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projeto indisciplina escolar

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Centro de Apoio Operacional da Infância, Juventude e Educação
APRESENTAÇÃO DO PROJETO
Considerando que os profissionais da área da educação possuem uma interpretação 
ambígua sobre a Lei nº 8.069/90 (ECA) e, em decorrência da falta de informação, não conseguem 
distinguir o ato de indisciplina do ato infracional, o Ministério Público do Estado de Goiás, por meio do 
Centro de Apoio Operacional da Infância, Juventude e Educação, foi impelido a combater este equívoco, 
a fim de garantir a efetiva aplicação dos preceitos estipulados pelo Estatuto da Criança e do Adolescente.
Desta forma, propomos maior integração na relação entre Ministério Público, Secretarias 
de Educação, Conselhos de Direitos da Criança e do Adolescente, Conselhos Tutelares e profissionais da 
área da educação, uma vez que o trabalho em conjunto possibilitará melhor desempenho e, 
conseqüentemente, melhores resultados, no que diz respeito à indisciplina escolar. 
Assim sendo, diante da dificuldade de discernir o ato de indisciplina do ato infracional e 
das inúmeras dúvidas de como proceder em cada caso, apresentamos e implantamos o projeto:
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 Centro de Apoio Operacional da Infância, Juventude e Educação
COMBATE À INDISCIPLINACOMBATE À INDISCIPLINA 
ESCOLARESCOLAR
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1. JUSTIFICATIVA
Atualmente enfrentamos um sério problema quanto à indisciplina escolar porque 
educadores e alunos acreditam que a Lei nº 8.069/90 contempla apenas direitos a crianças e 
adolescentes, o que, de certo modo, tem contribuído para o aumento da desordem nas instituições de 
ensino.
O objetivo deste projeto é abolir a falsa percepção de que o Estatuto da Criança e do 
Adolescente é uma lei que confere apenas direitos, uma vez que a Carta Magna estabelece a igualdade 
entre homens e mulheres, independente da idade.
Em outras palavras, o presente projeto visa esclarecer que a Lei nº 8.069/90 (ECA) tem o 
escopo de proteger a integridade da criança e do adolescente, preceito previsto no artigo 227 da 
Constituição Federal de 1988, ou seja, reforçar a idéia de que crianças e adolescentes também são 
sujeitos de direitos como todo cidadão, portanto, precisam ser respeitados.
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E, ainda, demonstrar que os mesmos, não estão autorizados, de modo algum, a violar 
direitos de outros cidadãos porque também possuem deveres. No entanto, são deveres que se 
enquadram à situação peculiar na qual se encontram, pois, são indivíduos em pleno desenvolvimento 
que precisam ser educados e preparados para o exercício da cidadania.
Nos municípios goianos nota-se inúmeros registros constando relatos de indisciplina e atos 
infracionais praticados por crianças e adolescentes e a dificuldade dos educadores em lidar com 
determinadas situações, evidenciando a desorientação e a desinformação dos profissionais da área de 
ensino acerca da diferenciação entre ato indisciplinar e ato infracional.
Observa-se, inclusive, a existência de dúvidas sobre como se proceder diante de alguns 
casos, para onde os mesmos devem ser encaminhados e qual o real papel da Escola, Secretarias de 
Educação, Conselho Tutelar, Vara da Infância e Juventude, Ministério Público, família e sociedade. 
A conseqüência deste entendimento desvirtuado leva os educadores a agirem em 
desconformidade com o Estatuto da Criança e do Adolescente. Por isso, a necessidade das instituições 
retro mencionadas, bem como os municípios, firmarem parceria visando uma atuação conjunta, no que 
diz respeito ao trato com crianças e adolescentes, preparando-os para o exercício da cidadania.
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A República Federativa do Brasil tem, dentre outros, o objetivo fundamental de 
“construir uma sociedade livre, justa e solidária” (art. 3º, inc. I, ab initio, CF/88). Portanto, as 
ações previstas neste projeto possuem bases legais que estão expressas na Constituição Federal, no 
Estatuto da Criança e do Adolescente e na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.
O artigo 227 da Constituição Federal determina que: “é dever da família, da 
sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o 
direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à 
cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar, além de colocá-
los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, 
crueldade e opressão”. 
O Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8.069/90) dispõe sobre a proteção integral à 
criança e ao adolescente e preceitua, em seu artigo 4º, caput, que: “É dever da família, da 
comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta 
prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à 
educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, 
à liberdade e à convivência familiar e comunitária.”
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A Lei nº 8.069/90 surgiu para fortalecer os princípios da Proteção Integral e da Absoluta 
Prioridade determinados na Carta Magna, tutelando direitos de indivíduos que estão em 
desenvolvimento e que necessitam ser respeitados, em especial, por aqueles encarregados da nobre 
missão de educá-los.
E mais, se a intenção da legislação em debate é assegurar a transformação de crianças e 
adolescentes em cidadãos, ou seja, em indivíduos que possuam poderes civis e políticos de um Estado 
ou no desempenho de seus deveres para com este, é óbvio que a mesma não poderia deixar de estipular 
sanções educativas, no caso de violações contra disposições estabelecidas em lei ou diante da prática de 
atos ilícitos.
Por sua vez, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394/96), em seu 
artigo 2º, reza que: “A Educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de 
liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno 
desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua 
qualificação para o Trabalho.” (G.N).
A indisciplina na escola atormenta o professor e compromete a aprendizagem do aluno, 
portanto, é preciso que pais e educadores façam uma reavaliação sobre seus conceitos, juízos de valores 
e a própria educação no intuito de enfrentarem esse desafio.
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2. OBJETIVO GERAL
O objetivo desse projeto é combater a indisciplina nas escolas, a partir da desmistificação 
de que a função do Estatuto da Criança e do Adolescente é conferir imunidade à população infanto-
juvenil. 
Demonstrar à comunidade escolar e à população em geral que crianças e adolescentes 
também são sujeitos de direitos e deveres como todo cidadão, esclarecendo a diferença entre ato de 
indisciplina e ato infracional.
Ato de indisciplina é aquele comportamento que, embora não constitua crime, ou 
contravenção penal, compromete a convivência e a ordem no ambiente escolar. Deve estar previsto no 
regimento interno do estabelecimento de ensino e solucionados no âmbito da própria entidade 
educacional.
Ato infracional é toda a conduta prevista como crime ou contravenção penal, dentro do 
ordenamento jurídico pátrio.
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Assim, temos que o ato de um aluno, dentro das dependênciasde seu respectivo 
estabelecimento de ensino será considerado como ato de indisciplina, se não houver no ordenamento 
jurídico descrição de tal ato como ilícito penal. Ressaltando que as sanções disciplinares previstas no 
regimento interno não podem afrontar o princípio fundamental e constitucional, que assegura a todo 
cidadão, em em especial a crianças e adolescentes, o direito de acesso e permanência na escola.
Além disso, o presente projeto visa provocar mudanças nas relações da escola com a 
sociedade, aproximando a comunidade das instituições de ensino e dos educadores.
E, ainda, envolver os jovens na elaboração e execução de projetos educacionais e sociais, 
preparando-os para um melhor exercício da cidadania.
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3. OBJETIVOS ESPECÍFICOS
As ações a serem executadas dentro de um cronograma pré-estabelecido a fim de reduzir 
os altos índices de indisciplina escolar são:
3.1. instruir os professores sobre assuntos como uso de substâncias entorpecentes, gravidez 
precoce, maus-tratos e abuso sexual na infância e adolescência, doenças sexualmente transmissíveis, 
importância da afetividade no processo educativo;
3.2. capacitar professores da rede pública estadual e municipal para o enfrentamento das 
questões relacionadas com a indisciplina, violência, drogadição, e sexualidade precoce do corpo 
discente;
3.3. fornecer aos professores noções acerca da política da proteção integral prevista na 
Constituição Federal e reforçada pelo Estatuto da Criança e do Adolescente;
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3.4. conscientizar a comunidade escolar para a condição peculiar da criança e do 
adolescente como pessoas em desenvolvimento e vulneráveis aos acontecimentos que os cercam;
3.5. diagnosticar carências e deficiências das escolas para a busca de definição das políticas 
públicas na área da infância e juventude;
3.6. diagnosticar as causas e problemas vivenciados nos estabelecimentos de ensino; 
3.7. buscar soluções para as deficiências salientadas.
4. METODOLOGIA
 
Para alcançar os objetivos acima definidos foram estipuladas ações, as quais serão 
monitoradas pelo coordenador do Centro de Apoio Operacional da Infância, Juventude e Educação.
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5. PARCEIROS:
− Secretaria de Educação do Estado de Goiás;
− Conselho Estadual de Educação;
− Secretarias Municipais de Educação;
− Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente – CEDCA;
− Conselhos Municipais dos Direitos da Criança e do Adolescente.
− Conselhos Tutelares;
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6. EQUIPE RESPONSÁVEL PELO PROJETO
Coordenador: 
Everaldo Sebastião de Sousa
Colaboradores:
Eurípedes Vicente Ferreira 
Leandro Koiti Murata
Liliane Bernardes Araújo 
Lucijaine Aparecida Jesus 
Sara Curcino Martins de Oliveira
Talita Paiva Magalhães
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