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Aula 5 - Aspectos psicológicos das relações no trabalho

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Aspectos psicológicos das relações no trabalho‏
Prof° Rodrigo Oliveira
Especialista em Psiquiatria e Saúde Mental (HUPE/UERJ) 
Núcleo de estudos da saúde mental dos trabalhadores do HUPE 
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DEFINIÇÃO
 
 A palavra trabalho vem do latim tardio tripalium, um instrumento do tempo do Império Romano formado por três estacas que serviam para imobilizar o cavalo enquanto ele recebia as ferraduras. 
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DEFINIÇÃO
 No latim clássico, a principal palavra que designava trabalho era labor.  Entretanto, Labor, significava apenas fadiga que advém do trabalho. 
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INTRODUÇÃO
	Podemos entender o trabalho como:
atividade central que ocupa parte importante do espaço e do tempo. A atividade laboral é mais do que vender sua força em troca de remuneração. 
possibilidade de manter contato com outras pessoas, de ter uma ocupação, de se reconhecer como parte integrante de um grupo ou da sociedade. 
oportunidade de desenvolvimento das potencialidades, sendo uma importante fonte de auto-realização, de experiências psicossociais e de sentido de vida.
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PROCESSO DO TRABALHO
Subsistência
Capitalismo
Revolução Industrial
Taylorismo 
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TAYLORISMO
	Caracteriza-se pela ênfase nas tarefas, objetivando o aumento da eficiência ao nível operacional. É considerada um subcampo da perspectiva administrativa clássica.
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TAYLORISMO
	
	É comum referir-se ao Taylorismo como algo do passado, obsoleto e não mais utilizado. Contudo, as rígidas formas de controle, permanecem presentes no cotidiano empresarial.
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TAYLORISMO
	Despersonaliza o trabalhador e abole da atividade de trabalho a identidade, o que impossibilita uma manifestação mais autêntica da subjetividade, destituindo o trabalho de significado pessoal.
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ATUALIDADE
	“O mercado de trabalho sofreu mudanças radicais, reduzindo o emprego regular em favor do trabalho temporário ou terceirizado. Assim, atualmente as relações de trabalho incluem: empregados, em tempos parciais, empregados casuais, pessoal com contrato por tempo determinado, temporários, etc.”
					 Mattos et alli (1994, p.45) 
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ATUALIDADE
	Condições de trabalho cada vez mais precárias devido a terceirização dos setores de trabalho, atingindo principalmente o trabalhador que recebe salários baixos.
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ATUALIDADE
	É crescente o número de pessoas que não reconhecem a esfera profissional como um espaço de realização. Há apenas uma minoria atuando em funções que permitem envolvimento e identificação. Existe, na realidade, um grande grupo que se mantém em determinadas organizações apenas por necessidade financeira e medo de não conseguir outro emprego, que, diante de uma oferta melhor, trocaria facilmente de atividade profissional. Para esse grupo, o trabalho não é um fim em si mesmo, é, principalmente, um meio para alcançar outros objetivos (RIBEIRO; LÉDA, 2004). 
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CONSEQUÊNCIAS
Competitividade, aceleração na realização das atividades, busca constante de alta produtividade, lucratividade, bom desempenho empresarial contínuo.
	
Clima tenso que acentua o acirramento das relações interpessoais, concorrência dentro e fora da organização.
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REFLEXÃO
	A insistência do ser humano em viver em um ambiente que lhe é adverso pode trazer-lhe como conseqüência o sofrimento?
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SOFRIMENTO
	As exigências afetam o ritmo físico, psíquico e psicológico do indivíduo gerando as doenças de trabalho, devido a cobrança excessiva do intuito de superar a capacidade de adaptação profissional do individuo.
	Portanto, podemos constatar que a carga excessiva de trabalho, o nível de instabilidade no emprego e a competição exagerada no ambiente de trabalho, provocará um aumento de estresse no trabalhador.
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SOFRIMENTO
	O sofrimento psíquico é gerado no trabalhador devido à pressão que é submetido diariamente em busca de lucros, competição, eficácia e da manutenção do emprego. O trabalhador se sente apavorado por não conseguir manter sua energia física e mental adequada para seu desempenho no trabalho, e esse pavor é uma forma em que se manifesta o sofrimento psíquico.	
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SOFRIMENTO
	O sofrimento psíquico do profissional é percebido com uma certa clareza, quando o trabalho deixa de ser motivo de prazer, bem estar, satisfação, sensação de utilidade, passando a ser lugar de dor, sofrimento e cansaço. 
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SOFRIMENTO
	Os sintomas psíquicos, nomeados como “mentais” e/ou “emocionais”, estão relacionados à:
	
	Diminuição da concentração e memória; confusão, ansiedade, depressão, frustração, medo e impaciência. 
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SOFRIMENTO
	O sofrimento propiciado no contexto do trabalho, pode ser decorrente ainda de uma incompatibilidade entre a história individual do sujeito, perpassada por sonhos, desejos, necessidades, projetos, esperanças, e uma organização do trabalho que ignora isso.
 
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SOFRIMENTO
	Então, essa relação entre homem e trabalho não mais irá se apresentar como uma via de influência de mão dupla, em mesma intensidade. Ou seja, a influência que o homem tem sobre o seu trabalho não repercute no mesmo igualmente como as exigências deste trabalho ‘tocam’ esse sujeito. O homem diminuiu a sua liberdade de criação e de realização diante do trabalho que exerce. A imposição existente sobre o homem, construída pelas relações de trabalho, em tal perspectiva, incutem no sujeito marcas indeléveis, as quais vão repercutir no seu funcionamento físico e psíquico.
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CONSEQUÊNCIA
	O sofrimento disfarçado encontrará como meio de eclodir uma sintomatologia, a qual as vezes apresenta-se com uma certa estrutura própria a cada profissão ou ambiente de trabalho. Isso porque, a vida psíquica perpassa pelo funcionamento de todo sistema corporal integrando-o, desta forma manifestam-se as doenças psicossomáticas.
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PSICOSSOMÁTICA
	É uma ciência interdisciplinar que integra diversas especialidades da medicina e da psicologia para estudar os efeitos de fatores sociais e psicológicos sobre processos orgânicos do corpo e sobre o bem-estar das pessoas.
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PSICOSSOMÁTICA
	Os indivíduos, quando diante de uma situação de angústia e insatisfação decorrente de seu trabalho, elaboram estratégias de defesa que acabam por tornar o sofrimento um aspecto velado. 
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SÍNDROME DE BURNOUT 
	Surgiu em 1974 aplicado pelo psicólogo Fregenbauer, que constatou esta Síndrome em um de seus pacientes que trazia consigo ideações negativas, impotência relacionada ao desgaste profissional.
	O termo é uma composição de burn (queimar) e out (fora), ou seja, traz o sentido de exaustão, desgaste exemplificado por reações físicas e emocionais, passando a apresentar um tipo de comportamento agressivo.
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SÍNDROME DE BURNOUT
	Definida como uma reação à tensão emocional crônica gerada a partir do contato direto, excessivo devido as longas jornadas de trabalho, faz o indivíduo perder a sua relação com o trabalho, de forma que as coisas deixem de ter importância e que qualquer esforço que faça será inútil.
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SÍNDROME DE BURNOUT
	O conceito de Burnout pode ser dividido em três dimensões que são:
	1.Exaustão emocional 
	2.Despersonalização
	3.Falta de envolvimento pessoal no trabalho
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SÍNDROME DE BURNOUT
	
	Pesquisas informam que as mulheres têm mais chance do que os homens de adquirir a Síndrome de Burnout devido a sua dupla jornada de trabalho.
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REFLEXÃO
 O que fazer pelo trabalhador, visando a redução dos níveis tensionais?
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CONDIÇÕES ADEQUADAS
	Para que o trabalhador tenha um controle sobre suas condições de saúde é necessário que suas necessidades básicas sejam atendidas. Tanto no trabalho, quanto em função do que o mesmo pode oferecer a sua vida privada.
	O trabalho deve proporcionar uma alimentação saudável, moradia adequada, meios de transportes, saúde e educação eficientes, direitos básicos à condição humana.
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CONDIÇÕES ADEQUADAS
	França e Rodrigues (1997) recomendam como forma de prevenção do Burnout, modificar com uma
certa freqüência a atividade de rotina, evitando a monotonia, reduzindo o excesso de longas jornadas de trabalho, melhoras na qualidade das relações sociais, das condições físicas no trabalho e investir no aperfeiçoamento profissional e pessoal dos trabalhadores.
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CONDIÇÕES ADEQUADAS
	Estudos no campo de saúde do trabalhador apontam para a importância da autonomia, da liberdade, do controle e do domínio sobre o processo de trabalho
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REFLEXÃO
	Os modos de organizações do trabalho hoje em dia realmente favorecem um espaço de participação, intervenção e realização? E de como a existência ou não desse espaço pode repercutir no sentido do trabalho e conseqüentemente na saúde do trabalhador?
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CHRISTOPHE DEJOURS
	Médico do trabalho, psiquiatra e psicanalista, seus estudos revelam um olhar amplo e integrador sobre a organização do trabalho e seus impactos sobre a saúde mental dos trabalhadores. 
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CHRISTOPHE DEJOURS
	“O sofrimento é inevitável e ubíquo. Ele tem raízes na história singular de todo sujeito, sem exceção. Ele repercute no teatro do trabalho ao entrar numa relação, cuja complexidade já vimos, com a organização do trabalho”. (1996) 
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CHRISTOPHE DEJOURS
	Sobre o ambiente laboral, (...)quando o rearranjo da organização do trabalho não é mais possível, quando a relação do trabalhador com a organização do trabalho é bloqueada, o sofrimento começa: a energia pulsional que não acha descarga no exercício do trabalho se acumula no aparelho psíquico, ocasionando um sentimento de desprazer e tensão” (DEJOURS, 1992). 
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SAÚDE NO TRABALHO
	O trabalho é favorável ao equilíbrio mental e a saúde corporal, sendo a adequação entre a organização do trabalho e a estrutura mental do indivíduo possível. Para tanto é necessário que algumas condições, ou pelo menos uma delas, seja realizada. 
	
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SAÚDE NO TRABALHO
	Exigências de acordo com as necessidades do trabalhador proporcionando-lhe prazer;
	Conteúdo do trabalho enquanto fonte de satisfação sublimatória (muito rara e só encontrada em situações privilegiadas) onde o trabalhador pode modificar a organização do seu trabalho de acordo com seus desejos e necessidades, ou seja, sendo o trabalhador responsável pelo conteúdo, ritmo de trabalho, modo operatório. 
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OLHAR DO GESTOR
	Os dirigentes devem reconhecer uma dualidade conflitiva entre sofrimento e prazer no trabalho e demonstrar preocupação em encontrar motivos e buscar propostas que minimizem o sofrimento e potencializem o prazer.
	Lembremos que o não-reconhecimento do significado do próprio trabalho induz ao desestímulo e o trabalho passa a ser visto como algo desinteressante
	
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OLHAR DO GESTOR
	Assim o trabalho é pertinente ao homem e necessita de uma resignificação a fim de ser melhor usufruído como um jogo, cheio de ludicidade e criação em prol da produtividade no trabalho e de sua satisfação existencial.
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CONCLUSÃO
Complexidade das relações no/do trabalho;
Significação individual do trabalho;
Olhar integral do gestor;
Ações preventivas do esgotamento laborativo.
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BIBLIOGRAFIA
	CODO, W. Um diagnóstico integrado do trabalho com ênfase em saúde mental. In:
	JACQUES, M.G. ; CODO,W. (Orgs.) Saúde mental e trabalho: leituras. Petrópolis:
	Vozes, 2002, p.173-190.
	DEJOURS, C. Uma nova visão do sofrimento humano nas organizações. O indivíduo na organização: dimensões esquecidas. São Paulo: Atlas, 1993.
	________. Psicodinâmica do trabalho: contribuições da escola dejouriana à análise da relação prazer, sofrimento trabalho. São Paulo: Atlas, 1994.
	________. A banalização da injustiça social. Rio de Janeiro: FGV, 2000.
	________. A loucura do trabalho: estudo de Psicopatologia do Trabalho. São Paulo: Cortez, 1998. 
	GUI, R. T. (2001) Prazer e Sofrimento no Trabalho: Representações Sociais de Profissionais de Recursos Humanos 
	RODRIGUES, P. F.; ALVARO, A. L. T.; RONDINA, R. (2006) Sofrimento no trabalho na visão de Dejours; Revista Científica Eletrônica de Psicologia – ISSN: 1806-0625 Ano IV – Número 7 – Novembro de 2006 
	SATO, L. Abordagem Psicossocial do Trabalho Penoso: um estudo de caso de
	motorista de ônibus urbano. 1991. 119f. Dissertação de Mestrado-PUC, São Paulo.

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