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FELIPE EUGENIO DE OLIVEIRA VAZ SAMPAIO Engenheiro Civil Analista do MPU/Perícia/Engenharia Civil Mestre em Tecnologia Ambiental e Recursos Hídricos (UnB - PTARH) felsvaz@yahoo.com.br Hidráulica Vertedouros ou vertedores Slides com conteúdos obtidos de Porto, Neves, Cirilo e Wanderley. Vertedouros ou vertedores São estruturas hidráulicas que podem ser definidas como paredes sobre as quais a água escoa São estruturas conceitualmente simples, mas de grande importância prática Podem ser utilizados para diversas finalidades • Medição de vazões • Controle de vazões • Controle de níveis • Geração de turbulência, para aeração da água • Etc. VERTEDOUROS Fonte: USBR Fonte: USGS Vertedouros ou vertedores Em rios, canais e pequenas estruturas hidráulicas, a sua principal finalidade é a medição de vazões VERTEDOUROS Fonte: AgSolve Monitoramento Ambiental Fonte: Desconhecido Vertedouros ou vertedores Nas grandes obras, como em barragens de acumulação, a sua principal finalidade é o controle de níveis e de vazões • Servem essencialmente ao controle da vazão excedente nas cheias, sendo comumente denominados extravasores VERTEDOUROS Fonte: Braspower UHE ITAIPU Vertedouros ou vertedores Os vertedouros após instalados interrompem o fluxo da água que passa a acumular-se, elevando o nível a montante Após atingir a crista ou soleira, começa a haver o escoamento O nível d’água continua aumentando até atingir um valor que seja suficiente para escoar a vazão A água acumulada a montante, ao aproximar-se do vertedouro, sofre aceleração para passar pela crista Com isso, há uma convergência dos filetes e um pequeno rebaixamento da linha d’água logo a montante da crista • Cria-se também uma região de fluxo praticamente nulo no pé do vertedouro VERTEDOUROS H P Elementos geométricos dos vertedouros • Crista ou soleira – é a borda horizontal da parede por onde a água escoa, ou seja, é o entalhe do vertedouro • Faces – são as bordas verticais do entalhe • Altura (P) – altura da parede do vertedouro até a crista ou soleira • Largura da crista (L) – dimensão horizontal da soleira por onde a água escoa • Largura da superfície do canal de aproximação (B) • Carga (H) – é o nível que a água atinge a montante do vertedouro, contado a partir da crista – É medida a uma distância a montante do vertedouro, suficiente para evitar a curvatura da lâmina d’água, recomendando-se o equivalente a 5 ou 6 vezes a própria carga H VERTEDOUROS H P H P L B Q Faces Crista ou soleira Vertedouros – classificação Quanto à forma geométrica da sua abertura, podem ser classificados em • Simples – retangulares, triangulares, circulares etc. • Compostos – seções combinadas, trapezoidais Quanto à altura relativa da soleira • Livres ou completos – se a lâmina a jusante P’ for menor que a altura P do vertedouro (P > P’) • Submersos ou incompletos – se a lâmina a jusante P’ for maior que a altura P do vertedouro (P < P’) – É sempre desejável trabalhar com o vertedouro livre VERTEDOUROS H P Q P’ Q P’ Vertedouros – classificação Quanto à inclinação da parede de montante (paramento de montante) • De paramento vertical • De paramento inclinado Quanto à espessura da parede • Parede delgada – se a espessura da parede for inferior a 2/3 da carga (e < 2·H/3) – Construídas com chapas metálicas, madeiras chanfradas etc. • Parede espessa – se a espessura da parede for superior a 2/3 da carga (e > 2·H/3) – Construídas com pedras ou alvenaria de tijolos etc. VERTEDOUROS H P Q Q e Vertedouros – classificação Quanto à largura relativa da soleira • Sem contrações laterais – se a largura da soleira for igual à largura do canal de aproximação (L = B) • Com contrações laterais – se a largura da soleira for inferior à largura do canal de aproximação (L < B) – Pode ser uma ou duas contrações laterais VERTEDOUROS Q B L Q B L Vertedouros retangulares São os mais utilizados na prática da medição de vazões, devido à grande facilidade de instalação Os vertedouros retangulares podem ser do tipo sem ou com contrações laterais VERTEDOUROS Vertedouros retangulares de parede delgada sem contrações laterais Conceitualmente, é o tipo de vertedouro mais simples Trata-se de uma placa delgada, com soleira horizontal e biselada, instalada perpendicularmente ao escoamento, ocupando toda a largura do canal e com o espaço sob a lâmina vertente ocupado com ar à pressão atmosférica Também denominado descarregador Bazin • Mede vazões com boa precisão VERTEDOUROS Q B L H P Vertedouros retangulares de parede delgada sem contrações laterais Equação geral • O coeficiente de descarga CD incorpora os efeitos de várias hipóteses simplificadoras – Distribuição de velocidades uniforme a montante do vertedouro – Velocidade horizontal e pressão hidrostática na crista do vertedouro – Pressão atmosférica abaixo da lâmina vertente – Efeitos de viscosidade, tensão superficial e turbulência desprezados – Contração da veia líquida ao passar pelo vertedouro • O seu valor médio gira em torno de 0,62 Q B L H P 2 3 D HLg2C 3 2 Q VERTEDOUROS Vertedouros retangulares de parede delgada sem contrações laterais O valor do coeficiente de descarga CD tem sido amplamente estudado, tendo sido apresentadas diversas expressões para o seu cálculo • Bazin – para 0,08 < H < 0,50 m e 0,2 < P < 2,0 m • Rehbock – para 0,25 < H < 0,80 m, P > 0,30 m e H < P Q B L H P 2 D PH H 55,01 H 0045,0 6075,0C H1000 1 P H 08,0605,0CD VERTEDOUROS Vertedouros retangulares de parede delgada sem contrações laterais • Rehbock – para 0,03 < H < 0,75 m, L > 0,30 m, P > 0,30 m e H > P • Francis – para 0,25 < H < 0,80 m, P > 0,30 m e H < P Q B L H P 2 3 D H 0011,0 1 P 0011,0H 0813,06035,0C 2 D PH H 26,01615,0C VERTEDOUROS Vertedouros retangulares de parede delgada sem contrações laterais • Para os casos práticos, é muito utilizada a fórmula simplificada de Francis Q = 1,838·L·H3/2 Recomendada quando a velocidade de aproximação pode ser desprezada, o que acontece para P/H > 3/5 Neste caso, o coeficiente de descarga CD = 0,623 Q B L H P VERTEDOUROS Vertedouros retangulares de parede delgada sem contrações laterais Efeito da aeração da lâmina vertente A fim de evitar problemas de instabilidade nas medições, é recomendável que haja um perfeito arejamento abaixo da lâmina vertente Quando se inicia o escoamento sobre o vertedouro, é criada uma bolsa de ar sob a lâmina vertente, inicialmente sujeita à pressão atmosférica → Lâmina livre À medida que o escoamento processa-se, o ar preso sob a lâmina vertente é carreado para jusante, na forma de bolhas Q Q VERTEDOUROS Vertedouros retangulares de parede delgada sem contrações laterais Efeito da aeração da lâmina vertente A bolsa de ar então diminui, diminuindo a pressão em seu interior, promovendo o abatimento da lâmina vertente → Lâmina deprimida • Por conta da diminuição da pressão, as cargas assim medidas encontram-se abaixodos valores normais, com a lâmina arejada Esse processo ocorre até que todo o ar é removido e a lâmina vertente adere à parede do vertedouro → Lâmina aderente • Essa situação é indesejável para medições porque abaixo da lâmina vertente ocorre pressão abaixo da atmosférica e perturbações na água podem romper a aderência, reintroduzindo ar à pressão atmosférica Q Q VERTEDOUROS Vertedouros retangulares de parede delgada Efeito das contrações laterais Nas situações práticas, principalmente em medições em rios, o vertedouro retangular não pode ocupar toda a largura do canal A lâmina vertente, ao passar pelo vertedouro sofre contrações laterais que, por efeito de inércia da massa líquida, estendem-se por uma pequena distância a jusante do vertedouro Isso diminui a seção por onde efetivamente escoa a água Q H P B L VERTEDOUROS Vertedouros retangulares de parede delgada Efeito das contrações laterais Cada contração lateral reduz a seção efetiva de escoamento de uma largura equivalente a 10% da carga hidráulica Por isso, para vertedouros com contrações laterais, a largura real L deve ser corrigida para uma largura efetiva L • Para uma contração LE= L – 0,1·H • Para duas contrações LE = L – 0,2·H Q H P B L VERTEDOUROS Vertedouros triangulares de parede delgada Os vertedouros triangulares não tem problemas de aeração da lâmina vertente e estão sempre sujeito aos efeitos das contrações laterais São recomendados para medições abaixo de 30 L/s, com cargas entre 0,06 e 0,50 m, tendo boa precisão para vazões até 300 L/s São construídos normalmente em chapas metálicas, com aberturas de 90º Nascente do rio Tietê Fonte: Wikipedia (vertedouro) VERTEDOUROS Vertedouros triangulares de parede delgada Equação geral • Uma das desvantagens dos vertedouros triangulares é que necessitam de cargas maiores que os vertedouros retangulares Para ângulos de abertura de 90º, algumas expressões usuais • Thomson – para 0,05 < H < 0,38 m, P > 3H e B > 6H Q = 1,4·H5/2 • Gouley e Crimp – para 0,05 < H < 0,38 m, P > 3H e B > 6H Q = 1,32·H2,48 2 5 D H 2 tgg2C 15 8 Q VERTEDOUROS H P H P L B Q Crista ou soleira Vertedouros trapezoidais de parede delgada Os vertedouros trapezoidais formam uma combinação de vertedouros retangulares e triangulares A sua equação geral é a soma das equações dos vertedouros VERTEDOUROS Fonte: USBR RETANGULARVERTEDOURO 2 3 D TRIANGULARVERTEDOURO 2 5 D HLg2C 3 2 H 2 tgg2C 15 8 Q Vertedouros trapezoidais de parede delgada Cipoletti estudou um vertedouro em forma de trapézio isósceles de modo que as faces inclinadas do vertedouro triangular compensassem o decréscimo de vazão devido às contrações laterais de um vertedouro retangular, evitando a necessidade de correção nos cálculos Nestas condições, a inclinação das faces deve ser 1H:4V • Para 0,08 < H < 0,60 m, L > 3H, P > 3H, 30H < B < 60H e A > 2H Q = 1,861·L·H3/2 que é a equação de um vertedouro retangular sem a necessidade de correção de L VERTEDOUROS H P H P L B Q Crista ou soleira A Vertedouros retangulares de parede espessa Um vertedouro é considerado de parede espessa se a espessura da parede for superior a 2/3 da carga (e > 2·H/3) A capacidade de descarga de um vertedouro de parede espessa com largura igual à do canal (sem contrações laterais) pode ser avaliada diretamente pela equação de energia Q = 1,704·CD·L·H 3/2 • O valor do coeficiente de vazão CD é função das relações H/P e H/e • Um fato interessante é que a superfície da água ao passar pela soleira sofre um rebaixamento por causa da diminuição da energia específica do escoamento • Se a espessura da parede for inferior a 2/3 da carga, pode não haver o desenvolvimento da altura crítica do escoamento sobre a soleira VERTEDOUROS Q e Vertedouros retangulares de parede espessa Q = 1,704·CD·L·H 3/2 VERTEDOUROS Q e Vertedouros retangulares de parede delgada EXEMPLO Determinar a vazão escoada por um vertedouro retangular, com 2 contrações laterais e com lâmina arejada, com 2,5 m de largura de soleira, com altura de parede de 50 cm e com carga de 28 cm, instalado em um canal natural de 5,0 m de largura superficial A relação P/H = 50/28 = 1,78 → vertedouro não é do tipo Francis Pode ser utilizado o coeficiente de Bazin – 0,08 < H < 0,50 m e 0,2 < P < 2,0 m A largura efetiva é LE = L – 0,2·H → LE = 2,5 – 0,2·0,28 → LE = 2,44 m Assim, a vazão escoada pelo vertedouro é VERTEDOUROS 2 D PH H 55,01 H 0045,0 6075,0C 668,0C 50,028,0 28,0 55,01 28,0 0045,0 6075,0C D 2 D s/m07,1Q28,044,281,92668,0 3 2 QHLg2C 3 2 Q 32 3 2 3 ED Vertedouros retangulares de parede delgada EXEMPLO Determinar a carga sobre um vertedouro do tipo Francis (retangular, sem contrações laterais, com lâmina arejada e com P/H > 3,5) com 1,6 m de largura de soleira escoando uma vazão de 730 L/s Comparar com a carga sobre um vertedouro triangular com abertura de 90º, admitindo P/H > 3 e a fórmula de Thomson Para um vertedouro do tipo Francis, pode ser empregada a fórmula simplificada Q = 1,838·L·H3/2 → H = [Q/(1,838·L)]2/3 → H = [0,730/(1,838·1,6)]2/3 → H = 0,395 m = 39,5 cm Para um vertedouro triangular, a fórmula de Thomson é dada por Q = 1,4·H5/2 → H = (Q/1,4)2/5 → H = (0,730/1,4)2/5 → H = 0,771 m = 77,1 cm Verifica-se que, para uma mesma vazão, a carga sobre um vertedouro triangular é muito maior que a carga sobre um vertedouro retangular Esse é um dos motivos que justificam a recomendação do uso de vertedouros triangulares para vazões inferiores que 300 L/s VERTEDOUROS Vertedouros – recomendações de projeto Para que um vertedouro seja considerado um bom dispositivo para medição de vazão • A seção de medição deve ser precedida de um trecho retilíneo e uniforme do canal, a fim de garantir uma distribuição de velocidades na aproximação a mais uniforme possível – 20·RH é suficiente – Tranquilizadores de fluxo podem ser usados (telas, grades etc.) • Em vertedouros retangulares sem contração lateral, a lâmina vertente não pode aderir ao paramento de jusante, devendo haver arejamento da lâmina – Instalação de tubo de ventilação – Evitar cargas inferiores a 2 cm • A medida da carga deve ser feita a uma distância a montante que evite o abaixamento da lâmina – Recomenda-se uma distância superior a 5 ou 6 vezes o valor da carga – Instalar poço de medição para suavizar as oscilações de níveis • Não são recomendadas cargas superiores a 50 cm (alguns autores recomendam até 60 cm) VERTEDOUROS Vertedouros – recomendações de projeto Na prática, qualquer obstrução em um canal pode ser utilizada para a medição de vazão Sabemos que a seção transversal tem vários elementos geométricos que relacionam-se diretamente com a altura de escoamento, isto é, variam em função do nível d’água • Área molhada • Perímetro molhado • Raio hidráulico • Largura superficial Existe então uma relação direta entre o níveld’água e a vazão Esta relação é denominada Curva-Chave (relação cota- descarga) Portanto, para qualquer estrutura pode ser estudada a sua Curva- Chave VERTEDOUROS Vertedouros – recomendações de projeto Para estimar a vazão basta determinar o nível d’água numa seção a montante da estrutura A medição dos níveis d’água é feita normalmente por meio de réguas verticais locadas em uma seção a montante, denominadas réguas limnimétricas VERTEDOUROS Fonte: USBR Fonte: desconhecido Réguas limnimétricas Outros medidores de vazão Um dos inconvenientes dos vertedouros é a criação de uma zona de fluxo nulo imediatamente a montante do seu paramento Assim, em canais onde escoa água com sedimentos, pode haver acúmulo de sedimentos nesta zona Nestes casos, é recomendável a utilização de medidores de regime crítico ou calhas medidoras • Simplificadamente, são calhas acopladas ao canal formadas por um estrangulamento (redução da largura) onde a água forçosamente passa pelo regime crítico Estas estruturas são robustas e permitem a passagem da vazão de modo fácil, evitando que materiais flutuantes ou em suspensão depositem-se na entrada • São muito utilizadas em estações de tratamento de água ou de esgoto onde não é recomendável a utilização de vertedouros comuns por causa dos sedimentos em suspensão OUTROS MEDIDORES DE VAZÃO Outros medidores de vazão Os medidores de regime crítico mais conhecidos e utilizados são os medidores do tipo Venturi e as calhas Parshall Esses medidores têm uma entrada suavemente afunilada, que converge para uma seção contraída, denominada garganta, de paredes paralelas, seguida de um trecho divergente As variações de largura produzem variações da velocidade e da profundidade ao longo da calha Pode ser formado um ressalto na seção divergente As profundidades Y1 e Y2 podem ser relacionadas para a determinação da vazão OUTROS MEDIDORES DE VAZÃO YC Q Ressalto hidráulico Y1 Q Y2 Garganta B1 BG B2 = B1 Outros medidores de vazão Calha Parshall • Consiste de uma estrutura padronizada que promove um estrangulamento no canal, com variações nas suas declividades de fundo OUTROS MEDIDORES DE VAZÃO Fonte: desconhecido Outros medidores de vazão Calha Parshall • Como as calhas são padronizadas, cada calha possui uma curva cota- descarga específica e relacionada com a largura da garganta • Como o canal sofre estreitamento, o escoamento passa pela transição do regime subcrítico, a montante, para o regime supercrítico, na garganta, retornando para o regime subcrítico a jusante – Embora não seja aconselhável, a calha pode trabalhar afogada a jusante • A expressão típica da vazão para Calhas Parshall é Q = K·HN onde Q é a vazão, K é uma constante, H é a altura lida numa seção a montante do regime supercrítico OUTROS MEDIDORES DE VAZÃO Fonte: desconhecido Outros medidores de vazão Calha Parshall • Alguns valores padronizados para calhas Parshall OUTROS MEDIDORES DE VAZÃO Garganta Vazões (L/s) Coeficientes da equação (mm) (pol - pés) Mínima Máxima k n 76 (3") 0,85 53,8 3,704 0,646 152 (6") 1,52 110,4 1,842 0,636 229 (9") 2,55 251,9 1,486 0,633 305 (1') 3,11 455,6 1,276 0,657 457 (1½') 4,25 696,2 0,966 0,650 610 (2') 11,89 936,7 0,795 0,645 915 (3') 17,26 1426 0,608 0,639 1220 (4') 36,79 1921 0,505 0,634 1525 (5') 62,80 2422 0,436 0,630 1830 (6') 74,40 2929 0,389 0,627 2440 (8') 130,7 3950 0,324 0,623 Fonte: Azevedo Netto et al. (1998) e Azevedo Netto e Richter (1991) Fonte: desconhecido Outros medidores de vazão Calha Parshall • Em ETAs, aproveita-se a formação do ressalto hidráulico como misturador rápido, onde são introduzidos coagulantes OUTROS MEDIDORES DE VAZÃO ETA Caraguatatuba ETA Campos do Jordão Fonte: Pivelli e Ferreira Filho Solução de coagulante Medição de nível a montante Extravasores de barragens As grandes obras hidráulicas, em especial as barragens destinadas à acumulação de água, são normalmente projetadas para trabalhar com as vazões médias dos rios Em eventos extremos, nos períodos de chuvas, as vazões dos rios excedem significativamente os seus valores médios Nestes eventos de cheias, há um volume excedente de água que os reservatórios não suportam, sendo necessária a sua extravasão para jusante, para segurança da obra Para efetuar esta extravasão são implantados os extravasores nas barragens EXTRAVASORES DE BARRAGENS UHE Tucuruí Extravasores de barragens Os extravasores são órgãos constituídos de diferentes partes • Canal de aproximação • Estrutura de controle • Estrutura de condução • Estrutura de dissipação de energia • Canal de restituição EXTRAVASORES DE BARRAGENS UHE Foz do Areia Fonte: Braspower Extravasores de barragens • Canal de aproximação: estrutura encarregada de conduzir a água do reservatório à estrutura de controle, quando esta estrutura está posicionada sobre as margens do rio. É dimensionado para conduzir a água com velocidades compatíveis com a estrutura de controle EXTRAVASORES DE BARRAGENS UHE Foz do Areia Fonte: Braspower Extravasores de barragens • Estrutura de controle: estrutura responsável por regular as vazões descarregadas do reservatório, mantendo os níveis d’água em cotas determinadas pelo projeto. Pode ser de descarga livre ou controlada por comportas EXTRAVASORES DE BARRAGENS UHE Foz do Areia Fonte: Braspower Extravasores de barragens • Estrutura de condução: estrutura que conduz a água da estrutura de controle até a estrutura de dissipação. Normalmente, é composta de um canal de grande declividade denominado rápido, mas pode até não existir se não houver uma estrutura de dissipação EXTRAVASORES DE BARRAGENS UHE Foz do Areia Fonte: Braspower Extravasores de barragens • Estrutura de dissipação de energia: estrutura responsável pela dissipação da energia cinética do escoamento. Quando há uma grande diferença de níveis entre o reservatório e o leito do rio a jusante, a energia potencial da água no reservatório é transformada em energia cinética na passagem pela estrutura de controle e pelo rápido, atingindo grandes velocidades e, consequentemente, adquirindo elevadas energias cinéticas. • Canal de restituição: estrutura responsável por conduzir a água da saída da estrutura de dissipação até o leito do rio, ajustando o escoamento para evitar possíveis erosões EXTRAVASORES DE BARRAGENS UHE Foz do Areia Fonte: Braspower Extravasores de barragens Os principais aspectos observados no projeto de um extravasor de barragem são • Tipo de obra • Localização da obra • Características topográficas e geológicas do local • Vazão de projeto • Desnível topográfico e de níveis d’água Sob o ponto de vista hidráulico, o melhor extravasor é o que maximiza o coeficiente de vazão e produz a restituição do escoamento ao leito natural do rio de forma semelhante às condições naturais, de maneira a assegurar a integridade da estrutura • O coeficiente de vazão está diretamente ligado à geometria do perfil vertente e às pressões desenvolvidas na passagem da água EXTRAVASORES DE BARRAGENS Extravasores de barragens A parte mais importante de um sistema extravasor é a estrutura de controle • Regula as vazões excedentes que saem do reservatório, minimizando-as quando o nível d’água encontra-se abaixo de valores estabelecidos no projeto • Garante a segurança da obra até o seu nível máximo de projeto Normalmente, é composta de um vertedouro, podendo sercontrolado por comportas Os vertedouros são dimensionados para extravasar as vazões de cheia do rio para um determinado nível de segurança, determinada nos estudos hidrológicos EXTRAVASORES DE BARRAGENS Extravasores de barragens Quanto à presença de dispositivos de controle de vazão, os vertedouros podem ser • Com controle – possuem comportas ou outros dispositivos de controle da vazão, também chamados de vertedouros em carga • Sem controle – também chamados de vertedouros simples, de soleira livre ou de superfície De maneira geral, os vertedouros são dimensionados como vertedouros de soleira livre, considerando a sua capacidade máxima de escoamento (cheia de projeto) • A capacidade de escoamento dependerá da carga sobre a soleira, podendo ser estabelecida uma curva de descarga – As curvas de descarga de vertedouros de soleira livre dependem fundamentalmente da carga sobre a soleira – Em vertedouros controlados por comportas, a capacidade de vazão dependerá também da abertura das comportas EXTRAVASORES DE BARRAGENS Vertedouros de barragens de soleira livre Os vertedouros de barragens são desenhados buscando uma “forma hidrodinâmica” – soleira normal • A soleira normal segue aproximadamente a forma da face inferior de uma lâmina vertente que atravessa um vertedouro retangular de parede delgada, sem contrações e perfeitamente arejada • Para a vazão de projeto, esta soleira estará teoricamente sujeita a uma pressão igual à pressão atmosférica • A carga é medida sobre o ponto mais alto da soleira EXTRAVASORES DE BARRAGENS H Face inferior do escoamento HD Face inferior do escoamento Perfil da soleira normal Vertedouros de barragens de soleira livre Foram desenvolvidos inúmeros estudos buscando definir a geometria da soleira normal, sendo os mais comuns • Perfil Creager (essa é a nomenclatura usual) • Perfil Scimemi • Perfil WES (Waterways Experiment Station) • Perfil USBR EXTRAVASORES DE BARRAGENS Perfil USBR Vertedouros de barragens de soleira livre Capacidade de descarga onde C0 é o coeficiente de vazão, LE é a largura efetiva do vertedouro e HD é a carga sobre a soleira do vertedouro A largura efetiva varia em função da forma dos pilares onde L é a largura útil do vertedouro, n é o número de pilares e K é o coeficiente de contração dos pilares EXTRAVASORES DE BARRAGENS 2 3 DE0 HLCQ DE HKn2LL Vertedouros de barragens de soleira livre O coeficiente de vazão depende de vários fatores • Altura do paramento de montante EXTRAVASORES DE BARRAGENS Vertedouros de barragens de soleira livre O coeficiente de vazão depende de vários fatores • Inclinação do paramento de montante EXTRAVASORES DE BARRAGENS UNIFESP 2009 – Engenheiro Ambiental (Instituto Cidades) Questão 15 A velocidade v com que um efluente atravessa um vertedor triangular, é função da aceleração da gravidade (g) e da altura (h) da lâmina d’água em relação ao vértice do triângulo. Aplicando o princípio da homogeneidade dimensional, podemos determinar que na equação Q = C.ga.hb, que fornece a vazão nesse tipo de dispositivo, os expoentes a e b são, respectivamente: a) 1/2 e 5/2 b) 3/2 e 1/2 c) 5/2 e 3/2 d) 1/2 e 3/2 QUESTÃO DE PROVA X DNOCS 2010 – Engenheiro Área 1 (FCC) Questão 54 Pretendendo-se medir pequenas vazões em volume de água sem sedimentos num canal retilíneo regular onde o escoamento é livre, pode-se, com melhor precisão, facilidade operativa e menor custo, escolher o medidor vertedor (A) retangular com paramento afogado. (B) trapezoidal de Cipolletti. (C) de parede espessa. (D) triangular. (E) com perfil longitudinal Greager QUESTÃO DE PROVA X DNOCS 2010 – Engenheiro Área 1 (FCC) Questão 42 O projeto de uma Estação de Tratamento de Água (ETA) de uma pequena cidade necessita mensurar o volume de água afluente não tratada, água bruta, em função do tempo, num canal aberto artificial quadrado em concreto liso, com lado de 1,0 metro. A vazão em volume é variável, sendo esperado considerável transporte de sedimentos. Prevendo-se o tratamento inicial químico com mistura rápida nesse canal, precisão e a facilidade operativa e de manutenção, o instrumento de medição de vazão em volume de água apropriado é (A) o Orifício ou Bocal. (B) o Vertedor com comporta. (C) a Calha Parshall ou Canal Venturi. (D) o Tubo Dall. (E) o Molinete e cronômetro. QUESTÃO DE PROVA X EXERCÍCIOS EXERCÍCIOS
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