Buscar

Atendimento escolar a adolescentes em cumprimento de medidas socioeducativas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

realização do curso: de 15/05 a 30/08/2018.
Atendimento escolar a adolescentes em cumprimento de medidas socioeducativas.
No Módulo 1 será abordada a perspectiva do 
- Direito Humano à Educação e a legislação brasileira: 
- a Constituição Federal de 1988, 
- o Estatuto da Criança e do Adolescente de 1990 (ECA), 
- a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996(LDB) e
- Diretrizes Nacionais para a Socioeducação, definidas pelo Conselho Nacional de Educação na Resolução CNE/CEB nº 3/2016.
Ademais, abordaremos 
- indicadores de acesso e permanência no atendimento escolar, 
- a relação entre o direito à educação e o sistema socioeducativo, 
- a adaptabilidade do atendimento escolar em diferentes contextos e para diferentes públicos.
Outro tema de grande importância será a reflexão a implementação de
- políticas públicas educacionais com o objetivo de garantir o atendimento, com qualidade, a adolescentes que estão em cumprimento de medidas socioeducativas, considerando suas peculiaridades.
Módulo 1 – Direito à Educação e Seus Desdobramentos
1.2 Conhecendo o problema
De acordo com o “Panorama Nacional: A Execução das Medidas Socioeducativas de Internação” (Conselho Nacional de Justiça, 2012), havia cerca de 17.502 adolescentes com restrição de liberdade no país à época da publicação. Desse total, 60% dos entrevistados tinham entre 15 e 17 anos e mais da metade não frequentava a escola antes de ingressar na internação. A maioria parou de estudar aos 14 anos, entre a 5ª e a 6ª série do Ensino Fundamental e 8% deles não chegaram a ser alfabetizados.
Sendo a educação um direito fundamental, assegurado pela Constituição Federal e por normas internacionais, como é o caso das Regras Mínimas das Nações Unidas para a Administração da Justiça, da Infância e da Juventude, desdobra-se, obrigatoriamente, na oferta de atendimento escolar a todos. Desse modo, os adolescentes em cumprimento de medidas socioeducativas, em meio fechado ou aberto, devem ser atendidos em suas demandas e especificidades pelas Redes de ensino.
Faz-se necessário, por exemplo, a adaptabilidade de conteúdos e metodologias aos contextos de cumprimento de medidas socioeducativas em meio fechado e demandas apresentadas pelos adolescentes, em restrição de liberdade, como é o caso dos Centros de Internação (CI) e Centros de Internação Provisória (CIP) da Fundação CASA – Centro de Atendimento Socioeducativo ao Adolescente, em São Paulo.
Nesse atendimento, a política educacional é central, pois se tratam de pessoas em idade escolar obrigatória, em sua maioria, de acordo com a LDB e com o paradigma da proteção integral do ECA
1.3 O Direito Humano à Educação: todas e todo
Leia o texto "Direito Humano à Educação", organizado pela Plataforma Dhesca Brasil e Ação Educativa ( 2011) - Especialmente as páginas 14 a 37; e 48 a 60, que trata do histórico, dimensões e características do Direito Humano à Educação
Há aspectos comuns, na legislação, às diversas políticas públicas como é o caso da Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 é um marco normativo e histórico que proclama a universalidade, gratuidade e orientação da educação no sentido do fortalecimento dos direitos humanos (artigo 26).
Temos, assim, as dimensões do direito à educação: a) Direito Humano à Educação - que abarca educação escolar e não escolar; b) Direitos Humanos na Educação; c) Educação em Direitos Humanos (este último abordaremos no Módulo 6 do Curso).
Este direito implica na oferta de atendimento escolar a todas e todos, pelo Estado! Trata-se de tema fundamental para as políticas públicas educacionais e sua necessária disponibilidade e adaptabilidade aos diferentes contextos, que, em se tratando de adolescentes em medidas socioeducativas, podem ser contextos de internação, por exemplo, ou o contexto da própria escola, quando em medida em meio aberto.
1,4 Marcos Legais
CF 88 O direito à educação é direito social (artigo 6º), incluído no rol de Direitos e Garantias Fundamentais, sendo universal, para todos!
Eca 1990 O ECA, aprovado pela Lei nº 8069/1990, inaugurou um novo paradigma em relação à criança e ao adolescente, a doutrina da proteção integral, que os considera pessoa em condição peculiar de desenvolvimento, superando a visão de “menor em situação irregular”.
A LDB1996 trata do dever do Estado na educação escolar pública com base na “igualdade de condições para o acesso e permanência na escola” e mediante a garantia de educação básica obrigatória e gratuita dos 4 aos 17 anos (o que inclui os adolescentes: 12 a 18 anos).
Diretrizes nacionais 2016 - A Resolução do Conselho Nacional de Educação (CNE/CEB) nº 3, de 13 de maio de 2016 dispõe sobre as Diretrizes Nacionais para o atendimento escolar a adolescentes e jovens em cumprimento de medidas socioeducativas.
1,5 Indicadores de acesso e permanência na Educação Básica – Parte 1
A análise de indicadores é fundamental no debate sobre o direito à educação, pois evidencia contradições, desafios e desdobramentos em relação ao ensino ofertado, sua universalidade, fluxo e resultados, principalmente quando se trata de idade escolar obrigatória, isto é, de 4 a 17 anos. O atendimento escolar ofertado pelo Estado, pode ser analisado por meio de indicadores de acesso e permanência na Educação Básica, sobretudo Ensino Fundamental e Médio e suas modalidades de ensino. Dentre eles, citamos o IDEB e indicadores disponibilizados pelo INEP e indicamos que conheça relatórios publicados por organizações internacionais, dentre os quais citamos
1.6 ndicadores de acesso e permanência na Educação Básica - Parte 2
Segundo o Sistema Nacional de Indicadores em Direitos Humanos, com dados do IBGE e do INEP, no Brasil, a taxa de conclusão do Ensino Fundamental foi de 68,9% e do Ensino Médio de 53,7%. Em se tratando de adolescentes, a questão hoje não é discutir o direito de acesso à educação, mas, sim, como desenvolver uma prática escolar, pública e gratuita, que garanta o acesso, a permanência com qualidade social, o atendimento às diversidades, o respeito às diferenças, o direito à aprendizagem e a adaptabilidade aos diferentes contextos.
O Plano Nacional de Educação (PNE) e o Plano Estadual de Educação definem metas para a Educação Básica, que representam a busca pela universalização do acesso e permanência com qualidade.
1.7 O Direito à Educação e o Sistema Socioeducativo
Leia o texto “O Direito à Educação no contexto da medida socioeducativa de internação” e assista o vídeosobre o tema - do Conselho Regional de Psicologia de São Paulo, que aborda o direito à educação e a inclusão educacional em uma perspectiva ampliada, compreendida como o respeito às diferenças e a participação democrática.
uais relações podemos identificar entre o direito à educação e a doutrina da proteção integral, que encerrou a ‘situação irregular dos menores’ e passou a garantir ‘absoluta prioridade’ no acesso das crianças e adolescentes às políticas sociais?
Quais as implicações no direito à educação em relação ao sistema socioeducativo?
Um importante tema, na interface entre Educação e Sistema Socioeducativo, diz respeito à Pedagogia da Presença, que tem como um importante referencial o autor Antonio Carlos Gomes da Costa – que foi um dos redatores do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Segundo ele, é primordial que se propicie ao jovem possibilidades de socialização que concretize um caminho digno e humano para a vida – novos projetos de vida e perspectivas. Para tanto, a capacidade de fazer-se presente, de forma construtiva, na realidade do educando é uma habilidade que pode ser aprendida pelos professores e demais educadores.
Segundo a Pedagogia da Presença, o educador deve dedicar tempo, presença, experiência e exemplo ao educando, entendendo que no sistema socioeducativo há atenção individualizada, com reciprocidade, disposição e intencionalidade. Sobre este assunto, recomendamos os textos: 1) “Por uma pedagogia da presença” (COSTA, s/d); 2); 2) “A presença educativa” (In: Parâmetros para formação do socioeducador:uma proposta inicial para reflexão e debate, 2006
1.8 A adaptabilidade do Direito à Educação em diferentes contextos e para diferentes públicos
ensino e aprendizagem, longe de serem limitados a um período de presença na escola, devem se estender ao longo da vida, incluindo todas as competências e ramos do conhecimento (...)
UNESCO
No vídeo ao lado, a Supervisora de Ensino Marineila Marques apresenta algumas dicas e reflexões sobre o tema da adaptabilidade do direito à educação.
Compreender a educação ao longo da vida, em diferentes espaços e instituições, é importante para que se garanta a adaptabilidade. Na educação escolar, adaptabilidade significa que a escola deve ter flexibilidade para se adaptar ao grupo de estudantes e ao contexto social e cultural, ou seja, que a escolarização corresponda à realidade das pessoas, respeitando sua cultura, costumes, religião e diferenças. Ao mesmo tempo, exige que a educação se adeque à função social de enfrentamento às discriminações e desigualdades que permeiam o social, por exemplo, os estigmas em relação aos adolescentes que cumpriram uma medida socioeducativa. A adaptação dos processos educativos às diferentes expectativas presentes na sociedade pressupõe a abertura do Estado à gestão democrática das escolas e dos sistemas de ensino.
Fonte: “Direito Humano à Educação", Plataforma Dhesca Brasil e Ação Educativa (2011) e Educação um tesouro a descobrir (2010)
Leia as publicações “Gestão democrática na educação” e “A Escola em contextos de vulnerabilidade social”, da TV Escola. Como material complementar, acesse o vídeo, que integra Videoconferência realizada pela SEE.
1.9 Resumo 
 vimos o conjunto das legislações educacionais, partindo-se da perspectiva da Educação como um Direito Humano.
Trata-se de temática básica para todos os debates sobre políticas pública de educação. Podemos destacar, como principal desdobramento, a garantia da oferta de atendimento escolar a todas e todos.
Os referenciais da legislação são, desse modo, marcos na luta pela garantia do atendimento escolar, pois são instrumentos de regulamentação do atendimento escolar para públicos diversos, garantindo-se a adaptabilidade necessária aos diferentes contextos, dentre os quais se encontram os adolescentes em cumprimento de medidas socioeducativas, seja em meio fechado (como o caso da medida de internação) ou aberto (como a liberdade assistida).
Módulo 2 “Adolescências e Medidas Socioeducativas”.
1.20 - Questoes Objetivas 
O Direito Humano à Educação apresenta características básicas e, ainda, desdobramentos no que diz respeito aos adolescentes em cumprimento de medidas socioeducativas, como abordado no Módulo 1. Escolha a opção correta sobre este tema, considerando o texto “Direito Humano à Educação (2011)” e as “Diretrizes Nacionais para o atendimento escolar a adolescentes e jovens em cumprimento de medidas socioeducativas”:.
a. O Estatuto da Criança e do Adolescente, aprovado por lei em 1990, inaugurou um novo paradigma em relação à criança e ao adolescente no Brasil, com a concepção de menores em situação irregular.
b. Dentre as dimensões do Direito à educação, podemos afirmar que a dimensão do “Direito humano à educação” abarca somente a educação escolar.
c. As Diretrizes Nacionais para o atendimento escolar de adolescentes e jovens em cumprimento de medidas socioeducativas definem que o atendimento escolar tem como um de seus princípios o desenvolvimento de estratégias pedagógicas adequadas às necessidades de aprendizagem de adolescentes e jovens, independentemente do tipo de medida aplicada. de acordo com a Resolução CNE/CEB 3/2016, as estratégias pedagógicas devem estar em sintonia com o tipo de medida aplicada
d. A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata o Estatuto da Criança e do Adolescente.
e. A característica da disponibilidade do Direito humano à educação significa que a qualidade educacional envolve os resultados do ensino e as condições materiais de funcionamento das escolas.
Questão 2
A oferta de Educação Básica a adolescentes fundamenta-se em normativas em âmbito federal e estadual, que inclui legislações gerais e também específicas sobre o atendimento escolar a adolescentes em cumprimento de medidas socioeducativas. Sobre este tema, podemos afirmar que: 
a. A LDB trata do dever do Estado na educação escolar pública com base na “igualdade de condições para o acesso e permanência na escola” e mediante a garantia de educação básica obrigatória e gratuita dos 4 aos 15 anos.
b. A Resolução do Conselho Nacional de Educação (CNE/CEB) nº 3/2016 dispõe sobre as Diretrizes Nacionais para o atendimento escolar a adolescentes e jovens em cumprimento de medidas socioeducativas, que tem como princípio a prevalência da dimensão disciplinar no cumprimento das medidas socioeducativas. Segundo as Diretrizes Nacionais, o atendimento escolar deve ter como um de seus princípios a prevalência da dimensão educativa sobre o regime disciplinar no cumprimento de medidas socioeducativas por adolescentes.
c. As medidas socioeducativas não compreendem a responsabilização do adolescente quanto às consequências lesivas do ato infracional.
d. O reconhecimento da singularidade e a rejeição das identidades dos adolescentes é um princípio do atendimento escolar a adolescentes e jovens em cumprimento de medidas socioeducativas.
e. O Estatuto da Criança e do Adolescente, aprovado pela Lei nº 8.069/1990, considera crianças e adolescentes como pessoas em condição peculiar de desenvolvimento, superando a visão de “menor em situação irregular”.
Questão 3
O Relatório avaliativo “ECA 25 anos” (Brasília, SDH, 2016, p. 46-56) trata, dentre outros assuntos, do Direito à educação de crianças e adolescentes. A esse respeito, marque a alternativa correta:
a. A educação infantil integra as etapas da Educação Básica, mas sua oferta não é dever do Estado.
b. O Artigo 227 da Constituição Federal, ao assegurar às crianças e aos adolescentes, em absoluta prioridade, o direito à educação, dentre outros direitos, os coloca a salvo de toda forma de negligência e discriminação, mas não apresenta relação com a Doutrina da Proteção Integral.
c. O acesso ao ensino fundamental foi universalizado no Brasil, não havendo mais desafios para esta etapa de ensino na Educação Básica.
d. A LDB determina a inclusão, no currículo do ensino fundamental, de conteúdos que tratem dos direitos das crianças e dos adolescentes, tendo o ECA como diretriz. Conforme lembra o Relatório avaliativo “ECA 25 anos”, em 2007 a LDB foi alterada e passou a incluir os conteúdos sobre direitos das crianças e adolescentes no ensino fundamental (artigo 32 da LDB). Importante salientar que a proposta da Lei não foi criar uma nova disciplina, e sim trabalhar a questão nas disciplinas que já existem, tornando o ECA presente no cotidiano escolar.
e. No ensino médio, a defasagem idade-série é praticamente inexistente no país.
Questão 4
A relação entre o direito à Educação e o Sistema Socioeducativo tem aspectos históricos e conceituais imprescindíveis para conhecer o tema. Escolha a resposta correta, tendo como referência o texto “O Direito à Educação no contexto da medida socioeducativa de internação” indicado no Módulo 1: 
a. Em 1964, no contexto de ditadura militar no Brasil, foi criada a Fundação Nacional do Bem-estar do Menor e a Política Nacional do Bem-Estar do Menor, responsável pela elaboração das novas diretrizes, privilegiando a dimensão educativa.
b. À luz do princípio da completude institucional das medidas socioeducativas, preconizado pelo ECA/1990, as políticas de atendimento a adolescente são implantadas através de um conjunto articulado de ações governamentais e não-governamentais. Afirmação incorreta. As medidas socioeducativas estão sob o princípio da incompletude institucional, ou seja, a visão de que a medida socioeducativa necessita estar integrada a outros órgãos, instâncias e setores do Estado e sociedade.c. O paradigma da proteção integral representou um retrocesso para as políticas educacionais destinadas à infância e à adolescência.
d. No período republicano buscou-se uma legislação específica para a infância e adolescência, cuja marca prevalente é o acolhimento e a proteção.
e. Desde o período colonial, o tratamento dispensado às crianças indígenas, negras e pobres tinha caráter caritativo.
Questão 5
Sobre a adaptabilidade da educação em diferentes contextos e públicos, à luz da concepção da educação a longo da vida, conforma abordado no conteúdo do Módulo 1 e no texto “Direito humano à Educação (2011)”, podemos afirmar que:
a. A adaptação dos processos educativos às diferentes expectativas presentes na sociedade, não inclui a abertura do Estado à gestão democrática das escolas e dos sistemas de ensino.
b. A adaptabilidade exige que a educação se adeque à função social de enfrentamento às discriminações e desigualdades que permeiam o social, por exemplo, quando falamos nos estigmas em relação aos adolescentes em cumprimento de liberdade assistida. Adaptabilidade significa que a escola deve ter flexibilidade para se adaptar ao grupo de estudantes e ao contexto social e cultural, ou seja, que a escolarização corresponda à realidade das pessoas, respeitando sua cultura, costumes, religião e diferenças, superando desigualdades e desconstruindo estigmas.
c. Ensino e aprendizagem limitam-se ao período de presença na escola.
d. No contexto de escolas localizadas em contextos vulneráveis socialmente, é importante que se conheça a realidade local, para uma ação efetiva, independentemente da comunidade escolar e da sociedade civil.
e. A adaptabilidade da educação significa que os estudantes devem se adaptar à escola.
Módulo 2 – Adolescências e Medidas Socioeducativas
2.1 - Apresentação
No primeiro Módulo do curso, abordamos o Direito Humano à Educação e a legislação educacional. No Módulo 2, refletiremos sobre as adolescências e as medidas socioeducativas, o paradigma da proteção integral, assim como o papel da política pública de Educação no cumprimento de medidas socioeducativas.
A adolescência ocorre da mesma forma em todos os grupos sociais? O que é a doutrina da proteção integral? O que significa dizer que as medidas socioeducativas responsabilizam os adolescentes pelo ato infracional?
Estas questões orientarão a trajetória formativa neste Módulo 2, em busca do aprofundamento sobre as peculiaridades do atendimento escolar nos contextos de cumprimento de medidas socioeducativas.
2.2 - Conhecendo o problema
O tema das adolescências e medidas socioeducativas envolve aspectos culturais e sociais, pois estamos falando da construção histórico-social das adolescências, sua pluralidade e complexidade.
Em relação às medidas socioeducativas, há elementos centrais para compreendermos sua natureza: a primazia do caráter educativo da medida e a doutrina ou “paradigma da proteção integral”, preconizada pelo Estatuto da Criança e do Adolescente de 1990, que, observando padrões internacionais de proteção da criança e do adolescente, substituiu o “Código de menores” de 1979 e sua visão de “menor em situação irregular”.
A proteção integral define que crianças e adolescentes são pessoas em condição peculiar de desenvolvimento e, portanto, devem ter prioridade nas políticas públicas como sujeitos de direitos. Como um dos desdobramentos desta abordagem temos, hoje, no Brasil, Planos e Sistemas de Garantia de Direitos e de Atendimento Socioeducativo.
O Plano Decenal de Atendimento Socioeducativo do Estado de São Paulo (2014) apresenta dados sobre a ampliação de 30% do número de adolescentes em internação: de 5.189 em 2006 para 6.768 em 2013. Em 2013, cerca de 80,5% dos adolescentes custodiados tinham entre 15 e 17 anos.
A pesquisa “Dados de Infância e Adolescência do Estado de São Paulo” (São Paulo, SJDC, 2015) aponta que do total de adolescentes que cumpriam medidas socioeducativas em meio aberto, em janeiro de 2014 no Município de São Paulo, 44,9% não estudavam e 63,4% eram meninos com idade entre 15 e 17 anos. O índice de reincidência observado foi de cerca de 20%.
2.3 - Adolescências, juventude e sociedade: estigmas e contextos
O que é ser adolescente? A adolescência ocorre da mesma forma em todos os grupos sociais? Em geral, podemos dizer que adolescente é uma pessoa, com direitos e responsabilidades, em condição peculiar de desenvolvimento subjetivo, biológico e psicossocial. Observe que há adolescências, no plural, ou seja, trata-se de um grupo heterogêneo, dada a multiplicidade de características e contextos (sociais, econômicos e históricos) que envolvem este fenômeno social, além dos estigmas relacionados. Para esta reflexão, assista os 3 blocos da vídeo-aula com o Professor Mestre Tony Nakatani e acesse as leituras indicadas a seguir.
2.4 Sistema Socioeducativo, SINASE e Sistema de Garantia de Direitos (SGD)
No Brasil, há Sistemas que estabelecem ações e responsabilidades de várias políticas públicas que devem funcionar de modo integrado e com base na doutrina da proteção integral, que é o foco do ECA (1990).
SINASE
O Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo foi instituído pela Lei nº 12.594/2012 e conta com o Plano Nacional de Atendimento Socioeducativo. Como sistema integrado e um conjunto de princípios, regras, critérios, planos e políticas, busca articular no território nacional os Governos Estaduais e Municipais, o Sistema de Justiça e as políticas setoriais, como Assistência Social, Saúde e Educação, para assegurar efetividade e eficácia na execução das medidas socioeducativas, fundamentadas nos Direitos Humanos. Acesse e leia a legislação destacada!
O Sistema de Garantia de Direitos da Criança e do Adolescente é a articulação e integração de instâncias públicas e organizações na aplicação de normas e no funcionamento dos mecanismos de promoção, defesa e controle de direitos deste público, nos níveis, federal, estadual e municipal. Sobre o tema, leia os materiais (UnB/SDH, 2014): “Marco legal, políticas públicas e Sistema de Garantia de Direitos da Criança e do Adolescente” e “Políticas Públicas e marco legal da Socioeducação no Brasil”.
2.5 O paradigma da proteção integral como base dos Sistemas
Como vimos, o SINASE e o SGD devem se articular às diversas políticas públicas para execução do atendimento socioeducativo e garantia dos direitos das crianças e adolescentes. O paradigma da proteção integral, ao superar a visão de “menor em situação irregular”, pauta as condições básicas para o desenvolvimento de crianças e adolescentes. Nesse contexto, a Educação Básica tem papel central!
O especialista no tema, Max Dante, aborda o tema na video-aula a seguir, ao explicar o paradigma da proteção integral para todas as crianças e adolescentes, que é base dos Sistemas citados. A educação integra a Garantia de Direitos e deve realizar ações colaborativas junto às políticas públicas de Assistência Social, Saúde, Trabalho, Cultura, Direitos Humanos, Educação, Esporte e Igualdade Racial para promover a escolarização de forma integrada, a todos, incluindo-se os adolescentes em cumprimento de medidas socioeducativas
2.6 Medidas Socioeducativas em meio fechado e aberto: responsabilização dos adolescentes por ato infracional
A responsabilização dos adolescentes que praticam ato infracional ocorre por meio da aplicação de medidas socioeducativas, que são pedagógicas e visam oportunizar a reflexão sobre o ato, suas motivações, consequências e responsabilidades.
Ato infracional: é a prática de adolescentes correspondente à conduta descrita como crime ou contravenção penal. São penalmente inimputáveis os menores de 18 anos, por serem pessoas em condição peculiar de desenvolvimento, que estão, assim, sujeitos às medidas socioeducativas.
Medida Socioeducativa: é o mecanismo de responsabilização, determinada judicialmente, a partir da prática do ato infracional, considerando a capacidade do adolescente de cumprir a medida, as circunstâncias e a gravidade do ato. Tem prevalentecaráter pedagógico, em relação à visão punitiva ou retributiva, deve seguir princípios definidos pela lei e pode ser aplicada como: Advertência, Obrigação de reparar o dano, Prestação de Serviços à Comunidade (PSC), Liberdade Assistida (LA), Semiliberdade e Internação (artigo 112-125, ECA). É acompanhada pelo Poder Executivo Estadual (no caso das medidas com restrição de liberdade) e Municipal (no caso do meio aberto).
2. 7 - Papel da política pública de Educação no cumprimento de medidas socioeducativas: perfis do público atendido
Nos 2 blocos do vídeo, o especialista Max Dante continua abordando o tema deste Módulo. Aqui, ele fala sobre o público adolescente, alguns aspectos identitários e sociais deste público e a centralidade da política de Educação ao longo do cumprimento de medidas socioeducativas.
omo vimos, as predominâncias nos perfis dos adolescentes em medidas socioeducativas referem-se ao fato de que a maioria é negra e do sexo masculino, além de apresentar vulnerabilidades sociais e rupturas na trajetória escolar:
“A maioria das informações disponíveis dão conta de que um conjunto expressivo dos jovens estão desprotegidos das políticas públicas e dos direitos sociais básicos e são, ainda, vítimas de violência, e não autores, conforme grande parte da sociedade acredita”. Ademais, “pesquisa realizada pelo IPEA e Ministério da Justiça (2003), que mostram um perfil de exclusão social entre esses adolescentes: mais de 60% dos adolescentes privados de liberdade eram negros, 51% não frequentavam a escola e 49% não trabalhavam quando cometeram o delito e 66% viviam em famílias consideradas extremamente pobre” (IPEA, junho de 2015, p. 15).
Em âmbito nacional, o “Panorama Nacional: A Execução das Medidas Socioeducativas de Internação” ( CNJ, 2012) mostra que mais da metade dos adolescentes não frequentava a escola antes de ingressar na medida de internação; e o Levantamentorealizado pela Secretaria Nacional de Direitos Humanos (2013) apontou que dos adolescentes em conflito com a lei que cumpriam medida socioeducativa de privação de liberdade, 95% eram do sexo masculino e cerca de 60% tinham idade entre 16 e 18 anos.
No Estado, os “Dados de Infância e Adolescência do Estado de São Paulo” (São Paulo, 2015) apontam que é maior a proporção de adolescentes pardos e pretos (segundo a classificação do IBGE): 61% das mulheres e 67% dos homens em 2013; e o Plano Decenal de Atendimento Socioeducativo (2014) apresenta a defasagem entre idade e série, pois boa parte dos adolescentes entre 15 e 17 anos, na medida, cursavam Ensino Fundamental.
Os estudos destacados mostram que o fenômeno do ato infracional juvenil está associado não à pobreza ou à miséria em si, mas, sobretudo, à desigualdade social e à dificuldade no acesso às políticas sociais de proteção – fator limitante para o desenvolvimento pleno da população adolescente e jovem. Nem todos os adolescentes que praticam ato infracional cumprem medidas socioeducativas, pois há aspectos de maior seletividade social do sistema.
No âmbito da política de Educação Básica, são questões que devem ser consideradas pelos gestores e professores, promovendo o acolhimento deste público e o respeito, com foco no acesso, permanência e sucesso escolarprimento de medidas socioe
Trabalhando permanentemente os conteúdos do ECA e da Educação em Direitos Humanos com alunos e todos os profissionais da escola e a Educação para as Relações Étnico-Raciais, em consonância com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional/1996 (alterada pelas Leis 10.639/2003 e 11.645/2008), de modo transversal e interdisciplinar;
Promovendo ações formativas de respeito às diferenças e desconstrução de estigmas e preconceitos, abordando questões de gênero, liberdade religiosa, orientação sexual e diversidade cultural, sob uma perspectiva crítica;
Mantendo articulação com a rede de proteção social, ou seja, as diversas instituições e políticas públicas (Assistência Social, Saúde, Cultura, Trabalho, Direitos Humanos, dentre outras);
Promovendo a mediação de conflitos, como forma mais eficaz e construtiva de lidar com os conflitos, em detrimento de atitudes repressoras ou punitivas.
2.8 Competências docentes na Socioeducação: potencializando a relação adolescente, professor e escola
Quais são as competências docentes para atuar na Socioeducação?
O ambiente escolar, como espaço de convivência, relações sociais e desenvolvimento cognitivo e afetivo, é essencial no processo de socialização dos adolescentes. Nesse sentido, há competências docentes importantes para o trabalho docente na Socioeducação, como a interdisciplinaridade, a flexibilidade de metodologias e o conhecimento sobre a proteção integral, o ECA e a Educação em Direitos Humanos.
Os textos “Das concepções às práticas: a docência em foco” (p. 67-97) e “Adolescente, professor e escola: potencializando essa relação” (p. 225-243) disponíveis no material “Docência na Socioeducação” (UnB, 2014) trazem importantes reflexões!
Quais são as competências docentes para atuar na Socioeducação?
O ambiente escolar, como espaço de convivência, relações sociais e desenvolvimento cognitivo e afetivo, é essencial no processo de socialização dos adolescentes. Nesse sentido, há competências docentes importantes para o trabalho docente na Socioeducação, como a interdisciplinaridade, a flexibilidade de metodologias e o conhecimento sobre a proteção integral, o ECA e a Educação em Direitos Humanos.
Os textos “Das concepções às práticas: a docência em foco” (p. 67-97) e “Adolescente, professor e escola: potencializando essa relação” (p. 225-243) disponíveis no material “Docência na Socioeducação” (UnB, 2014) trazem importantes reflexões!
2.9 - Resumo do módulo
Neste Módulo 2 foram discutidos os diversos aspectos que envolvem as adolescências e as medidas socioeducativas. Tratam-se de peculiaridades fundamentais para a compreensão das nuances do atendimento escolar ofertado a adolescentes em cumprimento de medidas socioeducativas, tanto em relação à atuação docente, quanto no tocante à gestão e aos processos formativos na escola.
Nesse sentido, passaremos a tratar das especificidades da escolarização nos diferentes tipos e contextos de medidas socioeducativas: escolas, Centros de Internação Provisória, Centros de Internação, Semiliberdade e Meio Aberto.
2.10 - Questões Objetivas
Módulo 3 – Atendimento Escolar nos Centros de Internação Provisória 
Módulo 4 – Atendimento nos Centros de Internação 
Módulo 5 – Atendimento Escolar na Semiliberdade e em Meio Aberto 
Módulo 6 – Educação em Direitos Humanos

Outros materiais