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Improbidade administrativa por particular e servidores - análise individual entre os réus e início da contagem da prescrição

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Acerca da prescrição de particular por improbidade administrativa, concorre com os agentes 
públicos, bem como a contagem deve ser iniciada individualmente, conforme entendimento de 
Nilson Mizuta, relator da 5ª Câmara Cível: 
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO CÍVEL Nº 00036913- 
67.2017.8.16.0000, DO FORO CENTRAL DA COMARCA DA 
REGIÃO METROPOLITANA DE LONDRINA – 2ª VARA DA 
FAZENDA PÚBLICA Embargante: ILDEFONSO JOSÉ HAAS E 
MATIAS TADACHI TAKACHI Embargado: MINISTÉRIO PÚBLICO 
DO ESTADO DO PARANÁ Relator: DES. NILSON MIZUTA 
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. 
AÇÃO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. PROCEDIMENTO 
LICITATÓRIO. SUPOSTO DIRECIONAMENTO DA EMPRESA. 
DECISÃO INTERLOCUTÓRIA QUE RECEBEU A PETIÇÃO INICIAL. 
MANUTENÇÃO. PRESCRIÇÃO. NÃO CARACTERIZADA. OMISSÃO. 
VÍCIO INEXISTENTE. APRECIAÇÃO DO PRAZO DE AMBOS OS 
RECORRENTES. PRECEDENTE DO STJ. AÇÃO COM DIVERSOS 
RÉUS. CONTAGEM INDIVIDUAL DA PRESCRIÇÃO. 
ENTENDIMENTO QUE NÃO AFASTA A CONCLUSÃO DO 
ACÓRDÃO. PARTICULAR EM CONLUIO COM AGENTE PÚBLICO. 
LAPSO TEMPORAL IDÊNTICO AO DO AGENTE PÚBLICO. ERRO 
MATERIAL. AFIRMAÇÃO DE QUE O EMPREGADO PÚBLICO 
CUMULAVA FUNÇÃO DE CONFIANÇA À ÉPOCA DOS FATOS. 
EQUÍVOCO. NOMEAÇÃO POSTERIOR. CORREÇÃO. EMBARGOS 
CONHECIDOS E ACOLHIDOS EM PARTE, PARA SANAR ERRO 
MATERIAL. NO MAIS, MANTIDO ACÓRDÃO, SEM EFEITOS 
MODIFICATIVOS. 
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos de Embargos 
de Declaração Cível nº 00036913-67.2017.8.16.0000, do Foro 
Central da Comarca da Região Metropolitana de Londrina – 2ª 
Vara da Fazenda Pública, em que são embargante ILDEFONSO 
JOSÉ HAAS E MATIAS TADACHI TAKACHI e embargado 
MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ. 
RELATÓRIO 
Cuida-se de embargos de declaração opostos por Ildefonso José 
Haas e Matias Tadachi Takachi contra acórdão em que este 
Colegiado, nos autos de ação civil pública por ato de 
improbidade administrativa ajuizada pelo Ministério Público do 
Paraná em face dos ora embargantes, negou provimento ao 
recurso de Agravo de Instrumento e manteve a r. decisão 
interlocutória de recebimento da petição inicial. 
Sustentam que o acórdão é omisso, pois não apreciou a tese da 
prescrição com relação ao réu Matias Takachi. Defendem que 
Matias jamais exerceu atividade pública, o que impõe a 
contagem da prescrição a partir da data do fato, no caso 19 de 
outubro de 2004, data em que ocorreu a elaboração da nota 
fiscal nº 007. 
Aduzem que prevalece no âmbito do Superior Tribunal de 
Justiça o entendimento de que o prazo prescricional deve ser 
contado individualmente, de acordo com as condições de cada 
réu. 
Com relação ao réu Ildefonso Haas, afirmam que o acórdão 
incorre em equívoco quando afirma que o réu, na época dos 
fatos, exercia função de confiança de Gerente Regional da 
EMATER. 
Para corroborar com a alegação, junta declaração prestada por 
Maria Candalafi A. Parra Peres, funcionária da EMATER, que 
atesta que o réu exercia função de Extensionista Municipal de 
Londrina, no período 2003 a 2007, logo, não exercia função de 
chefia. 
Nesse contexto, defendem que não houve o preenchimento dos 
requisitos do inciso I, do art. 23, da Lei n. 8.429/92 e, portanto, 
a prescrição deve ser contada da data do fato. 
Ressaltam que a Companhia de Desenvolvimento Agropecuário 
do Paraná ajuizou na Comarca de Cambé ação de execução em 
face do representante da empresa Indústria e Comércio 
Premoldados Norte do Paraná – LTDA que, posteriormente, foi 
abandonada, fato que implicou na consumação da prescrição 
para todos os réus. Apontaram que esses fatos não foram 
apreciados por este Colegiado por ocasião do julgamento do 
Agravo de Instrumento. 
Intimado, o embargado apresentou contrarrazões (Mov. 15.1 – 
PROJUDI.2). 
VOTO 
Primeiramente, apontam os embargantes que a decisão 
atacada é omissa, pois nada menciona sobre a prescrição com 
relação ao réu Matias Tadachi Takachi. 
Sem razão. 
Conforme infere-se de fls. 17 do acórdão de mov. 35.1 
(PROJUDI.2) há expressa menção sobre o prazo prescricional 
atribuído ao réu Matias, no caso o mesmo do agente público 
Ildefonso José Haas, senão vejamos: 
“Anote-se, ainda, que incide em face do particular Matias 
Tadachi Takachi o mesmo prazo prescricional conferido ao 
agente público que realizou a conduta impugnada, conforme 
orientação do STJ: 
“O prazo prescricional aplicável ao terceiro que pratica ato de 
improbidade administrativa, em conjunto com agente público, 
rege-se pelo lapso temporal incidente a esse último. Conforme 
a jurisprudência desta Corte, "nos termos do artigo 23, I e II, da 
Lei 8.429/92, aos particulares, réus na ação de improbidade 
administrativa, aplica-se a mesma sistemática atribuída aos 
agentes públicos para fins de fixação do termo inicial da 
prescrição". (STJ, AgRg no REsp 1.541.598/RJ, Rel. Ministro 
Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe de 
13/11/2015).” (AgInt no AREsp 986279/RJ, Rel. Min. FRANCISCO 
FALCÃO, Segunda Turma, J. 24/10/2017, DJe 30/10/2017).” 
A matéria não mereceu maiores esclarecimentos porque trata 
de entendimento pacificado pelos Tribunais Superiores no 
sentido de que deve ser atribuído ao particular que, estranho 
ao serviço público, pratica, concorre ou se beneficia de ato 
ímprobo, o mesmo prazo prescricional incidente ao agente 
público. A objetivo dessa orientação é “justamente impedir que 
os protagonistas de atos de improbidade administrativa - quer 
agentes públicos, quer particulares em parceria com agentes 
públicos - explorem indevidamente o prestígio, o poder e as 
facilidades decorrentes de função ou cargo públicos para 
dificultar ou mesmo impossibilitar as investigações”.1 
Vale esclarecer que a omissão é um dos vícios que autoriza a 
oposição de embargos de declaração e ocorre quando o 
Julgador deixa de apreciar ponto ou questão relevante sobre a 
lide, o que não se verifica no presente caso. 
Na sequência, alegam os embargantes que prevalece no 
Superior Tribunal de Justiça o entendimento de que “o prazo 
prescricional deve ser contado individualmente, de acordo com 
as condições de cada réu, haja vista o disposto no comando legal 
e a própria natureza subjetiva da pretensão sancionatória e do 
instituto em tela”. 
O precedente utilizado pelos embargantes é recente, mas o 
entendimento é antigo no âmbito do STJ, no sentido de que a 
prescrição não deve ser aplicada coletivamente, a partir da saída 
do último réu do seu cargo. 
Em outras palavras, na ação civil pública proposta em face de 
diversos réus, o prazo prescricional conta-se de modo 
1 STJ, REsp 1405346/SP, Rel. Min. NAPOLEÃO NUNES MAIA 
FILHO, Rel. p/ acórdão Min. SÉRGIO KUKINA, 1ª Turma, J. 
15/05/2014, DJe 19/08/2014. 
individual para cada réu, o que impede a incidência coletiva 
quando encerrado o último vínculo com a Administração 
Pública. 
Neste aspecto, importante esclarecer que a vedação à 
contagem coletiva é evitar que, quando a lei estabelece de 
modo expresso lapso temporal, esta previsão seja afastada para 
a incidência de termo inicial idêntico para todos os réus. 
À título de exemplo, se dois réus são processados por ato de 
improbidade, um deles ocupante de cargo em comissão e o 
outro detentor de mandato eletivo, caso a exoneração do 
primeiro se opere antes do término do exercício do mandato 
eletivo, a contagem da prescrição quinquenal para o primeiro 
já se inicia, independentemente do segundo ainda exercer 
suas funções. 
Ocorre que, no caso em discussão, estamos tratando de ato 
ímprobo supostamente praticado por empregado público em 
conjunto com particular. A Lei n. 8.429/92 não tratou sobre o 
prazo prescricionalincidente aos terceiros e, portanto, 
doutrina e jurisprudência são unânimes de que o prazo deverá 
ser o mesmo previsto para o agente público. 
De fato, o prazo prescricional deve ser contado 
individualmente quando a ação de improbidade foi ajuizada 
contra diversos réu, mas para os particulares há uma omissão 
legislativa, devendo incidir a mesma sistemática atribuída aos 
agentes públicos. Nestas condições, conclui-se que o 
precedente citado pelos embargantes não afasta a orientação 
jurisprudencial estabelecida no acórdão atacado. 
[...] 
Os demais argumentos suscitados pelos embargantes 
configuram tentativa de rediscussão da matéria, porque o 
pronunciamento não foi omisso e todos os aspectos incidentes 
para contagem da prescrição foram devidamente apreciados e 
esclarecidos de acordo com a orientação da doutrina e 
jurisprudência. 
[...] 
Embargos de Declaração Cível nº 0036913-67.2017.8.16.0000 fl. 
2 (TJPR - 5ª C.Cível - 0036913-67.2017.8.16.0000 - Londrina - 
Rel.: Nilson Mizuta - J. 15.05.2018) 
Neste sentido, conforme entendimento da mesma câmara, a contagem de prazo da prescrição 
referente ao particular é concorrente com os agentes públicos, pois houve liame subjetivo, 
tendo por base a prescrição da pretensão punitiva das penas da LIA, bem como atribuiu efeito 
expansivo para estender esse entendimento aos corréus particulares, de modo que a ação teve 
que prosseguir somente quanto à pretensão de ressarcimento: 
AGRAVO DE INSTRUMENTO. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. 
ALEGADA FRAUDE EM LICITAÇÃO. PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO 
PUNITIVA DAS PENAS DA LIA EM RELAÇÃO AOS 
PARTICULARES. PLURALIDADE DE AGENTES PÚBLICOS, 
TITULARES DE MANDATO ELETIVO, CARGO COMISSIONADO E 
CARGO EFETIVO. AO PARTICULAR DEVE SER ADOTADO O 
PRAZO PRESCRICIONAL DO AGENTE PÚBLICO COM O QUAL 
TEVE LIAME SUBJETIVO. RECURSO PROVIDO COM EFEITO 
EXPANSIVO AOS CORRÉUS QUE NÃO RECORRERAM. 
PROSSEGUIMENTO DA AÇÃO CIVIL PÚBLICA DE ORIGEM EM 
RELAÇÃO A TODOS OS RÉUS QUANTO AO RESSARCIMENTO DO 
DANO EM TESE CAUSADO AO ERÁRIO, CUJA PRETENSÃO 
CONDENATÓRIA É IMPRESCRITÍVEL. TESE FIRMADA PELO STF, 
EM 08.08.2018, NO JULGAMENTO DO RE N.º 852.475-RG/SP. 
relatados e discutidos estes autos de VISTOS, AGRAVO DE da 1.ª 
Vara Cível e Anexos da Comarca de INSTRUMENTO N.º 0011616-
24.2018.8.16.0000, Bandeirantes, em que figuram como 
agravantes METRONORTE COMERCIAL DE VEÍCULOS LTDA. e , 
MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADOASSAD FARES ABOU NABHAN 
agravado e DO PARANÁ interessados VALDEMAR PAGLIACI, 
RICARDO ALEXANDRE PAGLIACI, LORIVAL DE SOUZA, ODILON 
CAMPOS SILVEIRA FILHO, JOSENILTON ROSSI MARCELINO, 
NILSON JOSÉ MARTINS, DETROIT COMERCIAL DE VEÍCULOS 
LTDA., GEORGES ABOU NABHAN e METROSUL COMERCIAL DE 
VEÍCULOS S/A. 
I – RELATÓRIO Trata-se de agravo de instrumento interposto por 
Metronorte Comercial de Veículos Ltda. e Assad Fares Abou 
Nabhan, ora, contra decisão interlocutória da “agravantes” 
lavra da Juíza de Direito Apoema Carmem Ferreira Vieira 
Domingos Martins Santos, que tem o seguinte teor no ponto 
que aqui interessa, verbis: 
“Vistos. Preliminarmente, exclua-se a empresa NEWTON E DA 
GAMA E CIA LTDA – ME do cadastro do Projudi, vez que não 
figura entre os requeridos da demanda. 1. Trata-se de ação civil 
pública de improbidade administrativa para ressarcimento de 
danos causados ao patrimônio público e imposição de sanções, 
ajuizada pelo Ministério Público do Estado do Paraná em 
desfavor de VALDEMAR PAGLIACI, ODILON CAMPOS SILVEIRA 
FILHO, JOSENILTON ROSSI MARCELINO, NILSON JOSÉ MARTINS, 
LORIVAL DE SOUZA, RICARDO ALEXANDRE PAGLIACI, ASSAD 
FARES ABOU NABHAN, GEORGES ABOU NABHAN, 
METRONORTE COMERCIAL DE VEÍCULOS LTDA, METROSUL 
COMERCIAL DE VEÍCULOS LTDA e DETROIT COMERCIAL DE 
VEÍCULOS LTDA. Segundo o , foram instaurados os Inquéritos 
Civis n.º 047/2005 eParquet n.º 048/2005 para investigar 
irregularidades nos certames licitatórios na Modalidade Convite 
n.º 10/2002 e convite n.º 09/2002. Consta do Inquérito Civil n.º 
047/2005 que os requeridos teriam, de alguma forma, fraudado 
o processo licitatório para aquisição de um veículo para o 
Conselho Tutelar. Por sua vez, conforme o Inquérito Civil n.º 
048/2005 os requeridos teriam, de alguma forma, fraudado o 
processo licitatório para aquisição de um veículo para o próprio 
uso do requerido Valdemar Pagliaci, na qualidade de veículo de 
representação/oficial de uso do Prefeito. Por fim, discorre que, 
em decorrência das irregularidades, sobreveio ao erário público 
prejuízo de R$ 109.192,12 (cento e nove mil, cento e noventa e 
dois reais e doze centavos). Por meio da decisão de mov. 1.22 
(pag. 38/43) foi deferida a liminar pleiteada de indisponibilidade 
de bens dos requeridos e determinada a notificação deles para 
apresentação de defesa preliminar. Contudo, nos Autos do 
Agravo de Instrumento n.º 643956-3 foi revogada a liminar de 
indisponibilidade de bens (mov. 1.57 – pag. 30/37). 
Devidamente notificados (movs. 18.1, 55.3, 1.55 e 1.57), os 
requeridos apresentaram defesa preliminar: RICARDO 
ALEXANDRE PAGLIACI (movs. 1.40 - pag. 47 e 1.41); VALDEMAR 
PAGLIACI (movs. 1.41 - pag. 44/50, 1.42/1.46); NILSON JOSÉ 
MARTINS (movs. 1.52 - pag. 17/26; e 1.53); ODILON CAMPOS 
SILVEIRA FILHO (mov. 1.52 - pag. 17; e 1.53); LORIVAL DE SOUZA 
(mov. 1.55 - pag. 19/20); JOSENILTON ROSSI MARCELINO (movs. 
1.55 - pag. 26 e 1.56); METRONORTE COMERCIAL DE VEÍCULOS 
LTDA (mov. 1.57, pag. 15); ASSAD FARES ABOU NABHAN (mov. 
1.57, pag. 15); GEORGES ABOU NABHAN (mov. 65.1); e 
METROSUL COMERCIAL DE VEÍCULOS LTDA (mov. 65.1). Na 
sequência, o Ministério Público se manifestou acerca das 
preliminares no mov. 81.1. 
É o sucinto relatório. 
Decido. 
[...] 
2.1. DA PRESCRIÇÃO 
Pugnam os requeridos pela rejeição da inicial em razão da 
prescrição. Em relação ao requerido VALDEMAR PAGLIACI há 
de se rejeitar a tese levantada, uma vez que era Prefeito 
Municipal na época dos fatos (gestão 1997/2000 e 2001/2004), 
aplicando-se lhe prazo prescricional de cinco anos após o 
término do exercício do mandato, nos termos do art. 23, I, da 
Lei 8.429/92 (LIA). Assim, como o término do segundo mandato 
ocorreu em dezembro de 2004, o lapso temporal prescricional 
findaria em 31/12/2009, razão pela qual concluo que a 
pretensão em face do requerido não foi atingida pela 
prescrição, vez que a demanda foi ajuizada em 08/09/2009. Em 
relação aos particulares ASSAD FARES ABOU NABHAN, 
GEORGES ABOU NABHAN, METRONORTE COMERCIAL DE 
VEÍCULOS LTDA, METROSUL COMERCIAL DE VEÍCULOS LTDA e 
DETROIT COMERCIAL DE VEÍCULOS LTDA aplicam-se lhes o 
prazo prescricional do agente público a eles vinculados, em 
razão da norma de extensão prevista no art. 3.º da LIA, 
conforme tese sedimentada pelo Superior Tribunal de Justiça 
segunda a qual: ‘O termo inicial da prescrição em improbidade 
administrativa em relação a particulares que se beneficiam de 
ato ímprobo é idêntico ao do agente público que praticou a 
ilicitude’ (AgRg no REsp 1510589/SE, Rel. Ministro BENEDITO 
GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, Julgado em 26/05/2015, DJE 
10/06/2015; REsp 1433552/SP, Rel. Ministro HUMBERTO 
MARTINS, SEGUNDA TURMA, Julgado em 25/11/2014, DJE 
05/12/2014). 
Neste passo, considerando que, em tese, praticaram ato de 
improbidade em conluio com a autoridade responsável pelo 
certame, o Prefeito Municipal, incide a regra prevista no art. 
23, I, da LIA, iniciando-se o lapso prescricional com o término 
doin casu mandato deste. 
[...] 
Inexiste norma específica na LIA a respeito do prazo 
prescricional aplicável que agiram em concurso com os agentes 
públicos na prática do ato ímprobo, aos particulares tendo ajurisprudência do Superior Tribunal de Justiça se firmado no 
sentido de que “‘nos termos do artigo 23, I e II, da Lei 8.429/92, 
aos particulares, réus na ação de improbidade administrativa, 
aplica-se a mesma sistemática atribuída aos agentes públicos 
para fins. (STJ, AgRg no REsp 1.541.598/RJ, Rel. Ministrode 
fixação do termo inicial da prescrição' Mauro Campbell 
Marques, Segunda Turma, DJe de 13/11/2015). 
Nesse mesmo sentido: AgInt no REsp 1.607.040/PE, Rel. 
Ministra Assusete Magalhães, Segunda Turma, julgado em 
28/3/2017, DJe 10/4/2017; STJ, AgRg no REsp 1.510.589/SE, Rel. 
Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Turma, Dje de 
10/6/2015; REsp 1.433.552/SP, Rel. Ministro Humberto 
Martins, Segunda Turma, DJe de 5/12/2014; REsp 1.405.346/SP, 
Rel. p/ acórdão Ministro Sérgio Kukina, Primeira Turma, DJe de 
19/8/2014; AgRg no REsp 1.159.035/MG, Rel. Ministra Eliana 
Calmon, Segunda Turma, Dje de 29/11/2013; EDcl no AgRg no 
REsp 1.066.838/SC, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda 
Turma, DJe de 26/4/2011" 
(STJ, AgInt no AREsp 986.279/RJ, Rel. Ministro FRANCISCO 
FALCÃO, SEGUNDA TURMA, DJe de 30/10/2017)” (Decisão 
Monocrática da lavra da Min.ª Assusete Magalhães, no AREsp 
n.º 975.735/SP, em 01.08.2018, destacou-se). 
Insta saber, então, qual o prazo prescricional e o termo inicial 
a serem adotados (LIA, art. 23, inciso I ou II), uma vez que no 
pólo ativo figuram três espécies de agentes públicos: o 
detentor de mandato eletivo (ex-prefeito), os ocupantes de 
cargos em comissão ou de função de confiança e o servidor 
municipal sem função de confiança ou cargo em comissão. 
A dúvida é pertinente porque o Superior Tribunal de Justiça 
vem adotando o entendimento segundo o qual a contagem 
deve ser feita de forma isolada, ou seja, em relação a cada 
agente envolvido, de acordo com a natureza do vínculo 
individualmente havido com a Administração Pública, verbis: 
“RECURSO ESPECIAL. ADMINISTRATIVO. IMPROBIDADE. 
PRESCRIÇÃO. CONCURSO DE AGENTES. PRAZO PRESCRICIONAL 
QUINQUENAL. TERMO INICIAL. ART. 23, I, DA LEI N. 8.429/1992. 
TÉRMINO DO MANDATO. CONTAGEM INDIVIDUALIZADA. 
1. A jurisprudência desta Corte pacificou o entendimento de 
que o prazo de prescrição na ação de improbidade é 
quinquenal, nos termos do que dispõe o art. 23, I, da Lei n. 
8.429/1992. 
2. Mencionado dispositivo é claro no sentido de que o início do 
prazo prescricional ocorre com o término do exercício do 
mandato ou cargo em comissão, sendo tal prazo computado 
individualmente, mesmo na hipótese de concurso de agentes, 
haja vista a própria natureza subjetiva da pretensão 
sancionatória e do instituto em tela. Precedentes.” 
[...] 
(2.ª Turma, REsp n.º 1.230.550/PR, Rel. Min. Og Fernandes, j. 
em 20.02.2018). 
[...] 
No caso, de acordo com a causa de pedir deduzida pelo 
agravado, os responsáveis pelos dois processos licitatórios, na 
modalidade carta convite, agiram com dolo ao escolherem três 
empresas pertencentes aos mesmos sócios, no desiderato de 
favorecer uma delas. [1] Por isso, é crível considerar que o liame 
subjetivo dos particulares, se houve, foi com tais agentes 
públicos e não com o então prefeito, Valdemar Pagliaci. Daí 
aplicar em relação aos agravantes o mesmo termo do prazo a 
quo prescricional utilizado para os interessados Odilon 
Campos Silveira Filho, Josenilton Rossi Marcelino e Nilson José 
Martins, qual seja, o do inciso II do art. 23 da LIA, de modo que 
já se operou a prescrição da pretensão punitiva das penas da 
LIA em relação a eles. A respaldar esse raciocino, percucientes 
os seguintes julgados: 
(a) “APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO PÚBLICO NÃO ESPECIFICADO. 
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. 
IRREGULARIDADES PRATICADAS EM LICITAÇÕES PROMOVIDAS 
PELA EXTINTA CRT. - Se o ato ímprobo é imputado a terceiro, 
pessoa jurídica ou natural, estranha ao serviço público, o prazo 
prescricional para a propositura da ação civil pública destinada 
a aplicar sanções da Lei de Improbidade Administrativa é o 
mesmo aplicável ao servidor ou agente público envolvido, 
visto que se supõe que não haveria como o ilícito ocorrer sem 
o seu concurso. O marco inicial do prazo prescricional, em 
relação ao particular, é a extinção do vínculo do agente público 
(março/2002); portanto, não se afigura presente a prescrição, já 
que a ação foi ajuizada em 26/12/2001. 
Sem a figura do agente público, o particular não pratica ato de 
improbidade, por absoluta atipicidade, e, por consequência, o 
particular também não pode responder isoladamente pelo ato. 
Se não houve prática de ato ímprobo pelos agentes públicos, 
não há como responsabilizar os particulares, ora apelantes, pois 
impossível o induzimento ou a (TJRS, 1.ª CCv., ApCível 
n.ºconcorrência em ato inexistente. APELAÇÕES PROVIDAS” 
70067077347, Rel. Des. Newton Luís Medeiros Fabrício, j. em 
29.06.2016). 
(b) “AÇÃO CIVIL PÚBLICA. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. 
PRESCRIÇÃO. APLICAÇÃO AOS PARTICULARES. I - Trata-se de 
ação civil pública ajuizada com o objetivo de apurar atos de 
improbidade administrativa, cuja extinção em razão da 
prescrição foi decretada no juízo. II - O aresto recorrido 
reformou tal entendimento, a quo afastando a prescrição em 
relação a três dos réus, mas para um deles, por não se cuidar 
de servidor público, mas de um advogado, manteve a 
prescrição. III - Quando um terceiro, não servidor, pratica ato 
de improbidade administrativa, se lhe aplicam os prazos 
prescricionais incidentes aos demais demandados ocupantes 
de cargos públicos. Precedente: REsp nº 965.340/AM, Rel. Min. 
CASTRO MEIRA, DJ de 08.10.2007. IV - Na hipótese, o advogado 
em questão foi denunciado em ação penal pela prática de 
extorsão qualificada (artigo 158, § 1º, do Código Penal) 
juntamente com outros dois có-réus (servidores), para os quais 
a prescrição foi afastada pelo aresto recorrido, devendo o 
mesmo se dar em relação a ele. V - Recurso provido, afastando-
se a prescrição em relação ao recorrido ADRIANO ANHÊ 
MORAN, com o retorno dos autos ao Tribunal a quo para o 
prosseguimento (STJ, 1.ª Turma, REsp. n.º 1.087.855, Rel. Min. 
Franciscoda ação civil pública respectiva” Falcão, j. em 
03.03.2009, destacou-se). 
[...] 
É caso, outrossim, de se atribuir efeito expansivo ao presente 
recurso, com fulcro no art. 1.005 do CPC, para estender o 
mesmo entendimento aos corréus na mesma ou seja, aos 
demandados Georges Abou Nabhan, Metrosul Comercial 
situação dos agravantes, de Veículos Ltda. e Detroit Comercial 
de Veículos Ltda., de modo que a ação, em relação a eles e aos 
agravantes, prossegue somente quanto à pretensão de 
ressarcimento. 
[...] 
Por fim, é percuciente esclarecer que, ao contrário do que se 
concluiu na decisão recorrida, a ação da qual se originou o RE 
n.º 852.475/SP tinha como causa de pedir a condenação dos 
réus nas penas da LIA, dentre elas a de ressarcimento do dano, 
tratando-se, portanto, de de improbidade administrativa. 
Confira-se: ação típica “Trata-se de recurso extraordinário 
interposto em ação de improbidade administrativa em que se 
pleiteia a aplicação, aos réus, das sanções previstas no art. 12, II 
e III, da Lei 8.429/92 (Lei de Improbidade Administrativa), 
inclusive de ressarcimento de danos” (excerto extraído do 
inteiro teor do Acordão do STF que reconheceu a existência de 
r e p e r c u s s ã o g e r a l n o RE n.º 852.475-RG/SP). Ocorre que 
como já houve o julgamento do RE n.º 852.475-RG/SP, em 
08.08.2018, não há mais necessidade de suspensão do 
processo, tendo o STF se manifestado nesse julgamento pela 
imprescritibilidade da pretensão de ressarcimento. 
[2] Nessas condições, impõe-sedar provimento ao presente 
recurso para reconhecer a prescrição da pretensão punitiva 
das penas da LIA no que toca aos agravantes e aos 
demandados Georges Abou Nabhan, Metrosul Comercial de 
Veículos Ltda. e Detroit Comercial de Veículos Ltda. 
[...] 
(TJPR - 5ª C.Cível - 0011616-24.2018.8.16.0000 - Bandeirantes - 
Rel.: Adalberto Jorge Xisto Pereira - J. 04.09.2018) 
De fato, o prazo prescricional aplicável ao particular deve ser o previsto no art. 23, inc I da LIA, 
conforme reforça o acórdão do TJRS transcrito abaixo: 
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. IMPROBIDADE 
ADMINISTRATIVA. AGRAVO RETIDO. NULIDADE DA 
NOTIFICAÇÃO POR EDITAL NÃO VERIFICADA. Inconteste que a 
parte ré está em lugar ignorado, restando atendida a exigência 
do artigo de lei aplicável, não sendo possível impor à parte 
autora tentar localizar o endereço daquela indefinidamente, o 
que atenta aos princípios da razoabilidade, economia e 
celeridade processual. PRESCRIÇÃO NÃO CONFIGURADA. 
INTELIGÊNCIA DO ART. 23, INCIO I, DA LEI Nº 8.429/92, 
APLICÁVEL AOS PARTICULARES. O prazo prescricional 
aplicável ao particular é idêntico ao do agente público que 
praticou o ato de improbidade administrativa, consoante art. 
23, inc. I, da Lei 8.429/92. O corréu da ação, Prefeito Municipal 
à época, determina que o marco inicial da prescrição seja 
contado do término do seu mandato. NEGARAM 
PROVIMENTO. UNÂNIME. (Apelação Cível Nº 70039040019, 
Vigésima Segunda Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, 
Relator: Maria Claudia Cachapuz, Julgado em 10/12/2015). 
(TJ-RS - AC: 70039040019 RS, Relator: Maria Claudia Cachapuz, 
Data de Julgamento: 10/12/2015, Vigésima Segunda Câmara 
Cível, Data de Publicação: Diário da Justiça do dia 17/12/2015) 
Conforme REsp inframencionado, há um reforço no entendimento de que o prazo será 
contado de acordo com o art. 23, inc. I da LIA, sendo: 
RECURSO ESPECIAL. ADMINISTRATIVO. IMPROBIDADE. 
PRESCRIÇÃO. CONCURSO DE AGENTES. PRAZO 
PRESCRICIONAL QUINQUENAL. TERMO INICIAL. ART. 23, I, DA 
LEI N. 8.429/1992. TÉRMINO DO MANDATO. CONTAGEM 
INDIVIDUALIZADA. 1. A jurisprudência desta Corte pacificou 
o entendimento de que o prazo de prescrição na ação de 
improbidade é quinquenal, nos termos do que dispõe o 
art. 23, I, da Lei n. 8.429/1992. 2. Mencionado dispositivo é 
claro no sentido de que o início do prazo prescricional ocorre 
com o término do exercício do mandato ou cargo em 
comissão, sendo tal prazo computado individualmente, 
mesmo na hipótese de concurso de agentes, haja vista a 
própria natureza subjetiva da pretensão sancionatória e do 
instituto em tela. Precedentes. 3. Acórdão recorrido que se 
coaduna com a jurisprudência desta Corte de Justiça. 4. A 
divergência jurisprudencial apontada não foi comprovada nos 
moldes exigidos nos arts. 541, parágrafo único, do Código de 
Processo Civil e 255, § 2º, do Regimento Interno do STJ, uma 
vez que o recorrente apenas transcreveu as ementas dos 
julgados que entendeu favoráveis à sua tese, sem realizar o 
necessário cotejo analítico entre a fundamentação contida nos 
precedentes invocados como paradigmas e no aresto 
impugnado. 5. Recurso especial conhecido em parte e, nessa 
extensão, não provido. (REsp 1.230.550/PR, Rel. Ministro OG 
FERNANDES, SEGUNDA TURMA, DJe 26/02/2018) 
Em sentido contrário, o acórdão a seguir traz o entendimento de que os cargos efetivos devem 
prevalecer no cômputo da prescrição, aplicando-se o inc. II do art. 23 da LIA: 
PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL. 
AÇÃO CIVIL PÚBLICA POR IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. 
PRAZO PRESCRICIONAL. CUMULAÇÃO DE CARGOS EFETIVOS 
COM DECORRENTES DE MANDATO E DE FUNÇÕES 
COMISSIONADAS. PREVALÊNCIA DOS CARGOS EFETIVOS NO 
CÔMPUTO DA PRESCRIÇÃO. INCIDÊNCIA DO INCISO II DO 
ART. 23 DA LEI 8.429/1992. DIES A QUO DO PRAZO 
PRESCRICIONAL. APLICAÇÃO DO ART. 142, § 1º, DA 
LEI 8.112/90. RECURSO ESPECIAL PARCIALMENTE CONHECIDO 
E, NESSA EXTENSÃO, PROVIDO, ACOMPANHANDO A 
DIVERGÊNCIA INAUGURADA PELO SR. MINISTRO SÉRGIO 
KUKINA, MAS POR OUTROS FUNDAMENTOS. (REsp 
1.263.106/RO, Rel. p/ Acórdão Ministro BENEDITO 
GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, DJe 11/12/2015) 
PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. 
RECURSO ESPECIAL. INADMISSÃO. AGRAVO. REVISÃO DA 
PROVA. SÚMULA 7/STJ. PRESCRIÇÃO. LITISCONSÓRCIO. 
CONTAGEM INDIVIDUAL. AGRAVO REGIMENTAL. 
DESPROVIMENTO. 1. O acórdão recorrido reformou a 
sentença, para julgar improcedente a ação de improbidade 
administrativa, na compreensão de não haver ficado 
demonstrado o dano ao erário, tampouco o fato de os réus 
terem agido com dolo ou desídia (culpa), elementos sem os 
quais a imputação não se amoldaria a ato de improbidade 
administrativa. 2. Pretender que o STJ (eventualmente) atenda 
à pretensão do recorrente, de reverter a decisão do tribunal 
de origem, implicaria a revisão de toda a prova produzida nos 
autos, o que encontra óbice na Súmula 7/STJ. 3. O instituto da 
prescrição, que extingue a pretensão, em face da violação de 
um direito (art. 189 - Cód. Civil), tem caráter personalíssimo e, 
por isso, deve ser visto dentro das condições subjetivas de 
cada partícipe da relação processual. Não faz sentido, em face 
da ordem jurídica, a "socialização" na contagem da prescrição. 
4. Tendo sido o demandado exonerado do cargo que ocupava 
ao tempo dos atos apontados como ímprobos, desse momento 
teve curso o seu prazo prescricional, ainda que ele integre a 
relação processual em litisconsórcio com outro réu, cuja 
condição de ocupante de cargo eletivo, somente enseja a 
contagem do seu prazo prescricional após o término do 
mandato. 5. Agravo regimental desprovido. (AgRg no AREsp 
472.062/RJ, Rel. Ministro OLINDO MENEZES 
(DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TRF 1ª REGIÃO), 
PRIMEIRA TURMA, DJe 23/09/2015) 
Ainda assim, esse entendimento é prejudicial somente aos réus de cargos efetivos, distinto 
dos comissionados. 
Para salientar, os acórdãos abaixo abrangem argumentos sobre a distinção daqueles 
comissionados em relação aos de cargo efetivos: 
A) 
SANCIONADOR. AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE 
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA POR ATO QUE IMPORTA 
VIOLAÇÃO AOS PRINCÍPIOS ADMINISTRATIVOS. FRUSTRAÇÃO 
DE LICITUDE DE CERTAME PÚBLICO. FRAUDE EM CONCURSO 
PÚBLICO PARA O CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO RIO DE 
JANEIRO. INCLUSÃO ILEGAL NA LISTA DE APROVADOS DE 
PESSOA SEQUER INSCRITA NO CERTAME. PRESCRIÇÃO 
REGULADA PELO ART. 12, II DA LIA. NECESSIDADE DE 
INTERPRETAÇÃO DA LEGISLAÇÃO LOCAL FLUMINENSE. 
COMPETÊNCIA NÃO DEFERIDA PELA CARTA DE OUTUBRO AO 
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. TRIBUNAL DE ORIGEM QUE, 
COM BASE NOS ELEMENTOS FACTUAIS E PROBATÓRIOS, 
CONSIGNOU EXPRESSAMENTE A EXISTÊNCIA DE TIPICIDADE 
OBJETIVA E SUBJETIVA DOS FATOS IMPUTADOS AOS 
RECORRENTES. A INCLUSÃO DE PESSOA SEQUER INSCRITA NA 
LISTA DE APROVADOS DE CONCURSO PÚBLICO É ATO LESIVO 
AOS PRINCÍPIOS ADMINISTRATIVOS. PROVIMENTO IRREGULAR 
DE CARGO PÚBLICO. CONDENAÇÃO DE RESSARCIMENTO AO 
ERÁRIO POR SERVIÇOS EFETIVAMENTE PRESTADOS ILEGÍTIMA. 
ENRIQUECIMENTO ILÍCITO DA ADMINISTRAÇÃO. A 
PUNITIVIDADE DOS ATOS ÍMPROBOS DEVE ESTAR ADSTRITA À 
ESTRITA LEGALIDADE E AOS PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO. 
PARECER DO MPF PELO DESPROVIMENTO RECURSAL. AGRAVO 
EM RECURSO ESPECIAL DOS PARTICULARES CONHECIDO PARA 
DAR PARCIAL PROVIMENTO AO APELO NOBRE A FIM DE QUE 
SEJA AFASTADA A CONDENAÇÃO DE RESSARCIMENTO AO 
ERÁRIO. 
1. Agrava-se de decisão que negou seguimento a Recurso 
Especial, interposto por VALDEIR DIAS PINNA e PAULO GOMES 
DOS SANTOS FILHO, contra acórdãos do egrégio TJ/RJ 
[...] 
2. Em seu Apelo Nobre inadmitido, fundado no art. 105, III, a da 
CF/1988, alegoua parte recorrente: (i) violação do art. 23, I da 
LIA, dado o transcurso superior a 5 anos entre a exoneração do 
cargo em comissão e a propositura; (ii) violação do art. 23, II da 
LIA, considerando o transcurso superior a 6 anos entre a data do 
fato e a propositura da ação; bem como inaplicável o prazo 
prescricional criminal, quando inexistente indício de sua 
apuração nessa seara; (iii) violação do art. 10 e 11 da LIA, dada 
a ausência de lesão ao erário e dolo; e, por fim, (iv) violação do 
art. 12 da LIA, já que inviável o ressarcimento ao erário de 
valores relativos a serviços efetivamente prestados. 
3. O MPF, em parecer, manifestou-se pelo não provimento do 
recurso (fls. 1.472/1.486). 
4. É o relatório. 
5. A pretensão recursal pode ser resumida nos seguintes pontos 
de insurgência: (i) alegação de prescrição; (ii) inocorrência de 
ato ímprobo; (iii) impossibilidade de ressarcimento ao erário por 
serviços efetivamente prestados. 
6. No tocante ao tema prescrição, alegam os recorrentes que, 
no caso, seria aplicável o art. 23, I da LIA, pois ocupava cargo 
em comissão na época dos fatos; e, subsidiariamente, caso se 
entenda aplicável o prazo correspondente ao vínculo efetivo, 
a impossibilidade de aplicação do prazo prescricional criminal, 
dada a ausência de sua apuração nessa esfera. 
7. Na seara do Direito Sancionador Administrativo, o art. 23 da 
Lei 8.429/1992 instituiu o princípio da absoluta prescritibilidade 
das sanções administrativas, nos seguintes termos: 
Art. 23 - As ações destinadas a levar efeito as sanções previstas 
nesta Lei podem ser propostas: I - até 5 (cinco anos) após o 
término do exercício de mandato, de cargo de confiança ou 
função de confiança; II - dentro do prazo prescricional previsto 
em lei específica para falta disciplinares puníveis com demissão 
a bem do serviço público, nos casos de exercício de cargo efetivo 
ou emprego. 
8. Da simples leitura do artigo mencionado, observa-se, com 
muita clareza, que a LIA estabeleceu o termo inicial do prazo 
prescricional quinquenal, para fins de ajuizamento da ACP, em 
relação aos agentes públicos mandatários ou exercentes de 
cargo ou função de confiança (art. 23, I) e aos servidores e 
empregados (art. 23, II). 
9. Nessa linha, tem-se que uma das razões principais de 
diferença das situações existentes entre os incisos I e II do art. 
23 da LIA advém do fato de as condições funcionais elencadas 
no inciso I não decorrerem de concurso público, haja vista o 
exercício de mandato decorrente, normalmente, de eleição; 
enquanto os cargos em comissão e as funções de confiança, 
são de livre nomeação da autoridade competente; ademais, 
tais cargos possuem vínculo de natureza eminentemente 
temporária e instável, já que a função do Agente Político possui, 
via de regra, prazo predeterminado para seu exercício, 
enquanto os comissionados e os exercentes de função de 
confiança (estes últimos, a despeito de possuírem, 
necessariamente, prévio vínculo com a Administração) detém 
vínculo precário em relação a tais cargos ou funções, podendo 
ser exonerados a qualquer momento, a critério da autoridade 
competente. 
10. O inciso I abarca, portanto, situações essencialmente 
temporárias entre o cargo e seu ocupante, ainda que o Agente 
Público detenha vínculo anterior com o Poder Público. Essa 
conclusão decorre do próprio arranjo do art. 23, pois o inciso 
ora em exame abrange condutas cometidas por exercentes de 
função de confiança, e estas, conforme disposto na própria 
Constituição Federal de 1988, são exclusivas de servidores 
ocupantes de cargo efetivo (art. 37, V). Nesse sentido, bem 
destaca o ilustre Jurista JOSÉ DOS SANTOS CARVALHO FILHO 
que os cargos em comissão podem ser ocupados por pessoas 
que não pertencem aos quadros funcionais da Administração, 
ao passo que as funções gratificadas (ou de confiança, no dizer 
da Constituição) são reservadas exclusivamente aos servidores 
ocupantes de cargo efetivo, ainda que sejam lotados em órgão 
diverso (Manual de Direito Administrativo, Rio de Janeiro, 
Lumen Juris, 2011, p. 557). 
11. Tem-se, assim, que o vínculo anterior com a Administração 
Pública não configura elemento suficiente para afastar a 
aplicação do inciso I do art. 23 da LIA, sob pena de a expressão 
"função de confiança", exposta no final do referido dispositivo, 
tornar-se lei morta e desnecessária. 
[...] 
(STJ - AREsp: 798081 RJ 2015/0262680-3, Relator: Ministro 
NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, Data de Publicação: DJ 
09/11/2018) 
B) 
PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. IMPROBIDADE. 
PRESCRIÇÃO. LEI N. 8.429/92, ART. 23, I E II. CARGO EFETIVO. 
CARGO EM COMISSÃO OU FUNÇÃO COMISSIONADA. EXERCÍCIO 
CONCOMITANTE OU NÃO. PREVALÊNCIA DO VÍNCULO EFETIVO, 
EM DETRIMENTO DO TEMPORÁRIO, PARA CONTAGEM DO 
PRAZO PRESCRICIONAL. RECURSO ESPECIAL PROVIDO. 
1. Duas situações são bem definidas no tocante à contagem do 
prazo prescricional para ajuizamento de ação de improbidade 
administrativa: se o ato ímprobo for imputado a agente público 
no exercício de mandato, de cargo em comissão ou de função 
de confiança, o prazo prescricional é de cinco anos, com termo 
a quo no primeiro dia após a cessação do vínculo; em outro 
passo, sendo o agente público detentor de cargo efetivo ou 
emprego, havendo previsão para falta disciplinar punível com 
demissão, o prazo prescricional é o determinado na lei 
específica. Inteligência do art. 23 da Lei n. 8.429/92. 2. 
Não cuida a Lei de Improbidade, no entanto, da hipótese de o 
mesmo agente praticar ato ímprobo no exercício cumulativo de 
cargo efetivo e de cargo comissionado. 3. Por meio de 
interpretação teleológica da norma, verifica-se que a 
individualização do lapso prescricional é associada à natureza do 
vínculo jurídico mantido pelo agente público com o sujeito 
passivo Superior Tribunal de Justiça em potencial. Doutrina. 
4. Partindo dessa premissa, o art. 23, I, associa o início da 
contagem do prazo prescricional ao término de vínculo 
temporário. Ao mesmo tempo, o art. 23, II, no caso de vínculo 
definitivo ? como o exercício de cargo de provimento efetivo ou 
emprego ?, não considera, para fins de aferição do prazo 
prescricional, o exercício de funções intermédias ? como as 
comissionadas ? desempenhadas pelo agente, sendo 
determinante apenas o exercício de cargo efetivo. 5. Portanto, 
exercendo cumulativamente cargo efetivo e cargo 
comissionado, ao tempo do ato reputado ímprobo, há de 
prevalecer o primeiro, para fins de contagem prescricional, pelo 
simples fato de o vínculo entre agente e Administração pública 
não cessar com a exoneração do cargo em comissão, por ser 
temporário. 6. Recurso especial provido, para reformar o 
acórdão do Tribunal de origem em que se julgaram os embargos 
infringentes (fl. 617) e restabelecer o acórdão que decidiu as 
apelações (fl. 497) (REsp. 1.060.529/MG, Rel. Min. MAURO 
CAMPBELL MARQUES, DJe 18.9.2009). 
(REsp. 1.060.529/MG, Rel. Min. MAURO CAMPBELL MARQUES, 
DJe 18.9.2009). 
Ademais, considerando que a possibilidade de ausência de ajuizamento de ação penal anterior, 
há um entendimento acerca da necessidade de inquérito policial ou ação penal para aplicação do 
prazo previsto no inc. II, art 23 da LIA, exposto a seguir: 
PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA 
PELA PRÁTICA DE ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. 
REMESSA OFICIAL. DESCABIMENTO. AGENTE PÚBLICO. TERMO 
INICIAL DO PRAZO PRESCRICIONAL. RUPTURA DO VÍNCULO. 
ART. 23, I, DA LEI 8.429/92. PRESCRIÇÃO RECONHECIDA DE 
OFÍCIO. APROVEITAMENTO AO PARTICULAR OU PESSOA 
JURÍDICA. INTELIGÊNCIA DO ART 3º DA LEI DE IMPROBIDADE. 
INEXISTÊNCIA DE INQUÉRITOPOLICIAL OU DE AÇÃO PENAL. 
PRECEDENTES DA CORTE. 
[...] 
4. O reconhecimento da ocorrência da prescrição estende-se 
ao corréu Caixa Seguradora S/A, pois nos termos do art. 3º da 
Lei 8.429/92, o particular, pessoa jurídica ou não, que se 
relaciona com agentes públicos se submetem às regras de 
prescrição a estes aplicáveis. Precedentes da Corte. 
5. Reconhecida, de ofício, a prescrição quanto às sanções do 
artigo 12 da Lei de Improbidade Administrativa. 
6. Descabe falar em aplicação do inciso II do art. 23 da Lei 
8.429/92, face à inexistência de comprovação nos autos de 
instauração de inquérito policial ou de ajuizamento de ação 
penal contra os requeridos. 
7. Sentença mantida, ainda que por outro fundamento - 
prescrição (art. 23, I, da Lei 8.429/92). 
[...] 
(TRF-1 - AC: 378421920094013400, Relator: 
DESEMBARGADOR FEDERAL NEY BELLO, Data de Julgamento: 
11/11/2014, TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: 
21/11/2014)

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