sem desonra própria, de seu cônjuge, de seu companheiro ou de parente em grau sucessível (inciso III); e (d) fatos que coloquem em perigo a vida do depoente ou das pessoas referidas acima (inciso IV). A exigência do processo civil de que a parte não se recuse a depor sobre os fatos relevantes da causa não ofende a garantia constitucional do direito ao silêncio (CF , art. 5º, LXIII), visto que este se refere apenas aos reflexos negativos que possam ocorrer no âmbito da persecussão criminal, hipótese que já se acha contemplada nas excusativas do art. 388.
700.
701.
702.
O direito de escusa, todavia, não se aplica à ações de estado e de família (art. 388, parágrafo único).20
Legitimação para o depoimento A parte deve comparecer em juízo e prestar pessoalmente o depoimento, como se vê, de forma clara, dos arts. 385 e 387.21 Trata-se de ato personalíssimo, de modo que nem procurador com poderes expressos pode prestá-lo em nome da parte.22 Os terceiros intervenientes – como o denunciado à lide, o chamado ao processo – também se sujeitam a prestar depoimento pessoal.
Objeto do depoimento pessoal O depoimento pessoal deve limitar-se aos fatos controvertidos no processo. Seu objeto específico são os fatos alegados pela parte contrária, como fundamento de seu direito. Pode, no entanto, para aclarar a situação da lide, haver depoimento pessoal, também, sobre fatos alegados pelo próprio depoente.23 Uma coisa, porém, é certa: o depoimento pessoal, quando útil, destina-se a criar prova para o adversário do depoente, nunca para a própria parte que o presta. A razão é óbvia: ninguém produz, com suas próprias palavras, prova para si mesmo.
Procedimento A forma de interrogação das partes é a mesma prevista para a inquirição de testemunhas. Prestará, portanto, seu depoimento pessoal, fora da audiência normal e nos locais mencionados no art. 454 do NCPC,24 a parte que for uma das autoridades elencadas no referido dispositivo.25 Como as provas a serem produzidas devem ser definidas pelo juiz na decisão de saneamento (art. 357, II), o requerimento do depoimento pessoal da parte contrária haverá de ser apresentado em juízo, pelo interessado, antes da referida decisão. Se o depoente residir fora da comarca onde corre o feito, poderá ser ouvido por meio de carta precatória ou rogatória.26 Mas o novo Código inovou, ao
permitir que a oitiva também possa ser feita por meio de videoconferência ou outro recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens em tempo real, podendo dar-se, inclusive, durante a realização da audiência de instrução e julgamento (art. 385, § 3º).27 A intimação da parte para prestar o depoimento deverá ser feita pessoalmente, e no mandado constará a advertência da pena de confesso (art. 385, § 1º). Na audiência, o depoimento das partes será tomado antes da ouvida das testemunhas, primeiro o do autor e depois o do réu (art. 361, II).28 Poderá, naquele ato ou em petição anterior, a parte pedir dispensa do ônus de depor, alegando motivo justo. O juiz decidirá de plano e aplicará a pena de confesso, caso haja indeferimento do pedido e recusa de depor (art. 385, § 1º). O interrogatório será feito pelo juiz diretamente à parte, que, em princípio, não poderá se representar por procurador (art. 387).29-30 Ao advogado da parte contrária, também será franqueado o direito de interrogar o depoente. O juiz indeferirá as perguntas que julgar pertinentes. Ao litigante que ainda não prestou depoimento é vedado assistir ao interrogatório da outra parte (art. 385, § 2º).31 As respostas ao interrogatório devem ser orais, não podendo a parte “servirse de escritos anteriormente preparados”. O Código, todavia, autoriza o juiz a permitir que a parte consulte notas breves, desde que objetivem completar esclarecimentos (art. 387, in fine). Ao advogado da própria parte que está prestando depoimento não se permite formular perguntas. Isto não impede, contudo, sua intervenção para pedir ao juiz que esclareça dubiedades ou pontos obscuros no relato do depoente, o que poderá ser requerido ao final do interrogatório, antes de seu encerramento. O depoimento pessoal, como o das testemunhas, deve ser reduzido a termo, assinado pelo juiz, pelo interrogado e pelos advogados. Sobre a possibilidade de antecipação da tomada do depoimento pessoal, ver retro, o nº 682.

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