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A Cultura Africana projeto de pesquisa NEILSON

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A Cultura Africana
A cultura africana chegou ao Brasil com os povos escravizados trazidos da África durante o longo período em que durou o tráfico negreiro transatlântico. A diversidade cultural da África refletiu-se na diversidade dos escravos, pertencentes a diversas etnias que falavam idiomas diferentes e trouxeram tradições distintas. Os africanos trazidos ao Brasil incluíram bantos, nagôs e jejes, cujas crenças religiosas deram origem às religiões afro-brasileiras, e os hauçás e malês, de religião islâmica e alfabetizados em árabe. Assim como a indígena, a cultura africana foi geralmente suprimida pelos colonizadores. Na colônia, os escravos aprendiam o português, eram batizados com nomes portugueses e obrigados a se converter ao catolicismo.
Os africanos contribuíram para a cultura brasileira em uma enormidade de aspectos: dança, música, religião, culinária e idioma. Essa influência se faz notar em grande parte do país; em certos estados como Bahia, Maranhão, Pernambuco, Alagoas, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul a cultura afro-brasileira é particularmente destacada em virtude da migração dos escravos.
Os bantos, nagôs e jejes no Brasil colonial criaram o candomblé, religião afro-brasileira baseada no culto aos orixás praticada atualmente em todo o território. Largamente distribuída também é a umbanda, uma religião sincrética que mistura elementos africanos com o catolicismo e o espiritismo, incluindo a associação de santos católicos com os orixás.
A influência da cultura africana é também evidente na culinária regional, especialmente na Bahia, onde foi introduzido o dendezeiro, uma palmeira africana da qual se extrai o azeite-de-dendê. Este azeite é utilizado em vários pratos de influência africana como o vatapá, o caruru e o acarajé.
Na música a cultura africana contribuiu com os ritmos que são a base de boa parte da música popular brasileira. Gêneros musicais coloniais de influência africana, como o lundu, terminaram dando origem à base rítmica do maxixe, samba, choro, bossa-nova e outros gêneros musicais atuais. Também há alguns instrumentos musicais brasileiros, como o berimbau, o afoxé e o agogô, que são de origem africana. O berimbau é o instrumento utilizado para criar o ritmo que acompanha os passos da capoeira, mistura de dança e arte marcial criada pelos escravos no Brasil colônial.
	
Berimbau
	
Agogô
	
Capoeira, a arte-marcial afro-brasileira
	
Afoxé
Culinária
	
Feijoada
	
Caruru
	
Vatapá
	
Acarajé
Máscaras
Evolução Histórica
CULTURA AFRO-BRASILEIRA
Denomina-se cultura afro-brasileira o conjunto de manifestações culturais do Brasil que sofreram algum grau de influência da cultura africana desde os tempos do Brasil colônia até a atualidade. A cultura da África chegou ao Brasil, em sua maior parte, trazida pelos escravos negros na época do tráfico transatlântico de escravos. No Brasil a cultura africana sofreu também a influência das culturas europeia (principalmente portuguesa) e indígena, de forma que características de origem africana na cultura brasileira encontram-se em geral mescladas a outras referências culturais. Traços fortes da cultura africana podem ser encontrados hoje em variados aspectos da cultura brasileira, como a música popular, a religião, a culinária, o folclore e as festividades populares. Os estados do Maranhão, Pernambuco, Alagoas, Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul foram os mais influenciados pela cultura de origem africana, tanto pela quantidade de escravos recebidos durante a época do tráfico como pela migração interna dos escravos após o fim do ciclo da cana-de-açúcar na região Nordeste. Ainda que tradicionalmente desvalorizados na época colonial e no século XIX, os aspectos da cultura brasileira de origem africana passaram por um processo de revalorização a partir do século XX que continua até os dias de hoje.
Evolução histórica
Escravos africanos no Brasil, oriundos de várias nações (Rugendas, c. 1830).
De maneira geral, tanto na época colonial como durante o século XIX a matriz cultural de origem europeia foi a mais valorizada no Brasil, enquanto que as manifestações culturais afro-brasileiras foram muitas vezes desprezadas, desestimuladas e até proibidas. Assim, as religiões afro-brasileiras e a arte marcial da capoeira foram frequentemente perseguidas pelas autoridades. Por outro lado, algumas manifestações de origem folclórico, como as congadas, assim como expressões musicais como o lundu, foram toleradas e até estimuladas.
Entretanto, a partir de meados do século XX, as expressões culturais afro-brasileiras começaram a ser gradualmente mais aceitas e admiradas pelas elites brasileiras como expressões artísticas genuinamente nacionais. Nem todas as manifestações culturais foram aceitas ao mesmo tempo. O samba foi uma das primeiras expressões da cultura afro-brasileira a ser admirada quando ocupou posição de destaque na música popular, no início do século XX.
Posteriormente, o governo da ditadura do Estado Novo de Getúlio Vargas desenvolveu políticas de incentivo do nacionalismo nas quais a cultura afro-brasileira encontrou caminhos de aceitação oficial. Por exemplo, os desfiles de escolas de samba ganharam nesta época aprovação governamental através da União Geral das Escolas de Samba do Brasil, fundada em 1934.
Outras expressões culturais seguiram o mesmo caminho. A capoeira, que era considerada própria de bandidos e marginais, foi apresentada, em 1953, por mestre Bimba ao presidente Vargas, que então a chamou de "único esporte verdadeiramente nacional".
A partir da década de 1950 as perseguições às religiões afro-brasileiras diminuíram e a Umbanda passou a ser seguida por parte da classe média carioca[1]. Na década seguinte, as religiões afro-brasileiras passaram a ser celebradas pela elite intelectual branca.
Em 2003, foi promulgada a lei nº 10.639 que alterou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), passando-se a exigir que as escolas brasileiras de ensino fundamental e médio incluam no currículo o ensino da história e cultura afro-brasileira.
Estudos afro-brasileiros
Bloco afro Ilê Aiyê na Bahia
O interesse pela cultura afro-brasileira manifesta-se pelos muitos estudos nos campos da sociologia, antropologia, etnologia, música e linguística, entre outros, centrados na expressão e evolução histórica da cultura afro-brasileira
Muitos estudiosos brasileiros como o advogado Edison Carneiro, o médico legista Nina Rodrigues, o escritor Jorge Amado, o poeta e escritor mineiro Antonio Olinto, o escritor e jornalista João Ubaldo, o antropólogo e museólogo Raul Lody, entre outros, além de estrangeiros como o sociólogo francês Roger Bastide, o fotografo Pierre Verger, a pesquisadora etnóloga estadunidense Ruth Landes, o pintor argentino Carybé, dedicaram-se ao levantamento de dados sobre a cultura afro-brasileira, a qual ainda não tinha sido estudada em detalhe
Alguns infiltraram-se nas religiões afro-brasileiras, como é o caso de João do Rio, com esse propósito; outros foram convidados a fazer parte do Candomblé como membros efetivos, recebendo cargos honorificos como Obá de Xangô no Ilê Axé Opô Afonjá e Ogan na Casa Branca do Engenho Velho, Terreiro do Gantois, e ajudavam financeiramente a manter esses Terreiros.
Muitos sacerdotes leigos em literatura se dispuseram a escrever a história das religiões afro-brasileiras, recebendo a ajuda de acadêmicos simpatizantes ou membros dos candomblés. Outros, por já possuírem formação acadêmica, tornaram-se escritores paralelamente à função de sacerdote, como é caso dos antropólogos Júlio Santana Braga e Vivaldo da Costa Lima, as Iyalorixás Mãe Stella e Giselle Cossard, também conhecida como Omindarewa a francesa, o professor Agenor Miranda, a advogada Cléo Martins e o professor de sociologia Reginaldo Prandi, entre outros.
Os negros trazidos da África como escravos geralmente eram imediatamente batizados e obrigados a seguir o Catolicismo.A conversão era apenas superficial e as religiões de origem africana conseguiram permanecer através de prática secreta ou o sincretismo com o catolicismo.
Algumas religiões afro-brasileiras ainda mantém quase que totalmente suas raízes africanas, como é o caso das casas tradicionais de Candomblé e do Xangô do Nordeste; outras formaram-se através do sincretismo religioso, como o Batuque, o Xambá e a Umbanda. Em maior ou menor grau, as religiões afro-brasileiras mostram influências do Catolicismo e da encataria europeia, assim como da pajelança ameríndia[4]. O sincretismo manifesta-se igualmente na tradição do batismo dos filhos e o casamento na Igreja Católica, mesmo quando os fiéis seguem abertamente uma religião afro-brasileira.
Já no Brasil colonial os negros e mulatos, escravos ou forros, muitas vezes associavam-se em irmandades religiosas católicas. A Irmandade da Boa Morte e a Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos foram das mais importantes, servindo também como ligação entre o catolicismo e as religiões afro-brasileiras. A própria prática do catolicismo tradicional sofreu influência africana no culto de santos de origem africana como São Benedito, Santo Elesbão, Santa Efigênia e Santo Antônio de Noto (Santo Antônio de Categeró ou Santo Antônio Etíope); no culto preferencial de santos facilmente associados com os orixás africanos como São Cosme e Damião (ibejis), São Jorge (Ogum no Rio de Janeiro), Santa Bárbara (Iansã); na criação de novos santos populares como a Escrava Anastácia; e em ladainhas, rezas (como a Trezena de Santo Antônio) e festas religiosas (como a Lavagem do Bonfim onde as escadarias da Igreja de Nosso Senhor do Bonfim em Salvador, Bahia são lavadas com água de cheiro pelas filhas-de-santo do candomblé).
As igrejas pentencostais do Brasil, que combatem as religiões de origem africana, na realidade têm várias influências destas como se nota em práticas como o batismo do Espírito Santo e crenças como a de incorporação de entidades espirituais (vistas como maléficas). Enquanto o Catolicismo nega a existência de orixás e guias, as igrejas pentencostais acreditam na sua existência, mas como demônios.
Segundo o IBGE, 0,3% dos brasileiros declaram seguir religiões de origem africana, embora um número maior de pessoas sigam essas religiões de forma reservada.
Inicialmente desprezadas, as religiões afro-brasileira foram ou são praticadas abertamente por vários intelectuais e artistas importantes como Jorge Amado, Dorival Caymmi, Vinícius de Moraes, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Maria Bethânia (que freqüentavam o terreiro de Mãe Menininha), Gal Costa (que foi iniciada para o Orixá Obaluaye), Mestre Didi (filho da iyalorixá Mãe Senhora), Antonio Risério, Caribé, Fernando Coelho, Gilberto Freyre e José Beniste (que foi iniciado no candomblé ketu).
Filhas-de-santo do Terreiro Ilê Axé Opô Afonjá na Bahia
Religiões afro-brasileiras
Babaçuê - Pará
Batuque - Rio Grande do Sul
Cabula - Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Santa Catarina
Candomblé - Em todos estados do Brasil
Culto aos Egungun - Bahia, Rio de Janeiro, São Paulo
Culto de Ifá - Bahia, Rio de Janeiro, São Paulo
Macumba - Rio de Janeiro
Omoloko - Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo
Quimbanda - Rio de Janeiro, São Paulo
Tambor-de-Mina - Maranhão
Terecô - Maranhão
Umbanda - Em todos estados do Brasil
Xambá - Alagoas, Pernambuco
Xangô do Nordeste - Pernambuco
Confraria
Irmandade dos homens pretos
Sincretismo
Arte
Tecelã do terreiro de Candomblé Ilê Axé Opô Afonjá, Salvador, Bahia
O Alaká africano, conhecido como pano da costa no Brasil é produzido por tecelãs do terreiro de Candomblé Ilê Axé Opô Afonjá em Salvador, no espaço chamado de Casa do Alaká. Mestre Didi, Alapini (sumo sacerdote) do Culto aos Egungun e Assògbá (supremo sacerdote) do culto de Obaluaiyê e Orixás da terra, é também escultor e seu trabalho é voltado inteiramente para a mitologia e arte yorubana.[6] Na pintura foram muitos os pintores e desenhistas que se dedicaram a mostrar a beleza do Candomblé, Umbanda e Batuque em suas telas. Um exemplo é o escultor e pintor argentino Carybé que dedicou boa parte de sua vida no Brasil esculpindo e pintando os Orixás e festas nos mínimos detalhes, suas esculturas podem ser vistas no Museu Afro-Brasileiro e tem alguns livros publicados do seu trabalho. Na fotografia o francês Pierre Fatumbi Verger, que em 1946 conheceu a Bahia e ficou até o último dia de vida, retratou em preto e branco o povo brasileiro e todas as nuances do Candomblé, não satisfeito só em fotografar passou a fazer parte da religião, tanto no Brasil como na África onde foi iniciado como babalawo, ainda em vida iniciou a Fundação Pierre Verger em Salvador, onde se encontra todo seu acervo fotográfico.
Culinária
A feijoada brasileira, considerada o prato nacional do Brasil, é frequentemente citada como tendo sido criada nas senzalas e ter servido de alimento para os escravos na época colonial. Atualmente, porém, considera-se a feijoada brasileira uma adaptação tropical da feijoada portuguesa que não foi servida normalmente aos escravos. Apesar disso, a cozinha brasileira regional foi muito influenciada pela cozinha africana, mesclada com elementos culinários europeus e indígenas.
A culinária baiana é a que mais demonstra a influência africana nos seus pratos típicos como acarajé, caruru, vatapá e moqueca. Estes pratos são preparados com o azeite-de-dendê, extraído de uma palmeira africana trazida ao Brasil em tempos coloniais. Na Bahia existem duas maneiras de se preparar estes pratos "afros". Numa, mais simples, as comidas não levam muito tempero e são feita nos terreiros de candomblé para serem oferecidas aos orixás. Na outra maneira, empregada fora dos terreiros, as comidas são preparadas com muito tempero e são mais saborosas, sendo vendidas pelas baianas do acarajé e degustadas em restaurantes e residências.
Música e dança
A música criada pelos afro-brasileiros é uma mistura de influências de toda a África subsaariana com elementos da música portuguesa e, em menor grau, ameríndia, que produziu uma grande variedade de estilos.
A música popular brasileira é fortemente influenciada pelos ritmos africanos. As expressões de música afro-brasileira mais conhecidas são o samba, maracatu, ijexá, coco, jongo, carimbó, lambada, maxixe, maculelê
Como aconteceu em toda parte do continente americano onde houve escravos africanos, a música feita pelos afro-descendentes foi inicialmente desprezada e mantida na marginalidade, até que ganhou notoriedade no início do século XX e se tornou a mais popular nos dias atuais.
Instrumentos afro-brasileiros:
Afoxé
Agogô
Atabaque
Berimbau
Tambor
Denomina- se cultura afro- brasileira o conjunto de manifestações culturais do Brasil que sofreram algum grau de influência da cultura africana desde o período Colonial até a atualidade.
Encontramos traços da cultura africana na música, religião, culinária, folclore. Os estados que foram mais influenciados pela cultura são: Maranhão, Alagoas, Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul. A cultura afro- brasileira se encontra nos rituais de Candomblé, Umbanda. Nos jogos atléticos como Capoeira, bate- coxa. Está presente nas danças como Frevo, Samba, Batuque, Axé, Lambada. O instrumento musical Berimbau veio de lá.
Na culinária herdamos a Feijoada, Vatapá, Sarapatel, Cuscuz e Acarajé que tem fama internacional.
No Governo de Getúlio Vargas, foram desenvolvidas políticas de incentivo do nacionalismo nas quais a cultura afro-brasileira encontrou caminhos de aceitação Social. Em 2003, foi promulgada a lei nº 10.639 que alterou a lei de Diretrizes e Bases da #Educação, passando a exigir que as escolas brasileiras de ensino fundamental e médio incluam no Currículo o ensino da história da cultura afro- brasileira.
A Cultura africana sofreu também a influência das culturas europeia e indígena de forma que características de origem africana na cultura brasileira encontram-se mescladasa outras referências culturais. Ainda que tradicionalmente desvalorizados na época colonial e no século XIX, os aspectos da cultura brasileira de origem africana passaram por um processo de revalorização a partir do século XX até hoje.
O interesse pela Cultura afro- brasileira manifesta- se nos estudos de campos de sociologia, antropologia, etnologia, música e linguística.
O Brasil é um dos países que mais possui população negra em todo mundo. Isso é resultado dos mais de quatro milhões de homens, mulheres e crianças que foram trazidos da África desde o início da colonização do Brasil.
Hoje os afros- brasileiros se destacam na música, comércio, teatro, em filmes, no meio empresarial, na moda e em muitos outros meios. O principal destaque na música brasileira é o samba. O estilo hoje é o cartão postal musical do país. A capoeira foi proibida no Brasil e hoje faz parte da nossa cultura. O candomblé é uma mistura da religião dos brancos com a dos negros.
O Brasil é um caldeirão de misturas de raças. Nele se formou este povo brasileiro. Não podemos esquecer que os afros- descendentes fazem parte desta mistura e muito temos que agradecer a eles.
Na linguagem
Cafuné é uma palavra trazida pelos negros para o Brasil
Os africanos, na ausência de uma unidade linguística, já que provinham de diferentes povos, foram praticamente obrigados a criar uma em comum para que pudessem se entender.
A influência africana no português do Brasil, que em alguns casos chegou também à Europa, veio do iorubá, falado pelos negros vindos da Nigéria, e notada principalmente no vocabulário relacionado à culinária e à religião e também do quimbundo angolano, em palavras como caçula, cafuné, moleque, maxixe e samba, entre centenas de outros vocábulos.
Na culinária
É impossível falar da influência dos africanos sem lembrar a herança que eles deixaram para a nossa alimentação. Acarajé, mungunzá, quibebe, farofa, vatapá são pratos originalmente usados como comidas de santo, ou seja, comidas que eram oferecidas às divindades religiosas cultuadas pelos negros. Hoje, porém, são dignos representantes da culinária brasileira.
O Cuscuz foi um dos pratos trazidos pelo negro ao Brasil
As negras africanas começaram a trabalhar nas cozinhas dos Senhores de Engenho e introduziram novas técnicas de preparo e tempero dos alimentos. Também adaptaram seus hábitos culinários aos ingredientes do Brasil. Assim, foram incorporados aos hábitos alimentares dos brasileiros o angu, o cuscuz, a pamonha e a feijoada, nascida nas senzalas e feita a partir das sobras de carnes das refeições que alimentavam os senhores; o uso do azeite de dendê, leite de coco, temperos e pimentas; e de panelas de barro e de colheres de pau. Os traficantes de escravos também trouxeram para o Brasil ingredientes africanos como é o caso da banana, ícone de brasilidade mundo afora e da palmeira de onde se extrai o azeite de dendê.
Prato típico Feijoada
Em síntese, todos os pratos vindos do continente africano foram reelaborados, recriados, no Brasil, com os elementos locais. O dendê trazido pelos portugueses para queimar em lamparinas e iluminar as noites escuras do novo continente logo foi parar na panela das mucamas.
Prato típico Farofa
Contribuição do Negro na Religião
A religião integra o folclore do país como bem material. Os escravos vindos da África trazem consigo o candomblé. Proibidos de praticar sua religião, os africanos associaram a cada orixá um ou mais santos católicos, conforme cada religião do Brasil, para exercerem sua religião sem serem perseguidos. Dos orixás de origem africana, se tornaram mais populares os seguintes: oxalá, xangô, yansã, oxún, ogun, oxósse, omolu, yemanjá, ibejis e exu.
Religião Umbanda
Pessoas praticando a religião Umbanda
As religiões chamadas afro-brasileiras surgiram durante o processo de colonização do Brasil, com a chegada dos escravos africanos. Em diferentes momentos da história, aos poucos, as religiões afro-brasileiras foram se formando nas mais diversas regiões e estados. É justamente por isso que elas adotam diferentes formas e rituais, diferentes versões de cultos.
Na realidade, os cultos afro-brasileiros vêm da prática religiosa das tribos africanas. Por isso, cada uma tem a sua forma peculiar de chamar o nome de Deus, promover seus cultos, estruturar sua organização, celebrar seus rituais, contar sua história e expressar as suas concepções através dos símbolos.
Na tentativa de catequizar os negros, os europeus promoveram uma grande mistura que resultou nas hoje chamadas de religiões afro-brasileiras, como a Umbanda e o Candomblé, fruto da inter-relação de culturas.
Religião Candomblé
Salão para a prática da religião Candomblé
Alguns povos bantos eram adeptos do candomblé e foram seus introdutores no país. Atualmente, existem poucas casas de candomblé puro no Brasil, concentradas principalmente na Bahia. Por outro lado, o candomblé de caboclo e a cabula, outra variante do candomblé, tornaram-se as raízes remotas da umbanda, o mais difundido culto afro-brasileiro, no Rio de Janeiro.
 Para resistir, o negro buscou, através de formas simbólicas, alternativas que camuflassem seus deuses a fim de preservá-los da imposição da igreja católica. Assim, o sincretismo foi uma forma de defesa do negro e não a incorporação da religião negra à religião predominante. 
A CONTRIBUIÇÃO DO NEGRO NO FOLCLORE: DANÇA, MÚSICA, LITERATURA E OUTROS
Para o Brasil, são imensas e ainda hoje incomensuráveis as contribuições de mulheres e homens oriundos da África (de Cabo Verde à África do sul, na Costa Atlântica e Moçambique, na Costa do Índico, do interior do continente africano) das nações jla, courá, mina, nagô, ewe ou jej, hauçá, exanti, mup´r, bornu, gurunxe, fulá, malê, cabinda, benguela, congo, angola, macua, angico,sentys, berbere, jalofo, felupe, mandinga etc.
O folclore é entendido como o conjunto de manifestações espirituais, materiais e culturais de origem popular, transmitidos via oral ou pela prática de geração em geração. Compreende, assim, as tradições, festas, danças, canções, lendas, superstições, comidas típicas, vestimentas e artesanatos-cultivados especialmente pelas camadas populares. A escravidão foi responsável pela contribuição africana para o folclore, principalmente por que os negros eram trazidos de diversas áreas do velho continente.
A cultura imaterial (danças, festas, contos, lendas e religiões) é bem variada. Na dança destaca-se:
Coco: também denominado “bambelô”, é muito dançando da região praiana do Nordeste, sobretudo Alagoas. É uma dança de roda, cuja coreografia é mais um sapateado, acompanhado de plantas
Dança Cocô
Frevo: teve origem na capoeira, cujos movimentos foram estilizados para evitar a repressão policial. O nome vem da ideia de fervura (pronunciada incorretamente como “frevura”). É uma dança coletiva, executada com uma sombrinha, que seve para manter o equilíbrio e embelezar a coreografia. Atualmente, é símbolo do carnaval pernambucano.
Dança Frevo
Dança Frevo em Pernambuco - Brasil
Moçambique: frequentemente executado em São Paulo, Minas Gerais, e no Brasil Central. Os participantes formam uma esteira de losangos com bastões, pulam, agacham, e sacodem, sem tocar nos bastões. Enquanto dançam e louvam aos santos, em solo e coro. Considerado por alguns folcloristas uma dança, por outros um folguedos (ou festa popular).
Dança Moçambique
Maracatu: é propriamente um desfile carnavalesco, remanescente das cerimônias de coroação dos reis africanos. A tradição teve início pela necessidade dos chefes tribais, vindos do Congo e de Angola, de expor sua força e seu poder, mesmo com a escravidão. Atualmente faz parte do carnaval de Pernambuco.
Dança Maracatu
Capoeira: trazida pelos negros de Angola, inicialmente, não era praticada como luta, mas como dança religiosa. Mas, no século XVI, para resistir às expedições que pretendiam exterminar Palmares, os escravos foragidos aplicavam os movimentos da capoeira como recurso de ataque e defesa. Em 1928,um livro estabeleceu as regras para o jogo desportivo de capoeira e ilustrou seus principais golpes e contragolpes. O capoeirista era considerado um marginal, um delinquente. O Decreto-lei 487 acabou temporariamente com a capoeira, mas os negros resistiram até a sua legalização. E em 15 de julho de 2008 a capoeira foi reconhecida como Patrimônio Cultural Brasileiro e registrada como Bem Cultural de Natureza Imaterial.
Dança Capoeira
Capoeiristas lutando capoeira
A literatura popular de origem africana é riquíssima. Ela contém uma vasta série de contos e lendas, que hoje integram o folclore brasileiro: contos totêmicos, ou seja, conjuntos de animais, como: tartaruga, lebre, sapo, antílope, elefante, crocodilo etc.
Contos de assombrações e entidades sobrenaturais, como a lenda do quibungo, que significa lobo. É uma espécie de entidade sobrenatural, meio homem, meio animal, que possui um enorme buraco no meio das costas, na qual atira meninos que persegue para comer.
A cultura material de origem africana também é vastíssima, abarcando artesanatos e técnicas, tais como: a fabricação de instrumentos musicais, a culinária, a fabricação de utensílios de cozinha e a indumentária, entre outros. Entre os instrumentos trazidos pelos africanos para o Brasil se destacam os de percussão, segundo o dicionário da língua portuguesa Aurélio (1998):
Afoxé: cabaça coberta por uma redinha de malha, em cujas intersecções se colocam sementes ou conchas.
Instrumento Afoxé
Instrumento musical Afoxé
Atabaque: espécies de caixa alta, com couro somente na abertura de maior diâmetro, que se percute com as mãos.
Instrumento Atabaque
Instrumento musical Atabaque
Agogô: par de campânulas ou sinetas sem badalo, de ferro, conectadas por uma haste encurvada, do mesmo material, que se percute com uma baqueta de madeira ou ferro.
Instrumento Agogô
Instrumento musical Agogô
Berimbau: arco de madeira retesado por corda de arame, com uma cabaça aberta presa à parte inferior externa do arco, tocado com uma vareta de madeira e com o dobrão (peça de metal), com acompanhamento do caxixi.
Instrumento Berimbau
Instrumento musical Berimbau
Caxixi: tambor cilíndrico, com couro em uma só abertura, em cujo centro está preso uma vareta de madeira, que friccionada com um pano molhado ou a própria mão produz o som.
Instrumento Caxixi
Instrumento musical Caxixi
A CONTRIBUIÇÃO DO NEGRO NA ECONOMIA
O principal motivo que acarretou a formação do Brasil foi para a extração de minerais, sendo os principais o ouro, ferro, prata e diamante, além dos vegetais, como a madeira e outros. E com isso a Europa ficou eufórica para explorar essas terras, trazendo assim o negro para a economia brasileira.
É possível dizer, que a participação dos negros na economia brasileira é um retrocesso na história, pois faz retornar ao tempo da escravidão, quer dizer, a era escravagista, antes do feudalismo tomar seu espaço. As viagens dos europeus à África e Ásia fizeram com que os negros participassem do sistema econômico vigente na época, não de maneira igualitária como mercadores, mas como escravos a serviço dos seus donos. Foi a partir desse momento, os negros passaram a ser levados para terra que estavam sendo descobertas, tanto para as colônias europeias como as colônias na América. Assim, chegaram os negros no Brasil, para devastar matas, cuidar da roça, do gado, trabalhar na cana-de-açúcar e dinamizar a economia da época.
Engenho de cana-de-açúcar
Negros escravos trabalhando em um engenho de cana-de-açúcar
Com este propósito, os negros se tornaram fortes colaboradores para a economia brasileira, não pelo lado intelectual, mas no impulso direto da dinamização do sistema econômico. No ciclo da mineração, o trabalho era árduo e impiedoso, na busca de satisfazer os desejos ambiciosos dos Reis de Portugal que objetivavam única e exclusivamente, extrair os minérios existentes no país. Eram quilômetros e quilômetros de mata adentro, passando todo tipo de miséria e sofrimento, com o ficto de se conseguir minerais preciosos. Desta mesma maneira, aconteceu na época do ciclo da cana-de-açúcar e por fim de toda economia, com uma escravidão de negros, de participação tão ativa.
O negro era considerado um ninguém, somente tinha direito a sua ‘ração’ diária e um canto para dormir, conhecidos como senzalas. A vida do negro era o trabalho, o máximo possível, para retornar de maneira eficaz os custos imputados na compra de um negro trabalhador. A relação feitor-negro era o mesmo que máquina e quem a comanda, com uma diferença, é que o negro não tinha nenhum privilégio e a máquina tem a seu favor a limpeza de manutenção, todavia, o negro tinha como recompensa, as chicotadas e o castigo. O tratamento recebido do patrão era de tamanho desprezo e distanciamento, porque branco é branco e negro é negro, e o que resta por último é o trabalho e o conforto, somente na hora da dormida, poucas horas.
O negro na economia era o trabalho desqualificado. Era o trabalho bruto, quer dizer, não era um trabalho que usasse a inteligência, pois não era do interesse de seu proprietário, educá-lo para atividades de servidão e total subordinação ao seu senhor.
De acordo com Calógeras (1927), o Brasil, não tendo ainda revelado haveres minerais, só poderia ser colônia agrícola. Os portugueses, por demais escassos, não possuíam braços bastantes para o cultivo de suas fazendas nem para a extração do pau-brasil. Saída única para tais dificuldades deveria ser arrancar, por quaisquer meios, trabalhadores baratos do viveiro aparentemente inesgotável da população regional. Essa foi à origem do negro na economia do país e que durou muito tempo.
O negro na economia brasileira, como em qualquer outra economia que usava o negro como mão-de-obra escrava, era tratado como uma mercadoria que era vendável, como bem retrata este anúncio da época: compram-se escravos de ambos os sexos, com ofício e sem ele, e pagam-se bem contanto que sejam boas pessoas, na rua do Príncipe no 66 loja ou então este: quem tiver para vender um casal de escravos, dirija-se a rua do Príncipe no Armazém de Molhados no 35 que achará com quem tratar. Desta forma, os jornais da época anunciavam constantemente transações de compra e venda de seres humanos, como se fossem produtos que vendidos, pudessem passar de mão em mão sem nenhum poder de reação.
Mesmo após a abolição da escravidão o negro ainda passou por diversos problemas, como o salário baixíssimo, dificuldade de encontrar emprego, de se fixar em uma moradia. Nos dias atuais o negro passou a ter um bom cenário, e existem diversas políticas públicas para garantir isso. Entretanto, ainda é necessário acabar com o preconceito e o racismo, que ainda perdura na sociedade brasileira, mesmo que esta esteja tentando combate-la.
A CONTRIBUIÇÃO DO NEGRO NA POLÍTICA
Guerra dos Canudos
Nos dizeres de Moura (1989), a história do negro no Brasil se mescla quase em sua totalidade na formação da nação brasileira, por meio de sua evolução histórica e social. O negro, considerado um objeto não raro como uma força animal de trabalho, contribuiu de forma decisiva para o desenvolvimento da economia atual brasileira, mas mesmo contribuindo de forma bastante significativa, ele não pode usufruir do seu trabalho.
Além de desenvolver a riqueza nacional e disseminar sua cultura, o negro atuou politicamente. São vários os movimentos sócio-políticos na trajetória social e histórica brasileira que participaram o negro escravo ou o negro livre. Vale ressaltar também os quilombos, que foram vistos como movimentos políticos independentes dos escravos, em quase todas as lutas ocorridas ou planejadas o povo negro esteve presente.
Nas lutas pela independência e a sua consolidação, na luta pela expulsão dos holandeses, na Revolução Farroupilha, nos movimentos radicais da plebe rebelde, como a Cabanagem, no Movimento Cabano, e entre outros ele este presente. Ressalta-se também a famosa Inconfidência Mineira, a Inconfidência Baiana, é incontestável a presença do elemento majoritárionessas revoluções lutas, o negro. Ainda segundo Moura (1989), após o fim escravidão e o fim do Império, ele participou de movimentos da plebe, como a em Canudos, e a Revolta da Chibata, liderada por João Cândido.
João Cândido na Revolta da Chibata
Do mesmo modo, entre 1903 e 1963 surgem em todo o país mais de 20 jornais escritos por negros, dentre os quais A Rua e o Xauter, em 1916, o Alfaiate em 1918, A Liberdade e o Bandeirante em 1919, A Sentinela em 1920, e o Kosmo, no ano seguinte. Além destes, surgiram no interior do movimento muitos outros títulos – O Getulino, Elite, O Clarim da Alvorada, Auriverde, Patrocínio, Progresso, A Chibata, A Raça, a Tribuna Negra etc. Passando a ter uma imprensa independente, os negros procedentes da classe operária passaram
reivindicar e transformar o jornal a tribuna das reivindicações específicas dos negros.
Por volta da década de 30, São Paulo, a cidade mais industrializada do Brasil, contatava com mais de 922 mil habitantes, dentre eles 100 mil eram negros que vivam em condições precárias, em cortiços. Nesse contexto de extrema opressão contra as condições de vida, o movimento negro começa a se destacar no âmbito nacional, com ações voltadas principalmente para o bem-estar social e integração da população negra na sociedade.
Em síntese, o negro estava buscando formas de se integrar como cidadão na sociedade brasileira, pois mesmo com a abolição da escravidão ele continuou a ser considerado uma escória, mesmo livre ele não conseguia acesso à sua cidadania. É interessante dizer, que mesmo com população mestiça, racismo perdurou por muito tempo de forma intensa, mas nos dias atuais com a luta pela igualdade, como é o caso da política de cotas, a sociedade brasileira está procurando meios para que o racismo seja abolido de vez, mesmo que essa tarefa ainda leve vários anos.
Cultura Afro-Brasileira
A contribuição dos negros na construção da sociedade brasileira é evidente. É possível notar sua influência desde simples superstições até o modo de viver do brasileiro. O cantar, o dançar, o sentir, o produzir e até mesmo o refletir foram características legadas por meio dos negros. Essa grande influência teve início a partir do tráfico negreiro, em que milhões de africanos foram forçados a sair de seu continente de origem para exercer trabalho escravo no Brasil.
O negro foi considerado mercadoria no Brasil a partir do final do século XVI, quando os colonizadores portugueses começaram a substituir a mão-de-obra indígena pela negra. E partir desse momento, o negro se tornou importante no cenário brasileiro. Ele foi introduzido em todas as áreas de trabalho, como a do artesanato, a agrícola e a doméstica.
É necessário salientar que o negro não veio sem cultura do seu local de origem. Ao entrar no Brasil ele viu uma realidade totalmente diferente da que vivia, visto que para o colonizador europeu eles eram considerados somente como mão-de-obra, mas o negro no continente africano vivia em tribos, lá ele era príncipe. A heterogeneidade cultural das etnias africanas era imensa, ou seja, lá se tinha uma prática cultural diferenciada, dependendo da região à qual pertencia.
A contribuição do povo africano para a formação brasileira foi primordial tanto na composição física da população quanto na conformação do que viria a ser cultura, isso inclui várias dimensões, como a culinária, língua, música, religião, estética, valores sociais e estruturas mentais.
Vale ressaltar que a cultura africana também incorpora traços indígenas e europeus. Assim, é possível dizer que esse grande intercâmbio cultural vai além de regiões, para se tornar uma cultura única, a cultura brasileira, considerada uma das mais ricas, fazendo do Brasil um país de grande miscigenação cultural e racial.
Conclui-se nesse contexto, que a histórica do povo africano é rica, e que apesar da aculturação, do sofrimento, e das grandes batalhas por direitos, os negros se tornaram um fator preponderante na construção do Brasil de hoje. E apesar da necessidade de políticas públicas que apoiem o desenvolvimento social, econômico e política da comunidade brasileira, o negro foi e sempre será um dos alicerces dessa nação.
ÁFRICA
A INFLUÊNCIA AFRICANA NA FORMAÇÃO DA LÍNGUA PORTUGUESA NO BRASIL
por Gláucia Quênia
 
 
O que muitas pessoas não sabem é que o português falado no Brasil traz inúmeras palavras de origem africana. Em razão da escravidão dos negros da África no Brasil Colônia, houve uma importante contribuição do continente na formação do que podemos chamar hoje de idioma brasileiro. Muitas palavras existentes em nosso dicionário são usadas em comum sentido tanto aqui como em Angola, um exemplo que marca a forte ligação linguística.
 
 
A vinda dos negros africanos como escravos foi um marco histórico brasileiro, sobretudo do século XVI. Apesar das precárias condições da escravidão, os povos traficados jamais deixaram para trás a herança cultural do seu povo. Entre os principais grupos que vieram para o continente americano estavam os bantus e os sudaneses. O povo bantu foi o primeiro a fazer a viagem no tráfico transatlântico. Dos vários dialetos existentes pela África, os que tiveram maior impacto no Brasil foram o quimbundo, o quicongo e o umbundo.
 
 
 
 
Hoje, podemos observar no dicionário brasileiro uma variedade de termos que usamos em nosso dia a dia, sem termos a noção de sua origem africana, mais especificamente do grupo bantu. Entre os exemplos encontramos: abadá, caçamba, cachaça, cachimbo, caçula, candango, canga, capanga, carimbo, caxumba, cochilar, corcunda, dengo, fubá, gibi, macaco, maconha, macumba, marimbondo, miçanga, moleque, quitanda, quitute, tanga, xingar, banguela, babaca, bunda, cafofo, cafundó, cambada, muquirana, muvuca.
É importante termos a consciência de que a África é uma das responsáveis pelo português que temos hoje no Brasil. Um idioma rico e variado, originado de vários povos e que conquistou sua identidade única por conta da forte miscigenação linguística.
Palavras de origem africana no vocabulário brasileiro
Publicado em 17/07/2015por Fernando Sagatiba
Afora o Brasil, Angola, Cabo Verde, Guiné Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Guiné-Equatorial, que adotou o idioma como oficial recentemente. Timor-Leste é o único a ter o Português como língua oficial na Ásia. Nossos irmãos africanos fazem parte do PALOP, acrônimo que significa justamente Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa. Tudo obra de Portugal, responsável por essa bagunça chamada lusofonia (o conjunto dos países que possuem Português como língua oficial) que acabou dando seu jeito de seguir caminho. Mas, diferente do Brasil, onde línguas nativas ficaram restritas a suas tribos indígenas, nos países euro-colonizados da África, ainda se falam línguas nativas (nagô, ioruba, quicongo, umbundo e quimbundo). Só pra constar.
Rolou uma marmota por parte dos invasores que misturavam africanos de diversos países e culturas (sim, porque África é um extenso continente com 54 países culturalmente diversificados e não um país restrito de miséria como a grande mídia te acostumou a ver) com intenções de que com a confusão cultural, eles não pudessem se unir entre si para se rebelar. Até certo ponto, rolava, como ainda acontece, de haver desunião entre as classes menos abastadas da sociedade, mas isso não significou a morte por abandono dessas línguas. Ao contrário, a partir dali, surgiria uma cultura praticamente nova com os elementos que sobreviveram ao tráfico negreiro. Muita coisa de nossa cultura vem de África e dos africanos que foram sequestrados para cá (dos quais descendemos em maioria, já que no auge do crime da escravidão, a população negra era, como se manteve, maioria).
A linguagem é um dos pontos altos das coisas cotidianas que trazemos do continente-mãe. E como a cultura negra é a essência do Samba, ou seja, é a raiz do Samba, então, não falar necessariamente do samba musical não é fugir do foco, não é mesmo? Então, vamos a um dicionário improvisado que fuireunindo em diversos sites educacionais e culturais internet afora. Você vai notar que muitas dessas palavras, tu tá aí falando adoidado todo dia e nem sabe que vêm de dialetos línguas (valeu a dica, Niyi) africanas. Muito interessante, pois somos acostumados a não buscarmos o passado, como se o jornal da TV já bastasse pra gente estar informado. Mas é pegar num livro, num artigo de internet e a gente voa no conhecimento. Veja aí que nem só dentro do samba e do candomblé estão palavras africanas da diáspora. Use e abuse do CTRL+F e saia buscando suas palavras mais usadas e/ou preferidas, porque tem coisas muito interessantes nesse “dicionário” que eu montei na base do ‘cataqui/catali’. Rá! (Lembrando que como foi uma pesquisa de internet, algumas coisas podem não estar condizentes, mas eu atualizo conforme me avisam, ok?).
A
ABADÁ – Túnica folgada e comprida. Atualmente, no Brasil, é o nome dado a uma camisa ou camiseta usada pelos integrantes de blocos e trios elétricos carnavalescos.
ABARÁ – Quitute semelhante ao acarajé. A massa feita de feijão fradinho e os temperos são os mesmos. Os bolinhos envoltos em folhas de bananeira são cozidos em banho-maria.
ACARÁ – Peixe de esqueleto ósseo.
ACARAJÉ – Bolinho feito de massa de feijão-fradinho frito no azeite de dendê e servido com camarões secos.
AFOXÉ –  Dança, semelhante a um cortejo real, que desfila durante o carnaval e em cerimônias religiosas.
AGOGÔ – Instrumento musical formado por duas (ou três) campânulas ocas de ferro.
ALUÁ – Bebida feita de milho, arroz cozido ou com cascas de abacaxi.
AMUO  – sm. Mau humor passageiro, revelado no aspecto, gestos ou silêncio; arrufo, calundu.
ANGOLA – Nome dado a uma das mais conhecidas modalidades do jogo de capoeira e, também, a um dos cinco países africanos de língua portuguesa.
ANGU – Massa de farinha de milho ou de mandioca. Angu-de-caroço: Coisa complicada.
AXÉ – Saudação; força vital e espiritual.
AZOEIRA – Barulhada, zoeira, bagunça.
B
BABÁ – Ama-seca; pessoa que cuida de crianças em geral; pai-de-santo; a origem é controvertida sendo, para alguns estudiosos originária do quimbundo, e para outros do idioma iorubá.
BABACA – Tolo; boboca.
BAGUNÇA – Baderna, desordem.
BALANGANDÃS  – Enfeites,originalmente de prata ou de ouro, usados em dias de festa.
BAMBAMBàou BAMBA – Maioral, bom em quase tudo que faz.
BAMBERÊ – Cantiga de ninar entoada por negras velhas da Região Amazônica. (“Bamberê, bamberá / criança que chora quer mamá / Moça que namora quer casá / Galinha que canta quer botá / Bamberê, bamberá)
BAMBOLÊ – Aro de plástico ou metal usado como brinquedo.
BANCAR – Fazer o papel de; fazer-se de.
BANGÜÊ – Padiola de cipós trançados na qual se leva o bagaço da cana.
BANGUELA – Desdentado. Os escravos trazidos do porto de Benguela, em Angola, costumavam limar ou arrancar os dentes superiores.
BANGULÊ  – Dança de negros ao som da puíta, palma e sapateados.
BANTO  – Nome do grupo de idiomas africanos em que a flexão se faz por prefixos.
BANTOS – Povos trazidos do sul da África, principalmente de Angola e Moçambique, que espalharam sua cultura, idiomas e modos.
BANZAR – Meditar, matutar.
BANZÉ – Confusão.
BANZO – Tristeza fatal que abatia os escravizados com saudades de sua terra natal.
BAOBÁ – Árvore de tronco enorme, reverenciada por seus poderes mágicos.
BATUQUE – Dança com sapateado e palmas, com som de instrumentos de percussão. É uma variante das rodas de capoeira, praticada pelos negros trazidos de Angola para o interior da Bahia. No sul do Brasil, é sinônimo de rituais religiosos e, no interior do Pará, é uma espécie de samba.
BERIMBAU – Instrumento musical, composto de um arco de madeira com uma corda de arame vibrada por uma vareta, tendo uma cabaça oca como caixa de ressonância.
BIRITA – Cachaça; gole de cachaça.
BITELO – Grande; de tamanho exagerado.
BOBÓ – Um tipo de purê feito de aipim ou inhame.
BOCA-DE-PITO – Pitada; tragada em cigarro, charuto ou cachimbo; disposição para fumar provocada pela ingestão de café ou bebida alcoólica.
BOMBA – Certo doce de forma cilíndrica ou esférica feito de massa cozida e glaçado na parte superior.
BOROCOXÔ – Molenga. Entristecido.
BRUACA –  Espécie de mala ou sacola que se levava no lombo de animais.
BUGIGANGA – Objeto de pouco ou nenhum valor ou utilidade.
BUNDA – Nádegas, na língua falada pelos bundos de Angola.
BÚZIOS – Conchas marinhas usadas antigamente na África como moedas e, em nossos dias, em cerimônias religiosas e em jogos de previsão.
C
CAÇAMBA – Balde para tirar água de um poço; local onde se depositam detritos.
CACHAÇA – Bebida alcoólica; pinga; durante muito tempo, os negros escravizados, banhados em suor, giravam manualmente as rodas dos engenhos de açúcar e, do vapor originário da fervura do caldo da cana, escorria pela parede e pingava do teto (daí o porque o nome “pinga”)a bebida de sabor clássico, que ardia nos olhos e foi batizada de “pinga”.
CACHIMBO – Tubo de fumar, com um lugar escavado na ponta para se colocar o tabaco.
CACIMBA – Poço ao ar livre, onde se retém a água da chuva para diversas finalidades. Cova que recolhe água de terrenos pantanosos.
CAÇULA – O mais novo.
CACULÉ – Cidade da Bahia.
CACUNDA – Corcunda. Corcova. Costas.
CAFIFE – Diz-se de pessoa que dá azar.
CAFOFO – Lugar que serve para guardar objetos usados; nos dias atuais, serve também para designar moradia pequena, mas aconchegante.
CAFUÁ – Esconderijo. Casebre.
CAFUCA – Centro; esconderijo.
CAFUCHE – Irmão do Zumbi.
CAFUCHI – Serra.
CAFUNDÓ – Lugar afastado, de acesso difícil.
CAFUNÉ – Coçar a cabeça de alguém.
CAFUNGÁ – Pastor de gado.
CAFUZO – Mestiço de negro e índio.
CALANGO – Lagarto. Dança afro-brasileira.
CALOMBO – Inchaço. Quisto, doença.
CALUMBÁ – Planta
CALUNDU – sm. Mau humor; amuo.
CALUNGA – sf. 1. Coisa qualquer de tamanho reduzido. 2. Boneco pequeno. O mar; boneca carregada pelas damas do paço nos desfiles de reis e rainhas dos Maracatus de nação em Pernambuco; símbolo da realeza e do poder dos ancestrais.
CAMUNDONGO – Rato pequeno.
CANDOMBLÉ – Casas ou terreiros de diferentes nações – Angola, Congo, Jêje, Nagô, Ketu e Ijexá – onde são praticados os rituais trazidos da África. Esses cultos são dirigidos por um Babalorixá (pai-de-santo) ou por uma Ialorixá (mãe-de-santo). Um dos mais tradicionais é o de Gantois,em Salvador, na Bahia. No passado, o candomblé foi muito perseguido.
CANDONGA – Intriga, mexerico.
CANGA – Tecido com que se envolve o corpo. Peça de madeira colocada no lombo dos animais.
CANJERÊ – Feitiço, mandinga.
CANJICA – Papa de milho verde ralado.
CAPANGA – Guarda-costas. Bolsa pequena que se leva a tiracolo.
CAPENGA – Manco. Com andar de bêbado.
CAPOEIRA – Jogo de corpo, agilidade e arte, que usa técnicas de ataque e de defesa com os pés e as mãos. As rodas são acompanhadas por palmas, pandeiros, chocalhos, berimbaus e cânticos de marcação.
CARIMBO – Instrumento de borracha. Marca. Sinal.
Carimbó – Tipo de dança afro-brasileira originária da região norte do Brasil.
CARURU – Iguaria da culinária afro-brasileira, feita com folhas, quiabos e camarões secos.
CASSANGUE – Grupo de negros da África.
CATIMBA – Manha. Astúcia.
CATIMBAU – Prática de feitiçaria.
CATINGA – Fedor; mau cheiro.
CATITA – Pequeno, baixo, miúdo. Nome dado no Nordeste a um ratinho novo.
CATUNDA – Sertão.
CATUPÉ – Cortejo afro-mineiro. As fardas de seus integrantes são enfeitadas de fitas, sendo que dançam e cantam acompanhados por instrumentos de percussão.
CAXAMBU – Grande tambor usado na dança harmônica.
CAXANGÁ – Jogo praticado em círculo. Os versos de uma velha cantiga, baseada nessa brincadeira, são bem populares.
CAXIXÍ – Chocalho pequeno feito de palha.
CAXUMBA – Inflamação das glândulas salivares.
CAZUMBÁ – Negro velho, personagem do Boi-Bumbá paraense.
CAZUMBI – Alma penada.
CHILIQUE – Desmaiar. “Ter um troço”.
CHUCHU – Fruto comestível.
COCHILAR – Breve soneca. Sono leve.
CONGADAS ou CONGOS – Danças dramáticas com enredo e personagens característicos, como reis,rainhas, príncipes, princesas, embaixadores, chefes de guerra e guerreiros, que se despedem, no final das apresentações, cantando.
COQUE – Bater na cabeça com o nó dos dedos. Tipo de penteado onde o cabelo é todo preso num arranjo único no alto da cabeça; há uma corrente que acredita ser o nome proveniente do inglês “cock”, que significa galo, e outra que associa o nome a barulho que é feito e também ao “galo” na cabeça.
CUBATA – Choça de pretos; senzala. Palhoça
CUÍCA – Instrumento musical que emite um ronco peculiar.
CUMBA – Forte, valente.
CUMBE – Povoação em Angola.
D
DENDÊ – Fruto de uma palmeira (dendezeiro), de onde é extraído o azeite.
DENGO – Gesto de carinho. Manha, birra.
DENGOSO – Manhoso. Chorão.
DIAMBA – Um tipo de erva alucinógena.
E
EBÓ – Oferenda feita aos orixás para se resolver os mais diferentes desejos e problemas.
EFÓ – espécie de guisado de camarões e ervas, temperado com azeite de dendê e pimenta.
EMBALAR – Acalentar; balançar; fazer adormecer.
EMPACAR – Não continuar. Não prosseguir. Diz-se quando o animal firma teimosamente as patas para não prosseguir viagem.
ENCABULAR – Envergonhar-se. Ficar vexado por algum motivo.
ENGABELAR – Enganar. Iludir jeitosamente. Trapacear. Engodo. Embuste.
ESCANGALHAR – Desordem. Confusão. Desmantelo. Dano causado por estrago.
ESPANDONGADO – Desajeitado. Defeituoso. Arruinado. Desarrumado. Relaxado. Descomedido. Arreliado.
EXU – Divindade que é considerada o intermediário entre o Céu e a Terra. Aquele que está em todos os lugares. Dono das encruzilhadas. Representa a ambivalência humana, os comportamentos e desejos contraditórios.
F
FAROFA – Mistura de farinha com água, azeite ou gordura.
FOFOCA – Intriga. Mexerico
FUÁ – Briga. Rolo. Desordem. Intriga. Diz-se também do eqüino arisco.
FUBÁ: Farinha de milho.
FULEIRO – Reles. Ordinário. Sem Valor. Farrista.
FULO: Irritado. Zangado.
FURDUNCIO – Também pronunciado e escrito como “Forduncio”, significa festança popular. Divertir-se com alarido. Barulho. Desordem.
FUNGAR – Fazer ruído com o nariz ao inspirar o ar. Assoar o nariz. Coriza na fossa nasal. Fuçar.
FUTUM – Mau cheiro. Fedor. Peixe morto na superfície da água.
FUXICO – Falar mal dos outros. Artesanato popular feito com pedaços de panos. Costurar superficialmente. Alinhavar. Amarrotar.
FUZARCA – Farra. Desordem. Bagunça.
FUZUÊ – Festa. Confusão. Turbilhão nas águas de um rio.
G
GALALAU – Pessoa muito alta.
GAMBÉ – Designação de um policial na gíria dos travestis, menores e delinqüentes em geral.
GANDAIA – Farra. Bagunça. Vadiagem. Ofício de trapeiro. Pessoa sem préstimo. Inerte.
GANGA ZUMBA – Título dado aos chefes guerreiros. Um dos mais famosos líderes da confederação de Quilombo dos Palmares, na Serra da Barriga, em Alagoas.
GANZÁ – Chocalho.
GARAPA – Caldo da cana. Bebida formada pela mistura de mel-açúcar-água.
GERINGONÇA – Coisa malfeita e de duração precária. Objeto ou coisa estranhos cujo nome e finalidade não se conhece.Ginga – Bamboleio. Balanço com o corpo. Dançar com o corpo ao som de uma música ou instrumento. Movimento corporal na capoeira, na dança e no futebol. Sacerdotisa do culto Omolocô. Remo que se usa para fazer a embarcação balançar.
GINGA – Movimento corporal na capoeira, na dança e no futebol.
GOGÓ – Pomo-de-Adão. Garganta. Laringe
GONGUÊ – Instrumento musical semelhante ao agogô.
GOROROBA – Comida feita com restos de diversos alimentos. Diz-se também do indivíduo lento, molengão ou covarde.
GRIGRI – Amuleto que protege o seu possuidor.
GUANDU – O mesmo que andu (fruto do anduzeiro), ou arbusto de flores amarelas, tipo de feijäo comestível.
GUIMBA – Resto ou ponta do cigarro.
H
Hà– Interjeição de surpresa, espanto ou de admiração entre os Iorubás. Manifestação de incompreensão. Não entendimento.
I
IAIÁ – Tratamento dado às moças e meninas na época da escravidão. Na Luanda antiga, era o tratamento respeitoso que as filhas e netas dos escravos davam às patroas.
IEMANJÁ: deusa africana, a mãe d’água dos iorubanos.
IMPALA – Espécie de antílope africano. O nome batizou também um modelo de automóvel da Chevrolet.
IMPLICAR – Provocar. Amolar. Intrometer. Contender. (Atualização, a etimologia da palavra vem do Latim).
INHAME – Designação comum de um tipo de tubérculo comestível menor que a mandioca; homem de corpo defeituoso. Coisa ou objeto disforme ou deformada.
IORUBANO – Habitante ou natural de Ioruba (África).
J
JABÁ – Suborno oferecido a programador de emissora de rádio ou televisão para que inclua na programação determinada obra musical. Certo tipo de abóbora.
JABACULÊ – Gorgeta. Propina. Dinheiro.
JAGUNÇO – Capanga. Combatente das forças de Antonio Conselheiro na Guerra de Canudos. Cangaceiro.
JEGUEDÊ – Dança negra.
JERERÊ – Nome dado ao cigarro de maconha. Faísca. Centelha.
JERIBATA – Álcool; aguardente.
JILÓ – Fruto verde de gosto amargo.
JONGO – Dança tradicional afro-brasileira.
L
LAMBADA – Golpe dado com o chicote, tabica ou rebenque. Copo ou gole de bebida alcoólica. Dança de salão de origem amazônica. Significa bater, castigar, ferir, atingir com golpe ou pancada.
LAMBANÇA – Desordem. Sujeira. Serviço malfeito. Embuste. Trapaça em conversa ou jogo.
LAMBÃO – Indivíduo que não sabe lidar com as coisas sem sujar-se.
LAMBUJA – Vantagem que um jogador concede ao parceiro ou rival. Aquilo que se ganha ou dá além do combinado.
LAPADA – Lambada. Bofetada. Espécie de pá semelhante ao remo.
LARICA – Apetite desenfreado após a ingestão da maconha. Dificuldade. Aperto. Apuro.
LENGA-LENGA – Conversa, narrativa ou discurso enfadonho.
LERO-LERO – Conversa fiada. Palavreado vazio.
LIBAMBO – Bêbado (pessoas que se alteram por causa da bebida).
LUNDU – Primitivamente dança africana.
M
MAASSAGANA – Confluência, junção de rios em Angola.
MACULELÊ – Folguedo popular de origem baiana, misto de jogo de dança com bastões ou facões.
MACUMBA – Nome pejorativo dado aos cultos afro-brasileiros. Audaz. Ousado. Certo tipo de reco-reco. Cada uma das filhas de santo nos terreiros de origem Banta. Antigo jogo de azar. Antiga denominação que se dava à maconha.
MACUMBEIRO – adj. sm. Diz-se de, ou praticante da macumba. .
MALUCO – Alienado mental. Endoidecido.
MALUNGO – Título que os escravos africanos davam aos que tinham vindo no mesmo navio; irmão de criação.
MAMONA – Fruto da família das esforbiáceas. Rícino.
MAMULENGO – Fantoche. Teatro de fantoches.
MANDINGA – Bruxaria. Feitiço. Talismã. Qualidade de jogo de capoeira.
MANGAR – Zombar. Caçoar.
MANGUE – Comunidade geográfica localizada em áreas onde o solo é formado por uma lama escura e mole. Terreno lamacento.
MANHA – Choro infantil sem causa. Birra. Malícia. Ardil. Artimanha. Habilidade manual.
MARACATU – sm. Oriundo da região do Estado de Pernambuco (PE), é um cortejo carnavalesco que segue uma mulher que, num bastão, leva uma bonequinha enfeitada, a calunga. 2. Certo tipo de dança afro-brasileira. Em Recife/PE, os maracatus de nação representam embaixadas africanas com todo o séquito real.
MARACUTAIA – Trapaça. Embuste. Engodo. Golpe.
MARAFA(O) – Vida desregrada. Licenciosa. Cachaça. Vinho. Diz-se também do tipo de vida, por exemplo: “Viver na marafa…”, viver entregue ao vício da bebida e da vadiagem.
MANO – Tratamento respeitoso entre os antigos sambistas cariocas (“Mano” Elói, “mano” Décio etc.). Irmão.
MARIMBA– Peixe do mar. 2. Artifício de amarrar uma linha a algum objeto (pedra, garrafa, etc) para resgatar pipas onde não se alcança com as próprias mãos (RJ).
MARIMBONDO – Certo tipo de vespa.
MATUTO – Indivíduo que vive no mato. Na roça. Pessoa ignorante e ingênua.
MAXIXE – Fruto do maxixeiro. Certo tipo de chuchu espinhoso. Dança brasileira de salão.
MIÇANGA – Conta de vidro miúda. Ornatos feitos com esse tipo de conta. Colar.
MILONGA – Desculpas descabidas. Manhas. Dengues. Mexericos. Intrigas. Feitiço. Sortilégio Bruxedo. 2. Música e dança de origem platina.
MINGAU – Papa de farinha de cereais com leite, açúcar e outros ingredientes. Em língua oeste-africana, era um tipo demilho cozido em água e sal. Na linguagem Banta, é o ato de molhar o pão no pirão ou molho. (Retificação: Esta palavra vem do Tupi).
MOCAMBO – Cabana. Palhoça. Habitação miserável. Couto de escravos fugidos na floresta.
MOCHILA – Alforge. Bornal que se leva às costas.
MOCORONGO – Mulato escuro. Caipira. Indivíduo natural de Santarém/PA. Palhaço da folia de reis. Mosquito transmissor do impaludismo.
MOCOTÓ – Pata de bovino utilizada como alimento. Tornozelo.
MOLAMBO – Trapo. Pano velho rasgado ou sujo. Roupa esfarrapada. Indivíduo fraco e sem caráter. Corpo velho, cansado, moído.
MOLENGA – Mole. Indolente. Preguiçoso. Medroso e covarde.
MOLEQUE – Negrinho. Indivíduo irresponsável. Canalha. Patife.
MONDONGO – Indivíduo sujo e desmazelado. Boneco de pano sem governo.
MONGO – Sujeito bobo. Moleirão. Débil mental.
MOQUECA – Guisado de carne ou peixe tradicional da culinária afro-brasileira.
MORINGA – Garrafão ou bilha de barro para conter e refrescar água potável. Cântaro.
MUAMBA – Cesto ou canastra para transporte de mercadorias. Furto de mercadorias nos portos. Contrabando. Negócio escuso. Do Quimbundo: Carga.
MUCAMA – Escrava doméstica. Concubina. Escrava que era amante do seu senhor.
MULUNGA – Árvore.
MUNGUZÁ – Iguaria feita de grãos de milho cozido, em caldo açucarado, às vezes com leite de coco ou de gado. O mesmo que canjica.
MUQUIFO – Lugar sujo e em desordem. Palavra ligada ao Kicongo, significa também latrina. Casebre. Choupana
MURUNDU – Montanha ou monte; montículo; o mesmo que montão.
MUTAMBA – Árvore.
MUTRETA – Trapaça. Confusão.
MUVUCA – Confusão. Algazarra.
MUXIBA – Pelanca. Pedaços de carne magra. Retalhos de carne que se dá aos cães. Mulher feia. Bruxa. Seios flácidos de mulher.
MUXINGA – Açoite; bordoada.
MUXONGO – Beijo; carícia.
N
NENÊ – Criança recém-nascida ou de poucos meses. Provém do Umbundo “nene”, que quer dizer pedacinho, cisco.
O
ODARA – Bom. Bonito. Limpo. Branco. Alvo.
OGUM ou OGUNDELÊ – Deus das lutas e das guerras.
ORIXÁ– Divindade de religiões afro-brasileiras. Divindade secundária do culto jejênago, medianeira que transmite súplicas dos devotos suprema; divindade desse culto; ídolo africano.
P
PAMONHA – Certo tipo de iguaria derivada do milho. Diz-se também da pessoa molenga. Inerte. Desajeitada. Preguiçosa. Lenta.
PATOTA – Turma. Grupo.
PENDENGA – Litígio. Rixa. Contenda.
PERRENGUE – Dificuldade ou aperto financeiro. Diz-se também da pessoa fraca. Covarde. Animal imprestável.
PIMBA – Pênis de menino
PINDAÍBA – Falta de dinheiro. Miséria feia. (Atualização: Esta palavra é de origem Tupi).
PINGA – Aguardente extraída do caldo da cana.
PIRÃO – Papa grossa de farinha de mandioca. (Atualização: Esta palavra é de origem Tupi).
PITO – Cachimbo. Cigarro. Repreensão. Censura. Dar bronca.
PITOCO – Objeto ou utensílio o qual já falta uma parte essencial. Parte amputada ou a restante no corpo humano.
PUITA: corpo pesado usado nas embarcações de pesca em vez fateixa.
Q
QUEIMANA – Iguaria nordestina feita de gergelim .
Quenga – Guisado de quiabo com galinha. Mulher prostituída. Meretriz.
QUENGO – Cabeça. Região próxima da nuca.
QUIABO – Fruto de forma piramidal, verde e peludo.
QUIBEBE – Papa de abóbora ou de banana.
QUIBUNGO – Invocado nas cantigas de ninar, o mesmo que cuca, festa dançante dos negros.
QUILOMBO – Valhacouto de escravos fugidos. 2. Quer dizer acampamento ou fortaleza. Folguedo popular alagoano em forma de dança dramática.
QUIMBEBÉ – Bebida de milho fermentado.
QUIMBEMBE – Casa rústica, rancho de palha.
QUIMGOMBÔ – Quiabo.
QUINDIM – Doce feito com a gema do ovo, côco e açúcar. Na Bahia significa também meiguice, dengo, encanto, carinho.
QUITUTE: Comida fina, iguaria delicada. Iguaria. Acepipe. Canapé.
QUIZÍL(I)A – Antipatia ou aborrecimento. Ojeriza. Aversão. Implicância.
QUIZUMBA – Confusão. Briga.
R
REQUENGUELA – Engelhado. Encolhido. Tímido. Fraco. Sem substância.
S
SAMBA – Dança cantada de origem africana de compasso binário (da língua de Luanda, semba = umbigada). Nome genérico de um ritmo de dança afro-brasileiro.
SAPECA – Diz-se de moça muito namoradeira ou assanhada. Diz-se também da criança muito arteira.
SARAPATEL – Guisado feito com sangue e miúdos de certos animais, especialmente o porco.
SARARÁ – Alourado. Arruivado.
SARAVÁ – Palavra usada como saudação nos cultos afro-brasileiros, significa “salve”.
SENZALA: alojamento dos escravos.
SERELEPE – Vivo. Buliçoso. Astuto. Esperto.
SOBA – Chefe de trigo africana.
SONGAMONGA – Pessoa dissimulada. Sonsa. Débil. Boba.
SOVA – Dar pancadas com a mão. Espancar.
T
TAGARELA – Pessoa que fala muito e à toa.
TANGA – Pano que cobre desde o ventre até as coxas.
TANGO – Dança argentina popularizada no Brasil, proveniente do espanhol “tango” e do Kimbundo “tangu” (pernada), que era uma forma de bailado de negros ao som de tambores e outros instrumentos.
TRAMBIQUE – Negócio fraudulento. Vigarice. Logro.
TRIBUFÚ – Maltrapilho. Negro feio.
TU – Diz-se do negro tido como sendo bruto. Boçal. Grosseiro. Oposto ao negro bom e passivo; “…Este samba/que é misto de maracatú/é samba de preto velho/ samba de preto TÚ…”; Pode ser também uma redução de Bantú.
TUNDA – Surra. Sova. Crítica severa.
TUTANO – Substância mole e gordurosa no interior dos ossos.
TUTU –  Maioral. Manda-chuva. Indivíduo valente e brigão. Feijão cozido e refogado ao qual se vai adicionando farinha até dar a consistência de pirão. Dinheiro. Grana.Suborno. 2. Iguaria de carne de porco salgada, toicinho, feijão e farinha de mandioca.
U
URUCUBACA – Azar. Má sorte. Diz-se também de uma praga rogada por pessoa inimiga.
URUCUNGO –  sm. Berimbau (instrumento musical).
 
V
VATAPÁ – sm. Da culinária (comida), iguaria de origem africana, à base de peixe ou galinha, com camarão seco, amendoim etc., temperada com azeite de dendê e pimenta.
X
XARÁ – Pessoa que tem o mesmo nome que outra.
XENDENGUE: magro, franzino.
XEPA – As últimas mercadorias vendidas nas feiras livres, mais baratas e de qualidade inferior. Sobras. Coisa inferior.
XODÓ – Amor. Sentimento profundo que se demonstra por algo ou alguém. Carinho.
Z
Zabumba – Tambor grande. Bumbo.
ZAMBI ou ZAMBETA: cambaio, torto das pernas. zumbi: sm. Fantasma que vaga pela noite, segundo lenda afro-brasileira. Nota: Nome do herói nacional Zumbi dos Palmares.
ZANGAR – Causar zanga (de zangado). Mau humor. Birra. Irritação. Diz-se também de coisa estragada ou azeda.
ZANZAR – Andar à toa. Sem destino.
ZIQUIZIRA – Doença ou mal-estar cujo nome não se conhece.
ZOEIRA – Conhece-se também por Azueira. Algazarra. Falatório.
ZOMBAR – Tratar com descaso. Escarnecer. Gracejar.
ZUNZUM – Boatos. Cochichos. Mexericos.
A influência africana no processo de formação da cultura afro-brasileira.
Este artigo tem como intenção analisar a influência cultural dos africanos no Brasil. Por meio da revisão bibliográfica observa-se o intenso intercâmbio cultural ocorrido entre os escravos africanos, os indígenas e os europeus. Essas trocas culturais ocorridas por vários séculos durante o período colonial brasileiro contribuíram para a formação de uma cultura híbrida e bastante rica. No que se refere à contribuição africana é evidente, principalmente, na culinária, dança, religião, música e língua. Percebe-se, que, essa matriz africana teve um papel importante na formação e delineamento da identidade cultural afro-brasileira, uma que, os escravos possuíam uma grande diversidade cultural devido à sua origem distinta e por pertencerem a diversas etnias com idiomas e tradições distintas, pois, eram oriundos de diversas regiões do continente africano. Já, no Brasil esses africanos souberam assimilar, interpretar e recriar certas práticas de outras culturas com os quais estiveram em contato.
Palavras-chaves: Cultura. Identidade. África. Afro - brasileira.
 
Introdução
A influência africana no processo de formação da cultura afro-brasileira começou a ser delineada a partir do tráfico negreiro. Quando milhões africanos "deixaram" forçadamenteo continente africano e despontarem no Brasil para exercer o trabalho compulsório.
O escravo africano era um elemento de suma importância no campo econômico do período colonial sendo considerado "as mãos e os pés dos senhores de engenho porque sem eles no Brasil não é possível fazer, conservar e aumentar fazenda, nem ter engenho corrente" (ANTONIL, 1982, p.89). Contudo, a contribuição africana no período colonial foi muito além do campo econômico, uma vez que, os escravos souberem reviver suas culturas de origem e recriarem novas práticas culturais através do contato com outras culturas.
É importante salientar que não houve uma homogeneidade cultural praticada pelos negros africanos, visto que imperava uma heterogeneidade favorecida pelas origens distintas dos africanos, que apesar de oriundos do continente africano, geralmente os escravos apresentava uma prática cultural diferenciada em alguns aspectos devido à região que pertencia, pois a África caracteriza-se em um continente dividido em países com línguas e culturas diversas.
Além da prática cultural diferenciada ressaltada, os africanos, ainda, incorporaram algumas práticas europeias e indígenas, além de, influenciá-los culturalmente. O intercâmbio cultural entre os elementos citados contribuiu para uma formação cultural afro - brasileira híbridae bastante peculiar.
 
Desenvolvimento
Ao longo do período colonial e monárquico brasileiro foi grande o contingente de escravos africanos no Brasil, visto que, constituía a maior mão - de - obra do período. A contribuição desses escravos foi além da participação econômica, uma vez que, foram inserindo suas práticas, seus costumes e seus rituais religiosos na sociedade Brasileira contribuindo, dessa forma para uma formação cultural peculiar no Brasil.
 Importante, ressaltar que as práticas desses escravos africanos eram diferenciadas, pois eles eram oriundos de pontos diferentes do continente africano. De acordo com VAINFAS (2001 p.66), durante o período colonial, quase nada se sabia sobre a origem étnica dos africanos traficados para o Brasil. Porém, ao longo do período passou-se a designá-los a partir da região ou porto de embarque, ou seja, das áreas de procedência.
 Apesar da origem diversa dos escravos africanos, dois grupos se destacaram no Brasil: os Bantos e os Sudaneses. Os bantos foram assim, classificados devido à relativa unidade lingüística dos africanos oriundos de Angola, Congo e Moçambique.
 
Vainfas (2001, p. 67) destaca que:
 
Os povos bantos predominaram entre os escravos traficados para o Brasil desde o século XVII, concentrando-se na região sudeste, mas espalhados por toda a parte, inclusive na Bahia. (...) Os Bantosoriundos do Congo eram chamados de congo, muxicongo ,loango, cabina, monjolo, ao passo que os de Angola o eram de massangana, cassange, loanda, rebolo, cabundá, quissamã, embaca,benguela.
 Essa diversidade fez com os Bantos apresentassem uma especificidade cultural, notadamente na lingüística, nos costumes e, principalmente, no campo religioso, que mesclou aspectos do cristianismo com suas tradições religiosas.
 De acordo com Kavinajé (2009, p. 3):
 Os bantos, depois de um primeiro período de autonomia religiosa, que se conhece através de documentos históricos, assistiram à transformação de seus cultos. Por um lado, esses deram lugar á macumba; por outro, amoldaram-se às regras dos condomblés nagôs, não se distinguindo deles senão por uma maior tolerância. Os cultos bantos em gradativo declínio acolheram os espíritos dos índios, o que iria levar ao surgimento de um "condomblé de cablocos", e adotaram cantos em língua portuguesa, ao passo que os condomblés nagôs só usam cantos em língua africana.
Já os sudaneses provenientes da África ocidental, Sudão e da Costa da Guiné, contribuíram culturalmente para a formação de uma identidade afro-brasileira, visto que muito de suas práticas culturais imperam atualmente como, por exemplo, o candomblé, prática religiosa dos escravos sudaneses.
No Brasil estes grupos: bantos e sudaneses misturaram-se resultando em cruzamentos biológicos, culturais e religiosos.
De acordo com Paiva (2001, p.36):
 
Misturavam-se informações, assim como etnias, tradições e práticas culturais. Novas cores eram forjadas pela sociedade colonial e por ela apropriadas para designar grupos diferentes de pessoas, para indicar hierarquização das relações sociais, para impor a diferença dentro de um mundo cada vez mais mestiço. Da cor da pele à dos panos que a escondia ou a valorizava até a pluralidade multicor das ruas coloniais, reflexo de conhecimentos migrantes, aplicados à matéria vegetal, mineral, animal e cultural.
 
Nota-se que o cruzamento cultural entre estes povos africanos propiciou a construção de uma identidade cultural brasileira, ou cultura afro-brasileira. Uma vez que, eles não temeram em "inventar códigos de comportamentos e de recriarem praticas de sociabilidade e culturais" (Paiva 2001, p.23). Assim, este cruzamento foi resultado de um longo processo que propiciou uma riqueza cultural peculiar ao Brasil.
 De acordo com Paiva (2001, p.27), pode-se caracterizar este cruzamento cultural como resultante de uma aproximação entre universos geograficamente afastados, em hibridismos e em impermeabilidades, em (re) apropriações, em adaptações e em sobreposição de representações e de práticas culturais.
Assim, a influência africana foi se tornando visível em vários seguimentos da sociedade colonial, tais como culinária, práticas religiosas, danças, dentre outros valores culturais que foram incorporados pela população brasileira.
 Sobre a influência africana Freire (2001, p. 343) destaca que:
Quantas "mães-pretas", amas de leite, negras cozinheiras e quitandeiras influenciaram crianças e adultos brancos (negros e mestiços também), no campo e nas áreas urbanas, com suas histórias, com suas memórias, com suas práticas religiosas, seus hábitos e seus conhecimentos técnicos? Medos, verdades, cuidados, forma de organização social e sentimentos, senso do que é certo e do que é errado, valores culturais, escolhas gastronômicas, indumentárias e linguagem, tudo isso conformou-se no contato cotidiano desenvolvido entre brancos, negros, indígenas e mestiços na Colônia.
 Ainda de acordo com Freyre (2001, p. 346), a nossa herança cultural africana é visível no jeito de andar e no falar do brasileiro, pois:
Na ternura, na mímica excessiva, no catolicismo em que se deliciam nossos sentidos, na música, no andar, na fala, no canto de ninar menino pequeno, em tudo que é expressão sincera de vida, trazemos quase todos a marca da influência negra. Da escrava ou sinhama que nos embalou. Que nos deu de mamar. Que nos deu de comer, ela própria amolegando na mão o bolão de comida. Da negra velha que nos contou as primeiras histórias de bicho e de mal-assombrado. Da mulata que nos tirou o primeiro bicho- de- pé de uma coceira tão boa. De que nos iniciou no amor físico e nos transmitiu, ao ranger da cama- de- vento, a primeira sensação completa de homem. Do muleque que foi o nosso primeiro companheiro de brinquedo. (Freyre (2001,p. 348)
Observa-se que de acordo com a citação acima a influência africana foi além cozinha e da mesa, chegando até a cama, pois era comum a iniciação sexual do "senhorzinho" branco ocorrer com uma escrava.Comum também era a prática de feitiços sexuais e afrodisíacos pelos escravos, pois foi na "perícia e no preparo de feitiços sexuais e afrodisíacos que deu tanto prestigio a escravos macumbeiros juntos a senhores brancos já velhos e gastos." Freyre (2001, p. 343),
 A influência do escravo negro na vida sexual da família brasileira é destacada por, Freyre (2001, p. 381), assim:
(...) O grosso das crenças e práticas da magia sexual que se desenvolveram no Brasil foram coloridas pelo intenso misticismo do negro; algumas trazidas por ele da África, outras africanas apenas na técnica, servindo-se de bichos e ervas indígenas. Nenhuma mais característica que a feitiçariado sapo para apressar a realização de casamentos demorados. O sapo tornou-se também, na magia sexual afro-brasileira, o protetor da mulher infiel que, para enganar o marido, basta tomar uma agulha enfiada em retrós verde, fazer com ela uma cruz no rosto do individuo adormecido e coser depois os olhos do sapo.
 Além da influência na vida sexual destacado no clássico Casa Grande e Senzala, merecem ênfase as canções que foram modificadas pelas negras.
Também as canções de berço portuguesas, modificou-se a boca da ama negra, alterando nelas palavras; adaptando-as às condições regionais; ligando-as às crenças dos índios e às suas. Assim a velha canção "escuta, escuta menino" aqui amoleceu-se em "durma, durma, meu filhinho", passando Belém de "fonte" portuguesa, a "riacho" brasileiro. Freyre (2001, p. 380)
 
Observa-se que as amas apropriaram-se das canções de origem portuguesa e as recriaram, dando um toque especial, o toque africano. Isso é perceptível na "infantilização" das palavras das canções.
 "A linguagem infantil também aqui se amoleceu ao contato da criança com a ama negra. Algumas palavras, ainda hoje duras ou acres quando pronunciadas pelos portugueses, se amaciaram no Brasil por influência da boca africana. Da boca africana aliada ao clima - outro corruptor das línguas européias, na fervura por que passaram na América tropical e subtropical. Freyre (2001, p. 382)
 Deste modo, foi se delineando a língua falada no Brasil, a língua portuguesa que foi amplamente influenciada pelo modo de falar dos escravos africanos.
A ama negra fez muitas vezes com as palavras o mesmo que com a comida: machucou-as, tirou-lhes as espinhas, os ossos, as durezas, só deixando para a boca do menino branco as sílabas moles. Daí esse português de menino que no norte do Brasil, principalmente, é uma das falas mais doces deste mundo. Sem rr nem ss; as sílabas finas moles; palavras que só faltam desmanchar-se na boca da gente. A linguagem infantil brasileira, e mesmo a portuguesa, tem um sabor quase africano: cacá, bumbum, tentén, nenén, tatá, papá, papapo, lili, mimi (...) Amolecimento que se deu em grande parte pela ação da ama negra junto à criança; do escravo preto junto ao filho do senhor branco. Os nomes próprios foram dos que mais se amaciaram, perdendo a solenidade, dissolvendo-se deliciosamente na boca dos escravos. Freyre (2001, p. 382)
 Nota-se que o intercâmbio cultural entre os negros africanos, indígenas e portugueses foram intensos, notadamente na língua, costumes, modos, comidas, forma de pensar e práticas religiosas. De acordo com Paiva (2001, p. 185) As trocas culturais e os contatos entre povos de origem muito diversa é algo que, então, fazia parte do dia - a – dia colonial, desde a chegada dos portugueses.Isto, porque, era ampla a vivência cultural da população negra no Brasil colonial, refletindo amplamente na sociedade do período.
 Deste intercâmbio cultural formou-se a cultura afro-brasileira, sendo visível à influência africana em todos os aspectos da sociedade brasileira, não sendo possível desvincular a cultura brasileira da africana, da indígena ou da européia.
 Para Paiva (2001, p.39) a formação cultural não se deu de forma linear, uniforme e harmônica. Muitos foram os conflitos, as adaptações e os arranjos ao longo do período.
 É evidente que não estou sugerindo uma formação linear desse universo cultural, nem estou emprestando-lhe uma harmonia, que, de fato, pouco existiu. Tanto seu processo de formação quanto a convivência no interior dele se deram (e se dão) de maneira conflituosa na maioria dasezes, embora haja, também, adaptações constantes, arranjos e acordos que visam a sua preservação.Paiva (2001, p. 41)
A preservação dessas práticas culturais ocorreu através de aproximações e afastamentos conforme idéia defendida por Paiva (2001, p.40):
A conformação e a preservação do universo cultural dão-se, então, através das aproximações e afastamentos, das interseções, da intervenção de espaços individuais e coletivos, privados e comuns, que envolvem dimensões do viver tão diversas quanto à do material, da utensilagem e das técnicas; dos costumes e tradições, das práticas e das representações culturais; da mitologia e da religião; do físico e concreto, do psicológico e imaginário; da linguagem e das escritas; da dominação, da resistência e do transito entre elas: da temporalidade e da espacialidade; das continuidades e das descontinuidades; da memória e da história. Tudo implicado com os campos da política e do econômico, provocando mutuamente contínuas reordenações e construções sociais.
Desse modo, observa-se a formação e a preservação de uma identidade cultural, bastante plural devido às influências: européia, africana e indígena, favorecendo uma riqueza cultural bastante peculiar. Estas peculiaridades multiculturais manifestaram-se, principalmente, na língua, culinária, música, dança, religião, dentre outros.
Conclusão
Conclui-se que os africanos tiveram um papel importante no processo de formação cultural brasileiro, pois através da inserção de suas práticas e seus costumes na sociedade brasileira contribuíram para a formação de uma identidade cultural afro - brasileira.
REFERÊNCIAS
ANTONIL, André João. Cultura e Opulência do Brasil. Belo Horizonte: Itatiaia: São Paulo: EDUSP, 1982.
FREYRE, Gilberto. Casa-Grande & Senzala. 43 ed. Rio de Janeiro: Record, 2001.
PAIVA, Eduardo França. Escravidão e Universo Cultural na Colônia. Minas Gerais: UFMG, 2001.
VAINFAS, Ronaldo. Dicionário do Brasil Colonial (1500-1808). Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.
KAVINAFÉ, Tata Kisaba: O sacrifício do povo africano cultura Afro - Americana. Acesso em 28 jan. 2009.
 Márcio de Carvalho C. Ferreira, funcionário público, Formado em História - licenciatura plena, pelo Instituto Superior de Educação (Ceiva) Januária MG, Pós graduado em História e cultura Afro-Brasileira, pela Finon. Atualmente cursa os cursos de pós graduação de Educação ambiental e Docência do ensino superior.
A influência africana no processo de formação da cultura afro-brasileira
PEDAGOGIA
19/04/2014
1. Introdução
O presente artigo de natureza sócio histórica é consequência de um estudo bibliográfico realizado no projeto de pesquisa na disciplina de Metodologia da Pesquisa Científica, que vem trazer subsídios teóricos fundamentados, buscando como objeto de estudo, analisar a presença e a importância do negro africano desde a sua chegada aqui no Brasil, da colonização aos dias atuais, objetivando, através das análises e reflexões mostrar os problemas pelos quais os mesmos passaram e vem passando, colaborando deste modo, de forma decisiva para destacar a verdadeira importância dos povos negros na formação da sociedade brasileira, mostrando quantas coisas precisa-se saber e conhecer sobre este povo, que até os dias atuais, ainda é tão desvalorizado e discriminado em nosso meio.
Diante das tantas dificuldades envolvendo os contextos relatados, objetiva-se na produção deste trabalho, também, apresentar, analisar e refletir sobre a importância da herança cultural africana e suas contribuições para a formação da sociedade brasileira, desde a colonização até chegar aos nossos dias, estimulando e valorizando o convívio com a diversidade cultural, étnica e a troca de repertórios a fim de conhecer e promover as manifestações culturais de grupos sociais, em busca da conscientização sobre dignidade e igualdade.
Revela-se no desenvolver do mesmo, como resultado desta pesquisa, especificamente devido à importância da temática, dentro do estudo bibliográfico anteriormente analisado no projeto de pesquisa, que as trocas culturais ocorridas durante alguns séculos, durante o período colonial e monárquico, contribuíram essencialmente para o desenvolvimento populacional, social e econômico do Brasil, criando uma cultura mestiça e bastante rica; verdadeiramente a cultura afro-brasileira.
Para tanto, foi feito análise das obras de alguns autores como: ANTONIL, BARROS, CHIAVENATO,

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