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Estratégias de Leitura

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Responsável pelo Conteúdo: 
Núcleo de Professores e tutores do Campus Virtual 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Estratégias de Leitura 
Nesta unidade, vamos trabalhar com o 
tema Estratégias de Leitura. Seu roteiro de estudo deve 
começar pela leitura do texto que está no material teórico. 
Nele, você encontra informações importantes sobre o 
processo e as estratégias de leitura, que serão de grande 
auxílio para ler e produzir seus textos. Além disso, você entra 
em contato com o conteúdo gramatical da unidade que 
trata das principais regras de concordância verbal e 
nominal. Esse conhecimento é essencial para usar a língua 
na variedade padrão, no nível formal de linguagem. 
Após percorrer esse espaço de estudo, e realizar a atividade interativa que recupera o 
conteúdo teórico, o passo seguinte é a atividade de aprofundamento – AP, que nesta 
unidade é uma produção textual. Nessa proposta, você coloca em prática algumas 
estratégias de leitura que apresentamos nesta unidade. Procure organizar-se bem para a 
realização dessa atividade que exige tempo para a elaboração adequada e posterior publicação 
dentro do prazo definido no calendário, para a avaliação da tutoria. 
Para finalizar, faça os exercícios da atividade de sistematização – AS como forma de 
aplicar o que aprendeu na unidade de estudos. Para essa atividade, o aproveitamento será 
indicado por meio da autocorreção. 
Caso tenha dúvidas sobre o conteúdo ou sobre as atividades, entre em contato com a 
tutoria pelas ferramentas do ambiente de aprendizagem: via Mensagens e Fórum de Dúvidas. 
 
Atenção 
Para um bom aproveitamento do curso, leia o material teórico atentamente antes de realizar 
as atividades. É importante também respeitar os prazos estabelecidos no cronograma. 
 
 
 
 
 
Nessa unidade vamos abordar o tema da leitura e conhecer algumas 
estratégias para realizar leituras mais proveitosas, principalmente no âmbito 
acadêmico. No entanto, para começar a pensar no tema leitura, que está sempre 
interligado à produção de textos, selecionamos um curta-metragem que ganhou o 
Oscar em 2012. Trata-se do filme “The fantastic flying books by Mr. Morris 
Lessmore”, uma alegoria bem humorada sobre o poder curativo das histórias, que 
necessariamente vai abordar tanto a leitura quanto a escrita de histórias. A partir de 
uma variedade de técnicas (miniaturas, computação gráfica, animação), o 
premiado autor/ilustrador William Joyce e o codiretor Brandon Oldenburg 
apresentam um estilo híbrido de animação que remete tanto aos filmes silenciosos 
quanto aos musicais Technicolor da MGM. 
Para assisti-lo acesse o link: 
https://www.youtube.com/watch?v=wDkfhwRlcZw 
Para fazer comentários sobre o filme, utilize o fórum dúvidas, sempre um 
espaço aberto para a troca de ideias. Não deixe de participar!! 
 
 
 
 
Contextualização 
 
 
 
 
 
Introdução 
 
A unidade de estudos Estratégias de Leitura apresenta um conteúdo 
teórico desenvolvido para atender aos seguintes objetivos de aprendizagem: 
 compreender o processo de leitura de textos em geral e, 
especificamente, os técnico-científicos; 
 identificar e aplicar as estratégias de leitura para o aproveitamento 
eficiente da leitura e da produção de textos. 
 
Em primeiro lugar, é necessário realizar a leitura de todo o conteúdo que 
fundamenta teoricamente o tema para estudo. Em seguida, elaborar as 
atividades de aproveitamento e aprofundamento: uma atividade de 
sistematização – AS, com autocorreção, e a atividade de aprofundamento – 
AP, uma produção textual, para avaliação da tutoria. 
Para esclarecimento de dúvidas sobre o conteúdo ou sobre a elaboração 
das atividades práticas, é importante acessar os locais de publicação que 
contêm as orientações específicas sobre as propostas e práticas a serem 
realizadas. Para falar com a tutoria, entre em contato, via Mensagens ou Fórum 
de Dúvidas, no ambiente de aprendizagem. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Material Teórico 
 
Os limites da minha linguagem são os limites de meu mundo 
Ludwig Wittgenstein 
 
1. O que é ler? 
 
Antes de definir o que é ler, é importante distinguir informação de 
conhecimento. A informação é adquirida sempre que estamos em contato com as 
coisas do mundo. Quanto mais atentos ficarmos às informações, para estabelecer 
relações com os conhecimentos que já possuímos, mais conhecimento e melhor 
desempenho teremos, tanto acadêmico quanto profissional. 
Atualmente, o acesso ilimitado à rede de informações favorece muito esse 
contato nas diferentes situações do cotidiano. Temos, portanto, importante papel 
ativo na construção desse conhecimento, que se produz pelo estabelecimento de 
relações entre as mais diversas informações, sobre as quais refletimos, atribuímos 
sentido a elas e operamos a transformação no conhecimento. 
Nesse processo, a leitura se constitui numa habilidade decisiva para a 
construção do conhecimento. É muito comum as pessoas dizerem que não gostam 
de ler e que não leem com frequência. Para muitas pessoas, ler é apenas 
decodificar a mensagem para depois, reproduzi-la. Para outros, a dificuldade de 
memorizar tudo o que leem leva ao distanciamento do ato de ler e consequente 
rejeição da leitura. Alguns acreditam que não se produz conhecimento enquanto 
não houver maturidade para isso. 
Quando acreditamos que somos capazes apenas de reproduzir informações 
e não de produzir conhecimento é como se, ao entrarmos na escola ou na 
faculdade, tivéssemos acabado de nascer e não fôssemos capazes de ter ideias 
próprias, não fôssemos capazes de pensar, refletir e criar. Esse pensamento é 
prejudicial, por transformar-se num bloqueio para o leitor que acredita não ser 
totalmente capaz de compreender o que um texto diz. Então muitas pessoas 
acabam não lendo por causa do mito da incapacidade. 
Ler não é simplesmente decodificar letras. Não lemos apenas palavras, mas 
também imagens, gestos, expressões faciais, comportamentos e atitudes. Ler é 
compreender o mundo que nos cerca. Ler é tomar contato com o pensamento do 
outro para poder criar o próprio pensamento. Para tanto, não podemos ficar 
passivos diante de um texto; devemos ser um leitor crítico que pode concordar ou 
discordar, que pode criar novas ideias a partir da leitura. 
 
Ler é a chave do conhecimento; tanto a leitura de um texto quanto a leitura 
da realidade mais ampla: a do mundo. Para Freire (1985: 22), “a leitura do mundo 
precede sempre a leitura da palavra e a leitura desta implica a continuidade da 
leitura daquela”. 
Essa frase de Freire nos remete à importância dos nossos conhecimentos 
prévios e das experiências vividas para a construção dos sentidos dos textos que 
lemos e reforça a ideia de que a compreensão só ocorre quando estabelecermos 
relações entre as informações do texto e os conhecimentos que já possuímos. 
Mas por que, então, achamos que não lemos? E mais: será que lemos 
apenas quando estamos com um livro na mão? É fato que estamos acostumados a 
relacionar a leitura apenas a livros. Além disso, é comum nos referirmos à leitura 
pensando apenas na decodificação de palavras. 
No entanto, nos dias de hoje, é bastante complicado afirmar que uma 
pessoa que está conectada à modernidade não leia absolutamente coisa alguma. É 
só pararmos para refletir no nosso dia a dia para constatarmos quantas vezes 
estamos em contato com a leitura. Lemos tanto o destino do transporte que iremos 
usar quanto os e-mails de trabalho e outros documentos, só para citar algumas 
açõesrotineiras. 
A sensação de que não lemos deve-se ao fato de que muitos de nós não 
têm o hábito de ler com o objetivo de entretenimento ou de busca de 
conhecimento. Mas é certo que estamos sempre em busca de informações. Mesmo 
assim, poucas vezes lemos textos formais como jornais, revistas, livros etc. E, 
mesmo quando os lemos, raramente refletimos sobre essas leituras. As justificativas 
para isso são muitas: falta de tempo, preguiça, dificuldade de entendimento ou 
mesmo por falta de hábito de ler esse tipo de material. 
Entretanto, ler é um hábito que se cultiva. E muitas vezes temos dificuldade 
para inserir no nosso cotidiano esse hábito. Alguns tendem a acreditar que essa 
dificuldade advém do fato de que: 
 ler é um ato solitário – no mundo moderno, temos cada vez mais 
dificuldade de encontrar privacidade e de estar sozinho; 
 ler demanda tempo – atualmente o excesso de trabalho e a oferta de 
entretenimento é tão grande que resta pouco tempo para a leitura. Quando 
estamos com um tempo livre em casa optamos pela TV, pelo DVD, pela 
navegação nas redes sociais; 
 ler está ligado à maturidade – não basta apenas decodificar códigos, ou 
atribuir significado a palavras, é preciso estabelecer relações para 
compreender os seus sentidos. A compreensão depende de experiências 
vividas e de conhecimentos de diversos tipos. 
 
Entretanto, na vida acadêmica, a leitura assume outras funções, 
extremamente importantes para o nosso desenvolvimento tanto acadêmico quanto 
profissional. Na vida acadêmica e profissional, ler não é uma ação gratuita. A 
leitura deve ser sempre orientada por um objetivo preciso: informar-se, selecionar e 
coletar informações, condensar e reformular informações. 
Resumindo, na universidade, ler significa apropriar-se de uma informação, 
relacioná-la aos nossos conhecimentos para produzirmos novo conhecimento. Por 
isso, não podemos nos esquecer de que ler não significa descobrir algo 
desconhecido; significa, ao contrário, partir de experiências e conhecimentos para 
construir hipóteses a respeito do que lemos e, durante a leitura, confirmá-las ou 
descartá-las. 
 
 
2. Leitura: um Processo Ativo e Dinâmico 
 
A leitura é um processo cognitivo único para qualquer indivíduo, em 
qualquer língua. O termo cognitivo está relacionado ao processo mental de 
percepção, memória, construção de relações, avaliação e compreensão. E o ato de 
ler, como veremos a seguir, solicita um trabalho mental importante. 
A diferença entre um leitor proficiente, isto é, um leitor competente, que 
possui um bom aproveitamento sobre o que lê, e um leitor inexperiente, não reside 
apenas no processo de estabelecer sentidos a partir do texto, mas na maneira 
como cada um deles dinamiza esse processo, tanto desenvolvendo estratégias (de 
seleção, de predição e de inferência) como também utilizando os conhecimentos já 
adquiridos, ou seja, os conhecimentos prévios para compreender o que lê. 
Aprender a ler com eficiência implica, pois, o desenvolvimento de 
estratégias e a utilização de conhecimentos prévios. O sentido é criado a partir do 
texto, entretanto, extrair esse sentido depende do que o sujeito-leitor armazena na 
memória e da maneira como ele ativa sua memória no momento da leitura. 
Nossa memória tem uma capacidade de armazenamento muito grande. 
Tudo aquilo que aprendemos e que vivemos, fica ali “guardado”. Quando nos 
deparamos com situações novas, ou com um novo texto, nossa memória é ativada: 
ela fornece os dados armazenados que podem ter relação com a informação nova 
e estabelece as relações necessárias para, a partir da informação fornecida pelo 
texto e os conhecimentos ativados pela memória, sermos capazes de construir 
sentidos na leitura do texto. Por isso dizemos que nossa memória “trabalha”; ela 
efetivamente nos ajuda a ler e compreender. 
 
Além disso, quanto mais atento o leitor estiver ao trabalho de sua mente 
durante a leitura, quanto mais procurar conscientemente os conhecimentos 
necessários para a construção dos sentidos, mais produtiva ela será. Essa atitude 
diligente é essencial na leitura de textos acadêmicos, por exemplo. 
Tudo isso ocorre porque a característica mais importante do processo da 
leitura é a busca do sentido do texto. O sentido é construído e reconstruído durante 
a leitura e releitura; a cada informação nova com que nos deparamos, a memória 
ativa outros conhecimentos e nós estabelecemos novas relações, novos sentidos. 
Durante e após a leitura, o leitor continuamente reavalia e reconstrói o sentido na 
medida em que obtém novas percepções. 
Você já havia pensado a leitura sobre essa perspectiva? Como pudemos 
constatar, a leitura é um processo dinâmico e muito ativo, que exige a postura 
interativa do leitor que anseia por se tornar proficiente, ou seja, competente, na 
transformação da informação em conhecimento. 
 
 
3. A Importância dos Conhecimentos Prévios 
 
A compreensão de um texto somente é possível se o leitor já possuir 
previamente algum conhecimento do qual possa partir para processar as 
informações contidas no texto: só se compreende o que não se conhece a partir do 
já conhecido. Não é interessante pensar que há sempre um aproveitamento de 
nossas leituras anteriores para a leitura que estamos fazendo nesse momento? 
Nossas leituras dependem, portanto, em grande parte, dos conhecimentos 
que já possuímos, ou seja, de nossos conhecimentos prévios. As leituras que 
precedem a leitura em questão, os conhecimentos adquiridos de maneira formal, 
ou não, são fatores que possibilitam uma boa interpretação e compreensão do 
texto, por exemplo: um médico tem mais facilidade em ler e compreender os 
efeitos colaterais explicitados em uma bula de remédio do que um leigo, pois 
estudou sobre o assunto e conhece-o. 
Além disso, o sentido de um texto não é construído somente por meio de 
elementos explícitos; a compreensão constitui um processo que requer cálculo 
mental. As inferências constituem um exemplo prototípico de cálculo mental, pois 
elas são o processo pelo qual o leitor adquire informação partindo de informações 
textuais explicitamente apresentadas e levando em conta o contexto. 
 
 
 
Podemos definir inferência como um processo que permite gerar novos 
sentidos, ou novas informações a partir do estabelecimento de relações entre as 
informações que estão explícitas no texto e os nossos conhecimentos. Assim, por 
exemplo, a partir da piadinha a seguir: 
A professora perguntou para Nino: 
- Você tem sete bombons. Como é que você faz para dividir com a sua 
irmãzinha? 
E o Nino responde: 
- Dou quatro para mim e três para ela. 
- O que é isso, Nino? Você ainda não sabe dividir? 
- Eu sei. Mas minha irmã não sabe... 
 
Podemos inferir, com base nas informações explícitas no texto, que Nino é 
malandro, ou seja, deseja tirar vantagem da falta de conhecimento da irmãzinha, 
pois, consciente de que ela não sabe fazer a operação de divisão, tem a intenção 
de enganá-la. Essa informação não está dita explicitamente no texto, mas a 
diferença na quantidade de bombons que ele distribuirá é vantajosa a seu favor. As 
informações presentes no texto associadas a nossos conhecimentos socioculturais 
sobre o comportamento das pessoas nos permitem construir uma avaliação a 
respeito do personagem. Essa avaliação se dá por um processo inferencial. 
Outro exemplo: 
Um cão atravessava o rio com um pedaço de carne na boca. 
Quando viu seu reflexo na água, pensou que fosse outro cão 
carregando um pedaço de carne ainda maior. Soltou então o 
pedaço que carregava e se jogou na água para pegar o outro. 
Resultado: não ficou nem com um nem com outro, pois o primeiro 
foilevado pela correnteza e o segundo não existia. 
In: Fábulas de Esopo. Tradução de Antônio Carlos Vianna. Porto 
Alegre: L&PM, 1997. 
 
Com base na leitura do texto anterior, podemos inferir que a ambição 
excessiva não traz benefícios. O texto não traz essa informação de forma explícita, 
mas os fatos narrados nos conduzem a essa conclusão, por um processo de 
raciocínio inferencial que uniu informações do texto ao que já conhecíamos 
previamente. 
 
O conceito de conhecimento prévio engloba ainda conhecimentos de 
diversas ordens: sobre a língua e seu funcionamento, sobre os textos e suas 
estruturas, sobre o mundo em geral, sobre a especificidade da situação de 
comunicação, além daqueles adquiridos por meio das experiências pessoais do 
leitor. 
Portanto, podemos identificar, entre outros, três grandes conjuntos de 
conhecimentos prévios: o conhecimento linguístico, o conhecimento textual 
e o conhecimento de mundo. Obviamente, esses três grandes conjuntos de 
conhecimentos se articulam e a ativação de todos eles permite ao leitor transformar 
uma estrutura isolada e fragmentada na memória numa entidade mais completa e 
coerente. 
O conhecimento linguístico representa a competência do falante em 
relação à gramática de sua língua materna que, por sua vez, permite ao leitor 
perceber a maneira pela qual o texto foi tecido: sua ligação interna, sua 
textualidade, sua unidade. É um dos tipos de conhecimento do qual o indivíduo 
lança mão, por exemplo, quando se depara com uma situação de ambiguidade. 
Além disso, esse tipo de conhecimento nos permite reconhecer quando alguém 
está falando uma língua que não é a língua portuguesa. Ao ler uma frase como: 
"Questa bambina non é mai tornata a casa!", sabemos que ela não está escrita em 
português, mesmo tendo reconhecido a palavra casa. 
O conhecimento textual é construído pela convivência com diferentes 
textos em diferentes situações. Kleiman (1997) ressalta que “quanto mais 
conhecimento textual o leitor tiver, quanto maior a sua exposição a todo tipo de 
texto, mais fácil será a sua compreensão.” E o conhecimento de diferentes gêneros 
também é essencial, pois é o que nos permite reconhecer um conjunto de 
enunciados como um conto e não como uma receita, por exemplo. 
Esse conhecimento permite ainda ao leitor direcionar suas expectativas 
frente aos textos, tornando possível que, diante de um texto predominantemente 
narrativo, o leitor espere encontrar personagens, conflito, ação, temporalidade e, 
diante de um texto predominantemente argumentativo, procure encontrar a defesa 
de uma tese. . 
O conhecimento de mundo corresponde ao conjunto de conhecimentos 
que o leitor adquiriu em seu processo de aprendizado formal e informal, incluindo 
também suas experiências pessoais. É fato, por exemplo, que indivíduos de uma 
mesma cultura compartilham conhecimentos que foram adquiridos, na maioria das 
vezes, informalmente. 
 
 
O que torna o conhecimento de mundo decisivo para o estabelecimento 
de sentido de um texto é a necessidade de haver correspondência entre os 
conhecimentos ativados a partir do texto e o conhecimento de mundo armazenado 
pelo leitor em sua memória. Se essa correspondência não se efetiva, o texto não 
faz sentido, pois não se estabelecem relações entre os elementos do texto e os de 
mundo. 
Além disso, haverá mais dificuldade de estabelecer as relações entre as 
informações do próprio texto, como também de ampliá-las. Esse conhecimento 
permite que o leitor possa completar, com segurança, as lacunas de um texto. No 
exemplo, "A professora saiu correndo para o trabalho porque estava atrasada.”, 
nenhum leitor imaginará que ela tenha saído correndo como uma atleta, mas sim 
que saiu apressadamente. 
Evidentemente, se a experiência de mundo do autor for muito diferente da 
do leitor, problemas de compreensão poderão ocorrer e cuidados extras terão que 
ser tomados, como por exemplo, uma pesquisa de dados referentes ao texto que 
será lido. Se o texto trata de questões culturais do oriente, o leitor do ocidente 
pode ampliar seu conhecimento de mundo com outras pesquisas e leitura. 
Ao nos depararmos com um texto que trata de um assunto desconhecido ou 
pouco conhecido, devemos procurar informações fora do texto, pesquisar em 
outras fontes de referência, a fim de compreender melhor o texto. Essa é uma boa 
estratégia de leitura. Aliás, esse é nosso próximo assunto. Leia com atenção! 
 
 
4. Estratégias de Leitura 
 
Para compreender um texto, utilizamos intuitivamente uma série de 
estratégias, sem nos darmos conta de que estamos trabalhando ativamente para 
compreender o texto. As estratégias de leitura são ações que fazemos para atribuir 
sentido ao que lemos. Podemos compará-las, por exemplo, com as estratégias 
utilizadas por um treinador em um jogo de futebol para vencer uma disputa no 
campeonato. 
No nosso caso, as estratégias de leitura dependem muito do gênero do 
texto. Por isso, a estratégia utilizada na leitura de um romance não é a mesma que 
se usa para a leitura de um texto acadêmico ou teórico. Se continuarmos a nossa 
comparação, o técnico de futebol também usará estratégias diferentes para cada 
time adversário, não é mesmo? 
 
Vale lembrar ainda que as estratégias para compreender os textos que 
lemos dependem dos objetivos da leitura. Quando lemos um romance, por 
exemplo, normalmente estamos procurando nos distrair, lemos por prazer e temos 
de lê-lo do início ao fim para compreender seu sentido; diferentemente da leitura 
de um texto teórico, que lemos para estudo, para ampliar nossos conhecimentos, 
para fazer uma prova, o que exige seguir a ordem dos capítulos. 
Vamos sistematizar um pouco essas estratégias? As dicas que apresentamos 
a seguir são direcionadas para a leitura de textos teóricos para estudos. Afinal, na 
vida acadêmica é importante lançar mão de estratégias de forma consciente. Veja 
algumas etapas que auxiliam a compreender melhor os textos para seus estudos. 
Antes de começar a ler o texto propriamente, explore-o um pouco, de forma 
global, a fim de apreender, brevemente, a imagem do documento escrito: 
 Observe o que circunscreve o texto: os outros textos e/ou as ilustrações que 
estão em torno dele. 
 Tome consciência da extensão do texto (quantas páginas) a fim de planejar 
o tempo que despenderá na leitura (não adianta, por exemplo, deixar para 
ler um texto de 20 páginas trinta minutos antes do início da aula para a qual 
o professor pediu a leitura). 
 Tome conhecimento dos títulos: o título do texto e os subtítulos, pois eles 
fornecem pistas sobre o assunto que será desenvolvido. 
 Observe a apresentação e o estilo: uma expressão em negrito, por exemplo, 
pode indicar um elemento para o qual o autor quer chamar a atenção dos 
leitores; um texto em itálico ou entre aspas pode indicar uma citação ou 
uma ressalva por parte do produtor do texto. 
 Procure identificar quem é o autor do texto e informe-se sobre ele. 
 Observe o gênero do texto, pois os gêneros têm características próprias de 
organização de acordo com a sua função. 
 
Depois de preparar-se para a leitura, é importante fazer uma leitura rápida, 
mas integral, sem deter-se em palavras e estruturas desconhecidas ou complexas: 
 Dirija a atenção às estruturas e expressões identificáveis, conhecidas, para 
apreender a ideia principal ou a tese desenvolvida no texto (lembre-se de 
que compreendemos um texto a partir de nossos conhecimentos já 
armazenados na memória). 
 Releia atentamente a introdução e a conclusão, pois elas trazem 
informações globais. 
 
 
Depois de passar por essas duas etapas, você estará preparado para uma 
boa leitura,que certamente será mais seletiva: 
 Inicie a leitura com a identificação das palavras e expressões desconhecidas 
e a elaboração de um vocabulário do texto, recorrendo ao dicionário. 
 Em seguida, passe à leitura seletiva propriamente, que consiste em sublinhar 
no texto: 
a) As expressões, as palavras e as frases-chave que exprimem as ideias 
mais importantes do texto. 
b) As expressões que indicam a articulação do texto. 
c) As passagens significativas que revelam o desenvolvimento das ideias 
mais importantes (eliminando os exemplos ilustrativos, as 
enumerações, as repetições, as redundâncias). 
 
Para garantir o bom aproveitamento do texto e para não ter que voltar a lê-
lo integralmente quando tiver que retomá-lo para estudos, aconselhamos que, 
depois de passar por essas três etapas, você sistematize as informações do texto 
lido, por meio um esquema, ou seja, um plano do texto lido. Esse plano pode ser 
muito útil na hora de estudar para a prova, por exemplo. 
Para a elaboração do plano, siga os seguintes passos: 
 Extraia de cada parágrafo as ideias ou expressões essenciais e resuma-as 
em uma palavra-chave ou em um título. 
 Extraia as ideias secundárias ou complementares e também as resuma 
em uma palavra-chave ou em um subtítulo, logo abaixo das ideias 
principais. 
 Anote os elementos de articulação lógica entre cada ideia importante 
a fim de conservar a organização global do texto. 
Elabore o plano do texto lido, organizando de forma hierárquica os 
elementos que você levantou. 
 
 
 
 
 
Em síntese: 
 
A leitura do texto teórico permite assimilar que: 
 O processo de leitura vai muito além da decodificação de palavras. 
 O leitor lança mão de sua memória e trabalha ativamente para 
compreender o texto. Afinal, ler é atribuir sentidos ao que lemos. 
 O leitor recorre a seus conhecimentos prévios para ser ativo durante a 
leitura isto é, ele recorre àquilo que já aprendeu. 
 Os conhecimentos prévios podem ser de três ordens diferentes: 
conhecimento linguístico (domínio da língua, de sua gramática, etc.) 
conhecimento textual (reconhecer diferentes gêneros/modos ou formas 
textuais de dizer) e conhecimento de mundo (o que corresponde às 
experiências e vivências do leitor, a bagagem que acumulou durante a 
trajetória de leitor ou convivência em determinada cultura e ambiente 
social). 
 O leitor deve recorrer conscientemente não só a seus conhecimentos prévios 
no momento da leitura, mas também estabelecer estratégias de leitura, isto 
é, efetuar uma série de ações que o auxiliem a atribuir sentidos ao texto, 
produzindo novos conhecimentos, tornando-se, assim, um leitor cada vez 
mais proficiente. 
 
 
5. A Gramática como Estratégia de Leitura e de Produção de 
Texto: a Concordância Verbal e Nominal 
 
O conhecimento das regras gramaticais da língua é importante recurso 
estratégico para a leitura e produção dos sentidos de um texto. Por essa razão, 
selecionamos a concordância verbal e nominal para ilustrar como o emprego de 
alguns exemplos expressivos de casos de concordância auxiliam “leitor e produtor 
de textos” a identificar pistas sobre quem escreve, o que escreve, para quem, como 
o faz e por que faz. 
5.1 A concordância verbal na construção dos sentidos do texto 
 
 Damos o nome de concordância ao mecanismo pelo qual as palavras 
subordinadas, isto é, palavras que obedecem ao comando das relações de unidade 
 
e sentido na frase, alteram sua forma para se adequar harmonicamente às palavras 
subordinantes. 
 A estrutura que organiza uma frase compõe-se de dois elementos básicos: o 
sujeito (representado por um nome/substantivo ou palavra equivalente) e um 
predicado (representado sempre por um verbo). À relação que se estabelece entre 
o verbo e o sujeito, damos o nome de concordância verbal. 
 A regra fundamental desse mecanismo linguístico determina que o verbo 
deve concordar em número (singular e plural) e pessoa (eu, ele/a, nós, eles/as) com 
seu sujeito. Observemos como se dá a concordância verbal na frase: 
A cada início de ano, as pessoas renovam hábitos, atitudes e comportamentos na 
busca de melhor qualidade de vida. 
Quem renova hábitos, atitudes e comportamentos? – as pessoas é o núcleo do 
sujeito. 
O que as pessoas fazem? – renovam hábitos, atitudes e comportamentos, renovam 
é o núcleo verbal do predicado. O verbo “renovar” altera a sua desinência, isto é, a 
marca que indica pessoa e número para se adequar ao sujeito “pessoas”. 
Quando o sujeito é composto por mais de um núcleo, o verbo concorda sempre no 
plural. Se os núcleos forem de pessoas diferentes, a primeira pessoa sempre 
prevalece sobre a segunda e essa, sobre a terceira: 
Eu e os demais convidados deixamos o local rapidamente. 
Eu e os demais: sujeito composto. Deixamos: núcleo do predicado 
O verbo vai concordar, então, com a primeira pessoa do plural, “nós”. 
Apresentamos vários exemplos de casos particulares e ou especiais de 
concordância verbal nos quadros a seguir. Além desses casos, é possível consultar 
uma gramática tradicional que tenha sido usada por você em anos anteriores de 
estudos ou ainda endereços da internet para aprofundamento, como por exemplo: 
http://www.brasilescola.com/gramatica/concordancia-verbal.htm 
 
 
 
 
 
 
Casos especiais de concordância verbal 
 
VERBO SER 
 
O verbo SER concorda com o sujeito, se representando por um pronome ou por 
um substantivo que designa pessoa: 
 
Lívia era sorrisos e alegria pela casa. 
Eles eram a minha maior preocupação. 
Vossas Altezas são a esperança para a paz na região. 
As filhas de Juliana são um encanto. 
Tu eras os meus sonhos e os meus pesadelos. 
Eu não sou ela. Ela não é eu. 
 
Nos demais casos, o verbo SER concorda com o predicativo: 
 
A professora sou eu. 
Quem são estas pessoas? 
São 45 quilômetros daqui a Santos. 
O júri somos nós. 
Hoje é 1º de janeiro. 
O que são livros esotéricos? 
Amanhã será meu aniversário. 
Hoje são 25 de dezembro. 
Já eram mais de seis horas. 
 
O verbo SER permanece no singular com as expressões que indicam quantidade, 
medida, porção, etc.: 
Quinze reais é muito por uma entrada de cinema. 
Dez metros é bastante para a cortina da sala. 
Dois pastéis e um suco de laranja é suficiente para matar minha fome. 
 
 
 
HAVER 
Existir, suceder, fazer (tempo). Verbo impessoal. Sem sujeito. Fica sempre no 
singular: 
Não há procedentes para este caso. 
Havia poucos interessados na compra do espetáculo. 
Houve alguns imprevistos durante a apresentação. 
Há anos não a vejo. 
 
Mantém no singular o verbo que o acompanha: Deve haver motivos sérios para 
sua demissão. 
 
(O verbo existir é pessoal. Varia de acordo com o sujeito: Existem precedentes para 
este caso.) 
 
 
FAZER 
Ideia de tempo. Verbo impessoal. Sem sujeito. 
Fica sempre no singular: 
Faz 10 anos que a empresa foi fundada. 
 
Mantém no singular o verbo que o acompanha: 
Vai fazer 10 anos que a empresa foi fundada. 
 
Obs.: Nas orações em que, mesmo havendo noção de tempo, aparece, sujeito, o 
verbo terá a concordância normal: 
 
Daniel e Andrea farão 20 anos de casados amanhã. 
 
São flexionados normalmente: 
Haver no sentido de terEles já haviam saído./Haverão de conseguir. 
 no sentido de julgar, entenderHouveram por bem adiar a sessão. 
 
 
 
Fazer 
no sentido de executar, fabricar, produzir, etc. Fizeram uma bela festa./Farão os 
vestidos na próxima semana. 
 
COM O PRONOME RELATIVO QUE 
 
O verbo concorda em pessoa e número com o antecedente: 
Fui eu que redigi todos os seus discursos.Fomos nós que entregamos a correspondência. 
Eles que providenciaram o material. 
 
COM O PRONOME RELATIVO QUEM 
 
O verbo se mantém sempre na 3ª pessoa do singular: 
 
Não sou eu quem vai pagar essa dívida. 
Foi o diretor quem terminou a reunião mais cedo. 
Nós queremos saber quem encomendou esses livros. 
 
Obs.: Quando o que vier antecedido das expressões um dos, uma das, daqueles, 
daquelas (+ substantivo), o verbo vai para a 3ª pessoa do plural: 
Ele foi um dos deputados que votaram a favor da emenda. 
Minha colega era uma das que discordavam completamente da chefia. 
O show foi daqueles que destroem corações. 
 
 
VERBO + SE 
 
Nas frases constituídas de verbo + se, em que o sujeito recebe a ação, o verbo 
concorda com o sujeito: 
Vendem-se carros usados. 
Alugam-se roupas. 
 
Procuram-se crianças. 
Aqui se faz revisão de textos. 
 
Obs.: Para não haver erros, é possível converter a oração para a voz passiva com o 
verbo ser: 
 
Carros são vendidos (E não: Carros é vendido) 
Roupas são vendidas (E não: Roupas é vendida) 
Aqui é feita revisão de textos. (sujeito e verbo no singular) 
 
Estas construções só ocorrem com verbos transitivos diretos, alugar, vender, pintar, 
forrar, procurar, etc. 
 
Quando o sujeito é indeterminado, o verbo fica no singular: 
Precisa-se de cozinheiras (E não: Precisam-se de cozinheiras). 
Falou-se de você. 
Anda-se muito a pé no campo. 
Era-se feliz ali. 
Estava-se bem ali. 
 
Obs.: Neste caso, não é possível passar para a voz passiva. 
 
Estas construções sempre ocorrem com verbos transitivos indiretos (precisar de, 
falar de, sonhar com, etc.), verbos intransitivos (os que não precisam de 
complemento nominal), de ligação (ser, estar, etc.). 
 
Em orações com ação reflexiva ou recíproca, o verbo concorda com o sujeito: 
Emocionava-se com facilidade. 
Amam-se de paixão. 
Sempre se lembravam da casa de campo. 
Olharam-se ternamente. 
 
 
5.2 A concordância nominal na construção dos sentidos do texto 
 
 A concordância não se estabelece apenas entre verbo e sujeito, mas 
também entre certas palavras que combinam com nomes (substantivos, adjetivos). 
Por exemplo, o artigo (definido ou indefinido) combina com o substantivo para 
determiná-lo; o adjetivo, com o substantivo para caracterizá-lo, os numerais com o 
substantivo para indicar quantidade, ordem, divisão, multiplicação; os pronomes 
para substituir os substantivos, evitando repetições, ou quando s acompanham. 
O princípio básico da concordância nominal é o de que toda palavra que se 
relaciona a um substantivo deverá concordar com ele em gênero (masculino ou 
feminino), número (singular ou plural) e grau (normal, aumentativo, diminutivo). 
Vejamos alguns exemplos de termos relacionados a nomes na frase: 
Um sério conflito envolveu a população ribeirinha. 
(substantivo núcleo do sujeito) (substantivo núcleo do complemento verbal) 
(artigo um + adjetivo sério) (artigo a + adjetivo ribeirinha, equivalente à locução 
adj. do rio) 
 
Há também casos em que um mesmo adjetivo se relaciona com dois 
substantivos de gênero e/ou número diferentes. Veja os exemplos: 
1) Eles compraram uma geladeira e um fogão usados. 
Nesse caso o adjetivo usados se refere aos substantivos geladeira (feminino) e 
fogão ( masculino) e se manteve no masculino plural. 
 
2) Eles conseguiram encontrar boas roupas e sapatos. 
Nesse caso o adjetivo boas se refere aos substantivos roupas e sapatos e se 
manteve no feminino plural. 
Você reparou a diferença? A explicação é simples: quando ocorre de um 
mesmo adjetivo se relacionar a dois substantivos de gênero/número diferentes há 
regras especiais. Veja: 
1- Quando o adjetivo vier após dois substantivos de gêneros distintos, ele pode 
concordar com o adjetivo mais próximo ou com os dois – ficando no masculino 
plural. Essa escolha vai depender da intenção do autor do texto. Se o adjetivo 
refere-se exclusivamente ao que está mais próximo, então ele concordará somente 
com ele. Caso refira-se aos dois, ficará no masculino plural. Sendo assim, para o 
 
exemplo 1 seria possível dizer: Eles compraram uma geladeira e um fogão usado. 
Nesse caso, entende-se que apenas o fogão era usado. 
 
2- Quando o adjetivo vier antes dos substantivos ele deve combinar em gênero e 
número com o substantivo mais próximo (exemplo 2). 
Observe mais uma vez: 
Tenho cabelos e sobrancelhas escuros. (regra 1) 
Era uma feira para apresentar antigos carros e motos. (regra 2) 
 
Casos especiais de concordância nominal 
MESMO/PRÓPRIO 
 
Quando colocado ao lado de um pronome ou de um substantivo, MESMO 
concorda com a pessoa a quem se refere: 
Ela mesma terminou o relatório. 
Eu mesma fiz o vestido. 
As alunas mesmas fizeram os vestidos 
Os garçons mesmos prepararam a recepção. 
Paulo deu a si mesmo o título de campeão. 
 
(Nesses casos, mesmo pode ser substituído por próprio: Ela própria me telefonou. 
Ele próprio comentou o fato.) 
 
MESMO permanece invariável quando equivale a uma expressão adverbial 
(realmente, com certeza): 
 
Não é que eles entregaram mesmo a encomenda em dia? 
As crianças vieram acompanhadas dos pais. 
 
Os moradores se queixaram mesmo ao prefeito. 
 
Deve-se evitar o uso da expressão os mesmos / as mesmas em lugar dos pronomes 
retos: Os senadores votarão a emenda amanhã. O governo receia que eles (e não 
os mesmos) a desaprovem definitivamente. 
 
 
SÓ / A SÓS 
SÓ 
Como advérbio, é invariável: 
Fizemos só (apenas) o que nos foi designado. 
 
Como adjetivo, vai para o singular ou plural, dependendo da pessoa a quem se 
refere. 
 
Ele está só. (sozinho) / Ela está só. (sozinha) 
Os meninos estão sós. (sozinhos) 
 
A SÓS 
Sempre invariável: 
Queremos ficar a sós por alguns instantes. 
Quero ficar a sós com minha dor. 
 
É BOM/É PROIBIDO/É NECESSÁRIO, ETC. 
 
Estas expressões ficam invariáveis quando a palavra feminina aparece sem 
nenhuma determinação, tomando um sentido vago: 
 
É bom aveia para adultos e crianças. 
 
É proibido entrada de pessoas estranhas ao serviço. 
É necessário paciência para este caso. 
 
Estas expressões ficam no feminino quando a palavra feminina vem antecedida de 
artigo, pronome ou numeral: 
 
É muito boa a aveia que você me recomendou. 
É proibida sua entrada. 
É necessária uma só avaliação para este caso. 
 
ANEXO 
Adjetivo. Concorda com o substantivo a que se refere: 
 
Analisaremos a proposta anexa. 
Observe os relatórios anexos. 
Recebemos o projeto anexo. 
Estamos considerando as propostas anexas. 
O documento segue anexo. (Não em anexo!) 
 
MEIO 
Substantivo. Sinônimo de centro, caminho, veículo. Admite plural: 
Os fins não justificam os meios. 
 
Adjetivo. Sinônimo de metade. Concorda com o substantivo que acompanha: 
Bebeu meia garrafa de cerveja. 
Bebeu meio copo de vinho. 
 
Advérbio. Sinônimo de um pouco. Jamais admite variações: 
Ela estava meio aborrecida. 
As jovens ficaram meio cansadas. 
 
 
 
Muito 
Quando equivale a um advérbio (bastante, extremamente), não varia: 
Era muito boa para com todos. 
Os diretores trabalhavam muito pelos alunos. 
 
No sentido de vários, concorda com o substantivo a que se refere: 
Quando alguns atacam o povo, muitos cidadãos inocentes sofrem. 
Os convidados beberam muita cerveja. 
 
O substantivo, no entanto, pode estar subentendido: 
Houve muitas (mulheres) que se feriram nesse conflito. 
Muitos (indivíduos) sofrem com o descaso das autoridades. 
 
Não confundir: 
Eram muitas as professoras queridas. 
Eramprofessoras muito queridas. 
Tocávamos muitos CDs de MPB. 
Possuímos CDs de MPB muito tocados ultimamente. 
 
AONDE 
Usado com verbos que indicam movimento e exigem a preposição a (ir a, chegar 
a, dirigir-se a, levar a, etc.) Equivale a a que lugar: 
 
Aonde Felipe vai com tanta pressa? 
Você sabe aonde Gustavo pretende chegar? 
A praia é o lugar aonde vou todos os fins de semana. 
 
ONDE 
Equivale a em que lugar. Usado com verbos que não indicam movimento, que não 
vêm seguidos da preposição a: 
O quarto onde você está é de Lucas. 
 
Onde fica o Departamento de Pessoal? 
Não sei onde Henrique guardou minha calculadora. 
 
HAJA VISTA 
Expressão invariável, sempre a mesma em qualquer contexto: 
Haja vista para as belezas do mar. 
Haja vista os relatórios que recebemos. 
A crise continua; haja vista o desemprego. 
 
MENOS 
Sempre invariável em qualquer contexto: 
Haverá menos rentabilidade este mês. 
Agora há mais rapazes e menos garotas na loja. 
Temos menos probabilidade de ganhar a concorrência. 
 
MAL 
Substantivo. Plural: males, Antônimo de bem (bens). 
A inveja é o mal deste mundo. 
o amor é o bem deste mundo. 
Quais serão os males do outro mundo? 
Quais serão os bens do outro mundo? 
 
Advérbio. Sem plural. Antônimo de bem. 
Os alunos estão indo mal nas provas. 
Os alunos estão indo bem nas provas. 
 
Conjunção (ideia de tempo): 
Mal entramos, o telefone tocou (Assim que entramos) 
 
 
MAU 
Adjetivo. Plural: maus. Feminino: má. Antônimo de bom. 
É um mau funcionário. 
É um bom funcionário. 
São bons funcionários. 
Caiu de mau jeito. 
Em caso de mau funcionamento do motor, procure uma concessionária. 
Tem o mau costume de pegar sempre minha caneta. 
Os dois me parecem muito maus. 
 
Obs.: 1 – Nas comparações de qualidade os atributos, usa-se, corretamente, a 
expressão mais mau (do) que bom: 
O réu nos parece mais mau do que bom (e não pior do que melhor). 
 
Obs 2 - Antes de particípio também é preferível a forma mais mal (ou mais bem): 
Foi dele o texto mais mal digitado. 
 
 
Números e Numerais / Horas 
 
HORAS 
 O padrão oficial é grafar as horas em algarismos seguidos de h, min e s: 10h 
/ 22h10min15s (sem ponto final depois das letras) 
 Se não forem mencionados os segundos, a grafia será: 14h30min / 14h30m 
/ 14h30. 
 Em situações especiais, como em jogos, por exemplo, aceita-se a grafia 
14:30. 
 A palavra hora é escrita por extenso quando indica horário: Por volta das 
16 horas 
 Os números devem ser escritos por extensos quando designarem duração: 
 A palestra durou quase três horas. 
 
 Foram quatro horas de viagem pelo rio. 
 O acento indicativo de crase é obrigatório nestes casos: 
 Às 9 horas às 18h50 das 17h30m às 18h45m 
 É sempre melhor utilizar as formas: 
 14 horas (não 2 da tarde) 20 horas (não 8 da noite) 
 
OBS.: 12h30m por extenso: meio-dia e meia (meia hora) 
NÚMEROS E NUMERAIS 
O padrão para o texto é grafar os números de um a dez e escrever em algarismos 
os números de 11 em diante: Seis palavras // três dias // 11 alunos // 18 casas 
 
Nos casos em que houver necessidade de grafar um número por extenso, deve-se: 
 intercalar o e entre as centenas, as dezenas e as unidades: 
 oitocentos e trinta e três cinquenta e novembro 
 omitir o e (e a vírgula) entre o milhar e as centenas: mil cento e trinta e um 
 colocar o e se, após o milhar, vier só a centena, só a dezena ou só a 
unidade: mil e cem mil e vinte mil e quatro 
 
 Relembramos, aqui, algumas regras de concordância nominal e vários casos 
especiais que nos trazem dúvidas com frequência. Aplicar as regras ao uso diário 
nas produções escritas evita cometer muitas inadequações, principalmente na 
escrita, quando procuramos nos comunicar na variedade padrão e no registro 
formal da língua. Para o estudo a respeito desse assunto consulte ainda os sites: 
 http://www.brasilescola.com/gramatica/concordancia-nominal-regra-
geral.htm 
 http://educacao.uol.com.br/portugues/concordancia-nominal-conheca-as-
regras.jhtm 
No primeiro deles, você encontrará a regra geral para a concordância 
nominal. No segundo, estão dispostas algumas regras especiais que são muito 
importantes para evitar transgressões em relação às regras estabelecidas pela nossa 
gramática. 
 
 
 
 
Para ampliar seus conhecimentos sobre o processo de leitura e suas 
implicações, leia o artigo de Rubem Alves que aborda dois objetivos distintos de 
leitura: ler e prazer. Link para acesso ao texto: 
http://www.rubemalves.com.br/lereprazer.htm 
Boa leitura! 
 
 
Ler e prazer 
 
(Rubem Alves, http://www.rubemalves.com.br/10mais_09.php) 
 
Nietzsche estava certo: "De manhã cedo, quando o 
dia nasce, quando tudo está nascendo – ler um livro é 
simplesmente algo depravado..." É o que sinto ao andar 
pelas manhãs pelos maravilhosos caminhos da Fazenda 
Santa Elisa, do Instituto Agronômico de Campinas. 
Procuro esquecer-me de tudo que li nos livros. É preciso 
que a cabeça esteja vazia de pensamentos para que os 
olhos possam ver. Aprendi isso lendo Alberto Caieiro, 
especialista inigualável na difícil arte de ver. Dizia ele que 
"pensar é estar doente dos olhos..." Mas meus esforços 
são frustrados. As coisas que vejo são como o beijo do 
príncipe: elas vão acordando os poemas que aprendi de 
cor e que agora estão adormecidos na minha memória. 
Assim, ao não pensar da visão une-se o não pensar da poesia. E penso que o meu 
mundo seria muito pobre se em mim não estivessem os livros que li e amei. Pois, 
se não sabem, somente as coisas amadas são guardadas na memória poética, lugar 
da beleza. "Aquilo que a memória amou fica eterno", tal como o disse a Adélia 
Prado, amiga querida. Os livros que amo não me deixam. Caminham comigo. Há 
os livros que moram na cabeça e vão se desgastando com o tempo. Esses, eu 
deixo em casa. Mas há os livros que moram no corpo. Esses são eternamente 
jovens. Como no amor, uma vez não chega. De novo, de novo, de novo... 
 
Material Complementar 
 
 
 
Um amigo me telefonou. Tinha uma casa em Cabo Frio. Convidou-me. 
Gostei. Mas meu sorriso entortou quando ele disse: "Vão também cinco 
adolescentes..." Adolescentes podem ser uma alegria. Mas podem ser também uma 
perturbação para o espírito. Assim, resolvi tomar minhas providências. Comprei 
uma arma de amansar adolescentes. Um livro. Uma versão condensada da 
Odisseia, as fantásticas viagens de Ulisses de volta à casa, por mares traiçoeiros... 
Primeiro dia: praia; almoço; sono. Lá pelas cinco os dorminhocos 
acordaram, sem ter o que fazer. E antes que tivessem ideias próprias eu tomei a 
iniciativa. Com voz autoritária dirigi-me a eles, ainda sob o efeito do torpor: "Ei, 
vocês... Venham cá na sala. Quero lhes mostrar uma coisa..." Não consultei as 
bases. Teria sido terrível. Uma decisão democrática das bases optaria por ligar a 
televisão. Claro. Como poderiam decidir por uma coisa que ignoravam? Peguei o 
livro e comecei a leitura. Ao espanto inicial seguiu-se silêncio e atenção. Vi, pelos 
seus olhos, que já estavam sob o domínio do encantamento. Daí para frente foi 
uma coisa só. Não me deixavam. Por onde quer que eu fosse, lá vinham eles com 
a Odisseia na mão, pedindo que eu lesse mais. Nem na praia me deram descanso. 
Essa experiência me fez pensar que deve haver algo errado na afirmação 
que sempre se repete de que os adolescentes não gostam da leitura. Sei que, como 
regra, não gostam de ler. O que não é a mesma coisa que não gostar da leitura. 
Lembro-me da escola primária que frequentei. Havia uma aula de leitura. Eraa 
aula que mais amávamos. A professora lia para que nós ouvíssemos. Leu todo o 
Monteiro Lobato. E leu aqueles livros que se lia naqueles tempos: Heidi, Poliana, A 
ilha do tesouro. Quando a aula terminava era a tristeza. Mas o bom mesmo é que 
não havia provas ou avaliações. Era prazer puro. E estava certo. Porque esse é o 
objetivo da literatura: prazer. O que os exames vestibulares tentam fazer é 
transformar a literatura em informações que podem ser armazenadas na cabeça. 
Mas o lugar da literatura não é a cabeça: é o coração. A literatura é feita com as 
palavras que desejam morar no corpo. Somente assim ela provoca as 
transformações alquímicas que deseja realizar. Se não concordam, que leiam 
Guimarães Rosa que dizia que literatura é feitiçaria que se faz o sangue do coração 
humano. 
Quando minha filha estava sendo introduzida na literatura o professor lhes 
deu como dever de casa ler e fichar um livro chatíssimo. Sofrimento dos 
adolescentes, sofrimento para os pais. A pura visão do livro provocava uma 
preguiça imensa, aquela preguiça que Barthes declarou ser essencial à experiência 
escolar. Escrevi carta delicada ao professor lembrando-lhe que Borges havia 
declarado que não havia razão para se ler um livro que não dá prazer quando há 
 
milhares de livros que dão prazer. Sugeri-lhe começar por algo mais próximo da 
condição emotiva dos jovens. Ele me respondeu com o discurso de esquerda, que 
sempre teve medo do prazer: "O meu objetivo é produzir a consciência crítica..." 
Quando eu li isso percebi que não havia esperança. O professor não sabia o 
essencial. Não sabia que literatura não é para produzir consciência crítica. O 
escritor não escreve com intenções didático-pedagógicas. Ele escreve para produzir 
prazer. Para fazer amor. Escrever e ler são formas de fazer amor. É por isso que os 
amores pobres em literatura ou são de vida curta, ou são de vida longa e tediosa... 
Parodiando as palavras de Jesus "nem só de beijos e transas viverá o amor mas de 
toda palavra que sai das mãos dos escritores..." 
E foi em meio a essas meditações que, sem que eu o esperasse, foi-me 
revelado o segredo da leitura... 
Fonte do texto: 
http://blog.cintiabarreto.com.br/2008_10_01_archive.html#ixzz2I3EKCiq9 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
COLCIONI; PIOVESAN & STRONGOLI. Livros e computador: Palavras, 
ensino e linguagens. São Paulo: Iluminuras, 2001. 
 
EYSENCK & KEANE. Psicologia Cognitiva: um manual introdutório. Porto 
Alegre: Artes Médicas, 1994. 
 
FREIRE, P. A importância do ato de ler. São Paulo: Cortez, 1984. 
 
KOCH, I.G.V. O texto e a construção dos sentidos. São Paulo: Contexto, 
1997, 2003. 
Referências 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Anotações

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