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Pesquisa e Prática VII aula 1 a 10

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Pesquisa e Prática VII
Aula 1: O Trabalho de Conclusão de Curso – Conceito e Estrutura
A Monografia
Desde PPEI que temos destacado a importância da pesquisa para a formação dos professores. 
Afinal, como intelectuais, os professores precisam ultrapassar uma consciência ingênua da realidade e desenvolver uma consciência crítica.
São profissionais cuja principal atividade envolve a produção e disseminação de conhecimento. Por isso, muitos autores hoje no campo educacional defendem a importância da iniciação científica dos professores em formação, pois consideram fundamental que eles compreendam os processos de produção de conhecimento científico para tomá-los como instrumento de reflexão crítica e de ação na sua prática pedagógica. Conhecimento
PPEs e a elaboração da monografia
Em TCC vocês vão a campo colher os dados, analisá-los e finalizar a redação do texto. Dessa forma, em nosso curso, o texto monográfico é o trabalho de conclusão de curso/TCC. Ele será avaliado pelo seu professor de TCC e mais um professor parecerista. Sua elaboração é condição para sua colação de grau.
A monografia deve ser teórica ou teórico-empírica?
Embora as monografias possam ter caráter apenas teórico, defendemos que os alunos desenvolvam monografias teórico-empíricas.
TEÓRICA 
OU 
TEÓRICO-EMPÍRICA?
Defendemos isso porque as monografias teórico-empíricas, além de permitirem a releitura das teorias/autores estudados e o aprofundamento da abordagem de temas/assuntos específicos; elas levam a(o) aluna(o) a um olhar mais criterioso com o campo de trabalho. Isso acontece porque nessa modalidade exige-se uma articulação entre a teoria e os dados empíricos, que muito frequentemente provoca uma rica e significativa reflexão sobre as questões relativas à prática pedagógica.
Elaboração da monografia
Tendendo à rigorosidade que a ciência pede, como em qualquer pesquisa, o projeto monográfico envolve opções teórico-metodológicas e admite regras estabelecidas e reconhecidas pelo campo científico para o seu desenvolvimento e apresentação.  
Assim, a monografia deve resultar da delimitação precisa de um objeto/problema de estudo, ter substanciosa fundamentação teórica, adotar procedimentos metodológicos adequados aos critérios de validade e resultar em texto, com formatação própria segundo orientações da Associação Brasileira de Normas Técnicas/ABNT. Vamos ver os elementos que constituem essa comunicação escrita na aula de hoje.
Apresentação oral
Não precisa ficar preocupada(o), no curso de Pedagogia na modalidade EAD, a apresentação oral NÃO é uma exigência para a sua conclusão do curso. 
O que vai ser considerado para nota é apenas o trabalho impresso.
No entanto, não há impedimento para sua realização. Se o aluno assim desejar, ele deve procurar a coordenação do polo e negociar data e local para realizar sua apresentação. 
Apresentação oral
Muitos alunos ficam ansiosos com esse momento. Eles alegam que “falar em público é muito difícil”, eles ficam com medo de errar, de não serem compreendidos. Mas pense bem... é da natureza da prática docente “dar aula”, “falar sobre um tema”, não é? Então, se você tem dificuldades com isso está na hora de exercitar. Você não quer ser um bom professor? Bons professores têm que saber “falar em público”, né? Mas lembre-se: de uma forma geral, um trabalho monográfico não se encerra na elaboração de um texto.
Apresentação oral
A apresentação oral da monografia é um rito de passagem que inaugura uma nova etapa na vida acadêmica, é momento para compartilhar e celebrar a graduação.
Antes de darmos início ao desenvolvimento de nossas atividades na elaboração dos capítulos teóricos, é preciso retomar uma visão geral dos elementos que constituem a monografia.
A monografia
Como em outros trabalhos acadêmicos, a monografia tem elementos de pré-texto, texto e pós-texto.
PRÉ-TEXTO
TEXTO
PÓS-
TEXTO
Avance de tela e conheça detalhadamente cada um desses item.
Elementos do pré-texto
Os elementos pré-textuais são aqueles que antecedem o texto e apresentam informações para  a identificação da monografia. 
São eles: capa, folha de rosto, folha de aprovação, dedicatória, agradecimento, epígrafe, resumo e sumário.
A seguir você conhecerá detalhadamente cada item do pré-texto.
Elementos do pré-texto
CAPA
Tem a finalidade de identificar o trabalho. Nela são indicados o nome da instituição e do curso, nome do autor e título do trabalho, cidade e ano em que foi finalizado. É um elemento obrigatório.
Nome da instituição
Nome do curso
Nome do autor
Título
Cidade e ano
FOLHA DE ROSTO
Contém informações mais detalhadas sobre o trabalho. Nela constam: nome do autor, título e subtítulo (se houver) do trabalho, texto de apresentação segundo modelo institucional em que consta a modalidade do trabalho e nome do orientador, local e ano de sua finalização.
Nome da instituição
Nome do autor
Titulo e subtítulo
Texto de apresentação
Modalidade do trabalho
Nome do orientador
Cidade e ano
FOLHA DE APROVAÇÃO
Funciona como uma ata de aprovação da monografia. Nela constam: nome do autor, título e subtítulo (se houver) do trabalho, texto de apresentação segundo modelo institucional em que consta a modalidade do trabalho, data de aprovação, nome e local para assinatura dos membros da Banca Examinadora (orientador e parecerista), local e ano de sua finalização.
Nome do autor
Titulo e subtítulo
Texto de apresentação
AGRADECIMENTOS
Página em que o autor agradece à colaboração recebida de pessoa(s) e/ou instituição(ões) que contribuiu(iram) para a elaboração e a realização da pesquisa. Geralmente um texto mais pessoal.
O autor agradece à colaboração recebida.
RESUMO
Apresentação concisa dos pontos relevantes da monografia: tema, justificativa, objeto/objetivo, principais referentes teóricos, metodologia e resultados. Ao final, faz-se indicação de palavras-chave.  
Tema
Justificativa
Objetivo
Referencial Teórico
Metodologia e Resultados
SUMÁRIO
Enumeração das divisões/seções do projeto, com indicação de páginas para sua localização.
Indicada as divisões e seções.
Elementos de texto
1.1 Apresentação do tema
Deve ser iniciado com a apresentação do tema da pesquisa, contextualizando-o na realidade educacional e no campo de conhecimento onde se insere. A apresentação deve ser iniciada por um panorama geral e progressivamente focar o objeto de estudo. Deve mostrar diferentes ângulos da questão, pois é o confronto de diferentes perspectivas que vai permitir a sua problematização. A problematização do tema deve levar à definição de um problema de estudo/investigação. 
Elementos do pós-texto
Referências Bibliográficas
Lista as fontes consultadas e citadas no texto do projeto, em ordem alfabética por autor, segundo as normas da ABNT.
Mais uma vez você pode estar pensando que é muita coisa, que você não vai dar conta. Mas se você observar bem, você já tem o texto da INTRODUÇÃO praticamente pronto. No projeto você teve que escrever sobre esses mesmos itens. Então agora é só atualizar os dados. Por que, é claro, até você finalizar a sua monografia vai ter uma coisa ou outra que você vai precisar ajustar na Introdução. Neste período, você vai fazer os dois capítulos teóricos.
Mas, novamente, vamos acompanhar e orientar você ao longo desse processo. Através dos fóruns temáticos você vai poder dialogar com seus colegas e com professor on-line acerca de suas dúvidas. Se você seguir as orientações vai poder organizar melhor as suas ideias e elaborar o seu texto adequadamente. Nosso objetivo  com a aula de hoje era que você pudesse rever o conjunto dos elementos que constituem a monografia.
Para a próxima aula, reveja seu projeto e o levantamento bibliográfico que você fez. Verifique se é preciso acrescentar novos títulos. E... comece a LER. Você vai precisar ler muito nesse período, pois não há como escrever com consistência sobre um tema sem a devida leitura. É através de uma leitura cuidadosa que você irá se apropriar das teorias e conceitos que vão fundamentar o seutrabalho.
Bom estudo! Até a próxima aula!
Aula 2: RevisãoTeórica e Pesquisa Bibliográfica 
Nesta aula veremos que toda investigação científica se articula com alguma teoria, quando não a desenvolve. Afinal, a ciência é um tipo de conhecimento que se diferencia dos demais por se constituir a partir de procedimentos intelectuais e técnicos próprios e por buscar, mais do que a mera descrição dos fenômenos, identificar as relações de seus elementos constituintes entre si e com contexto em que ocorrem, de modo a poder explicar sua estrutura, funcionamento, desenvolvimento e contradições.  
Todo esse procedimento envolve, mais que a observação do fenômeno e sua descrição restrita, certa capacidade de análise e abstração, o que exige tomarmos contato com a teoria no campo em que pretendemos desenvolver nossos estudos.
• A teoria nos ajuda a conhecer os desenvolvimentos das pesquisas e estudos num determinado campo científico, proporcionando-nos um olhar mais informado e, portanto, mais crítico acerca das coisas. 
• As teorias se constituem de uma rede de proposições e conceitos logicamente organizados que, de modo mais abrangente, profundo e eficaz, é capaz de explicar um conjunto de fenômenos.
Quanto maior o poder explicativo de uma teoria, ou seja, quanto melhor ela é capaz de descrever as características e explicar as origens e a dinâmica de um fenômeno ou conjunto de fenômenos, tanto mais ela tem força e é reconhecida pelos estudiosos de seu campo.
Uma teoria tão consistente e eficaz que resiste às críticas e permanece como referência para os pesquisadores em um determinado campo de estudos é considerada um “paradigma” deste campo. 
Quando uma teoria é um paradigma, seja para concordar com ela, complementá-la ou refutá-la, o fato é que os pesquisadores não podem ignorá-la.
Por isso, a revisão teórica é um movimento intelectual essencial no desenvolvimento de uma monografia. Consultar a produção acadêmica e científica disponível sobre o tema permite que o aluno-pesquisador se situe e situe seu objeto de investigação no campo de estudos onde ele se insere.
Conhecer o chamado “estado da arte” ou “estado do conhecimento” sobre seu objeto de interesse possibilitará a formulação de ideias e problematizações mais consistentes, além de permitir que o estudante-pesquisador se posicione, ou seja, assuma uma determinada abordagem diante de seu objeto.
Afinal, como vimos, existem várias possibilidades de abordagem teórica para os fenômenos sociais, desde aquelas de influência positivista às que assumem um olhar fenomenológico/construtivista ou uma perspectiva crítica sobre eles.
Seja qual for a sua opção, no entanto, é preciso considerar que a complexidade dos fenômenos educacionais exige a articulação de diferentes contribuições na busca da inteligibilidade do problema investigado.
Positivismo
Corrente filosófica desenvolvida pelo Francês Auguste Comte (1798-1957) que, opondo-se ao racionalismo e ao idealismo, toma a experiência sensível como a única capaz de produzir conhecimento válido.
 Auguste Comte
Considera que a realidade é formada de partes isoladas (variáveis); fatos observáveis que guardam entre si relações objetivas, estáveis e mensuráveis.
Tem por objetivo descobrir as relações entre fenômenos/ variáveis de modo que seja possível produzir resultados generalizáveis, formular leis, prever e controlar os acontecimentos.
Parte-se de hipóteses, validadas ou não após sua testagem por meio de observação ou experimentação.
Sujeito e objeto são vistos como elementos independentes e a objetividade é buscada como critério de cientificidade.
FENOMENOLOGIA
* Fundada pelo filósofo e matemático alemão Edmund Hussert (1859-1938) como uma crítica à concepção absolutista da ciência, toma a realidade como uma construção social, aquela vivida pelos sujeitos, resultado da interpretação/representação que fazem sobre sua experiência
* Tem por objetivo compreender os sentimentos, as percepções, a intencionalidade que move os sujeitos a agir como agem.
* Parte-se da análise de produções discursivas, sem a pretensão de controlar variáveis ou formular verdades.
* Sujeito e objeto são vistos como interdependentes e a objetividade é questionada, considerados os limites do conhecimento.
CONSTRUTIVISMO SOCIAL E CONSTRUCIONISMO
* corrente alinhada à Fenomenologia, o construtivismo procura estudar os sentidos, os significados que as pessoas atribuem aos fenômenos.
* Descarta a possibilidade de conhecimento objetivo; os resultados da pesquisa são sempre criados pela interação pesquisador/pesquisado
* Voltada principalmente para estudos microssociais.
* O educador sul-africano PApert (1928-) cunhou o termo construcionismo para designar a abordagem do construtivismo pela qual o educando constrói o seu próprio conhecimento mediante a utilização de ferramentas de aprendizagem, como os computadores. Seymour Papert
PERSPECTIVA CRÍTICA
* Vê a realidade como uma construção social, mas que existe independente da consciência. Considera que ambas são fruto da luta material do homem no mundo.
* Nessa perspectiva, a ciência tem por objetivo analisar as contradições que caracterizam as estruturas sociais,de modo a denunciar os mecanismos de dominação.
* Parte-se da análise do contexto histórico-social e econômico em que se situam as práticas e consciências dos sujeitos, considerando suas contradições e possibilidades.
* O pesquisador assume uma posição política em favor dos oprimidos e da transformação social, e a objetividade é atacada como um mito que encobre estratégicas de dominação ideológica.
É preciso superar a falsa oposição entre as abordagens quantitativa e qualitativa e, ao contrário, integrá-las tanto quanto possível. Afinal, as pesquisas quantitativas podem nos oferecer um quadro mais amplo do fenômeno estudado, levantando dados e gerando hipóteses que serão tomadas como ponto de partida para uma investigação em profundidade em um estudo qualitativo. Da mesma forma, resultados obtidos em uma pesquisa qualitativa podem ser aclarados quando situados a partir de um conjunto de dados mais amplo.
Quantitativa > Assim, o referencial teórico de sua monografia (Nela você vai apresentar as teorias e autores que escolheu e que expressam o modo como você compreende o assunto/a realidade que está investigando. Na sua elaboração, mais que uma montagem de diferentes contribuições, você vai dialogar com esses autores e suas teorias, ou seja, vai confrontar as ideias e concepções que formularam de modo a ir construindo e delimitando a sua forma própria de explicar o fenômeno que está estudando. )constitui um parâmetro fundamental para o desenvolvimento de sua pesquisa. <Qualitativa
O referencial teórico de sua monografia deve expressar esse movimento intelectual de compreensão do fenômeno. Por exemplo: se você está pesquisando “problemas de aprendizagem na leitura e na escrita”, primeiramente você vai precisar definir de que modo você compreende como se dá a aprendizagem. Para isso, terá de ler e estudar as diferentes teorias de aprendizagem.
A partir desse estudo, você vai começar a perceber as diferenças entre as teorias e o modo como elas explicam não só como as crianças aprendem, mas por que e como elas às vezes têm dificuldades em aprender. Provavelmente você vai encontrar maior afinidade com uma dessas explicações teóricas e assumir essa abordagem no desenvolvimento de sua pesquisa.
Então, em um dos capítulos de sua monografia você deverá apresentar essa revisão teórica que fez. Depois de relacionar as diferentes teorias de aprendizagem (comportamentalismo, construtivismo, sócio-interacionismo, etc.) e como cada uma explica as dificuldades na aprendizagem, ao final você defenderá a perspectiva que escolheu para fundamentar o seu estudo (o construtivismo, por exemplo).
A delimitação de uma abordagem teórica não é apenas uma exigência retórica, ou seja, de argumentação. Ela servirá de referência para a maneira como vocêvai observar o fenômeno, conversar com educadores e analisar os resultados de campo.
Por exemplo, se você adota a concepção construtivista tenderá a ver não como “erro”, mas como parte do processo de aprendizagem da leitura e da escrita, os acréscimos e subtrações de letras que as crianças cometem nesse processo. Essa “ideia” será uma referência para o seu julgamento sobre a compreensão que os professores têm das dificuldades de seus alunos e sobre como enfrentá-las.
Por exemplo, se você adota a concepção construtivista tenderá a ver não como “erro”, mas como parte do processo de aprendizagem da leitura e da escrita, os acréscimos e subtrações de letras que as crianças cometem nesse processo. Essa “ideia” será uma referência para o seu julgamento sobre a compreensão que os professores têm das dificuldades de seus alunos e sobre como enfrentá-las.
Em PPEV você já realizou um levantamento preliminar dessa bibliografia e provavelmente precisou revê-lo em PPEVI, quando da elaboração do projeto. Naquela ocasião, porém, você fez apenas uma primeira leitura de dois ou três textos, não foi?
Pois agora você vai precisar mergulhar mesmo na seleção e na leitura cuidadosa dos materiais. Que livros, artigos, pesquisas podem ser interessantes para o seu estudo? Quais vai citar no primeiro capítulo, quais vai usar no segundo? Para isso é que foi feito o plano de estudo. Ele serve de parâmetro para a organização de nossas leituras e da redação da monografia. No entanto, durante o desenvolvimento do trabalho uma ou outra coisa pode mudar: a divisão dos subtemas, a ordem de apresentação, a maior ou menor ênfase numa teoria ou conceito...
Em PPEV e PPEVI vimos que a pesquisa bibliográfica pode incluir diferentes tipos de textos, mas que o levantamento das obras precisa considerar também a validade das fontes. Ou seja, que nem toda publicação, mesmo que seja voltada para divulgação científica, é uma fonte confiável e portanto válida para os estudos acadêmicos. São consideradas fontes bibliográficas:
Livros, antologias, artigos de periódicos, monografias, dissertações, teses, relatórios de pesquisa, trabalhos apresentados em congressos/seminários e publicações científicas diversas.
Anais de congressos, resumos, listas de referência, catálogos, dicionários, etc.
Os livros são a principal fonte para a revisão teórica, pois geralmente é neles que os autores/pesquisadores apresentam de forma mais elaborada suas proposições e conceitos acerca de seus objetos de reflexão e estudo. 
Os trabalhos acadêmicos em geral (monografias, dissertações, teses, relatórios de pesquisa) oferecem também a exposição de uma boa base teórica. Nos periódicos, encontramos a atualidade do debate e da pesquisa no campo, e sua leitura nos permite tomar contato com uma grande diversidade de abordagens e metodologias aplicadas a pesquisas sobre um mesmo tema.
Vimos também que, hoje em dia, praticamente todas as publicações científicas importantes estão disponíveis na internet. Mesmo os livros têm sido disponibilizados em formato digital, a partir de acordos comerciais entre editoras e universidades e bibliotecas. 
Mas não se pode deixar tudo para o ambiente virtual; muito material fundamental para o estudo de um tema ainda não foi digitalizado. Assim, a visita a bibliotecas não pode ser negligenciada. Até porque nelas é possível contar com a orientação de profissionais que muito podem nos ajudar a encontrar o que precisamos.
Relembrando: na pesquisa de publicações científicas disponíveis na internet, podemos usar ferramentas de busca como o Google Acadêmico (http://scholar.google.com.br) e o Scielo (em português
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_home&lng=pt&nrm=iso.
Também existem alguns sites considerados referência para a pesquisa no campo educacional.
ANPED
A Associação Nacional de Pesquisa em Educação - ANPED (www.anped.org.br) disponibiliza vasto material organizado por grupos de trabalho (grupos temáticos de estudo e pesquisa) e/ou de acordo com os encontros anuais dos pesquisadores em educação. 
Na página da ANPED há várias possibilidades de pesquisa. Um caminho pode ser a exploração dos trabalhos apresentados nessas reuniões anuais.
Para encontrá-los, clique em “Reuniões Anuais” na coluna à esquerda e escolha uma das reuniões. Na página referente às atividades e resultados dessa reunião, você vai encontrar na linha superior a indicação “Trabalhos”.
Clicando em Trabalhos, vai aparecer uma listagem com os GTs - Grupos de Trabalho. Selecione a área de seu interesse e explore o material disponível.
INEP
O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira - INEP (www.inep.gov.br) é uma instituição de pesquisa vinculada ao Ministério de Educação. Ele desenvolve estudos, pesquisas e avaliações sobre o Sistema Educacional Brasileiro com a finalidade de gerar dados que subsidiem as políticas públicas em educação.
No site do INEP você pode encontrar dados do Censo Escolar e do Ensino Superior, resultados de avaliações e estatísticas sobre diferentes temas, baixar arquivos de revistas e livros digitais, entre outras informações sobre a educação no Brasil. Para encontrar as publicações disponíveis para download, clique em “Revistas e Boletins” ou em “Publicações do INEP”.
CAPES
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior – CAPES é uma entidade voltada para a qualificação da pós-graduação no Brasil. 
Embora atue em diferentes áreas, podemos encontrar em seu site dissertações, teses e alguns artigos/periódicos sobre educação que não estão disponíveis em outros locais (http://www.periodicos.capes.gov.br). 
Através do portal da CAPES você pode ainda acessar outros bancos de dados e sites de pesquisa.
Como você viu, estamos revisando alguns aspectos fundamentais quanto à revisão teórica necessária para a elaboração da fundamentação teórica de sua monografia.
Reveja seu plano de estudos, eleja os textos, livros, revistas que vai consultar e ler. Faça anotações relacionando conceitos/teorias e autores aos subitens previstos no plano. Reúna todo o material com que vai trabalhar e organize-o num espaço próprio para o estudo e a leitura. Separe um tempo exclusivo em sua rotina diária para essas atividades. Na próxima aula, vamos retomar as orientações para que você faça uma leitura consistente dessas obras e... comece a trabalhar com elas!!!!  Até lá.
Aula 3: A leitura ativa da bibliografia
A leitura ativa da bibliografia
_ Professora, quantos textos eu vou ter que ler para a minha monografia?
_ Tenho que ler livros ou posso ler só artigos da internet?
_ Posso fazer o capítulo teórico usando só um livro?
Essas são algumas das muitas dúvidas que afligem os estudantes no momento da elaboração do texto monográfico. São dúvidas que têm relação com algo maior que a monografia; estão relacionadas a uma dificuldade que muitos(as) jovens universitários(as) enfrentam ao longo do curso: a dificuldade de ler e/ou de compreender o que lê.
As dificuldades na leitura e escrita de textos acadêmicos têm se colocado mesmo como um desafio nos cursos de graduação e pós-graduação, estando entre as causas do desânimo geral frente aos estudos teóricos e da profusão da prática de reprodução de material disponível na internet.
No entanto, a leitura é um importante instrumento de formação de qualquer pessoa e ainda mais quando nos referimos a um estudante ou pesquisador, já que ela é a base de todo estudo e pesquisa. O conhecimento científico é resultado de um processo cumulativo de descobertas e invenções, não sendo possível seu desenvolvimento e avanço sem o acesso e a apropriação daquilo que que já foi produzido.
Ela permite conhecer novos conceitos e teorias, além de um progressivo domínio dos conhecimentos e da linguagem dos campos de estudos onde nos inserimos, ampliando nossa visão, enriquecendo nossa reflexão sobre as coisas e contribuindo para superarmos a abordagem ingênua de uma problemática. Esse relativo domínio teórico-conceitual e essa abordagem mais crítica sobre os fenômenos sãocondições para a atividade intelectual própria do mundo acadêmico.
Não há como cogitarmos a elaboração de um texto acadêmico, em nosso caso uma monografia, sem uma leitura cuidadosa das diferenciadas produções em nosso campo de estudo.
Muitas vezes os(as) estudantes têm dificuldades na redação do texto monográfico exatamente porque acreditam que só as suas ideias, ancoradas em suas próprias experiências, serão suficientes. Porém, a produção científica exige mais. Exige uma abordagem ampliada, aprofundada e bem fundamentada.
Ao longo do desenvolvimento de seu projeto de pesquisa, você deve ter percebido que não basta uma leitura superficial, fragmentada, descompromissada, uma mera decodificação das palavras, sem pensar sobre elas.  
Ler de qualquer jeito, ler apenas alguns trechos ou mesmo ler para decorar não são atitudes adequadas ao leitor que pretende realmente compreender um texto.
O desenvolvimento de uma revisão bibliográfica, essencial em qualquer trabalho acadêmico e especialmente importante para consolidar a fundamentação teórica de sua monografia, envolve diferentes níveis/etapas de leitura.
A leitura com objetivo de estudo exige a substituição de uma atitude passiva por uma postura mais ativa diante do texto. Na leitura ativa, o leitor se esforça ao máximo para captar a mensagem que o autor tenta lhe transmitir para que possa dialogar com ele, reinterpretando a sua contribuição. O leitor ativo está presente.
Mobilizado com o que lê, ele faz conjecturas, comparações com outros textos, busca relacionar as informações com a realidade. Desejoso de saber mais, ele busca aprofundar sua compreensão da obra.
Após determinar o seu objeto de estudo/pesquisa, para a elaboração do plano de estudos e identificação das fontes você já teve que realizar uma leitura exploratória.
Ou seja, no levantamento prévio da bibliografia para a sua monografia você teve de se perguntar: "Sobre o que vai tratar este texto?”. E, para responder a essa questão, foi preciso explorar o material bibliográfico disponível buscando avaliar, ainda que preliminarmente, sua pertinência para seu  estudo/pesquisa. Provavelmente você examinou o índice, a contracapa e as orelhas dos livros, fez uma leitura superficial da sua apresentação e/ou introdução, deu uma “folheada” nos capítulos e nas conclusões, de modo a ter uma visão global da obra. Em um artigo, você deve ter lido o resumo e alguns trechos do texto.
No entanto, embora a leitura exploratória tenha lhe dado pistas sobre o conteúdo da obra, somente uma leitura posterior mais cuidadosa permitiu a você saber se aquele texto/artigo/livro realmente tinha afinidade com os objetivos de seu estudo.
Para elaborar o projeto da monografia e organizar o seu plano de estudos você já precisou de fato ler, ainda que em parte e de modo superficial, o material encontrado, com vistas a possibilitar uma primeira apropriação dos textos em seu conjunto.
Essa primeira leitura foi que lhe permitiu tecer algumas primeiras considerações e indagações sobre o conteúdo das obras, de modo a realizar a efetiva seleção do material com o qual vai trabalhar. Na leitura seletiva, a sua pergunta fundamental foi: “Este texto será útil ao meu estudo?”
Agora, selecionados os textos, a próxima etapa será a leitura completa e cuidadosa, a melhor que você puder fazer, de todo o material. Para isso, você vai precisar fazer dois movimentos. Primeiro uma leitura analítica do texto, em busca de conhecimentos relevantes para o seu estudo. Somente com esse nível de leitura será possível identificar e compreender as ideias centrais que organizam o texto, verificar como elas se articulam entre si e constituem um todo que expressa a teoria do autor acerca de um tema/problema.
Depois, é necessária uma leitura interpretativa, última etapa realizada efetivamente após a leitura de muitos textos sobre o tema em questão; é nesse momento que você vai confrontá-los, colocando-os em relação uns com os outros, buscando verificar suas recorrências e discrepâncias, bem como relacioná-los às questões que norteiam seu estudo.
Somente a partir desses dois níveis de leitura é que você terá se apropriado de forma mais consistente das contribuições teóricas em seu campo de estudos e, portanto, poderá escrever seus capítulos teóricos sem dificuldade.
Leitura analítica x Leitura Interpretativa
Diante do exposto, pode parecer que o exercício de uma leitura assim tão metódica é uma tarefa difícil para um estudante/pesquisador iniciante. Mas não é verdade. Você pode estar se perguntando: “será que eu vou conseguir?”. No entanto, ao longo da aula de hoje você vai perceber que o desenvolvimento da leitura nesses termos exige apenas certa disciplina e uma nova atitude intelectual.
A disciplina necessária é aquela que o bom senso mesmo indica: é preciso garantir certa regularidade na leitura. Não adianta ler uma página hoje e só retomar a leitura daqui a uma semana porque, por melhor que seja a sua memória, um certo encadeamento de ideias/conceitos, um certo “clima” do texto se perde com a distância temporal.
A disciplina necessária é aquela que o bom senso mesmo indica: é preciso garantir certa regularidade na leitura. Não adianta ler uma página hoje e só retomar a leitura daqui a uma semana porque, por melhor que seja a sua memória, um certo encadeamento de ideias/conceitos, um certo “clima” do texto se perde com a distância temporal.
Mas também não basta ler um ou dois parágrafos hoje e dois capítulos amanhã. É preciso ler uma quantidade razoável de texto a cada dia. 
Quanto? O suficiente para se apropriar de unidades de conteúdo, de modo a ir (re)construindo passo a passo os sentidos daquela obra. Vale ainda acrescentar que garantir um tempo e um lugar mais ou menos regulares ajuda a criar o hábito, a ordenar a mente, a desenvolver um modo próprio de ler.
Contudo, a forma como se lê não é apenas uma questão de tempo, lugar ou quantidade de texto. Envolve também certos procedimentos intelectuais, etapas necessárias à progressiva apropriação da obra. Algumas orientações práticas podem ser bastante úteis nesse sentido. A seguir, vamos retomar nossas indicações de atitudes para o bom aproveitamento da leitura de textos/artigos científicos.
1º passo: Reconhecimento do texto
Observar título e autor
Identificar o tipo de texto
Consultar outras informações e referências
Ler o resumo
Fazer uma leitura seletiva
Observar título e autor
Procure identificar: o que o título informa?
Ás vezes o título expressa adequadamente a proposta e os resultados de estudo, ás vezes ele é mais sugestivo, tem um caráter mais estilístico. E quanto ao autor? É um pesquisador/ estudioso conhecido? Está vinculado a alguma reconhecida instituição de ensino e/ ou de pesquisa?
Identificar o tipo de texto
Que tipo de texto é este? Lembre-se: se for um texto técnico ou artigo de periódico você poderá encontrar informações e dados interessantes, mas é pouco provável que contenham substancial fundamentação teórica. Artigos de periódicos costumam se referir a pesquisas empíricas e podem ser úteis também para comparar metodologias e resultados.Já em ensaios e livros você terá melhores chances de encontrar mais substância teórica, pois geralmente é neste tipo de texto que os autores defendem uma idéia por meio de argumentos, na ampla maioria dedutivos, o requer a formulação e articulação de conceitos.
Consultar outras informações e referências
C ) Que outras informações tenho deste texto? O ano de publicação pode indicar a atualidade dos dados apresentados; a cidade e a editora podem apontar sua vinculação a correntes de pensamento ou o contexto de sua elaboração, se fez parte de apresentação em congresso, etc. Esse tipo de informação pode ser relevante na hora de comparar autores e suas contribuições, identificando certas correntes ou escolas de pensamento.
Ler o resumo
D) A partir do resumo é possível ter uma idéia do que trata o texto, quais os referenciais teóricos usados pelo autor e ainda dos resultados obtidos,quando referir-se a uma pesquisa empírica.
Fazer uma leitura seletiva
E) Lembre-se: após essa abordagem preliminar é preciso fazer uma primeira leitura de todo o texto, para avaliar sua real pertinência ao seu estudo.
2º passo: Identificar idéias-chave do texto
Fazer leitura analítica
Grifar o que parecer importante
Distinguir as idéias principais e secundárias
Elaborar esquematização
Fazer leitura analítica
Nesta etapa da leitura você deve se perguntar: “Que ideais e que argumentos esse autor defende?”. Para isso, sua primeira atitude deve ser a de buscar um certo distanciamento, afastando da leitura suas próprias idéias acerca do tema, de modo a “ ouvir” o que o autor lhe diz antes de formular julgamentos sobre as idéias/ teorias dele.
Grifar o que parecer importante
B ) Para garantir a apropriação e certa organização das idéias acerca do que se está lendo, um modo prático é marcar no texto ideais/ conceitos importantes que você for identificando. É preciso fazer isso de forma sistemática, ou seja, criar um sistema de marcação. Você pode sublinhar os trechos relevantes, indicar ao lado do trecho selecionado a que conceito ele se refere, pintar com canetas de diferentes cores as diferentes idéias apresentadas pelo autor, entre outras estratégicas.
Grifar o que parecer importante
Faça as marcações a lápis num primeiro momento, pois você, pois você pode, na continuidade da leitura do texto, reconsiderar alguma marcação feita. Evite marcar demais: quando encontrar idéias repetidas, escolha o trecho expressões não atendidas. Ao encontrar uma palavra da qual desconheça o significado, procure-o no dicionário ou em outras fontes e anote, se necessário, uma pequena explicação ao lado do termo. Só deve ficar marcado/destacado no texto aquilo que é fundamental.
Distinguir as ideias principais e secundárias
C ) Para identificar o que é fundamental você vai precisar decompor o texto,parágrafo a parágrafo, refletindo sobre as idéias e conceitos encontrados de modo a distinguir as idéias principais das secundárias, estabelecendo nexos entre elas. Isso vai exigir que você leia e releia alguns trechos uma, duas ou mais vezes . é assim mesmo. Pode aparecer exaustivo, mas acredite: são essas leituras e releituras sucessivas que lhe permitirão apropriar-se do que o autor diz.
Distinguir as ideias principais e secundárias
Preste atenção aos termos como “em síntese”, “concluindo”,”portanto”, “dessa forma”, “compreende-se, assim”; eles ajudam a perceber o que é mais importante nas palavras do próprio autor. Você pode usar diferentes formas de marcação para indicar a hierarquia das idéias.
Como em uma constelação, a idéia principal está cercada de outros elementos que lhe servem de suporte explicando-a, apresentando provas, ilustrando-a. sublinhar apenas idéias principais, conceitos, detalhes importantes usando um traço e dois traços para a palavra-chave; passagens que se apresentam como todo importante, assinalar inteiramente com uma linha vertical à margem, ou dois traços, se for importantíssimo dúvidas e ideias contraditórias usar interrogação; o que for passível de crítica, reparo ou insustentável também usar a interrogação.
http://www.webartigos.com/articles/30323/1/LEITURA-DIRETRIZES-METODOLOGICAS-PARA-O-ESTUDO-DE-TEXTOS-ACADEMICOS/pagina1.html#ixz
Elaborar esquematização
De forma a reconstruir o texto, construa um esquema com as palavras-chave que permita visualizar o modo como as idéias e conceitos foram articulados pelo autor. Artigos ou textos científicos elaborados a partir de uma pesquisa empírica geralmente apresentam certas características comuns, sendo organizados em sessões como introdução, metodologia, resultados e considerações finais.
Na introdução, é feita uma descrição sucinta sobre o que se conhece e o que ainda se desconhece sobre o tema do trabalho. São delimitados o objeto e a problematização do estudo e indicados os referenciais teóricos utilizados.
Na metodologia são descritos todos os procedimentos realizados na coleta e análise de dados.Há uma caracterização do universo do estudo, tipo de pesquisa e instrumentos adotados, critérios de amostragem e toda informação que demonstre o caminho percorrido para a realização da investigação.
Os principais achados da pesquisa são apresentados nos resultados a partir de categorias, muitas vezes ilustrados com tabelas e gráficos,e devem responder às questões que nortearam o estudo. Finalmente, nas considerações finais o autor faz uma reflexão/discussão acerca dos resultados, apontando lacunas, contribuições e possíveis desdobramentos do estudo.
Durante a leitura desse tipo de texto, aproveite para observar cuidadosamente o seu modo de organização. Afinal, a sua monografia vai ter que seguir uma ordem semelhante, não é? Você terá de elaborar uma introdução, indicar sua fundamentação teórica e a metodologia utilizada, apresentar os resultados e fazer suas considerações ao final do trabalho.
3º passo: Armazenar e organizar os dados
Fichar o texto
Organizar os fichamentos
Fichar o texto
Existem diferentes formas de armazenar os dados, informações e conhecimento obtidos com as leituras.Já vimos que existem diferentes tipos de fichamentos, mas que todos, de alguma forma, buscam sintetizar o conteúdo da obra. Assim, seja qual for o modelo adotado, o importante é que você realize algum tipo de registro do que leu. Primeiro, porque ao escrever sobre o que leu você tem a oportunidade de organizar suas idéias sobre a obra e suas contribuições.
Fichar o texto
a.1)Segundo, porque dessa forma você não precisará consultar a obra completa toda vez que quiser saber sobre ela, pois terá em mãos resumos mais ou menos detalhados sobre seu conteúdo. Isso pode facilitar o seu estudo. E, em terceiro lugar, porque esses textos-síntese de alguma forma já constituem material escrito que você poderá utilizar na elaboração de seu texto monográfico, né?
Veja algumas dicas para sistematizar sua leitura através de um texto-fichamento:
Antes de tudo, anote a referência bibliográfica, no padrão ABNT.
Faça um pequeno resumo das idéias principais
A seguir, elabore uma síntese do conteúdo com sua próprias palavras.
Embora você possa e deva transcrever algumas citações literais entre aspas (sem esquecer de anotar a página de onde ela foi retirada) para enriquecer o texto, não faça fichamentos apenas anotar a página de onde ela foi retirada) para enriquecer o texto, não faça fichamentos apenas com a compilação de trechos da obra original. Afinal, como seu texto monográfico vai exigir elaboração própria, tanto melhor iniciar esse exercício agora.
Organizar os fichamentos
Depois de ler alguns diferentes textos você deve começar a se perguntar:”onde se situa e quais as contribuições dessa obra/desse autor em relação ao campo teórico em geral e ao meu estudo em particular?” organizar os textos-fichamentos por área de afinidade (sub-temas, autores, teorias, etc) Ajuda a pensar de que forma esses autores e suas teorias se relacionam, quais têm mais afinidades ou oposições entre si e por quê.
Assim organizados, eles poderão ser acessados com maior facilidade, além de ajudá-lo a ir construindo uma visão mais geral e ampliada do conjunto de obras/autores estudados. A visão necessária para a elaboração da fundamentação teórica da sua monografia.
Uma certa orientação na leitura de um texto é o que faz a diferença entre ter dificuldade para compreendê-lo ou apropriar-se dele. Somente a sua devida apropriação vai permitir a aprendizagem de novos conceitos e a ampliação da sua compreensão sobre a problemática que definiu como objeto de sua monografia.
Agora, já com todas as orientações necessárias, comece suas leituras. Escolha um primeiro título. Geralmente é mais produtivo tomar obras básicas, que apresentam um panorama sobre o nosso campo de investigação. Elas nos ajudam a situar-
-nos e às leituras subsequentes no campo de estudos onde estamos nos iniciando. Siga as orientações dadas. Elas vãoexigir de você uma atitude comprometida com o estudo, mas acredite, vai fazer toda a diferença!
Aula 4: Características do texto argumentativo-dissertativo
O texto argumentativo-dissertativo
Mesmo que não concordemos com Susanita, devemos reconhecer que ela elaborou um bom argumento, não é? Mas o que isso quer dizer? No dia a dia, nas conversações e discussões que enfrentamos, na tentativa de influenciar e convencer os outros, ao construirmos nossos discursos estamos sempre elaborando argumentos para defender nossas ideias.
Quão mais coerentes e consistentes forem os nossos argumentos, mais forte será a defesa que construímos e, portanto, maior poder de convencimento terá o nosso discurso.
A argumentação é um recurso que usamos para convencer alguém de modo que ele aceite nossas ideias e possa até pensar como nós. 
Na construção da argumentação, os argumentos serão as provas que apresentamos, para demonstrar ao nosso interlocutor que nossas ideias são corretas.
No “discurso acadêmico-científico” não é diferente. Nos debates entre estudiosos e pesquisadores de um determinado campo de conhecimento, esses intelectuais também estarão a todo o momento tendo que apresentar argumentos para defender suas teses. Por isso, nas diferentes modalidades de comunicação científica, e dentre elas a monografia, usamos o texto dissertativo-argumentativo.
O texto dissertativo é um texto de caráter teórico, que tem por finalidade expor minuciosamente um tema, desdobrando-o em todos os seus aspectos. Através de uma estrutura lógica e ordenada de ideias, conceitos, teorias, o autor aprofunda a compreensão do tema, discorre sobre uma ideia, defende um ponto de vista, propõe questionamentos e reflexões.
Dessa forma, o texto dissertativo pode ser expositivo ou argumentativo. 
No expositivo o autor, a princípio, não tem a intenção de persuadir o leitor, mas apenas informá-lo.
Ele quer transmitir, compartilhar um conhecimento expondo/discorrendo sobre um conceito, uma teoria ou confrontar conceitos/teorias, apresentando seus precedentes, demonstrando suas relações e efeitos. 
Já no argumentativo o autor quer persuadir o leitor comprovando a exatidão ou a falsidade de conceitos/teorias discutidas no texto.
Problemática
Quando um pesquisador está diante de uma problemática, para buscar uma resposta às questões que elabora sobre ela, terá que conhecer mais profundamente as contribuições teóricas já construídas que explicam esse fenômeno, de modo a ir progressivamente construindo uma abordagem e, na articulação com os dados que encontrar em campo, elaborar uma resposta a essa problemática.
Assim, mais que apenas apresentar conceitos e teorias que descrevam e expliquem o fenômeno, ele vai precisar se posicionar diante delas e buscar construir respostas convincentes aos questionamentos que elaborou. 
Digo convincentes porque, diante de uma pergunta, geralmente são múltiplas as possibilidades de resposta. Por isso, para defender a sua ideia de “melhor resposta”, o pesquisador terá que elaborar um discurso racional, coerente e consistente, amparado em argumentos sólidos.
Quando em um texto o autor, além de explicar um fenômeno, discorrer sobre um tema, também pretende convencer o leitor da validade de sua abordagem, estamos diante de um texto dissertativo-argumentativo.
Como já dissemos, uma boa argumentação é aquela bem sustentada por “provas” de sua validade, ou seja, de bons argumentos logicamente organizados.
Para isso, não é preciso dizer, é necessário ter um conhecimento o mais abrangente e profundo possível sobre o tema/fenômeno/problemática em questão e muita clareza e precisão acerca das ideias que se pretende defender.
Os textos dissertativo-argumentativos são estruturados em três partes:
Introdução
Na introdução o autor faz uma breve explanação sobre o assunto, apresenta a problemática que o motivou e posiciona-se, apresentando a ideia ou proposição que o autor elaborou como possível resposta à problemática apresentada anteriormente.
Desenvolvimento
No desenvolvimento o autor vai elaborar sua argumentação propriamente dita, ou seja, irá analisar a tese apresentando os argumentos que comprovam sua validade. Eles devem justificar a tese, ou seja, eles devem demonstrar porque o autor defende aquela ideia.
Os argumentos devem estar ordenados e articulados de modo a dar fluidez ao raciocínio e consistência ao discurso. Um bom discurso é aquele que é sustentado e construído a partir de argumentos dificilmente refutáveis, ou seja, que não podem ser questionados ou negados com facilidade. Para sustentar e dar validade a um argumento são usadas várias estratégias argumentativas. As estratégias argumentativas são todos os recursos usados para apoiar os argumentos, gerar credibilidade, impressionar e convencer o interlocutor sobre a argumentação. Os argumentos podem estar apoiados em depoimentos ou citações de especialistas no assunto (argumento de autoridade), em comparações entre situações ou com resultados de pesquisa, em um levantamento histórico, em dados estatísticos, etc. Vamos discutir melhor essas estratégias na próxima aula.
Conclusão
A conclusão ou, como preferimos dizer, as considerações finais, é a parte final do texto, o momento de sintetizar as ideias e responder à questão proposta inicialmente. 
Deve apresentar breve resumo da argumentação desenvolvida e fazer formulação clara do posicionamento do autor. Não se pode apresentar dado ou problematização nova nas considerações finais, afinal, ela é etapa conclusiva do texto e não inicial. No entanto, para além da resposta efetiva à problemática trabalhada, o autor pode, nesse momento, fazer provocações ou indicações/recomendações a partir das conclusões efetuadas.
Como você pode ver, a organização do texto dissertativo-argumentativo é a mesma do texto monográfico.
Na introdução, como vimos, você deverá apresentar o tema/problema objeto de investigação, as questões que norteiam o estudo, os objetivos e a justificativa, assim como a metodologia da pesquisa. Na introdução você deverá apenas indicar a abordagem que irá dar à problemática estudada.
Mas, sua argumentação propriamente dita deverá estar desenvolvida e ancorada nas teorias/conceitos apresentados nos capítulos teóricos e nos dados empíricos relatados no capítulo de apresentação de resultados.
Finalmente, a monografia se encerra com as considerações finais onde, igualmente aos textos dissertativos-argumentativos em geral, você responde à problematização formulada se posicionando.
Vamos fazer um exercício:
Preparar o esquema conceitual da sua monografia.
 
Certamente esse exercício vai ajudar você a estruturar o texto de seus capítulos teóricos. Ele começa na aula de hoje, mas só poderá ser finalizado adequadamente na próxima, quando analisarmos mais cuidadosamente os diferentes tipos de estratégias argumentativas. 
Assim, para preparar a argumentação que você irá desenvolver no seu texto monográfico, veja os passos nas próximas telas.
1º passo: • Diante de seu problema/questões de estudo, reveja o plano de estudos que você elaborou.
• Analise-o cuidadosamente, verifique em que medida para cada capítulo você desdobrou o tema em todos os seus aspectos.
• Ao mesmo tempo, considere em sua análise se a organização proposta para o capítulo expressa uma argumentação plausível para a problemática em estudo, ou seja, em que medida os aspectos que você apresenta podem se reverter em argumentos que explicitam a abordagem que você defende para a problemática estudada.
2º passo: • Defina os argumentos, aspectos a serem considerados na sua argumentação.
• Identifique contra-argumentos para os que você elaborou e verifique o quanto seus argumentos resistem e sustentam a sua tese.
• Procure estatísticas, informações, teorias, situações, testemunhos, exemplos que sustentem cada um de seus argumentos.
(Veja o interessante trabalho do Prof. Valdemar W. Setzer analisando diferentes argumentos sobre esse tema:
SETZER, ValdemarW. Uma revisão de argumentos a favor do uso de computadores na educação elementar. Depto. de Ciência da Computação, Instituto de Matemática e Estatística da USP (última modificação em 13 nov. 1998). Disponível em: <http://www.ime.usp.br/~vwsetzer/argsport.html>.
3º passo: Agora, pense sobre o melhor encadeamento/ordem para a apresentação dos argumentos, considerando as conexões lógicas entre eles. 
Faça um esquema/desenho indicando cada um dos argumentos e suas articulações, de modo que seja fácil compreender a estrutura da sua argumentação.
 
Clique na seta e veja um exemplo.
EXEMPLO:
Tema: A Informática na Educação
Problema: O uso de softwares educativos pode auxiliar o desenvolvimento da alfabetização?
 
Capítulo 1 – O uso da informática na sala de aula
- As transformações sociais recentes e as novas tecnologias de comunicação e informação
argumento: diante das abrangentes e incontestáveis transformações econômicas e culturais promovidas pelas novas tecnologias da comunicação e informação que invadem todas as esferas de nossas vidas, (inclusive a escola) apropriar-se da linguagem digital é uma necessidade para a inserção social e laboral.
- Informática e Educação
Argumentos
- críticas sobre o uso de computadores por crianças e adolescentes: computadores imbecilizam as crianças e as afastam da vida social, promovem um mau uso da língua e desestimulam a leitura.
Contra-argumentos: 
- os jogos e mesmo a linguagem virtual estimulam as funções cerebrais.
- na Internet as crianças podem se comunicar com crianças de diferentes regiões/países.
- para se comunicarem via e-mail, MSN e outras formas de comunicação virtual, as crianças escrevem mais do que em qualquer outro ambiente.
- o ambiente virtual estimula o contato com diferentes tipos de texto.
- o ambiente virtual traz motivação para a aprendizagem (trabalha com imagem, som, etc.)
Quantas vezes eu vou 
precisar rever o que pretendo escrever antes de escrever?
Não é melhor começar a escrever logo? 
Lembre-se: uma viagem tem mais chances de ser bem sucedida, trazendo satisfação para todos os envolvidos, quando for mais bem planejada.
Podemos falar o mesmo para uma aula, uma festa ou para praticamente todas as atividades humanas. E planejar não significa estar fechado para o imprevisto, para o novo, para mudanças no caminho.
Assim, antes de começar a escrever “de qualquer jeito”, pense! Organize suas ideias!
Podemos falar o mesmo para uma aula, uma festa ou para praticamente todas as atividades humanas. E planejar não significa estar fechado para o imprevisto, para o novo, para mudanças no caminho.
Assim, antes de começar a escrever “de qualquer jeito”, pense! Organize suas ideias!
Aula 5: Estratégias Argumentativas
Na aula passada vimos que o “discurso acadêmico-científico”, nas suas diferentes modalidades de comunicação, inclusive na monografia, usa o texto dissertativo-argumentativo.
E que na construção da argumentação para convencer nosso interlocutor de que nossas ideias são corretas usamos argumentos
Vimos também que um bom discurso é aquele onde os argumentos são consistentes e estão ordenados e articulados de modo a dar fluidez ao raciocínio. E que, quão mais coerentes e consistentes forem nossos argumentos, mais forte será a defesa que construímos e, portanto, maior poder de convencimento terá o nosso discurso. Um discurso assim dificilmente será refutável, ou seja, questionado ou negado com facilidade. Vimos ainda que, para sustentar e dar validade a um argumento, são usadas várias estratégias argumentativas.
As estratégias argumentativas
são todos os recursos usados para apoiar os argumentos,
gerar credibilidade, impressionar e convencer o interlocutor sobre a argumentação.
Mas veja bem, as estratégias argumentativas não se confundem com os argumentos. Os argumentos são a ideias que sustentam a tese, eles respondem o “porquê” de o autor defender aquela tese. Por exemplo, diante de uma questão polêmica como a das cotas para negros nas universidades, vários são os posicionamentos possíveis.
Se você assumir um posicionamento favorável, terá que construir argumentos para defender a ideia de que uma cota para negros na universidade é legítima.
Ou seja, terá que dizer “por que” você acha que essa cota deve existir.
Na construção de sua defesa você irá apresentar algumas ideias. Você poderá construir seu discurso argumentando que “negros e brancos não tem as mesmas oportunidades educacionais ao longo da sua trajetória escolar, negros tem menos oportunidades educacionais que brancos e, por isso, para compensar essas desigualdades de condições para disputar uma vaga na universidade, é preciso criar uma medida compensatória que equalize essas condições: a cota.”
A ideia da desigualdade de oportunidades educacionais é seu argumento. É o que explica porque você considera que as cotas são necessárias.
Mas em um discurso científico não basta apresentar a ideia, é preciso dar sustentação a ela.
Dessa forma, podemos considerar estratégias argumentativas tanto a forma como organizamos o discurso como os elementos que utilizamos para demonstrar a validade dos nossos argumentos.
Como podemos confiar no que você diz?
De onde você tirou esse argumento?
Quando elaboramos um texto argumentativo não devemos sustentar toda a nossa argumentação em apenas um argumento. 
A utilização de vários argumentos demonstra a força de uma argumentação.
Exemplo
Assis (1994), em publicação destinada a esclarecimento de educadores sobre violência doméstica apresenta quadro analítico que demonstra o impacto negativo de experiências violentas no desenvolvimento de crianças e jovens. Comportamentos como regressão ao estado de desenvolvimento anterior, destrutividade e autodestrutividade, tendências ao isolamento e ao suicídio, baixa autoestima, problemas de aprendizagem, dentre outros, são característicos em crianças que viveram algum tipo de abuso ou negligência.
Tese
Impacto negativo de experiências violentas no desenvolvimento de crianças e jovens.
Argumentos
Argumento 1: regressão ao estado de desenvolvimento anterior
Argumento 2: destrutividade e autodestrutividade
Argumento 3: tendências ao isolamento e ao suicídio 
Argumento 4: baixa autoestima
Argumento 5: problemas de aprendizagem
A utilização de vários argumentos demonstra a força de uma argumentação.
Outra estratégia que dá força a uma argumentação é quando o autor se antecipa às críticas, ou seja, quando ele prevê a argumentação daqueles que discordariam do seu ponto de vista, dialoga com elas e apresenta argumentos como uma resposta a elas. Antever as considerações contrárias e respondê-las demonstra o quão preparado está o autor. Ele conhece tanto o seu campo de estudos que não conhece apenas algumas, mas muitas das diferentes teorias que o constituem.
Exemplo:
Expressão de uma agressividade instintiva, tão natural e irresistível quanto a fome ou o instinto sexual, é preciso fazer uma distinção. O comportamento humano não é mera resposta instintiva. O ser humano se distingue de outros animais especialmente por sua capacidade de pensar sobre sua existência e dar sentido a ela. Assim, longe de ser um comportamento irracional, a violência se define por uma intencionalidade destrutiva, ou seja, uma vontade com sentido socialmente construído e compartilhado (FREIRE, 1986).
Mas a apresentação de diferentes argumentos/teorias não pode ser feita de qualquer forma. Toda argumentação deve ser um discurso organizado, claro e objetivo, portanto, a disposição dos argumentos ao longo do texto deve ser coerente, dando organicidade ao discurso, ou seja, os elementos que compõem o discurso devem dar completude à tese (não pode haver lacunas de informação) e devem estar articulados segundo uma ordem de hierarquia, que dê um sentido claro à argumentação.  “A criação de relações de causa e efeito é um recurso utilizado para demonstrar que uma conclusão (afirmada no texto) é necessária, e não fruto de uma interpretação pessoal que pode ser contestada.” (CABRAL, M.) Vejaum exemplo:
CORRETO
“Na teoria da transição, a violência é entendida como resultado das tensões provocadas pelos bruscos processos de mudança social, tais como a industrialização e acelerada urbanização.  Variáveis como tamanho das cidades, densidade populacional, perdas de referenciais, levariam à formação de ‘subculturas periféricas nos grandes centros urbanos’.”
 
CAUSA: os bruscos processos de mudança social, tais como a industrialização e acelerada urbanização. 
 
CONSEQUÊNCIAS: 
1-formação de “subculturas periféricas nos grandes centros urbanos”;
2-tensões sociais;
3-violência.
INCORRETO
“Para a teoria da transição, variáveis como tamanho das cidades e da população. A violência é então resultado das tensões.” A industrialização e acelerada urbanização com perdas de referenciais, formação de ‘subculturas periféricas nos grandes centros urbanos. 
 
ERROS:
Frase incompleta: Para a teoria da transição, variáveis como tamanho das cidades e da população,... o quê?
Conclusão apresentada antes de todos os elementos causais serem apresentados: A violência é então resultado das tensões.” A industrialização e acelerada urbanização com perdas de referenciais, formação de ‘subculturas periféricas nos grandes centros urbanos.
Nos textos científicos, a argumentação precisa estar solidamente fundamentada, ou seja, os argumentos precisam estar apoiados em depoimentos ou citações de especialistas no assunto (argumento de autoridade), em comparações entre situações ou com resultados de pesquisa, em um levantamento histórico, em dados  estatísticos, ou seja, em informações de fontes confiáveis de modo a legitimar a argumentação. Veja alguns exemplos:
Argumento de autoridade (depoimentos ou citações de especialistas no assunto)
“Essa ideia não é só minha, cientistas mais experientes que eu compartilham da mesma posição!”
Uma forma de defendermos a validade de nossos argumentos é demonstrar que eles têm adeptos “de peso”, ou seja, que outros cientistas reconhecidos em nosso campo de estudos “concordam” conosco.
Argumento de autoridade (depoimentos ou citações de especialistas no assunto)
CORRETO
A consciência social da violência se reflete de modo muito particular nos diferentes ramos do conhecimento. Podemos considerar ao menos cinco diferentes abordagens sobre o tema: abordagem biologicista, perspectiva psicologicista, teoria da transição, teoria economicista e teoria do Estado forte. (MINAYO e SOUZA, 1998).
 
Obs.: Maria Cecília Minayo é uma das maiores autoridades nos estudos sobre violência no país, coordenando um centro de Pesquisas sobre Violência e Saúde, na Fundação Oswaldo Cruz – reconhecida instituição de pesquisa no Brasil e no exterior.
INCORRETO
O desemprego ou mesmo subemprego é um dos moldes em que se produz a marginalidade que estimula a delinquência, especialmente nas periferias dos grandes centros (DIMENSTEIN, 2012).
 
ERRO: Gilberto Dimenstein, embora seja jornalista famoso e um intelectual interessante, não é pesquisador no campo da violência e, portanto, não tem autoridade reconhecida no campo científico.
Comparações entre situações ou com resultados de pesquisa
“Não foi só em minha pesquisa que encontramos essa situação, em outras pesquisas também!”
Outro modo de legitimar nosso discurso é comparar os exemplos e situações que apresentamos com resultados encontrados em outras pesquisas.
EXEMPLO
Dependendo do enfoque e tipos de perguntas feitas, pode-se encontrar resultados distintos quanto à violência doméstica. Em estudo do  Instituto Latinoamericano de las Naciones Unidas para la Prevención del Delito y el Tratamiento del Delincuente em quatro capitais brasileiras (São Paulo, Rio de Janeiro, Recife e Vitória) 7% das mulheres e 8% dos homens entrevistados relataram algum episódio de violência física ou ameaça de violência nos cinco anos anteriores às entrevistas.
No entanto, no ano anterior, a Fundação Perseu Abramo realizou  pesquisa onde 19% das mulheres entrevistadas em resposta espontânea declararam ter sofrido algum tipo de violência. Quando estimuladas pela indicação de diferentes formas de agressão, 43% declararam já ter sofrido alguma violência.
Dados estatísticos
“Isso não acontece somente na realidade que estou investigando, mas em muitas outras realidades também!”
Demonstrar esses resultados com dados estatísticos reforça a validade de nossas afirmações, afinal, as pesquisas quantitativas geralmente envolvem um grande universo de investigação, implicando numa maior  abrangência de resultados.
Dados estatísticos
CORRETO
Os dados demonstram a relevância do fenômeno:
“A violência é marcadamente uma das questões sociais mais relevantes dos nossos dias. Os homicídios são hoje a primeira causa de morte de  adolescentes entre 10 e 19 anos.” (CLAVES, 1995) 
Os dados demonstram a abrangência do fenômeno:
“Cerca de 66% dos estabelecimentos públicos estaduais em São Paulo sofreram algum tipo de agressão sendo a escola o alvo preferencial (FUKUI, 1992). Segundo  Sposito (2011), ‘Em 1990, em um total de 935 escolas públicas existentes na cidade de São Paulo, entre julho e novembro ( 5 meses) ocorreram cerca de  1732 fatos de violência. Deste total, 35% correspondem à depredação, furto ou roubo’.”
INCORRETO
A violência é marcadamente uma das questões sociais mais relevantes dos nossos dias. Mais de 50% das crianças já viveram alguma forma de violência.
Erro: sem fazer referência à fonte a citação do dado estatístico não tem validade.
São muitas as formas de violência vividas na escola. A maioria das crianças foi vítima de violência doméstica, em especial, o abuso sexual.
Erro: embora os temas tenham afinidade, a estatística não se refere diretamente à afirmação, apresenta dados sobre a violência vivida no lar e não na escola.
Levantamento histórico
“Não é de hoje que essa situação está assim!”
Fazer um levantamento histórico do fenômeno estudado permite demonstrar que o autor não fez uma tomada de posição precipitada, mas que investigou as possíveis causas da situação estudada e as considerou em sua tese.
CORRETO
As crianças estão crescentemente envolvidas com os mais variados tipos de violência. Segundo Assis (1995) Em sociedades antigas o infanticídio era prática aceita e apenas viria a ser condenado a partir do séc. III. Algumas práticas disciplinatórias em 1250 a.C. admitiam até a morte como punição à delinquência infanto-juvenil. Não raro encontramos relatos sobre o uso da palmatória e outros instrumentos para castigar crianças ainda no século XVIII. 
INCORRETO
Na história da minha família, mais de uma vez pode-se constatar situações de violência contra as crianças....
Erro: não estamos falando de história pessoal, mas da história de povos e civilizações.
 
Há muito tempo que essa situação acontece...
Erro: não basta fazer referência ao passado, é preciso apresentar dados históricos e que eles tenham sido resultado de pesquisa científica.
Não é necessário dizer que o emprego da norma culta da língua é imprescindível na elaboração de um texto dissertativo-argumentativo.
Não é possível afirmar a autoridade acadêmica de um autor se ele não domina a língua culta. A correção ortográfica e gramatical do texto afirma a qualidade da formação do autor. Imagine ler o texto de um cientista cheio de erros ortográficos, de concordância e de pontuação. Você logo pensaria:
CORRETO
Estamos vivendo um momento de muitas transformações. Pode-se observar, hoje, uma crescente retirada do Estado não somente da economia, mas também de suas responsabilidades sociais. No Brasil, a crescente privatização e o sucateamento dos sistemas públicos nas áreas  sociais são processos   que apontam para a transformação dos sistemas de educação em mercados educacionais (GENTILLI, 1997).
INCORRETO
Estamos vivendo um momento de muitas transformações - pode-se  observar hoje, uma crescente retirada do estado não somente da economia, mais também de suas responsabilidades social. No Brasil, a crescente privatização e o sucateamento dos sistemas públicos nas áreassociais é processos que apontam para a transformação dos sistemas de educação em mercados educacionais (GENTILLI, 1997).
Como você já deve ter percebido...
E para a construção de um bom texto argumentativo é preciso conhecer bem o tema estudado. Ter lido muitos textos, conhecer as ideias de muitos autores, saber do resultado de outras pesquisas para poder dar uma consistente fundamentação à nossa tese de modo que nossa argumentação seja realizada com sucesso, ou seja, possa convencer  nossos interlocutores de que ela é uma tese válida.
... todas essas estratégias são recursos para afirmar a validade da argumentação.
A aula ainda não acabou...
Veja mais algumas dicas!
Retome o ESQUEMA DA ARGUMENTAÇÃO que você elaborou para sua argumentação e veja que estratégias pode usar para cada argumento. 
Depois, faça um teste para sua argumentação: procure elaborar um discurso (oral ou escrito) de modo a verificar se a progressão das ideias que você propõe obedece a uma sequência lógica do pensamento.
Geralmente, encontramos dificuldades quando vamos transformar o esquema em um texto.
É que embora ambos devam apresentar a mesma lógica de organização dos argumentos, o esquema permite a representação não linear das articulações estabelecida e o texto é necessariamente linear. Ao elaborar o discurso vamos precisar respeitar uma sequência mais linear de apresentação dos argumentos, então, vamos poder verificar se há lacunas, contradições ou desorganização na forma como nossa proposta de argumentação foi pensada.
Bem, agora é “mão na massa”!
Aula 6: Problemas Relativos à Construção Argumentativa
ESTRATÉGIAS ARGUMENTATIVAS
Ao longo das últimas aulas estivemos estudando a estrutura do texto dissertativo-argumentativo. 
Vimos que nesse tipo de texto, além de explicar um fenômeno, discorrer sobre um tema, o autor também pretende convencer o leitor da validade de sua abordagem. E que os textos dissertativo-argumentativos são estruturados em três partes: introdução, desenvolvimento e conclusão.
Na introdução o autor faz breve explanação sobre o assunto, apresenta a problemática que o motivou e posiciona-se, apresentando a ideia ou proposição que o autor elaborou como possível resposta à problemática apresentada anteriormente.
No desenvolvimento o autor vai elaborar sua argumentação propriamente dita, ou seja, irá analisar a tese apresentando os argumentos que comprovam sua validade. Eles devem justificar a tese, ou seja, demonstrar o porquê  de o autor defender aquela ideia.
A conclusão ou, como preferimos dizer, as considerações finais, é a parte final do texto, o momento de sintetizar as ideias e responder à questão proposta inicialmente.  Nela o autor apresenta breve resumo da argumentação desenvolvida e se posiciona diante dos resultados da sua investigação.
Para desenvolver sua tese o autor deve apresentar argumentos que sustentem suas ideias. Um bom discurso é aquele que é sustentado e construído a partir de argumentos dificilmente refutáveis, ou seja, que não podem ser questionados ou negados com facilidade.
Para dar validade e credibilidade a um argumento são usadas várias estratégias argumentativas: depoimentos ou citações de especialistas no assunto (argumento de autoridade), comparações com resultados de pesquisa, levantamento histórico, dados estatísticos, etc.
Uma importante estratégia argumentativa é mesmo a forma como organizamos o discurso. Vimos que numa boa argumentação, os argumentos devem estar ordenados e articulados de modo a dar fluidez ao raciocínio e consistência ao discurso. Mas essa não é tarefa fácil e, muitas vezes, incorremos em erros que comprometem o nosso trabalho. São muito comuns os erros referentes à construção da argumentação e sua consistência teórica, ou ainda os relativos à inadequação da linguagem e formatação.
Um modo de corrigir nossos erros é mantermos uma atitude alerta durante toda a elaboração do trabalho. Vamos apresentar algumas perguntas e analisar alguns erros comuns para ajudá-lo a manter uma atitude crítica e cuidadosa diante do seu trabalho. Na aula de hoje vamos nos concentrar nos erros de construção da argumentação.
Quando estiver estruturando a sua argumentação, você deve se perguntar:
É uma argumentação plausível para a problemática em estudo?
Muitos alunos, no desenvolvimento do seu trabalho monográfico, acreditam que poderão realizá-lo a contento sem fazer as leituras reclamadas por seu professor orientador. Essa ideia está sustentada na crença e, às vezes, até mesmo na experiência que eles têm de “se safar” ao longo de sua trajetória acadêmica fazendo a leitura de fragmentos de textos.
Mas se em outro momento ele apenas teve que elaborar uma parte do trabalho/seminário de grupo, agora terá que elaborar sozinho todo o texto.
Se antes pode ter sido suficiente apenas citar alguns pequenos fragmentos de um texto para ilustrar suas ideias, agora terá que apresentar as teorias completas para fundamentar sua tese e, mais do que dissertar sobre uma problemática, terá  que construir uma tese, o que implica em ultrapassar a compreensão das teorias com que vai trabalhar para poder se posicionar diante delas.
Isso significa que agora a leitura cuidadosa da bibliografia recomendada é fundamental.
Um erro muito comum entre os estudantes é considerar que na monografia eles vão “falar sobre um tema”. A monografia é uma investigação sobre um problema, onde o pesquisador procura RESPONDER A UMA PERGUNTA que orienta a sua pesquisa.
Dessa forma, o texto monográfico deverá apresentar o percurso de reflexão e análise que o pesquisador fez. Por isso, não basta escrever sobre o tema, é preciso ter em mente o tempo todo a pergunta que deu origem àquele trabalho. Mas não de forma ingênua, subjetiva, pessoal. Estamos falando do percurso intelectual, dos estudos, das leituras, análises, reflexões que o pesquisador fez.
EXEMPLO 1
Diante do problema “Quais as dificuldades de aprendizagem enfrentadas por crianças em processo de alfabetização?” uma aluna construiu a seguinte argumentação:
 
“A alfabetização é um processo importante porque desperta na criança o gosto pela leitura como, também, contribui para despertar suas potencialidades e criatividade, ampliar sua visão da realidade e progredir”.
 
O erro neste caso é que o problema refere-se às dificuldades de aprendizagem e a argumentação não se relaciona com as dificuldades de aprendizagem, mas com os efeitos da alfabetização.
E como são os argumentos que sustentam a tese, com o “porquê” de o autor defender aquela tese, você precisa se perguntar:
Os argumentos e estratégias utilizados estão em consonância com a tese apresentada?
EXEMPLO 1
Para o mesmo problema “Quais as dificuldades de aprendizagem enfrentadas por crianças em processo de alfabetização?” uma argumentação adequada deveria ancorar-se em argumentos como:
 
“A alfabetização é um processo complexo que envolve múltiplas dimensões: culturais, pedagógicas, linguísticas. As dificuldades de aprendizagem das crianças durante a aquisição da leitura e da escrita podem estar relacionadas às diferenças culturais e linguísticas entre o ambiente de origem da criança e o da escola, ou aos métodos didáticos empregados, entre outros fatores”
 
Para dar consistência à sua argumentação, é preciso que ela seja abrangente o suficiente para demonstrar o seu domínio sobre o seu campo de investigação e explicitar a abordagem que você escolheu.
Por isso, você deve se perguntar:
Em que medida a organização proposta para a argumentação desdobrou o tema em todos os seus aspectos explicitando a abordagem que você defende para a problemática estudada?
Reconhecemos o valor de uma argumentação tanto quanto o autor demonstra conhecer seu campo de estudos, ou seja, que ele tem relativo domínio não apenas de algumas teorias, mas de muitas das diferentes teorias que o constituem.
Por isso, você deve se perguntar:
Em um trabalho sobre o papel da pesquisa na formação e na prática docente, a aluna dissertou:
 
“De modo geral, as contribuições de alguns autorestêm sido referência para a discussão: Giroux (1997) e sua consideração acerca dos professores como intelectuais transformadores, Shön (2000) e sua análise sobre o reflective practitioner, Perrenoud e sua defesa da prática reflexiva como princípio de formação/profissionalização do professor (2002), Zeichner (2002) e sua defesa da pesquisa como centro da formação e da prática docentes”.
Vimos, inclusive, que uma estratégia que dá força a uma argumentação é quando o autor antevê as críticas à sua tese, ou seja, quando ele conhece tanto sobre o assunto que está estudando, já leu tantos autores que pode prever os questionamentos daqueles que discordariam do seu ponto de vista, dialoga com seus adversários e apresenta argumentos como uma resposta a eles.
Nessa “guerra de ideias” não se pode apenas lançar dúvidas ou “achismos”. Diante do argumento contrário, apresentado geralmente como uma verdade, é preciso apresentar dados, informações, exemplos que possam demonstrar que o argumento contrário é falso ou ao menos parcialmente verdadeiro. Fazendo isso, você fragiliza a argumentação contrária e fortalece sua tese. Se ele faz afirmações generalizantes, apresente casos particulares ou situações concretas que demonstrem o quanto o argumento é discutível quando confrontado com a realidade. Ou ainda, use a mesma lógica construída pelo adversário para demonstrar a inconsistência de sua proposição.  Veja os exemplos abaixo:
Em uma monografia sobre a questão “discriminação racial na escola”, prevendo o argumento de que na sociedade brasileira não há discriminação, a aluna escreveu:
 “Apesar de toda essa discussão sobre o preconceito racial, muitos grupos de nossa sociedade insistem em perpetuá-lo. Uma prova disso é a necessidade de termos expressa em nossa legislação penal a punição a quem comete um ato de discriminação, incluindo o preconceito entre os crimes inafiançáveis.” 
 
Para demonstrar que ainda somos uma sociedade racista ela apresenta a questão legal... se existe lei contra o racismo é porque ainda existe racismo, não é?
Numa monografia sobre “os efeitos das novas tecnologias de comunicação sobre a aprendizagem”, diante de um certo senso comum de que a TV e a Internet tem um efeito negativo sobre o comportamento da criança, o autor do trabalho defende:
 
“Na contramão do que alguns autores e a opinião pública tende a considerar, professores da rede municipal de Sorocaba têm observado melhora na produção textual de seus alunos a partir de projetos de leitura crítica e produção de vídeo”. 
 
A experiência de Sorocaba demonstra que a TV (o vídeo) não é a grande vilã da educação, mas que, ao contrário, pode ser uma aliada. É a “prova concreta” de que ao contrário do que pensam alguns, seu uso educativo pode ser recurso auxiliar na promoção da aprendizagem dos alunos. 
Obs.: lembre-se que só tem força de argumento a experiência coletiva, que alcança um universo social mais amplo. A experiência particular do pesquisador/aluno é fenômeno particular, subjetivo, não tem força na argumentação. 
Mas nós vimos que a apresentação de diferentes argumentos/teorias não pode ser feita de qualquer forma. Toda argumentação deve ser um discurso organizado, claro e objetivo.  
Portanto, a disposição dos argumentos ao longo do texto deve ser coerente, dando organicidade ao discurso, ou seja, os elementos que compõem o discurso devem dar completude à tese (não pode haver lacunas de informação) e devem estar articulados segundo uma ordem de hierarquia que dê um sentido claro à argumentação.  
A argumentação está organizada de forma clara e coerente?
Essa questão tem a ver com a forma como articulamos os autores e suas contribuições. Cada pesquisador terá um estilo próprio de narrativa, mas seja qual for o seu estilo é preciso garantir organicidade ao texto, ou seja, que a “costura” das ideias dos autores consultados seja coerente, faça sentido, não seja uma “colcha de retalhos” que nada diz.
Nesse sentido, muitas vezes a argumentação exige um tratamento histórico. É muito comum nesses casos que a consulta a diferentes autores resulte em encontrar diferentes modos de eles organizarem os fatos históricos. Se construirmos o nosso texto apresentando as contribuições de cada autor, frequentemente vamos incorrer no erro de idas e vindas temporais. Veja:
Isso faz o texto ficar confuso, o leitor acaba por se perder no tempo.
Exemplo 1- Em uma monografia sobre a formação de professores:
“No Brasil, o desenvolvimento do curso de pedagogia foi acompanhado pelo questionamento de sua identidade.É preciso considerar em que contexto se desestrutura e reestrutura a formação do pedagogo no Brasil. Segundo Severin (2000), o curso de pedagogia tem vivido novas influências a partir dos anos de 1980.
Para Silva (2007), desde sua criação o curso de pedagogia criado pelo decreto da lei n 1190 em 1939, apresenta diversas construções identitárias que incidem diretamente na assumida pela formação para a docência nesse curso.
É nossa tarefa estruturar uma linha temporal e apresentar a contribuição dos autores consultados numa ordem cronológica. Veja:
Essa questão adquiriu força por sua retomada histórica identificando três períodos: período das regulamentações (1939/1972), período das indicações (1973/1977) e período das propostas (1978 até 05/12/1999).
Para Silva (2007), desde sua criação o curso de pedagogia criado pelo decreto da lei n. 1190 em 1939, apresenta diversas construções identitárias. Segundo o autor, nesse primeiro período a identidade esteve apoiada na controvérsia a respeito do próprio conteúdo da pedagogia e em consequência disso, construíram-se diferentes posições sobre a manutenção do curso ou até mesmo sua extinção.
Segundo Saviani (2005), a Escola Normal prevaleceu até a aprovação da lei n. 5692, de 11 de agosto de 1971. Mas, as discussões a respeito do estatuto teórico da pedagogia, retomadas no segundo período contribuíram para que, a partir dos 80, fosse se consolidando a ideia da especificidade do conhecimento pedagógico e a elevação da formação em nível superior. (Pereira, 2000).
Bem, agora é com você. Ao elaborar seu texto monográfico verifique se está incorrendo nesses erros e, se for esse o caso, procure corrigir sua argumentação. Isso pode implicar em reescrever ou ainda reler textos para encontrar mais elementos que permitam melhorar a sua argumentação.
Se isso acontecer, não pense que é tempo perdido. Toda vez que estamos pensando, refletindo, analisando nosso problema de estudo, estamos amadurecendo nossas ideias, fortalecendo nossa abordagem sobre o tema, ampliando nossa compreensão da problemática... e isso é sempre bom! É assim que aprendemos e crescemos! Bom trabalho!
Aula 7: Problemas relativos à consistência teórica
Estratégias Argumentativas
Ao longo do curso você deve ter aprendido que o campo científico se constitui a partir de um movimento contínuo de pesquisa e teorização. Mesmo antes de formular um problema de pesquisa todo pesquisador precisa fazer uma revisão da literatura sobre o assunto de seu interesse para tomar contato com resultados de pesquisas e conceitos elaborados por outros pesquisadores mais experientes no seu campo de estudo, de modo a ampliar a sua abordagem sobre seu objeto de estudo.
Afinal, os pesquisadores de um determinado campo construíram formulações acerca das origens, características, a estrutura e o modo de funcionamento dos fenômenos, enfim, formularam proposições e conceitos que permitiram delimitar, explicar melhor e até fazer algumas generalizações acerca dos seus objetos de estudo. Podemos dizer que nas suas interações no campo e a partir de suas experiências de pesquisa eles nos ajudam a amadurecer nosso objeto de investigação.
Explorar a bibliografia pertinente ao tema de estudo permite-nos verificar quais as abordagens dadas ao assunto/fenômeno e que questões têm sido formuladas; leva-nos a desmembrar o problema de investigação em seus processos e elementos constituintes. Nesse momento somos instigados a ampliar sobremaneira nossa abordagem

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