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Sarah Elizabeth Andrade – Direito diurno, 1ª fase, 2014.2 BOBBIO, Norberto. A Teoria das Formas de Governo. 10. ed. UnB. Capítulo 2 – Platão Três obras constituem as falas de Platão sobre política, que são “A República”, “O Político” e “As Leis”. Este capítulo tratou mais sobre a primeira, citando brevemente a segunda ao final. O conceito de Platão sobre uma republica ideal (que, segundo ele, nunca existiu em nenhum lugar na história) é o que possui 3 categorias de homens, bem divididas: a dos governantes-filósofos, a dos guerreiros e, por fim, daqueles que fazem os trabalhos produtivos. E nessa república há justiça, que significaria que cada um faz o que lhe é apto, suas obrigações próprias do lugar que ocupa na sociedade. Diferente de Heródoto (que defendia que cada tipo de governo tinha um lado bom e ruim, ou que existiam governos melhores do que outros), Platão acredita que nenhum governo é bom. Um é pior do que o outro, em uma escala que ele trata de explicar e colocar em ordem, no menos ruim para o pior de todos. Estes são para ele os Estados reais, o que realmente existem, sendo todos corrompidos e imperfeitos de alguma forma. Há até um jeito que achei muito interessante, que o autor usa para representar as idéias em relação as formas de governo na história. A que predomina, desde Aristóteles até Políbio, é que a história é uma sucessão de formas boas e más de governo: + - + - + - + - + - Já para Platão, sempre será uma pior do que a anterior, sendo que a boa (ideal) existe por si só, não importando se está no começo ou no fim da história: +) - - - - - - (+. Como conservador e pessimista que é, sempre vê o passado melhor e o futuro com muito espanto. A história teria um REGRESSO definido: do mal pro pior. Uma parte que não compreendi, foi a idéia de que a solução ocorreria fora da história, sendo esta incapaz de suportar essa solução (uma mudança radical). As constituições que examina (da ruim pra pior): Obs: ele também considera a existência de 6 tipos de governo, 4 reais e 2 ideais. -timocracia (transição entre a forma ideal e as 3 ruins abaixo) – Esparta é um exemplo, ele a admirava, considerava quase ideal. Sua única falha era honrar mais os guerreiros do que os sábios. É a degeneração da aristocracia (a que mais se aproxima da ideal). O Homem timocrático (paixões): ambição, desejo de honrarias. Por que acaba: por ter perdido tudo, é tomado pelo medo, abandona sua ambição. Humilhado pela pobreza,trabalha e ganha dinheiro, faz riqueza e logo vira avarento e prepotente, tendendo à oligarquia. -oligarquia (forma corrompida da aristocracia) O Homem oligárquico: fome de riqueza (quanto mais tem, menos virtude) (balança: riqueza x virtude, onde há uma, falta a outra). -democracia (politeia – povo em sua forma pura) O Homem democrático: desejo imoderado de liberdade (se transforma em licença, cada um quer fazer o que lhe bem entende). -tirania (monarquia) – ponto Maximo da degeneração “quarta e máxima gangrena do Estado” O homem tirano: violento. Para Platão, monarquia e aristocracia são apenas UMA forma de governo, distintas apenas no ponto em que em uma, UM dentre todos os governantes predomina, e no outro a direção do governo cabe a MAIS DE UMA pessoa. Não importa se são muitos ou apenas um que governa, as leis fundamentais do Estado são as mesmas, desde que os governantes sejam bem treinados e educados. Ao que se refere à passagem de um governo para outro, esta se dá por revezamento de gerações, com a rebelião do filho contra o pai, que acarreta mudança de costumes, mudando assim a constituição. Platão narra que a corrupção da democracia se dá da seguinte forma: só vive quem é liberal por temperamento. A liberdade é que rege a democracia. Porém, nela os homens têm sede de liberdade exacerbada, acabam inebriados e tratando os governantes como réus, traidores ou oligarcas. Os filhos passam a não respeitar mais os pais, por serem tão livres. Os jovens se igualam aos velhos, que são condescendentes, imitando-os para não parecerem intolerantes ou despóticos. Nesta parte do livro, percebe-se o quanto esses pensamentos são atuais. É comum em tempos hodiernos a falta de respeito dos mais novos para com os mais velhos, bem como destes últimos para si mesmos, forçando “modernidade”, com medo de serem chamados de antiquados. Então fica fácil perceber que o começo do fim da democracia se dá pela discórdia (princípio da desagregação da unidade). Gera fragmentação da sociedade, cisão em partidos, facções e, finalmente, anarquia, onde a tirania acabará se instituindo. Portanto, se o governo está em harmonia, permanece inalterado. Se há discórdia, ele muda. Pra pior, sempre, segundo a visão platônica. E essas discórdias podem ser divididas em dois tipos: entre os próprios governantes (aristocracia p/ timocracia e timocracia p/ oligarquia) e entre governantes e governados (oligarquia p/ democracia). Uma importante e interessantíssima teoria também é apresentada quase ao fim do capítulo, que é a teoria orgânica da sociedade, que compara o Estado como um verdadeiro organismo, como um corpo humano. Além de comparar as classes do Estado (três almas: racional, passional e apetitiva) compara também os tipos de governo. A constituição ideal é a alma racional. A timocrática é a passional. As outras 3 são apetitivas. Uma metáfora muito boa para se entender cada uma delas. As 3 apetitivas, podem ser divididas entre 3 necessidades: Homem oligárquico – necessidades essenciais Homem Democrático – necessidades supérfluas Homem Tirânico – necessidades ilícitas. Em “O Politico”, também são divididos os tipos de governo em dois, menos a democracia. Apesar de aceitar que ela tem duas acepções, ele a considera com o mesmo nome. Ficando então 5 tipos de governo. Ao fim do capítulo, ele diz que os governos são dividos em bons e maus. Mas como, se no começo Platão diz que só há ruins e piores, nunca bons? Isso ficou meio confuso pra mim. Outro ponto que me confundiu, foi que são listadas em ordem decrescente as 6 formas de governo, mostrando a versão boa e má da democracia, porém em lugar distinto do que foi dito no começo da narrativa (penúltimo lugar, entre a oligarquia e a tirania), agora considerada “melhor”, vindo antes da oligarquia na listagem (monarquia, aristocracia, democracia positiva, democracia negativa, oligarquia, tirania).
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