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a metodologia da filosofia para crianças e adolescentes

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Anais do IV - Fórum de Pesquisa Científica e Tecnológica de Ponte Nova - ISSN: 2447-1674 
- 55 -- 55 - 
A METODOLOGIA DA FILOSOFIA PARA CRIANÇA E 
ADOLESCENTE 
 
Gilson José de Oliveira 
Luciene Viana Narciso 
Márcia Soares Gomes 
Miriam Batista dos Reis Souza 
 
RESUMO – A proposta de Matthew Lipman de introduzir o ensino de Filosofia no ensino infantil e secundário 
exige uma abordagem própria e uma abordagem própria. Alguns fundamentos como o diálogo e a formação da 
comunidade investigativa são extremamente necessários. O uso de novelas pelo filósofo norte-americano pode 
ser substituído, no caso brasileiro, por textos literários, músicas ou estórias que suscitem temáticas filosóficas. 
 
Palavras-Chave – Filosofia para Crianças, Metodologia, Lipman. 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
O presente artigo visa abordar a Metodologia da Filosofia para Crianças e Adolescentes, 
na perspectiva de Matthew Lipman. Matthew Lipman nasceu em Vineland, Nova Jersey, a 24 de 
agosto de 1922, e faleceu em West Orange, Nova Jersey, a 26 de dezembro de 2010. É reconhecido como 
pioneiro da Filosofia para Crianças. A sua decisão de trazer a filosofia para os jovens decorreu da sua 
experiência como professor na Columbia University, onde constatou a dificuldade dos seus alunos para 
raciocinar. Isso ocorreu na década de 1960, e nos anos seguintes desenvolveu projetos para superar esse 
vácuo educacional. Assim, percebeu que a deficiência estava ligada à ausência da disciplina Filosofia nos 
primeiros anos da escola e procurou desenvolver-lhes a habilidade de raciocínio particularmente através do 
ensino da lógica. 
A partir de então, desenvolveu o projeto de oferecer a disciplina nas primeiras séries educacionais, 
obtendo sucesso e espalhando a ideia pelo mundo, inclusive no Brasil. 
A crença de que as crianças têm a capacidade de pensar abstratamente desde muito cedo levou-o à 
convicção de que incluir a lógica na educação infantil ajudaria a melhorar a sua habilidade de raciocinar. 
Os seus trabalhos e seu projeto de ensinar a pensar se espalharam pelo mundo e hoje a ideia está muito 
presente no Brasil. Isso por si justifica a presença da disciplina nas grades curriculares do ensino 
pedagógico e a pesquisa sobre o assunto. 
Trabalhar a filosofia com crianças, evidentemente não é a mesma coisa que para adultos, universitários, 
e sobretudo requer uma metodologia apropriada.É disto que trata este artigo, tentando trazer para a 
realidade brasileira a aplicação do que se propõe. 
A partir de algumas aulas e debates, anotações, além de algumas leituras acerca da Metodologia, 
resolveram os autores registrar as conclusões em forma de artigo, dado que o assunto específico, 
Metodologia, não dispõe de bibliografia ampla e acessível. Inicialmente formamos dois grupos distintos, e 
depois compartilhamos os esboços alcançados, para, finalmente, em plenária, construirmos o presente 
texto, aproveitando os dois pré-textos elaborados. 
 
Anais do IV - Fórum de Pesquisa Científica e Tecnológica de Ponte Nova - ISSN: 2447-1674 
 
2. OBJETIVO DA FILOSOFIA PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES 
A Filosofia para Criança e da Adolescentes (FCA) não pretende debater temas como 
uma história da filosofia, ou os grandes temas filosóficos, de forma cabal. Não se atém aos 
grandes filósofos, para dissecar-lhes o pensamento. Visa, em primeiro lugar, ensinar a pensar. 
Pensar de modo filosófico, indo de encontro às causas das coisas e dos fenômenos. Vai de 
encontro ao porquê das coisas. Busca desenvolver as temáticas da existência. Propõe-se 
educar para pensar, para construir cidadãos participativos na sociedade. Educar para a 
cidadania é seu escopo maior. 
A FCA quer ser uma proposta para fazer o elo entre os problemas filosóficos e os 
conceitos estudados em sala de aula, em confronto com o cotidiano que desencadeia reflexão, 
que leva a novos questionamentos. Valendo-se da curiosidade própria da criança, pretende 
criar o hábito de pensar, o gosto em investigar e ter então, desde cedo, uma postura filosófica 
diante da vida. 
Desenvolver o hábito de pensar bem é o centro da preocupação da Filosofia para 
Crianças. Pensar, considerando as possibilidades, percebendo todos os pontos de vista, os 
interesses, o jogo que se estabelece quando se inicia o discurso, informal ou formal. Na atual 
sociedade tecnológica e de mercado, é comum encontrar tudo pronto, à mão, 
instantaneamente. Neste ambiente, tudo está pronto, até o pensamento... dos outros. Descarta-
se a necessidade de pensar. Observa-se o não querer pensar e o não querer que se pense. Não 
sem razão Lipman destaca que as crianças possam pensar por si mesmas, escolher o que 
pensar no sentido de pesquisar, descobrir e aprofundar: 
 
As crianças deveriam adquirir prática em discutir os conceitos que elas considerassem 
importantes. Fazer com que discutam assuntos que lhes são indiferentes priva-as dos 
prazeres intrínsecos de se tornarem educadas e abastece a sociedade com futuros 
cidadãos que nem discutem o que lhes interessa nem se interessam pelo que discutem. 
(LIPMAN, 2001, p. 31) 
 
Nesse entendimento, a FCA se coloca na contramão da pós-modernidade, resistindo ao 
intimismo, ao individualismo, à negação da sociedade como lugar de convívio e construção 
coletiva, ao conhecimento como algo apenas mercadológico. 
 
3. CONCEITO DE FILOSOFIA. 
 
Anais do IV - Fórum de Pesquisa Científica e Tecnológica de Ponte Nova - ISSN: 2447-1674 
 
A filosofia consiste nos questionamentos sobre fundamentos da realidade, sobre os 
processos históricos, as ações e contradições do ser humano. A filosofia busca, sob a forma de 
raciocínio lógico, a raiz das coisas. Nesse sentido, interroga sobre o mundo o homem e o 
conhecimento. Ao contrário do que se pode imaginar, não se trata de um pensar teórico, sem 
valor para a vida: a filosofia é essencial para a tomada de decisões, para a atuação no mundo 
do trabalho, para a ação cultural, para ação política. Além de acompanhar aas análises 
epistemológicas. É essencial para a compreensão da cultura e da sociedade que está inserida. 
 
A Filosofia pode ser definida como a forma de conhecimento que busca explicar o 
real, os fatos, os acontecimentos e tudo que nos cerca de modo racional, lógico e 
sistemático. Neste sentido, filosofar consiste no questionamento sobre os fundamentos 
da realidade, sobre os processos históricos, ações e contradições do ser humano. É 
dentro desse exercício que se coloca o objeto dessa pesquisa. (PEREIRA, J. A.; 
MEDEIROS NETO, J. 2009). 
 
A escola é o espaço de construção do pensamento do aluno, o meio que o educando 
está inserido e que deve favorecer para o processo do seu amadurecimento para atuar na 
sociedade. A educação é um processo de troca entre os interesses dos estudantes, suas 
inquietações e as demandas sociais que a escola representa. 
Esse processo deve começar cedo, tornar-se um hábito, uma repetição, de modo a 
automatizar. Questionar, avaliar, resolver as coisas pelo raciocínio lógico é uma proposta 
importante, desde que a metodologia torne interessante e envolvente a participação da criança. 
Essa não é tarefa simples, mas deve ser buscada e aprimorada. As crianças não estão distantes 
do paradigma da racionalidade adulta, como se pensava: a criança dispõe da curiosidade 
natural de fazer perguntas. E fazer perguntas sobre a vida, o mundo, o conhecimento e o ser 
humano é a constante da filosofia. 
Concordamos com DELEUZE (1992) quando afirma que a função da filosofia é criar 
conceitos. Certamente que a criança pode conceituar a partir de si mesmos, das próprias 
percepções, como também afirma Paulo FREIRE (1979), que a primeira aprendizagem é a do 
mundo, significandoque os primeiros conceitos apreendidos e recriados, são os espaços, as 
coisas primeiras que nos abrigam ou com as quais convivemos. Dessa forma, não podemos 
deixar de admitir que a filosofia está presente desde o inicio da vida, e ocupa um lugar de 
destaque ao longo da existência. 
 
 
Anais do IV - Fórum de Pesquisa Científica e Tecnológica de Ponte Nova - ISSN: 2447-1674 
 
4. A METODOLOGIA 
 Metodologia nos remete de imediato a um plural: um conjunto de métodos, estudados, 
compreendidos, e a consequente possibilidade de escolher aquele que melhor responder as 
necessidades de nosso trabalho. O método em si é aquele caminho percorrido que conduz à 
meta com eficiência e eficácia. Trata-se de um procedimento facilitador, a forma como uma 
abordagem pode ser feita. 
Um método supõe princípio, meio e fim. Supõe que se pretenda dominar o processo 
mais adequando, a ferramenta apropriada, e o ponto de chegada. A pergunta pelo melhor 
método requer o conhecimento do grupo que se tem, do tempo disponível, mas sobretudo é 
fundamental o domínio que se tem sobre ele. Exige um ponto de partida, um desenvolvimento 
e um ponto de chegada, satisfatório pelo menos quando ao processo, não necessariamente 
quanto aos resultados. 
A metodologia é a consideração dos diversos métodos em determinada prática, 
ciência, profissão, e a escolha de um ou mais para o exercício desta prática. Vê-se que o 
próprio processo de escolha já é um filosofar, um pensar para decidir, considerando a 
aplicabilidade. Portanto, metodologia pressupõe a multiplicidade, não a bifurcação: se se trata 
de caminho ser percorrido, é natural que haja vários que se tenha a capacidade e o poder de 
escolher o melhor caminho em cada caso. Na FCA, os caminhos podem se alternar, nunca 
abrindo mão de alguns princípios, considerados por Lipman, e que se tornam como que 
fundamentos da metodologia: O diálogo, a Investigação, a Novela. Esta última, no caso 
brasileiro, sugerimos adiante neste trabalho, deve e pode ser mudado para outras formas 
literárias, ricas e fartas, carregadas de sentido e possibilidades temáticas. 
 A primeira condição da Filosofia é o Diálogo. Compreender o que é o diálogo 
e como ele se dá é pressuposto para a aplicação da proposta de Lipman. Diálogo é, antes. a 
condição de duas possibilidades, a existência de pelo menos dois discursos, isto é, duas ideias 
que se confrontam. Um logos entre dois, que podem ser dois grupos, duas pessoas, duas 
posições antagônicas. A base é o diálogo que é estabelecer relação de comunicação entre duas 
pessoas com falas alternadas para resolução de conflitos. Neste caso entre professor e aluno 
na sala de aula sobre um determinado tema abordado para desenvolver a investigação, o 
raciocínio da criança e do adolescente. Procurando entender o posicionamento do outro as 
razoes ao precisa disso, para o educando pensar e tirar suas próprias conclusões, tendo 
argumento para defender seu ponto de vista sua tese. 
Anais do IV - Fórum de Pesquisa Científica e Tecnológica de Ponte Nova - ISSN: 2447-1674 
 
 A segunda perna da metodologia é que classe precisa se torna uma comunidade de 
investigação. A própria classe deve levantar suas dúvidas e desenvolver temáticas da 
existência, através da pesquisa. 
A comunidade é o lugar do diálogo filosófico, o caminho autêntico de se fazer 
filosofia. As pessoas constroem normas e valores no convívio social e é importante cultivar 
atitudes democráticas nas salas de aula, para formar alunos com ideias democráticas e atitudes 
filosóficas. 
Para conseguir esquentar essa discussão, tornar atraente o debate, Lipman desenvolveu 
as novelas filosóficas. Cada novela tem uma faixa etária destinada, e uma temática a ela 
apropriada. No caso brasileiro, ao invés se apegar ao texto de Lipman, sugerimos que se lance 
mão da riqueza cultural, literária, artística do nosso patrimônio: Estórias, Lendas, Crônicas 
Poesias, Poemas, Peças Infantis e Juvenis, muitas hoje transformadas em vídeos, músicas, 
pinturas, charges, tirinhas, todas são amplas possibilidades que levantam temáticas filosóficas 
e existenciais a serem aproveitadas na Comunidade de Investigação em que deve se 
transformar a sala de aula. 
 
5. FUNDAMENTOS 
Um pressuposto essencial da filosofia para criança e adolescente de Mattew Lipman é 
“o professor de filosofia para crianças deve insistir para que os estudantes considerem as 
ideias que permeiam as discussões em sala de aula, em termos de seus marcos referenciais ou 
contexto”. (PEREIRA, J.A.; MEDEIROS NETO, J. , 2009). 
Para LIPMAN (1995) a construção de uma sociedade democrática, só será possível, 
quando os sujeitos envolvidos na escola tiverem espaço para a reflexão das questões que 
afetam o coletivo, levando-se em conta que a educação escolar tem papel insubstituível na 
construção da cidadania. Desde o início do milênio, educadores perceberam a importância de 
que alunos aprendam a pensar por si. A Filosofia proporciona àqueles que se dedicam a fazê-
la, independentemente da idade. 
 
5.1 Diálogo 
 
Já abordamos a questão do diálogo anteriormente, resta ainda assinalar que não se trata 
de qualquer diálogo. Trata-se do diálogo investigativo, que leva os participantes da 
comunidade de aprendizagem investigativa, a construírem continuamente respostas e soluções 
para suas pesquisas. Está ideia se baseia em aprender bem é aprender manter o mesmo 
espírito de descoberta que prevaleceu quando se descobriu, ou o mesmo espírito de invenção 
Anais do IV - Fórum de Pesquisa Científica e Tecnológica de Ponte Nova - ISSN: 2447-1674 
 
de quando se inventou. Um diálogo que atiça ainda mais a curiosidade, que traz alegria de 
descobrir coisas novas, construir conceitos. Mesmo aqueles conceitos já a existentes, já que 
segundo MORIN, (2017) “o conhecimento é sempre uma tradução, seguida de uma 
reconstrução”. 
A condição primeira do diálogo é ouvir outro. Sem que se saiba ouvir, não há 
nenhuma possibilidade de diálogo, pois este requer compreender as condições do outro. O 
outro é sempre o diferente do “eu”, que só pode ser compreendido quando se expressa. Se não 
há ambiente para a manifestação do seu olhar, de sua compreensão, do modo como vê o 
homem, o mundo, o conhecimento, o diálogo já está interrompido. A expressão de um só é 
discurso. A expressão de dois pontos de vista, em concordância ou discordância, é diálogo. 
Permitir e/ou incentivar o diálogo é construir a possibilidade do mundo, habitado pela 
diferença, pelo múltiplo. Daí, ser tão importante que ele comece nos primeiros anos, no 
filosofar na escola. 
Com o diálogo investigativo, os alunos aprendem a saber buscar, questionar, 
significando abrir caminho em direção ao saber que se desconhece, mas que se pretende 
conhecer. Investigar é dialogar são importantes na pesquisa. 
Ao adotar em comunidade de sala de aula, uma educação dialógica, busca-se corrigir, 
aprimorar ou produzir novas respostas às questões, sem deixar perder no inconsciente ou 
relativismo que levam a respostas vazias devido a suas características particulares. 
 
5. 2 Temas a partir da classe 
 
Os temas podem ser levantados em conjunto entre professores e alunos, depois pode 
fazer uma discussão sobre eles fazendo uma listagem dos melhores temas para ser trabalhados 
junto a classe originando a comunidade de investigação. Pode-se dizer que os temas nascem 
do diálogo. Nascem do chão da sala, do espaço de liberdade criado pela FCA. 
A adolescência é um momento privilegiado da vida, pois é quando se começa a 
questionar as regras, os valores, os comportamentos, as crenças, as ideais. É importante que a 
escola desenvolva o questionar do aluno, incentive essa prática, de modo quese sintam 
seguros para se torna cidadãos críticos na sociedade. Essa fase da vida é propícia ao processo 
de reflexão filosófica e o momento do professor explorar o potencial da classe. Explorando 
conceitos como o que é filosofia, nascimento da filosofia, característica do pensamento 
filosófico e sua relação cultural e valores além da ética e moral na sociedade atual. 
Anais do IV - Fórum de Pesquisa Científica e Tecnológica de Ponte Nova - ISSN: 2447-1674 
 
 Os temas filosofia podem ser abordados em temáticas diversas A fim de se estabelecer 
o elo entre o que pensaram os filósofos no seu tempo e as questões atuais. Fazendo a 
articulação entre a história da filosofia e a crítica a cultura, conhecimentos de valores. 
 
5. 3 Novelas e o caso brasileiro 
As novelas são temáticas filosóficas divididas em capítulos por Lipman.. Cada tema 
disposto para uma faixa etária de idade. Para 6 (seis) e 8 (anos) conhecer a natureza e 
desenvolver a percepção do olhar, ver, tocar, cheirar levantar questões acha alternativas. Para 
9(nove) e (10 dez) anos, discute a linguagem interpretar o contexto da história. Na sequencia, 
os temas éticos, políticos, de cidadania, atingindo a fase da adolescência. Sobre a atenção das 
crianças em relação ao conteúdo das histórias, Lipman afirma: 
As histórias para as crianças são mercadorias preciosas – bens espirituais. Constituem 
a espécie de bens de que não despojamos ninguém ao torná-los nossos. As crianças 
adoram os personagens de ficção das histórias que leem: apropriam-se deles como 
amigos – como companheiros semi-imaginários. Dando às crianças histórias de que se 
apropriar e significados a compartilhar, proporcionam-lhes outros mundos em que 
viver – outros reinos em que habitar (LIPMAN, 2002, p. 62) 
 
Para o caso brasileiro, achamos viável e facilitador o uso intenso de músicas da MPB, 
poemas, vídeos, contos, crônicas, estórias, crônicas, que traduzem rica visão de mundo e que 
são enriquecedoras e diversificadas, propiciando releituras, readaptações, formas variadas de 
apresentação e leitura. Possibilitam a recriação, seja na forma de declamação, representação, 
dança, jogral, encenação, interpretação. Despertam a curiosidade e abrem inúmeras 
perspectivas. Possibilitam o debate, o confronto, educam angústias, levam a experimentar a 
incerteza. 
Só para exemplificar, a música Cidadão, composição do cantor Zé Geraldo, traz uma 
letra que encarna uma visão crítica da história da construção: o operário constrói a escola, 
coloca a mão na massa, mas sua filha não pode nela estudar. Mas onde está o cidadão? Está 
na consciência que ele tem de que esse é um processo injusto, quando a história não considera 
os seus direitos, mas que sabe que pode mudar o destina. Os exemplos seriam infindáveis. 
O caso brasileiro é densamente propício à discussão e investigação filosófica, dado sua 
produção intensa no campo da cultura, tendo sempre um ponto de partida para uma temática 
específica. A criatividade pode ser estimulada na interiorização e recriação, o que tornará o 
aluno realmente sujeito de sua aprendizagem. 
 
Anais do IV - Fórum de Pesquisa Científica e Tecnológica de Ponte Nova - ISSN: 2447-1674 
 
5. 4 Formas de Execução 
Lipman sugere que sempre se faça a aula em círculo, para que todos possam se ver e 
conversar. Pode-se fazer a leitura em grupo, cada aluno lendo um pequeno trecho de um 
episódio ou de um capítulo da novela filosófica. Em nosso caso, que se leia um parágrafo, 
uma estrofe, de uma poesia, uma crônica, um conto. Ou, que antes da música ser cantada, 
tocada, que se analise a letra. A partir de então, solicita-se aos alunos que levantem questões 
que a leitura do texto possa ter sugerido. 
 O professor registra as questões por escrito na lousa ou em grandes folhas de papel, 
colocando o nome dos autores das questões. Isso é importante, significando a valorização do 
pensamento de cada um. Faz-se com o grupo uma análise das questões e procura-se agrupar 
as questões por temas, de acordo com as relações que determinadas questões possam ter entre 
si. 
Obtidos grupos de questões por temas, ou obtidos temas que convergem algumas 
questões, propõe-se ao grupo a escolha de um ou mais temas para discussão, isto é, para a 
investigação. 
 Inicia-se a investigação filosófica (dialógica) ou o diálogo filosófico investigativo, 
partindo das questões dos alunos e a elas juntando novas questões surgidas no grupo ou postas 
pelo professor. O final do processo é o momento determinado pelo tempo disponível, em que 
a discussão ou o diálogo se encerra. 
 
5.5 O Papel do professor 
 
O Papel do professor é, neste caso, o de pesquisador, investigador, membro da 
comunidade de investigação, mas ao mesmo tempo de mediador, moderador dos debates, 
atento a tudo o que vai surgir de demanda investigativa. Deve dispor de capacidade para ouvir 
e estimular a condição de diálogo. Ter a percepção de não deixar ninguém de fora, mesmo os 
mais contidos. 
Outro aspecto importante é o de puxar a classe para o fundo, isto é, conduzir à análise 
mais radical, questionando os diversos ângulos ou pontos de vista que podem ocorrer numa 
temática. Puxar para o fundo é aprofundar, deixando claro o que ainda pode ser buscado pela 
classe que quiser saber mais. Assim se expressa Tânia Silva SOUZA: 
 
O professor de filosofia na educação infantil deve dispor-se de técnicas, e recursos 
para conversar com as crianças e para intervir no sentido de manter e aprofundar a 
Anais do IV - Fórum de Pesquisa Científica e Tecnológica de Ponte Nova - ISSN: 2447-1674 
 
conversação, permitindo que ela alcance as características de um diálogo filosófico. O 
professor deve ter uma postura adequada que em suas metodologias estejam presentes 
às habilidades, que a filosofia desenvolve. O papel do professor é despertar a 
curiosidade, indagar a realidade, problematizar, ou seja, transformar os obstáculos, em 
dados para reflexão. Assim o docente deve investigar a necessidade do aluno e a partir 
da realidade, problematizar, criar situações de diálogo. (SOUZA, 2013). 
 
Vê-se que a postura do professor deve ser democrática, participativa, dialogante O perfil 
não é só de conhecimento acumulado mas de técnicas desenvolvidas. As duas coisas, 
conteúdo e técnica, se ajudam, e o professor há de conseguir esse equilíbrio. Compreender o 
momento presente de sua história faz parte desse esforço de tornar produtivas as aulas e 
interagir com os educandos. 
 
6. Conclusão 
 
 O professor de FCA deve se propor a educação para o pensar, isto resta claro. Por isso, 
o ensino de filosofia requer professores que estejam dispostos a examinar ideias, a 
comprometer-se com a investigação dialógica e a respeitar os temas que estão sendo 
debatidos. 
O papel do professor na comunidade de investigação é de mediador. Retirar as 
perguntas, e a partir delas retirar as temáticas. As conclusões não são mais importantes. E 
importante desenvolver a partir da participação. O papel do professor de filosofia para 
crianças e adolescentes não é o de responder as perguntas dos estudantes, mas estimular sua 
busca de respostas. . 
O que Lipman estabelece como novelas e que está estratificado, pode ser diversificado 
e multiplicado e até recriado na realidade brasileira, já que a nossa literatura, em especial, a 
nossa música, por exemplo, trazem um universo de conteúdo abrangente e que levantam 
temáticas de grande apelo filosófico. E são mais acessíveis e de mais fácil aceitação. 
A metodologia é fundamental, e deve se ater a questão do diálogo e da investigação 
em comunidade. Tendo esses pilares como critérios, cumpre destacar aí um espaço deliberdade e autonomia, que permita ao professor fazer da aula um lugar de prazer e alegria, de 
convivência feliz, no qual todos se sintam pessoas. Sem essa autonomia e essa liberdade, 
considerados pela escola como um todo, a aula de filosofia será um espaço comprimido e 
opressor. Essencial é que a metodologia permita que professores e alunos possam vivenciar 
Anais do IV - Fórum de Pesquisa Científica e Tecnológica de Ponte Nova - ISSN: 2447-1674 
 
desde cedo, o que a vida lhes cobra cotidianamente: saber decidir sobre a própria vida e os 
direitos da comunidade onde vivem. 
 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Pires Helena Maria. Filosofando. 3° edição 
revista. São Paulo: Editora Moderna, 2003. 
 
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Pires Helena Maria. Temas de Filosofia. 3° 
edição revista. São Paulo: Editora Moderna, 2005. 
 
PEREIRA, J. A.; MEDEIROS NETO, J. / UNOPAR Cient., Ciênc. Human. Educ., Londrina, 
v. 10, n 1, p. 61-68, Jun. 2009. 
 
DANIEL, Marie France. A Filosofia e as crianças prefácio de Matthew Lipman.1° edição. 
São Paulo: Editora Nova Alexandria Ltda, 2000. 
 
 DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Felix. O que é Filosofia. Tradução de Bento Prado 
Jr. e Alberto Alonso Muñoz, Coleção Trans,São Paulo, 1992. 
 
FREIRE, Paulo. Educação e Mudança. Paz e Terra, São Paulo, 1979. 
 
KOHAN, Walter Omar. Filosofia para Crianças – A Tentativa Pioneira de Mathew Lipman, 
Petrópolis, 1988. 
 
LEAL, Bernadina. Leituras da infância na poesia de Manoel de Barros . In: Lugares da Infância: Filosofia . 
Walter O. Kohan, et al. Rio de Janeiro: DP & A, 2004. 
MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários a educação no futuro. 
http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/EdgarMorin.pdf. Acessado em 30/10/2017. 
 
LIPMAN, M.; SHARP, A. M.; OSCANYAN, F.S. A filosofia na sala de aula. Tradução de 
Ana Luiza Fernandes Marcondes. São Paulo: Nova Alexandria, 2001. 
Anais do IV - Fórum de Pesquisa Científica e Tecnológica de Ponte Nova - ISSN: 2447-1674 
 
 
PEREIRA, J.A.; MEDEIROS NETO, J. A Possibilidade do Ensino de Filosofia Para Criança: 
Uma Abordagem a Partir do Pensamento de Matthew Lipman. Cient., Ciênc. Human. Educ., 
Londrina, v. 10, n 1, p. 61-68, Jun. 2009. 
 
SOUZA, Tânia Silva, 
https://www.marilia.unesp.br/Home/RevistasEletronicas/FILOGENESE/taniasouza.pdf, 2013, 
acessado em 30/10/2017.

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