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Conceito de Crime no Direito Penal

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Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 1
CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL – ANALISTA JUDICIÁRIO - TJDFT 
PROFESSOR: PEDRO IVO 
 
AULA 02 – DO CRIME – PARTE 01 
 
Olá, Pessoal!!! 
 
Hoje iniciaremos tratando da parte referente ao crime e chegaremos a alguns 
pontos de muita importância para sua PROVA. 
Lembre-se de que os conceitos tratados anteriormente serão essenciais para o 
correto entendimento do que virá e, portanto, caso ainda haja dúvidas, “ganhe 
tempo” e releia o que já vimos. 
 
Dito isto, vamos começar! 
 
Bons estudos!!! 
****************************************************** 
2.1 CRIME: NOÇÕES INTRODUTÓRIAS 
 
 2.1.1 CONCEITO 
 
O conceito de crime é o ponto inicial para a compreensão dos principais 
institutos do Direito Penal. Embora aparentemente simples, a sua definição 
completa apresenta questões complexas que acarretam várias 
consequências ao estudo dos principais pontos para sua PROVA. 
O crime pode ser conceituado levando em conta três aspectos. Vamos 
conhecê-los. 
 
2.1.1.1 CRITÉRIO MATERIAL (SUBSTANCIAL) 
 
Crime segundo o critério material é toda ação ou omissão humana que 
lesa ou expõe a perigo bens jurídicos tutelados pelo direito. Segundo 
este conceito, não basta a lei dispor sobre uma conduta ilícita, mas 
também há que ser verificado a relevância do mal produzido pelo ato. 
Quando Tício mata Mévio, há relevância quanto ao mal causado? Claro 
que sim, logo, segundo o critério material é crime. 
Em um primeiro momento, parece uma definição simples, mas agora 
pergunto, caríssimo aluno: “ Imaginemos uma lei criada que comina 
penalização de 3 a 8 anos de reclusão aos indivíduos que rasparem a 
 
 
 
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cabeça no estilo Ronaldinho na copa de 2002.” Segundo o critério 
material, a simples lei bastará para caracterizar a ilicitude da conduta? 
A resposta é negativa, pois segundo a análise do delito pelo critério 
material não basta, e nem é necessária, uma lei para que qualquer 
conduta seja considerada penalmente ilícita. É preciso, simplesmente, 
que o ato criminalizado apresente relevância jurídico-penal, mediante a 
provocação de dano ou ao menos exposição à situação de perigo em 
relação a bens jurídicos penalmente relevantes. 
Seus defeitos são definidos por Machado: "É evidente que, pela sua 
amplitude conceitual, a definição material de crime tem sabor pré-
legislativo, de orientação e parâmetro à liberdade legislativa de criação 
de delitos... Não presta à formulação dogmática pela sua volatilidade e 
insegurança conceituais". 
 
2.1.1.2 CRITÉRIO LEGAL 
 
Segue exatamente a definição apresentada pelo legislador no art. 1º da 
Lei de Introdução ao Código Penal. Observe: 
 
Art. 1º Considera-se crime a infração penal que a lei comina 
pena de reclusão ou de detenção, quer isoladamente, quer 
alternativa ou cumulativamente com a pena de multa; 
contravenção, a infração penal a que a lei comina, 
isoladamente, pena de prisão simples ou de multa, ou 
ambas. alternativa ou cumulativamente. 
 
Sendo assim, pelo critério legal, como você vai diferenciar, na sua prova, 
se é crime ou não? BASTA LER A PENA!!! Se lá estiver escrito: 
RECLUSÃO OU DETENÇÃO... Pronto! É CRIME SEGUNDO O 
CRITÉRIO LEGAL. 
Mas e se viesse uma nova lei e inserisse na Lei de Contravenções Penais 
uma conduta punível com Detenção... Seria Crime ou Contravenção? 
CRIME!!! Como eu falei anteriormente, PARA SUA PROVA, considere: 
 
 
 
 
 
 
 
SE NAA PENNALLIZZAAÇÇÃÃOO HOOUVVEERR AA PALAAVVRA DDEETTEENNÇÇÃO OOU 
RREECCLLUUSSÃÃOO �� ÉÉ CCRRIIMMEE SSEEGGUUNNDDOO OO CCRRIITTÉÉRRIIOO LLEEGGAALL 
 
 
 
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2.1.1.3 CRITÉRIO ANALÍTICO (TAMBÉM CHAMADO 
FORMAL/DOGMÁTICO) 
 
Esse critério de conceituação do crime tem o foco principal nos 
elementos (caracteres) que vão compor a estrutura do delito e aqui 
surge uma grande divergência doutrinária, talvez a maior da teoria geral 
do crime. 
De forma bem objetiva, o que acontece é o seguinte: Os autores 
definiram alguns elementos que podem compor o conceito de crime 
segundo o critério analítico e, a partir da combinação de dois ou mais 
destes caracteres, criaram suas teorias. 
 
Os seguintes elementos compõem as teorias que em seguida veremos: 
11.. TTIIPPIICCIIDDAADDEE;; 
2. ILIICIITTUUDE ((ANTTIIJURRIDDIICIIDADDEE)); 
3.. CULLPABBIILIIDDADDEE;; EE 
44.. PPUUNNIIBBIILLIIDDAADDEE 
No decorrer do nosso curso trataremos minuciosamente de cada um 
destes caracteres, mas, antes de seguir, pelo menos um conhecimento 
básico do significado destas palavras você tem que ter. Sendo assim, 
vamos abrir o dicionário de concurseiro: 
CONHECER PARA ENTENDER!!! 
O LEGISLADOR ACHOU POR BEM CRIAR DOIS DISPOSITIVOS 
DIFERENCIADOS PARA TRATAR DOS CRIMES E DAS CONTRAVENÇÕES. 
OS CRIMES ESTÃO DEFINIDOS NO CÓDIGO PENAL, ENQUANTO AS 
CONTRAVENÇÕES, NA LEI DE CONTRAVENÇÕES PENAIS. EM TERMOS 
PRÁTICOS, A DIFERENÇA ENTRE CRIMES E CONTRAVENÇÕES É A 
GRAVIDADE QUE O LEGISLADOR ATRIBUI À CONDUTA E, 
CONSEQUENTEMENTE, À PENALIZAÇÃO. 
O QUE VOCÊ ACHA QUE É MAIS GRAVE: COMEÇAR A GRITAR ÀS 23:00 E 
ACORDAR OS VIZINHOS OU PASSEAR NÚ NA AVENIDA PAULISTA ÀS 
17:00? 
CREIO QUE VOCÊ RESPONDEU PASSEAR NÚ, CORRETO? EXATAMENTE 
POR ISSO O LEGISLADOR CLASSIFICOU TAL CONDUTA COMO CRIME E 
ENQUADROU A SEGUNDA COMO CONTRAVENÇÃO. 
“MAS PROFESSOR... ENTÃO A ÚNICA DIFERENÇA É ESSA? AS 
PENALIZAÇÕES?” 
SIM, PARA A SUA PROVA, ESTA É A ÚNICA DIFERENÇA!!! 
 
 
 
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Agora que você já tem ao menos uma noção dos conceitos, vamos tratar 
das teorias. Neste momento inicial, atenha-se em entender cada uma 
delas, não se preocupando, efetivamente, com discussões doutrinárias e 
jurisprudenciais. 
 
1. TEORIA QUADRIPARTIDA � Considera que o crime é composto 
pelo FATO TÍPICO + ILICITUDE + CULPABILIDADE + 
PUNIBILIDADE. Sem entrar em explicações desnecessárias para 
sua PROVA, esta teoria é adotada pela doutrina minoritária e, hoje, 
não encontra aplicabilidade prática. 
 
 
 
 
2. TEORIA CLÁSSICA DA AÇÃO � Para esta teoria o crime é um 
FATO TÍPICO + ILÍCITO E CULPÁVEL, não sendo necessário 
que seja punível. 
DICIONÁRIO DO CONCURSEIRO 
TIPICIDADE � ADEQUAÇÃO ENTRE O FATO E A CONDUTA DEFINIDA EM LEI. 
EXEMPLO: QUANDO TÍCIO MATA MÉVIO ADEQUA-SE PERFEITAMENTE AO FATO 
TIPIFICADO NO ART. 121 DO CP – MATAR ALGUÉM. 
ILICITUDE � CONDUTA DEFINIDA EM LEI COMO ILÍCITA. 
EXEMPLO: SE TÍCIO MATA CAIO, PODEMOS DIZER QUE A CONDUTA É TÍPICA. MAS 
É ILÍCITA SEMPRE? A RESPOSTA É NEGATIVA, POIS SE ELE MATOU EM LEGÍTIMA 
DEFESA, POR EXEMPLO, ELA PASSA A SER LÍCITA. 
CULPABILIDADE �� JUÍZO DE REPROVAÇÃO SOBRE DETERMINADA 
CONDUTA QUE CONTRARIA A NORMA PENAL. 
EXEMPLO: MÉVIO DIZ PARA CAIO: “OU VOCÊ BATE EM TÍCIO OU EU ESTUPRO SUA 
MULHER”. DIANTE DA SITUAÇÃO, CAIO GERA LESÕES CORPORAIS EM TÍCIO. 
NESTE CASO, CAIO TEVE “CULPA”? CLARO QUE NÃO, POIS ESTAVA MEDIANTE 
COAÇÃO. LOGO, A CONDUTA NÃO É CULPÁVEL. 
PUNIBILIDADE �� POSSIBILIDADE DO ESTADO PUNIR O INFRATOR. 
EXEMPLO: CAIO MATAMÉVIO E DEPOIS SE MATA. PARA ESTA SITUAÇÃO, HÁ 
COMO PUNIR CAIO? CLARO QUE NÃO, POIS ELE JÁ ESTÁ MORTO. 
TEORIA QUADRIPARTIDA 
FATO TÍPICO + ILÍCITO + CULPÁVEL + PUNÍVEL 
 
 
 
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A lógica é clara. Imaginemos que Tício mata Mévio e depois se 
mata. Podemos dizer que pela ausência da punibilidade (devido à 
morte) não existe crime? Claro que não!!! 
 
 
 
 
3. TEORIA BIPARTIDA OU FINALISTA DA AÇÃO � Considera-se 
crime o FATO TÍPICO E ILÍCITO. Nesta teoria, para a 
configuração do delito bastam o fato típico e a ilicitude, ao passo 
que a presença ou não da culpabilidade/punibilidade importará 
somente na possibilidade ou não da pena ser imposta. 
 
 
 
 
Resumindo: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2.1.2 SUJEITOS DO CRIME 
 
Sujeitos do crime são as pessoas ou entes relacionados a pratica e aos 
efeitos da empreitada criminosa. Dividem-se em sujeito ativo e sujeito 
passivo. Vamos conhecê-los a partir de agora. 
TEORIA CLÁSSICA DA AÇÃO 
FATO TÍPICO + ILÍCITO + CULPÁVEL 
TEORIA FINALISTA DA AÇÃO 
FATO TÍPICO + ILÍCITO 
TEORIA QUADRIPARTIDA 
• TÍPICO 
• ILÍCITO 
• CULPÁVEL 
• PUNÍVEL 
 
TEORIA CLÁSSICA 
• TÍPICO 
• ILÍCITO 
• CULPÁVEL 
 
TEORIA FINALISTA 
• TÍPICO 
• ILÍCITO 
 
 
 
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2.1.2.1 SUJEITO ATIVO 
 
É quem pratica a figura típica descrita na norma penal incriminadora. 
Somente o ser humano, isoladamente ou associado a outros, possui 
capacidade para delinquir (autoria ou co-autoria). Aqui temos que definir 
importantes conceitos: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O sujeito ativo do crime recebe, de acordo com a situação processual em 
que se encontra, a terminologia de indiciado (no inquérito policial), 
agente (sentido geral), acusado (após a denúncia do Ministério Público), 
denunciado, réu, sentenciado, dentre outros. 
DICIONÁRIO DO CONCURSEIRO 
 
AUTOR � TODA A PESSOA QUE PRATICA O NÚCLEO DO TIPO PENAL. 
POR EXEMPLO: ART. 121, CP: “MATAR ALGUÉM...”. TIPO OU TIPO PENAL 
É UM MODELO ABSTRATO QUE DESCREVE UM COMPORTAMENTO 
PROIBIDO NO MEIO SOCIAL. O NÚCLEO DO TIPO REVELA-SE POR UM OU 
MAIS VERBOS, POR EXEMPLO: “MATAR” (121, CP), “SOLICITAR OU 
RECEBER” (357, CP). 
EM SUMA, QUEM PRATICA O VERBO DO TIPO, PRATICA O SEU NÚCLEO. 
 
CO-AUTOR � PODE SER ENTENDIDO COMO AQUELE AGENTE QUE MAIS 
SE APROXIMA DO NÚCLEO DO TIPO PENAL, JUNTAMENTE COM O AUTOR 
PRINCIPAL, PODENDO SUA PARTICIPAÇÃO SER PARCIAL OU DIRETA. 
EXEMPLO: “A” E “B” ESFAQUEIAM A VÍTIMA ATÉ A MORTE”. 
 
PARTÍCIPE � É AQUELE INDIVÍDUO QUE NÃO PARTICIPA DOS ATOS DE 
EXECUÇÃO, MAS AUXILIA O AUTOR (OU CO-AUTOR) NA REALIZAÇÃO DO 
FATO TÍPICO. 
ESTA PARTICIPAÇÃO PODE SER MORAL OU MATERIAL. 
A PARTICIPAÇÃO MORAL PODE OCORRER QUANDO O PARTÍCIPE 
INDUZIR O AUTOR A REALIZAR UM FATO ILÍCITO (OU ANTIJURÍDICO), 
“ATÉ ENTÃO INEXISTENTE”. O PARTÍCIPE PODE AINDA INSTIGAR O 
AUTOR A REALIZAR A IDÉIA PRÉ-EXISTENTE NA SUA CABEÇA, 
REFORÇANDO-A. 
NA PARTICIPAÇÃO MATERIAL, COMO O PRÓPRIO NOME SUGERE, O 
AGENTE PARTICIPA MATERIALMENTE COM A CONDUTA. EX: TÍCIO 
FORNECE UMA ARMA PARA MÉVIO MATAR SEU DESAFETO, LOGO, É 
PARTÍCIPE DO DELITO. 
 
 
 
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Neste ponto, para sua PROVA, não há necessidade de você conhecer a 
diferença jurídica de indiciado para réu ou mesmo de acusado para 
agente. Basta apenas que você saiba que se aparecer uma das 
supracitadas denominações, a banca estará se referindo ao SUJEITO 
ATIVO. 
Ainda dentro do tema, para que um indivíduo seja considerado sujeito 
ativo, é necessário que ele detenha capacidade penal, que nada mais é 
do que o conjunto de condições exigidas para que um sujeito possa se 
tornar titular de direitos ou obrigações no campo do direito penal. 
Exatamente por isso que os mortos ou os animais e entes inanimados 
não podem ser SUJEITOS ATIVOS, podendo, entretanto, serem objetos 
ou instrumentos do crime (ex: sujeito que treina cão para matar alguém. 
O cão é instrumento do crime e não sujeito ativo). 
Bom, caro(a) aluno(a), até aqui falamos das pessoas FÍSICAS, mas e as 
PESSOAS JURÍDICAS, podem se enquadrar como SUJEITO ATIVO de 
um delito? 
Há duas correntes em relação à pessoa jurídica poder ser sujeito ativo: 
 
1ª) TEORIA DA FICÇÃO� A personalidade jurídica somente existe por 
determinação da lei e dentro dos limites por ela fixados. Não tem a 
pessoa jurídica consciência e vontade próprias. É uma ficção legal. 
Para esta corrente, a pessoa jurídica não pode ser sujeito ativo do 
crime, pois não tem capacidade penal. Quem atua por ela são seus 
membros, seus diretores, que serão responsabilizados pelo delito 
cometido em nome da pessoa jurídica. Assim, somente os responsáveis 
concretos pelo delito (gerentes, diretores) são responsabilizados 
penalmente. 
 
2ª) TEORIA DA REALIDADE (PREDOMINANTE) �� Existe o 
entendimento de que a pessoa jurídica é um ser natural e que tem 
vontades próprias. Conforme Nucci, "porque elas fazem com que se 
reconheça, modernamente, sua vontade, não no sentido próprio que se 
atribui ao ser humano, resultante da própria existência natural, mas em 
um plano pragmático-sociológico, reconhecível socialmente. Essa 
perspectiva permite a criação de um conceito denominado 'ação 
delituosa institucional', ao lado das ações humanas individuais". 
Diante disso, entende-se que a pessoa jurídica possa delinquir. 
Tal entendimento é o adotado pela banca e também pelo Superior 
Tribunal de Justiça nos seguintes termos: 
 
 
 
 
 
 
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Assim, sendo propositalmente repetitivo: 
 
 
 
 
 
 
A adoção deste entendimento tem por base diversos dispositivos que 
deixam clara a opção do legislador em aplicar a teoria da realidade em 
nosso ordenamento jurídico. 
A CF/88, nos artigos 173, §5º e 225, §3º, determinou que a legislação 
ordinária estabelecesse a punição da pessoa jurídica nos atos cometidos 
contra a economia popular, a ordem econômica e o meio ambiente. Veja: 
 
Art. 173 
 [...] 
§ 5º - A lei, sem prejuízo da responsabilidade individual dos 
dirigentes da pessoa jurídica, estabelecerá a responsabilidade 
desta, sujeitando-a às punições compatíveis com sua natureza, 
nos atos praticados contra a ordem econômica e financeira e 
contra a economia popular. 
 
STJ - RECURSO ESPECIAL: REsp 889528 SC 2006/0200330-2 
PROCESSUAL PENAL. RECURSO ESPECIAL. CRIMES CONTRA O 
MEIO AMBIENTE. DENÚNCIA REJEITADA PELO E. TRIBUNAL A QUO. 
SISTEMA OU TEORIA DA DUPLA IMPUTAÇÃO. 
Admite-se a responsabilidade penal da pessoa jurídica em crimes 
ambientais desde que haja a imputação simultânea do ente moral e 
da pessoa física que atua em seu nome ou em seu benefício, uma 
vez que "não se pode compreender a responsabilização do ente 
moral dissociada da atuação de uma pessoa física, que age com 
elemento subjetivo próprio" cf. Resp nº 564960/SC, 5ª Turma, Rel. 
Ministro Gilson Dipp, DJ de 13/06/2005 (Precedentes). Recursoespecial provido. 
AADDMMIITTEE--SSEE AA RREESSPPOONNSSAABBIILLIIDDAADDEE 
PPEENNAALL DDAA PPEESSSSOOAA JJUURRÍÍDDIICCAA 
 
 
 
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 A Lei n.º 9.605/98, referente aos delitos cometidos em desfavor do meio 
ambiente, fez com que essa teoria ganhasse força, uma vez que, em seu 
artigo 3°, dispôs: 
 
Art. 3° As pessoas jurídicas serão responsabilizadas 
administrativa, civil e penalmente conforme o disposto nesta 
Lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de 
seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, 
no interesse ou benefício da sua entidade. 
Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas jurídicas não 
exclui a das pessoas físicas, autoras, co-autoras ou partícipes do 
mesmo fato. (grifo nosso) 
 
2.1.2.2 SUJEITO ATIVO QUALIFICADO 
 
Conforme vimos, a maioria dos crimes podem ser cometidos por 
qualquer pessoa, bastando apenas a capacidade penal geral. 
Entretanto, há crimes que reclamam determinada capacidade especial 
penal por parte do sujeito ativo, ou seja, certa posição jurídica (Ex: Ser 
funcionário público para cometer o crime de peculato), ou posição de 
fato (Ex: Ser gestante para cometer auto-aborto - infanticídio). 
Nesses casos, os sujeitos ativos são chamados de "sujeitos ativos 
qualificados", os quais praticam os crimes próprios. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2.1.2.3 SUJEITO PASSIVO 
 
É o titular do bem jurídico lesado ou ameaçado. É o coitado que morre 
no crime de homicídio, o marido que sofre lesões corporais graves de sua 
mulher, ou mesmo o possuidor da coisa no furto. 
CRIME PRÓPRIO QUANTO AO SUJEITO ATIVO É AQUELE QUE 
EXIGE DO AGENTE CERTOS REQUISITOS NATURAIS OU SOCIAIS 
QUE O TORNA CAPAZ DE FIGURAR COMO SUJEITO EXECUTOR 
DAQUELE CRIME. EXEMPLIFICA-SE COM OS CRIMES QUE EXIGEM 
A CONDIÇÃO DE "FUNCIONÁRIO PÚBLICO" PARA QUE POSSA O 
INDIVÍDUO PERPETRAR A INFRAÇÃO. 
 
 
 
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Nada impede que, em um determinado delito, dois ou mais sujeitos 
passivos existam, desde que estes tenham sido lesados ou ameaçados 
em seus bens jurídicos definidos no tipo penal. 
Pode ser denominado de vítima ou de ofendido e divide-se em duas 
espécies: 
 
1 - SUJEITO PASSIVO FORMAL OU MEDIATO � É O ESTADO!!! 
“Mas, como assim, professor? Um indivíduo é vítima de roubo, por 
exemplo, e o sujeito passivo é o Estado?”. 
Exatamente!!! O Estado é o sujeito passivo mediato, pois, por ser o 
titular do mandamento proibitivo não observado pelo sujeito ativo, é 
sempre lesado pela conduta do sujeito ativo. 
 
2 - SUJEITO PASSIVO MATERIAL OU IMEDIATO � É o titular do 
interesse penalmente protegido. É aquele que sofre a lesão do bem 
jurídico de que é titular (vida, integridade física, honra etc.). Podem ser 
sujeito passivo material: 
 
• AS PESSOAS FÍSICAS � Ex: Homicídio: 
Art. 121. Matar alguém: 
Pena - reclusão, de seis a vinte anos 
 
• O ESTADO � Ex: Crimes contra a Administração Pública: 
Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou 
qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a 
posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou 
alheio 
 
• A PESSOA JURÍDICA � Ex: A companhia de seguro, como 
pessoa jurídica (art. 171, § 2º, V, CP - fraude para o recebimento 
de indenização ou valor de seguro - Estelionato) 
 
• A COLETIVIDADE �(art. 286, CP – incitação ao crime). 
Art. 286 - Incitar, publicamente, a prática de crime: 
Pena - detenção, de três a seis meses, ou multa. 
 
3 - SUJEITO PASSIVO – CASOS ESPECIAIS ��Existem determinados 
casos, comumente exigidos em PROVA, que, embora não saiam da 
regra, são importantes de serem citados para que você não precise nem 
pensar para marcar a resposta correta: 
 
 
 
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PROFESSOR: PEDRO IVO 
 
Incapaz � O incapaz pode ser sujeito passivo de delitos, pois é também 
titular de direitos, como a vida e a liberdade (entre outros). 
Há delitos em que somente podem figurar como sujeitos passivos os 
incapazes. Ex: recém-nascido ser vítima de infanticídio (art. 123, CP); 
menor de idade ser sujeito passivo de abandono intelectual (art. 246, 
CP). 
 
Morto � O ser humano morto não pode ser sujeito passivo de nenhum 
delito, pois não é titular de direitos, podendo ser simplesmente o objeto 
material do delito. Caso seja praticada alguma conduta atentando contra 
eles, restará configurado um crime contra o respeito aos mortos (arts. 
209 a 212, CP) e a vítima, neste caso, será sua família ou a coletividade, 
e não o morto em si. 
 
Nascituro � O nascituro pode ser sujeito passivo, pois o feto tem 
direito à vida, sendo esta protegida pela punição do aborto. 
 
Animais e coisas inanimadas � Os animais e as coisas não são 
vítimas de crime, figurando apenas como 
objeto material. Daí resulta que em caso 
de lesão a coisas ou animais, os sujeitos 
passivos são os seus proprietários ou a 
coletividade. 
Mas e nos crimes contra a fauna? 
Como já disse, é a coletividade que 
figura como vítima. De fato, ela é a 
titular do interesse de ver preservado todo o patrimônio 
ambiental. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Agora, caro(a) aluno(a), um questionamento: Podemos afirmar que o 
sujeito passivo do delito é sempre o prejudicado pelo crime? 
A reposta é negativa, pois, ainda que muitas vezes tais 
características se reúnam na mesma pessoa, as situações são 
diversas. 
Sujeito passivo é o titular do bem lesado, enquanto o prejudicado é 
qualquer pessoa a quem o crime traga danos, patrimoniais ou não. 
Imagine que Tício, casado com Mévia, tem a sua aliança roubada. 
Quem é o sujeito passivo? Tício, pois ele era o titular do bem jurídico 
protegido. E a maior prejudicada? A esposa, é claro, pois Tício não 
exibe mais o símbolo de seu enlace matrimonial... (ALUNAS, não 
briguem com o professor... Aposto que na hora da prova vocês vão 
lembrar deste exemplo!!!) 
 
 
 
Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 12
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 2.1.3 OBJETO DO CRIME 
 
É o bem ou objeto contra o qual se dirige a conduta criminosa. Pode ser: 
 
• JURÍDICO � Objeto jurídico do crime é o interesse protegido pela lei 
penal ou, como diz Nuvolone, "o bem ou interesse que o legislador 
tutela, em linha abstrata de tipicidade (fato típico), mediante uma 
incriminação penal". 
 
• MATERIAL � Objeto material ou substancial do crime é a pessoa ou 
coisa sobre a qual recai a conduta criminosa, ou seja, aquilo que a 
ação delituosa atinge. Está ele direta ou indiretamente indicado na 
figura penal. Assim, "alguém" (o ser humano) é objeto material do 
crime de homicídio (art. 121), a "coisa alheia móvel" o é dos delitos 
de furto (art. 155) e roubo (art. 157) etc. 
 
Art. 121. Matar alguém [...] 
 
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia 
móvel [...] 
 
Agora, para finalizar, um questionamento que inclusive já foi objeto de 
prova: Há crime sem objeto? 
A resposta é... DEPENDE, pois: 
 
 
 
 
 
 
 
 
2.2 CRIME: CLASSIFICAÇÕES 
 
A partir de agora começaremos a tratar das diversas classificações aplicáveis 
aos crimes, assunto esse queacompanhará você até a nossa última aula, ou 
melhor... ATÉ A PROVA!!! 
NÃÃOO HÁÁ CRIMMEE SSEEMM OBJJETOO JJURRÍÍDIICCO, POISS QUUALQQUEER 
CCRRIIMMEE VVIIOOLLAA UUMMAA LLEEII.. EENNTTRREETTAANNTTOO ÉÉ PPOOSSSSÍÍVVEELL UUMM 
DDEELLIITTOO SSEEMM OOBBJJEETTOO MMAATTEERRIIAALL.. EEXXEEMMPPLLOO:: AATTOO 
OOBBSSCCEENNO ((AARRTTIIGGO 2333 DO CÓDDIIGOO PENAALL).. 
 
 
 
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Sendo assim, forme uma base forte e entenda bem os conceitos, para 
construir, até o final do curso, uma fortaleza abrangendo todo o Direito Penal. 
Dito isto, vamos começar: 
A classificação dos crimes se subdivide em legal e doutrinária: 
 
• LEGAL � É a qualificação, ou seja, o nome atribuído ao delito pela lei 
penal. Na Parte Especial do Código Penal, todo crime é acompanhado por 
sua denominação legal (nomem iuris). 
Sendo assim, diante desta definição, como sabermos o nome do crime 
previsto no artigo 165 do Código Penal? 
 
 Art. 165 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa tombada pela 
autoridade competente em virtude de valor artístico, arqueológico 
ou histórico. 
 
A resposta é fácil. Basta abrir o código no artigo 165 e encontrar a 
denominação: “Dano em coisa de valor artístico, arqueológico ou 
histórico”. 
 
• DOUTRINÁRIA � É o nome dado por estudiosos do direito a 
determinadas espécies de crime. Nesta aula, vamos ater nossos estudos 
à classificação doutrinária e, dentre as incontáveis existentes, somente 
àquelas que importam para a SUA PROVA. 
 
2.2.1 CRIMES COMUNS, CRIMES PRÓPRIOS E DE MÃO PRÓPRIA 
 
• CRIMES COMUNS �� São os delitos que podem ser praticados por 
qualquer pessoa. 
Exemplo: Homicídio, furto etc. 
 
• CRIMES PRÓPRIOS � São aqueles que exigem ser o agente portador 
de capacidade especial. 
Exemplo: Peculato (só pode ser praticado por funcionário público). 
 
• CRIMES DE MÃO PRÓPRIA � São passíveis de serem cometidos por 
qualquer pessoa, mas não podem ser praticados por intermédio de 
outrem, ou seja, tais crimes não admitem co-autoria, mas apenas a 
participação. 
Exemplo: Falso testemunho. 
 
 
 
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Para ficar ainda mais claro: Um advogado pode induzir ou instigar uma 
testemunha a faltar com a verdade, mas jamais poderá, em juízo, mentir 
em seu lugar ou juntamente com ela. Sendo assim, quem pode cometer 
o delito de falso testemunho? Qualquer pessoa QUANDO for testemunha. 
 
2.2.2 CRIMES INSTANTÂNEOS, PERMANENTES E INSTANTÂNEOS DE 
EFEITOS PERMANENTES 
 
• CRIME INSTANTÂNEO �� É aquele que, quando consumado, encerra-
se. A consumação ocorre em determinado momento e não mais se 
prossegue. 
Exemplo: Furto. 
 
• CRIME PERMANENTE �� Existe quando a consumação se prolonga no 
tempo, dependente da ação ou omissão do sujeito ativo. Não se admite a 
tentativa. 
Exemplo: Cárcere Privado 
 
• DELITO INSTANTÂNEO DE EFEITOS PERMANENTES é aquele em 
que a permanência do efeito não depende do prolongamento da ação do 
sujeito ativo, ou seja, ocorre quando, consumada a infração em dado 
momento, os efeitos permanecem, independentemente da vontade do 
sujeito. 
Exemplo: Crime de bigamia previsto no artigo 235 do CP. 
 
Art. 235 - Contrair alguém, sendo casado, novo casamento: 
Pena - reclusão, de dois a seis anos. 
 
Se um indivíduo já é casado e casa novamente, no momento do segundo 
matrimônio já é consumado o delito (instantâneo), mas, 
independentemente da vontade dele, o efeito do crime permanecerá 
enquanto estiver casado. 
 
2.2.3 CRIMES COMISSIVOS, OMISSIVOS PRÓPRIOS E OMISSIVOS 
IMPRÓPRIOS 
 
• CRIMES COMISSIVOS � São os que exigem, segundo o tipo penal 
objetivo (descrição abstrata de um comportamento), em princípio, uma 
atividade positiva do agente, ou seja, uma ação. 
 
 
 
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Exemplo: Roubo. 
 
• CRIMES OMISSIVOS PRÓPRIOS OU PUROS �� São os que 
objetivamente são descritos com uma conduta negativa, ou seja, de não 
fazer o que a lei determina, consistindo a omissão na transgressão 
da norma jurídica. É a omissão do autor quando deve agir. Exemplo 
típico é a omissão de socorro prevista no artigo 135 do Código Penal. 
Observe: 
 
Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo 
sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à 
pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente 
perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade 
pública 
 
 
 
 
 
 
 
 
• CRIMES OMISSIVOS IMPRÓPRIOS OU COMISSIVOS POR 
OMISSÃO �� Existem quando a omissão consiste na transgressão do 
dever jurídico de impedir o resultado, praticando-se o crime que, 
abstratamente, é comissivo. Nestes casos, a lei descreve uma conduta 
de fazer, mas o agente se nega a cumprir o dever de agir. A obrigação 
jurídica de agir deve existir, necessariamente. 
As hipóteses de dever jurídico de agir foram previstas no parágrafo 2º do 
artigo 13 do Código Penal nos seguintes termos: 
 
Art. 13. 
[...] 
§ 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente 
devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir 
incumbe a quem: 
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; 
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o 
resultado; 
OOBBSSEERRVVEE QQUUEE NNOOSS CCRRIIMMEESS PPRRÓÓPPRRIIOOSS EEXXIISSTTEE UUMMAA 
NNOORMMA PENNAAL QUE TTIPIIFICA AA OMISSSÃOO.. SSENDO 
AASSSSIIMM,, PPAARRAA SSUUAA PPRROOVVAA,, SSEE EESSTTIIVVEERR PPRREESSEENNTTEE NNOO 
CCÓDIIGO PEENNAALL UUMA TTIPPIIFICCAÇÇÃO PAARAA UUMMA 
OOMMIISSSSÃÃOO,, AAFFIIRRMMEE:: ÉÉ OOMMIISSSSIIVVOO PPRRÓÓPPRRIIOO.. 
 
 
 
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c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência 
do resultado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2.2.4 CRIMES MATERIAIS, FORMAIS E DE MERA CONDUTA 
 
• CRIME MATERIAL � É aquele em que o tipo penal guarda em seu 
interior uma conduta e um resultado naturalístico, sendo a ocorrência 
deste último necessária para a consumação. 
 Exemplo: É o caso do homicídio, cuja consumação é caracterizada pelo 
falecimento da vítima. 
 
• CRIME FORMAL � É aquele crime que se tem como consumado 
independente do resultado naturalístico, não exigindo para sua 
consumação o resultado pretendido pelo agente. 
Ressalto que neste tipo de delito o resultado pode até ocorrer, mas, 
para a consumação do crime, é indiferente. 
Exemplos: No delito de ameaça, a consumação dá-se com a prática do 
fato, não se exigindo que a vítima realmente fique intimidada. No de 
injúria, é suficiente que ela exista, independentemente da reação 
psicológica do indivíduo. 
 
• NO CRIME DE MERA CONDUTA � A lei não exige qualquer resultado 
naturalístico, contentando-se com a ação ou omissão do agente. Em 
outras palavras, o tipo não descreve o resultado, consumando-se a 
infração com a simples conduta. 
Exemplos: Violação de domicílio, ato obsceno, omissão de notificação de 
doença e a maioria das contravenções. 
 
IMAGIINEE QUUE TTÍCCIIO ESTTÁÁ NA PRRAIA QUUANNDOMMÉVIA PERGUUNTA AA ELEE SEE 
PPOODDEE OOLLHHAARR SSEEUU FFIILLHHOO EENNQQUUAANNTTOO EELLAA EENNTTRRAA NNAA ÁÁGGUUAA.. 
TTÍÍCCIIOO,, IIMMPPRREESSSSIIOONNAADDOO CCOOMM OOSS AATTRRIIBBUUTTOOSS CCOORRPPOORRAAIISS DDEE MMÉÉVVIIAA,, 
AACCEEIITTAA AA RREESSPPOONNSSAABBIILLIIDDAADDEE EE,, EENNQQUUAANNTTOO AACCOOMMPPAANNHHAAVVAA CCOOMM SSEEUU 
OOLLHHAARR OO TTRRAAJJEETTOO MMÉÉVVIIAA--ÁÁGGUUAA,, AA CCRRIIAANNÇÇAA VVAAII PPAARRAA OO MMAARR EE MMOORRRREE 
AAFOGAADA. 
NNESTE CAASSO, EXISSTE ALLGUUMA NNORMAA PPENAALIZZADDOORAA EM QUEE TÍCIO IIRRÁ 
SSE ENNQUAADRARR PELA OMIISSSÃO? 
AA RRESSPPOSTAA É NNEGAATIIVA. TÍÍCIO SEERRÁÁ EENNQUAADRADDOO EM HHOMIICCÍDIO 
CCUULPOOSO.. 
LLOGGO, COM BAASSEE NOO AARTIGOO 13, § 2º, “B” COMETEU UM CRIME OMISSIVO 
IMPRÓPRIO. 
 
 
 
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2.2.5 CRIMES SIMPLES, QUALIFICADOS E PRIVILEGIADOS 
 
• CRIME SIMPLES �� Ocorre quando o tipo legal é único. Neles, a lesão 
jurídica é una e seu conteúdo não apresenta qualquer circunstância que 
aumente ou diminua sua gravidade. 
Exemplo: homicídio simples. 
 
• CRIME QUALIFICADO � Quando o legislador, ao tipo básico ou 
fundamental, agrega situação que eleva ou majora a pena, tal qual se dá 
com o homicídio (art. 121 e par. 2º). 
 
Art. 121 [...] 
 § 2° Se o homicídio é cometido: 
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo 
torpe; 
II - por motivo fútil; 
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro 
meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum; 
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro 
recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido; 
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem 
de outro crime: 
 
Não surge a formação de um novo tipo penal, mas apenas uma forma 
mais grave de ilícito. 
 
• CRIME PRIVILEGIADO � É aquele em que, ao tipo básico e 
fundamental, a lei agrega circunstâncias que o torna menos grave. 
Exemplo: O homicídio praticado por relevante valor moral e o furto de 
pequeno valor praticado por agente primário. 
 
2.2.6 CRIMES COMPLEXOS 
 
OOSS CCRRIIMMEESS MMAATTEERRIIAAIISS,, FFOORRMMAAIISS EE DDEE MMEERRAA 
CCOONNDDUUTTAA SSÃÃOO CCLLAASSSSIIFFIICCAADDOOSS EEMM RREELLAAÇÇÃÃOO AAOO SSEEUU 
RREESSUULLTTAADDOO.. 
 
 
 
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CRIMES COMPLEXOS � Quando encerra dois ou mais tipos em uma única 
descrição legal (ex.: roubo = furto + ameaça) ou quando, em uma figura 
típica, abrange um tipo simples acrescido de fatos ou circunstâncias que, 
em si, não são típicos (ex.: constrangimento ilegal = crime de ameaça + 
outro fato, que é a vítima fazer o que não quer ou não fazer o que deseja). 
 
Esquematizando: 
 
 
CCLAASSSSIIFFIICAÇÃOO 
 
DEESSCRRIIÇÃO SSUUSCINNTTA EXXEMMPLLOO 
COMUNS PRATICADOS POR QUALQUER PESSOA. FURTO 
PRÓPRIOS PRATICADOS POR PORTADORES DE 
CAPACIDADE ESPECIAL. 
PECULATO 
MÃO PRÓPRIA 
COMETIDOS POR QUALQUER PESSOA, 
MAS NÃO PODEM SER PRATICADOS 
POR INTERMÉDIO DE OUTREM. 
FALSO 
TESTEMUNHO 
CRIMES INSTANTÂNEOS QUANDO CONSUMADO, ENCERRA-SE. FURTO 
PERMANENTES 
PROLONGA-SE NO TEMPO, 
DEPENDENTE DA AÇÃO OU OMISSÃO 
DO SUJEITO ATIVO. 
CÁRCERE 
PRIVADO 
INSTANTÂNEOS DE 
EFEITOS PERMANENTES 
CONSUMADA A INFRAÇÃO EM DADO 
MOMENTO, OS EFEITOS PERMANECEM, 
INDEPENDENTEMENTE DA VONTADE 
DO SUJEITO. 
BIGAMIA 
CRIMES COMISSIVOS 
ATIVIDADE POSITIVA DO AGENTE, 
UMA AÇÃO. ROUBO 
OMISSIVOS PRÓPRIOS 
CRIME QUE, ABSTRATAMENTE, É 
OMISSIVO. É A OMISSÃO DO AUTOR 
QUANDO DEVE AGIR. 
OMISSÃO DE 
SOCORRO 
OMISSIVOS 
IMPRÓPRIOS 
CRIME QUE, ABSTRATAMENTE, É 
COMISSIVO. A LEI DESCREVE UMA 
CONDUTA DE FAZER, MAS O AGENTE 
SE NEGA A CUMPRIR O DEVER DE 
AGIR. 
ART. 13 CP - 
MÃE DEIXA DE 
ALIMENTAR A 
CRIANÇA 
MATERIAIS UMA CONDUTA E UM RESULTADO 
NATURALÍSTICO, SENDO A 
HOMICÍDIO �� 
MORTE 
 
 
 
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OCORRÊNCIA DESTE ÚLTIMO 
NECESSÁRIA PARA A CONSUMAÇÃO. 
FORMAIS CONSUMADO INDEPENDENTE DO 
RESULTADO NATURALÍSTICO. 
AMEAÇA 
MERA CONDUTA 
NÃO EXIGE QUALQUER RESULTADO 
NATURALÍSTICO. ATO OBSCENO 
SIMPLES 
OCORRE QUANDO O TIPO LEGAL É 
ÚNICO. 
HOMICÍDIO 
SIMPLES 
QUALIFICADOS 
AO TIPO SIMPLES, AGREGA SITUAÇÃO 
QUE ELEVA OU MAJORA A PENA. ART. 121, § 2° 
PRIVILEGIADOS 
CIRCUNSTÂNCIAS DO CRIME SÃO 
MINORATIVAS, ISTO É, SE ATENUAM A 
PENA. 
HOMICÍDIO 
PRATICADO POR 
RELEVANTE 
VALOR MORAL 
COMPLEXO DOIS OU MAIS TIPOS EM UMA ÚNICA 
DESCRIÇÃO LEGAL. 
ROUBO = FURTO 
+ AMEAÇA 
 
2.3 CRIME: FATO TÍPICO 
 
Fato típico é o comportamento humano (positivo ou negativo) que se enquadra 
perfeitamente nos elementos descritos na norma penal. 
Exemplo: Tício esfaqueia Mévio, que vem a falecer devido às lesões � 
Enquadramento de Tício na conduta definida no artigo 121 do Código Penal: 
 
Art. 121. Matar alguém[...] 
Pena - reclusão, de seis a vinte anos. 
 
Sendo assim, caro(a) aluno(a), fica fácil encontrar a definição de fato atípico, 
que nada mais é do que aquele que NÃO se enquadra em nenhum dispositivo 
da lei penal. 
Para exemplificar: Mévio, pai de Tícia (22 anos), mantém relações sexuais com 
a filha, que consente que tal ato aconteça. Neste caso, há crime? Claro que 
não! A conduta pode até ser considerada imoral, mas, por haver 
consentimento de ambas as partes, não se enquadra em nenhuma norma 
penal e, consequentemente, é atípico. 
O fato típico é composto dos seguintes elementos: 
 
 
 
 
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1. CONDUTA 
2. RESULTADO NATURALÍSTICO 
3. NEXO DE CAUSALIDADE 
4. TIPICIDADE 
Só para ficar bem claro, no primeiro exemplo, há uma conduta, a de o sujeito 
esfaquear a vítima. O resultado é a morte. O nexo entre a conduta e o 
resultado é que a vítima faleceu em consequência das lesões produzidas pelas 
facadas. E o acontecimento se enquadra no art.121 do CP. 
Mas agora pergunto, e para responder pense na classificação dos crimes que 
vimos nesta aula: Sempre os quatro elementos estarão simultaneamente 
presentes para a caracterização de um fato típico??? 
A resposta é negativa, pois só estarão presentes, concomitantemente, nos 
CRIMES MATERIAIS CONSUMADOS, pois estes, como já vimos, guardam 
em si uma conduta e um resultado naturalístico, exigindo a produção deste 
para a sua consumação. 
Na tentativa e nos crimes de mera conduta, diferentemente, não há resultado 
naturalístico e nem nexo causal, limitando-se o fato típico aos elementos 
CONDUTA e TIPICIDADE. 
E nos crimes formais? 
Nos crimes formais, o resultado pode até acontecer, mas não é necessário 
para a consumação. Sendo assim, podemos afirmar que será necessário para 
caracterizar um fato típico proveniente de um delito formal, somente a 
CONDUTA e a TIPICIDADE. 
 
Esquematizando: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FATO TÍPICO 
RESULTADO 
NEXO CAUSAL 
CONDUTA 
TIPICIDADECRIMES 
MATERIAIS 
CONSUMADOS 
CRIMES 
TENTADOS, 
FORMAIS E DE 
MERA 
CONDUTA 
 
 
 
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2.3.1 CONDUTA 
 
Um dos mais fascinantes temas do direito penal é o estudo da conduta ou 
ação, não só pelas suas próprias características, mas mais pelas 
divergências que cria em relação ao estudo do crime. 
Realmente, qualquer espécie de crime, seja doloso ou culposo, somente 
tem sua exteriorização no mundo natural através da realização de uma 
conduta e há muito já se dizia que "nullum crimem sine actione", ou seja, 
não há crime sem uma respectiva ação humana. 
O estudo da conduta é feito com base em teorias que você verá logo após o 
quadro abaixo: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DOLO E CULPA – QUAL A DIFERENÇA? 
QUANDO ALGUÉM QUER COMETER UM DELITO OU ASSUME O RISCO DE 
COMETÊ-LO, ELE ESTARÁ AGINDO DOLOSAMENTE. MAS SE ELE COMETEU O 
CRIME APENAS POR NEGLIGÊNCIA, IMPRUDÊNCIA OU IMPERÍCIA, ELE ESTARÁ 
AGINDO CULPOSAMENTE. 
ASSIM, SE TÍCIO DÁ UM TIRO EM MÉVIO, ELE AGIU DOLOSAMENTE, POIS QUIS 
MATÁ-LO. 
MAS, E SE TÍCIO DEIXA SÓ UM PROJÉTIL E, BRINCANDO DE “ROLETA RUSSA”, 
COLOCA-O CONTRA A CABEÇA DE MÉVIO, APERTA O GATILHO E O MATA? 
NESTE CASO, ELE PODE ATÉ NÃO TER QUERIDO MATÁ-LO, MAS ASSUMIU O 
RISCO DE FAZÊ-LO E, POR ISSO, TERÁ AGIDO DOLOSAMENTE. 
POR OUTRO LADO, SE CAIO DEIXA SEU REVÓLVER CAIR DA BOLSA SEM 
QUERER E AO BATER NO CHÃO ELE DISPARA E MATA TÍCIA, SERÁ DOLOSO? 
A RESPOSTA É NEGATIVA. SERÁ UM DELITO CULPOSO, POIS ELE NÃO DESEJOU 
E NEM ASSUMIU O RISCO DE MATAR TÍCIA, MAS AGIU COM IMPRUDÊNCIA, POIS 
NINGUÉM DEVERIA ANDAR COM UMA ARMA DESTRAVADA EM UMA BOLSA. 
FINALIZANDO: 
IMPERÍCIA É QUANDO ALGUÉM QUE DEVERIA DOMINAR UMA TÉCNICA NÃO A 
DOMINA. É O CASO DO MÉDICO QUE ERRA NA HORA DE SUTURAR UM 
PACIENTE. DEPOIS DE SEIS ANOS ESTUDANDO MEDICINA, ELE DEVERIA SABER 
SUTURAR. SE NÃO SABE, É IMPERITO. 
NEGLIGÊNCIA É QUANDO AQUELE QUE DEVERIA TOMAR CONTA PARA QUE UMA 
SITUAÇÃO NÃO ACONTECESSE, NÃO PRESTA A DEVIDA ATENÇÃO E A DEIXA 
ACONTECER. É O CASO DA MÃE QUE DEVERIA TOMAR CONTA DO NENÉM 
QUANDO ESTÁ DANDO BANHO NELE, VAI ATENDER O TELEFONE E O NENÉM 
ACABA SE AFOGANDO. ELA NÃO QUERIA E NEM ASSUMIU O RISCO DE MATÁ-LO, 
MAS NÃO TOMOU CONTA O SUFICIENTE PARA EVITAR SUA MORTE. 
IMPRUDÊNCIA É QUANDO A PESSOA NÃO TOMA OS CUIDADOS QUE UMA 
PESSOA NORMAL TOMARIA. É AQUELA QUE, AO DAR MARCHA-RÉ COM O 
CARRO, ESQUECE DE OLHAR PARA TRÁS E ACABA ATROPELANDO ALGUÉM. 
 
 
 
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2.3.1.1 TEORIA CLÁSSICA, MECANICISTA, NATURALÍSTICA OU 
CAUSAL 
 
A ideologia dessa teoria nasceu com o intuito de abrandar a sensação 
vivida na época do Império, quando a vontade do Rei prevalecia e era 
ele quem ditava as regras de conduta. Em contraposição a essa fase, 
surgiu a teoria clássica, para que a sociedade ficasse inteiramente 
adstrita à vontade da lei e não mais à do monarca. 
Para os defensores dessa teoria, ficar vinculado literalmente ao texto 
legal era mais seguro. Interpretar a lei seria muito arriscado, não se 
podia dar margens a interpretações, pois essas causariam a insegurança 
de regredir para a época Imperial, quando prevalecia a arbitrariedade. 
Portanto, a única interpretação possível do texto legal era a literal, 
devia-se seguir à risca a junção do fato à norma. 
Para a teoria causal da ação, pratica fato típico aquele que pura e 
simplesmente dá causa ao resultado, independente de dolo ou culpa na 
conduta do agente, elementos esses que, segundo essa teoria, serão 
analisados apenas na fase de averiguação da culpabilidade, ou seja, não 
pertencem à conduta. 
Para saber se o agente praticou fato típico ou não, deve-se apenas 
analisar se ele foi o causador do resultado, se praticou a conduta descrita 
em lei como crime. Não se analisa o conteúdo da conduta, a intenção do 
agente na ação, trabalha-se com o mero estudo de relação de causa e 
efeito. 
Crime, para essa teoria, é fato típico, antijurídico e culpável, pois o dolo 
e a culpa, que são imprescindíveis para a existência do crime, 
pertencem à culpabilidade, logo, esta (a culpabilidade) deve fazer 
parte do conceito de crime para os seguidores dessa teoria. 
 
 
 
 
 
 
Para esclarecer melhor a teoria causal, partimos de um exemplo: Imagine 
uma pessoa que, ao sair de um restaurante, dirija-se ao depósito para 
retirar seu guarda-chuva e, por engano, retira guarda-chuva alheio. 
Para a teoria causal da ação, essa pessoa praticou fato típico (furto), visto 
que subtraiu para si coisa alheia móvel. Mesmo que tal pessoa não tenha 
agido com dolo, praticou fato típico, ou seja, a conduta descrita em lei 
como crime. 
SSISSTTEMMA CLLÁÁSSSICOO 
 
 
 
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Outro exemplo seria o caso do “Sr. Certinho”, que estava dirigindo a 40 
Km/h em uma via cuja velocidade máxima preceituada era de 60 Km/h. 
Em determinado momento, uma criança solta a mão de sua mãe, passa na 
frente de um caminhão (que impedia a visão dos motoristas) e acaba 
sendo morta pelo carro do Sr. Certinho que, naquele momento, dirigia 
com a máxima atenção possível. 
 
Neste caso, o Sr. Certinho praticou um FATO TÍPICO? 
Para responder a pergunta, temos que pensar 
segundo o nome da teoria, ou seja, de forma 
MECÂNICA. 
Qual foi a CAUSA da morte da criança? Foi a AÇÃO do 
Sr. Certinho, LOGO...É fato típico! 
O principal defeito desta teoria é separar a conduta praticada no mundo 
exterior da relação psíquica do agente, deixando de analisar sua vontade. 
Fica claro, portanto, que esta teoria não distingue a conduta dolosa da 
conduta culposa, pois ambas são analisadas objetivamente, uma vez 
que não se faz nenhuma indagação sobre a relação psíquica do agente 
para com o resultado. 
Bastante adotada em décadas passadas, essa teoria foi ao longo do tempo 
cada vez mais abandonada, encontrando, hoje, poucos seguidores. 
 
2.3.1.2 TEORIA FINAL OU FINALISTA 
 
Hans Welzel foi o grande defensor dessa teoria que surgiu entre 1920 e 
1930, diante das constatações neoclássicas, nas quais se observou 
elementos finalísticos nos tipos penais. Pela corrente neoclássica, 
também denominada neokantista, foi possível determinar elementos 
subjetivos no próprio tipo penal, e não somente na culpabilidade. 
Esta teoria tem como idéia inicial a concepção do homem como ser livre 
e responsável pelos seus atos. Para esta teoria, conduta é o 
comportamento humano voltado a um fim. Logo, há que ser analisada 
a FINALIDADE do agente em sua conduta. 
Para a teoria finalista da ação, que foi a adotada pelo nosso Código 
Penal, será típico o fato praticado pelo agente se este atuou com dolo ou 
culpa na sua conduta. Se ausente tais elementos, teremos a atipicidade. 
 
 
 
 
 
CONCLUINDO, A VONTADE DO AGENTE NÃO PODERÁ MAIS SER 
SEPARADA DA SUA CONDUTA, AMBAS ESTÃO LIGADAS ENTRE SI, 
DEVENDO-SE FAZER UMA ANÁLISE DE IMEDIATO NO “ANIMUS” DO 
AGENTE PARA FINS DE TIPICIDADE. 
 
 
 
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Para a teoria finalista, crime é um fato típico e antijurídico, sendo a 
culpabilidade mero pressupostode aplicação da pena. Sendo assim, 
analisa-se a conduta do agente se foi dolosa ou culposa, se tal conduta é 
típica e, por final, como pressuposto de aplicação da pena, verifica-se a 
culpabilidade do agente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A referida teoria adotada leva em conta o valor da ação, o motivo que 
levou alguém a praticar o delito, ao contrário da teoria causal que se 
contenta em apenas ver a relação de causa e efeito da conduta. 
A teoria finalista se preocupa com o conteúdo da conduta e da norma, 
pois muitos tipos penais no seu próprio corpo descrevem elementos que 
exigem uma finalidade específica, portanto, não poderíamos ignorar essa 
vontade da lei. Um exemplo de tipo penal que exige finalidade é o artigo 
216-A do Código que descreve em seu preceito primário: 
 
Art.216–A. Constranger alguém com o intuito de obter vantagem 
ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente de sua 
condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao 
exercício de emprego, cargo ou função. 
 
Ora, está claro que o tipo penal incriminador estabelece uma finalidade 
especial do agente para que este se enquadre no mesmo, exigindo-se a 
finalidade de “obter vantagem ou favorecimento sexual”, concluindo que 
não se pode separar a conduta do agente de sua vontade, deixando claro 
que nosso Código Penal adotou a teoria finalista da ação. 
 
Resumindo: 
Para a teoria finalista, importa saber se o agente atuou com dolo ou 
culpa. Não estando presentes tais elementos, sua conduta será atípica. 
Por outro lado, para a teoria causal, sua conduta seria típica, porém ele 
SSIISSTTEEMMAA FFIINNAALLIISSTTAA 
PRESSUPOSTO DE 
APLICAÇÃO DA 
PENA 
 
 
 
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não seria culpável por ausência de dolo e culpa, elementos estes que, 
para a teoria causal, fazem parte da culpabilidade. 
 
2.3.1.3 TEORIA SOCIAL 
 
A teoria social da ação tem como fundamento a relevância da conduta 
perante a sociedade. 
Para essa teoria, não basta saber se a conduta foi dolosa ou culposa para 
averiguação do fato típico, mas, também, fazer uma análise de tal 
comportamento e classificá-lo como socialmente permitido ou não. 
Se a conduta do agente for considerada social, ou seja, aceita pela 
sociedade, será atípica. 
Para os adeptos da teoria social não podemos taxar como crime uma 
conduta que é perfeitamente aceitável perante a sociedade e que não 
gera danos consideráveis. 
A referida teoria alega ser inútil punir alguém por um fato que a própria 
sociedade aceita, ou seja, deve-se observar um elemento social que 
estaria contido implicitamente no tipo penal. Para essa teoria, só será 
típico o fato que repercute negativamente na sociedade. 
Em um primeiro momento, caro aluno, a Teoria Social pode até parecer 
boa para a sociedade, mas devemos, antes de pensar na “idéia” da 
teoria, responder à seguinte pergunta: “Quem vai decidir o que é aceito 
ou não pela sociedade?” Resposta: Somente o Juiz, e aqui é que 
começam os problemas. 
Os críticos da teoria social alegam que esta implica num risco à 
segurança jurídica, pois caberia ao magistrado decidir se tal conduta é 
típica ou não de acordo com os costumes. 
Assim, analisando o caso em concreto, se o juiz entender que a ação do 
agente foi absolutamente sociável, classificará aquela como atípica, 
ignorando, assim, o direito positivo. 
Tal teoria não foi concebida pela nossa legislação, entretanto, não se 
deixa de avaliar a sociabilidade da ação, podendo esta ser utilizada pelo 
magistrado como critério de fixação da pena base, com fundamento no 
artigo 59 do Código Penal. 
 
Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à 
conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às 
circunstâncias e conseqüências do crime, bem como ao 
comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja 
necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime: 
 
I - as penas aplicáveis dentre as cominadas; 
 
 
 
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II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos; 
III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de 
liberdade; 
IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por 
outra espécie de pena, se cabível. 
 
2.3.1.4 EXCLUSÃO DA CONDUTA 
 
Não constituem conduta os atos em que não intervém a vontade. São 
exemplos de hipóteses de ausência de conduta: 
 
1. Caso fortuito e força maior � São acontecimentos imprevisíveis e 
inevitáveis que fogem do domínio da vontade do ser humano. Se não 
há vontade, não há dolo ou culpa. 
Exemplo: Tício estava em uma praça, ao lado de uma senhora. Após 
uma forte rajada de vento, Tício é arremessado contra a mulher, 
ferindo-a. Neste caso, houve VONTADE de Tício? É claro que não, 
logo, não houve conduta. 
 
2. Atos ou movimentos reflexos �� Consiste em reação automática 
em consequência de uma excitação dos sentidos. 
Exemplo: Você lembra daquele martelinho de 
ortopedista?....Isso mesmo, aquele que bate no joelho e, 
automaticamente, nossa perna se mexe. Então, imagine 
que o médico bate com este martelinho em seu joelho e, 
por impulso, a perna acaba atingindo o médico. Como não 
há vontade de atingir o ortopedista, também não há 
conduta. 
 
3. Coação física irresistível � Imagine que Tício é amarrado 
enquanto vê Mévio sofrer lesões corporais graves. Neste caso, será 
enquadrado na hipótese de omissão de socorro prevista no artigo 
135 do Código Penal? É claro que não, pois está sob coação física 
irresistível. 
 
Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo 
sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à 
pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente 
perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade 
pública 
 
 
 
 
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4. Sonambulismo e hipnose � Também não há conduta por falta de 
vontade nos comportamentos praticados em completo estado de 
inconsciência. 
 
2.3.2 RESULTADO 
 
Resultado é a consequência provocada pela conduta do agente. Pode ser: 
 
• JURÍDICO �� É, simplesmente, a violação da lei penal, mediante a 
agressão do valor ou interesse por ela tutelado. 
• NATURALÍSTICO OU MATERIAL �� É a modificação do mundo 
exterior provocada pela conduta do agente. 
 
Agora, para finalizar, um questionamento. Há crime sem resultado? 
A resposta é... DEPENDE, pois: 
 
 
 
 
 
 
2.3.3 NEXO CAUSAL OU RELAÇÃO DE CAUSALIDADE 
 
A relação de causalidade ou nexo causal ou nexo de causalidade é a forma 
segundo a qual se verifica o vínculo entre a conduta do agente e o resultado 
ilícito. Sobre o tema, estabelece o artigo 13 do Código Penal: 
 
Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, 
somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa 
a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. 
 
 
 
 
 
 
 
NNÃÃOO HHÁÁ CCRRIIMMEE SSEEMM RREESSUULLTTAADDOO JJUURRÍÍDDIICCOO,, PPOOIISS 
QQUUAALLQQUUEERR CCRRIIMMEE VVIIOOLLAA UUMMAA LLEEII.. EENNTTRREETTAANNTTOO ÉÉ 
PPOOSSSSÍÍVVEELL UUMM DDEELLIITTOO SSEEMM RREESSUULLTTAADDOO NNAATTUURRAALLÍÍSSTTIICCOO.. 
 
 
 
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A doutrina considera que a palavra “resultado”, prevista no início do artigo 
13, refere-se somente ao resultado naturalístico. Sendo assim, para ser 
determinado o autor de um crime, sempre teremos que verificar o NEXO 
CAUSAL, correto? CLARO QUE NÃO!!!! 
Para que se vai verificar o nexo causal em delitos formais ou de mera 
conduta? Nesses tipos de crimes importa o resultado ou só a conduta? Só a 
conduta! Sendo assim, o estudo da relação de causalidade tem pertinência 
apenas nos crimes MATERIAIS. 
 
2.3.3.1 TEORIAS 
 
Podem-se destacar duas principais teorias na busca para definir a relação 
de causalidade. São elas: 
 
1 - DA EQUIVALÊNCIA DAS CONDIÇÕES OU EQUIVALÊNCIA DOS 
ANTECEDENTES OU SINE QUA NON �� Segundo esta teoria, quaisquer 
das condutas que compõem a totalidade dos antecedentes é causa do 
resultado, como, por exemplo, a venda lícita da arma pelo comerciante 
que não tinha idéia do propósito homicida do criminoso comprador. 
Essa teoria costuma ser lembrada pela “profunda” frase: 
 
AA CAAUSA DDAA CAAUSAA TTAMBBÉM ÉÉ CCAAUUSSA DDOO QQUEE FOOI CCAUUSSADO.. 
 
 
Contudo, recebe críticas por permitir o regresso ao infinito, já que, em 
última análise, até mesmo o inventor da arma seria causador do evento, 
visto que, se a arma não existisse, tiros não haveria. Na verdade, a 
responsabilidade de todo delito incidiria em “Adão e Eva”. 
Já pensou esta teoria aplicada na época em que o adultério era crime? Ia 
para cadeia o vendedor da cama, o dono da indústria de espuma... 
Enfim, é melhor passarmos para a próxima. 
 
2 - DA CAUSALIDADE ADEQUADA � Esta teoria considera causa do 
evento apenas a ação ou omissão do agente apta e idônea a gerar o 
resultado. 
Segundo o que dispõe essa corrente, a venda lícita da arma pelo 
comerciante não é considerada causa do resultado morte que o 
comprador produzir, pois vender licitamente a arma, por si só, não é 
conduta suficiente para gerar a morte. Ainda é preciso que alguém 
efetue os disparos que a causarão. 
 
 
 
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Portanto, a causa adequada é aferida de acordo com o juízo do homem 
médio e com a experiência comum. Não basta contribuir de qualquer 
modo para o resultado: AA CCOONNTRIIBUIIÇÇÃOO DDEEVVE SEER EEFFIICAAZ!! 
 
2.3.3.2 TEORIA ADOTADA PELO CÓDIGO PENAL 
 
O Código Penal adotou a teoria da equivalência dos antecedentes, 
conforme é possível perceber ao observar com atenção o artigo 13 do 
Código Penal. Veja: 
 
Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, 
somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se 
causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria 
ocorrido. (grifo nosso) 
 
Sendo assim, para a PROVA, causa é todo o comportamento humano, 
comissivo ou omissivo, que, de qualquer modo, concorreu para a 
produção do resultado naturalístico, pouco importando o grau de 
contribuição. 
“Mas, professor, quer dizer que o vendedor de arma, segundo o sistema 
Brasileiro, pode ser responsabilizado pelo homicídio?” 
A resposta é: Depende! 
Segundo a jurisprudência dominante, ao interpretar o artigo 13, para 
que um acontecimento ingresse na relação de causalidade, não basta a 
mera dependência física. Exige-se ainda a causalidade psíquica, ou seja, 
reclama-se a presença do dolo ou da culpa por parte do agente em 
relação ao resultado. 
Como já vimos, a ausência de dolo ou culpa afasta a conduta, a qual, por 
seu turno, afasta a configuração do nexo causal. 
Logo, na pergunta acima, se o vendedor sabia da intenção do comprador 
e, por não gostar do “futuro” ofendido, facilitou a venda da arma, sua 
conduta será considerada causa do crime de homicídio, cometido 
posteriormente. Se nada sabia, tal responsabilização ficará afastada. 
Resumindo, pelo que vimos até agora o artigo 13 do Código Penal adotou 
a teoria da equivalência dos antecedentes. Fácil, concorda? Fácil até 
demais....E como vida de concurseiro não é nada fácil (E eu sei muito 
bem...), excepcionalmente, a teoria da causalidade adequada também é 
adotada no nosso sistema pátrio e isto nos remete à necessidade de 
estudarmos as concausas. 
Respire fundo e vamos começar!!! 
 
 
 
 
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2.3.3.3 CONCAUSAS 
 
Paralelamente à causa, existe o que se denomina, doutrinariamente, 
concausa. Ou seja, são outras causas que concorrem juntamente no fato 
então praticado e dão força, de uma forma ou de outra, ao resultado. 
As concausas subdividem-se em: 
 
• CAUSA DEPENDENTE �� É aquela que é dependente da conduta. 
Só acontece por causa da conduta e, assim, não exclui a 
relação de causalidade. Ocorre como uma verdadeira sucessão de 
acontecimentos previsíveis. 
Exemplo: A morte em um homicídio advém da hemorragia interna 
que foi causada pelo impacto da bala que veio da explosão 
provocada pela arma feita pela conduta da pessoa que pressionou 
o gatilho. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
• CAUSA INDEPENDENTE � É aquela que acontece por motivos 
diversos da conduta. Apresenta um resultado inesperado e não 
usual. 
É independente porque tem a capacidade de produzir, por si só, o 
resultado. Pode ser de natureza absoluta ou relativa, dependendo 
de sua origem. 
 
� Absolutamente independente � Quando não tem 
nenhuma relação com a conduta. Por serem 
independentes, produzem por si sós o resultado 
naturalístico. 
 
RESULTADO 
MORTE HEMORRAGIA IMPACTO 
DA BALA 
EXPLOSÃO 
DA ARMA 
CONDUTA 
CAUSA 
 
 
 
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� Relativamente independente � Originam-se da 
própria conduta efetuada pelo agente. São relativas, 
pois não existiriam sem a atuação do agente. 
Entretanto, tais causas são independentes e, assim, 
são capazes de produzir por si sós o resultado, já que 
não se situam no normal trâmite do desenvolvimento 
causal. 
 
 
 
 
 
Vamos começar tratando das causas absolutamente independentes, 
que subdividem-se em: 
 
 
A) PPREEEEXXISSTENTTEES � São aquelas que já existiam antes da conduta e 
o efeito dessas de nada interfere no resultado. 
Exemplo: Tício verifica que Mévio está deitado na praia e atira dez vezes 
em regiões vitais do desafeto. Posteriormente, o exame necroscópico 
conclui que no momento dos disparos Mévio já estava morto, pois havia 
se afogado. 
A conduta (tiro) não produziu o resultado (morte), pois esta foi causada 
pelo afogamento preexistente. 
 
 BB)) CCOONNCCOOMMIITTAANNTTEE � É aquela que ocorre no exato momento da 
conduta. 
Exemplo: Caio efetua disparos contra Mévio no exato momento em que o 
teto da casa cai na cabeça deste último. 
 
CC)) SSUUPPEERRVVEENNIIEENNTTEESS � É a que se concretiza posteriormente à 
conduta praticada pelo agente, dando causa ao resultado. 
 Exemplo: Tício ministra uma alta dose de veneno para Caio, entretanto, 
antes de o veneno começar a fazer efeito, aparece Mévio e efetua 
inúmeros disparos contra Caio, matando-o. 
 
Consequência das causas absolutamente independentes: Perceba 
que em todas as modalidades o resultado aconteceria 
independentemente da conduta. Desta forma, há um afastamento do 
nexo causal entre a conduta e o resultado desejado. 
CAAUSAA DDEEPEENDENTTEE ��SÓÓ AACOONTECE POR CCAUUSSA DDAA COONNDUTTAA. 
CCAAUUSSAA IINNDDEEPPEENNDDEENNTTEE �� AACCOONNTTEECCEE PPOORR MMOOTTIIVVOOSS DDIIVVEERRSSOOSS 
DDAA CCOONNDDUUTTAA.. 
 
 
 
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“Mas, professor, isto quer dizer que o agente ficará impune?” 
Não! Devem ser imputados ao agente os atos praticados e não o 
resultado naturalístico, devido à ausência da relação de causalidade. Nos 
exemplos mencionados, via de regra, responderá o agente por tentativa 
de homicídio e não por homicídio consumado. 
 
A partir de agora, voltaremos o estudo para as causas relativamente 
independentes, que podem ser: 
 
A) PRREEXXIISTTEENTESS � A causa já existe antes da conduta do agente, 
entretanto, por si só, não produziria o resultado. Assim, o agente 
responderá integralmente pelo resultado naturalístico. 
Exemplo: Tício atira em Mévio e o acerta de raspão. Entretanto Mévio, 
por ser hemofílico, vem a falecer em virtude dos ferimentos. Perceba 
que a hemofilia é preexistente ao fato, entretanto, o resultado só foi 
possível devido à atuação de Tício. 
 
BB)) CCOONNCCOOMMIITTAANNTTEESS � Ocorrem concomitantemente à prática da 
conduta e aqui valem os mesmos comentários quanto às causas 
relativamente independentes preexistentes, ou seja, responde o agente 
pelo resultado naturalístico. 
Exemplo: Mévio, com ânimo de matar Tício, aponta uma arma para ele. 
Tício, desesperado, tenta fugir e no momento em que é efetuado o 
disparo, Tício é atropelado por um caminhão. 
 
CC)) SSUUPPEERRVVEENNIIEENNTTEESS � Encontram previsão no artigo 13, parágrafo 1º 
do Código Penal. Observe: 
 
Art. 13 
[...] 
§ 1º - A superveniência de causa relativamente independente 
exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado; 
os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os 
praticou. 
 
Através da análise atenta do supracitado dispositivo, percebe-se que o 
legislador optou por criar duas espécies do gênero causas relativamente 
independentes supervenientes. São elas: 
 
 
 
 
 
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1. CAUSAS SUPERVENIENTES RELATIVAMENTE INDEPENDEN-
TES QUE NÃO PRODUZEM POR SI SÓS O RESULTADO � 
Imagine que Tício, querendo matar Mévio, por possuir uma 
péssima mira, erra o coração e acerta em seu braço. Mévio é 
levado ao hospital e, por imperícia médica, vem a falecer. 
Pergunto: Tício responderá pela morte de Mévio? Para responder a 
esta pergunta, caro aluno, você deve se perguntar: “Se ele não 
tivesse levado o tiro teria morrido?” É claro que não, pois nem para 
o hospital teria ido. 
Sendo assim, nas CAUSAS SUPERVENIENTES RELATIVAMENTE 
INDEPENDENTES QUE NÃO PRODUZEM POR SI SÓS O 
RESULTADO, o agente RESPONDE pelo resultado naturalístico. 
Neste sentido já se pronunciou o STJ: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2. CAUSAS SUPERVENIENTES RELATIVAMENTE 
INDEPENDENTES QUE PRODUZEM POR SI SÓS O 
RESULTADO �É exatamente a situação trazida no parágrafo 1º 
do artigo 13. 
STJ - HABEAS CORPUS: HC 42559 PE 2005/0042920-6 
Processual penal. Habeas corpus. Homicídio qualificado. Novo 
interrogatório. Faculdade do julgador. Prova emprestada. 
Inexistência de constrangimento ilegal quando existem outros 
elementos que sustentam a condenação. Causa superveniente 
relativamente independente. Inexistência. Teoria da 
equivalência dos antecedentes causais. Legítima defesa. 
Impossibilidade de reconhecimento pela via estreita do writ por 
exigir exame do conjunto fático-probatório. Ordem parcialmente 
conhecida e, nessa parte, denegada. 
[...] 
4. O fato de a vítima ter falecido no hospital em decorrência 
das lesões sofridas, ainda que se alegue eventual omissão 
no atendimento médico, encontra-se inserido no 
desdobramento físico do ato de atentar contra a vida da 
vítima, não caracterizando constrangimento ilegal a 
responsabilização criminal por homicídio consumado, em 
respeito à teoria da equivalência dos antecedentes causais 
adotada no Código Penal e diante da comprovação do 
animus necandi do agente. 
[...] 
 
 
 
 
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Segundo o texto legal, a superveniência de causa relativamente 
independente exclui a imputação quando, por si só, produziu o 
resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os 
praticou. 
Perceba que aqui temos a clara aplicação da teoria da causalidade 
adequada, não mais sendo considerada causa qualquer evento que 
tenha concorrido para o resultado. A partir deste dispositivo, não 
cabe para ser responsabilizado apenas uma contribuição, mas sim 
uma contribuição ADEQUADA ao resultado naturalístico. 
 
 
 
 
 
 
 
Vamos exemplificar para facilitar o entendimento: Tício efetua um 
disparo e acerta no braço de Mévio. Mévio é levado de ambulância 
para o hospital. Entretanto, durante o trajeto ocorre um acidente, 
a ambulância bate e Mévio morre em razão da batida. 
Neste caso, estamos diante de uma causa superveniente 
relativamente independente que por si só produziu o resultado e, 
consequentemente, o agente não será responsabilizado pela morte 
e, somente, pelos atos anteriores. 
“Mas, professor... Agora minha cabeça ficou uma bagunça... Aqui 
não é a mesma situação anteriormente apresentada em que ele 
morria no hospital? Não posso pensar que ele só estava na 
ambulância devido aos disparos efetuados?” 
Perceba, concurseiro(a), que há uma grande diferença: No caso 
em que ele vai para o hospital e morre por imperícia médica, ele 
morre devido ao agravamento dos ferimentos provenientes do 
disparo. Diferentemente, a causa da morte no caso da ambulância 
não há qualquer relação DIRETA com os ferimentos. 
 
VAMOS AGORA ESQUEMATIZAR TUDO O QUE VIMOS COM 
RELAÇÃO ÀS CONCAUSAS, A FIM DE ORGANIZAR AS IDÉIAS: 
 
 
 
 
Conforme já vimos, segundo a teoria da causa adequada, a 
causa é aferida de acordo com o juízo do homem médio e 
com a experiência comum. Não basta contribuir de qualquer 
modo para o resultado: AA CONTRRIBUIÇÃOO DDEVVE SSERR EFICCAZ! 
 
 
 
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CAUSAS 
ABSOLUTAMENTE 
INDEPENDENTES 
RELATIVAMENTE 
INDEPENDENTES 
PREEXISTENTES 
CONCOMITANTES 
SUPERVENIENTES 
PREEXISTENTES 
CONCOMITANTES 
SUPERVENIENTES 
ROMPEM O NEXO 
CAUSAL E RESPONDE 
O AGENTE PELOS 
ATOS PRATICADOS 
ATÉ ENTÃO 
NÃO ROMPEM O NEXO 
CAUSAL E RESPONDE 
O AGENTE PELO 
RESULTADO 
NATURALÍSTICO 
QUE NÃO 
PRODUZIRAM POR 
SI SÓS O 
RESULTADO 
QUE PRODUZIRAM 
POR SI SÓS O 
RESULTADO 
ROMPEM O 
NEXO CAUSAL 
DEPENDENTES
 
 
 
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2.3.3.4 RELEVÂNCIA DA OMISSÃO 
 
Omissão relevante para o Direito Penal é o não cumprimento de um 
dever jurídico de agir em circunstâncias tais que o omitente tinha a 
possibilidadefísica ou material de realizar a atividade devida. 
Consequentemente, a omissão passa a ter existência jurídica desde que 
preencha os seguintes pressupostos: 
 
1 - Dever jurídico que impõe uma obrigação de agir ou uma obrigação de 
evitar um resultado proibido; 
2 - Possibilidade física, ou material, de agir. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sobre o tema, dispõe o Código Penal: 
 
Art. 13 
[...] 
§ 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente 
devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir 
incumbe a quem: 
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; 
 b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o 
resultado; 
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência 
do resultado. 
 
O supra dispositivo só é aplicado aos crimes omissivos impróprios 
(comissivos por omissão), isto é, aqueles em que a lei penal não cria um 
tipo penal para a omissão, mas diz que se deixar de agir para impedir 
um resultado tutelado penalmente, estará cometendo o delito. 
Esta dedução sobre a aplicabilidade do parágrafo 2º é obvia, pois, se 
para os crimes omissivos próprios temos uma norma que tipifica a 
omissão, é claro que eles não irão se enquadrar no supracitado 
dispositivo e serão sempre penalmente relevantes. 
A OMISSÃO É PENALMENTE RELEVANTE QUANDO O 
OMITENTE PODIA E DEVIA AGIR PARA EVITAR O 
RESULTADO. 
 
 
 
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Sei que já tratamos da classificação dos crimes, mas só para ter certeza 
que você entendeu, pergunto: É possível um homicídio por omissão? 
A resposta é positiva, pois se o indivíduo tinha o dever de impedir o 
resultado e não o fez, será responsabilizado pela morte. 
E o crime é omissivo próprio ou impróprio se o indivíduo tinha o poder e 
o dever de agir? Resposta: Omissivo impróprio. 
Segundo o Código Penal, o dever de agir incumbe a quem: 
 
a) Tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância. 
Exemplo: Pai que intencionalmente deixa de alimentar seu filho recém-
nascido, causando sua morte, responde por “homicídio doloso”; 
 
b) De outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o 
resultado � 
Pode resultar de relação contratual, profissão ou quando, por qualquer 
outra forma, assumiu a pessoa a posição de garantidora de que o 
resultado não ocorreria; o dever jurídico não decorre da lei, mas de uma 
situação fática. 
Exemplo: Salva-vidas que zela pela segurança dos banhistas de um 
clube; 
 
c) Com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência 
do resultado. 
Exemplo: Aquele que, por brincadeira, joga uma pessoa na piscina e, 
posteriormente, percebe que esta não sabe nadar, tem o dever de salvá-
la; se não o fizer, responde pelo crime. 
 
2.3.4 TIPICIDADE 
 
Como último elemento do fato típico tem-se a TIPICIDADE, que é a 
correspondência exata, a adequação perfeita entre o fato natural, concreto 
e a descrição contida na lei. 
 
2.4 CRIME DOLOSO 
 
Ao se examinar a conduta, verifica-se que, segundo a teoria finalista, é ela um 
comportamento voluntário e que o conteúdo da vontade é seu fim. 
 
 
 
 
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Nessa concepção, a vontade é o componente subjetivo da conduta, faz parte 
dela e dela é inseparável. 
Se Tício mata Mévio, não se pode dizer de imediato que praticou um fato típico 
(homicídio), embora essa descrição esteja no art. 121 do CP ("matar alguém"). 
Isto porque o simples fato de causar o resultado (morte) não basta para 
preencher o tipo penal objetivo. É indispensável que se indague o conteúdo da 
vontade do autor do fato, ou seja, o fim que estava contido na ação, já que ela 
(a ação) não pode ser compreendida sem que se considere a vontade do 
agente. 
Toda ação consciente é dirigida pela consciência do que se quer e pela decisão 
de querer realizá-la, ou seja, pela vontade. A vontade é querer alguma coisa e 
o dolo é a vontade dirigida à realização do tipo penal. 
Assim, pode-se definir o dolo como: 
 
 
 
 
 
 
2.4.1 TEORIAS DO DOLO 
 
Existem três teorias que tratam do dolo. São elas: 
 
1. TEORIA DA REPRESENTAÇÃO � Para esta teoria, se o agente 
prevê o resultado como possível e ainda assim opta por continuar a 
conduta, já está caracterizado o dolo. Aqui, pouco importa se o 
agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo. 
Sendo assim, imagine que Tício sai de casa em sua moto para ir a 
uma entrevista de emprego. Durante o percurso, devido a um 
PARA A TEORIA FINALISTA DA AÇÃO, A CONDUTA É COMPOSTA 
DE AÇÃO/OMISSÃO SOMADA AO DOLO PERSEGUIDO PELO 
AUTOR, OU À CULPA EM QUE ELE TENHA INCORRIDO POR NÃO 
OBSERVAR DEVER OBJETIVO DE CUIDADO. 
ANTES DA PROPOSIÇÃO DESSA TEORIA, A TEORIA CLÁSSICA, 
ADOTADA ATÉ A REFORMA DO CÓDIGO PENAL DE 1984 NO 
BRASIL, CONSIDERAVA ELEMENTOS DA CONDUTA APENAS A 
AÇÃO/OMISSÃO E O RESULTADO. 
A CONSCIÊNCIA E A VONTADE NA REALIZAÇÃO DA 
CONDUTA TÍPICA OU A VONTADE DA AÇÃO ORIENTADA 
PARA A REALIZAÇÃO DO TIPO. 
 
 
 
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congestionamento, resolve “cortar” pela calçada e, logo em um 
momento inicial, depara-se com inúmeros pedestres. Certo de sua 
perícia na moto, prossegue e acaba atropelando Mévio. 
Segundo a teoria da representação, o ato será considerado doloso, 
pois, ao subir na calçada e se deparar com pessoas, Tício já poderia 
prever o resultado como possível, mesmo que não o desejasse 
sinceramente. 
 
2. TEORIA DA VONTADE � Esta teoria engloba o conceito da teoria da 
representação no que diz respeito à necessidade da previsão do 
resultado, entretanto, amplia os “requisitos” para a caracterização do 
dolo, incluindo, também, a obrigatoriedade da vontade de 
produzir o resultado. 
 
3. TEORIA DO ASSENTIMENTO � Segundo esta teoria, há dolo não só 
quando o agente quer o resultado, mas também quando realiza a 
conduta assumindo o risco de produzi-lo. 
 
2.4.2 TEORIA ADOTADA PELO CÓDIGO PENAL 
 
O Código Penal dispõe a respeito do crime doloso em seu artigo 18, nos 
seguintes termos: 
 
Art. 18 - Diz-se o crime: 
I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco 
de produzi-lo; 
 
Do exposto, pergunto a você: Qual foi (ou quais foram) a(s) teoria(s) 
adotada(s) pelo Código Penal? 
Resposta: A teoria da vontade (quando o inciso I diz “o agente quis o 
resultado”) e a do assentimento (quando o supra inciso dispõe “ou assumiu 
o risco de produzi-lo”). 
Assim, podemos resumir que o dolo é, primordialmente, VONTADE DE 
PRODUZIR O RESULTADO. Entretanto, também há dolo na conduta de 
quem, após prever e estar ciente de que pode provocar o resultado, 
ASSUME O RISCO DE PRODUZÍ-LO. 
 
 
 
 
 
 
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2.4.3 ELEMENTOS DO DOLO 
 
São elementos do dolo: 
 
I – CONSCIÊNCIA DO ATO E DO RESULTADO � O sujeito ativo deve saber 
exatamente o que está fazendo ou deixando de fazer. Ademais, deve 
relacionar sua ação/omissão com o resultado desejado, ou seja, o nexo 
causal deve ser também percebido pelo agente. A esta percepção dá-se o 
nome de momento intelectual do dolo, quando

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