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PUC MINAS - DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO Profa. Dra. Renata Furtado de Barros 1 DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO Professora Renata Furtado de Barros Doutora em Direito Público / Internacional – PUC Minas Mestre em Direito Público / Internacional – PUC Minas Especialização em Direito Processual – PUC Minas Professora da PUC Minas renatabarrospucminas@gmail.com 1 • C O N C E I T O ð É O D I R E I T O INTERNACIONAL PÚBLICO REGULA AS R E L A Ç Õ E S D A S O C I E D A D E INTERNACIONAL. • NÃO É UM SISTEMA VERTICAL • SISTEMA HORIZONTAL NAS RELAÇÕES 2 è SOCIEDADE INTERNACIONAL Homem (divergências) Coletividades Não Estatais Coletividades Estatais OI’S Estados 3 3 • O Direito Internacional disciplina e rege a sociedade internacional, MAS O QUE É SOCIEDADE INTERNACIONAL? • Sociedade Internacional ⇒ Grupo de Estados e OI’s que convivem harmoniosamente E N Q U A N T O E S S A S R E L A Ç Õ E S S Ã O CONVENIENTES. – Relação de suportabilidade – ligações por interesses. • Comunidade Internacional ⇒ Grupo de Estados e OI’s que se unem por possuírem uma identidade entre eles (familiar, cultural, religiosa, social etc). – Entendimento majoritário de que ainda não existem comunidades internacionais. SOCIEDADE INTERNACIONAL X COMUNIDADE INTERNACIONAL 4 4 1) Dominância dos Estados na formação do DI e das Relações Internacionais. 2) Dominada pelos Estados mais fortes. 3) Não há um poder acima da soberania dos Estados. 4) Os Estados atuam em busca de seus próprios interesses e não em prol da sociedade internacional. CARACTERÍSTICAS DAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS 5 5 5) É cada vez maior a necessidade de a p l i c a ç ã o d i r e t a d a s n o r m a s internacionais na proteção de valores internacionalmente importantes (ex: crimes contra a humanidade). 6) O DI reflete a necessidade da s o c i e d a d e i n t e r n a c i o n a l contemporânea, cujo destinatário final é o homem (está em constante mutação). CARACTERÍSTICAS DAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS 6 Direito Internacional Público X Direito Internacional Privado Ramos autônomos. • Direito Internacional Público (DIP) é o conjunto de normas que regula as relações externas dos atores que compõem a sociedade internacional (em especial os Estados Nacionais). • O DIP estuda o complexo normativo das relações de direito público externo. • Direito Internacional Privado (DIPriv.) é um conjunto de regras de direito interno que regulam as relações de pessoas físicas e jurídicas de Direito Privado que submetem-se a ordenamentos jurídicos distintos. 6 PUC MINAS - DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO Profa. Dra. Renata Furtado de Barros 2 7 Direito Internacional Público X Direito Internacional Privado Direito Internacional Privado èRefere-se às normas internas de um país que determinam qual lei aplicar quando há um choque de legislações – no Brasil a LINDB é a principal norma que soluciona esses conflitos e a LEI DE MIGRAÇÃO (Lei 13.445 de 24 de maio de 2017). RAMOS AUTÔNOMOS • O DIPriv. não tem nenhuma correlação especial ou dependência em relação ao DIP. 7 8 • O DIPriv. não tem nenhuma correlação especial ou dependência em relação ao DIP. • A maioria dos autores reconhece mesmo a IMPROPRIEDADE DA DENOMINAÇÃO, só admitida porque consagrada pelo uso, desde que foi proposta pelo jurista americano Joseph Story em seu The Conflict of Laws (1834; O conflito das leis). • Não existe um sistema supranacional para regular as relações de direito privado entre indivíduos sujeitos a diferentes ordenamentos nacionais. • O que existe é um conjunto de princípios para a determinação da lei aplicável a relações jurídicas que possam incidir na regulação de dois ou mais sistemas legais conflitantes, de Estados diversos. • Havendo controvérsia sobre a lei a ser aplicada, dois problemas podem ocorrer na solução de um pleito: – saber qual o juiz competente para decidir a causa; – saber qual lei a ser aplicada. 9 10 • 2 tipos de conflitos: – CONFLITOS DE LEIS NO TEMPO – CONFLITOS DE LEIS NO ESPAÇO • Conflitos de Leis no Tempo: Decorre do Direito Intertemporal – CONCEITO: É o conflito de leis decorrente da coexistência de duas ou mais normas distintas regulando uma mesma relação jurídica – A Lei de Introdução ao Código Civil Brasileiro regula a matéria sobre conflito temporal aparente de leis, ao prescrever: Art. 2° LINDB - Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue. § 1° - A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior. § 2° - A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior. § 3° - Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência. Conflitos de Leis 11 • Decorre de dois fatores: – diversidade legislativa (cada sistema jurídico, autônomo e soberano, dá tratamento diferente a aspectos sociais) – existência de uma sociedade transnacional (relações entre indivíduos vinculados a sistemas jurídicos diferentes) • Esses dois fatores criam o conflito de leis no Espaço ð principal objeto do Direito Internacional Privado. • Pensamento de outros autores → Entendem que um conflito de leis no espaço será solucionado com a possibilidade de aplicação de uma lei estrangeira no território nacional. • Edgard Carlos de Amorim → O que ocorre quando se aplica uma lei estrangeira por determinação de uma lei nacional é um reconhecimento de um direito adquirido no exterior. Conflitos de Leis no Espaço 12 • Edgard Carlos de Amorim → Conflitos só existem quando a lei estrangeira ferir a nossa soberania ou a ordem pública local. • Objetos do DIPriv.: – Conflitos de Leis no Espaço: choques da legislação estrangeira com a brasileira e ofensas à soberania nacional e à ordem pública. – Aplicação da Lei Estrangeira: condições jurídicas do estrangeiro e os direitos adquiridos. • Regra geral é a aplicação do direito pátrio. • Não se deve aplicar o direito estrangeiro, determinado pela norma de direito internacional privado, quando verificar que fere a ordem pública, a soberania ou os bons costumes ou quando os interessados estiverem tentando fraudar a legislação interna. (ex: divórcio) PUC MINAS - DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO Profa. Dra. Renata Furtado de Barros 3 13 • Atualmente são quase as mesmas em todos os Estados, sofrendo restrições em apenas alguns deles. • No Brasil o estrangeiro só não terá direitos políticos (impedido de votar, ser votado e de pertencer a partidos políticos). • Art. 5°, caput, da Constituição da República (CR) Condições Jurídicas do Estrangeiro Art. 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade. • Desde que tenha entrado e permaneça no Brasil de modo regular o estrangeiro iguala-se ao brasileiro para quase todos os efeitos. 14 • Conceito: São os direitos aos quais os nacionais e estrangeiros fazem jus após o preenchimento de requisitos determinados por lei. • Esses direitos fazem parte do Direito Privado, por se tratar da relação particular do indivíduo com a norma jurídica. • No Brasil ð Direitos Adquiridos são reconhecidos a estrangeiros desde que não ofenda a ordem pública ou a soberania nacional. • Quando há um conflito deleis que impossibilita esse reconhecimento ele não ocorrerá, exemplo: – Pedido: Homem árabe casado com duas mulheres requer o reconhecimento de seus dois casamentos no território brasileiro. – Resposta do Governo Brasileiro: Terá seu pedido negado, uma vez que o ordenamento jurídico brasileiro não aceita a bigamia, com base nos bons costumes locais. Direitos Adquiridos 15 èImperfeita: Normas que visam beneficiar e favorecer os nacionais. • Exemplo: Art. 10 da LINDB, § 1º “A sucessão de bens de estrangeiros, situados no País, será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, ou de quem os represente, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do de cujus.” èPerfeita: Normas que têm aplicação indistintas em relação a nacionais e estrangeiros. • Exemplo: Art. 5°, caput, da CR “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade. Classificação das normas de DIPriv. 16 Fontes do DIPriv. CLASSIFICAÇÃO DAS FONTES DE DIPriv. • Grande Complexidade dos problemas a serem solucionados pelo DIPriv. ð Variedade de fontes • O DIP baseia-se em regras produzidas por fontes supranacionais • O DIPriv. baseia-se em grande parte em regras das fontes internas, quais sejam, pela ordem de importância: 1) Leis 2) Tratados 3) Jurisprudência 4) Doutrina 5) Costumes 17 • Fontes Internacionais = também são fontes do DIPriv., assim como no DIP. • Fontes internacionais em que se baseia o DIPriv.: – Tratados e Convenções Internacionais – Costumes Internacionais – Jurisprudência Internacional – Princípios gerais de Direito Internacional CONCEITO DA CONVENÇÃO DE VIENA: “um acordo internacional celebrado por escrito entre Estados e regido pelo Direito Internacional, quer inserido num único instrumento, quer em dois ou mais instrumentos conexos, qualquer que seja a sua designação específica”. TRATADOS INTERNACIONAIS 18 HIERARQUIA DOS TRATADOS INTERNACIONAIS NO ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO • Controle de Constitucionalidade dos Tratados: – STF – Passíveis de controle constitucional. • Tratados no Ordenamento Jurídico Brasileiro: – Art. 102,III, b e Art.105, III da CR = Lei Ordinária Federal – Tratados Internacionais sobre Direitos Humanos = aprovação pelo PL – 2 turnos por 3/5 - EC 18 PUC MINAS - DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO Profa. Dra. Renata Furtado de Barros 4 19 TRATADOS INTERNACIONAIS DE DH recepcionados por maioria simples TRATADOS INTERNACIONAIS COMUNS TRATADOS INTERNACIONAIS DE DH recepcionados por 3/5 em 2 turnos do Congresso 20 • Organização intergovernamental que tem por finalidade trabalhar para a unificação progressiva das regras de direito internacional privado (1955). • A Conferência, entre 1951 e 2005, adotou 36 Convenções Internacionais, e a aplicação prática de muitas delas é revista regularmente por Comissões Especiais. • Mesmo quando não ratificadas, as Convenções influem nos sistemas jurídicos dos Estados, membros ou não. 1893 – CONFERÊNCIA DE HAIA DE DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO 21 • Constituem também uma fonte de inspiração para esforços de unificação do DIPriv. no nível regional, como os que acontecem na OEA ou na UE. • Convenções que receberam maior número de ratificações: – Supressão da exigência de legalização – Citação e notificação no estrangeiro – Obtenção de provas no estrangeiro – Acesso à justiça – Subtração internacional de menores – Adoção internacional – Conflitos de leis relacionados à forma das disposições testamentárias – Obrigações alimentares – Reconhecimento de divórcios 22 • Convenções mais recentes: – Competência internacional, – Lei Aplicável, – Reconhecimento, Execução e Cooperação em Matéria de Responsabilidade Parental e de Medidas de Proteção às Crianças (1996), – Proteção Internacional de Adultos (2000) • Questões que estão em debate: – Comércio eletrônico; – Conflitos de competência; – Cooperação judiciária e administrativa em matéria de responsabilidade civil por danos causados ao meio ambiente – Reconhecimento e execução de decisões em matéria de sucessão – União Estável etc. • O Brasil é membro desde 23/11/2001 • Site oficial ð www.hcch.net, disponibiliza informações gerais sobre a organização, além de informação, detalhada e atualizada regularmente, sobre as Convenções de Haia. 23 • O Brasil é parte nos seguintes instrumentos internacionais: – XXVIII Convenção sobre os Aspectos Civis do Rapto Internacional de Crianças (1980) – XXXIII Convenção relativa à Proteção das Crianças e à Cooperação em Matéria de Adoção Internacional (1993) • As Convenções poderão ser de dois tipos: – Convenções contendo regras de solução de conflitos de leis, isto é, o DIPriv. Uniformizado. – Convenções que aprovam Lei Uniforme para atividades de caráter internacional. • No Brasil os tratados e convenções não têm tanta força no DIPriv. diante da LICC. JURISPRUDÊNCIA • A jurisprudência - salienta Amilcar de Castro - é importantíssima fonte de DIPriv., cujas normas legisladas, em geral, são poucas. 24 • A autoridade e o valor positivo da jurisprudência variam em cada Estado. • Os países do “Common law”, como a Grã-Bretanha e os EUA lhe dão maior categoria de fonte que os direitos escrito e codificado. DOUTRINA • Fonte reconhecida de DIPriv., tendo muito influenciado a evolução da disciplina em todas as partes do mundo. • Os princípios fundamentais do DIPriv. moderno repousam nas teorias doutrinárias desenvolvidas desde o século XIX. • Interpreta as decisões judiciais a respeito do DIPriv. e com base nas mesmas desenvolve os princípios da matéria. • A doutrina também serve de orientação para os tribunais, que muitas vezes recorrem a ela para decidir questões deste Direito. • Elaborou um sistema de regras jurídicas constitutivas da parte geral do DIPriv. PUC MINAS - DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO Profa. Dra. Renata Furtado de Barros 5 25 • Regras gerais do DIPriv. = raramente se incorporam diretamente à legislação dos Estados ð são regras aplicadas pelos tribunais quando eles se baseiam em fontes doutrinárias. • Doutrina = leva em consideração o aspecto global do DIPriv., o seu lado internacional, e não apenas o direito interno como outras fontes. • A doutrina do DIPriv. é encontrada: – Nos trabalhos dos institutos especializados na pesquisa do DIPriv. – Nas Convenções elaboradas nas Conferências Internacionais, mesmo quando não vigentes pela falta do número necessário de ratificações. • Mesmo as Convenções que não obtiveram o número necessário de ratificações tem um valor doutrinário elevado, já que foram preparadas por especialistas de alto nível, devendo ser aproveitadas pelos tribunais na aplicação do DIPriv. 26 COSTUMES • CONCEITO: Prática longeva, uniforme e geral, constante da repetição geral de um comportamento, que, pela reiteração, passa a indicar um modo de proceder em determinado meio social, segundo as lições do civilista Cristiano Chaves. • CONCEITO DO ESTATUTO DE HAIA: Prática geral aceita como sendo direito. • O costume - "jus non scriptum" (direito não escrito) - se constitui de dois elementos indispensáveis para que ele se consolide juridicamente: – Repetição uniforme de certos atos – Crença de que a norma obedecida é obrigatória • No costume há um sentimento de dever jurídico, de obrigatoriedade. 27 • O costume internacional como fontede direito tem caído em desuso já que é: – difícil de ser provado – demorado para ser constituído • Os conflitos com os sujeitos de direito internacional têm exigido soluções rápidas e ágeis, o costume internacional é de constituição lenta, não satisfazendo as necessidades do mundo atual. • Desde a 2ª Guerra Mundial, o costume internacional vem sendo substituído gradualmente pelos tratados e convenções internacional como fonte de direito. • O costume deve ser provado por quem o alega. A dificuldade em ser provado é outro motivo que leva a sua substituição pelos tratados, que por serem escritos, são mais fáceis de serem provados. 28 Circunstâncias de Conexão • As leis de cada Estado têm vigência apenas em seu território. • Pessoas de Estados diferentes firmam contratos, casam-se ou fazem negócios ð IMPASSE: Qual lei deverá ser aplicada? • Solução ð Lex fori ð A resposta será encontrada na lei do foro, ou seja, nas leis internas de cada país que tratam da aplicação da lei estrangeira e do conflito de leis no espaço. • Lex fori Brasileira = LINDB e demais normas de DIPriv. • Cada país terá o seu sistema de aplicação da lei estrangeira no seu território. • Os ELEMENTOS DE CONEXÃO solucionarão esses conflitos. 29 • Conceito = circunstâncias diretamente ligadas ao caso, usadas pela norma de DIPriv. para indicar a lei a ser aplicada no caso concreto. • Se todos os Estados adotassem o mesmo elemento de conexão os conflitos do DIPriv. seriam reduzidos, já que todos eles usariam o mesmo critério. DOMICÍLIO • Antes da 2ª Guerra Mundial o Brasil adotava a nacionalidade como elemento de conexão. • Após a 2ª Guerra Mundial, devido à grande imigração de europeus para o Brasil, o critério mudou para o domicílio para evitar a excessiva aplicação de normas estrangeiras no Brasil na solução de conflitos envolvendo estrangeiros. • Atualmente = O Brasil adota o domicílio como elemento de conexão. • CONCEITO DE DOMICÍLIO: lugar em que a pessoa ordinariamente exerce seus direitos e cumpre suas obrigações da vida civil. ELEMENTOS DE CONEXÃO (vínculo / ligação) 30 • Domicílio – Voluntário: lugar em que a pessoa escolhe morar • vontade + objetivo de residência – Necessário: imposto por lei • Exemplo: domicílio do funcionário público, do militar e do preso. • Exceções: – Domicílio das tripulações de navios mercantes = lugar onde estiver matriculada a embarcação. – Domicílio das tripulações de navios militares = base ou estação naval. – Domicílio da União = DF. – Domicílio dos Estados = sede de suas administrações (capitais). – Domicílio de pessoa sem residência habitual = lugar onde se encontra. – Ação de separação judicial , consensual, de alimentos e para anulação de casamento = residência da mulher. – Ação de alimentos = residência do alimentando. • Residência = Local onde o indivíduo mora. PUC MINAS - DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO Profa. Dra. Renata Furtado de Barros 6 31 • O Brasil adota o concurso sucessivo em relação aos elementos de conexão ð 1) Domicílio; 2) Residência e 3) Lugar onde a pessoa se encontra. • Artigo 7°, LINDB, §8° – “Quando a pessoa não tiver domicílio, considerar-se-á domiciliada no lugar de sua residência ou naquele em que se encontre.” NACIONALIDADE • Nacionalidade no sentido sociológico = grupo de pessoas que falam a mesma língua, são da mesma raça, professam a mesma religião e tem os mesmos costumes e tradições (maioria). • Alemães – adotam a nacionalidade como uma identidade de: raça, religião e língua. • Franceses acrescentam à nacionalidade: elemento psicológico – desejo de viver em comum. • CONCEITO JURÍDICO: vínculo jurídico de direito público interno que une o indivíduo ao Estado. 32 • Nacionalidade = espécie de contrato que existe entre o indivíduo e o Estado (Weiss), já que ela gera direitos e deveres ao contratante. – Deveres do Indivíduo: Seguir as leis do estado, pagar impostos etc. – Direitos do Indivíduo: Segurança Pública, Educação, Saúde, Liberdade de Expressão etc. • Resumindo... A nacionalidade é “um vínculo jurídico- político que impõe ao indivíduo obrigações e concede-lhe direitos, inclusive de natureza política”. (Clovis Beviláqua e Pontes de Miranda). • Declaração Universal de Direitos do Homem traça critérios para a solução de divergências sobre nacionalidade: – Toda pessoa deve ter nacionalidade (APÁTRIDA); – Deve tê-la desde o nascimento; – Pode mudá-la voluntariamente. 33 • Tipos de Nacionalidade: – NATURAL OU ORIGINÁRIA: advinda do nascimento. – ADQUIRIDA: mudada após o nascimento. • Sistemas de Aceitação de Nacionalidade: – IUS SANGUINIS • Termo latino que significa "direito de sangue" e indica um princípio pelo qual uma nacionalidade pode ser reconhecida a um indivíduo de acordo com sua ascendência. • Consagrado pela Grécia Antiga (estrangeiros, prisioneiros de guerra) e por Roma. • Na maioria dos países europeus, o princípio do “ius sanguinis” ainda se mantém como forma principal da transmissão da nacionalidade. • Crítica à Europa já que os sistema privilegia filhos de europeus nascidos no exterior em detrimento de filhos de imigrantes não- europeus nascidos na Europa. 34 – IUS SOLIS • Teve sua origem no Feudalismo, em que cada indivíduo era parte do feudo onde nascia e deveria obedecer as suas regras. • Os feudos eram fechados entre si, os senhores feudais exerciam um poder absoluto no seus territórios e por esse motivo o sistema de territorialidade da lei foi adotado. • É o “direito do solo” = a nacionalidade é estabelecida pelo lugar do nascimento, sem que seja tomada como base a nacionalidade dos pais do indivíduo. • Os países da América, em especial o Brasil, em razão das colonizações e da dificuldade de se determinar quem seria brasileiro pelo critério consangüíneo adotou o critério do “ius solis”. • Caso o Brasil tivesse adotado o critério do “ius sanguinis”, somente aqueles descendentes de índios seriam considerados brasileiros e a maioria seria de nacionalidade portuguesa ou africana. • Entretanto, hoje em dia o Brasil já pode adotar os dois critérios para adoção da nacionalidade. 35 • Pelo critério ius solis, são brasileiros: – Os nascidos em: • Solo pátrio, • Nas aeronaves militares ou públicas, • Nos navios de guerra, • No mar territorial, • Nas sedes das embaixadas, • Nas ilhas, • Nos golfos, • Nos estreitos, • Nos canais, • Nos lagos, • Nos rios e • No nosso espaço aéreo brasileiro. • Como exceção ao critério ius solis, pelo critério ius sanguinis, são brasileiros: – Filhos de brasileiros residentes no estrangeiro. 36 • A adoção de critérios diversos pelos países poderá criar dois tipos de pessoas: – POLIPÁTRIDA: pessoa com mais de uma nacionalidade Exemplo: • Um casal de alemães vem morar no Brasil. Os seus filhos nascidos no Brasil serão brasileiros pelo critério ius solis adotado no Brasil e serão também alemães, pelo critério ius sanguinis adotado na Alemanha. – APÁTRIDA: pessoa sem nacionalidade Exemplo: • Brasileiro se naturaliza americano, perdendo a nacionalidade brasileira (já que os dois países adotam o mesmo critério ius solis). Nos EUA se envolve com tráfico de drogas e tem a sua cidadania americana cassada e se torna um apátrida. (Poderá fazer um pedido de retorno à pátria de origem ao Brasil que concederá caso resolva fazer uma cortesia) • Filme “O Terminal” – conseqüências da perda da nacionalidade. PUC MINAS - DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO Profa. Dra. Renata Furtado de Barros 7 37 BRASILEIROS NATOS: • Constituição da República de 1988(texto original) – Art. 12. São Brasileiros I - natos: a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país; (ius solis) b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil; (ius sanguinis) c) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira competente (ius sanguinis), ou venham a residir na República Federativa do Brasil antes da maioridade (ius solis) e, alcançada esta, optem em qualquer tempo pela nacionalidade brasileira; 38 • Emenda Constitucional Revisional n°3 de junho de 1994 • Erro cometido pelo Congresso Nacional. • Art. 12, letra “c” da CR de 1988 – Art. 12. São Brasileiros I - natos: a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país; (ius solis) – SE MANTEVE IGUAL b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil; (ius sanguinis) – SE MANTEVE IGUAL c) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, pela nacionalidade brasileira; (ELIMINADO O CRITÉRIO IUS SANGUINIS PARA FILHOS DE BRASILEIROS NASCIDOS NO ESTRANGEIRO) 39 • Passou a ser adotado apenas o critério do ius solis: *Vir a residir no Brasil + Optar pela nacionalidade brasileira • E os nascidos no estrangeiro filhos de pai e/ou mãe brasileira, que não estão a serviço do Brasil e não tem a possibilidade de retornarem ao Brasil? • Filhos de brasileiros nascidos no exterior com a emenda de 1994 deixaram de ter assegurado o direito automático à cidadania brasileira! SURGE O PROBLEMA DOS BRASILEIRINHOS APÁTRIDAS! 40 • Passaram a ser “brasileirinhos apátridas”: – Filhos de brasileiros nascidos no estrangeiro após 1994 que residem em países que adotam o critério do ius sanguinis para aquisição da nacionalidade. • (ex: Japão, Alemanha, Itália etc). • Como esses países adotam o critério do sangue para conceder a nacionalidade os filhos de brasileiros não terão a nacionalidade estrangeira apenas por lá residirem (ius solis) e também não terão a nacionalidade brasileira até que tenham a possibilidade de residir no Brasil e optarem pela nacionalidade brasileira. ð figura do Brasileiro Apátrida • Solução Temporária dada pelo governo brasileiro = Foram emitidos passaportes temporários, com validade até o 18° aniversário dos brasileirinhos, e com o carimbo: "Passaporte concedido nos termos do artigo 12, inciso C da Constituição”. • Assim que fosse atingida a maioridade, caso não fossem cumpridas as determinações do art. 12, c, da CR, esses indivíduos se tornariam apátridas (nacionalidade nata–provisória). 41 • Emenda Constitucional n°54 de 20/09/2007 – Art. 12. São Brasileiros I - natos: a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país; (ius solis) b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil; (ius sanguinis) c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira; 42 • Finalmente foi solucionado o problema dos “brasileirinhos apátridas”. • Filhos de Brasileiros nascidos no estrangeiro: – PODERÃO ADQUIRIR A NACIONALIDADE ATRAVÉS DE REGISTRO DO NASCIMENTO NOS CONSULADOS BRASILEIROS. OBS: Consulado X Embaixada • Consulado = Representa particulares de um país em outro país. São um apoio às embaixadas, realizando serviços de concessão de vistos e atendimento aos cidadãos de seu país que residem em outro território. • Embaixada = “Órgão" máximo que representa um país em território estrangeiro, geralmente localizada nas capitais federais. Mantém funções diplomáticas e trata de assuntos de interesse comum entre as nações. PUC MINAS - DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO Profa. Dra. Renata Furtado de Barros 8 43 BRASILEIROS NATURALIZADOS: • Art. 12. São Brasileiros II - naturalizados: a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral; b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade residentes na República Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira. (Estatuto do Estrangeiro) § 1º - Aos portugueses com residência permanente no País, se houver reciprocidade em favor dos brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta Constituição. 44 § 2º - A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros natos e naturalizados, salvo nos casos previstos nesta Constituição. § 3º - São privativos de brasileiro nato os cargos: I - de Presidente e Vice-Presidente da República; II - de Presidente da Câmara dos Deputados; III - de Presidente do Senado Federal; IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal; V - da carreira diplomática; VI - de oficial das Forças Armadas; VII - de Ministro de Estado da Defesa. 45 PERDA DA NACIONALIDADE • No artigo 12, § 4° da Constituição da República são dois os casos de possibilidade de perda de nacionalidade por um brasileiro: 1) Tiver cancelada a sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional; 2) Adquirir outra nacionalidade por naturalização voluntária, salvo nos casos de: • Reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira; • Imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao Brasileiro residente no estrangeiro, como condição de permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis. • É importante observar, portanto, que o brasileiro nato só terá a possibilidade de perder a sua nacionalidade nos casos em que ele optar por naturalizar-se com outra nacionalidade. • Se for necessário o brasileiro se naturalizar para exercer cargo ou emprego, ou para casar-se com estrangeira no país onde reside, ele ficará com dupla nacionalidade. (Ex: atleta). 46 NACIONALIDADE X CIDADANIA • Nacionalidade = vínculo jurídico-político que une a pessoa ao Estado. • A cidadania não é sinônimo de nacionalidade, mas uma decorrência do estado de ser cidadão. • Cidadania = conjunto de direito civis e políticos de que dispõe o indivíduo, podendo, como conseqüência, desempenhar funções públicas, atividade profissional, votar, ser votado, participar de partidos políticos, enfim, exercer os atos da vida civil em sua plenitude. • Não há cidadania sem nacionalidade! • Exercitar os direitos civis e políticos é exercitar a cidadania. • Ex: Polipátrida Brasileiro e Alemão tem as duas nacionalidades, mas exercerá a sua cidadania somente no país em que exercer os seus direitos civis e políticos. 47 RAÇA, RELIGIÃO E VIZINHANÇA • São elementos de conexão raramente utilizados. • Raça e Religião são utilizados em países da África e Oriente Médio, já que os direitos desses países são distribuídos de acordo com esses critérios. Exemplos: – RAÇA: África do Sul – a discriminação racial permite que os direitos sejam divididos de acordocom o o tipo de sangue – brancos puros tem mais direitos e os negros tem mais obrigações. – RELIGIÃO: Irã – os direitos e as obrigações são repartidos de acordo com a religião de cada iraniano. – COSTUME TRIBAL: países da África – cada tribo tem os seus direitos e obrigações estabelecidos. • A Vizinhança é um elemento de conexão ligado à origem do indivíduo e utilizado principalmente na Suíça. Cada pessoa terá fixados os seus direitos de acordo com a cidade em que nasceu (direito de cidade). 48 AUTONOMIA DA VONTADE • Origem = Liberalismo • Consiste na faculdade das partes de elegerem a lei a ser aplicada para solução de conflitos (ex: contratos). • A autonomia da vontade sempre foi reconhecida e respeitada no DIPriv. • Século XVI – A autonomia da vontade passou a ser vista como elemento de conexão. • A Lei de Introdução antiga, em seu art. 13, permitia a eleição da lei a ser aplicada em contratos firmados entre indivíduos de territórios diferentes. • A LICC atual proíbe esse autonomia no Brasil. • Mas... A doutrina e a jurisprudência têm aceitado que nos casos de ato pactuado no exterior com a indicação da lei brasileira a ser aplicada, o ato é válido e plenamente aplicável. PUC MINAS - DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO Profa. Dra. Renata Furtado de Barros 9 49 LEX REI SITAE - LUGAR DA SITUAÇÃO DA COISA • Elemento de conexão aplicado aos imóveis, não importando o domicílio do réu. • Toda e qualquer ação que versar sobre bem imóvel situado no Brasil terá de ser proposta diante do juiz brasileiro. • Princípio universalmente aceito. LUGAR DA CONSTITUIÇÃO DAS OBRIGAÇÕES • Art. 9° da LINDB - “Para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á a lei do país em que se constituírem”. • Art 9°, § 2°, da LINDB -“A obrigação resultante de contrato reputa-se constituído no lugar em que residir o proponente”. LUGAR DA EXECUÇÃO DO CONTRATO • Rege-se pela lei brasileira os contratos aqui exeqüíveis. • Critério adotado por quase todas as legislações do mundo. 50 Qualificações • O DIPriv. enfrenta outro problema além do conflito de leis no espaço. • Além das normas, os institutos dos diversos sistemas jurídicos também possuem conceitos variados de uma legislação para outra. – Exemplo: Noção do início da personalidade – no Brasil basta o nascimento com vida. • C o m o s e r ã o s o l u c i o n a d a s a s controvérsias quanto aos conceitos legais? Existem 3 critérios: – Critério da Lex Fori, a lei do foro = O juiz ao aplicar o direito estrangeiro, não deve se preocupar com a qualificação do instituto por parte do seu sistema de origem, deve tomar por base a própria lei. 51 – Critério da Lex Causae, a lei do direito de origem = O juiz ao aplicar o direito estrangeiro deve deve tomar por base os conceitos do direito estrangeiro adotado (direito estrangeiro tal como ele é). – Critério do Lex Rei Sitae, a lei da situação da coisa. O Brasil, na , adota os 3 critérios de qualificação: Lex Rei Sitae: – Art. 8º LINDB. Para qualificar os bens e regular as relações a eles concernentes, aplicar-se-á a lei do país em que estiverem situados. Lex Causae: – Art. 9º LINDB. Para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á a lei do país em que se constituírem. 52 Lex Fori: – Demais casos. – Exemplos: • Art. 12, § 2º da LINDB. “A autoridade judiciária brasileira cumprirá, concedido o exequatur e segundo a forma estabelecida pela lei brasileira, as diligências deprecadas por autoridade estrangeira competente, observando a lei desta, quanto ao objeto das diligências.” • Art. 13 da LINDB. “A prova dos fatos ocorridos em país estrangeiro rege-se pela lei que nele vigorar, quanto ao ônus e aos meios de produzir-se, não admitindo os tribunais brasileiros provas que a lei brasileira desconheça.” ð OBS: ATOS PROCESSUAIS SERÃO SEMPRE REGIDOS PELA LEX FORI. 53 • Mas como será a interpretação dos institutos inseridos nos tratados internacionais? • A qualificação nos tratados será: – 1° - Qualificação contida no próprio tratado – 2° - Em casos de omissão da qualificação será aplicado o critério lex fori. – No caso não será possível a qualificação lex causae, já que o tratado não virá como norma interna de um país, mas como um acordo entre Estado diferentes com direitos positivos distintos. – Conclusão: são dois os sistemas de qualificação dos institutos legais: lex fori e lex causae. – O entendimento majoritário é o de adoção do critério lex fori. 54 Aplicação do Direito Estrangeiro • Até os fins do século XIX: Direito estrangeiro = matéria de fato. • Século XX – DIPriv. = se torna um Direito Positivo. • DIPriv. = matéria de fato = exigência de prova para a parte interessada, sob pena do direito não ser reconhecido pelo juiz do foro. • DIPriv. = matéria de direito = a prova não é exigida para ser aceita pelo juiz do foro, entretanto, caso a desconheça ele pode requerer a produção da prova por parte do interessado. • Art. 14. da LINDB: – “Não conhecendo a lei estrangeira, poderá o juiz exigir de quem a invoca prova do texto e da vigência.” PUC MINAS - DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO Profa. Dra. Renata Furtado de Barros 10 55 • O juiz terá também a obrigação de pesquisar o direito estrangeiro ao aplicá-lo já que tem um comprometimento com a justiça. • Caso as partes não invoquem o Direito Estrangeiro o juiz poderá invocá-lo mesmo de ofício. • Segundo à LINDB ð Lei Estrangeira se equipara à Lei Nacional. • Obrigatoriedade de aplicação da lei estrangeira = exceto nos casos em que há um conflito com a ordem pública. COMITAS GENTIUM • Termo latino com origem na Escola Holandesa. • A Escola Holandesa entendia que o direito tinha um caráter puramente territorial, ou seja, O ESTRANGEIRO ERA OBRIGADO A ACATAR A LEI NACIONAL E SER SUBMETIDO AOS SEUS DITAMES. 56 • Por exceção e cortesia internacional (comitas gentium) ð o Estado poderia aplicar a lei pessoal do estrangeiro. • Motivos para aplicação de leis alienígenas = A busca do ideal de justiça por cada Estado e motivos de conveniência política. • O comitas gentium poderá estar subordinado à reciprocidade internacional. PROVA DO DIREITO ESTRANGEIRO • Art. 14. da LINDB: – “Não conhecendo a lei estrangeira, poderá o juiz exigir de quem a invoca prova do texto e da vigência.” • Caso a prova não seja suficiente compete ao juiz estudar o caso para que encontre a lei estrangeira adequada. 57 • Art. 337 do CPC – “A parte, que alegar direito municipal, estadual, estrangeiro ou consuetudinário, provar-lhe-á o teor e a vigência, se assim o determinar o juiz.” • Não há conflito entre o Art. 14 da LINDB e o Art. 337 do CPC ð caso o julgador já conheça o direito estrangeiro não há motivo plausível para a exigência de sua prova. • Modo de prova = DETERMINADO PELA LEX FORI • Conclusão ð O Direito Brasileiro não aceita prova que não adota ou inexiste em seu contexto. • Exemplos de prova de direito estrangeiro = códigos, certidões, revistas, livros, jornais, e outras. • Prova Testemunhal = NÃO TEM VALOR ð já que o direito estrangeiro não é matéria de fato. 58 • Atenção: Deve-se lembrar que os tratados ratificados pelos países passam a fazer parte do direito positivo interno, devendo ser observados independente de alegação e prova. MEIOS DE INTERPRETAÇÃO DO DIREITO ESTRANGEIRO • São os mesmos adotados pelo direito brasileiro. • Em relação à pessoa do intérprete, a interpretação poderá ser: – Doutrinária = a feita pelos doutrinadores – Judicial = a feita pelos juízes e tribunais – Legislativa ou autêntica = quando realizada pelos órgãos queexercem predominantemente a função legislativa. 59 • A interpretação quanto ao método e forma de pesquisa poderá ser: – Sociológica = busca a razão de ser da lei. O ato jurídico, segundo essa interpretação, deve ser aplicado para atender o seu propósito social – Sistemática = interpreta a norma no contexto do seu sistema jurídico e em função das outras normas. – Lógica = busca o real sentido da lei. – Analógica = interpretação por analogia. – Declarativa = Conseqüência lógica do resultado obtido ante a coincidência do texto da lei com o seu sentido. – Restritiva = necessária quando o legislador quis dizer menos e disse mais, é necessário então diminuir o campo de sua aplicação. – Extensiva = antítese da interpretação restritiva. 60 • Regra do LOCUS REGIT ACTUM ð“o lugar determina o ato” ou “a lei do lugar rege o ato”. • Art. 9°, § 1º da LINDB. – “Destinando-se a obrigação a ser executada no Brasil e dependendo de forma essencial, será esta observada, admitidas as peculiaridades da lei estrangeira quanto aos requisitos extrínsecos do ato”. • Resumindo ð Obrigação contraída no exterior e executada no Brasil: – Regra: será observada segundo a lei brasileira – Exceção: As peculiaridades da lei alienígena em relação à forma extrínseca (pressupostos processuais) serão respeitadas. PUC MINAS - DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO Profa. Dra. Renata Furtado de Barros 11 61 RETORNO, DEVOLUÇÃO OU REMISSÃO • O retorno, devolução ou reenvio é o modo de interpretar a norma de direito internacional privado, mediante substituição da lei nacional pela lei estrangeira, desprezando o elemento de conexão adotado pela lei nacional para dar preferência à indicação alienígena. • Exemplo: – A Argentina, assim como o Brasil adota como principal elemento de conexão o domicílio. – No caso um argentino com domicílio na Alemanha vai se casar na Argentina, o juiz argentino irá fazer a verificação de sua capacidade para a habilitação para o casamento segundo a lei alemã, ou seja, a lei do domicílio do argentino. – Entretanto a lei alemã determina que a lei aplicada será aquela da nacionalidade do indivíduo, portanto a lei argentina (reenvio). 62 • A teoria do retorno tem sido aplicada pelos juízes com o objetivo único de facilitar a aplicação das suas próprias leis. • A Teoria do Retorno requer que as leis entrem em choque e que ao se tentar aplicar o direito estrangeiro esse direito nos reenvie ao direito interno. • A LINDB proíbe o retorno no Brasil: Art. 16. da LICC – “Quando, nos termos dos artigos precedentes, se houver de aplicar a lei estrangeira, ter-se-á em vista a disposição desta, sem considerar-se qualquer remissão por ela feita a outra lei.” = nesse caso se aplicará a lei brasileira. 63 DIREITOS ADQUIRIDOS • Um direito é adquirido a partir do momento em que um indivíduo preenche os requisitos de uma lei para obter de determinado Estado uma vantagem. • O Direito Adquirido dos estrangeiros é um dos objetos do DIPriv., assim como o conflito de leis no espaço. • Relembrando... Objetos do DIPriv.: – Condição Jurídica do Estrangeiro – Conflitos de Leis no Espaço – Aplicação de Lei Alienígena – onde estão incluídos os direitos adquiridos do estrangeiro. 64 • Não será reconhecido um direito caso esse ofenda a ordem pública. (ex: poligamia / escravatura) • Todo direito tem origem em uma lei de determinado Estado. • Preenchidos os requisitos dessa lei, e desde que não ofenda a ordem pública, o outro Estado terá que acatá-la em razão dos tratados internacionais. • Aplicação da lei estrangeira ð é uma obrigação do Estado (não é cortesia) a aplicação da lei – reciprocidade. • Reconhecimento do Direito Adquirido ð é sempre em função da soberania do Estado. • Necessidade de verificação dos efeitos que os direitos adquiridos podem produzir, numa área regida por certa lei, inteiramente diferente daquela em que foi constituída. 65 • Nem todo direito adquirido pode ser transferido de um Estado para o outro. (ex: emprego público) • Princípios para o Reconhecimento do Direito Adquirido: – O direito para ser invocado no território de um Estado deve ser um direito adquirido e não uma simples expectativa; – O direito deve ter sido validamente adquirido, do ponto de vista internacional (de acordo com a lei); – O direito deve ser um direito privado e não um direito público. • Exemplo de direito adquirido no estrangeiro e acolhido pelo Brasil: – Um casal de franceses se casam na França e vêm morar definitivamente no Brasil com o visto permanente. – O casamento dos dois como não ofendeu a ordem local da França, passa a ser acolhido no Brasil para todos os seus efeitos. – Para ter efeitos erga omnes basta que a certidão de casamento seja registrada nos termos do art. 129, inciso 6° da lei 6015/73. 66 • O juiz brasileiro para reconhecer um direito adquirido no estrangeiro no Brasil deverá: – 1°) Verificar se o instituto alienígena tem similar no Direito Brasileiro. Assim ele qualificará o referido instituto. – 2°) Verificar se o instituto não fere a ordem pública brasileira, ferindo e violando nossas tradições. • Quando não houver o instituto estrangeiro no Direito Brasileiro = instituto desconhecido. • Diante do instituto desconhecido o juiz recorrerá ao Direito Comparado que estudará as origens do instituto, costumes, tradições e poderá recorrer até à analogia para solucionar o caso. • Aplicação direta do direito estrangeiro = juiz aplica instituto estrangeiro em seu país. • Aplicação indireta do direito estrangeiro = juiz profere sentença para que ela seja aplicada em outro país. • ATENÇÃO!!!!!! ð STJ – deve homologar a sentença para ela ter eficácia no Brasil. (MUDANÇA EMENDA 45!) PUC MINAS - DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO Profa. Dra. Renata Furtado de Barros 12 67 SISTEMAS DE HOMOLOGAÇÃO • São 5 os princípios de homologação de sentença estrangeira no Direito Processual Civil: • 1°) Sistema de Revisão do mérito da Sentença – É realizado um novo julgamento do caso, como se uma sentença anterior não existisse, há até o oferecimento de novas provas. – Somente após a revisão do mérito a sentença estrangeira será ou não ratificada. – Justificativa: a revisão é necessária para evitar a má aplicação da lei. • 2°) Sistema de Revisão Parcial do Mérito – É realizada uma análise da boa ou má aplicação da lei do Estado em que a sentença produzirá seus efeitos. 68 • 3°) Sistema de Reciprocidade Diplomática – Tem fulcro nos Tratados. – A aplicação da lei estrangeira no Estado vai depender de tratado previamente assinado entre dois Estados que acorde a aplicação de sentenças proferidas por eles em seus territórios. – Sem a existência do tratado a homologação não será possível. • 4°) Sistema de Reciprocidade de Fato – A execução da sentença estrangeira só é aceita quando o Estado, cuja sentença se pretende executar, procede de igual modo. 69 • 5°) Sistema de Delibação – SISTEMA ADOTADO PELO BRASIL. – Não entra no mérito da sentença. É feita uma análise apenas da forma. Exame feito no Brasil • Examina o Superior Tribunal de Justiça (EC 45/2004, art. 105, inciso I, “i”) apenas se foram observados determinados requisitos legais. • “Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: I - processar e julgar, originariamente: i) a homologação de sentenças estrangeiras e a concessão de exequatur às cartas rogatórias;” 70 • Art. 15. LINDB - “Será executada no Brasil a sentença proferida no estrangeiro que reúna os seguintes requisitos: (delibação) • “a) haver sido proferida porjuiz competente;...” • O STJ examinará primeiro a competência do juiz, ou melhor esclarecendo, se a lide não era da competência de juiz brasileiro. • A competência só é exclusiva do Brasil quando: – O réu, ao tempo da decisão, tinha domicílio no Brasil. – O caso trate de imóvel localizado em nosso solo. – O caso trate de obrigação a ser cumprida no Brasil. – Se a pessoa ao falecer era domiciliada no Brasil, o inventário deve ser aberto no Brasil. 71 • “b) terem sido as partes citadas ou haver-se legalmente verificado a revelia;...” • A ausência de citação afasta o contraditório e a ampla defesa. • A falta do exercício regular da ampla defesa e do contraditório fulmina o processo com uma nulidade ab initio (desde o início). • Revelia = torna verdadeiros os fatos alegados na inicial (confissão ficta). • Requisitos da citação ou da revelia a serem examinados ð são aqueles da legislação da sentença exeqüenda, isto é, do país de sua procedência. 72 • “c) ter passado em julgado e estar revestida das formalidades necessárias para a execução no lugar em que foi proferida;...” • Sentença que transita em julgado é sempre aquela cujos recursos se exauriram. • Assim, o trânsito em julgado depende da publicidade e da exaustão de recursos. • Todos esses aspectos são examinados à luz da lei do juiz prolator da referida sentença (exeqüenda). • “d) estar traduzida por intérprete autorizado;...” • A tradução só poderá ser feita por tradutor oficial ou, na sua falta, por pessoa devidamente autorizada pelo relator. PUC MINAS - DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO Profa. Dra. Renata Furtado de Barros 13 73 SÍNTESE DA APLICAÇÃO DO DIREITO ESTRANGEIRO • Formas de aplicação do direito estrangeiro: – DIRETA = o processo tem a devida tramitação perante o juiz do foro. – Primeira tarefa do juiz: identificar elemento de conexão. – Elemento de conexão: indicará qual lei será aplicada – a nacional ou a estrangeira. – Caso seja a lei estrangeira = passará à qualificação – Distinguida a instituição estrangeira e, em havendo identidade desta com uma do nosso sistema jurídico, o juiz investirá se referida lei não conflita com a nossa ordem pública. 74 – O trabalho subseqüente é interpretação. No entanto, este deverá ser dentro dos critérios previstos pelo direito pátrio. – Se conflita com a ordem pública, não há mais o que fazer, a lei estrangeira não será adaptada. – Se a instituição, cuja aplicação é prevista, não é conhecida, só restará ao juiz, através do mérito comparativo, buscar uma outra do nosso direito que lhe seja pelo menos semelhante. – Quanto ao processo a ser observado é sempre o da lex fori, ou seja, as regras processuais da lei nacional. – A prova será aquela do direito estrangeiro, mesmo assim, os nosso tribunais não aceitam prova que a lei brasileira desconheça. 75 APLICAÇÃO DIRETA DA LEI ESTRANGEIRA ENVIO DO PROCESSO PARA O JUÍZO COMPETENTE DETERMINAÇÃO DO ELEMENTO DE CONEXÃO APLICAÇÃO DA LEI ESTRANGEIRA APLICAÇÃO DA LEI NACIONAL QUALIFICAÇÃO INSTITUIÇÃO ESTRANGEIRA IDENTIFICADA E COM CORRESPODENTE NACIONAL ANÁLISE SE A LEI NÃO CONFLITA COM A ORDEM PÚBLICA APLICAÇÃO DA NORMA ESTRANGEIRA NO BRASIL Serão observadas: 1) Normas processuais lex fori, ou seja, do Brasil. 2) Prova = do direito estrangeiro, desde que seja conhecida pelo direito brasileiro. 76 – INDIRETA = A sentença é proferida por juiz estrangeiro e será executada no Brasil – Nenhuma sentença estrangeira poderá ser executada no Brasil, se não passar pelo crivo do STJ. – Somente após ser homologada será executada nos termos previstos. – Requisitos para execução da sentença estrangeira: • Haver sido proferida por juiz competente • Terem sido as partes citadas ou haver-se legalmente verificado a revelia. • Ter transitado em julgado e estar revestida das formalidades necessárias para a execução no lugar em que foi proferida. • Estar traduzida por intérprete autorizado. 77 APLICAÇÃO INDIRETA DA SENTENÇA ESTRANGEIRA SENTENÇA É PROFERIDA NO ESTRANGEIRO ENVIO PARA ANÁLISE DO STJ REQUISITOS PARA A EXECUÇÃO JUIZ COMPETENTE CITAÇÃO REGULAR DAS PARTES OU REVELIA TRÂNSITO EM JULGADO (FORMALIDADES ATENDIDAS PARA EXECUÇÃO) EXECUÇÃO DA NORMA ESTRANGEIRA NO BRASIL 78 O SISTEMA BRASILEIRO INTERNACIONAL PRIVADO: LEGISLAÇÃO BRASILEIRA ⇒ LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO • Principal fonte de direito internacional privado, determina os elementos de conexão que irão solucionar problemas de conflito de leis no espaço de acordo com o ramo do direito que é objeto do conflito. Art. 1º. § 1º. Nos Estados, estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia três meses depois de oficialmente publicada. • Imediata entrada em vigor da lei = só poderá ocorrer se a lei é de pequena repercussão, reservando-se para esses casos a fórmula tradicional de 45 dias após a publicação. PUC MINAS - DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO Profa. Dra. Renata Furtado de Barros 14 79 PERSONALIDADE / NOME / CAPACIDADE E DIREITOS DE FAMÍLIA Art. 7º. A lei do país em que domiciliada a pessoa determina as regras sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família. • Personalidade • Nome • Capacidade • Direitos de Família • O art. 7º da LINDB preconiza a lei do domicílio como critério fundamental do estatuto pessoal, introduzindo o princípio domiciliar como elemento de conexão para determinar a lei aplicável. 80 • Domicílio = elimina o inconveniente da dupla nacionalidade ou da falta de nacionalidade. • Começo e fim da personalidade = direito do domicílio do indivíduo. • Art. 70. CC = O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência com ânimo definitivo. • (OAB/MG – Abril 2009) Germana, alemã, domiciliada no Chile, morre em um acidente aéreo no Brasil, viajando em aeronave de bandeira francesa, vindo a ser enterrada em Portugal, onde residem seus filhos e únicos herdeiros legítimos, Amanda e Paloma. Segundo a lei brasileira, o fim da personalidade jurídica de Germana será determinado pelas regras de direito material a)da Alemanha. b)do Chile. c)de Portugal. d)do Brasil. Fim da personalidade = lei do domicílio do de cujus 80 81 CASAMENTO REALIZADO NO BRASIL Art. 7º. § 1º. Realizando-se o casamento no Brasil, será aplicada a lei brasileira quanto aos impedimentos dirimentes e às formalidades da celebração. • Impedimentos para o casamento realizado no Brasil • Formalidades para realização do casamento no Brasil • Lex loci celebrationis = o casamento deve ser celebrado de acordo com a solenidade imposta pela lei do local onde o mesmo se realizou, não importando se a forma ordenada pela lei pessoal dos nubentes seja diversa. • Capacidade matrimonial e direitos de família ⇒ regidos pela lei pessoal dos nubentes, ou seja, a lei do seu domicílio. 81 82 • Casamento consumado ⇒ efeitos e limitações serão submetidos à lei domiciliar. • Casamentos celebrados no exterior ⇒ quando de acordo com as formalidades legais do Estado onde foi celebrado, serão reconhecidos como válidos no Brasil, ressalvados os casos de ofensa à ordem pública brasileira e de fraude à lei nacional, se não se observarem os impedimentos matrimoniais fixados pela lei. Causas Suspensivas X Causas Impeditivas do Casamento • CAUSAS SUSPENSIVAS (Art. 1.523 do CC) ⇒ lei do domicílio ⇒ Casamentos realizados no Brasil obedecerão as causas suspensivas do domicílio do nubente. • CAUSAS IMPEDITIVAS(Art. 1.521 do CC) ⇒ lei do local de celebração do casamento. ⇒ Casamentos realizados no Brasil obedecerão ao Art. 1521 do CC para todos os indivíduos, mesmo que sejam estrangeiros. 82 83 Código Civil - Capítulo IV - Das Causas SUSPENSIVAS (LEI DO DOMICÍLIO) Art. 1.523. Não devem casar: I - o viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto não fizer inventário dos bens do casal e der partilha aos herdeiros; II - a viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter sido anulado, até dez meses depois do começo da viuvez, ou da dissolução da sociedade conjugal; III - o divorciado, enquanto não houver sido homologada ou decidida a partilha dos bens do casal; IV - o tutor ou o curador e os seus descendentes, ascendentes, irmãos, cunhados ou sobrinhos, com a pessoa tutelada ou curatelada, enquanto não cessar a tutela ou curatela, e não estiverem saldadas as respectivas contas. 83 84 Código Civil - Capítulo III - Das Causas IMPEDITIVAS (LEI DO LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CASAMENTO) Art. 1.521. Não podem casar: I - os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil; II - os afins em linha reta; III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante; IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive; V - o adotado com o filho do adotante; VI - as pessoas casadas; VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra o seu consorte. 84 PUC MINAS - DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO Profa. Dra. Renata Furtado de Barros 15 85 • (OAB/MG – Agosto 2006) Uma viúva francesa, domiciliada na Itália, veio para o Brasil para se casar com um brasileiro aqui domiciliado, sob o regime da comunhão parcial de bens. Entretanto, haviam se passado apenas oito meses de sua viuvez, o que é considerado causa suspensiva no Brasil, mas não na França e na Itália. É correto afirmar que a francesa a) poderia se casar sob o regime que pretendesse, já que as causas suspensivas são reguladas pela lei do domicílio; b) não poderia se casar sob o regime da comunhão parcial, tendo em vista que a lei brasileira, local do casamento, considera causa suspensiva o fato de terem se passado apenas oito meses a viuvez; c) poderia se casar sob o regime da comunhão parcial, uma vez que as causas suspensivas são reguladas pela lei da nacionalidade; d) não poderia se casar pelo regime da comunhão parcial, tendo em vista que estrangeiros apenas podem se casar no Brasil pelo regime da separação de bens. Causas Suspensivas do casamento ⇒ Lei do domicílio 85 86 Art. 7º. § 2º. O casamento de estrangeiros poderá celebrar-se perante autoridades diplomáticas ou consulares do país de ambos os nubentes. • Estrangeiros poderão contrair casamento fora de seu país = perante o agente consular ou diplomático de seu país, no consulado ou não. • O cônsul estrangeiro é competente para realizar casamento somente quando: – A lei nacional o atribuir tal competência, – Os nubentes forem co-nacionais e – O cônsul tenha a mesma nacionalidade • Casamento de estrangeiros, domiciliados ou não no Brasil, somente é celebrado conforme o direito alienígena no que diz respeito à forma do ato, pois seus efeitos materiais serão apreciados conforme a lei brasileira. • Casamento de brasileiros residentes no exterior = poderá ser realizado perante autoridade consular brasileira. • Impossibilidade de um casamento diplomático entre uma brasileira e um estrangeiro ou apátrida (tem que ter mesma nacionalidade). 86 87 • (OAB/MG – Agosto 2006) Um casal formado por um brasileiro, domiciliado no Brasil, e uma indiana, domiciliada na Índia, resolve se casar na França. Ao chegar ao Consulado brasileiro, o cônsul se recusa a celebrar o matrimônio. É correto afirmar que o cônsul a) agiu equivocadamente, tendo em vista que o casamento de brasileiro no exterior, perante consulado do Brasil, é permitido; b) agiu acertadamente, tendo em vista que ambos os nubentes deveriam ter o mesmo domicílio para que seu casamento fosse realizado perante o Consulado brasileiro; c) agiu acertadamente, porque ambos os nubentes deveriam ter a mesma nacionalidade para que seu casamento fosse realizado perante o Consulado brasileiro; d) agiu acertadamente, uma vez que o casamento de brasileiro, no exterior, somente pode ser celebrado perante autoridade local. * Ambos nubentes devem ser brasileiros e maiores de 16 anos. * Ao menos um dos nubentes deve residir na jurisdição do Consulado-Geral. 87 88 Lei 6.015/1973 (lei de Registros Públicos) • Traslado de Assento de Casamento ⇒ casamento de brasileiro, celebrado no estrangeiro, perante as respectivas autoridades ou os cônsules brasileiros, deverá ser registrado em 180 dias, a contar da volta de um ou de ambos os cônjuges ao Brasil, no respectivo domicílio, ou, em sua falta, no 1º Ofício da Capital do Estado em que passarem a residir. • Decurso do prazo de 180 dias = não impedirá a transcrição do assento → o casamento celebrado no exterior é um negócio jurídico ao qual a lei brasileira confere valor, sendo o registro mera condição de oponibilidade a terceiros. • Os assentos de casamento de brasileiros em país estrangeiro serão considerados autênticos, nos termos da lei do lugar em que forem feitos. • Apenas para produzir efeitos no país é que serão trasladados. 88 89 Art. 7º. § 3º. Tendo os nubentes domicílio diverso, regerá os casos de invalidade do matrimônio a lei do primeiro domicílio conjugal. • A lei do domicílio do casal vai esclarecer se o casamento é válido ou não. • No caso de os nubentes terem domicílio internacional, a lei do primeiro domicílio conjugal estabelecido após o casamento é que prevalecerá para os requisitos intrínsecos do ato nupcial e para as causas de sua nulidade, absoluta ou relativas, inclusive no que diz respeito aos vícios de consentimento. • A lei do domicílio = vai esclarecer se determinado casamento é válido ou não, mesmo que estrangeira e de conteúdo diverso da norma brasileira, e não a norma de direito internacional privado. 89 90 Art. 7º. § 4º. O regime de bens, legal ou convencional, obedece à lei do país em que tiverem os nubentes domicílio, e, se este for diverso, a do primeiro domicílio conjugal. • RELAÇÕES PATRIMONIAIS ENTRE OS CÔNJUGES ⇒ lei do domicílio dos nubentes à época do ato nupcial ou do primeiro domicílio conjugal. • CAPACIDADE PARA CELEBRAÇÃO DE PACTO ANTENUPCIAL ⇒ cada nubente fica submetido à lei do seu domicílio (lei pessoal ao tempo da celebração do contrato). • No que tange ao regime matrimonial de bens, prevalece a lei do domicílio que ambos os nubentes tiverem no momento do casamento ou a do primeiro domicílio conjugal, na falta daquele comum, salientando que de nada adianta a mudança domiciliar com intuito de subtrair o regime matrimonial submetido anteriormente. 90 PUC MINAS - DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO Profa. Dra. Renata Furtado de Barros 16 91 Art. 7º. § 5º O estrangeiro casado, que se naturalizar brasileiro, pode, mediante expressa anuência de seu cônjuge, requerer ao juiz, no ato de entrega do decreto de naturalização, se apostile ao mesmo a adoção do regime de comunhão parcial de bens, respeitados os direitos de terceiros e dada esta adoção ao competente registro. • O Código Civil, em seu artigo 1.639, § 2º, dispõe que qualquer modificação após a celebração do ato nupcial é permitida, desde que haja autorização judicial atendendo a um pedido motivado de ambos os cônjuges, verificadas as razões por eles invocadas e a certeza de que tal mudança não venha a causarqualquer gravame a direitos de terceiros, obedecendo ao princípio da mutabilidade justificada do regime adotado. 91 92 Art. 7º. § 6º O divórcio realizado no estrangeiro, se um ou ambos os cônjuges forem brasileiros, só será reconhecido no Brasil depois de 1 (um) ano da data da sentença, salvo se houver sido antecedida de separação judicial por igual prazo, caso em que a homologação produzirá efeito imediato, obedecidas as condições estabelecidas para a eficácia das sentenças estrangeiras no país. O Superior Tribunal de Justiça, na forma de seu regimento interno, poderá reexaminar, a requerimento do interessado, decisões já proferidas em pedidos de homologação de sentenças estrangeiras de divórcio de brasileiros, a fim de que passem a produzir todos os efeitos legais. NÃO EXISTEM MAIS PRAZOSèEMENDA 66 92 93 • (OAB/MG – Agosto 2006) Um indiano, casado na Índia, lá se divorciou após dois anos de sua separação judicial, na qual ocorreu a partilha dos bens do casal, sendo todos situados na Índia. Depois de um ano de seu divórcio, veio para o Brasil, onde pretendeu se casar com uma brasileira. Para seu novo casamento, é correto afirmar que a) o indiano deverá homologar a sentença indiana de divórcio perante o Superior Tribunal de Justiça, podendo requerê-la imediatamente. b) não será necessária a homologação da sentença estrangeira, por se tratar de decisão meramente declaratória de estado da pessoa. c) não será necessária a homologação da sentença estrangeira, porque seu divórcio não teve qualquer efeito pessoal ou patrimonial no Brasil. d) o indiano deverá homologar a sentença indiana de divórcio perante o Superior Tribunal de Justiça, mas deverá aguardar o prazo de um ano para A homologação da sentença de divórcio será necessária nos casos em que tenha produzido efeitos no Brasil, devendo respeitar o prazo de 1 ano do Art. 226, § 6º da CR/88. 93 94 Art. 7º. § 7º. Salvo o caso de abandono, o domicílio do chefe da família estende-se ao outro cônjuge e aos filhos não emancipados, e o do tutor ou curador aos incapazes sob sua guarda. • Lei do domicílio familiar ⇒ regulará as relações pessoais entre os cônjuges, seus direitos e deveres recíprocos, e os direitos e obrigações decorrentes da filiação. • Princípio da igualdade jurídica dos cônjuges ⇒ não mais se considera a pessoa do marido em si, mas o domicílio da família para a aplicação desse parágrafo. • Tutelados e Curatelados ⇒ depois de assumido o encargo tutelar, em virtude de estarem sob sua guarda, se submeterão à lei domiciliar de seus tutores e curadores. 94 95 Art. 7º. § 8º. Quando a pessoa não tiver domicílio, considerar-se-á domiciliada no lugar de sua residência ou naquele em que se encontre. • Na falta do critério do domicílio, que é a conexão principal, a lei indica critérios de conexão subsidiários, ou seja, o lugar da residência ou daquele em que a pessoa se achar, aplicados sucessivamente na medida em que o anterior não possa preencher sua função, não se tratando de concurso cumulativo, mas sim sucessivo • Art. 26 do Código de Bustamante – Para as pessoas que não tenham domicilio, entender-se-á como tal o lugar de sua residência, ou aquele em que se encontrem. 95 96 BENS Art. 8º. Para qualificar os bens e regular as relações a eles concernentes, aplicar-se-á a lei do país em que estiverem situados. • Bens • Nas hipóteses de mudança de situação de um bem móvel, a lei que disciplina a nova situação deverá ser aplicada, respeitados os direitos adquiridos. • Navios e aeronaves ⇒ serão regidos pela lei do pavilhão, ou seja, pela lei do país em que estiverem matriculados e cuja competência só será afastada nos casos em que a ordem pública o exigir. 96 PUC MINAS - DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO Profa. Dra. Renata Furtado de Barros 17 97 Art. 8º. § 1º. Aplicar-se-á a lei do país em que for domiciliado o proprietário, quanto aos bens moveis que ele trouxer ou se destinarem a transporte para outros lugares. • Lei do domicílio do proprietário ⇒ rege os bens móveis que o mesmo trouxer consigo, para uso pessoal ou em razão de negócio mercantil, que podem transitar por vários lugares até chegar ao local de destino. • Em função da instabilidade de localização ou mesmo da mudança transitória de tais bens, afasta-se aqui a aplicação da lex rei sitae, aplicada aos bens localizados permanentemente, e aplica-se a lex domicilii de seu proprietário, ou seja, o direito de Estado no qual o mesmo tem domicílio, visando a atender interesses econômicos, políticos e práticos. 97 98 Art. 8º. § 2º. O penhor regula-se pela lei do domicílio que tiver a pessoa, em cuja posse se encontre a coisa apenhada. • Penhor ⇒ Lei do domicílio do possuidor da coisa empenhada é que será aplicada • Pouco importará a localização do bem dado em penhor, pois pela lei este estará situado no domicílio do possuidor no momento de ser constituído o direito real de garantia, resguardando assim a segurança do negócio, e garantindo direitos de terceiros. 98 99 OBRIGAÇÕES Art. 9º. Para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se- á a lei do país em que se constituírem. • Obrigações • Obrigações ex lege → Art. 165. do Código de Bustamante: As obrigações derivadas da lei regem-se pelo direito que as tiver estabelecido. • Obrigações ex delicto (decorrentes da prática de um ato ilícito) → são regidas pela lei do lugar onde o delito foi cometido. • No caso de o ilícito ter sido praticado em vários lugares, levar-se- á em conta o local onde ocorreu o último fato necessário para a caracterização da responsabilidade do lesante. 99 100 • Capacidade para constituir obrigações → lei do domicílio do indivíduo. • Forma e ato de constituição da obrigação → serão regidos pela lei do local em que a obrigação se constituir. • O ato, revestido de forma externa prevista pela lei do lugar e do tempo onde foi celebrado, será válido e poderá servir de como prova em qualquer local onde tiver que produzir efeitos. • EXCEÇÕES AO DISPOSTO NO ARTIGO 9º DA LINDB: – Contrato de Trabalho = deverá obedecer a lei do local da execução do serviço ou trabalho. – Contratos de transferência de tecnologia = competência absoluta do direito pátrio interno (para garantir o interesse nacional). – Atos relativos à economia dirigida ou aos regimes de Bolsa e Mercados = lei do país de sua execução. 100 101 Art. 9º. § 1º. Destinando-se a obrigação a ser executada no Brasil e dependendo de forma essencial, será esta observada, admitidas as peculiaridades da lei estrangeira quanto aos requisitos extrínsecos do ato. • Obrigação contraída no exterior e executada no Brasil ⇒ será observada segundo a lei brasileira atendendo as peculiaridades da lei alienígena em relação à forma extrínseca. – A lei da constituição do local da obrigação mantém-se, pois admitidas serão suas peculiaridades, como a validade e a produção de seus efeitos, enquanto a lei brasileira será competente para disciplinar os atos e medidas necessárias para a execução da mesma em território nacional. 101 102 Art. 9º. § 2º. A obrigação resultante do contrato reputa-se constituída no lugar em que residir o proponente. • Lugar onde se tem por concluído o contrato = através dele emanará qual a lei deverá ser aplicada para a disciplinar a relação contratual e também a apuração do foro competente. • Contratantes de Estados diversos = reputa celebrado o contrato no lugar em que foi proposto. • Art. 435. CC = Reputar-se-á celebrado o contrato no lugar em que foi proposto. 102 PUC MINAS - DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO Profa. Dra. Renata Furtado de Barros 18 103SUCESSÕES Art. 10. A sucessão por morte ou por ausência obedece à lei do país em que domiciliado o defunto ou o desaparecido, qualquer que seja a natureza e a situação dos bens. Sucessões • DE CUJUS COM MAIS DE UMA RESIDÊNCIA (CC, art. 71) = competente será o foro onde o inventário foi requerido primeiro. Art. 10. § 1º. A sucessão de bens de estrangeiros, situados no País, será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, ou de quem os represente, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do de cujus. → NORMA IMPERFEITA! 103 104 • Art. 5º, XXXI, CR = “a sucessão de bens de estrangeiro situados no País será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do de cujus”. Art. 10. § 2º. A lei do domicílio do herdeiro ou legatário regula a capacidade para suceder. • O § 2º do art. 10 da LINDB ⇒ diz respeito à capacidade de exercer o direito de suceder! ATENÇÃO!!!!! • capacidade de exercer o direito de suceder ⇒ lei domiciliar do autor da herança e regido pela lei pessoal do sucessor • capacidade para suceder (capacidade para ter direito à sucessão) ⇒ lei do domicílio do falecido. 104 105 PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PRIVADO Art. 11. As organizações destinadas a fins de interesse coletivo, como as sociedades e as fundações, obedecem à lei do Estado em que se constituírem. PJ de Direito Privado • A lei do Estado em que as pessoas jurídicas de direito privado se constituírem ⇒ que irá determinar as condições de sua existência ou do reconhecimento de sua personalidade jurídica, sendo o seu fórum competente para versar sobre sua criação, funcionamento e dissolução, pouco importando o lugar onde se dá o exercício de sua atividade. • Nacionalidade das PJ = Local de sua constituição 105 106 Art. 11. § 1º. Não poderão, entretanto, ter no Brasil filiais, agências ou estabelecimentos antes de serem os atos constitutivos aprovados pelo Governo brasileiro, ficando sujeitas à lei brasileira. • Condicionamento a abertura de filiais, agências ou estabelecimentos de pessoa jurídica estrangeira no Brasil à aprovação de seu estatuto social ou ato constitutivo pelo governo brasileiro, com o intuito de evitar fraudes à lei e fazendo com que a mesma se sujeite à lei brasileira, uma vez que adquirirá domicílio no Brasil (CC, arts. 1.134 a 1.141). • Caso não seja aberta filial no Brasil = não será necessária aprovação do governo brasileiro, sendo possível exercer atividade no Brasil desde que não contrária à nossa ordem social. 106 107 • Ministro de Estado de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior ⇒ Competente para decidir e praticar os atos de funcionamento no Brasil de organizações estrangeiras destinadas a fins de interesse coletivo, incluindo-se aqui alterações de estatuto e cassação de autorização de funcionamento (impedida a delegação). Art. 11. § 2º. Os Governos estrangeiros, bem como as organizações de qualquer natureza, que eles tenham constituído, dirijam ou hajam investido de funções públicas, não poderão adquirir no Brasil bens imóveis ou suscetíveis de desapropriação. • Restrições submetidas às pessoas jurídicas de direito público em relação à aquisição, gozo e exercício de direito real no território brasileiro. ⇒ Proteção à soberania nacional (território). 107 108 Art. 11. § 3º. Os Governos estrangeiros podem adquirir a propriedade dos prédios necessários à sede dos representantes diplomáticos ou dos agentes consulares. • Objetivo ⇒ assegurar o livre exercício de funções diplomáticas e de atividades consulares. • Direito de propriedade imobiliária de um Estado estrangeiro ⇒ restrito ao edifício de sua embaixada, consulado e legações, necessários à prestação de serviços diplomáticos, e aos prédio residenciais dos agentes consulares e diplomáticos, mesmo que neles não se encontre a chancelaria. Art. 12. É competente a autoridade judiciária brasileira, quando for o réu domiciliado no Brasil ou aqui tiver de ser cumprida a obrigação. 108 PUC MINAS - DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO Profa. Dra. Renata Furtado de Barros 19 109 • 2 réus e apenas um deles seja domiciliado no Brasil ⇒ admite-se a competência do juiz que vier a tomar conhecimento da causa em primeiro lugar, de acordo com o princípio da prevenção. • Obrigação exeqüível no Brasil ⇒ competente será a autoridade brasileira, visto tratar-se de competência especial, prevalecendo sobre a competência do local onde a obrigação foi constituída e sobre a competência da lei domiciliar Art. 12. § 1º. Só à autoridade judiciária brasileira compete conhecer das ações, relativas a imóveis situados no Brasil. • Diz respeito não só às ações reais imobiliárias mas sim a todas as ações que tratem de imóveis situados no Brasil e trata-se de norma compulsória! • Imóvel localizado em países diversos ⇒ Cada Estado será competente para julgar ação relativa à parcela do bem que se encontrar em seu território 109 110 Art. 12. § 2º. A autoridade judiciária brasileira cumprirá, concedido o exequatur e segundo a forma estabelecida pela lei brasileira, as diligências deprecadas por autoridade estrangeira competente, observando a lei desta, quanto ao objeto das diligências. • Processo ⇒ norma brasileira • Objeto das diligências ⇒ norma estrangeira Art. 13. A prova dos fatos ocorridos em país estrangeiro rege-se pela lei que nele vigorar, quanto ao ônus e aos meios de produzir-se, não admitindo os tribunais brasileiros provas que a lei brasileira desconheça. • PROVA ⇒ Lei do lugar em que ocorrer o fato • Brasil ⇒ não admite provas que o Brasil não adote na sua legislação 110 111 O SISTEMA BRASILEIRO INTERNACIONAL PRIVADO: LEGISLAÇÃO BRASILEIRA ⇒ PASSAPORTES E VISTOS Personalidade Internacional: Estrangeiros • Para o Estado todo indivíduo será: Nacional ou Estrangeiro • Estado Soberano = Competência exclusiva para: – Conceder Nacionalidade a um indivíduo. – Permitir ou negar o ingresso de estrangeiros em seu território. – Limitar ou não o tempo de permanência de estrangeiros em seu território. • Entrada de um estrangeiro no território de um Estado ⇒ Gera uma série de deveres do Estado em relação ao estrangeiro ⇒ Faz com que o estrangeiro tenha que se adequar às normas do Estado em que se encontra. 112 ⇒ O Estado deverá garantir os direitos fundamentais do estrangeiro presente em seu território, mesmo que ele esteja apenas em trânsito entre aeroportos – como o direito à vida, integridade física etc. ⇒ Direitos políticos – mesmo o estrangeiro residente no Brasil não terá direito de participação na vida política PASSAPORTE • CONCEITO = é um documento de identidade emitido por um governo nacional que: – atesta formalmente o portador como nacional de um Estado em particular e – requisita permissão em nome do soberano ou do governo emissor para o detentor poder cruzar a fronteira de um país estrangeiro. • Passaportes estão ligados ao direito de proteção legal no exterior e ao retorno do indivíduo a seu país de origem. • Elementos comuns dos passaportes (para identificação) ⇒ a fotografia, assinatura, data de nascimento, nacionalidade e algumas vezes outras informações coerentes a seu propósito. 113 Tipos de Passaportes: – Passaporte Comum = usados em viagens regulares. ⇒ (azul) – Passaporte Diplomático = identifica seus membros como representantes diplomáticos de seu país natal. ⇒ (vermelho) – Passaporte de Serviço = emitidos ao pessoal técnico e administrativo lotado em missão diplomática, como uma embaixada ou consulado
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