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Fichamento Cap.3

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Sarah Elizabeth Andrade – Direito diurno, 1ª fase, 2014.2 
BOBBIO, Norberto. A Teoria das Formas de Governo. 10. ed. UnB. 
 
Capítulo 3 – Aristóteles 
 
 A obra “Política” de Aristóteles, divida em 8 livros, traz uma teoria clássica 
sobre as formas de governo, sendo repetida, quase que integralmente, por séculos. 
Porém, o terceiro e o quarto livros são os que tratam sobre as formas de governo e 
suas classificações. 
 O termo “politeia” é usado pelo pensador para “forma de governo”, que pode 
também ser traduzido como “constituição” (que de acordo com o livro 3 é a “estrutura 
que dá ordem à cidade, determinando o funcionamento de todos os cargos públicos e, 
sobretudo, da autoridade soberana”). O autor entende que essa definição é 
redundante, pois ele diz que politéia (“constituição”) é “táxis ton archon”, ou seja, “a 
ordenação das magistraturas” (cargos públicos). 
 Um problema que Aristóteles e outras pessoas que resolvem estudar as formas 
de governo enfrentam, é a dificuldade de classificar essas formas. Isso está 
demonstrado em um trecho do seu livro 3, onde ele fala um pouco sobre o governo de 
um só, de poucos ou de muitos, dando seus respectivos nomes, de acordo com 
“quem” governa e “como” governa, no sentido de que quando governam visando 
interesse próprio, há desvios nessa constituição, que corrompem o Estado; já quando 
defendem o interesse comum, o bem geral, aí tem-se uma constituição reta. 
 Bobbio destrincha esse pensamento, mostrando a fundo a visão de Aristóteles 
sobre a famosa teoria das 6 formas de governo. Abaixo, um esquema de como ele 
classifica e ordena cada constituição, ordem que ele confirma também em “Ética a 
Nicômaco”:
Governo BOM (da melhor para a boa) Governo RUIM (da pior p/ menos pior) 
 
Monarquia de um só 
 Aristocracia de poucos 
Politia * de muitos 
 
 
*Polítia causa estranheza, por ser um termo genérico, já que significa “constituição” 
em latim. Ainda mais porque no seu livro “Ética à Nicômaco”, ele chama o “governo 
bom de muitos” de “timocracia”, como Platão. Apesar de todas as outras formas terem 
seus nomes já consagrados, a forma do governo bom de muitos não possui um termo 
comum. 
 
O critério de governo “bom x ruim” é “interesse comum/ interesse pessoal” diferente do 
de Platão (legalidade/ilegalidade, consenso/força). 
Pessoas se unem em uma polis não apenas para viver em comum, mas para viver 
bem, ter uma “boa vida”. Para isso, os governantes devem visar o interesse comum. 
 
As 3 formas de poder: 
Pai sobre o filho – interesse dos filhos 
Senhor sobre o escravo – interesse proprio 
Governante sobre o governado – interesse comum 
 
Tirania de um só 
Oligarquia de poucos 
Democracia de muitos 
Deve-se ressaltar que Aristóteles, em suas obras, vai a fundo historicamente para 
detalhar cada tipo de governo. Bobbio nos lembra que a complexidade da “Política” 
não pode ser desprezada. 
 
Monarquia: se constitui de muitos gêneros, cada governo é de um modo diferente. 
 Tempos heróicos – hereditária, com consentimento dos súditos 
 Esparta – poder supremo = poder militar, perpétuo 
 “Esimneti” e chefes supremos – regime dos tiranos eletivos, eleitos quando 
ocorrem choques graves entre oposições, podendo ter o poder por certo período ou 
pra sempre. 
 Povos Barbaros – monarquia despótica – dois pontos importantes (pg 59): 
 “a) o poder é exercido tiranicamente; neste sentido se 
 assemelha ao poder do tirano; 
 b) esse poder exercido tiranicamente é contudo legítimo, porque é 
 aceito; e é aceito porque como esses povos bárbaros são mais servis do que 
 os gregos, e como os povos asiáticos são mais servis do que os europeus, 
 suportam sem dificuldade o poder despótico exercido sobre eles.” 
 
O poder despótico é aquele que o senhor (do grego: despotes) exerce sobre os 
escravos, diferente dos outros dois tipos de poderes já citados. É importante lembrar 
que Aristóteles defende a escravidão, afirmando que alguns homens já nascem 
escravos naturalmente, assim como há povos escravos (“povos servis”, monarquias 
asiáticas). Portanto, nessas pessoas, o poder despótico é legítimo, estando dentro da 
classificação “monarquia” (a melhor das formas). 
 
Politia: mistura de oligarquia com democracia. 
 Primeiro problema: uma forma boa nasce de duas más? 
 Segundo problema: não um governo BOM de muitos? Então é uma fórmula 
vazia? Apenas uma concepção? 
 
Para Aristóteles, a oligarquia não é um governo de poucos, mas sim um governo onde 
os ricos e nobres (minoria da população) governam, e a democracia quando os 
homens livres e pobres (que são maioria) detêm o poder. Não se trata de números e 
sim da condição social de quem governa em cada constituição. 
 
Dito isso, podemos compreender que a politia seria um governo no qual ricos e pobres 
se unem para assegurar a “paz social”. 
 
 Outro ponto importante, tratado já ao fim do capítulo (depois de demonstrar a 
engenharia política de Aristóteles de como fundir dois regimes) é o ideal de 
mediação. Como o próprio pensador disse, uma vida mediana é melhor, se isso puder 
ser estendido à todos, já que o “melhor” se encontra no “meio-termo”. Na página 62 
podemos ver isso, de acordo com a citação do mesmo: “O meio-termo é a melhor das 
condições, porque nela é mais fácil obedecer à razão.". 
 Quando um dos dois extremos governa (ricos ou pobres) a balaça tende a 
pender para um dos lados, não abrangendo a todos. Portanto, a melhor comunidade 
seria aquela governada pela classe média, que dificilmente teria perigo de revoltas e 
conspirações, já que um bom governo provem da ESTABILIDADE.

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