Variedade linguística nos gêneros textuais letra de música e cordel.

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Linguagens Códigos e suas 
Tecnologias - Português
Ensino Médio,3ª Série
Variedade linguística nos gêneros textuais – música e cordel
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Tópico: Variedade linguística nos gêneros textuais: letra de música e cordel.
VARIEDADE LINGUÍSTICA NOS GÊNEROS TEXTUAIS: LETRA DE MÚSICA E CORDEL
Todas
As Línguas
Do
Brasil
Montagem feita com as seguintes imagens: Bandeira do brasil / Autor desconhecido / Licenciado sob a GNU Free Documentation License. Da esquerda
Para direita, cima para baixo: (a) Crianças do Vietnam / Thomas Schoch / Creative Commons Attribution-Share Alike 3.0. (b) Andy-Flowers / Kroome111 / 
Creative Commons Attribution 3.0 Unported license. (c) Young Black Man / John H. White / United States Public Domain. (d) Índios Brasileiros /
Lecen / Creative Commons Attribution 3.0 Unsuported. (e) Arja Karhuvaara / Johannes Jansson / Creative Commons Attribution 2.5 Denmark.
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Uma língua nunca é falada de maneira uniforme pelos seus usuários: ela está sujeita a muitas variações. No modo de falar, uma língua varia (1):
- de época para época: o português de nossos antepassados é diferente do que falamos hoje; 
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-de região para região: o carioca, o cearense, o paulista o pernambucano e o gaúcho falam de maneiras nitidamente distintas;
-de grupo social para grupo social: pessoas que moram em bairros chamados nobres falam diferente dos que moram na periferia; 
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de situação para situação: cada uma das variantes pode ser falada com mais cuidado e vigilância (linguagem formal) e de modo mais espontâneo e menos controlado (linguagem informal). 
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Além dessas, há outras variações, como, por exemplo, o modo de falar de grupos profissionais, a gíria própria de faixas etárias diferentes (2).
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O conhecimento, a análise e o confronto de opiniões sobre as diferentes manifestações da linguagem devem ser respeitadas e preservadas como construções simbólicas e representações da diversidade social, histórica e cultural.
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O modo de falar característico de um determinado grupo social recebe na sociolinguística, o nome
de variedade. 
" Quase me apetece dizer que não há uma língua portuguesa, há línguas em português." ( José Saramago, Escritor português)
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Apresentaremos algumas músicas e cordéis para observação dessa riqueza vocabular que existe na variação da língua portuguesa. 
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Saudosa Maloca - Adoniran Barbosa
Si o senhor não "tá" lembrado Dá licença de "contá" Que aqui onde agora está Esse "edifício arto" Era uma casa véia Um palacete assombradado Foi aqui seu moço Que eu, Mato Grosso e o Joca Construímo nossa maloca 
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Mais, um dia Nóis nem pode se alembrá Veio os homi c'as ferramentas O dono mandô derrubá Peguemo todas nossas coisas E fumos pro meio da rua Aprecia a demolição Que tristeza que nóis sentia Cada táuba que caía Duia no coração 
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Mato Grosso quis gritá Mas em cima eu falei: Os homis tá cá razão Nós arranja outro lugar Só se conformemo quando o Joca falou: "Deus dá o frio conforme o cobertor" 
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E hoje nóis pega a páia nas grama do jardim E prá esquecê nóis cantemos assim: Saudosa maloca, maloca querida, Dim dim donde nóis passemos os dias feliz de nossas vidas Saudosa maloca,maloca querida, Dim dim donde nóis passemo os dias feliz de nossas vidas.
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Adoniran Barbosa
Adoniran nasceu na cidade de Valinhos, interior de São Paulo, a 6 de agosto de 1910. Filho de imigrantes italianos, abandonou os estudos ainda no primário para trabalhar. Foi tecelão, balconista, pintor de paredes e até garçom (3). 
Imagem: Adoniran Barbosa na Plataforma da estação do Jaçanã /
Autor Desconhecido / GNU Free Documentation License.
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As músicas de Adoniran Barbosa conquistaram os brasileiros, em geral, por retratarem o cotidiano das camadas mais simples da população urbana da capital paulista, com erros intencionais de português, que mostram a maneira de falar dos moradores de origem italiana de bairros como a Barra Funda, o Bexiga e o Brás (4).
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Música gravada em 1951, quando São Paulo passava por grandes modificações, onde eram demolidos os casebres para construção de novos prédios. Na música ele é um personagem do cotidiano da cidade de São Paulo. A letra da música é um exemplo de variação social.
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Observem um outro exemplo de variação linguística na letra da música: A Feira de Caruaru. 
A feira de Caruaru tem muitos aspectos que, embora sejam muito comuns para os que moram na cidade, surgem como um bonito exotismo para os visitantes (5).
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É um ponto de atração para artistas, poetas, boêmios e turistas de todos os cantos do Brasil e do exterior, que se juntam ao povo da terra, superlotando as barracas, constituindo-se também, uma substancial fonte de renda para o município de Caruaru (6).
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Imagens, em sentido de leitura: (a) Trio de forró pé-de-serra: zabumba, sanfona e triângulo / Patrick / GNU Free Documentation License. (b) Fascículos
De Cordel / Mrass / Creative Commons Attribution-Share Alike 3.0 Unported. (c) Caruaru / Fernando TJS / Public Domain. (d) Artesanato em Caruaru /
Allanpatrick / Creative Commons Attribution-Share Alike 2.0 Generic.
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A feira de Caruaru
Onildo Almeida
A Feira de Caruaru, Faz gosto a gente vê. De tudo que há no mundo, Nela tem pra vendê, Na feira de Caruaru. 
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Tem massa de mandioca, Batataassada, tem ovo cru, Banana, laranja, manga, Batata, doce, queijo e caju, Cenoura, jabuticaba, Guiné, galinha, pato e peru, Tem bode, carneiro, porco, Se duvidá... inté cururu. 
Imagem: Jovem torrando farinha de mandioca / Nando cunha / GNU Free Documentation License
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Tem cesto, balaio, corda, Tamanco, gréia, tem cuêi-tatu, Tem fumo, tem tabaqueiro, Feito de chifre de boi zebu, Caneco acuvitêro, Penêra boa e mé de uruçú, Tem carça de arvorada, Que é pra matuto não andá nú. 
Imagem: Mulher tecendo balaio / ymea / GNU Free Documentation License.
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Tem rêde, tem balieira, Mode minino caçá nambu, Maxixe, cebola verde, Tomate, cuento, couve e chuchu, Armoço feito nas torda, Pirão mixido que nem angu, Mubia de tamburête, Feita do tronco do mulungú. 
Imagem: Casa de Taipa / Patrick / GNU Free Documentation License.
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Tem loiça, tem ferro véio, Sorvete de raspa que faz jaú, Gelada, cardo de cana, Fruta de paima e mandacaru. Bunecos de Vitalino, Que são cunhecidos inté no Sul, De tudo que há no mundo, Tem na Feira de Caruaru.
Imagem: Artesanato em Caruaru / Rosi Belo / Creative Commons Attribution 2.0 Generic.
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Essa música é vista como um precioso estudo sociológico dos hábitos e costumes do povo nordestino. Expressões como: “gréia”, “mulungú”e”tamburête”só nós nordestinos é que conhecemos. Esse é um caso de variação geográfica.
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Um outro objeto de estudo da variação linguística é o cordel.
A literatura de cordel, com seus versos singelos, ricos de expressões populares, lirismo e deboche, é o jeito pelo qual os poetas do povo relatam seus sentimentos e a própria saga do sertanejo.
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Vejamos agora essa riqueza vocabular no cordel de Josenir (Cordelista cearense), mais um exemplo de variação geográfica.
 
LIVRO "O Linguajar Cearense" – Autor: Josenir Lacerda. Editora Tupynanquim.
Imagem retirada do site: http://ladodedentrobrasil.blogspot.com.br/2011/11/josenir-lacerda.html.
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O Linguajar Cearense (Josenir A. de Lacerda) 
Todo poeta de fato É grande observador Seja da rua ou do mato Seja leigo ou professor Faz verdadeira pesquisa Vasto estudo realiza Buscando essência e teor
 
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Neste cordel-dicionário Eu pretendo registrar O rico vocabulário Da criação popular No Ceará garimpei Juntei tudo, compilei Ao leitor quero ofertar
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Qualquer tramóia é motim Solteira idosa é titia Mosquitinho é mucuim Recipiente é vasia Meia garrafa é meiota O exibido é fiota Travessura é istripulia (...) 
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Ter mesmo nome é xarapa Muito junto é encangado Água com açúcar é garapa Cor vermelha é encarnado Muita coisa dá mêimundo Sendo Mundim é Raimundo Valentão é arrochado (...) 
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Um perigo é boca quente Porco novo é bacurim Atrevido é saliente Quem não presta é corja ruim Dedo duro é cabuêta A perna torta é zambêta Coisinha pouca é tiquim 
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A perna fina é cambito Dar o fora é azular Muito magrelo é sibito Pisar manco é caxingar Rede pequena é tipóia Tudo bem é tudo jóia Fazer troça é caçoar 
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A lista é quase sem fim Não cabe num só cordel Tem alpercata, alfinim Enrabichada e berel Chué, baé, avexado Bãe de cúia, ôi bribado Quebra-queixo e carritel (...)
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O cearense é assim: Dá cotoco à nostalgia A tristeza leva fim Na cacunda dá euforia dá de arrudei na carência Enrola a sobrevivência e embirra na alegria
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Nesse cordel a autora reproduz com arte o linguajar do povo cearense.
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É por meio da língua que o homem expressa suas ideias, as ideias de sua geração, as ideias da comunidade a que pertence, as ideias de seu tempo. Cada falante é, a um tempo, usuário e agente modificador de sua língua, nela imprimindo marcas geradas pelas novas situações com que se depara.
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Tabela de Imagens
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