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A INEFICÁCIA DA APLICABILIDADE DA GUARDA COMPARTILHADA OBRIGATÓRIA DE ACORDO COM A LEI 13058

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A INEFICÁCIA DA APLICABILIDADE DA GUARDA COMPARTILHADA 
OBRIGATÓRIA DE ACORDO COM A LEI 1.3058/14 
 
1 DO PÁTRIO PODER AO PODER FAMILIAR 
 
Pátrio poder foi originado do Direito Romano significa que a figura paterna era 
suprema, concentrando todo o poder familiar. Primordialmente os filhos era propriedade 
do chefe da família, cabendo a este dispor daquele da forma que lhe melhor convier, 
cabia à figura paterna não somente administrar os bens materiais, bem como o destino 
dos filhos e dos outros membros da família. Jose Virgilio Castelo¹ (2000,p.02) afirma 
sobre o tema: 
No Direito Romano, a organização era baseada na ilimitada autoridade 
familiar, objetivando apenas o interesse do chefe de família, concentrando-se 
na figura do pai, o que caracterizava o patriarcalismo. Assim, o pai poderia 
dispor do filho da forma que bem lhe aprouvesse. Dita autoridade patriarcal 
abrangia até o direito de dispor da vida, desde que ouvidos os demais 
integrantes da família para o judicium domesticum, indo até a mercancia. 
Este instituto sofreu muitas alterações ao longo da história da própria família, 
transformando o pátrio poder em poder familiar, pois neste não faz referência somente a 
figura paterna, mas sim a ambos os genitores. O código civil de 1.976 em seu artigo 379 
dispusera que “os filhos legítimos, os legitimados, os legalmente reconhecidos e os 
adotivos estão sujeitos ao pátrio poder, enquanto menores”. O novo código de 2002 no 
artigo 1.630 veio e dispôs que "Os filhos estão sujeitos ao poder familiar; enquanto 
menores", ou seja, houve uma modificação quanto a figura que detém o poder de 
comandar o ceio da família, passando este poder a ambos o genitores, visando sempre o 
bem está de seus membros. 
 A mulher ao longo do tempo conquistou seu espaço na sociedade, e consequentemente 
a legislação foi se adequando a essa nova realidade, onde homens e mulher são iguais 
perante a lei conforme assegura a Constituição Federal em seu artigo 5º que “Todos 
são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza...”, inciso I “homens e 
mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição”, o artigo 
226 § 5º “assegura ainda que “ Os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal 
são exercidos igualmente pelo homem e pela mulher”, a mulher passou de subalterna, a 
administradora doméstica e da educação dos filhos e nos dias atuais encontra-se como 
provedora dor lar assim como seu cônjuge. 
No mesmo sentido está o posicionamento de Gonçalves³ (2012, p.328) “Poder familiar 
é o conjunto de direitos e deveres atribuídos aos pais, no tocante à pessoa e aos bens dos 
filhos menores. Não tem mais o caráter absoluto de que se revestia no direito romano”. 
Contudo o termo “poder familiar” segundo este autor é melhor do que “pátrio poder”, 
mas ainda não é o mais adequado, porque ainda se se remete ao “poder”, e neste caso os 
pais possuem mais deveres do que direitos. 
Atualmente regem-se os princípios de mutua compreensão, proteção dos filhos menores 
sob a figura paterna e materna em conjunto com os deveres a estes inerentes, sendo 
estes irrenunciáveis, indelegável e imprescindível. Os pais não podem renunciar, nem 
transferir seus deveres exceto no artigo 166 do Estatuto da Criança e do Adolescente ¹ 
Se os pais forem falecidos, tiverem sido destituídos ou suspensos do poder 
familiar, ou houverem aderido expressamente ao pedido de colocação em 
família substituta, este poderá ser formulado diretamente em cartório, em 
petição assinada pelos próprios requerentes, dispensada a assistência de 
advogado. 
Na falta de um dos cônjuges caberá ao outro exercer com exclusividade seu poder 
familiar conforme respalda o artigo 1.631 do Código Civil de 2002 e o artigo 21 do 
Estatuto da Criança e do Adolescente, compete também o poder familiar àqueles que 
se identifiquem como pai ou mãe do menor na família monoparental. 
O artigo 1.630 do Código Civil de 2002 preceitua que os filhos menores estão sujeitos 
ao poder familiar, neste caso os menores não emancipados, havidos ou não no 
casamento, bem como os adotivos. 
Nenhum dos pais perderá o exercício de seu poder familiar devido ao divórcio ou 
separação judicial, pois o poder familiar decorre da paternidade/maternidade e da 
filiação. 
No ordenamento jurídico brasileiro preceitua o artigo 1.635 das causas de extinção 
poder familiar onde somente pela morte dos pais ou dos filhos, emancipação, 
maioridade, adoção e decisão judicial extingue-se o poder familiar. 
2 DA GUARDA 
 
A guarda dos filhos menores porta-se da lei, sendo como consequência natural do poder 
familiar e dos institutos de tutela e adoção. Este instituto está previsto nos artigos 1.583 
a 1.590 do Código Civil de 2002 e artigos 227 e 229 da Constituição de 1988 onde 
assegura aos menores serem assistidos pelos seus genitores, sendo estes responsáveis 
por criá-los e educa-los, sendo este dever tanto da família como do Estado e sociedade. 
A guarda é um processo necessário para a execução do poder familiar. Em sentindo 
restrito da palavra na linguagem jurídica, profere ao genitor e/ou qualquer responsável 
proteção para seus filhos. Reporta-se a guarda primeiramente a assistência material, a 
educação e desenvolvimento saudável do menor, para que este se torne útil a sociedade. 
Na definição de Flávio Guimarães Lauria¹ (2002, p.80) a guarda: 
 
Consiste num complexo de direitos e deveres que uma pessoa ou um casal 
exerce em relação a uma criança ou adolescente, consistindo na mais ampla 
assistência à sua formação moral, educação, diversão e cuidados para com a 
saúde, bem como toda e qualquer diligência que se apresente necessária ao 
pleno desenvolvimento de suas potencialidades humanas, marcada pela 
necessária convivência sob o mesmo teto, implicando, inclusive, na 
identidade de domicílio entre criança e o(s) respectivo(s) titular(res). 
 
Nota-se que nesta definição faz menção na importância do lar, onde o menor irá residir, 
sendo necessária a convivência sob o mesmo teto daquele que detenha a guarda, criando 
neste domicilio uma identidade entre a criança e seus titulares. 
 
2.1 PANORAMA HISTÓRICO 
 
Primordialmente, no código civil de 1916 não existia divórcio, muito menos separação 
judicial, época em que o casamento era perpétuo e indissolúvel, então existia o desquite em 
caso de separação de corpos e bens. Quando essa dissolução conjugal era amigável, 
cabia aos cônjuges acordarem sobre a guarda dos filhos, caso o desquite fosse judicial, 
os filhos menores ficaria com o cônjuge inocente, ou se ambos os cônjuges fossem 
culpados os filhos menores ficariam em poder da mãe. Se o juiz entendesse que não 
deveria os filhos ficar sob a guarda do pai ou da mãe, o juiz deferiria a guarda a pessoa 
idônea da família de qualquer dos cônjuges. É válido ressalvar que mais se tratava de 
uma punição a aquele que desse causa ao divórcio, do que o intuito de assegurar o 
princípio do melhor interesse da criança. 
 
Anos mais tarde com as transformações da família contemporânea, uma nova concepção 
a respeito do direito de família surgiu, buscando garantir de forma efetiva o direito a 
dignidade da pessoa humana, com a intervenção do Estado mínimo, deixar a critério dos 
cônjuges decidirem sobre a própria vida matrimonial, foi então promulgada a lei do 
divórcio n. 6.515/1977 surgindo então duas formas de dissolução matrimonial o 
divórcio e a separação judicial. Entretanto o código civil permanecia com seu texto 
punitivo aqueles que dissolviam seu matrimônio, e o modelo de guarda que 
predominava era unilateral, que na maioria das vezes, quem detinha essa guarda era a 
figura materna, dada a cultura social que concebea mulher como melhor capacitada aos 
cuidados dos filhos. 
 
O novo código civil instituído pela lei n. 10.406/2002, trouxe em seu artigo 1.583 que 
“No caso de dissolução da sociedade ou do vínculo conjugal pela separação judicial por 
mútuo consentimento ou pelo divórcio direto consensual, observar-se-á o que os 
cônjuges acordarem sobre a guarda dos filhos”, e caso os pais não entrassem em 
consenso caberia ao juiz impor a guarda aquele que tivesse melhores condições de 
exercê-la, sendo estabelecido em ambos os casos o regime de visita. 
Percebe-se a partir daqui a intenção de preservar o princípio do melhor interesse do 
menor, na separação dos pais, tendo como condição primordial para se definir a guarda, 
o genitor que possuísse melhores condições de cuidar do menor, e não aquele que fosse 
inocente no processo do divórcio. Entende-se como melhores condições para cuidar do 
menor, não somente o fator financeiro, mas também se deve considerar a questão social, 
onde se observa qual genitor teria melhores condições de manutenção de bem estar do 
menor, levando em consideração também aspectos psicológicos. 
 Entretanto, permaneceu-se a ser utilizada na maioria dos casos regime de guarda 
unilateral, sendo esta predominante no ordenamento jurídico brasileiro. 
Com a clara intenção em assegurar o melhor interesse da criança e disciplinar o instituto 
da guarda compartilhada, adveio no ordenamento jurídico brasileiro à lei n.11.698/08 
que alterou os artigos 1.583, 1.584 do vigente Código Civil, com o intuito de substituir a 
regra geral da guarda unilateral a aquele que detivesse melhores condições de exercê-la, 
conforme previa o revogado artigo 1.584, parágrafo único, pela guarda compartilhada, 
por ser a medida mais favorável em atender ao princípio do melhor interesse da criança, 
para que este tivesse assistência e convívio de ambos os genitores, incumbindo ambos 
as mesmas responsabilidades e deveres. 
Entretanto, não existia uma lei que definisse guarda unilateral, até então predominante, 
ou guarda compartilhada. O artigo 1.583, § 1
o
 da nova lei veio conceituar essas duas 
modalidades de guarda: 
Art. 1.583. A guarda será unilateral ou compartilhada. 
§ 1
o
 Compreende-se por guarda unilateral a atribuída a um só dos 
genitores ou a alguém que o substitua (art. 1.584, § 5
o
) e, por guarda 
compartilhada a responsabilização conjunta e o exercício de direitos e 
deveres do pai e da mãe que não vivam sob o mesmo teto, 
concernentes ao poder familiar dos filhos comuns. 
Percebe-se que no caso de guarda unilateral compete a um só genitor a detenção da 
guarda, obtendo assim a exclusiva responsabilidade de decidir sobre a vida da criança, 
restando ao outro genitor apenas supervisionar tais atribuições. De modo diverso vem o 
instituto da guarda compartilhada, atribuindo a ambos os responsáveis pelo menor 
dividir direitos e deveres relativos ao menor e as decisões sobre a vida do mesmo, ou 
seja, a responsabilidade é conjunta. De acordo com Silva (2011, p,102-103), a guarda 
compartilhada: 
Requer uma corresponsabilização de ambos os genitores acerca de todas as 
decisões e eventos referentes aos filhos: os pais conhecem, discutem, 
decidem e participam em igualdade de condições exatamente da mesma 
maneira que faziam quando estavam unidos conjugalmente, de forma que 
nenhum deles ficará relegado a um papel secundário, como mero provedor de 
pensão ou limitado a visitas de fim de semana. [...] É claro que, por ser 
modalidade mais evoluída de guarda exige elevado grau de responsabilidade 
de ambos os pais para deixarem seus ressentimentos pessoais de lado e 
buscarem genuíno interesse dos filhos [...] 
A guarda unilateral na prática coloca o genitor que a detenha, privilegiado para o 
exercício do poder familiar, e consequentemente o seu fortalecimento do vínculo 
parental. Mesmo assegurada a garantia de visita ao genitor não guardião, o regime de 
guarda unilateral gera desigualdade entre os genitores, exaltando o guardião e tornando 
o não guardião em mero fiscalizador, pai ou mãe de fins de semana, estimulando a 
alienação parental e falsas denúncias. 
Antes do conceito de guarda compartilhada ter previsão legal, o conceito de guarda era 
unipessoal, a lei identificava com quem ficaria a guarda e, estabelecia o regime de 
visitas. Para Gonçalves (2012, p.295): 
“Um novo modelo passou, assim, aos poucos, a ser utilizado nas varas de 
família, com base na ideologia da cooperação mútua entre os separandos e 
divorciandos, com vistas a um acordo pragmático realístico, na busca do 
comprometimento de ambos os pais no cuidado aos filhos havidos em 
comum, para encontrar, juntos, uma solução boa para ambos e, 
consequentemente, para seus filhos. Tal sistema é muito utilizado nos 
Estados Unidos da America do Norte com o nome de joint custody.” 
O objetivo da guarda compartilhada é manter o vínculo parental, e responsabilizar 
ambos os genitores quanto às necessidades da prole. 
A alteração do artigo 1.584 assegurava ao genitor que tivesse melhores condições de 
oferecer ao menor segurança, saúde, educação exercer a guarda unilateral, caso não 
houvesse acordo quanto a guarda dos filhos. Conforme preconiza o próprio Estatuto da 
Criança e do Adolescente lei n. 8.069/1980 no artigo 4º: 
“É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder 
público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos 
referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à 
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à 
convivência familiar e comunitária.” 
 O fato é que, independente de divórcio compete a ambos os genitores o poder destes 
em proteger seus filhos, satisfazendo suas necessidades matérias, afetivas e 
educacionais. O poder familiar é inerente aos genitores e não se exclui com o divórcio, 
devendo ser exercido em igualdade de condições entre os pais. Visando assegurar a 
plena assistência ao menor o artigo 1º, §2 definiu que: 
 
A guarda unilateral será atribuída ao genitor que revele melhores condições 
para exercê-la e, objetivamente, mais aptidão para propiciar aos filhos os 
seguintes fatores: I – afeto nas relações com o genitor e com o grupo familiar; 
II – saúde e segurança; III – educação. 
 
Observa-se que na definição legal de guarda compartilhada, ela é atribuída aos genitores 
do menor, restringindo essa modalidade de guarda para eventuais pessoas que venham 
cuidar do menor, distanciando-se do moderno conceito de família contemporâneo onde 
os vínculos de parentescos estão mais voltados para afeto. Entretanto, houve um julgado 
da justiça paulista, antes mesmo da lei que regulou o instituto da guarda compartilhada, 
procedente no sentindo de admitir guarda compartilhada entre terceiros, conforme 
registrou o Professor Sérgio de Magalhães Filho no seu artigo publicado na Revista 
Brasileira de Direito de Famílias e Sucessões do Instituto Brasileiro de Direito de 
Família: 
GUARDA DE MENOR. PEDIDO FORMULADO PELO PAI. MENOR 
COM 5 ANOS DE IDADE, QUE VIVE SOB A GUARDA DE FATO DE 
UMA TIA. Interdição da mãe do menor, por deficiência mental. Curadoria 
exercida pela irmã, guardiã de fato do menor. Concessão da guarda do pai 
não recomendada. Manutenção do menor junto à guardiã e à mãe. Solução 
que melhor atende, no momento, aos interesses do menor. Ação julgada 
procedente. Recurso provido.(TJSP, Apelação Cível 111.249-4, Relª. Zélia 
Maria Antunes Alves, j. 21.02.00). 
Conclui-se então que, não se deve ser feita uma interpretação restritiva do artigo 1.583, 
§ 1
o
 da lei 11.698/08, mas sim extensiva, autorizando assim, portanto, a atuação de 
terceiros nessa modalidadede guarda. 
No mesmo sentindo, o próprio Estatuto da criança e do adolescente preconiza em seu 
artigo 19 as modalidades de família: 
Art. 19. Toda criança ou adolescente tem direito a ser criado e educado no 
seio da sua família e, excepcionalmente, em família substituta, assegurada a 
convivência familiar e comunitária, em ambiente livre da presença de 
pessoas dependentes de substâncias entorpecentes. 
 
O Estatuto da Criança e do Adolescente preocupou-se em conceituar essas modalidades 
de família, assim como também regulamentar a relação delas com os menores, os 
artigos 25 e 28 do referido estatuto conceitua família natural e substituta 
respectivamente, sendo a primeira àquela formada pelos pais ou qualquer deles e seus 
descendentes e a segunda far-se-á mediante guarda, tutela ou adoção. 
 
 
 
 
 
2.3 GUARDA COMPARTILHADA SOB A LEI 13.058/14 
 
Sob a ótica de que a melhor condição para o menor proveniente de uma dissolução 
conjugal seria a guarda compartilhada, esta conquistou espaço no âmbito doutrinário 
como sendo a melhor opção, pois visa assegurar em primeiro plano o bem está do 
menor, levando em consideração vários aspectos como seu desenvolvimento psíquico, 
físico e social. Conforme preceitua Monteiro (2013, p.387): 
 
Na guarda compartilhada, ambos os genitores participam igualitariamente da 
educação e de todos os deveres e direitos perante a prole. É solução que 
privilegia os laços entre pais e filhos. Nessa espécie, ambos os pais mantêm a 
guarda dos filhos após a dissolução da comunhão de vidas no casamento ou 
na união estável, ou mesmo em caso de filhos havidos de relação que não 
seja uma entidade familiar, de maneira que ambos mantêm a 
responsabilidade pela tomada de decisões, sem, contudo, que os filhos 
tenham dois lares. 
 
No mesmo sentido foi o entendimento da terceira turma do Superior Tribunal de Justiça 
neste julgado: 
CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. DIREITO CIVIL 
E PROCESSUAL CIVIL. FAMÍLIA. GUARDA COMPARTILHADA. 
CONSENSO. NECESSIDADE. ALTERNÂNCIA DE RESIDÊNCIA DO 
MENOR. POSSIBILIDADE. 1. A guarda compartilhada busca a plena 
proteção do melhor interesse dos filhos, pois reflete, com muito mais 
acuidade, a realidade da organização social atual que caminha para o fim das 
rígidas divisões de papéis sociais definidas pelo gênero dos pais. 2. A guarda 
compartilhada é o ideal a ser buscado no exercício do Poder Familiar entre 
pais separados, mesmo que demandem deles reestruturações, concessões e 
adequações diversas, para que seus filhos possam usufruir, durante sua 
formação, do ideal psicológico de duplo referencial. 3. Apesar de a separação 
ou do divórcio usualmente coincidirem com o ápice do distanciamento do 
antigo casal e com a maior evidenciação das diferenças existentes, o melhor 
interesse do menor, ainda assim, dita a aplicação da guarda compartilhada 
como regra, mesmo na hipótese de ausência de consenso. 4. A inviabilidade 
da guarda compartilhada, por ausência de consenso, faria prevalecer o 
exercício de uma potestade inexistente por um dos pais. E diz-se inexistente, 
porque contrária ao escopo do Poder Familiar que existe para a proteção da 
prole. 5. A imposição judicial das atribuições de cada um dos pais, e o 
período de convivência da criança sob guarda compartilhada, quando não 
houver consenso, é medida extrema, porém necessária à implementação 
dessa nova visão, para que não se faça do texto legal, letra morta. 6. A guarda 
compartilhada deve ser tida como regra, e a custódia física conjunta - sempre 
que possível - como sua efetiva expressão. 7. Recurso especial provido.(STJ 
- REsp: 1428596 RS 2013/0376172-9, Relator: Ministra 
NANCY ANDRIGHI, Data de Julgamento: 03/06/2014, T3 - 
TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe 25/06/2014) 
 
Contudo, observou-se o legislador que na maioria dos casos de dissolução conjugal o 
regime de guarda predominante seguia sendo a guarda unilateral. 
 
O instituto da guarda compartilhada desde seu advento na lei 11.698/08 veio 
enfrentando conflitos quanto a sua real essência e denominação foi então que o 
Deputado Anarldo Faria de Sá propôs e conquistou a aprovação do Projeto de Lei 
Complementar 117/2013 que teve como intenção corrigir um erro de interpretação do 
parágrafo 2º do artigo 1.584 que continha a expressão “sempre que possível”, derivando 
a sancionada lei n. 13.058/14 que veio corrigir essa lacuna e explicar o real sentindo da 
guarda compartilhada. 
 
Segundo Arnaldo em entrevista a revista Justiça e Cidadania em Fevereiro de 2015, essa 
expressão deveria ser utilizada, para que a guarda compartilhada fosse deferida sempre 
que os genitores estivessem aptos a exercer a paternidade. Entretanto esse entendimento 
não era unanime e havia magistrados, assim como membros do ministério publico que 
entendiam diferente da intenção do legislador, compreendendo que só concederia a 
guarda compartilhada se os pais se dessem bem. 
 
Arnaldo assegura ainda que quem se separa são os cônjuges, mas nunca os filhos de 
seus genitores, a convivência deve ser igualitária na tentativa de preservar a higidez 
mental da criança, convivendo com ambos equilibradamente, impondo assim o duplo 
referencial. 
 
A principal diferença trazida pela lei n.13.058/14 é que a guarda compartilhada deixa de 
ser uma opção conforme era estabelecida, e passa a ser uma regra, descartada somente 
em casos excepcionais como, por exemplo, quando o juiz entender inviável sua 
aplicabilidade, neste caso deverá ser analisada as particularidades de cada caso, ou ainda 
quando de fato um dos genitores não desejar a guarda. 
 
O artigo 1.584 parágrafo terceiro da referida lei veio dispor quanto à convivência 
equilibrada, cabendo ao juiz basear-se na orientação técnico-profissional ou de equipe 
interdisciplinar para determiná-la. Mesmo visando uma convivência equilibrada entre 
pai e mãe, juiz deverá estabelecer uma moradia de referência que melhor atenda as 
necessidades do menor. Os genitores devem decidir em conjunto a melhor opção quanto 
ao modelo de criação e educação. 
 
Essa nova lei decreta ainda que em caso de regime unilateral de guarda, ficará obrigado 
 
2.4 GUARDA COMPARTILHADA E GUARDA ALTERNADA 
 
A lei 13.058/14 vem sendo alvo de críticas por ter seu regime de guarda compartilhada 
comparado com o regime de guarda alternada, com base no que dispõe em seu artigo 
1.583 parágrafo segundo “Na guarda compartilhada, o tempo de convívio com os filhos 
deve ser dividido de forma equilibrada com a mãe e com o pai (...)” essa divisão em 
questão não deve ser vista como divisão de tempos iguais, como ocorre na guarda 
alternada, mas sim ambos os genitores exercendo de forma conjunta seu poder familiar 
de formar a garantir plenitude ao principio do melhor interesse da criança, além disso, 
quanto à custódia física, na guarda compartilhada conforme preconiza o artigo 1.583 
parágrafo terceiro do vigente Código Civil de 2002 deve-se considerar base de moradia 
dos filhos aquela que atender melhor aos interesses dos mesmos. 
 
A modalidade de guarda alternada sequer está prevista em lei, é fonte de criação 
jurisprudencial e doutrinária. Nesta modalidade os pais separados exercem 
separadamente seus direitos e deveres, de forma não conjunta, conforme a própria 
nomenclatura existe uma alternância de períodos iguais e não um compartilhamento. O 
menor não possui nessa modalidade uma residência fixa, pois nenhum dos genitores 
possui a guarda, e a alternância de convívio dos mesmos com o menor não possui uma 
forma específica podendo ser diário, semanal, mensal, anual. Essa divisão poderá ser 
prejudicial ao desenvolvimento psicoemocionaldo menor, pois sobressai mais o 
interesse dos pais. Entretanto há exceção quanto à aplicabilidade dessa modalidade, 
podendo o juiz ao analisar o caso concreto, decretá-la se entender conveniente para o 
melhor interesse do menor. 
 
 
 
 
 
 
2.5 ASPECTOS POSITIVOS E NEGATIVOS DA GUARDA COMPARTILHADA 
 
Sob a reflexão de que nada é perfeito ou de total inutilidade, a lei n.13.058/14 possui 
seus aspectos positivos e negativos, devendo os mesmos serem observados e 
ponderados ao caso concreto. Os aspectos positivos de maior relevância acerca dessa 
modalidade destacam-se a maior responsabilização de ambos os genitores em suprir as 
necessidades do menor; maior comunicação dos genitores no desenvolvimento tanto 
físico como mental do menor; maior cooperação dos ex-cônjuges para atender as 
necessidades do menor, implicando em menos atrito entre ambos; 
 
O desenvolvimento moral social e psicológico do menor é o que importa quando se 
analisa a separação dos genitores, que por vezes o rompimento do vinculo conjugal é a 
melhor alternativa para que os filhos não presenciem dentro do lar discussões e falta de 
respeito mutuo entre seus genitores, sendo essa a melhor escolha para que a guarda 
compartilhada seja eficiente. Essa modalidade apresenta mais eficiente do que a 
unilateral pois os genitores trabalhando em conjunto, exercendo suas funções em iguais 
condições, motiva o equilíbrio emocional do menor. 
 
Waldyr Grisard Filho apresenta vantagens para pais e filhos no regime de guarda 
compartilhada nesse trecho: 
 
[...] além de proporcionar-lhes tomar decisões conjuntas relativas ao destino 
dos filhos, compartilhando o trabalho e as responsabilidades, minimiza o 
conflito parental, diminui os sentimentos de culpa e frustração por não cuidar 
dos mesmos, ajuda-os a atingir os objetivos de trabalharem em prol dos 
melhores interesses morais e materiais da prole. Compartilhar o cuidado aos 
filhos significa conceder aos pais mais espaço para suas outras atividades. A 
guarda compartilhada oferece aos ex-cônjuges a possibilidade de 
reconstrução de suas vidas pessoal, profissional, social e psicológica. As 
estatísticas comprovam que somente 25% das mães com guarda única 
constituem novas famílias, enquanto 45% delas, do grupo da guarda 
compartilhada, formam novas uniões. Não deixa a citada guarda de reafirmar 
a igualdade parental desejada pela Constituição Federal. 
 
 Importante a observação de Grysard quanto a constituição de novas famílias dos ex 
cônjuges, sendo assistidos pela guarda compartilhada possuem mais espaço para outras 
atividades, auxiliando na reconstrução da suas profissionais, social. 
 
O deputado Arnaldo em sua entrevista aponta como um dos pontos positivos da guarda 
compartilhada a redução da alienação parental: 
 
[...] A alienação parental é um mal nefasto para as crianças. Quando um dos 
cônjuges não aceita a separação, deseja se vingar pelo fim da relação, ou, por 
algum motivo menor, usa a prole. E, então, dificulta a convivência dos filhos 
com o outro, faz denúncias falsas, não deixa que o outro participe da vida dos 
filhos, não passando qualquer tipo de informação[...].Não é raro quando 
implantam “falsas memórias”, denegrindo a imagem do outro pai para que a 
criança venha desenvolver uma repulsa a este [...]. Essa tortura psicológica é 
uma violência seriíssima contra a criança, além de causar sérias sequelas 
psicológicas, às vezes irreversíveis, no relacionamento entre esta e o pai 
alienado. Assim, a guarda compartilhada, a convivência com ambos, 
funcionaria como uma vacina contra esse mal, já que determina a 
convivência igualitária, dificultando a conduta negativa de um dos ex-
cônjuges contra o outro. 
 
Quanto aos aspectos negativos da guarda compartilhada está o receio de que a criança 
possa ficar menos tempo com a mãe, figura imprescindível no desenvolvimento da 
criança; ausência de um lar fixo, de referência, causando por consequência confusão no 
psicológico do menor; novas batalhas judiciais por discordância entre os genitores por 
atos praticados isoladamente da vida civil do menor; a confusão por parte dos cônjuges 
que pensam está livre da pensão alimentícia por optarem pela guarda compartilhada, 
estes valores deverão ser divididos de forma equilibrada levando sempre em 
consideração possibilidade e necessidade. Aspectos sentimentais não se confundem com 
os econômicos. 
 
Sem sombra de dúvidas este assunto ainda tem muito que ser aprofundado, em especial 
por ser um instituto novo no ordenamento jurídico brasileiro que desconhece a 
consciência coletiva. 
 
 
 
2.6 PRINCIPIOS CONSTITUCIONAIS 
 
 
Âmbito jurídico

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