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Acerca da prescrição de particular por improbidade administrativa, concorre com os agentes públicos, bem como a contagem deve ser iniciada individualmente, conforme entendimento de Nilson Mizuta, relator da 5ª Câmara Cível: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO CÍVEL Nº 00036913- 67.2017.8.16.0000, DO FORO CENTRAL DA COMARCA DA REGIÃO METROPOLITANA DE LONDRINA – 2ª VARA DA FAZENDA PÚBLICA Embargante: ILDEFONSO JOSÉ HAAS E MATIAS TADACHI TAKACHI Embargado: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ Relator: DES. NILSON MIZUTA EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. PROCEDIMENTO LICITATÓRIO. SUPOSTO DIRECIONAMENTO DA EMPRESA. DECISÃO INTERLOCUTÓRIA QUE RECEBEU A PETIÇÃO INICIAL. MANUTENÇÃO. PRESCRIÇÃO. NÃO CARACTERIZADA. OMISSÃO. VÍCIO INEXISTENTE. APRECIAÇÃO DO PRAZO DE AMBOS OS RECORRENTES. PRECEDENTE DO STJ. AÇÃO COM DIVERSOS RÉUS. CONTAGEM INDIVIDUAL DA PRESCRIÇÃO. ENTENDIMENTO QUE NÃO AFASTA A CONCLUSÃO DO ACÓRDÃO. PARTICULAR EM CONLUIO COM AGENTE PÚBLICO. LAPSO TEMPORAL IDÊNTICO AO DO AGENTE PÚBLICO. ERRO MATERIAL. AFIRMAÇÃO DE QUE O EMPREGADO PÚBLICO CUMULAVA FUNÇÃO DE CONFIANÇA À ÉPOCA DOS FATOS. EQUÍVOCO. NOMEAÇÃO POSTERIOR. CORREÇÃO. EMBARGOS CONHECIDOS E ACOLHIDOS EM PARTE, PARA SANAR ERRO MATERIAL. NO MAIS, MANTIDO ACÓRDÃO, SEM EFEITOS MODIFICATIVOS. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos de Embargos de Declaração Cível nº 00036913-67.2017.8.16.0000, do Foro Central da Comarca da Região Metropolitana de Londrina – 2ª Vara da Fazenda Pública, em que são embargante ILDEFONSO JOSÉ HAAS E MATIAS TADACHI TAKACHI e embargado MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ. RELATÓRIO Cuida-se de embargos de declaração opostos por Ildefonso José Haas e Matias Tadachi Takachi contra acórdão em que este Colegiado, nos autos de ação civil pública por ato de improbidade administrativa ajuizada pelo Ministério Público do Paraná em face dos ora embargantes, negou provimento ao recurso de Agravo de Instrumento e manteve a r. decisão interlocutória de recebimento da petição inicial. Sustentam que o acórdão é omisso, pois não apreciou a tese da prescrição com relação ao réu Matias Takachi. Defendem que Matias jamais exerceu atividade pública, o que impõe a contagem da prescrição a partir da data do fato, no caso 19 de outubro de 2004, data em que ocorreu a elaboração da nota fiscal nº 007. Aduzem que prevalece no âmbito do Superior Tribunal de Justiça o entendimento de que o prazo prescricional deve ser contado individualmente, de acordo com as condições de cada réu. Com relação ao réu Ildefonso Haas, afirmam que o acórdão incorre em equívoco quando afirma que o réu, na época dos fatos, exercia função de confiança de Gerente Regional da EMATER. Para corroborar com a alegação, junta declaração prestada por Maria Candalafi A. Parra Peres, funcionária da EMATER, que atesta que o réu exercia função de Extensionista Municipal de Londrina, no período 2003 a 2007, logo, não exercia função de chefia. Nesse contexto, defendem que não houve o preenchimento dos requisitos do inciso I, do art. 23, da Lei n. 8.429/92 e, portanto, a prescrição deve ser contada da data do fato. Ressaltam que a Companhia de Desenvolvimento Agropecuário do Paraná ajuizou na Comarca de Cambé ação de execução em face do representante da empresa Indústria e Comércio Premoldados Norte do Paraná – LTDA que, posteriormente, foi abandonada, fato que implicou na consumação da prescrição para todos os réus. Apontaram que esses fatos não foram apreciados por este Colegiado por ocasião do julgamento do Agravo de Instrumento. Intimado, o embargado apresentou contrarrazões (Mov. 15.1 – PROJUDI.2). VOTO Primeiramente, apontam os embargantes que a decisão atacada é omissa, pois nada menciona sobre a prescrição com relação ao réu Matias Tadachi Takachi. Sem razão. Conforme infere-se de fls. 17 do acórdão de mov. 35.1 (PROJUDI.2) há expressa menção sobre o prazo prescricional atribuído ao réu Matias, no caso o mesmo do agente público Ildefonso José Haas, senão vejamos: “Anote-se, ainda, que incide em face do particular Matias Tadachi Takachi o mesmo prazo prescricional conferido ao agente público que realizou a conduta impugnada, conforme orientação do STJ: “O prazo prescricional aplicável ao terceiro que pratica ato de improbidade administrativa, em conjunto com agente público, rege-se pelo lapso temporal incidente a esse último. Conforme a jurisprudência desta Corte, "nos termos do artigo 23, I e II, da Lei 8.429/92, aos particulares, réus na ação de improbidade administrativa, aplica-se a mesma sistemática atribuída aos agentes públicos para fins de fixação do termo inicial da prescrição". (STJ, AgRg no REsp 1.541.598/RJ, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe de 13/11/2015).” (AgInt no AREsp 986279/RJ, Rel. Min. FRANCISCO FALCÃO, Segunda Turma, J. 24/10/2017, DJe 30/10/2017).” A matéria não mereceu maiores esclarecimentos porque trata de entendimento pacificado pelos Tribunais Superiores no sentido de que deve ser atribuído ao particular que, estranho ao serviço público, pratica, concorre ou se beneficia de ato ímprobo, o mesmo prazo prescricional incidente ao agente público. A objetivo dessa orientação é “justamente impedir que os protagonistas de atos de improbidade administrativa - quer agentes públicos, quer particulares em parceria com agentes públicos - explorem indevidamente o prestígio, o poder e as facilidades decorrentes de função ou cargo públicos para dificultar ou mesmo impossibilitar as investigações”.1 Vale esclarecer que a omissão é um dos vícios que autoriza a oposição de embargos de declaração e ocorre quando o Julgador deixa de apreciar ponto ou questão relevante sobre a lide, o que não se verifica no presente caso. Na sequência, alegam os embargantes que prevalece no Superior Tribunal de Justiça o entendimento de que “o prazo prescricional deve ser contado individualmente, de acordo com as condições de cada réu, haja vista o disposto no comando legal e a própria natureza subjetiva da pretensão sancionatória e do instituto em tela”. O precedente utilizado pelos embargantes é recente, mas o entendimento é antigo no âmbito do STJ, no sentido de que a prescrição não deve ser aplicada coletivamente, a partir da saída do último réu do seu cargo. Em outras palavras, na ação civil pública proposta em face de diversos réus, o prazo prescricional conta-se de modo 1 STJ, REsp 1405346/SP, Rel. Min. NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, Rel. p/ acórdão Min. SÉRGIO KUKINA, 1ª Turma, J. 15/05/2014, DJe 19/08/2014. individual para cada réu, o que impede a incidência coletiva quando encerrado o último vínculo com a Administração Pública. Neste aspecto, importante esclarecer que a vedação à contagem coletiva é evitar que, quando a lei estabelece de modo expresso lapso temporal, esta previsão seja afastada para a incidência de termo inicial idêntico para todos os réus. À título de exemplo, se dois réus são processados por ato de improbidade, um deles ocupante de cargo em comissão e o outro detentor de mandato eletivo, caso a exoneração do primeiro se opere antes do término do exercício do mandato eletivo, a contagem da prescrição quinquenal para o primeiro já se inicia, independentemente do segundo ainda exercer suas funções. Ocorre que, no caso em discussão, estamos tratando de ato ímprobo supostamente praticado por empregado público em conjunto com particular. A Lei n. 8.429/92 não tratou sobre o prazo prescricionalincidente aos terceiros e, portanto, doutrina e jurisprudência são unânimes de que o prazo deverá ser o mesmo previsto para o agente público. De fato, o prazo prescricional deve ser contado individualmente quando a ação de improbidade foi ajuizada contra diversos réu, mas para os particulares há uma omissão legislativa, devendo incidir a mesma sistemática atribuída aos agentes públicos. Nestas condições, conclui-se que o precedente citado pelos embargantes não afasta a orientação jurisprudencial estabelecida no acórdão atacado. [...] Os demais argumentos suscitados pelos embargantes configuram tentativa de rediscussão da matéria, porque o pronunciamento não foi omisso e todos os aspectos incidentes para contagem da prescrição foram devidamente apreciados e esclarecidos de acordo com a orientação da doutrina e jurisprudência. [...] Embargos de Declaração Cível nº 0036913-67.2017.8.16.0000 fl. 2 (TJPR - 5ª C.Cível - 0036913-67.2017.8.16.0000 - Londrina - Rel.: Nilson Mizuta - J. 15.05.2018) Neste sentido, conforme entendimento da mesma câmara, a contagem de prazo da prescrição referente ao particular é concorrente com os agentes públicos, pois houve liame subjetivo, tendo por base a prescrição da pretensão punitiva das penas da LIA, bem como atribuiu efeito expansivo para estender esse entendimento aos corréus particulares, de modo que a ação teve que prosseguir somente quanto à pretensão de ressarcimento: AGRAVO DE INSTRUMENTO. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. ALEGADA FRAUDE EM LICITAÇÃO. PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA DAS PENAS DA LIA EM RELAÇÃO AOS PARTICULARES. PLURALIDADE DE AGENTES PÚBLICOS, TITULARES DE MANDATO ELETIVO, CARGO COMISSIONADO E CARGO EFETIVO. AO PARTICULAR DEVE SER ADOTADO O PRAZO PRESCRICIONAL DO AGENTE PÚBLICO COM O QUAL TEVE LIAME SUBJETIVO. RECURSO PROVIDO COM EFEITO EXPANSIVO AOS CORRÉUS QUE NÃO RECORRERAM. PROSSEGUIMENTO DA AÇÃO CIVIL PÚBLICA DE ORIGEM EM RELAÇÃO A TODOS OS RÉUS QUANTO AO RESSARCIMENTO DO DANO EM TESE CAUSADO AO ERÁRIO, CUJA PRETENSÃO CONDENATÓRIA É IMPRESCRITÍVEL. TESE FIRMADA PELO STF, EM 08.08.2018, NO JULGAMENTO DO RE N.º 852.475-RG/SP. relatados e discutidos estes autos de VISTOS, AGRAVO DE da 1.ª Vara Cível e Anexos da Comarca de INSTRUMENTO N.º 0011616- 24.2018.8.16.0000, Bandeirantes, em que figuram como agravantes METRONORTE COMERCIAL DE VEÍCULOS LTDA. e , MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADOASSAD FARES ABOU NABHAN agravado e DO PARANÁ interessados VALDEMAR PAGLIACI, RICARDO ALEXANDRE PAGLIACI, LORIVAL DE SOUZA, ODILON CAMPOS SILVEIRA FILHO, JOSENILTON ROSSI MARCELINO, NILSON JOSÉ MARTINS, DETROIT COMERCIAL DE VEÍCULOS LTDA., GEORGES ABOU NABHAN e METROSUL COMERCIAL DE VEÍCULOS S/A. I – RELATÓRIO Trata-se de agravo de instrumento interposto por Metronorte Comercial de Veículos Ltda. e Assad Fares Abou Nabhan, ora, contra decisão interlocutória da “agravantes” lavra da Juíza de Direito Apoema Carmem Ferreira Vieira Domingos Martins Santos, que tem o seguinte teor no ponto que aqui interessa, verbis: “Vistos. Preliminarmente, exclua-se a empresa NEWTON E DA GAMA E CIA LTDA – ME do cadastro do Projudi, vez que não figura entre os requeridos da demanda. 1. Trata-se de ação civil pública de improbidade administrativa para ressarcimento de danos causados ao patrimônio público e imposição de sanções, ajuizada pelo Ministério Público do Estado do Paraná em desfavor de VALDEMAR PAGLIACI, ODILON CAMPOS SILVEIRA FILHO, JOSENILTON ROSSI MARCELINO, NILSON JOSÉ MARTINS, LORIVAL DE SOUZA, RICARDO ALEXANDRE PAGLIACI, ASSAD FARES ABOU NABHAN, GEORGES ABOU NABHAN, METRONORTE COMERCIAL DE VEÍCULOS LTDA, METROSUL COMERCIAL DE VEÍCULOS LTDA e DETROIT COMERCIAL DE VEÍCULOS LTDA. Segundo o , foram instaurados os Inquéritos Civis n.º 047/2005 eParquet n.º 048/2005 para investigar irregularidades nos certames licitatórios na Modalidade Convite n.º 10/2002 e convite n.º 09/2002. Consta do Inquérito Civil n.º 047/2005 que os requeridos teriam, de alguma forma, fraudado o processo licitatório para aquisição de um veículo para o Conselho Tutelar. Por sua vez, conforme o Inquérito Civil n.º 048/2005 os requeridos teriam, de alguma forma, fraudado o processo licitatório para aquisição de um veículo para o próprio uso do requerido Valdemar Pagliaci, na qualidade de veículo de representação/oficial de uso do Prefeito. Por fim, discorre que, em decorrência das irregularidades, sobreveio ao erário público prejuízo de R$ 109.192,12 (cento e nove mil, cento e noventa e dois reais e doze centavos). Por meio da decisão de mov. 1.22 (pag. 38/43) foi deferida a liminar pleiteada de indisponibilidade de bens dos requeridos e determinada a notificação deles para apresentação de defesa preliminar. Contudo, nos Autos do Agravo de Instrumento n.º 643956-3 foi revogada a liminar de indisponibilidade de bens (mov. 1.57 – pag. 30/37). Devidamente notificados (movs. 18.1, 55.3, 1.55 e 1.57), os requeridos apresentaram defesa preliminar: RICARDO ALEXANDRE PAGLIACI (movs. 1.40 - pag. 47 e 1.41); VALDEMAR PAGLIACI (movs. 1.41 - pag. 44/50, 1.42/1.46); NILSON JOSÉ MARTINS (movs. 1.52 - pag. 17/26; e 1.53); ODILON CAMPOS SILVEIRA FILHO (mov. 1.52 - pag. 17; e 1.53); LORIVAL DE SOUZA (mov. 1.55 - pag. 19/20); JOSENILTON ROSSI MARCELINO (movs. 1.55 - pag. 26 e 1.56); METRONORTE COMERCIAL DE VEÍCULOS LTDA (mov. 1.57, pag. 15); ASSAD FARES ABOU NABHAN (mov. 1.57, pag. 15); GEORGES ABOU NABHAN (mov. 65.1); e METROSUL COMERCIAL DE VEÍCULOS LTDA (mov. 65.1). Na sequência, o Ministério Público se manifestou acerca das preliminares no mov. 81.1. É o sucinto relatório. Decido. [...] 2.1. DA PRESCRIÇÃO Pugnam os requeridos pela rejeição da inicial em razão da prescrição. Em relação ao requerido VALDEMAR PAGLIACI há de se rejeitar a tese levantada, uma vez que era Prefeito Municipal na época dos fatos (gestão 1997/2000 e 2001/2004), aplicando-se lhe prazo prescricional de cinco anos após o término do exercício do mandato, nos termos do art. 23, I, da Lei 8.429/92 (LIA). Assim, como o término do segundo mandato ocorreu em dezembro de 2004, o lapso temporal prescricional findaria em 31/12/2009, razão pela qual concluo que a pretensão em face do requerido não foi atingida pela prescrição, vez que a demanda foi ajuizada em 08/09/2009. Em relação aos particulares ASSAD FARES ABOU NABHAN, GEORGES ABOU NABHAN, METRONORTE COMERCIAL DE VEÍCULOS LTDA, METROSUL COMERCIAL DE VEÍCULOS LTDA e DETROIT COMERCIAL DE VEÍCULOS LTDA aplicam-se lhes o prazo prescricional do agente público a eles vinculados, em razão da norma de extensão prevista no art. 3.º da LIA, conforme tese sedimentada pelo Superior Tribunal de Justiça segunda a qual: ‘O termo inicial da prescrição em improbidade administrativa em relação a particulares que se beneficiam de ato ímprobo é idêntico ao do agente público que praticou a ilicitude’ (AgRg no REsp 1510589/SE, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, Julgado em 26/05/2015, DJE 10/06/2015; REsp 1433552/SP, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, Julgado em 25/11/2014, DJE 05/12/2014). Neste passo, considerando que, em tese, praticaram ato de improbidade em conluio com a autoridade responsável pelo certame, o Prefeito Municipal, incide a regra prevista no art. 23, I, da LIA, iniciando-se o lapso prescricional com o término doin casu mandato deste. [...] Inexiste norma específica na LIA a respeito do prazo prescricional aplicável que agiram em concurso com os agentes públicos na prática do ato ímprobo, aos particulares tendo ajurisprudência do Superior Tribunal de Justiça se firmado no sentido de que “‘nos termos do artigo 23, I e II, da Lei 8.429/92, aos particulares, réus na ação de improbidade administrativa, aplica-se a mesma sistemática atribuída aos agentes públicos para fins. (STJ, AgRg no REsp 1.541.598/RJ, Rel. Ministrode fixação do termo inicial da prescrição' Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe de 13/11/2015). Nesse mesmo sentido: AgInt no REsp 1.607.040/PE, Rel. Ministra Assusete Magalhães, Segunda Turma, julgado em 28/3/2017, DJe 10/4/2017; STJ, AgRg no REsp 1.510.589/SE, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Turma, Dje de 10/6/2015; REsp 1.433.552/SP, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, DJe de 5/12/2014; REsp 1.405.346/SP, Rel. p/ acórdão Ministro Sérgio Kukina, Primeira Turma, DJe de 19/8/2014; AgRg no REsp 1.159.035/MG, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, Dje de 29/11/2013; EDcl no AgRg no REsp 1.066.838/SC, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe de 26/4/2011" (STJ, AgInt no AREsp 986.279/RJ, Rel. Ministro FRANCISCO FALCÃO, SEGUNDA TURMA, DJe de 30/10/2017)” (Decisão Monocrática da lavra da Min.ª Assusete Magalhães, no AREsp n.º 975.735/SP, em 01.08.2018, destacou-se). Insta saber, então, qual o prazo prescricional e o termo inicial a serem adotados (LIA, art. 23, inciso I ou II), uma vez que no pólo ativo figuram três espécies de agentes públicos: o detentor de mandato eletivo (ex-prefeito), os ocupantes de cargos em comissão ou de função de confiança e o servidor municipal sem função de confiança ou cargo em comissão. A dúvida é pertinente porque o Superior Tribunal de Justiça vem adotando o entendimento segundo o qual a contagem deve ser feita de forma isolada, ou seja, em relação a cada agente envolvido, de acordo com a natureza do vínculo individualmente havido com a Administração Pública, verbis: “RECURSO ESPECIAL. ADMINISTRATIVO. IMPROBIDADE. PRESCRIÇÃO. CONCURSO DE AGENTES. PRAZO PRESCRICIONAL QUINQUENAL. TERMO INICIAL. ART. 23, I, DA LEI N. 8.429/1992. TÉRMINO DO MANDATO. CONTAGEM INDIVIDUALIZADA. 1. A jurisprudência desta Corte pacificou o entendimento de que o prazo de prescrição na ação de improbidade é quinquenal, nos termos do que dispõe o art. 23, I, da Lei n. 8.429/1992. 2. Mencionado dispositivo é claro no sentido de que o início do prazo prescricional ocorre com o término do exercício do mandato ou cargo em comissão, sendo tal prazo computado individualmente, mesmo na hipótese de concurso de agentes, haja vista a própria natureza subjetiva da pretensão sancionatória e do instituto em tela. Precedentes.” [...] (2.ª Turma, REsp n.º 1.230.550/PR, Rel. Min. Og Fernandes, j. em 20.02.2018). [...] No caso, de acordo com a causa de pedir deduzida pelo agravado, os responsáveis pelos dois processos licitatórios, na modalidade carta convite, agiram com dolo ao escolherem três empresas pertencentes aos mesmos sócios, no desiderato de favorecer uma delas. [1] Por isso, é crível considerar que o liame subjetivo dos particulares, se houve, foi com tais agentes públicos e não com o então prefeito, Valdemar Pagliaci. Daí aplicar em relação aos agravantes o mesmo termo do prazo a quo prescricional utilizado para os interessados Odilon Campos Silveira Filho, Josenilton Rossi Marcelino e Nilson José Martins, qual seja, o do inciso II do art. 23 da LIA, de modo que já se operou a prescrição da pretensão punitiva das penas da LIA em relação a eles. A respaldar esse raciocino, percucientes os seguintes julgados: (a) “APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO PÚBLICO NÃO ESPECIFICADO. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. IRREGULARIDADES PRATICADAS EM LICITAÇÕES PROMOVIDAS PELA EXTINTA CRT. - Se o ato ímprobo é imputado a terceiro, pessoa jurídica ou natural, estranha ao serviço público, o prazo prescricional para a propositura da ação civil pública destinada a aplicar sanções da Lei de Improbidade Administrativa é o mesmo aplicável ao servidor ou agente público envolvido, visto que se supõe que não haveria como o ilícito ocorrer sem o seu concurso. O marco inicial do prazo prescricional, em relação ao particular, é a extinção do vínculo do agente público (março/2002); portanto, não se afigura presente a prescrição, já que a ação foi ajuizada em 26/12/2001. Sem a figura do agente público, o particular não pratica ato de improbidade, por absoluta atipicidade, e, por consequência, o particular também não pode responder isoladamente pelo ato. Se não houve prática de ato ímprobo pelos agentes públicos, não há como responsabilizar os particulares, ora apelantes, pois impossível o induzimento ou a (TJRS, 1.ª CCv., ApCível n.ºconcorrência em ato inexistente. APELAÇÕES PROVIDAS” 70067077347, Rel. Des. Newton Luís Medeiros Fabrício, j. em 29.06.2016). (b) “AÇÃO CIVIL PÚBLICA. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. PRESCRIÇÃO. APLICAÇÃO AOS PARTICULARES. I - Trata-se de ação civil pública ajuizada com o objetivo de apurar atos de improbidade administrativa, cuja extinção em razão da prescrição foi decretada no juízo. II - O aresto recorrido reformou tal entendimento, a quo afastando a prescrição em relação a três dos réus, mas para um deles, por não se cuidar de servidor público, mas de um advogado, manteve a prescrição. III - Quando um terceiro, não servidor, pratica ato de improbidade administrativa, se lhe aplicam os prazos prescricionais incidentes aos demais demandados ocupantes de cargos públicos. Precedente: REsp nº 965.340/AM, Rel. Min. CASTRO MEIRA, DJ de 08.10.2007. IV - Na hipótese, o advogado em questão foi denunciado em ação penal pela prática de extorsão qualificada (artigo 158, § 1º, do Código Penal) juntamente com outros dois có-réus (servidores), para os quais a prescrição foi afastada pelo aresto recorrido, devendo o mesmo se dar em relação a ele. V - Recurso provido, afastando- se a prescrição em relação ao recorrido ADRIANO ANHÊ MORAN, com o retorno dos autos ao Tribunal a quo para o prosseguimento (STJ, 1.ª Turma, REsp. n.º 1.087.855, Rel. Min. Franciscoda ação civil pública respectiva” Falcão, j. em 03.03.2009, destacou-se). [...] É caso, outrossim, de se atribuir efeito expansivo ao presente recurso, com fulcro no art. 1.005 do CPC, para estender o mesmo entendimento aos corréus na mesma ou seja, aos demandados Georges Abou Nabhan, Metrosul Comercial situação dos agravantes, de Veículos Ltda. e Detroit Comercial de Veículos Ltda., de modo que a ação, em relação a eles e aos agravantes, prossegue somente quanto à pretensão de ressarcimento. [...] Por fim, é percuciente esclarecer que, ao contrário do que se concluiu na decisão recorrida, a ação da qual se originou o RE n.º 852.475/SP tinha como causa de pedir a condenação dos réus nas penas da LIA, dentre elas a de ressarcimento do dano, tratando-se, portanto, de de improbidade administrativa. Confira-se: ação típica “Trata-se de recurso extraordinário interposto em ação de improbidade administrativa em que se pleiteia a aplicação, aos réus, das sanções previstas no art. 12, II e III, da Lei 8.429/92 (Lei de Improbidade Administrativa), inclusive de ressarcimento de danos” (excerto extraído do inteiro teor do Acordão do STF que reconheceu a existência de r e p e r c u s s ã o g e r a l n o RE n.º 852.475-RG/SP). Ocorre que como já houve o julgamento do RE n.º 852.475-RG/SP, em 08.08.2018, não há mais necessidade de suspensão do processo, tendo o STF se manifestado nesse julgamento pela imprescritibilidade da pretensão de ressarcimento. [2] Nessas condições, impõe-sedar provimento ao presente recurso para reconhecer a prescrição da pretensão punitiva das penas da LIA no que toca aos agravantes e aos demandados Georges Abou Nabhan, Metrosul Comercial de Veículos Ltda. e Detroit Comercial de Veículos Ltda. [...] (TJPR - 5ª C.Cível - 0011616-24.2018.8.16.0000 - Bandeirantes - Rel.: Adalberto Jorge Xisto Pereira - J. 04.09.2018) De fato, o prazo prescricional aplicável ao particular deve ser o previsto no art. 23, inc I da LIA, conforme reforça o acórdão do TJRS transcrito abaixo: APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. AGRAVO RETIDO. NULIDADE DA NOTIFICAÇÃO POR EDITAL NÃO VERIFICADA. Inconteste que a parte ré está em lugar ignorado, restando atendida a exigência do artigo de lei aplicável, não sendo possível impor à parte autora tentar localizar o endereço daquela indefinidamente, o que atenta aos princípios da razoabilidade, economia e celeridade processual. PRESCRIÇÃO NÃO CONFIGURADA. INTELIGÊNCIA DO ART. 23, INCIO I, DA LEI Nº 8.429/92, APLICÁVEL AOS PARTICULARES. O prazo prescricional aplicável ao particular é idêntico ao do agente público que praticou o ato de improbidade administrativa, consoante art. 23, inc. I, da Lei 8.429/92. O corréu da ação, Prefeito Municipal à época, determina que o marco inicial da prescrição seja contado do término do seu mandato. NEGARAM PROVIMENTO. UNÂNIME. (Apelação Cível Nº 70039040019, Vigésima Segunda Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Maria Claudia Cachapuz, Julgado em 10/12/2015). (TJ-RS - AC: 70039040019 RS, Relator: Maria Claudia Cachapuz, Data de Julgamento: 10/12/2015, Vigésima Segunda Câmara Cível, Data de Publicação: Diário da Justiça do dia 17/12/2015) Conforme REsp inframencionado, há um reforço no entendimento de que o prazo será contado de acordo com o art. 23, inc. I da LIA, sendo: RECURSO ESPECIAL. ADMINISTRATIVO. IMPROBIDADE. PRESCRIÇÃO. CONCURSO DE AGENTES. PRAZO PRESCRICIONAL QUINQUENAL. TERMO INICIAL. ART. 23, I, DA LEI N. 8.429/1992. TÉRMINO DO MANDATO. CONTAGEM INDIVIDUALIZADA. 1. A jurisprudência desta Corte pacificou o entendimento de que o prazo de prescrição na ação de improbidade é quinquenal, nos termos do que dispõe o art. 23, I, da Lei n. 8.429/1992. 2. Mencionado dispositivo é claro no sentido de que o início do prazo prescricional ocorre com o término do exercício do mandato ou cargo em comissão, sendo tal prazo computado individualmente, mesmo na hipótese de concurso de agentes, haja vista a própria natureza subjetiva da pretensão sancionatória e do instituto em tela. Precedentes. 3. Acórdão recorrido que se coaduna com a jurisprudência desta Corte de Justiça. 4. A divergência jurisprudencial apontada não foi comprovada nos moldes exigidos nos arts. 541, parágrafo único, do Código de Processo Civil e 255, § 2º, do Regimento Interno do STJ, uma vez que o recorrente apenas transcreveu as ementas dos julgados que entendeu favoráveis à sua tese, sem realizar o necessário cotejo analítico entre a fundamentação contida nos precedentes invocados como paradigmas e no aresto impugnado. 5. Recurso especial conhecido em parte e, nessa extensão, não provido. (REsp 1.230.550/PR, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEGUNDA TURMA, DJe 26/02/2018) Em sentido contrário, o acórdão a seguir traz o entendimento de que os cargos efetivos devem prevalecer no cômputo da prescrição, aplicando-se o inc. II do art. 23 da LIA: PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA POR IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. PRAZO PRESCRICIONAL. CUMULAÇÃO DE CARGOS EFETIVOS COM DECORRENTES DE MANDATO E DE FUNÇÕES COMISSIONADAS. PREVALÊNCIA DOS CARGOS EFETIVOS NO CÔMPUTO DA PRESCRIÇÃO. INCIDÊNCIA DO INCISO II DO ART. 23 DA LEI 8.429/1992. DIES A QUO DO PRAZO PRESCRICIONAL. APLICAÇÃO DO ART. 142, § 1º, DA LEI 8.112/90. RECURSO ESPECIAL PARCIALMENTE CONHECIDO E, NESSA EXTENSÃO, PROVIDO, ACOMPANHANDO A DIVERGÊNCIA INAUGURADA PELO SR. MINISTRO SÉRGIO KUKINA, MAS POR OUTROS FUNDAMENTOS. (REsp 1.263.106/RO, Rel. p/ Acórdão Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, DJe 11/12/2015) PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. RECURSO ESPECIAL. INADMISSÃO. AGRAVO. REVISÃO DA PROVA. SÚMULA 7/STJ. PRESCRIÇÃO. LITISCONSÓRCIO. CONTAGEM INDIVIDUAL. AGRAVO REGIMENTAL. DESPROVIMENTO. 1. O acórdão recorrido reformou a sentença, para julgar improcedente a ação de improbidade administrativa, na compreensão de não haver ficado demonstrado o dano ao erário, tampouco o fato de os réus terem agido com dolo ou desídia (culpa), elementos sem os quais a imputação não se amoldaria a ato de improbidade administrativa. 2. Pretender que o STJ (eventualmente) atenda à pretensão do recorrente, de reverter a decisão do tribunal de origem, implicaria a revisão de toda a prova produzida nos autos, o que encontra óbice na Súmula 7/STJ. 3. O instituto da prescrição, que extingue a pretensão, em face da violação de um direito (art. 189 - Cód. Civil), tem caráter personalíssimo e, por isso, deve ser visto dentro das condições subjetivas de cada partícipe da relação processual. Não faz sentido, em face da ordem jurídica, a "socialização" na contagem da prescrição. 4. Tendo sido o demandado exonerado do cargo que ocupava ao tempo dos atos apontados como ímprobos, desse momento teve curso o seu prazo prescricional, ainda que ele integre a relação processual em litisconsórcio com outro réu, cuja condição de ocupante de cargo eletivo, somente enseja a contagem do seu prazo prescricional após o término do mandato. 5. Agravo regimental desprovido. (AgRg no AREsp 472.062/RJ, Rel. Ministro OLINDO MENEZES (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TRF 1ª REGIÃO), PRIMEIRA TURMA, DJe 23/09/2015) Ainda assim, esse entendimento é prejudicial somente aos réus de cargos efetivos, distinto dos comissionados. Para salientar, os acórdãos abaixo abrangem argumentos sobre a distinção daqueles comissionados em relação aos de cargo efetivos: A) SANCIONADOR. AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA POR ATO QUE IMPORTA VIOLAÇÃO AOS PRINCÍPIOS ADMINISTRATIVOS. FRUSTRAÇÃO DE LICITUDE DE CERTAME PÚBLICO. FRAUDE EM CONCURSO PÚBLICO PARA O CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO RIO DE JANEIRO. INCLUSÃO ILEGAL NA LISTA DE APROVADOS DE PESSOA SEQUER INSCRITA NO CERTAME. PRESCRIÇÃO REGULADA PELO ART. 12, II DA LIA. NECESSIDADE DE INTERPRETAÇÃO DA LEGISLAÇÃO LOCAL FLUMINENSE. COMPETÊNCIA NÃO DEFERIDA PELA CARTA DE OUTUBRO AO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. TRIBUNAL DE ORIGEM QUE, COM BASE NOS ELEMENTOS FACTUAIS E PROBATÓRIOS, CONSIGNOU EXPRESSAMENTE A EXISTÊNCIA DE TIPICIDADE OBJETIVA E SUBJETIVA DOS FATOS IMPUTADOS AOS RECORRENTES. A INCLUSÃO DE PESSOA SEQUER INSCRITA NA LISTA DE APROVADOS DE CONCURSO PÚBLICO É ATO LESIVO AOS PRINCÍPIOS ADMINISTRATIVOS. PROVIMENTO IRREGULAR DE CARGO PÚBLICO. CONDENAÇÃO DE RESSARCIMENTO AO ERÁRIO POR SERVIÇOS EFETIVAMENTE PRESTADOS ILEGÍTIMA. ENRIQUECIMENTO ILÍCITO DA ADMINISTRAÇÃO. A PUNITIVIDADE DOS ATOS ÍMPROBOS DEVE ESTAR ADSTRITA À ESTRITA LEGALIDADE E AOS PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO. PARECER DO MPF PELO DESPROVIMENTO RECURSAL. AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL DOS PARTICULARES CONHECIDO PARA DAR PARCIAL PROVIMENTO AO APELO NOBRE A FIM DE QUE SEJA AFASTADA A CONDENAÇÃO DE RESSARCIMENTO AO ERÁRIO. 1. Agrava-se de decisão que negou seguimento a Recurso Especial, interposto por VALDEIR DIAS PINNA e PAULO GOMES DOS SANTOS FILHO, contra acórdãos do egrégio TJ/RJ [...] 2. Em seu Apelo Nobre inadmitido, fundado no art. 105, III, a da CF/1988, alegoua parte recorrente: (i) violação do art. 23, I da LIA, dado o transcurso superior a 5 anos entre a exoneração do cargo em comissão e a propositura; (ii) violação do art. 23, II da LIA, considerando o transcurso superior a 6 anos entre a data do fato e a propositura da ação; bem como inaplicável o prazo prescricional criminal, quando inexistente indício de sua apuração nessa seara; (iii) violação do art. 10 e 11 da LIA, dada a ausência de lesão ao erário e dolo; e, por fim, (iv) violação do art. 12 da LIA, já que inviável o ressarcimento ao erário de valores relativos a serviços efetivamente prestados. 3. O MPF, em parecer, manifestou-se pelo não provimento do recurso (fls. 1.472/1.486). 4. É o relatório. 5. A pretensão recursal pode ser resumida nos seguintes pontos de insurgência: (i) alegação de prescrição; (ii) inocorrência de ato ímprobo; (iii) impossibilidade de ressarcimento ao erário por serviços efetivamente prestados. 6. No tocante ao tema prescrição, alegam os recorrentes que, no caso, seria aplicável o art. 23, I da LIA, pois ocupava cargo em comissão na época dos fatos; e, subsidiariamente, caso se entenda aplicável o prazo correspondente ao vínculo efetivo, a impossibilidade de aplicação do prazo prescricional criminal, dada a ausência de sua apuração nessa esfera. 7. Na seara do Direito Sancionador Administrativo, o art. 23 da Lei 8.429/1992 instituiu o princípio da absoluta prescritibilidade das sanções administrativas, nos seguintes termos: Art. 23 - As ações destinadas a levar efeito as sanções previstas nesta Lei podem ser propostas: I - até 5 (cinco anos) após o término do exercício de mandato, de cargo de confiança ou função de confiança; II - dentro do prazo prescricional previsto em lei específica para falta disciplinares puníveis com demissão a bem do serviço público, nos casos de exercício de cargo efetivo ou emprego. 8. Da simples leitura do artigo mencionado, observa-se, com muita clareza, que a LIA estabeleceu o termo inicial do prazo prescricional quinquenal, para fins de ajuizamento da ACP, em relação aos agentes públicos mandatários ou exercentes de cargo ou função de confiança (art. 23, I) e aos servidores e empregados (art. 23, II). 9. Nessa linha, tem-se que uma das razões principais de diferença das situações existentes entre os incisos I e II do art. 23 da LIA advém do fato de as condições funcionais elencadas no inciso I não decorrerem de concurso público, haja vista o exercício de mandato decorrente, normalmente, de eleição; enquanto os cargos em comissão e as funções de confiança, são de livre nomeação da autoridade competente; ademais, tais cargos possuem vínculo de natureza eminentemente temporária e instável, já que a função do Agente Político possui, via de regra, prazo predeterminado para seu exercício, enquanto os comissionados e os exercentes de função de confiança (estes últimos, a despeito de possuírem, necessariamente, prévio vínculo com a Administração) detém vínculo precário em relação a tais cargos ou funções, podendo ser exonerados a qualquer momento, a critério da autoridade competente. 10. O inciso I abarca, portanto, situações essencialmente temporárias entre o cargo e seu ocupante, ainda que o Agente Público detenha vínculo anterior com o Poder Público. Essa conclusão decorre do próprio arranjo do art. 23, pois o inciso ora em exame abrange condutas cometidas por exercentes de função de confiança, e estas, conforme disposto na própria Constituição Federal de 1988, são exclusivas de servidores ocupantes de cargo efetivo (art. 37, V). Nesse sentido, bem destaca o ilustre Jurista JOSÉ DOS SANTOS CARVALHO FILHO que os cargos em comissão podem ser ocupados por pessoas que não pertencem aos quadros funcionais da Administração, ao passo que as funções gratificadas (ou de confiança, no dizer da Constituição) são reservadas exclusivamente aos servidores ocupantes de cargo efetivo, ainda que sejam lotados em órgão diverso (Manual de Direito Administrativo, Rio de Janeiro, Lumen Juris, 2011, p. 557). 11. Tem-se, assim, que o vínculo anterior com a Administração Pública não configura elemento suficiente para afastar a aplicação do inciso I do art. 23 da LIA, sob pena de a expressão "função de confiança", exposta no final do referido dispositivo, tornar-se lei morta e desnecessária. [...] (STJ - AREsp: 798081 RJ 2015/0262680-3, Relator: Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, Data de Publicação: DJ 09/11/2018) B) PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. IMPROBIDADE. PRESCRIÇÃO. LEI N. 8.429/92, ART. 23, I E II. CARGO EFETIVO. CARGO EM COMISSÃO OU FUNÇÃO COMISSIONADA. EXERCÍCIO CONCOMITANTE OU NÃO. PREVALÊNCIA DO VÍNCULO EFETIVO, EM DETRIMENTO DO TEMPORÁRIO, PARA CONTAGEM DO PRAZO PRESCRICIONAL. RECURSO ESPECIAL PROVIDO. 1. Duas situações são bem definidas no tocante à contagem do prazo prescricional para ajuizamento de ação de improbidade administrativa: se o ato ímprobo for imputado a agente público no exercício de mandato, de cargo em comissão ou de função de confiança, o prazo prescricional é de cinco anos, com termo a quo no primeiro dia após a cessação do vínculo; em outro passo, sendo o agente público detentor de cargo efetivo ou emprego, havendo previsão para falta disciplinar punível com demissão, o prazo prescricional é o determinado na lei específica. Inteligência do art. 23 da Lei n. 8.429/92. 2. Não cuida a Lei de Improbidade, no entanto, da hipótese de o mesmo agente praticar ato ímprobo no exercício cumulativo de cargo efetivo e de cargo comissionado. 3. Por meio de interpretação teleológica da norma, verifica-se que a individualização do lapso prescricional é associada à natureza do vínculo jurídico mantido pelo agente público com o sujeito passivo Superior Tribunal de Justiça em potencial. Doutrina. 4. Partindo dessa premissa, o art. 23, I, associa o início da contagem do prazo prescricional ao término de vínculo temporário. Ao mesmo tempo, o art. 23, II, no caso de vínculo definitivo ? como o exercício de cargo de provimento efetivo ou emprego ?, não considera, para fins de aferição do prazo prescricional, o exercício de funções intermédias ? como as comissionadas ? desempenhadas pelo agente, sendo determinante apenas o exercício de cargo efetivo. 5. Portanto, exercendo cumulativamente cargo efetivo e cargo comissionado, ao tempo do ato reputado ímprobo, há de prevalecer o primeiro, para fins de contagem prescricional, pelo simples fato de o vínculo entre agente e Administração pública não cessar com a exoneração do cargo em comissão, por ser temporário. 6. Recurso especial provido, para reformar o acórdão do Tribunal de origem em que se julgaram os embargos infringentes (fl. 617) e restabelecer o acórdão que decidiu as apelações (fl. 497) (REsp. 1.060.529/MG, Rel. Min. MAURO CAMPBELL MARQUES, DJe 18.9.2009). (REsp. 1.060.529/MG, Rel. Min. MAURO CAMPBELL MARQUES, DJe 18.9.2009). Ademais, considerando que a possibilidade de ausência de ajuizamento de ação penal anterior, há um entendimento acerca da necessidade de inquérito policial ou ação penal para aplicação do prazo previsto no inc. II, art 23 da LIA, exposto a seguir: PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA PELA PRÁTICA DE ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. REMESSA OFICIAL. DESCABIMENTO. AGENTE PÚBLICO. TERMO INICIAL DO PRAZO PRESCRICIONAL. RUPTURA DO VÍNCULO. ART. 23, I, DA LEI 8.429/92. PRESCRIÇÃO RECONHECIDA DE OFÍCIO. APROVEITAMENTO AO PARTICULAR OU PESSOA JURÍDICA. INTELIGÊNCIA DO ART 3º DA LEI DE IMPROBIDADE. INEXISTÊNCIA DE INQUÉRITOPOLICIAL OU DE AÇÃO PENAL. PRECEDENTES DA CORTE. [...] 4. O reconhecimento da ocorrência da prescrição estende-se ao corréu Caixa Seguradora S/A, pois nos termos do art. 3º da Lei 8.429/92, o particular, pessoa jurídica ou não, que se relaciona com agentes públicos se submetem às regras de prescrição a estes aplicáveis. Precedentes da Corte. 5. Reconhecida, de ofício, a prescrição quanto às sanções do artigo 12 da Lei de Improbidade Administrativa. 6. Descabe falar em aplicação do inciso II do art. 23 da Lei 8.429/92, face à inexistência de comprovação nos autos de instauração de inquérito policial ou de ajuizamento de ação penal contra os requeridos. 7. Sentença mantida, ainda que por outro fundamento - prescrição (art. 23, I, da Lei 8.429/92). [...] (TRF-1 - AC: 378421920094013400, Relator: DESEMBARGADOR FEDERAL NEY BELLO, Data de Julgamento: 11/11/2014, TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: 21/11/2014)
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