Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Matéria: Direito Administrativo Professor: Jonatas Albino do Nascimento Direito Administrativo Teoria e Questões comentadas Prof. Jonatas Albino do Nascimento - Aula 00 Professor Jonatas Albino do Nascimento 2 de 66 www.exponencialconcursos.com.br Olá, pessoal! É com imensa satisfação que lançamos o curso de Direito Administrativo para Auditor do Tribunal de Contas do Município do Rio de Janeiro – Teoria e Questões no Exponencial Concursos. Vamos nos apresentar! Meu nome é Jonatas Albino, sou Agente Fiscal de Rendas do Estado de São Paulo (ICMS/SP), professor do Exponencial Concursos e de cursinhos preparatórios presenciais em Marília, São Paulo. Caso esse seja nosso primeiro contato, faço uma breve apresentação sobre a mim para que nos conheçamos melhor. Minha vida de concurseiro começou logo cedo, quando decidi que queria ser Oficial de carreira do Exército Brasileiro. Era o ano de 2005 e morava em Boa Vista-RR. Por não ter confiança nos cursos preparatórios lá disponíveis, encarei a preparação por conta própria por meio de uma boa bibliografia e muitas horas de estudos. A receita era boa e o resultado apareceu: 14º colocado para a Escola Preparatória de Cadetes do Exército, 1º colocado no vestibular para Ciências da Computação na UFRR e 1º colocado para a Escola de Especialistas da Aeronáutica. Passados aproximadamente 8 anos no Exército Brasileiro, já como 1º tenente, decidi que queria uma carreira diferente, apontando meus esforços para a área fiscal. Mais uma vez, agora pela impossibilidade de conciliar aulas presenciais com a rotina exaustiva na caserna, optei pela tática já antes utilizada: bom material e muitas horas de estudo. O resultado veio relativamente rápido: após um ano e meio de preparação fui aprovado para o concurso para a Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo, vulgarmente conhecido como ICMS-SP, onde estou até hoje, mais precisamente na cidade de Marília, como dito anteriormente. Vamos fazer uma passagem pela metodologia do curso! O curso será composto por 17 aulas (contando com a demonstrativa), cuja divulgação obedecerá ao cronograma da página 4. A estrutura das aulas será assim: Teoria Caro aluno, o melhor material para concursos não é o mais extenso, mas o que te faça aprender corretamente e de forma rápida. Vale lembrar que o foco é passar na prova e não se formar em direito, ok? Com esse foco, nosso curso será extremamente objetivo, ensinando tudo o que você precisa APRESENTAÇÃO Direito Administrativo Teoria e Questões comentadas Prof. Jonatas Albino do Nascimento - Aula 00 Professor Jonatas Albino do Nascimento 3 de 66 www.exponencialconcursos.com.br saber, sem doutrinas e divagações desnecessárias. A ideia é valorizar o seu tempo. Por isso, vamos apresentar diversos esquemas, fluxogramas, tabelas comparativas, pequenos resumos, sublinhados, entre outras ferramentas para potencializar seu aprendizado. Aqui vamos explicar uma coisa: vamos preparar o curso de forma que os destaques, as cores, os negritos e os sublinhados sirvam para que vocês possam fazer uma leitura dinâmica de forma que seja suficiente para resgatar o conhecimento do assunto objeto da leitura, permitindo as revisões mais rápidas após a leitura inicial do curso. Questões Faremos MUITAS questões com o intuito de ficarmos em condições de enfrentar o que nos será cobrado durante a prova. Serão utilizadas questões de bancas consolidadas no mundo dos concursos, de forma que estejamos bem preparados para qualquer banca que venha a ser escolhida no futuro. Procuraremos também extrair o máximo de conhecimento de cada questão resolvida, assinalando o item incorreto. Aqui gostaria de detalhar alguns pontos importantes: Iremos colocar questões também na parte teórica para quebrar um pouco o ritmo, aumentar a dinâmica do estudo e também para ajudar na fixação do conteúdo. Vamos colocar as questões com o gabarito no final sem os comentários para facilitar no treinamento. Quando tivermos algum assunto que ainda não foi cobrado em provas anteriores (ou que tenha sido pouco cobrado) criaremos algumas questões no estilo da banca para que vocês não sejam pegos desprevenidos. Nos comentários iniciais das aulas vamos conversar com vocês dando várias dicas, principalmente sobre técnicas de estudo. E para iniciar, lá vai a dica inicial: planejamento! Por isso, principalmente se você ainda está conhecendo o “mundo dos concursos”, considere ser conduzido por um dos coachs do Exponencial. Aproveito para convidar você para curtir minha página no Instagram, por onde mantenho contato com meus alunos. Prof_Jonatas_Albino Direito Administrativo Teoria e Questões comentadas Prof. Jonatas Albino do Nascimento - Aula 00 Professor Jonatas Albino do Nascimento 4 de 66 www.exponencialconcursos.com.br Aula Conteúdo 00 CONCEITOS INTRODUTÓRIOS 01 PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 02 ORGANIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 03 PODERES ADMINISTRATIVOS 04 ATOS ADMINISTRATIVOS 05 AGENTES PÚBLICOS 06 DIREITOS DOS SERVIDORES PUBLICOS 07 AGENTES PÚBLICOS - CLASSIFICAÇÃO 08 CONTRATOS ADMINISTRATIVOS 09 LICITAÇÕES – PARTE 01 10 LICITAÇÕES – PARTE 02 11 BENS PÚBLICOS 12 RESPONSABILIDADE DO ESTADO 13 CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 14 SERVIÇOS PÚBLICOS 15 ESTATUTO DOS SERVIDORES DO RIO DE JANEIRO 16 PROCESSO ADMINISTRATIVO MUNICIPAL *Confira o cronograma de liberação das aulas no site do Exponencial Concursos, na página do curso. Durante o curso, estabeleceremos contato por meio do Fórum, onde serão trabalhadas as dúvidas. Vamos em frente! Direito Administrativo Teoria e Questões comentadas Prof. Jonatas Albino do Nascimento - Aula 00 Professor Jonatas Albino do Nascimento 5 de 66 www.exponencialconcursos.com.br Sumário 1 - Conceitos Introdutórios ................................................................ 6 1.1 – Estado e Governo ..............................................................................................................6 1.2 – Formas de Estado ..............................................................................................................8 1.3 – Formação dos Estados ..................................................................................................... 12 1.4 – Formas de Governo ......................................................................................................... 13 1.5 – Poderes do Estado ........................................................................................................... 13 1.6 – Sistema de governo ......................................................................................................... 15 1.7 – Sistema Administrativo .................................................................................................... 16 2 – Direito Administrativo................................................................ 19 2.1 – Conceito .......................................................................................................................... 19 2.2 – Fontes do Direito Administrativo ..................................................................................... 22 2.3 – Critérios de definição do direito administrativo ............................................................... 24 3 – Administração Pública ............................................................... 27 3.1 – Administração Pública no sentido amplo e estrito............................................................ 27 3.2 – Princípio da Autotutela e Sindicalidade ............................................................................27 3.3 – Administração Pública Subjetiva e Objetiva ..................................................................... 29 3.4 – Atividades tipicamente administrativas ........................................................................... 30 4 – Questões Comentadas ............................................................... 32 4.1- ESAF .................................................................................................................................. 32 4.2- FCC.................................................................................................................................... 39 4.3- FGV ................................................................................................................................... 32 4.4- CESPE ................................................................................................................................ 42 4.5- FUNDATEC ........................................................................................................................ 50 5 – Lista de exercícios ..................................................................... 54 4.1- ESAF .................................................................................................................................. 54 4.2- FCC.................................................................................................................................... 58 4.4- CESPE ................................................................................................................................ 59 4.5- FUNDATEC ........................................................................................................................ 63 6 – Gabarito .................................................................................... 65 7 – Referencial Bibliográfico ............................................................ 66 CONCEITOS INTRODUTÓRIOS Direito Administrativo Teoria e Questões comentadas Prof. Jonatas Albino do Nascimento - Aula 00 Professor Jonatas Albino do Nascimento 6 de 66 www.exponencialconcursos.com.br O ser humano é um ser social, que precisa conviver com outros seres da mesma espécie, e vive em sociedade. O desejo é que a convivência entre todos seja harmônica e para que isso ocorra é necessário o estabelecimento de regras de convivência. Porém, essas regras requerem o emprego de recursos humanos e materiais para serem cumpridas. O conceito de Estado está diretamente ligado ao descrito acima. As pessoas de um determinado território estabelecem regras que serão cumpridas por todos por meio de um determinado governo. Podemos entender Estado (letra maiúscula) como sendo a pessoa jurídica de direito público externo que organiza através de um governo soberano seu povo em um determinado território. Pessoa Jurídica de Direito Público Externo: O Estado tem personalidade jurídica, logo pode ser sujeito de direitos e obrigações. Essa personalidade se manifesta inclusive na relação com outros Estados e, por isso, o Estado caracteriza-se por ser de Direito Público Externo. Como pudemos perceber há três elementos na definição de Estado: Governo Soberano: Conjunto de órgãos com funções definidas pela Constituição Federal para a realização de atividades políticas que correspondem a definição da estrutura do próprio Estado e das políticas públicas. Povo: São todos os habitantes nacionais do país. Notem que aqui estão excluídos os estrangeiros que porventura lá se encontrem. Território: É a região onde aquele Estado atua de forma soberana. É a delimitação física do Estado Estado povo território governo soberano PJ direito público externo 1 - Conceitos Introdutórios 1.1 – Estado e Governo Direito Administrativo Teoria e Questões comentadas Prof. Jonatas Albino do Nascimento - Aula 00 Professor Jonatas Albino do Nascimento 7 de 66 www.exponencialconcursos.com.br Uma das principais características do Estado é sua soberania, que tem tanto efeitos internos quanto efeitos externos. No plano interno, a soberania significa que dentro do terrório todos e tudo se submetem ao estabelecido pelo Estado. É aquela ideia “dentro da minha casa mando eu”! Só que no caso do Estado este “eu” é representado pelo Governo, que no regime democrático é eleito pelo povo, o verdadeiro detentor do poder. Já no plano externo, a soberania se verifica pela capacidade de um Estado se manifestar em pé de igualdade (isonomia horizontal) frente a outros Estado soberanos, ou seja, deter personalidade jurídica também no plano internacional. “Professor, essa soberania é absoluta?”. Pessoal, muito cuidado com questões que usem palavras absoluta, sempre, nunca .... Há situações nas quais essa soberania pode ser relativizada, por exemplo por meio de tratados internacionais. Outro exemplo interessante é a sede das embaixadas que, apesar de estarem em solo brasileiro, são consideradas território do país estrangeiro. Mas onde está escrito o funcionamento deste governo? Bem, a estrutura do Estado é geralmente definida na Constituição do país que, sendo a principal lei, é responsável por definir como será o Estado, a forma de instituição de seus governantes, as garantias individuais e deveres dos cidadãos, os princípios da administração pública, as funções dos principais órgãos do governo, etc. O Estado pode, através do seu Governo, atuar de forma mais ou menos efetiva na sociedade e na economia. Quando temos um Estado não intervencionista (tese defendida por Adam Smith), estamos diante do Estado Liberal no qual a ideia central seria a de que o Estado deveria intervir pouco ou mesmo não intervir, principalmente na economia, onde a iniciativa privada teria maior capacidade e dinamismo. O Estado Liberal veio como reação ao Estado Absolutista, onde o monarca detinha imenso poder e atuava fortemente em todos os setores, inclusive no empresarial. A verdade é que os dois modelos se mostraram ineficazes na condução da sociedade. O Estado Absolutista, por concentrar demais o poder na mão de poucos, acabou por gerar grande insatisfação no povo e nos grandes capitalistas da época, que se viam incapazes desenvolver a economia dado o alto intervencionismo do Estado. Já o Estado Liberal possibilitou um grande desenvolvimento da área industrial. As economias cresceram, porém juntamente apareceram os efeitos colaterais. Os cidadãos se viram obrigados a trabalhar ganhando valores muito baixos e em condições, muitas vezes, degradantes. Com isso, o sentimento de insatisfação se espalhou pela sociedade. Direito Administrativo Teoria e Questões comentadas Prof. Jonatas Albino do Nascimento - Aula 00 Professor Jonatas Albino do Nascimento 8 de 66 www.exponencialconcursos.com.br A resposta para tais anseios foi a criação do Estado de Bem-Estar Social. Nesse modelo, o Estado atua de forma mais efetiva na garantia de direito básicos dos cidadãos. Os direitos trabalhistas foram ampliados e até mesmo obrigações positivas para o Estado surgiram. A ideia básica é: as pessoas podem ficar ricas através do seu trabalho, mas o Estado deve garantir um mínimo para os cidadãos através de políticas afirmativas. Um dos exemplos mais relevantes desse tipo de política no nosso país é o Programa Bolsa Família. Notem que para o Estado implementar tais políticas são necessários recursos que vem principalmente do pagamento de tributos pelas empresas e pelas famílias de maior renda, ocorrendo assim uma política redistributiva de renda. Todo estado soberano tem autonomia para definir sua estrutura, leis, políticas públicas, etc. Esta prerrogativa é chamada de poder político. A formade Estado está relacionada com a repartição (ou não) do poder político. Caso o Estado tenha apenas um poder político, estaremos diante de um estado unitário (dizemos que há centralização política). Se tivermos mais de um poder politico, teremos um Estado federado, também chamado de complexo ou composto. Nesse caso ocorre a chamada descentralização politica. Entendam que, mesmo no Estado federado, há uma entidade central detentora do poder em questões notadamente de interesse nacional. Este ente é responsável também por representar o país no plano internacional. No caso do Brasil este papel é desempenhado pela União Poder político Apenas um Estado Unitário centralização política Mais do que um Estado Federado (complexo ou composto) Descentralização política 1.2 – Formas de Estado Direito Administrativo Teoria e Questões comentadas Prof. Jonatas Albino do Nascimento - Aula 00 Professor Jonatas Albino do Nascimento 9 de 66 www.exponencialconcursos.com.br Tomando como exemplo nosso país, verificamos que há quatro níveis na divisão do poder político, os chamados entes políticos de direito público interno (pois não detém personalidade jurídica no plano internacional), que são: União, Estados, Municípios e Distrito Federal (§ único, art 1º, CF/88), todos autônomos (sem qualquer hierarquia entre sí). Assim, nosso país é considerado um Estado federado. Os entes federados atuam de forma coordenada, através da delimitação de competências. “Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: I - a soberania; II - a cidadania III - a dignidade da pessoa humana; IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; V - o pluralismo político. Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.” Podemos entender Estado Democrático de Direito como sendo o Estado (definido nos tópicos anteriores) onde reina a Democracia, governo do povo em que todos os cidadãos participam de forma isonômica na eleição dos governantes. Nesse Estado a lei (por isso “de Direito”) é aplicada a todos, inclusive ao próprio Estado e seus governantes (princípio do “rule of law” ou “Império da Lei”), servindo como garantia dos habitantes frente ao Estado. Uma das principais decorrências do Estado de Direito é a presunção relativa (”juris tantum”) de legitimidade dos atos estatais. Por ser relativa, tal legitimidade pode ser questionada tanto na esfera administrativa como judicial. Esse Estado Democrático de Direito é um contraponto ao Estado Absolutista, onde todo o poder fica na figura do soberano, cuja legitimidade tem geralmente origem divina. A autonomia dos entes políticos se manifesta em três áreas distintas: Direito Administrativo Teoria e Questões comentadas Prof. Jonatas Albino do Nascimento - Aula 00 Professor Jonatas Albino do Nascimento 10 de 66 www.exponencialconcursos.com.br Autonomia Política: O ente aqui define sua estrutura e regras (leis). O principal diploma desses entes são as Constituições (Federal e Estaduais) e Leis Orgânicas do Município. Nessa área são definidas as políticas públicas, serviços públicos que serão prestados, etc. Aqui é realizado o planejamento, é definido “onde se quer chegar”. Autonomia Administrativa: O ente federativo executa suas atividades para atingir seus objetivos definidos pelo Poder Político. Aqui estão por exemplo as Secretarias de Fazendas dos Estados e dos Municípios, que implementam (executam) a política tributária. Autonomia Financeira: Para se ter autonomia, obviamente, são necessários recursos para que o ente possa atingir seus objetivos. Por isso, há uma repartição de competências até mesmo na área tributária, que é a principal fonte de recursos dos entes políticos. Assim, o ente pode aumentar os tributos de sua competência ou reduzir suas despesar para manter seu equilíbrio financeiro. Pode também definir como será o seu orçamento. A forma federativa é impossível de ser abolida por emenda constitucional, já que é considerada uma cláusula pétrea (CF, art. 60, §4º, III). Diante disso, não existe no Brasil o direito à secessão, em que um dos entes políticos poderia se retirar da federação para se tornar um Estado autônomo Autonomia Política Administrativa Financeira Autonomia • Financeira • Administrativa • Política • Autogoverno • Autoadministração • Auto-organização Direito Administrativo Teoria e Questões comentadas Prof. Jonatas Albino do Nascimento - Aula 00 Professor Jonatas Albino do Nascimento 11 de 66 www.exponencialconcursos.com.br É importante entendermos que a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 (CF/88) vincula TODOS os entes políticos. Na CF/88, são definidas, por exemplo, as competências de cada entidade política (artigos 21, 23 e 25 da CF/88) e as regras de iniciativa privativas do chefe do executivo (art 61, CF). Várias dessas regras, que a CF/88 define para os órgãos federais, são também de aplicação obrigatória pelas outras entidades políticas, de acordo com jurisprudência do STF. As leis dos Estados e Municípios obviamente não podem contrariar a CF, sob pena de serem declaradas inconstitucionais. Como dissemos, as questões nacionais no Brasil são tratadas pela União, que inclusive representa a República Federativa do Brasil no plano internacional. Notem que a União NÃO se confunde com a República, esta sim detentora de direito e deveres no plano internacional. Outro ponto que merece nossa atenção é o conceito de Confederação, que se entende como sendo a uma associação de Estados soberanos, usualmente criada por meio de tratados, mas que pode eventualmente adotar uma constituição comum. A principal distinção entre uma confederação e uma federação é que, na Confederação, os Estados constituintes não abandonam a sua soberania, enquanto que na Federação a soberania é transferida para o Estado Federal. União Representa, no plano internacional República Detentora de direito e deveres no plano internacional Confederação Estados constituintes nãoabandonam sua Soberania Federação Soberania é transferida para o Estado Federal Direito Administrativo Teoria e Questões comentadas Prof. Jonatas Albino do Nascimento - Aula 00 Professor Jonatas Albino do Nascimento 12 de 66 www.exponencialconcursos.com.br Existe previsão na CF/88 de mais um ente: os Territórios Federais (§ 2º, art 18, CF/88) que, na verdade, segundo a doutrina majoritária devem ser tidos como autarquias federais, sem possibilidade de autogoverno e por isso sem autonomia política. Não existe hoje nenhum território no Brasil. O conceito de autarquia será explicado em detalhes numa próxima aula, mas podemos adiantar que é uma pessoa jurídica de direito público que exerce atividades típica de Estado, com autonomia administrativa, mas sem autonomia política. Exemplo: Banco Central. Dificilmente um Estado mantém sua forma desde sua criação. Muitas vezes temos um Estado Unitário que posteriormente se transforma em Federação ou o contrário. Em um Estado Unitário, que abre mão de parcela de seu poder em prol da criação de outros entes políticos, temos a criação de uma federação por desagregação (ou movimento centrífugo, desagregador). Percebam que estes novos entes têm autonomia política, mas não soberania, que continua restrita à federação. Este foi o modelo adotado pelo Brasil através da Constituição Federal de 1891.No movimento inverso, no qual Estados soberanos abrem mão de sua soberania para se tornarem uma federação, temos a criação de uma federação por agregação (movimento centrípeto). Este modelo foi seguido nos Estados Unidos onde os Estados eram organizados em uma Confederação e abriram mão de sua autonomia para formar uma federação. Formação de Estados Desagregação Estado Unitário abre mão de parcela de seu poder em prol da criação de outros entes políticos novos entes têm autonomia política mas não soberania Agregação Estados soberanos abrem mão de sua soberania para se tornarem uma federação 1.3 – Formação dos Estados movimento centrípeto movimento centrífugo Direito Administrativo Teoria e Questões comentadas Prof. Jonatas Albino do Nascimento - Aula 00 Professor Jonatas Albino do Nascimento 13 de 66 www.exponencialconcursos.com.br Outro conceito importante é a forma de governo, que podemos definir como sendo a maneira como ocorre a instituição e a passagem do poder dentro da sociedade, bem como a relação entre governantes e governados. Na república, os governantes são eleitos pelos cidadãos para exercer determinada função pública por tempo certo (eletividade). Logo, o poder (cujo detentor é o povo) é sempre exercido de forma temporária (temporalidade). Outra característica marcante é que o governante deve prestar contas dos seus atos, uma vez que no seu mandato está administrando o patrimônio de toda a sociedade. Já na monarquia, o poder político é passado de forma hereditária. Podemos dizer também que não há uma clara divisão entre os bens públicos e os do governante. Logo, a prestação de contas por parte do governante acaba não ocorrendo ou não sendo efetiva. Como não há término previsto para o mandato, diz-se que este é vitalício. O Estado no seu dia a dia atua através dos seus “Poderes”. Estes poderes representam uma divisão interna de funções, em que cada poder exerce predominantemente uma determinada função. A divisão de poderes adotadas hoje é a definida por Montesquieu, que divide em três os poderes (funções) do Estado: Executivo, Legislativa e Judiciário. O Poder Executivo realiza a atividade administrativa de forma ampla, definindo as políticas públicas, garantindo a prestação de serviços públicos básicos e executando tarefas para que o país alcance seus objetivos. Ao Poder Legislativo compete definir as leis que deverão ser obedecidas por todas (inclusive o próprio governo) para o desenvolvimento do país e manutenção do Estado de Direito. Outra função desse poder é a de fiscalizar o Poder Executivo. MONARQUIA • Hereditariedade • Não há Prestação de Contas • Vitaliciedade REPÚBLICA • Eletividade • Prestação de Contas • Temporalidade 1.4 – Formas de Governo 1.5 – Poderes do Estado Direito Administrativo Teoria e Questões comentadas Prof. Jonatas Albino do Nascimento - Aula 00 Professor Jonatas Albino do Nascimento 14 de 66 www.exponencialconcursos.com.br Já o Poder Judiciário é responsável por julgar os litígios (função jurisdicional) que venham a surgir. Em suma, temos então as atividades típicas, precípuas, dos poderes: Deve-se salientar que a CF/88 adotou uma divisão flexível dos poderes, onde cada poder exerce, além das suas funções precípuas, outras funções atípicas. Podemos citar como exemplo de funções atípicas que competem ao Senado Federal (órgão do Poder Legislativo) julgar (função precípua do Poder Judiciário) o Presidente nos crimes de responsabilidade. O Poder Judiciário por seu turno também realiza atividades administrativas no seu dia a dia, definindo processos de trabalho, realizando atendimento ao cidadão etc. O Poder Executivo exerce importantíssimo papel na função legislativa, inclusive sendo o proponente de medidas provisórias que podem entrar em vigor imediatamente (a depender de seu conteúdo), para só depois serem avaliadas pelo Congresso. O princípio de divisão orgânica das funções de Estados possui status de cláusula pétrea constitucional (CF, art. 60, §4º), sendo portanto inviável qualquer medida no sentido de prejudicar sua estrutura. “§ 4º - Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: I - a forma federativa de Estado; II - o voto direto, secreto, universal e periódico; III - a separação dos Poderes; IV - os direitos e garantias individuais.” Executivo • Atividade administrativa Legislativo • Definir as leis • Fiscalizar o Poder Executivo Judiciário • Julgar os litígios (função jurisdicional) IMPORTANTE: Em nosso ordemento jurídico predomina a tese de que o Poder Executivo NÃO exerce função jurisdicional. Há entretanto administrativistas de renome (como Celso Antônio Bandeira de Melo) que entendem que o Poder Executivo exerce jurisdição na esfera administrativa, porém sem definitividade. Direito Administrativo Teoria e Questões comentadas Prof. Jonatas Albino do Nascimento - Aula 00 Professor Jonatas Albino do Nascimento 15 de 66 www.exponencialconcursos.com.br Importante atentar para a expressão “tendente a abolir”, pois tendo sido submetido ao STF (Supremo Tribunal Federal Federal) se esta vedação englobaria qualquer tipo de alteração, a corte maior se pronunciou que apenas alterações que reduzissem o alcance das cláusulas pétreas estariam vedadas pela CF/88. Apesar dessa divisão funcional, os poderes interagem entre si de diversas formas. Podemos citar a prerrogativa da Câmara dos Deputados de autorizar, por 2/3 dos seus membros a instauração de processos contra o presidente, vice e ministros (artigo 1º, inciso I, da CF88). Há também a prerrogativa do Presidente de nomear os ministros do STF (inc XIII, art 84, CF) após aprovação do Senado, entre outros. Especificamente entre o Poder Executivo e o Poder Legislativo, a relação de dependência entre esses poderes é chamado de sistema de governo, tendo como possíveis classificações o presidencialismo e o parlamentarismo. No presidencialismo, o presidente acumula as funções de chefe de Estado (atuando inclusive no plano externo) e de chefe de Governo (administrando o Estado no plano interno). Há uma maior autonomia do chefe do Poder Executivo, que não depende do Poder Legislativo para se manter no cargo, uma vez seu poder vem direto do povo que o elegeu para ocupar o cargo por um período fixo. Essa autonomia também se verifica no congresso, que não pode ser dissolvido por ato unilateral do presidente. Já no parlamentarismo, o presidente ou rei (no caso de uma monarquia) exerce apenas a chefia do Estado. A condução do Governo cabe ao Primeiro Ministro, que é eleito pelo Congresso. Nesse sistema há uma maior dependência entre os poderes. Os adeptos desse sistema colocam que, por ser o chefe de Governo eleito direto pelo Congresso, o Primeiro Ministro costuma ter um maior apoio do Poder Legislativo. Entretanto, caso esta relação com o Legislativo se deteriore, pode o Primeiro Ministro ser destituído diretamente pelo parlamento através da retirada do voto de confiança. Caso o presidente entenda que o parlamento já não representa o povo, pode também dissolvê-lo pelo mesmo instituto. Como se vê, há uma uma relação muito mais estreita entre esses dois poderes nesse sistema de governo. Com a atuação desses poderes autônomos (mas não absolutos), procurou-se estabelecer um modelo chamado de “Sistema de Freios e Contrapesos”. Por meio desse sistema, um poder ajuda a garantir que o outro estará agindo dentro de suas competências, funcionando como um sistema de controle mútuo dos órgãos governamentais de igual ou 1.6 – Sistema de governo DireitoAdministrativo Teoria e Questões comentadas Prof. Jonatas Albino do Nascimento - Aula 00 Professor Jonatas Albino do Nascimento 16 de 66 www.exponencialconcursos.com.br similar estatura política. A ideia é que o próprio Governo (em sentido amplo) ajude a manter o Governo na linha. Outro ponto que merece atenção é que esta divisão é funcional, ou seja, cada poder possui atribuições específicas. Já tivemos questões que buscaram enganar o candidato afirmando que o Poder foi divido... Ora, o poder num Estado Democrático de Direito vem do povo e é indivisível. Sistema administrativo corresponde a forma como o Estado resolve seus litígios. Vamos ver abaixo 2 tipos de sistemas: o francês e o inglês. No sistema francês, há uma divisão de competências entre o Poder Judiciário e o Poder Executivo em termos de coisa julgada (sem possibilidade de recurso). Na esfera administrativa, a Administração Pública julga definitivamente os litígios de sua competência (processos administrativos), não sendo permitido ao cidadão recorrer na esfera judiciária sobre tais litígios. Este sistema também é chamado também de contencioso administrativo ou de dualidade de jurisdição. Já no sistema inglês, todos os litígios somente são definitivamente encerrados (coisa julgada, sem qualquer possibilidade de recurso) no Poder Judiciário. Este é o sistema adotado no Brasil, conforme podemos perceber na leitura do inc XXXV, art 5º da CF, que inclusive detém status de cláusula pétrea (CF, art. 60, §4º), sendo chamado de Princípio da Inafastabilidade da Jurisdição. Por esse princípio, TODOS os litígios podem (em algum momento) ser levados a apreciação do poder judiciário. ”XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito.” PARLAMENTARISMO • Presidente ou rei exerce apenas a chefia do Estado • A condução do Governo cabe ao Primeiro Ministro • Maior dependência entre os poderes • Primeiro Ministro pode ser destituído diretamente pelo parlamento através da retirada do voto de confiança • Caso o presidente entenda que o parlamento já não representa o povo pode também dissolvê-lo pelo mesmo instituto PRESIDENCIALISMO • Presidente acumula as funções de chefe de Estado e de chefe de Governo • Maior autonomia do chefe do Poder Executivo • Não depende do Poder Legislativo para se manter no cargo • Poder vem direto do povo que o elegeu para ocupar o cargo por período fixo 1.7 – Sistema Administrativo Direito Administrativo Teoria e Questões comentadas Prof. Jonatas Albino do Nascimento - Aula 00 Professor Jonatas Albino do Nascimento 17 de 66 www.exponencialconcursos.com.br Apesar das decisões no âmbito administrativo não serem dotadas de definitividade, há a figura da coisa julgada administrativa. Nessa situação, não há mais possibilidade de recursos na esfera administrativa, mantendo o particular o direito de se recorrer ao Poder Judiciário Vamos resolver uma questão! (CESPE - TCE-AC – 2009) Julgue o item abaixo: A Em face do princípio da indeclinabilidade da jurisdição (CF, art. 5º, inciso XXXV), não se admite a existência da chamada coisa julgada administrativa, uma vez que sempre é dado ao jurisdicionado recorrer ao Poder Judiciário contra ato da administração Comentários: Sabemos que a coisa julgada administrativa não tem caráter de definitividade mas de forma alguma podemos dizer que tal instituto não exista. Gabarito: Errado. Mais uma questão: (ESAF - SUSEP - Controle e Fiscalização - Atuária – 2006) O sistema adotado, no ordenamento jurídico brasileiro, de controle judicial de legalidade, dos atos da Administração Pública, é a) o da chamada jurisdição única. b) o do chamado contencioso administrativo. c) o de que os atos de gestão estão excluídos da apreciação judicial. d) o do necessário exaurimento das instâncias administrativas, para o exercício do controle jurisdicional. Sistema Francês • ADM Púb. julga definitivamente os lítígios de sua competência (não é permitido ao cidadão recorrer na esfera judiciária sobre tais litígios). • É chamado também de contencioso administrativo ou de dualidade de jurisdição. Sistema Inglês • Somente são definitivamente encerrados (coisa julgada, sem qualquer possibilidade de recurso) no Poder Judiciário. • TODOS os litígios podem ser levados a apreciação do poder judiciário. • Princípio da Inafastabilidade da Jurisdição. • Sistema adotado no Brasil. Direito Administrativo Teoria e Questões comentadas Prof. Jonatas Albino do Nascimento - Aula 00 Professor Jonatas Albino do Nascimento 18 de 66 www.exponencialconcursos.com.br e) o da justiça administrativa, excludente da judicial. Comentários: Como reza o princípio que acabamos de ver, de jurisdição única. Gabarito: A. O interessado pode, a qualquer tempo, entrar na justiça para discutir seu direito, ainda que esteja em curso um processo administrativo. Ocorre, entretanto, que algumas situações exigem por parte do interessado o esgotamento da via administrativa ou, pelo menos, que este tenha recorrido inicialmente a Administração Pública e tenha tido sua solicitação negada. Vejamos essas situações: Justiça Desportiva: Nesse caso o interessado tem que esgotar a via administrativa para recorrer ao Poder Judiciário. Apesar da palavra “Justiça” ou “Jurisdição” Desportiva, estes órgãos têm natureza administrativa. Ato/Omissão da APU que contrarie súmula vinculante. Conforme colocado no §1º do art. 7º da Lei 11.417/2006: só poder ser objeto de reclamação ao STF após esgotada a via administrativa. “Art. 7o Da decisão judicial ou do ato administrativo que contrariar enunciado de súmula vinculante, negar-lhe vigência ou aplicá-lo indevidamente caberá reclamação ao Supremo Tribunal Federal, sem prejuízo dos recursos ou outros meios admissíveis de impugnação. § 1o Contra omissão ou ato da administração pública, o uso da reclamação só será admitido após esgotamento das vias administrativas.” Solicitação de Informação indeferida: Nesse caso, apenas após o indeferimento da solicitação de informação na esfera administrativa que será legítima a propositura de habeas data. Recurso administrativo de efeito suspensivo: Caso haja um recurso com efeito suspensivo deferido, não cabe MS (mandado de segurança) conforme o inciso I do artigo 5º da Lei 12.016. Notem que esta restrição se refere exclusivamente ao MS. Necessidade de esgotamento da via admnistrativa (ou recorrido inicialmente e solicitação negada) para acesso ao judiciário Justiça Desportiva Ato/Omissão da APU que contrarie súmula vinculante Solicitação de Informação indeferida Recurso administrativo de efeito suspensivo Direito Administrativo Teoria e Questões comentadas Prof. Jonatas Albino do Nascimento - Aula 00 Professor Jonatas Albino do Nascimento 19 de 66 www.exponencialconcursos.com.br Há diversas definições de Direito Administrativo. Seguem: “O ramo do Direito Público que disciplina a função administrativa e os órgãos que a exercem.” (Celso Antônio Bandeira de Melo) “O ramo do direito público que tem por objeto os órgão, agentes e pessoas jurídicas administrativas que integram a Administração Pública, a atividade jurídica não contenciosa que exerce e os bens de que se utiliza para a consecução de seus fins, de natureza pública.” (Maria Sylvia Zanella Di Pietro) “Conjunto harmônico de princípios jurídicos que regem os órgãos, os agentes e as atividades administrativas tendentes a realizar concreta, direta e imediatamente os fins desejados pelo Estado.” (Hely Lopes Meirelles) Existem outras tantas definições(que são variações dessas) que poderíamos citar aqui. Vamos explicar um pouco: Ramo do direito público: o direito público é aquele no qual um dos pólos da relação é ocupada pela sociedade (por isso “público”). Em decorrência disso, temos que esta é uma relação na qual os interesses particulares se encontram em situação de desigualdade frente o interesse público (que possui prerrogativas). Por exemplo, uma pessoa que possua uma casa no trajeto de uma rodovia que será construída, poderá ter a sua propriedade desapropriada. É importante perceber o Estado também pode atuar em situações regidas predominantemente pelo direito privado. Um exemplo típico são os estabelecimentos de entidades da administração indireta com foco empresarial, como a Petrobrás. Nesse caso, o Estado estará em igualdade com os particulares. Objeto: Os objetos do direito Adminstrativo são os seus operadores (órgãos, agentes e entidades), os bens utilizados e a própria atividade administrativa. Fins desejados pelo Estado: O Estado é o responsável por representar a sociedade no âmbito do direito administrativo. Quando se fala em “Fins desejados pelo Estado” deve-se entender como os fins almejados pela sociedade (em princípio). 2 – Direito Administrativo 2.1 – Conceito Direito Administrativo Teoria e Questões comentadas Prof. Jonatas Albino do Nascimento - Aula 00 Professor Jonatas Albino do Nascimento 20 de 66 www.exponencialconcursos.com.br É importante frisar que no âmbito do DA vigora o chamado regime jurídico-administrativo. Por tal regime devemos entender o conjunto de normas, princípios e demais fontes do DA que colocam a APU numa posição de privilegiada nas relações com os particulares (verticalidade). Nesse regime são definidas prerrogativas e restrições às quais a APU está sujeita. São dois os princípios basilares da APU: supremacia do interesse público e indisponibilidade do interesse público. De acordo com o princípio da supremacia do interesse público, os interesses da APU correspondem aos interesses da coletividade. Devido a isso, podem ser adotadas medidas contrárias a vontade do particular, as chamadas prerrogativas. Podemos citar as cláusulas exorbitantes dos contratos administrativos, em que é lícito ao Estado retomar a execução de um determinado contrato com base no interesse público. Já pelo princípio da indisponibilidade do interesse público, devemos entender que nenhum ente político, entidade administrativa, órgão ou agente público pode abrir mão de um bem da sociedade sem que isso esteja devidamente regulado por lei. Você, como futuro servidor público, não poderá deixar de exercer uma atividade plenamente vinculada, como a cobrança um tributo, pois este valor pertence ao Estado de forma imediata e ao povo de forma mediata. Este princípio, por suas características, acaba gerando restrições à atuação do Estado. ISONOMIA VERTICAL E HORIZONTAL: Alguém poderia questionar o fato da APU atuar em posição privilegiada em relação ao interesse do particular. Isso não representa uma violação ao princípio da igualdade? Ocorre que a isonomia possui dois aspectos: Vertical e Horizontal. No aspecto vertical, devemos tratar de maneira diferente aqueles que se encontram em posições diferentes. Quando a APU quando atua nessa condição (em que predomina o regime de direito público), ela representa toda a coletividade e por isso deve sim estar em uma posição diferenciada. Já no aspecto horizontal, temos que todos que se encontram na mesma posição devem ser tratados de forma isonômica. Isso ocorre nas relações entre particulares e até em relação a APU, mas nesse último caso apenas quando ela atua em situações regidas pelo direito privado. Direito Administrativo Teoria e Questões comentadas Prof. Jonatas Albino do Nascimento - Aula 00 Professor Jonatas Albino do Nascimento 21 de 66 www.exponencialconcursos.com.br A doutrina classifica o interesse público em duas vertentes: interesse público primário e interesse público secundário. O interesse público primário se manifesta na garantia das necessidades básicas da coletividade (segurança, saúde, justiça, etc) através das atividades-fim do Estado, que configuram a administração pública externa ou extroversa. Já o interesse público secundário está relacionado às atividade-meio, nas quais o Estado procura assegurar seus próprios interesses (interesses individuais do Estado), maximizando as receitas e aumentando seu patrimônio, representando a administração pública interna ou introversa. Notem que os dois tipos de interesse público são importantes, pois, para garantir o interesse público primário, são necessários recursos que só podem ser obtidos através da defesa dos interesses públicos secundários. (ESAF - AUFC - Controle Externo/2006) O regime jurídico-administrativo é entendido por toda a doutrina de Direito Administrativo como o conjunto de regras e princípios que norteiam a atuação da Administração Pública, de modo muito distinto das relações privadas. Assinale no rol abaixo qual a situação jurídica que não é submetida a este regime. a) Contrato de locação de imóvel firmado com a Administração Pública. b) Ato de nomeação de servidor público aprovado em concurso público. REGIME JURÍDICO-ADMINISTRATIVO Supremacia do interesse público Prerrogativas Indisponibilidade do interesse público Restrições Interesse Público Primário Garantia das necessidades básicas Atividade -fim Adm. pública externa ou extroversa Secundário Assegurar seus próprios interesses (maximizar receita e aumentar patrimônio) Atividade -meio Adm. pública interna ou introversa Direito Administrativo Teoria e Questões comentadas Prof. Jonatas Albino do Nascimento - Aula 00 Professor Jonatas Albino do Nascimento 22 de 66 www.exponencialconcursos.com.br c) Concessão de alvará de funcionamento para estabelecimento comercial pela Prefeitura Municipal. d) Decreto de utilidade pública de um imóvel para fins de desapropriação. e) Aplicação de penalidade a fornecedor privado da Administração. Comentários: O Estado nas suas relações jurídicas costuma atuar sob o regime de direito público, logo numa relação desigualdade ante os interesses particulares. A única situação em que isso não ocorre é na alternativa A, pois no contrato de aluguel, é facultado ao particular celebrar ou não o contrato e nesse caso a Administração não se encontra (em princípio) numa situação privilegiada. Nas demais situações predominam as normas de direito público. Verifiquemos as demais opções: (B) Os servidores públicos são regidos por um estatuto específico, diferentemente das empresas privadas. Notem que a banca colocou a expressão “servidor” exatamente para não haver confusão com os funcionários públicos (regidos pela Consolidação da Leis de Trabalho). Veremos essa matéria mais adiante. (C) A concessão de alvará de funcionamento é o ato no qual a APU avalia se o particular atendeu a todos os requisitos para receber o público de uma forma adequada e segura, logo há nitidamente o predomínio do direito público. (D) A desapropriação é um dos principais exemplos de aplicação do interesse público, pois o particular, que é legitimamente proprietário de um imóvel, pode através de tal instituto ser obrigado a ceder tal imóvel (mediante indenização) para o Estado. (E) A APU tem que estar atuando em posição privilegiada, na relação com o particular, para aplicar uma penalidade. Assim, predomina o direito público. Gabarito: A. Diferente de outros ramos do direito, o DA não tem um código principal. Há sim uma gama de diplomas jurídicos esparsos que são as fontes do direito administrativo.As fontes do DA são os instrumentos de regulação da atividade atividade administrativa. São as regras (escritas ou não) que devem ser obedecidas. As principais fontes são: lei, doutrina, jurisprudência e costumes. A lei é a principal (primária ou direta) fonte do DA. Para o direito administrativo essa lei deve ser interpretada em seu sentido amplo (o que 2.2 – Fontes do Direito Administrativo Direito Administrativo Teoria e Questões comentadas Prof. Jonatas Albino do Nascimento - Aula 00 Professor Jonatas Albino do Nascimento 23 de 66 www.exponencialconcursos.com.br significa todas as normas produzidas pela Estado), incluindo a Constituição, leis ordinárias, complementares, decretos, tratados internacionais, medidas provisórias). Os atos normativos expedidos em conformidade com a lei estarão aqui incluídos, porém como fonte secundária ou indireta. A doutrina é uma fonte secundária (indireta) e corresponde à produção de trabalhos pelos principais estudiosos do DA. Esses trabalhos influenciam tanto na produção da leis pelo Poder Legislativo quanto nas decisões do Poder Judiciário. A jurisprudência, outra fonte secundária, corresponde à decisões reiteradas adotadas no âmbito do Poder Judiciário. No geral, a jurisprudência não vincula o magistrado. Entretanto deve-se atentar para o instituto da Sumula Vinculante do STF, que vincula todos os órgão da Administração Pública e as demais instâncias do Judiciário, sendo também considerada uma fonte primária. O mesmo ocorre face às decisões do STF no controle de constitucionalidade das leis em tese. Nessas situações (ação direta de inconstitucionalidade, ação declaratório de constitucionalidade, arguição de descumprimento de preceito fundamental) diz-se que o efeito dessas decisões é erga omnes (atinge a todos) e vinculante (pois tanto os órgão do poder judiciário quanto os do executivo ficam vinculados às decisões do STF). Por último temos os costumes, que são também fontes secundárias. Os costumes atuam principalmente nas lacunas da legislação. Para serem aplicados é necessário que sejam de convicção generalizada (amplamente aceitos) e que sua aplicação seja obrigatória. Não são aceitos os costumes contra legem (contrários á lei). CONTROLE CONCENTRADO DE CONSTITUCIONALIDADE. O controle de constitucionalidade das leis em tese representa o sistema no qual apenas alguns órgãos do poder judiciário (por isso chama-se de “concentrado”) julgam ações de caráter objetivo. Nessas ações, a causa discutida é a própria constitucionalidade das leis, sem a participação de nenhum particular. No caso da CF/88, este controle é exercido pelo STF. Poucos legitimados têm competência para questionar a constitucionalidade das leis por esta via. Esta parte da matéria é detalhada no curso de direito constitucional. Aqui basta sabermos o conceito principal. Direito Administrativo Teoria e Questões comentadas Prof. Jonatas Albino do Nascimento - Aula 00 Professor Jonatas Albino do Nascimento 24 de 66 www.exponencialconcursos.com.br A definição de direito administrativo varia de acordo com os critérios adotados (também chamados de escolas). Esses critérios podem ser adotados de forma isolada (utilizando um único critério, quando são chamados de unitários, unidimensionais ou simples) ou conjunta (quando mais de um critério são utilizados, chamados de pluridimensionais ou compostos) São eles: Critério Legalista Critério do Serviço Público Escola da Relações Jurídicas Critério Teleológico/Finalístico. Critério da distinção entre atividade jurídica e social do Estado Escola do Poder Executivo Critério Negativo/Residual Critério da Administração Pública Critério da Hierarquia Orgânica Vamos lá: Critério Legalista: nesse conceito o DA (Direito Administrativo) é responsável pelo estudo das normas administrativas, sem, entretanto, delimitar quais seriam essas normas. Também é chamado de critério exegético, empírico, caótico e francês. Esta interpretação sofreu críticas por não englobar os princípios não codificados. Os costumes e a jurisprudência oriunda do Poder Judiciário também eram ignorados, gerando uma definição bastante limitada do DA. Era utilizada, na interpretação das leis, a jurisprudência dos tribunais administrativos. O núcleo desse pensamento era que a Administração Pública vivesse isolada dentro de suas leis e estrutura orgânica. Critério do Serviço Público: por esse critério, o DA corresponderia às regras relativas aos serviços públicos. Caso estivéssemos falando de todas as funções exercidas pelo Estado (incluindo o Judiciário), estaríamos utilizando o conceito de serviço público em sentido amplo (tese defendida por Duguit e Bonnard). Se por outro lado entendessemos serviços públicos como as atividades exercidas pelo Estado para atender às necessidades da coletividade, estaríamos diante do conceito estrito de serviços públicos 2.3 – Critérios de definição do direito administrativo Direito Administrativo Teoria e Questões comentadas Prof. Jonatas Albino do Nascimento - Aula 00 Professor Jonatas Albino do Nascimento 25 de 66 www.exponencialconcursos.com.br (tese defendida por Jêze). Esta escola foi largamente empregada na França e inspirou-se basicamente na jurisprudência do conselho de Estado Francês. Critério da distinção entre atividade jurídica e social do Estado: o direito administrativo seria o conjunto dos princípios que regulam a atividade jurídica não contenciosa do Estado e a constituição dos órgãos e meios de sua ação em geral. Escola da Relações Jurídicas: o DA seria o conjunto de normas que regulam as relações entre a Administração e os administrados. Esta definição peca por não diferenciar o DA de outros ramos de direito público, como o direito tributário. Critério Teleológico/Finalístico: o DA seria o conjunto de normas e princípios que disciplinam a atuação do Estado na busca dos seus objetivos/fins. Tal definição, entretanto, não define minimamente quais seriam esses “fins” almejados pelo Estado. Além disso, até atividades de definição de políticas públicas, como as atividades legislativas, estariam enquadradas nesse critério. Escola do Poder Executivo: segundo esse critério, o DA seria a legislação referente às atividades do Poder Executivo. Falha esta definição, pois os outros dois poderes exercem também função administrativa. Critério Negativo/Residual: para essa frente, o DA teria por objeto as normas que disciplinam as atividades desenvolvidas para atingir os fins públicos, excluídas as atividades legislativa e jurisdicional. Critério da Administração Pública: o DA seria o conjunto de normas e princípios que regulam as atividades realizadas pela Administração Pública agindo nessa qualidade e, portanto, em condições privilegiadas frente aos interesses particulares. Essa é a definição mais aceita hoje em dia. Critério da Hierarquia Orgânica: por esse critério o DA seria o ramo do direito que estuda os órgãos inferiores, enquanto que o direito constitucional estudaria os órgãos superiores. Órgão Inferiores são aqueles com pouca autonomia e atribuições ligadas à mera execução. Direito Administrativo Teoria e Questões comentadas Prof. Jonatas Albino do Nascimento - Aula 00 Professor Jonatas Albino do Nascimento 26 de 66 www.exponencialconcursos.com.br (FCC - Proc Cuiabá -2014) Desenvolvida em fins do século XIX e início do século XX, essa corrente doutrinária, inspirada na jurisprudência do Conselho de Estado francês, era capitaneada pelos doutrinadores franceses Léon Duguit e Gaston Jèze, os quaisbuscavam, no dizer de Odete Medauar, “deslocar o poder de foco de atenção dos publicistas, partindo da ideia de necessidade e explicando a gestão pública como resposta às necessidades da vida coletiva” (O Direito Administrativo em Evolução, 2003:37). Estamos nos referindo à Escola a) da Administração Social. b) da Administração Gerencial. c) do Serviço Público. d) da Potestade Pública. e) Pandectista. Comentários: O trecho “resposta às necessidades da vida coletiva” e a citação de seus criadores não deixa dúvida de que se trata do critério do Serviço Público. Gabarito: C. Direito Administrativo Teoria e Questões comentadas Prof. Jonatas Albino do Nascimento - Aula 00 Professor Jonatas Albino do Nascimento 27 de 66 www.exponencialconcursos.com.br Como vimos nos tópicos anteriores, o Governo é responsável por definir as políticas públicas do Estado, ou seja, é quem diz onde se quer chegar. Para atingir esses objetivos definidos pelo Governo, é necessário que existam órgãos cujas funções sejam de efetivamente implementar esses objetivos. Ai que entra a Administração Pública. A Administração Pública em sentido estrito corresponde aos órgãos responsáveis por implementar as políticas públicas definidas pelo Governo. Notem que, nessa abordagem, a função política não está presente. Caso o núcleo governamental esteja presente, estaríamos diante da Administração Pública em sentido amplo. Ou seja: Para que a Administração alcance seus objetivos, ela se vale do princípio da autotutela. Tal princípio diz respeito à capacidade que a Administração Pública tem de rever os seus próprios atos, caso verifique alguma irregularidade (anulação) ou mesmo que tais atos sejam inconvenientes (revogação). Este controle pela APU de seus próprios atos independe de provocação do particular. Notem que esse controle da APU não restringe a atuação do Poder Judiciário, que poderá anular o ato inválido, mas nunca revogá-lo. Há Administração Pública (sentido estrito) Órgão Políticos Administração Pública (sentido amplo) Administração Pública em sentido amplo Administração Pública em sentido estrito Função meramente administrativa execução das políticas públicas Função Política estabelecimento das diretrizes e programas de ação governamental fixação das políticas públicas 3 – Administração Pública 3.1 – Administração Pública no sentido amplo e estrito 3.2 – Princípio da Autotutela e Sindicalidade Direito Administrativo Teoria e Questões comentadas Prof. Jonatas Albino do Nascimento - Aula 00 Professor Jonatas Albino do Nascimento 28 de 66 www.exponencialconcursos.com.br necessidade, entretanto, de provocação para que o judiciário adote as medidas cabíveis. Vamos olhar uma questão da ESAF: (ESAF - ATRFB - 2012) A Súmula n. 473 do Supremo Tribunal Federal – STF enuncia: "A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial". Por meio da Súmula n. 473, o STF consagrou a) a autotutela. b) a eficiência. c) a publicidade. d) a impessoalidade. e) a legalidade. Comentários: Por meio dele a administração pública poderá / deverá anular ou revogar seus atos conforme o caso. Gabarito: A. No que diz respeito ao juízo de conveniência e oportunidade dos atos, somente a própria Administração poderá desfazê-los, revogando- os. Isso será visto com maior profundidade nas próximas aulas. Este controle dos atos administrativos, realizado tanto pelo próprio Executivo quanto pelo Judiciário, recebe o nome de Princípio da Sindicalidade. A ESAF cobrou recentemente esse conceito: (ESAF – AFRFB – 2012) A possibilidade jurídica de submeter-se efetivamente qualquer lesão de direito e, por extensão, as ameaças de lesão de direito a algum tipo de controle denomina-se a) Princípio da legalidade. b) Princípio da sindicabilidade. c) Princípio da responsividade. d) Princípio da sancionabilidade. e) Princípio da subsidiariedade. Comentários: Direito Administrativo Teoria e Questões comentadas Prof. Jonatas Albino do Nascimento - Aula 00 Professor Jonatas Albino do Nascimento 29 de 66 www.exponencialconcursos.com.br Muitos candidatos confundiram essa questão com o princípio da Inafastabilidade da Jurisdição e por tabela com o princípio da legalidade. Ocorre que a banca especificou que se tratava de algum tipo de controle e não apenas o controle do judiciário. Gabarito: B. Outra classificação interessante de Administração Pública se refere a como definir exatamente quem faz parte da Administração Pública. Se avaliarmos a questão levando em consideração os sujeitos, seria Administração Pública todos os órgão e agentes do Estado. Esta é a definição subjetiva, formal ou orgânica de Administração Pública. Esta é a forma de definição vigente no Brasil. “Professor, eu tenho que decorar tudo isso? Que subjetiva é igual a formal, que é igual a orgânica?”. Caro aluno, infelizmente a resposta é sim. Mas vamos a um macete. O próprio sentido das palavras já deixa claro que o foco são os sujeitos: subjetiva sujeito; orgânica órgãos sujeito; formal formas sujeito. Podemos também olhar a administração pública (minúscula) com a visão de que ela corresponde a todos aqueles que exercem atividade administrativa. Nesse caso não estamos olhando “quem” atua (como na classificação subjetiva), mas sim “o que” está fazendo, ou seja, o foco é a Administração Pública em sentido formal Administração Indireta Autarquias Fundações Públicas Empresas Públicas Sociedades de Economia Mista Administração Direta Orgãos das pessoas políticas (U, E, DF, M) 3.3 – Administração Pública Subjetiva e Objetiva Direito Administrativo Teoria e Questões comentadas Prof. Jonatas Albino do Nascimento - Aula 00 Professor Jonatas Albino do Nascimento 30 de 66 www.exponencialconcursos.com.br natureza das atividades. Aqui estamos avaliando a Administração Pública sobre o aspecto objetivo, material ou funcional. Macete das palavras: objetivo objeto atividade; material matéria atividade; funcional função ativdade. Vamos ver como isso é cobrado: (CESPE - SUFRAMA - 2014) Acerca do direito administrativo, julgue o item a seguir. Do ponto de vista objetivo, a expressão administração pública se confunde com a própria atividade administrativa exercida pelo Estado. Comentários: Questão muito fácil para quem já sabe o nosso macete! objetivo objeto atividade Gabarito: Certo. A doutrina define as seguintes atividades como sendo tipicamente administrativas: Polícia Administrativa: responsável por restringir algum interesse individual em benefício do interesse público. Um dos atributos do poder de polícia é a autoexecutoriedade, que consiste na possibilidade da APU implementar suas decisões sem necessidade de participação do Poder Judiciário. Para exercer essa prerrogativa a situação deve estar prevista em lei ou se tratar de situação de urgência. A atuação do Estado independe de provocação. A atividade de fiscalização tributária é um exemplo dessa atividade. Administração Pública em sentido material Serviço Público Polícia Administrativa Fomento Intervenção 3.4 – Atividades tipicamente administrativas Direito AdministrativoTeoria e Questões comentadas Prof. Jonatas Albino do Nascimento - Aula 00 Professor Jonatas Albino do Nascimento 31 de 66 www.exponencialconcursos.com.br Intervenção: aqui temos a atuação impositiva do Estado em detrimento do interesse particular. Um exemplo clássico desse tipo de atuação é a desapropriação de uma residência que se encontra no trajeto de uma grande rodovia. É importante entender que quando o Estado atua diretamente como empresário (através de uma empresa pública mineradora, por exemplo) não se se trata de uma intervenção sob a ótica do Direito Administrativo, pois o regime que predomina é o de direito privado. Fomento: aqui o Estado intervém no mercado através de política de incentivo financeiros a setores que o Governo entende como sendo estratégicos. Podemos citar o relevante papel que o BNDES exerce hoje no país, provendo recursos que a iniciativa privada geralmente não tem condições (ou interesse) de alocar. Serviço Público: aqui temos a realização de atividades para atender as necessidades básicas da população, que são realizadas tanto pelo Administração Pública quanto por particulares por ela delegados. O serviço de transporte público de passageiros é um excelente exemplo. serviços públicos intervenção polícia administrativa fomento Atividades administrativas Direito Administrativo Teoria e Questões comentadas Prof. Jonatas Albino do Nascimento - Aula 00 Professor Jonatas Albino do Nascimento 32 de 66 www.exponencialconcursos.com.br 4.1- ESAF 1. (ESAF - ATRFB/Geral/2012 (e mais 1 concurso) A Súmula n. 473 do Supremo Tribunal Federal – STF enuncia: "A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial". Por meio da Súmula n. 473, o STF consagrou a) a autotutela. b) a eficiência. c) a publicidade. d) a impessoalidade. e) a legalidade. Comentários: Definição do princípio da autotutela definido na aula. Gabarito 1. A. 2. (ESAF - ATRFB -2012) A Súmula n. 473 do Supremo Tribunal Federal – STF enuncia: "A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial". Por meio da Súmula n. 473, o STF consagrou a) a autotutela. b) a eficiência. c) a publicidade. d) a impessoalidade. e) a legalidade. Comentários: Por meio dele a administração pública poderá / deverá anular ou revogar seus atos conforme o caso. Gabarito 2. A. 4 – Questões Comentadas Direito Administrativo Teoria e Questões comentadas Prof. Jonatas Albino do Nascimento - Aula 00 Professor Jonatas Albino do Nascimento 33 de 66 www.exponencialconcursos.com.br 3. (ESAF – AFRFB – 2012) A possibilidade jurídica de submeter-se efetivamente qualquer lesão de direito e, por extensão, as ameaças de lesão de direito a algum tipo de controle denomina-se a) Princípio da legalidade. b) Princípio da sindicabilidade. c) Princípio da responsividade. d) Princípio da sancionabilidade. e) Princípio da subsidiariedade. Comentários: Muitos candidatos confundiram essa questão com o princípio da Inafastabilidade da Jurisdição e por tabela com o princípio da legalidade. Ocorre que a banca especificou que se tratava de algum tipo de controle e não apenas o controle do judiciário. Gabarito 3. B. 4. (ESAF - SUSEP - Controle e Fiscalização - Atuária – 2006) O sistema adotado, no ordenamento jurídico brasileiro, de controle judicial de legalidade, dos atos da Administração Pública, é a) o da chamada jurisdição única. b) o do chamado contencioso administrativo. c) o de que os atos de gestão estão excluídos da apreciação judicial. d) o do necessário exaurimento das instâncias administrativas, para o exercício do controle jurisdicional. e) o da justiça administrativa, excludente da judicial. Comentários: Como reza o princípio que acabamos de ver, de jurisdição única. Gabarito 4. A. 5. (ESAF - AUFC - Controle Externo/2006) O regime jurídico- administrativo é entendido por toda a doutrina de Direito Administrativo como o conjunto de regras e princípios que norteiam a atuação da Administração Pública, de modo muito distinto das relações privadas. Assinale no rol abaixo qual a situação jurídica que não é submetida a este regime. a) Contrato de locação de imóvel firmado com a Administração Pública. b) Ato de nomeação de servidor público aprovado em concurso público. Direito Administrativo Teoria e Questões comentadas Prof. Jonatas Albino do Nascimento - Aula 00 Professor Jonatas Albino do Nascimento 34 de 66 www.exponencialconcursos.com.br c) Concessão de alvará de funcionamento para estabelecimento comercial pela Prefeitura Municipal. d) Decreto de utilidade pública de um imóvel para fins de desapropriação. e) Aplicação de penalidade a fornecedor privado da Administração. Comentários: O Estado nas suas relações jurídicas costuma atuar sob o regime de direito público, logo numa relação desigualdade ante os interesses particulares. A única situação em que isso não ocorre é na alternativa A, pois no contrato de aluguel, é facultado ao particular celebrar ou não o contrato e nesse caso a Administração não se encontra (em princípio) numa situação privilegiada. Nas demais situações predominam as normas de direito público. Verifiquemos as demais opções: (B) Os servidores públicos são regidos por um estatuto específico, diferentemente das empresas privadas. Notem que a banca colocou a expressão “servidor” exatamente para não haver confusão com os funcionários públicos (regidos pela Consolidação da Leis de Trabalho). Veremos essa matéria mais adiante. (C) A concessão de alvará de funcionamento é o ato no qual a APU avalia se o particular atendeu a todos os requisitos para receber o público de uma forma adequada e segura, logo há nitidamente o predomínio do direito público. (D) A desapropriação é um dos principais exemplos de aplicação do interesse público, pois o particular, que é legitimamente proprietário de um imóvel, pode através de tal instituto ser obrigado a ceder tal imóvel (mediante indenização) para o Estado. (E) A APU tem que estar atuando em posição privilegiada, na relação com o particular, para aplicar uma penalidade. Assim, predomina o direito público. Gabarito 5. A. 6. (ESAF - ATRFB – 2006) A primordial fonte formal do Direito Administrativo no Brasil é a) a lei. b) a doutrina. c) a jurisprudência. d) os costumes. e) o vade-mécum. Comentários: Essa não tem muito o que comentar, né? Óbvio que a principal fonte do direito administrativo é a lei. Direito Administrativo Teoria e Questões comentadas Prof. Jonatas Albino do Nascimento - Aula 00 Professor Jonatas Albino do Nascimento 35 de 66 www.exponencialconcursos.com.br Gabarito 6. A. 7. (ESAF - AFC - CGU - Correição – 2006) O Direito Administrativo é considerado como sendo o conjunto harmonioso de normas e princípios, que regem o exercício das funções administrativas estatais e a) os órgãos inferiores, que as desempenham. b) os órgãos dos Poderes Públicos. c) os poderes dos órgãos públicos. d) as competências dos órgãos públicos. e) as garantias individuais. Comentários: Como vimos um dos critérios para classificar o direitoadministrativo é o critério da hierarquia orgânica, onde DA seria o ramo que estuda os órgãos inferiores do Estado. Gabarito 7. A. 8. (ESAF – AFRFB – 2005) Em seu sentido subjetivo, o estudo da Administração Pública abrange a) a atividade administrativa. b) o poder de polícia administrativa. c) as entidades e órgãos que exercem as funções administrativas. d) o serviço público. e) a intervenção do Estado nas atividades privadas. Comentários: Questão bem simples. No seu sentido subjetivo (lembram: sujeito), a Administração Pública representa os sujeitos que compões sua estrutura, ou seja, os agentes, órgão, entidades com autonomia administrativa, etc. Gabarito 8. C. 9. (ESAF - ATRFB – 2003) No conceito de Direito Administrativo, pode- se entender ser ele um conjunto harmonioso de normas e princípios, que regem relações entre órgãos públicos, seus servidores e administrados, no concernente às atividades estatais, mas não compreendendo a) a administração do patrimônio público. b) a regência de atividades contenciosas. c) nenhuma forma de intervenção na propriedade privada. Direito Administrativo Teoria e Questões comentadas Prof. Jonatas Albino do Nascimento - Aula 00 Professor Jonatas Albino do Nascimento 36 de 66 www.exponencialconcursos.com.br d) o regime disciplinar dos servidores públicos. e) qualquer atividade de caráter normativo. Comentários: Aqui já temos uma questão mais interessante. Como conversamos há dois sistemas administrativo. No sistema francês há uma dualidade de jurisdição, a exercida pelo Poder Judiciário e pelo Poder Executivo. Nesse último são tratados os litígios onde a Administração Pública seja interessado (dai o nome contencioso administrativo) e no Judiciário as demais (competência residual). Ocorre que o Brasil adota o sistema inglês onde os processos administrativos não fazem coisa julgada uma vez que apenas o judiciário possui tal prerrogativa. Com isso a banca considerou errada a letra b. ” Mas professor, a banca não falou especificando que se tratava do Brasil nem do sistema inglês...”. Caro aluno, concordo com você, mas a ESAF vive fazendo esse tipo de coisa. Vai se acostumando. Gabarito 9. B. 10. (ESAF - AFRFB - Tributária e Aduaneira – 2005) Tratando-se do regime jurídico-administrativo, assinale a afirmativa falsa. a) Por decorrência do regime jurídico-administrativo não se tolera que o Poder Público celebre acordos judiciais, ainda que benéficos, sem a expressa autorização legislativa. b) O regime jurídico-administrativo compreende um conjunto de regras e princípios que baliza a atuação do Poder Público, exclusivamente, no exercício de suas funções de realização do interesse público primário. c) A aplicação do regime jurídico-administrativo autoriza que o Poder Público execute ações de coerção sobre os administrados sem a necessidade de autorização judicial. d) As relações entre entidades públicas estatais, ainda que de mesmo nível hierárquico, vinculam-se ao regime jurídico-administrativo, a despeito de sua horizontalidade. e) O regime jurídico-administrativo deve pautar a elaboração de atos normativos administrativos, bem como a execução de atos administrativos e ainda a sua respectiva interpretação. Comentários: (a) Verdadeiro. Como decorrência do princípio a indisponibilidade do interesse público é necessária previsão legislativa para a celebração desse tipo de acordo. Direito Administrativo Teoria e Questões comentadas Prof. Jonatas Albino do Nascimento - Aula 00 Professor Jonatas Albino do Nascimento 37 de 66 www.exponencialconcursos.com.br (b) Falso. Como vimos os regimes jurídico-administrativo compreende tanto o interesse público primário (finalístico) quanto os secundários. (c) Verdadeiro. Essa atuação do Estado está relacionada ao princípio da autoexecutoriedade que veremos em aula posterior. (d) Verdadeiro. Independente de estarem no mesmo nível (horizontalidade) as relações entre entidades públicas continuam vinculadas ao regime jurídico- administrativo (e) Verdadeiro. Por se tratarem de princípios o regime jurídico administrativo deve servir como diretriz para toda a APU e também para os demais poderes, inclusive ne elaboração das leis em sentido amplo. Gabarito 10. B. 11. (ESAF – PFN – 2003) Assinale, entre os atos abaixo, aquele que não pode ser considerado como de manifestação da atividade finalística da Administração Pública, em seu sentido material. a) Concessão para exploração de serviço público de transporte coletivo urbano. b) Desapropriação para a construção de uma unidade escolar. c) Interdição de um estabelecimento comercial em razão de violação a normas de posturas municipais. d) Nomeação de um servidor público, aprovado em virtude de concurso público. e) Concessão de benefício fiscal para a implantação de uma nova indústria em determinado Estado-federado. Comentários: Como vimos a atividade finalística da APU ocorre quando o Estado atua nas atividades de: serviços públicos (letra A), polícia administrativa (letra C), fomento (letra E) e intervenção (letra B). O único item que não se enquadra em nenhum dos itens é a letra D. Gabarito 11. D. 12. (ESAF - AFRFB – 2003) O estudo do regime jurídico-administrativo tem em Celso Antônio Bandeira de Mello o seu principal autor e formulador. Para o citado jurista, o regime jurídico-administrativo é construído, fundamentalmente, sobre dois princípios básicos, dos quais os demais decorrem. Para ele, estes princípios são: a) indisponibilidade do interesse público pela Administração e supremacia do interesse público sobre o particular. Direito Administrativo Teoria e Questões comentadas Prof. Jonatas Albino do Nascimento - Aula 00 Professor Jonatas Albino do Nascimento 38 de 66 www.exponencialconcursos.com.br b) legalidade e supremacia do interesse público. c) igualdade dos administrados em face da Administração e controle jurisdicional dos atos administrativos. d) obrigatoriedade do desempenho da atividade pública e finalidade pública dos atos da Administração. e) legalidade e finalidade. Comentários: Questão bastante fácil que nos traz os princípios basilares do regime jurídico- administrativo. Gabarito 12. A. 13. (ESAF - AFRFB – 2002) "A lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito". Este direito, previsto na norma constitucional, impede que, no Brasil, o seguinte instituto de Administração Pública, típico para a solução de conflitos, possa expressar caráter de definitividade em suas decisões: a) arbitragem b) contencioso administrativo c) juizados especiais d) mediação e) sindicância administrativa Comentários: Como verificamos a APU e suas instâncias administrativas poder fazer coisa julgada apenas no aspecto administrativo, mas que pode vir a ser arguida na esfera judicial. Logo o contencioso administrativo não tem caráter de definitividade. Gabarito 13. B. 14. (ESAF - PFN – 1998) Sobre os conceitos de Administração Pública, é correto afirmar: a) em seu sentido material, a Administração Pública manifesta-se exclusivamente no Poder Executivo b) o conjunto de órgãos e entidades integrantes da Administração é compreendido no conceito funcional de Administração Pública c) Administração Pública, em seu sentido objetivo, não se manifesta no Poder Legislativo Direito Administrativo Teoria e Questões comentadas Prof. Jonatas Albino do Nascimento - Aula 00 Professor Jonatas Albino do Nascimento 39 de 66 www.exponencialconcursos.com.br d) no sentido orgânico, Administração Pública confunde-se com a
Compartilhar