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LEI 8.072/90 PROFESSOR DIEGO PUREZA CRIMES HEDIONDOS Prof. Diego Pureza www.novaconcursos.com.br Página 1 de 12 Prof. Diego Pureza Disciplina: Legislação Especial Esquematizada Aula: 01 – Tema: Lei dos Crimes Hediondos LEI nº 8.072/90 LEI DOS CRIMES HEDIONDOS ESQUEMATIZADA CONCEITO E PREVISÃO CONSTITUCIONAL: “Art. 5º, XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem”. Conceito: Crimes hediondos são aqueles considerados de extrema gravidade, entendidos pelo Legislador como os que merecem maior reprovação por parte do Estado, recebendo, conforme a Lei nº 8.072/90, tratamento diferenciado dos demais. O nosso ordenamento jurídico, quando da definição dos crimes hediondos, adotou o sistema legal. Isso significa que só será hediondo os crimes listados na Lei nº 8.072/90 (rol taxativo). ROL DOS CRIMES HEDIONDOS: HOMICÍDIO PRATICADO POR GRUPO DE EXTERMÍNIO E HOMICÍDIO QUALIFICADO: “Art. 1º São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados no Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, consumados ou tentados: I – homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente, e homicídio qualificado (art. 121, § 2o, incisos I, II, III, IV, V, VI e VII)”. O primeiro crime hediondo é o homicídio praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ou seja, crime plurissubjetivo (pelo menos 03 agentes), ainda que o resultado morte seja alcançado por um só agente (art. 121, §6º, in fine, do CP). Assim, de pronto conclui-se que o homicídio simples, por si só, não é hediondo. Em segundo lugar, ainda no mesmo inciso, temos como hediondo o homicídio qualificado, ou seja, incidindo qualquer qualificadora no homicídio, o crime será hediondo. Prof. Diego Pureza www.novaconcursos.com.br Página 2 de 12 Prof. Diego Pureza Disciplina: Legislação Especial Esquematizada Aula: 01 – Tema: Lei dos Crimes Hediondos Obs: É pacífico na jurisprudência que o homicídio privilegiado-qualificado não é hediondo. O privilégio deverá, necessariamente, ser subjetivo (ex: homicídio impelido por relevante valor moral), e a qualificadora deverá ser objetiva (ex: homicídio com o emprego de explosivo). LESÃO CORPORAL GRAVÍSSIMA E SEGUIDA DE MORTE, QUANDO FUNCIONAIS: “I-A – lesão corporal dolosa de natureza gravíssima (art. 129, § 2º) e lesão corporal seguida de morte (art. 129, § 3º), quando praticadas contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição”. Tal inciso foi acrescido pela Lei nº 13.142/15, incluindo no rol dos crimes hediondos a lesão corporal gravíssima (art. 129, §2º, CP), lesão corporal seguida de morte (art. 129, §3º, CP – crime preterdoloso). Obs: nas duas hipóteses, só será hediondo em se tratando de lesão corporal funcional, ou seja, não é qualquer lesão corporal gravíssima ou seguida de morte que o torna hediondo, pois só será hediondo se a vítima for agente de segurança pública ou parente do respectivo agente, nos termos da redação da lei. LATROCÍNIO: “II - latrocínio (art. 157, § 3o, in fine)”. Considera-se hediondo o roubo qualificado pelo resultado morte. Vale lembrar que o crime de latrocínio não se limita a modalidade preterdolosa, ou seja, o resultado morte pode ser alcançado pelo agente mediante dolo ou culpa. Em ambas as hipóteses, o crime será hediondo. EXTORSÃO QUALIFICADA PELA MORTE: “III - extorsão qualificada pela morte (art. 158, § 2º)”. Prof. Diego Pureza www.novaconcursos.com.br Página 3 de 12 Prof. Diego Pureza Disciplina: Legislação Especial Esquematizada Aula: 01 – Tema: Lei dos Crimes Hediondos O crime de extorsão só será considerado hediondo quando qualificado pelo resultado morte, doloso ou culposo. Obs: o sequestro relâmpago qualificado pela morte (art. 158, §3º, do CP) não é hediondo por falta de previsão legal (desídia do legislador). EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO: “IV - extorsão mediante sequestro e na forma qualificada (art. 159, caput, e §§ 1º, 2º e 3º)”. Diferentemente da hipótese anterior, no crime de extorsão mediante sequestro, tanto na forma simples, quanto nas formas qualificadas (§1º - se dura mais de 24 horas; se a vítima é menor de 18 ou maior de 60 anos; se cometido por bando ou quadrilha; §2º - se resulta lesão corporal grave – preterdoloso; §3º - se resulta morte – preterdoloso), o crime terá natureza hedionda. ESTUPRO: “V - estupro (art. 213, caput e §§ 1º e 2º)”. Todas as formas de estupro serão consideradas hediondas, seja na forma simples, ou mesmo nas formas qualificadas (estupro que resulta lesão grave; com vítima menor de 18 e maior de 14 anos; e, estupro com resultado morte). ESTUPRO DE VULNERÁVEL: “VI - estupro de vulnerável (art. 217-A, caput e §§ 1º, 2º, 3º e 4º)”. Assim como no crime de estupro, no estupro de vulnerável etiquetou-se como hediondo o crime em sua forma simples e qualificado (quando resulta lesão corporal grave ou morte). EPIDEMIA COM RESULTADO MORTE: Prof. Diego Pureza www.novaconcursos.com.br Página 4 de 12 Prof. Diego Pureza Disciplina: Legislação Especial Esquematizada Aula: 01 – Tema: Lei dos Crimes Hediondos “VII - epidemia com resultado morte (art. 267, § 1º)”. O simples fato de causar epidemia, mediante a propagação de germes patogênicos (caput), por si só, não torna o crime hediondo. É necessário que ocorra o resultado morte de maneira culposa para que seja considerado hediondo (crime preterdoloso). FALSIFICAÇÃO, CORRUPÇÃO, ADULTERAÇÃO OU ALTERAÇÃO DE PRODUTO DESTINADO A FINS TERAPÊUTICOS OU MEDICINAIS: “VII-B - falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais (art. 273, caput e § 1º, § 1º-A e § 1º-B, com a redação dada pela Lei no 9.677, de 2 de julho de 1998)”. Fruto do Direito Penal Simbólico, pois o presente inciso foi acrescido após caso noticiado pela mídia em 1988 conhecido como “o escândalo da falsificação de remédios”. Cite- se o respectivo crime previsto no Código Penal: “Art. 273 - Falsificar, corromper, adulterar ou alterar produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais: Pena - reclusão, de 10 (dez) a 15 (quinze) anos, e multa. § 1º - Nas mesmas penas incorre quem importa, vende, expõe à venda, tem em depósito para vender ou, de qualquer forma, distribui ou entrega a consumo o produto falsificado, corrompido, adulterado ou alterado. § 1º-A - Incluem-se entre os produtos a que se refere este artigo os medicamentos, as matérias-primas, os insumos farmacêuticos, os cosméticos, os saneantes e os de uso em diagnóstico. § 1º-B - Está sujeito às penas deste artigo quem pratica as ações previstas no § 1º em relação a produtos em qualquer dasseguintes condições: I - sem registro, quando exigível, no órgão de vigilância sanitária competente; II - em desacordo com a fórmula constante do registro previsto no inciso anterior; III - sem as características de identidade e qualidade admitidas para a sua comercialização; IV - com redução de seu valor terapêutico ou de sua atividade; V - de procedência ignorada; Prof. Diego Pureza www.novaconcursos.com.br Página 5 de 12 Prof. Diego Pureza Disciplina: Legislação Especial Esquematizada Aula: 01 – Tema: Lei dos Crimes Hediondos VI - adquiridos de estabelecimento sem licença da autoridade sanitária competente.”. Crítica: por conta de um descuido do legislador (provavelmente tomado pelo clamor e pressão da mídia), rotulou-se como hediondo a falsificação, corrupção, adulteração e alteração de meros cosméticos (produtos de beleza) e saneantes (produtos de limpeza doméstica), com pena de reclusão, de 10 a 15 anos, e multa. Assim, parcela da doutrina entende que tal dispositivo deve ser objeto de interpretação restritiva para que se possa considerar típica apenas a falsificação de cosméticos e saneantes que efetivamente sejam dotados de potencialidade lesiva contra a saúde pública e não qualquer cosmético ou saneante. A título de exemplo, há casos reais de pessoas que sofreram queimaduras seríssimas após se submeterem a tratamento de bronzeamento artificial com a aplicação de produtos falsificados, o que também ocorreu em virtude da utilização de cosméticos para tratamento de cabelo. FAVORECIMENTO DA PROSTITUIÇÃO OU DE OUTRA FORMA DE EXPLORAÇÃO SEXUAL DE CRIANÇA OU ADOLESCENTE OU DE VULNERÁVEL: “VIII - favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável (art. 218-B, caput, e §§ 1º e 2º)”. (Incluído pela Lei nº 12.978, de 2014). Foi acrescentado na Lei de Crimes Hediondos às vésperas da Copa do Mundo no Brasil. Assim, será hediondo submeter, induzir ou atrair à prostituição ou outra forma de exploração sexual alguém menor de 18 (dezoito) anos ou que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, facilitá-la, impedir ou dificultar que a abandone. Além disso, também será hediondo se o crime for praticado com finalidade lucrativa, bem como incorrerá nas mesmas penas (inclusive com natureza hedionda) o agente que pratica conjunção carnal ou outro ato libidinoso com os personagens acima descritos, bem como o proprietário, gerente ou responsável pelo local em que se verifiquem as práticas sexuais anteriormente mencionadas. GENOCÍDIO e PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO RESTRITO: Prof. Diego Pureza www.novaconcursos.com.br Página 6 de 12 Prof. Diego Pureza Disciplina: Legislação Especial Esquematizada Aula: 01 – Tema: Lei dos Crimes Hediondos “Parágrafo único. Considera-se também hediondo o crime de genocídio previsto nos arts. 1º, 2º e 3º da Lei no 2.889, de 1o de outubro de 1956, e o de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, previsto no art. 16 da Lei no 10.826, de 22 de dezembro de 2003, todos tentados ou consumados.”. (Redação dada pela Lei nº 13.497, de 2017). São os únicos crimes no rol dos crimes hediondos não previsto no Código Penal. Sendo assim, vale transcrever no que consiste o crime de genocídio, segundo a Lei nº 2.889/56: “Art. 1º Quem, com a intenção de destruir, no todo ou em parte, grupo nacional, étnico, racial ou religioso, como tal: a) matar membros do grupo; b) causar lesão grave à integridade física ou mental de membros do grupo; c) submeter intencionalmente o grupo a condições de existência capazes de ocasionar-lhe a destruição física total ou parcial; d) adotar medidas destinadas a impedir os nascimentos no seio do grupo; e) efetuar a transferência forçada de crianças do grupo para outro grupo; Será punido: Com as penas do art. 121, § 2º, do Código Penal, no caso da letra a; Com as penas do art. 129, § 2º, no caso da letra b; Com as penas do art. 270, no caso da letra c; Com as penas do art. 125, no caso da letra d; Com as penas do art. 148, no caso da letra e; Art. 2º Associarem-se mais de 3 (três) pessoas para prática dos crimes mencionados no artigo anterior: Pena: Metade da cominada aos crimes ali previstos. Art. 3º Incitar, direta e publicamente alguém a cometer qualquer dos crimes de que trata o art. 1º: Pena: Metade das penas ali cominadas”. Quanto ao crime de porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, assim prescreve o art. 16 do Estatuto do Desarmamento: Prof. Diego Pureza www.novaconcursos.com.br Página 7 de 12 Prof. Diego Pureza Disciplina: Legislação Especial Esquematizada Aula: 01 – Tema: Lei dos Crimes Hediondos Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição de uso proibido ou restrito, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar: Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem: I – suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer sinal de identificação de arma de fogo ou artefato; II – modificar as características de arma de fogo, de forma a torná-la equivalente a arma de fogo de uso proibido ou restrito ou para fins de dificultar ou de qualquer modo induzir a erro autoridade policial, perito ou juiz; III – possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato explosivo ou incendiário, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar; IV – portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de fogo com numeração, marca ou qualquer outro sinal de identificação raspado, suprimido ou adulterado; V – vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente, arma de fogo, acessório, munição ou explosivo a criança ou adolescente; e VI – produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização legal, ou adulterar, de qualquer forma, munição ou explosivo. Considerando que a Lei dos Crimes Hediondos aponta apenas o art. 16 do Estatuto do Desarmamento, pergunta-se: as modalidades equiparadas também são revestidas de hediondez? STJ: “Na hipótese dos autos, o crime foi praticado após a edição da Lei n.º 13.497/2017 que não especificou que só o caput seria abrangido pela hediondez, daí o entendimento de que tal natureza se estende a todas as condutas narradas no art. 16. Ante o exposto à progressão de regime deve ser aplicada a fração de 3/5 (três quintos), porque hediondo o crime e reincidente o paciente.” HC 460.910/PR, Ministro Jorge Mussi. CRIMES EQUIPARADOS A HEDIONDOS: Prof. Diego Pureza www.novaconcursos.com.br Página 8 de 12 Prof. Diego Pureza Disciplina: Legislação Especial Esquematizada Aula: 01 – Tema: Lei dos Crimes Hediondos Os crimes de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e terrorismo não são crimes hediondos, mas sim crimes equiparados. Tal conclusão se extrai da redação do mencionado inciso XLIII do art. 5º da CF, bem como do art. 2º da Lei dos Crimes Hediondos: “Art. 2º Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e o terrorismo são insuscetíveis de [...]”.Crimes equiparados a hediondos Tortura Tráfico de Drogas Terrorismo Artigo 1º da Lei 9.455/97 Artigos 33 e 36 da Lei 11.343/06 Artigos 2º, 3º, 5º e 6º da Lei 13.260/16 Em síntese: Crimes Hediondos Crimes equiparados a Hediondos Homicídio: por grupo de extermínio ou qualificado Tortura Lesão corporal dolosa de natureza gravíssima e lesão corporal seguida de morte: quando praticadas contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição Latrocínio Tráfico de Drogas Extorsão qualificada pela morte Extorsão mediante sequestro e na forma qualificada Estupro Estupro de vulnerável Terrorismo Epidemia com resultado morte Falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais Favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável Prof. Diego Pureza www.novaconcursos.com.br Página 9 de 12 Prof. Diego Pureza Disciplina: Legislação Especial Esquematizada Aula: 01 – Tema: Lei dos Crimes Hediondos Genocídio e Porte ilegal de arma de fogo de uso restrito CONSEQUÊNCIAS DO CARÁTER DE HEDIONDEZ: ANISTIA, GRAÇA E INDULTO: “Art. 2º Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e o terrorismo são insuscetíveis de: I - anistia, graça e indulto II - fiança”. Anistia Graça e Indulto Lei penal Decreto Recai sobre fatos Recai sobre pessoas Pode ser concedida antes da condenação Pressupõe condenação Extingue todos os efeitos penais Extingue somente o efeito executório: cumprimento da pena Por sua vez, graça e indulto possuem entre si as seguintes distinções: Graça Indulto Benefício individual, com destinatário certo Benefício coletivo, sem destinatário certo Depende de provocação do interessado Não depende de provocação do interessado Apesar do texto constitucional vedar apenas a graça e a anistia aos crimes hediondos e equiparados, a Lei dos crimes hediondos fez constar expressamente a vedação às três causas extintivas da punibilidade. Nesse sentido, após ser provocado a se posicionar sobre o tema, o STF julgou constitucional a Lei dos Crimes Hediondos no ponto em que acrescenta expressamente a vedação ao indulto. A Suprema Corte entendeu que a CF, apesar de não mencionar expressamente o indulto, assim o fez implicitamente quando fez constar a graça. Isso porque, assim como parcela majoritária da doutrina, o STF sustentou que a graça nada mais é do que o indulto individual, sendo ambos espécies do mesmo gênero. Prof. Diego Pureza www.novaconcursos.com.br Página 10 de 12 Prof. Diego Pureza Disciplina: Legislação Especial Esquematizada Aula: 01 – Tema: Lei dos Crimes Hediondos FIANÇA: Antes da Lei 11.464/07, a Lei dos crimes hediondos proibia a fiança e a liberdade provisória. Com o advento da mencionada lei, foi suprimido a expressão “liberdade provisória”. Dessa forma, a concessão de fiança é vedada aos crimes hediondos e equiparados, porém a liberdade provisória sem fiança não mais encontra empecilho legal em nosso ordenamento jurídico. REGIME INICIAL PARA O CUMPRIMENTO DA PENA: “§ 1o A pena por crime previsto neste artigo será cumprida inicialmente em regime fechado”. Antes da Lei 11.464/07, o regime era integralmente fechado. Por violar o princípio da individualização da pena, o STF julgou incidentalmente inconstitucional tal dispositivo e hoje temos a redação acima. Obs: mesmo com a alteração (regime inicialmente fechado), já temos decisões no sentido de que o dispositivo continua inconstitucional, por violar o mesmo princípio. PROGRESSÃO DE REGIME: “§ 2º A progressão de regime, no caso dos condenados aos crimes previstos neste artigo, dar-se-á após o cumprimento de 2/5 (dois quintos) da pena, se o apenado for primário, e de 3/5 (três quintos), se reincidente”. Crimes Comuns (art. 112 da LEP) Crimes Hediondos e Equiparados Primário Cumprimento de 1/6 da pena Cumprimento de 2/5 da pena Reincidente Cumprimento de 1/6 da pena Cumprimento de 3/5 da pena * Ressalta-se que será necessário o bom comportamento do condenado. Além disso, nos crimes contra a Administração Pública (ex: corrupção passiva), como requisito para a progressão também deverá o condenado reparar os prejuízos causados aos cofres públicos. DIREITO DE RECORRER EM LIBERDADE: Prof. Diego Pureza www.novaconcursos.com.br Página 11 de 12 Prof. Diego Pureza Disciplina: Legislação Especial Esquematizada Aula: 01 – Tema: Lei dos Crimes Hediondos A Lei nº 11.646/07 também fez constar a possibilidade do condenado em primeira instância recorrer em liberdade: “§ 3º Em caso de sentença condenatória, o juiz decidirá fundamentadamente se o réu poderá apelar em liberdade”. PRAZO DA PRISÃO TEMPORÁRIA: “§4º A prisão temporária, sobre a qual dispõe a Lei no 7.960, de 21 de dezembro de 1989, nos crimes previstos neste artigo, terá o prazo de 30 (trinta) dias, prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovada necessidade”. ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA E DELAÇÃO PREMIADA: O crime de associação criminosa está previsto no art. 288 do CP da seguinte forma: “Art. 288. Associarem-se 3 (três) ou mais pessoas, para o fim específico de cometer crimes: (Redação dada pela Lei nº 12.850, de 2013) Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos”. Não obstante, a Lei de Crimes Hediondos confere tratamento diferenciado à associação criminosa quando se tratar de crimes hediondos ou equiparados: “Art. 8º Será de três a seis anos de reclusão a pena prevista no art. 288 do Código Penal, quando se tratar de crimes hediondos, prática da tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins ou terrorismo. Parágrafo único. O participante e o associado que denunciar à autoridade o bando ou quadrilha, possibilitando seu desmantelamento, terá a pena reduzida de um a dois terços”. Prof. Diego Pureza www.novaconcursos.com.br Página 12 de 12 Prof. Diego Pureza Disciplina: Legislação Especial Esquematizada Aula: 01 – Tema: Lei dos Crimes Hediondos Diego Luiz Victório Pureza Advogado. Professor de Criminologia, Direito Penal e Legislação Penal Especial em diversos cursos preparatórios para concursos públicos. Pós-graduado em Ciências Criminai. Pós-graduado em Docência do Ensino Superior Pós-graduado em Combate e Controle da Corrupção: Desvios de Recursos Públicos. Palestrante e autor de diversos artigos jurídicos.
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