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Aula 9 – A Resistência dos Povos
O momento de expansão das potências industriais europeias em direção aos continentes asiático e africano, no século XIX, pode ser definido como imperialismo ou como neocolonialismo. A ideia de neocolonialismo implica em uma comparação com as políticas expansionistas deste mesmo continente europeu, que havia ocorrido no contexto da Idade Moderna e que provocou a formação de colônias em várias partes do mundo, sobretudo na América.
Neocolonialismo x Colonialismo
O neocolonialismo, embora seja igualmente uma prática de dominação dos povos, possui mecanismos, ações e justificativas diversas daquele que ocorreu a partir dos séculos XV e XVI. Apesar das inúmeras diferenças entre aquele e este que ora estudamos, podemos marcar uma similaridade:
A conquista da América não foi pacífica
A submissão dos povos africanos e asiáticos também não
O neocolonialismo motivou as reações mais diversas onde se estabeleceu. O caso da África é mais emblemático, já que, ao entrarmos no século XX, sua quase totalidade territorial estava sob o domínio de algum país europeu. As disputas criadas em torno destas novas colônias seria um dos principais fatores para a eclosão daquele que seria um dos maiores conflitos do século XX: a I Guerra Mundial.
O Etnocentrismo Europeu
Embora o mundo tenha mudado desde o século XV, a mentalidade europeia acerca dos povos fora do continente permanecia marcada pelo etnocentrismo, que entendia sua cultura como civilizada, e as demais, como bárbaras. Podemos comparar esta visão com aquela praticada pelos povos romanos na Antiguidade: os que não compartilhavam sua língua e cultura eram, por definição, bárbaros, tendo daí surgido o termo que ao longo dos séculos foi adquirindo cada vez mais carga pejorativa, claramente perceptível no século XIX.
A visão do europeu acerca das sociedades africanas implicava em não identificar suas diferenças, reconhecer o valor de suas culturas e entendê-las como sociedades que possuíam uma dinâmica própria de funcionamento. A manutenção de uma estrutura agrária, em um mundo que se industrializava rapidamente, era vista como um dos sinais inequívocos do atraso e da incivilidade dos costumes.
A Origem da Globalização
Alguns historiadores, como Eric Hobsbawm (foto), localizam na expansão econômica do século XIX a origem de um conceito – e uma prática – que hoje é parte corrente de nosso vocabulário: a globalização. Segundo Hobsbawm: (...) o fato maior do século XIX é a criação de uma economia global única, que atinge progressivamente as mais remotas paragens do mundo, uma rede cada vez mais densa de transações econômicas, comunicações e movimentos de bens, dinheiro e pessoas ligando os países desenvolvidos entre si ao mundo não desenvolvido (Hobsbawm, 1988, p. 95).
É claro que décadas se passaram desde que Hobsbawm fez esta afirmação, e expressões como “países desenvolvidos e não desenvolvidos” têm sido fortemente questionadas, o que, de forma alguma, invalida sua observação.
Capitalismo x Socialismo
O mundo do século XIX reúne-se em torno do Capitalismo. O Socialismo como sistema e, a partir de 1945, como ameaça, seria fruto da Revolução Russa, que ocorreria apenas em 1917. Mas, se a economia é o aspecto evidente do neocolonialismo, ele não é o único, conforme afirmamos na nossa aula anterior.
As últimas décadas do século XIX, em especial a partir de 1870 (Não podemos esquecer que Itália e Alemanha, que foram países neocolonialistas, unificaram-se somente a partir de 1870 e 1871, respectivamente.), viram os povos africanos e asiáticos passarem por um intenso processo de inserção política e cultural, bem como por acirradas rebeliões contra o domínio europeu.
Mas a resistência, ainda que tenha se intensificado ao final do século XIX, não ocorre somente neste momento. Um exemplo notável foi a resistência chinesa à presença britânica, durante a Era Vitoriana. Foram as chamadas Guerras do Ópio, que eclodiram a partir de 1840. Leia também sobre a Revolta dos Sipaios.
Consequências da Guerra para a China
A guerra foi desastrosa para a China e culminou com a vitória inglesa e a assinatura do Tratado de Nanquim, o primeiro dos chamados Tratados Desiguais (Os países ricos, que impunham estes tratados, mantinham tarifas consideravelmente elevadas, especialmente no setor industrial, favorecendo suas indústrias, pois os países em vias de desenvolvimento não conseguiam competir em pé de igualdade com os países mais ricos.). Além do pagamento de uma indenização, a China foi obrigada a abrir cinco portos ao comércio britânico, a entregar a ilha de Hong Kong - que ficaria mais de um século sob o domínio inglês - e revogar a ilegalidade das transações de ópio.
Em 1856, os chineses descumpriram o tratado, ao executarem uma revista a um navio britânico – os britânicos haviam conseguido o monopólio de alguns portos a partir do Tratado de Nanquim –, ocasionando uma nova crise. A Inglaterra, apoiada pela França, declara guerra e novamente vence, obrigando o governo chinês a assinar outro dos tratados desiguais – o Tratado de Tianjin (Nele, estipula-se a abertura de mais onze portos ao comércio estrangeiro, além de abrir o trânsito de comerciantes e missionários cristãos em território chinês.).
O saldo da Guerra do Ópio foi a perda da soberania do estado chinês, fragilizando-o politicamente, e a maciça entrada de estrangeiros na China, além da perda territorial de Hong Kong.
Resultado da Vitória Inglesa
Estas revoltas foram duramente reprimidas pelos soldados ingleses, que puniam e massacravam os rebeldes. A vitória inglesa teve como resultado: A extinção do domínio da Companhia das Índias, e a interferência na administração do país passou a ser feita diretamente pelo estado inglês. Os poderes locais foram enfraquecidos, e a Coroa Inglesa nomeava funcionários para administrar os assuntos indianos. A rainha Vitória foi coroada Imperatriz da Índia, o que consolidava – para os indianos e para o mundo – o domínio definitivo do país pela Coroa Britânica.
Se a Ásia resistia ao europeu, na África não foi diferente. Sobre o contexto que antecede o imperialismo, temos que: Até o século XIX, as rotas comerciais africanas que integravam o comércio intercontinental eram organizadas pelos próprios africanos e não perturbavam fundamentalmente as estruturas políticas do continente. Os chefes tribais muitas vezes articulavam o fluxo do comércio de modo a fortalecer e a estender seu poder. Mas no século XIX, como parte da expansão colonialista, expedições lideradas por não africanos começaram a abrir caminho para o interior do continente e, muitas vezes utilizando a força, a criar sistemas de autoridade alternativos àqueles dos chefes tradicionais. Os conflitos que foram gerados a partir de então opõem não somente estrangeiros contra nativos, mas também grupos locais cujas rivalidades eram acirradas e estimuladas pelos europeus como tática de expansão de seus interesses comerciais 
África – Continente Homogêneo?
Tudo o que foi dito na tela anterior significa: a África jamais foi um continente homogêneo, como tendemos a compreender quando nos referimos a assuntos como, por exemplo, a escravidão no Brasil. Falamos correntemente em africanos e escravos, mas esquecemos suas peculiaridades, suas etnias próprias e mantemos nosso olhar  “generalista” sobre o chamado continente negro, ignorando suas particularidades. O que os autores destacam neste trecho é que este continente possui suas próprias dinâmicas e suas relações mercantis e sociais, que foram em muitos casos apropriadas pelos europeus e serviram como instrumento para o neocolonialismo.
Ocupação Europeia no Território Sul-Africano
No campo dos estudos sobre a resistência, destaca-se a Guerra dos Bôeres, dentre outros fatores, pela particularidade de ter sido um conflito entre brancos, ocorrido na África do Sul. Para compreendermos, vejamos um breve histórico sobre a ocupação europeia no território sul-africano: No século XVI, ainda no período da expansão marítima, aregião onde hoje se localiza a África do Sul era habitada por diversas etnias como os Xhosa e os Zulus.
Embora tenha sido um português – o navegador Bartolomeu Dias – um dos primeiros europeus a chegar à África do Sul, coube aos holandeses, através de sua companhia de comércio, a Companhia Holandesa das Índias Ocidentais, a colonização da região. Foram os holandeses que fundaram a Cidade do Cabo que, por sua posição estratégica, constituía, no início de sua história, um importante entreposto comercial, sobretudo para os navios mercantes, que rumavam para o Oriente em busca de especiarias.
Entre os séculos XVII e XVIII, houve um afluxo de imigrantes holandeses e franceses, sobretudo calvinistas, que povoaram a região. Estes colonos eram chamados de bôeres e desenvolveram uma língua própria, o africâner, um dos idiomas africanos oficiais atualmente.
Início das Lutas
Os povos locais resistiram à escravização, e deles se destaca a resistência zulu. Entretanto, no território da Cidade do Cabo, os colonos mantiveram muitos de seus hábitos e costumes europeus. Apesar da colonização holandesa, brancos e negros conviviam no território sul-africano, mesmo de forma não pacífica. Os bôeres utilizaram muitos negros na lavoura, mas as condições de vida da população negra sofreram uma grande transformação na virada do século XIX para o XX, com a eclosão da guerra. Em meados do século XIX, com a descoberta de grandes jazidas de diamante na África do Sul, houve o progressivo enriquecimento dos colonos e o aumento do uso da mão de obra africana nas minas.
Guerra dos Bôeres e o Surgimento do Apartheid
Os diamantes e as jazidas de ouro africanas despertaram os interesses ingleses, que entraram em guerra contra os colonos. A vitória inglesa provocou a criação da União Sul-africana, que reunia algumas colônias da região, entre elas a do Cabo, que ficariam sob o domínio britânico. Este momento é importante para toda a história contemporânea da África do Sul, pois dele surgiria o apartheid, regime político de opressão à população negra que vigorou no país até finais do século XX.
A União Sul-africana dava plenos poderes aos brancos e criavam leis que impediam os negros de exercer direitos básicos, como o de votar ou de ter acesso a posse de terras. Décadas depois, com a independência da África, as leis da União Sul-africana foram mantidas e comporiam o conjunto jurídico do apartheid.
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