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A Disfunção Executiva no Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade

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A Disfunção Executiva no Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade.
De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais DSM-IV-TR™ (American Psychiatric Association, 2002), o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade é considerado um dos distúrbios de maior prevalência entre crianças em idade escolar e possui como características principais a inquietude motora, impulsividade, dificuldade na manutenção da atenção, e acarreta problemas sociais e principalmente acadêmicos.
O DSM-IV-TR™ ainda separa o transtorno de atenção em tipos que diferem por sintomas de atenção ou hiperatividade/impulsividade. O manual fornece critérios para diagnóstico do TDAH tipo combinado, predominantemente desatento ou predominantemente hiperativo/impulsivo. Para satisfazer os critérios diagnósticos, os sintomas devem estar presentes por pelo menos seis meses e antes dos sete anos de idade além de causar prejuízo acadêmico, social e ocupacional significativo não explicados por outro transtorno mental.
Funções executivas é um termo utilizado para designar os processos cognitivos de controle e integração destinados à execução de um comportamento dirigido a objetivos. Essa função exige a interação de subcomponentes como memória de trabalho, atenção seletiva, controle inibitório, flexibilidade e planejamento (Capovilla, 2006). O lobo frontal, particularmente a região pré-frontal, tem sido relacionado com essas funções (Gil, 2002). Essa área do cérebro desempenha um papel importante no raciocínio, na resolução de problemas, na personalidade e no movimento intencional (Sternberg, 2000).
                O conceito de funções executivas constitui um construto complexo que envolve um funcionamento adequado e simultâneo de vários componentes que são requisitados para a realização de diversas atividades que exigem um plano de ação, sempre que uma resposta apropriada deve ser selecionada e esquematizada (Robbins, 1996 citado por Fuentes, Malloy-Diniz, Camargo & Conzega, 2008).
Planejar envolve a antecipação de eventos e de suas sequências além do monitoramento do quanto está próximo o destino final desejado (Souza, Ignácio, Cunha,Oliveira & Moll, 2001). Esta atividade está intimamente ligada à atividade do lobo pré frontal (Shallice & Burgess, 1991). 
As funções executivas envolvem diferentes componentes como seleção de informações, integração de informações atuais e informações previamente memorizadas, planejamento, monitoramento e flexibilidade (Lezak,1995 e Gazzaniga e col. 2002 citado por Capovilla, Assef & Cozza 2007). O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade leva a perturbações das funções executivas apesar de não haver indícios de lesão óbvia do lobo frontal.
Um dos componentes da atenção é a capacidade de seleção de resposta e controle executivo, conforme citado por Yudofsky & Hales (2006), além de capacidade de foco de atenção, atenção seletiva e atenção constante. Antes mesmo da resposta motora real, a qualidade da resposta deve ser avaliada através de tentativa e erro, formando uma tendência de resposta que resulta na intenção, que por sua vez influencia a direção da atenção.
Nesse contexto Barkley (2001, citado por Fuentes, Malloy-Diniz, Camargo, Cosenza e col. 2008.) fala de controle inibitório de respostas que contribui para a atuação eficaz das habilidades executivas e permite a execução motora fluente que é característica nos comportamentos dirigidos a metas, concomitante com inibição de comportamentos irrelevantes. Dificuldades com controle inibitório no geral são ligadas à impulsividade.
Segundo Segundo Knapp, Rohde, Lyszkowski e Johannpeter (2002, citado por Capovilla et al. 2007), Alterações no córtex pré frontal seriam responsáveis pelas características comportamentais do TDAH tais como controle inibitório deficitário, dificuldades em memória de trabalho, planejamento e agir conforme um objetivo definido. Barkley (1997) sugeriu que a dificuldade de inibir comportamentos é uma das principais causas das deficiências atencionais e executivas do TDAH.
A deficiência executiva é menos percebida em crianças porque essas possuem monitoramento de adultos em suas atividades diárias e, portanto raramente necessitam estabelecer sozinhas estratégias de planejamento, hierarquias de prioridades e etc. Porém, a medida que crescem, gradualmente aumentam as exigências em relação a sua autonomia de tomar decisões e resolver problemas da vida diária.
Conclui-se então que o TDA-H trás prejuízos para a pessoa não só no ponto de vista atencional, mas concomitantemente trás a dificuldade de estabelecer estratégias, aprender com os erros, utilizar com plenitude a memória de trabalho, inibir comportamentos irrelevantes em virtude de atitudes assertivas e consequentemente a pessoa tem problemas em diversos aspectos na vida diária.  Em crianças maiores, a partir dos 10 anos de idade, essas dificuldades vão se tornando cada vez mais aparentes e caso não tratadas e não treinadas habilidades para melhorar os sintomas, quando adulta, a pessoa torna-se desaptada em diversos contextos da vida.
Referências
American Psychiatric Association (2002). Manual diagnóstico e estatístico de transtornos                 mentais. Porto Alegre: Artmed.

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