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Desenho de Projetos Temas Emergentes em Serviços 1ª ed iç ão Desenho de Projetos Rafael Ramos Koury Desenho de Projetos 11 1 Introdução à elaboração de projetos Desenho de Projetos 12 Nesta unidade, serão apresentados os conceitos e as etapas fundamentais do Desenho de Projetos, aplicados à construção civil, mas também correspondentes a outras áreas possíveis de projeto, como a produção industrial, o desenho de produtos etc. Objetivos da unidade: Conhecer os conceitos, as etapas fundamentais do Desenho de Projetos, aplicados à construção civil e a outras áreas possíveis de projeto. Plano da unidade: O cliente e o programa de necessidades. Uso e Ocupação do Solo. Pesquisa de referências. A importância das Normas Técnicas. A Escala. O Plano de Massas e o Fluxograma. Bons estudos! Desenho de Projetos 13 1.1. O cliente e o programa de necessidades Todo projeto visa atender a um conjunto de necessidades humanas. Desde as mais gerais, como a necessidade de moradia, até as mais específicas, como uma sala de jogos ou biblioteca. Em todos os casos, o profissional deverá ouvir e interpretar as demandas de um cliente, que dispõe dos meios para a realização do Projeto e contrata o profissional para expressar graficamente estas demandas, de modo que o bem projetado possa ser devidamente construído. Chama-se Programa de Necessidades a lista de funções apontadas pelo cliente como essenciais para o bem projetado, podendo variar conforme a disponibilidade material e os diferentes anseios do cliente. Para uma residência, por exemplo, poder-se-ia estabelecer o seguinte programa de necessidades: - Sala de estar; - Cozinha; - Copa; - Despensa; - Banheiro Social; - Um ou mais quartos ou suítes com ou sem closet; - Área de Lazer; - Garagem; - Varanda. Estes são apenas alguns exemplos de funções comumente encontradas em residências, que poderiam compor o programa de necessidades de um projeto que tivesse como cliente, digamos, uma família de classe média com filhos. No caso da construção de uma escola, naturalmente, o programa de necessidades será substancialmente diferente, podendo incorporar salas de aula, áreas técnicas, quadras poliesportivas, entre outras áreas de atividades específicas. Desenho de Projetos 14 Nem sempre a lista estabelecida pelo cliente se converte no programa de necessidades definitivo do projeto, que pode ser acrescido ou subtraído de acordo com as possibilidades reais dos clientes (financeiras) e as possíveis sugestões do profissional responsável. Via de regra, recomenda-se que o engenheiro ou o arquiteto reflita criticamente sobre o programa, sempre tentando otimizar e extrair o melhor proveito dos meios disponíveis, de modo a atender plenamente as demandas dos clientes, mesmo quando estes não possuem total clareza das possibilidades do projeto. 1.2. Uso e ocupação do solo A primeira etapa de qualquer projeto consiste em delimitar as possibilidades definidas pela legislação vigente no que diz respeito à ocupação e ao uso do solo, evitando posteriores inconformidades, que causam perda de tempo e trabalho. O que veremos neste capítulo não é uma Lei de Uso e Ocupação do Solo de uma cidade específica. Estas leis variam um pouco de município para município, mas em geral elas são bem parecidas. Então, quando você for desenvolver um projeto, seja ele qual for, deverá obter junto à prefeitura do município que tem jurisdição sobre a obra, a Lei de Uso e Ocupação do Solo daquele município. As leis que veremos a seguir são, em geral, comuns a vários municípios brasileiros. 1.2.1. Definições Para os efeitos de interpretação e aplicação da Lei, adotam-se as definições e conceitos adiante estabelecidos: 01 - AFASTAMENTO: é a menor distância entre duas edificações, ou entre uma edificação e as linhas divisórias do lote onde ela se situa. Desenho de Projetos 15 Figura 01: Afastamentos para construção em um lote. 02 – AGRUPAMENTO RESIDENCIAL: é um conjunto de edificações de uso habitacional uni ou multifamiliar que constitui um agrupamento integrado, em área não parcelada. 03 - ÁREA INSTITUCIONAL: são as áreas públicas destinadas à implantação de equipamentos sociais e comunitários, reservadas no processo de parcelamento do solo. 04 - ÁREA DE RECREAÇÃO: é a área reservada a atividades culturais, cívicas, esportivas e contemplativas da população, tais como praças, bosques e parques. 05 - ARRUAMENTO: é a abertura de via composta, no mínimo, de pista de rolamento e passeio público. Figura 1: Representação do logradouro em Planta e em Corte Desenho de Projetos 16 06 - ATIVIDADE INCÔMODA: é a atividade capaz de produzir ruídos, vibrações, gases, poeiras, exalações e perturbação no tráfego de forma significativa e prejudicial ao bem-estar da vizinhança. 07 - COEFICIENTE DE APROVEITAMENTO MÁXIMO: é o fator numérico pelo qual se multiplica a área do lote para obtenção da área total máxima permitida de construção. Figura 03: Coeficiente de aproveitamento e áreas. 08 - COMÉRCIO ESPECIAL: é o estabelecimento cuja atividade exige tratamento diferenciado, em função de sua natureza ou impacto ambiental e no tráfego local, independentemente da área construída. 09 - COMÉRCIO VAREJISTA DIVERSIFICADO: é o estabelecimento de venda direta ao consumidor de produtos relacionados ou não com o uso residencial, destinado a atender uma região ou zona. 10 - COMÉRCIO VAREJISTA LOCAL: é o estabelecimento de venda direta ao consumidor de produtos que se relacionam com o uso residencial. 11 - DESDOBRO: é a subdivisão de área já loteada que não implica em abertura de via pública. Desenho de Projetos 17 12 - DESMEMBRAMENTO DE ÁREA: é a subdivisão de área de qualquer natureza, com aproveitamento do sistema viário existente, garantindo acesso a todas as glebas resultantes, definidos por estudo técnico elaborado pelo órgão municipal responsável pelo planejamento urbano. 13 - HABITAÇÃO MULTIFAMILIAR: compreende edificações correspondentes a mais de uma habitação por lote. 14 - HABITAÇÃO UNIFAMILIAR: compreende edificações correspondentes a apenas uma habitação por lote. 15 - LOTE: é a porção de terreno lindeiro a uma via pública, resultante de um loteamento, desmembramento ou desdobro. 16 - LOTEAMENTO: é a subdivisão de área ainda não parcelada, em lotes, vias públicas, áreas institucionais e de recreação pública. 17 - RECUO: é a distância entre a parede frontal da edificação no pavimento térreo e o alinhamento do logradouro; sua exigência visa criar uma área livre no plano do passeio para utilização pública. Figura 04: Recuo das edificações Desenho de Projetos 18 18 - REFERÊNCIA ALTIMÉTRICA (RA): são cotas de altitude oficial adotada em um Município em relação ao nível do mar. 19 - SERVIÇOS DIVERSIFICADOS: são os estabelecimentos de prestação de serviços à população, destinados a atender uma região ou zona. 20 - SERVIÇOS ESPECIAIS: são os estabelecimentos de prestação de serviços à população, cuja atividade exige tratamento diferenciado, em função de sua natureza ou impacto ambiental e no tráfego local, independentemente da área construída. 21 - SERVIÇOS LOCAIS: são os estabelecimentos de prestação de serviços à população, que são compatíveis com o uso habitacional. 22 - SOLO CRIADO: é o mecanismo que permite ao cidadão construir uma área maior do que a permitida pelo zoneamento definido nestaLei, mediante pagamento ao Poder Público Municipal, conforme especifica a Lei do Plano Diretor. 23 - TAXA DE OCUPAÇÃO: é o fator numérico pelo qual se multiplica a área do lote para obter-se a área máxima da projeção horizontal da edificação. Figura 05: Taxa de ocupação e áreas Desenho de Projetos 19 24 - USO ADEQUADO: é o uso compatível com a conceituação da zona. 25 - USO DO SOLO: é a atividade ou conjunto de atividades desenvolvidas nas edificações a serem implantadas em um determinado lote ou zona. 26 - USO MISTO: é a implantação de dois ou mais usos, diferentes entre si, em um mesmo lote. 27 - VIA PÚBLICA: é a faixa de domínio público, destinada à circulação de veículos e pedestres. 28 - ZONA: é a porção da cidade com uma conceituação específica e sujeita a regimes urbanísticos próprios. 1.2.2. Zoneamento de usos Também é importante observar o zoneamento de usos específico do município onde será realizado o empreendimento, observando a sua adequação ao setor ou zona que lhe é específico. Entre os tipos de zonas mais comumente encontradas nas legislações municipais, destacam-se: I. Zona Central 1; II. Zona Central 2; III. Zona Estrutural; IV. Zona Especial de Revitalização; V. Zona de Preservação Total; VI. Zona de Preservação Parcial; VII. Zona Industrial; VIII. Zona de Serviços; IX. Setor de Vias Arteriais; Desenho de Projetos 20 X. Setor de Vias Coletoras XI. Zona Residencial 1; XII. Zona Residencial 2; XIII. Zona de Proteção a Aeroportos. Os usos do solo são classificados quanto à sua natureza, subdividindo-se em cada categoria quanto à sua escala, ou seja, a densidade e intensidade do uso proposto, assim ficam diferenciadas, por exemplo, as unidades unifamiliares (casas) das multifamiliares (edifícios), assim como industrias pequenas, médias e grandes, comércio varejista e de atacado. Antes da instalação, funcionamento ou construção de edificação de qualquer natureza, o interessado deverá requerer restrição urbanística de localização ao órgão municipal responsável pelo planejamento urbano. 1.2.3. Índices Urbanísticos Os índices urbanísticos referentes a cada Zona ou Setor determinam os afastamentos, recuos, taxas de ocupação, testada e área mínima dos lotes. O afastamento frontal mínimo, independentemente do uso, é definido pelas seguintes regras: §1º - Edificações com até 2 (dois) pavimentos acima do nível do logradouro, 3m (três metros); Figura 06: Implantação e Corte Desenho de Projetos 21 §2º - Edificações com mais de 02 (dois) pavimentos acima do nível do logradouro, de acordo com as seguintes regras, sendo o mínimo de 3m (três metros): I - AFR = H/10 + 2,10 onde AFR = Afastamento Frontal; H é a medida, em metros, desde o nível médio do meio-fio, até o piso do pavimento mais alto da edificação, exceto casa de máquinas, caixa d’água e terraço com área coberta até 35% da laje. Outro índice comum diz respeito ao afastamento lateral, estabelecendo, para edificações até dois pavimentos, o estabelecimento mínimo de 1,50m caso sejam abertos vãos de qualquer natureza (janelas ou portas). Caso não hajam vão, o afastamento é facultativo, podendo, em alguns casos, a edificação imediatamente junto às divisas laterais. As definições apresentadas aqui são exemplos, de modo que, em cada projeto, é essencial obter as determinações de cada município e suas Zonas e Setores específicos junto aos órgãos responsáveis. 1.3. Pesquisa de referências Um projeto é, sobretudo, um trabalho criativo, através do qual o engenheiro ou arquiteto visa apontar as melhores soluções e a melhor composição, tirando o proveito do terreno e das condições e demandas apresentadas. Assim, é fundamental que o profissional esteja permanentemente atualizado quanto às possibilidades técnicas, formais e materiais específicas de sua área de atuação. É sabido que o processo criativo se estabelece a partir de conhecimentos preliminares, que possibilitam o melhor arranjo dos elementos em uma nova composição. Assim, um profissional que desconhece uma cultura de bons projetos, que não pesquisa referências de qualidade, só poderá reproduzir um limitado repertório de elementos. Desenho de Projetos 22 Também é importante destacar que a pesquisa de referências contribui para o melhor diálogo com o cliente, de modo a obter informações sobre seus gostos e preferências, orientando o profissional para um melhor atendimento das demandas apresentadas. Recomenda-se, portanto, como parte do exercício projetual, mas também como prática permanente, a pesquisa de projetos em sites e revistas especializadas. Destacam-se a seguir algumas das melhores fontes de pesquisa para a construção civil: Revista Projeto Revista Arquitetura e Construção Websites: www.archdaily.com http://www.architectural-review.com/ http://www.abitare.it/en/ http://www.evolo.us/ 1.4. A importância das normas técnicas Sendo o desenho a principal forma de comunicação e transmissão das ideias do arquiteto, é necessário que os outros profissionais envolvidos possam compreender perfeitamente o que está representado em seus projetos. Da mesma forma, é necessário que o arquiteto consiga ler qualquer outro projeto complementar ao arquitetônico, para possibilitar a compatibilização entre estes. Assim, é necessário que todos os envolvidos “falem a mesma língua”. Neste caso, a linguagem do Desenho Técnico. Desenho de Projetos 23 A normatização para desenhos de arquitetura tem a função de estabelecer regras e conceitos únicos de representação gráfica, assim como uma simbologia específica e predeterminada, possibilitando ao desenho técnico atingir o objetivo de representar o que se quer tornar real. A representação gráfica do desenho em si corresponde a uma norma internacional (sob a supervisão da ISO – International Organization for Standardization). Porém, geralmente, cada país costuma ter suas próprias normas, adaptadas por diversos motivos. No Brasil, as normas são editadas pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). Para desenho técnico, a principal norma é a NBR 6492 – Representação de Projetos de Arquitetura. As recomendações dos próximos capítulos são baseadas nesta Norma. 1.5. A escala Conforme já foi estudado em Desenho Técnico, a Escala é um componente fundamental do Desenho Técnico, pois informa a relação entre as dimensões do desenho e as dimensões reais do objeto correspondente representado. Com a exceção da representação dos detalhes que podem ser representados em escala real (1:1), no desenho arquitetônico utilizam-se as escalas de redução. As escalas de redução são representadas da seguinte forma: Por exemplo, considerando-se uma escala de 1:5 (lê-se escala 1 por 5), cada 1 m do desenho representa 5 m do objeto real, ou seja, para se desenhar nesta escala, divide-se por 5 a verdadeira grandeza das medidas. Quanto maior for o denominador, menor será a grandeza representada em escala, isto é, menor será a escala. Desenho de Projetos 24 No desenho arquitetônico, recomendam-se as seguintes escalas mínimas: 1:50 para as fachadas e cortes; 1:100 para plantas; 1:200 para coberturas e 1:500 para plantas de situação. 1.5.1. Utilizando o Escalímetro Independentemente da escala consultada no escalímetro, o n° 1 representará sempre 1 m em escala. Figura 07: Escalímetro Desenho de Projetos 25 ATENÇÃO: O escalímetro não deve ser utilizado no traçado de linhas,para evitar o desgaste das marcações das escalas. 1.6. O plano de massas e o fluxograma Finalmente, tendo obtido todas as informações a respeito das normas e padrões construtivos determinados pela legislação, e tendo realizado uma pesquisa de referências adequadas à situação específica do projeto, o profissional poderá proceder aos primeiros estudos para a implantação e a distribuição dos usos estabelecidos pelo Programa de Necessidades. Nesta etapa serão realizados os chamados Planos de Massas, que são esboços livres das possibilidades de organização formal do objeto projetado. Neste momento, ainda não é exigido rigor técnico aos desenhos, apenas adequação às dimensões do terreno e às limitações normativas com relação aos afastamentos e outras disposições semelhantes. Desenho de Projetos 26 É sugerido que o profissional realize o maior número de Planos de Massa possível, visando comparar o máximo de possibilidades e escolher aquela mais adequada às necessidades e possibilidades do cliente. Abaixo, estão alguns exemplos de Planos de Massas: Figura 07: Plano de Massas. Desenho de Projetos 27 Figura 08: Planos de massas de arquitetos famosos. Desenho de Projetos 28 Figura 09: Planos de Massas Desenho de Projetos 29 Percebe-se, além das indicações setoriais referentes aos usos distribuídos no espaço, a indicação dos fluxos principais que serão estabelecidos, na forma de setas, que podem ser observadas em alguns dos exemplos acima. Esta indicação recebe o nome de Fluxograma e constitui uma etapa complementar ao Plano de Massas. Neste primeiro capítulo, aprendemos a importância de conhecer a correta nomenclatura referente ao uso e ocupação do solo, assim como, a pesquisa das leis e normas que os regulam em cada município. Também conhecemos as primeiras etapas de um projeto, referentes à elaboração de um Programa de Necessidades, à definição de referências projetuais sobre às quais se deve basear e ao Plano de Massas, que são o primeiros estudos formais de um projeto em que o profissional organiza os usos e circulações, levando em conta o terreno e as normas de uso e ocupação do solo É HORA DE SE AVALIAR Lembre-se de realizar as atividades desta unidade de estudo. Elas irão ajudá-lo a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no processo de ensino-aprendizagem. Desenho de Projetos 30 Exercícios - Unidade 1 Responda, de preferência, sem consultar o restante da disciplina. 1) Uma cerca forma um arco de raio 15 metros. Em uma planta na escala 1/75, qual seria a medida do arco formado pela cerca? a) 20m b) 22 m c) 25 m d) 68,83 m e) 90,49 m 2) Conforme o que foi aprendido na unidade, qual é a ordem mais adequada de atividades na etapa inicial de um projeto? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 3) Qual a melhor definição de "Solo Criado", segundo os termos usuais do Desenho de Projetos? a) É o mecanismo que permite ao cidadão construir uma área maior do que a permitida pelo zoneamento definido nesta Lei, mediante pagamento ao Poder Público Municipal, conforme especifica a Lei do Plano Diretor. b) É a subdivisão de área de qualquer natureza, com aproveitamento do sistema viário existente, garantindo acesso a todas as glebas resultantes, definidos por Desenho de Projetos 31 estudo técnico elaborado pelo órgão municipal responsável pelo planejamento urbano. c) É o fator numérico pelo qual se multiplica a área do lote para obtenção da área total máxima permitida de construção. d) É o fator numérico pelo qual se multiplica a área do lote para obter-se a área máxima da projeção horizontal da edificação. e) É a porção de terreno lindeiro a uma via pública, resultante de um loteamento, desmembramento ou desdobro. 4) Qual a definição para o termo AFASTAMENTO? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 5) O que é caracterizado como o chamado USO MISTO: ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 6) Se uma determinada parede é desenhada com 12 cm na escala 1/50, qual é o tamanho real da parede? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ Desenho de Projetos 32 7) Elabore um plano de massas para uma residência unifamiliar situada em Niterói, de frente para a praia de Camboinhas, para um casal sem filhos. O casal elaborou o seguinte Programa de Necessidades: Sala, Cozinha, Banheiro social, Estúdio, Sala de TV, Suíte com closet, varanda, piscina e área de lazer. O terreno tem as seguintes dimensões: 15x45m, sua superfície é plana e a legislação permite que seja ocupado com 5 metros de afastamento frontal, 1,5 lateral (se abrir vão) e 3 metros de fundos. O ideal, nesta etapa, é pesquisar referências (que poderão ser postadas no Fórum) e elaborar o máximo de Planos de Massas possível, para que se possa comparar alternativas e definir as melhores opções para o projeto. Obs.: Guarde esta atividade, pois ela fará parte da avaliação da disciplina. Desenho de Projetos 33 2 Desenho de Plantas Desenho de Projetos 34 Chama-se Planta, qualquer representação arquitetônica tomada a partir do plano horizontal de projeção. A importância destes desenhos é revelar a área útil dos espaços criados e as dimensões de largura e comprimento que aparecem em verdadeira grandeza nas plantas. Na construção civil, os tipos mais comuns de Plantas são as seguintes: Planta de Situação Planta de Implantação ou Locação Planta de Cobertura Planta Baixa Planta de Teto (ou Planta invertida de teto) Objetivos da unidade: Neste Capítulo, o nosso objetivo é orientar o aluno na elaboração de Plantas, que são desenhos fundamentais para a descrição e realização de qualquer projeto. Chama-se Planta, qualquer representação arquitetônica tomada a partir do plano horizontal de projeção. A importância destes desenhos é revelar a área útil dos espaços criados e as dimensões de largura e comprimento, que aparecem em verdadeira grandeza nas plantas. Plano da unidade: A planta de situação Composição do desenho Planta de locação ou implantação Planta de locação e cobertura Planta baixa Bons estudos! Desenho de Projetos 35 A planta de situação Conceituação É uma vista ortográfica principal superior esquemática, com abrangência a toda a zona que envolve o terreno para o qual se projetou a edificação. Tem como finalidade básica identificar o formato, as dimensões e a localização do lote (em zona urbana) ou da terra (em zona rural). Arepresentação gráfica representa o contorno do lote ou da gleba, de todos os elementos envolventes e que auxiliem a localização da propriedade, além dos elementos de informação necessários. Diz-se que a planta de situação é um vista esquemática, pois não se representam todos os elementos que se “enxerga” na vista (construções, muros, vegetações), mas somente o contorno do lote, com suas informações em relação ao espaço em que se situa. Composição do desenho Para atender aos objetivos e finalidades da própria planta de situação, a representação gráfica deve ser composta dos seguintes elementos: a) Elementos reais: Contorno do terreno (ou gleba); Contorno do quarteirão (em zona urbana); Trechos dos quarteirões adjacentes (em zona urbana); Acessos e elementos topográficos (em zona rural). b) Informações: Orientação geográfica (norte); Dimensões lineares e angulares do lote ou gleba (cotas do terreno); Desenho de Projetos 36 Distância à esquina mais conveniente (zona urbana); Nome dos logradouros (zona urbana); Nome dos acessos e elementos topográficos (zona rural); Distância a um acesso principal – rodovia estadual, Municipal ou federal (zona rural); Dimensões dos passeios e ruas (zona urbana); Outros elementos. OBSERVAÇÕES GERAIS ESCALAS Para as plantas de situação em zona urbana, consideradas as dimensões médias dos lotes e construções, a escala mais conveniente geralmente é 1:1000, já em zona rural, a escolha da escala depende das dimensões da gleba, podendo variar de 1:100 até 1:50.000 . ORIENTAÇÃO GEOGRÁFICA A orientação geográfica do lote ou gleba é um elemento indispensável ao desenho, e normalmente se faz através da indicação do norte, identificado por seta que indique a direção e sentido do norte, acompanhada da letra N (maiúscula). Figura 2: Representações de Norte Desenho de Projetos 37 ESPESSURA DE TRAÇOS O contorno do terreno é o elemento que deve ser representado com a espessura mais grossa. Com espessura média representam-se os elementos complementares ao desenho, e que identificam sua localização, como contorno de quarteirões, elementos topográficos, nomes de elementos etc. A espessura fina é utilizada para elementos secundários e linhas de cota, hachuras eventuais, linhas auxiliares etc. INFORMAÇÕES GENÉRICAS Nas informações mais importantes (nome de ruas e acessos), devem ser utilizadas somente letras maiúsculas, reservando-se as minúsculas para as informações complementares. Em zona rural é indispensável a indicação do nome dos proprietários lindeiros (vizinhos). Em zona urbana é conveniente a colocação do número do lote no desenho, mesmo que este conste da legenda. As cotas do terreno devem ser externas a este. Em outros elementos, as cotas destes devem ser também sempre externas. A orientação geográfica deve ser desenhada de tal forma que o norte sempre se situe voltada para a parte superior da prancha (1º ou 2º quadrantes). A simbologia indicativa do norte deve ser sempre posicionada em local de destaque, externamente ao desenho, na maioria das vezes, ou mesmo internamente, quando houver espaço disponível. Quando o terreno for de pequenas dimensões (zona urbana) é preferível que o interior do lote em questão seja hachurado, para um maior destaque. Desenho de Projetos 38 Figura 3: Planta de Situação Planta de locação ou implantação É uma vista ortográfica principal superior esquemática, abrangendo o terreno e o seu interior, que tem a finalidade de identificar o formato, as dimensões e a localização da construção dentro do terreno para o qual está projetada. O elemento básico se constituirá na representação do contorno da edificação, sem representação de quaisquer elementos internos (objeto da planta baixa), e dos elementos complementares. Além da edificação definida e posicionada, serão representados nesta planta os tratamentos externos, como muros, cercas, caminhos, playgrounds, piscinas, passeios, acessos... Desenho de Projetos 39 A Planta de Implantação é essencial para o início da obra. Nela devem ficar definidos todos os elementos necessários para o início desta. Primeiramente, ela precisa informar precisamente a posição do contorno externo da edificação, amarrado às divisas do terreno (dimensionamento dos recuos), possibilitando assim a sua marcação no lote. Todos os outros elementos importantes também devem ser marcados precisamente (edificações existentes, árvores existentes e para plantar, calçadas, acessos, muros...). Para o início da obra, alguns serviços básicos precisam ser marcados na Planta de Implantação, para que sejam localizados antes do início da obra. São eles: localização do poste padrão, para o fornecimento de energia elétrica; localização do hidrômetro, para a ligação do fornecimento de água; local para destinação do lixo; rede de esgoto e rede de escoamento pluvial. Todos esses serviços precisam ser localizados dentro do lote, de acordo com o Código de Obras do Município e, por isso, precisam estar devidamente localizados na planta de implantação. Muitas vezes costuma-se representar a planta de cobertura juntamente com a implantação (ou planta de localização). Nesse caso, se dá grande importância à representação do telhado, porém inserindo os outros elementos componentes da implantação geral da obra. COMPOSIÇÃO DO DESENHO São elementos gráficos componentes do desenho de uma Planta de Localização/Implantação: a) Elementos gerais: Contorno do terreno; Contorno da cobertura (+grosso, em destaque, apenas no caso de se representar JUNTAMENTE com a planta de cobertura); Contorno da edificação (linha tracejada, quando JUNTAMENTE com a planta de cobertura); Desenho de construções pré-existentes; Representação de vegetação existente e à plantar; Desenho de Projetos 40 Tratamentos externos - muros, jardins, piscinas... Representação das calçadas; Localização e representação do poste padrão (fornecimento da energia elétrica); Localização do hidrômetro (localização do fornecimento de água); Desenho da rede pluvial (caixas de passagem das grelhas 30x30cm e canalização subterrânea, até o limite do desenho). O passeio público – indicação do meio fio (rede pública de captação, ou até a sarjeta); Desenho da rede de esgotos (caixas de inspeção 30x30 cm; caixas de gordura 50x50cm e canalização). Subterrânea até o passeio público (quando houver rede pública de captação); Identificação de local par destinação de lixo; Outros serviços... b) Informações: Cotas totais do terreno; Cotas parciais e totais da edificação; Cotas angulares da construção (diferentes de 90º); Cotas de beirais; Cotas de posicionamento da construção (recuos); Cotas das calçadas; Informações sobre os tratamentos externos; Distinção por convenção das construções existentes; Desenho de Projetos 41 Número do lote e orientação geográfica (norte); Identificação do alinhamento predial e meio-fio; Outros dados complementares. OBSERVAÇÕES GERAIS ESCALAS As plantas de localização em zona urbana são representadas, normalmente, em escala 1:100 ou 1:200. ESPESSURA DOS TRAÇOS A construção é o elemento mais importante (quando SEPARADAMENTE da planta de cobertura), e por isso, deve ser destacado, com traço grosso. À medida que os elementos se afastam, devem ser representados mais finos. Quando a Planta de cobertura é representada JUNTAMENTE com a implantação, esta deveser o elemento de destaque, com traço grosso, e os limites da edificação devem ser representados com linha tracejada. INFORMAÇÕES GENÉRICAS As cotas do terreno devem ser externas a este; as cotas da construção e de seu posicionamento (recuos) devem ser externas a esta, podendo situar-se tanto dentro do terreno, como fora, dependendo do espaço disponível; Desenho de Projetos 42 É usual que se destaque as construções projetadas existentes no terreno, hachurando o interior das projetadas e desenhando as existentes pelo contorno em linha grossa, conforme convenção a ser destacada ao lado do desenho (legenda); Especial atenção para que as cotas de posicionamento da construção sejam sempre em relação à edificação e não em relação ao beiral. Figura 12: Perspectiva com indicação da vista Superior. Desenho de Projetos 43 Planta de locação Figura 13: Planta de Locação Neste caso, representa-se apenas a Planta de localização, com a locação da obra dentro do lote e seus recuos. Esta planta não é muito usual, geralmente a implantação é representada junto à planta de cobertura. Desenho de Projetos 44 Planta de locação e cobertura Figura 4: Planta de Cobertura Figura 15: Planta de Cobertura Desenho de Projetos 45 Figura 16 (ao lado): Planta de Cobertura e Locação. Neste caso, representam-se as informações da planta de cobertura (elementos externos do telhado e rede pluvial) acrescido das informações da planta de localização e elementos da implantação. Desenho de Projetos 46 Planta baixa Planta baixa é uma vista seccional olhada de cima para baixo que se obtém fazendo passar um plano horizontal paralelo ao plano do piso a uma altura de 1,50 m. Na planta baixa são determinadas as dimensões e a distribuição interna dos ambientes. Figura 17: Representação esquemática da Planta Baixa. Desenho de Projetos 47 Etapas do desenho de uma planta baixa Traçar o contorno externo da planta (na escala adequada à folha). Com traço estreito, desenhar todas as paredes (primeiro os traços horizontais e em seguida os verticais). Desenhar os elementos estruturais (pilares). Marcar os vãos das portas e janelas. Figura 18: Elaboração da Planta Baixa, primeira etapa. Apagar os excessos de linha Desenho de Projetos 48 Figura 19: Elaboração da Planta Baixa, segunda etapa. Desenhar as portas e janelas. Acentuar a espessura das paredes que estão sendo cortadas (traço largo). Desenho de Projetos 49 Figura 20: Elaboração da Planta Baixa, terceira etapa. Desenhar o mobiliário fixo (traço médio). Desenhar o revestimento de piso (traço fino) que deve ser interrompido nas aberturas das portas e no mobiliário. Desenho de Projetos 50 Figura 21: Elaboração da Planta Baixa, quarta etapa. Traçar a projeção do beiral. Traçar as linhas tracejadas que representam os elementos que estão acima do plano de corte. Inserir as linhas de cota e cotar. Escrever os nomes dos compartimentos com a respectiva área e cota de piso. Fazer as referências para portas e janelas (P1, J1, etc.). Indicar as linhas de corte, o acesso principal e o norte geográfico. Escrever o título do desenho e sua escala. Obs.: beiral Parte saliente da cobertura além da linha das paredes externas. Desenho de Projetos 51 Figura 22: Planta Baixa - final. Ao término da planta baixa, fazer um quadro com as dimensões das portas e janelas. Desenho de Projetos 52 A planta baixa também pode ser acompanhada por um quadro geral de acabamentos (facultativo) conforme exemplo a seguir: Desenho de Projetos 53 Planta de teto Estas plantas são similares às plantas baixas, mas a projeção ocorre no plano superior, portanto, o que é visualizado é a superfície do teto. Nestas plantas pode- se incluir: a) Elementos gerais Pontos de luz Passagem de eletrodutos ou dutos hidráulicos Sancas e outros elementos decorativos Peças hidráulicas e sanitárias b) Informação Indicação do tipo de forro ou teto. Cotas dos cômodos Informação do pé direito (altura). Informação da área Desenho de Projetos 54 Figura 53: Planta de Teto. * Legenda com tipos de forro * Legenda dos elementos decorativos * Legenda dos tipos de luminária. * Outras informações cabíveis. Desenho de Projetos 55 Figura 24: Tabela de Legendas da planta de Teto. Desenho de Projetos 56 Neste Capítulo, estudamos os desenhos no plano horizontal, genericamente chamados de plantas. Entre as principais representações em Planta, vimos a Situação, a Implantação, a Cobertura, a Vista de Teto e a mais popular, que descreve os cômodos e as áreas projetadas, conhecida como Planta Baixa. Também estudamos algumas simbologias e formas de indicar esquadrias e materiais de revestimento, assim como, as etapas básicas da elaboração de Plantas Baixas. É HORA DE SE AVALIAR Lembre-se de realizar as atividades desta unidade de estudo. Elas irão ajudá-lo a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no processo de ensino-aprendizagem. Desenho de Projetos 57 Exercícios – Unidade 2 1) Qual informação NÃO deve aparecer em uma planta de situação: a) Contorno do terreno (ou gleba); b) Dimensões lineares e angulares do lote ou gleba (cotas do terreno); c) Elementos construtivos propostos como paredes e lajes; d) Contorno do quarteirão (em zona urbana); e) Distância à esquina mais conveniente (zona urbana); 2) Qual entre as seguintes informações é encontrada na Planta de Teto? a) Fundação e estrutura da edificação. b) Indicação da calçada e de elementos externos como muros e postes; c) Indicação do material de revestimento de paredes e teto; d) A área e a dimensão cotada dos cômodos. e) Nenhuma das anteriores 3) O que é beiral e como ele é representado em Planta Baixa? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ Desenho de Projetos 58 4) Qual a diferença entre a Planta de Situação e a Planta de Implantação? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 5) Descreva as etapas de elaboração de uma Planta Baixa: ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________________ 6) Realise o levantamento métrico de um pavimento da sua residência (utilizando uma trena), em seguida, prepare uma planta baixa informando o que foi levantado, conforme as indicações do Capítulo. Obs.: Guarde esta atividade, pois ela fará parte da avaliação da disciplina. ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ Desenho de Projetos 59 3 Desenho de cortes e elevações Desenho de Projetos 60 Objetivo da unidade: Neste Capítulo, estudaremos os desenhos de Cortes e Elevações, que são representações verticais do edifício projetado. Nosso objetivo é avançar na definição e representação do projeto da residência, iniciado no Capítulo 1. Ao fim deste Capítulo, esperamos que o aluno seja capaz de desenhar cortes e elevações necessários a descrição e execução do objeto projetado. Plano da unidade: Cortes Etapas do desenho de um Corte Planos de Corte em desvio Desenhos de Fachada ou Elevações Bons estudos! Desenho de Projetos 61 Cortes O corte resulta da passagem de um plano vertical através da edificação. Em um projeto arquitetônico deverá existir, pelo menos, dois cortes. Corte transversal – corte no sentido do menor comprimento da edificação. Corte longitudinal – corte no sentido do maior comprimento da edificação. Figura 6: Representação esquemática de um corte longitudinal Conforme a NBR 6492/94 os cortes deverão conter: Eixos do projeto; Sistema Estrutural; Indicação de cotas verticais; Desenho de Projetos 62 Indicação de cotas de nível acabado e em osso; Caracterização dos elementos do projeto; Fechamentos externos e internos; Circulações verticais e horizontais; Áreas de instalação técnica e de serviço; Cobertura/ Telhado e captação de água pluvial; Forros e demais elementos significativos; Denominação dos diversos compartimentos seccionados; Marcação dos detalhes; Escalas; Notas gerais, desenhos de referência e carimbo; Marcação dos cortes transversais nos longitudinais e vice-versa. Etapas do desenho de um Corte Posicionar a planta baixa acima da folha em que será desenhado o corte; Desenhar a linha do piso (na folha em branco); Transferir as paredes cortadas pelo plano (“puxar” as linhas); Marcar e traçar o pé-direito; Traçar as alturas de portas e janelas. Desenho de Projetos 63 Figura 26: Elaboração do corte. – Etapa 1 Apagar os excessos de linhas; Desenhar os elementos que estão além do plano de corte (neste caso, as duas portas); Desenhar a laje de forro (e = 10 cm); Rebaixar o piso das áreas molhadas; Desenhar o embasamento – laje (10 cm); aterro (20 cm); terreno (20 cm) e a fundação (dimensão variável); Desenhar a cobertura; Desenho de Projetos 64 Figura 27: Elaboração do corte. – Etapa 2 Traçar o revestimento da parede; Desenhar as texturas dos materiais. Figura 28: Textura dos materiais Reforçar as linhas (elementos cortados pelo plano vertical); Cotar as alturas principais; Escrever o título do desenho e sua escala. OBS.: RN é o referencial de nível (cota 0,0). Não são cotados os elementos estruturais (vigas e pilares). Desenho de Projetos 65 Figura 29: Corte Transversal – Desenho final As paredes cortadas pelo plano vertical podem ser preenchidas com traços paralelos inclinados para facilitar o entendimento do desenho. Figura 7: Corte Longitudinal – Desenho final Desenho de Projetos 66 Os equipamentos fixos também são representados nos cortes, desde que a posição do plano de corte vertical e o sentido de visada possibilitem sua vista. Figura 8: Mobiliários fixos representados em Corte. Desenho de Projetos 67 Planos de Corte em desvio Os cortes podem ser realizados em desvio, através da utilização de mais de um plano de corte. Lembre-se que a posição dos planos de corte é definida pelos detalhes do sólido que devem ser interceptados por estes planos. 3.3.1 Planos de corte paralelos Figura 9: Corte com desvio de plano em paralelo. Observação: A posição em que o plano de corte e desviado não é assinalada por nenhuma linha do desenho do corte (corte A-A); o solido é contínuo, não existe uma aresta correspondente em sua parte interna (com exceção dos furos ou recortes). Desenho de Projetos 68 3.3.2 Planos de corte Concorrentes Figura 10: Corte com desvio em plano concorrente. Observação - No corte, considera-se o comprimento real da peça, sem considerar e redução devida à inclinação da face oblíqua em relação ao plano de projeção. Desenho de Projetos 69 3.3.3 Meio-Corte O meio-corte é aplicado em peças simétricas, de modo a simplificar sua representação e, ainda, permitir mostrar detalhes internos e externos do sólido em um único desenho. É semelhante ao corte total, mas só corta parte do sólido, a outra parte é representada em vista, com omissão das arestas não visíveis. Figura 11- Meio-Corte. Observação: O meio-corte, por convenção será sempre representado a esquerda, e a meia-vista a direita. Desenho de Projetos 70 Desenhos de Fachada ou Elevações A fachada é a representação gráfica vertical do exterior da edificação. No projeto arquitetônico, deve-se representar pelo menos a fachada principal. As fachadas são desenhadas a partir da planta baixa e do corte. Se a fachada for desenhada na mesma escala da planta e do corte, a partir da planta podem-se obter as medidas horizontais e, a partir do corte, as dimensões. Figura 11: Fachadas humanizadas. Desenho de Projetos 71 Etapas da elaboração de uma fachada Traçar uma linha horizontal correspondente à linha de terra; Obter a partir do corte e da planta baixa todos os elementos e dimensões que compõem a superfície externa da fachada; Reforçar as linhas do primeiro plano; Desenhar os materiais de acabamento, as figuras humanas, a vegetação e os detalhes; Escrever o título do desenho e sua escala; As fachadas são rotuladas em relação aos pontos cardeais (Ex.: fachada sul; fachada norte, etc.). OBS.: Não se cotam as fachadas, já que todas as medidas horizontais e verticais necessárias à completa descrição do projeto já estão contidas nas Plantas e Cortes e as Fachadas têm um papel importante na expressão plástica do projeto. Desenho de Projetos 72 Figura 36: Elaboração de uma fachada Desenho de Projetos 73 Figura 12: Fachada final O uso de árvores, de vegetação e de figuras humanas nas fachadas (ou plantas baixas) permitem estabelecer referências geométricas de dimensões, além de quebrar a rigidez do desenho. Figura 38: árvores e figuras humanas Obs.: Não se utiliza figuras humanas em plantas, exceto em algumas situações (acessibilidade). Desenho de Projetos 74 No desenho de uma fachada, recomenda-se o estudo do peso apropriado das linhas principais. Os elementos mais próximos do observador são traçados com linha grossa. À medida que os elementos se distanciam do observador, a representaçãodas linhas vai se estreitando. Figura 13: Representação de texturas em vista Observações gerais A escala utilizada para a representação de elevações/fachadas deve ser a mesma da planta baixa, preferencialmente, 1:50. Uma maior atenção deve ser dada à espessura dos traços, que é um recurso utilizado para dar noção de profundidade dos planos no elemento representado. Embora não obrigatória, a utilização da técnica de sombras em fachadas é conveniente e dá melhor apresentação e interpretação ao desenho. Em fachadas/elevações não se deve tentar fazer representações muito detalhadas de esquadrias – o que é função de desenho de detalhamento, em Desenho de Projetos 75 escala adequada – representam-se apenas as linhas compatíveis com a escala, indicando o tipo de esquadria a ser utilizada. É possível e aconselhável o enriquecimento da elevação/fachada com a utilização de vegetação, pessoas, veículos etc., para dar a noção de escala e aproximar da realidade, desde que não impeçam a visualização de elementos de importância da construção. Neste capítulo, estudamos os desenhos no plano vertical, que se dividem em Cortes, quando o plano de projeção secciona a edificação projetada, e Elevações ou Vistas, quando o plano de projeção se encontra fora do objeto. Os desenhos deste tipo são fundamentais para a definição das alturas do projeto, portanto, as únicas cotas presentes são as distâncias verticais. Nos cortes e elevações também são representados e descritos os materiais de revestimento das paredes, as indicações de detalhes e os elementos estruturais como vigas e lajes. É HORA DE SE AVALIAR Lembre-se de realizar as atividades desta unidade de estudo. Elas irão ajudá-lo a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no processo de ensino-aprendizagem. Desenho de Projetos 76 Exercícios – Unidade 3 1) Quais entre as opções abaixo NÃO constitui uma informação presente em um desenho de Corte? a) Eixos de projeto. b) Caracterização dos elementos de projeto. c) Áreas de instalação técnica e de serviço. d) Indicação da área dos cômodos seccionados. e) Indicação de cotas de nível acabado e em osso. 2) Descreva as etapas de elaboração ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ Desenho de Projetos 77 3) A que material corresponde a textura abaixo representada em vista? a) Chapisco. b) Concreto. c) Madeira. d) Granito. e) Nenhuma das anteriores. 4) Em uma folha branca, faça o desenho de uma árvore em Vista e em Planta Baixa. Desenho de Projetos 78 5) Porque os desenhos de Fachadas não são cotados? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 6) A partir do desenho realizado na questão 6 da unidade anterior, elabore um corte transversal (quando aplicável) da residência, conforme as indicações apresentadas neste Capítulo. Desenho de Projetos 79 4 Símbolos e padrões Desenho de Projetos 80 Objetivos da unidade: Neste capítulo, veremos que todos os aspectos do desenho de projetos estão prescritos nas NBRs, incluindo textos e indicações. Esta padronização é fundamental para a universalização do desenho, permitindo a correta execução de um projeto independente do autor e dos operários envolvidos. A padronização também desempenha um papel importante na organização das informações no papel, de modo a obter o melhor aproveitamento e a maior clareza e objetividade. Plano da disciplina: Tipos e espessura de linha, empregados. Tipos de letras e números Escalas Norte Chamadas Indicação gráfica de acessos: Indicação de sentido ascendente de escada: Indicação de sentido de inclinação de telhados: Cotas. Definição das Portas e Esquadrias. Indicação da fachada e Elevações Designação dos locais para referência na tabela geral de acabamentos Bons estudos! Desenho de Projetos 81 Tipos e espessura de linha, empregados. As espessuras e os tipos de linha, utilizados em Desenho Técnico, possuem significados e transmitem informações sobre os elementos que estão sendo representados. Existem duas normas editadas pela ABNT que determinam os tipos e espessuras de linha a serem adotados, dependendo do elemento a ser representado, uma para os desenhos técnicos de forma geral (NBR 8403/84 – Aplicações de linha – tipos e larguras) e outra específica para projetos de arquitetura (NBR 6492/94 – Representação de projetos de arquitetura), que trata especificamente do assunto aqui em pauta. Verifica-se que, no mercado, nem sempre os profissionais seguem rigorosamente as prescrições da norma, existindo convenções usuais adotadas para cada situação. Pode-se adotar, de maneira abrangente e genérica, as seguintes indicações de tipo e espessura de linhas: Elementos estruturais e/ou de alvenaria cortados pelo plano de corte são representados com linha larga ou grossa; (+-0,6mm). Elementos leves (esquadrias, etc.) cortados pelo plano de corte são representados com linha média; (+-0,4mm). Arestas e contornos aparentes observados em vista (não cortados) são representados com linha estreita ou fina. (+-0,2mm) Tracejada para linhas situadas além do plano do projeto (+-0,2mm) Ex. Beiral em Planta baixa. Traço e ponto para linhas de eixo ou coordenada e Silhuetas. Firmes, definidas, com espessura inferior às linhas internas e com traços longos. (+-0,2mm) Ex.: indicação da área construída na planta de cobertura (por trás do beiral). Desenho de Projetos 82 Para construção de desenhos, guia de letras e números, com traço; o mais leve possível. (+-0,1mm) Tipos de letras e números Tanto no desenho manual quanto no desenho digital, as informações textuais contidas em plantas e elevações devem obedecer a certos padrões determinados pela ABNT, que podem ser devidamente ajustados às circunstâncias do projeto e ao gosto dos profissionais. As letras devem possuir de 2 a 5 mm e não devem ser inclinadas (itálico): Os números devem seguir as mesmas indicações: Notas: a) A dimensão das entrelinhas não deve ser inferior a 2 mm b) As letras e cifras das coordenadas devem ter altura de 3 mm Escalas Conforme já foi estudado, as escalas devem ser sempre expressas na forma de uma fração de numerador 1 (um), onde o denominador expressa a Função da Escala. Desenho de Projetos 83 As escalas mais usuais são as seguintes: 1/2; 1/5; 1/10; 1/20; 1/25; 1/50; 1/75; 1/100; 1/200; 1/250 e 1/500. Escala gráfica Escala gráfica é uma expressão visual da proporção entreo desenho e as medidas reais do que está representado. Este tipo de escala esquemática é muito útil em mapas e plantas de grandes dimensões, onde a escala precisa e usual não é facilmente aplicada. Figura 41: Escala Gráfica. Fonte: NBR 6492/94 Norte Figura 4214: Indicação de Norte (sugestão). Fonte: 6492/94 Desenho de Projetos 84 Onde: N - Norte verdadeiro NM - Norte magnético - pode ser utilizado somente na fase de estudos preliminares Chamadas Figura 4215: Linhas de chamada. Fonte: NRB 6492/94 Desenho de Projetos 85 Indicação gráfica de acessos: Figura 4316: Indicação de acesso principal. Fonte: NBR 6492/94 Ou Figura 4417: Indicação de acesso principal. Fonte: NBR 6492/94 Desenho de Projetos 86 Indicação de sentido ascendente de escada: Figura 4518: Representação de escadas e rampas. Fonte: NBR 6492/94 Indicação de sentido de inclinação de telhados: Figura 4619: Indicação de sentido e inclinação de águas do telhado. Fonte: NBR 6492/94. Desenho de Projetos 87 Cotas As cotas devem ser indicadas em metro (m) para as dimensões iguais e superiores a 1 m e em centímetro (cm) para as dimensões inferiores a 1 m, e os milímetros (mm) devem ser indicados como se fossem expoentes. As cotas devem, ainda, atender às seguintes prescrições: a) as linhas de cota devem estar sempre fora do desenho, salvo em casos de impossibilidade; b) as linhas de chamada devem parar de 2 mm a 3mm do ponto dimensionado; c) as cifras devem ter 3 mm de altura, e o espaço entre elas e a linha de cota deve ser de 1,5 mm; d) quando a dimensão a cotar não permitir a cota na sua espessura, colocar a cota ao lado, indicando seu local exato com uma linha; e) nos cortes, somente marcar cotas verticais; f) evitar a duplicação de cotas. Figura 4720: Indicação de cotas. NBR 6492/94. Desenho de Projetos 88 Dimensão dos vãos de portas e janelas A cota é indicada no vão acabado, pronto para receber as esquadrias, conforme exemplo: Figura 4821: Indicação de cotas de portas e janelas. Fonte: NBR 6492/94 Cotas de nível: As cotas de nível são sempre em metro.: a) N.A. - Nível acabado; b) N.O. - Nível em osso. As cotas de nível têm duas representações, como as indicadas a seguir: Figura 4922: Indicação de nível em corte e em planta. Fonte: NBR 6492/94 Desenho de Projetos 89 Marcação de coordenadas. Nota: A marcação de coordenadas indica o eixo de estrutura ou modulação especial. Utilizar sempre numeração 1, 2, 3, etc. nos eixos verticais do projeto e o alfabeto A, B, C nos eixos horizontais do projeto. Figura 5023: Representação de eixos do projeto. Fonte: NBR 6492/94. Marcação de Cortes gerais. A marcação da linha de corte deve ser suficientemente forte e clara para evitar dúvidas e mostrar imediatamente onde ele se encontra. Nota: Quando o desenho indicado estiver na mesma folha, deixar em branco o local designado para o número da folha. Desenho de Projetos 90 Figura 5124: Indicação do plano de corte. Fonte: NBR 6492/94 Marcação de Detalhes Figura 5225: Indicação de chamada para desenhos de detalhe. Fonte: NBR 6492/94. Desenho de Projetos 91 Figura 5326: Indicação de chamada para desenhos de detalhe. Fonte: NBR 6492/94. Número e Título de desenhos. Em cada folha, os desenhos, sem exceção, devem ser numerados a partir do nº 1 até “n”. Figura 5427: Indicação do número e título do desenho. Fonte: NBR 6492/94. Desenho de Projetos 92 Indicação da fachada e Elevações As elevações devem ser indicadas nas plantas, em escalas convenientes. Figura 5528: Indicação de fachada e elevações. Fonte: NBR 6492/94. Definição das Portas e Esquadrias. Utilizar para portas P1, P2, P3 e Pn e para janelas J1, J2, J3 e Jn. Figura 5629: Definição de portas e janelas. Fonte: NBR 6492/94. Obs.: a informação P na janela em Planta significa “peitoril”, ou seja, a altura da janela em relação ao chão. As demais medidas são largura e altura de portas e janelas. Desenho de Projetos 93 Designação dos locais para referência na tabela geral de acabamentos Todos os compartimentos devem ser identificados nas plantas gerais pelo nome correspondente e, quando necessário, por um número de referência. Figura 5730: Designação dos cômodos e locais de referência Quadro Geral dos acabamentos (Facultativo) Os acabamentos devem ser indicados num quadro geral conforme o modelo indicado a seguir: Figura 5831: Quadro geral de acabamentos. Fonte: NBR 6492/94. Desenho de Projetos 94 Quadro geral de áreas (Facultativo) Pode constar no projeto ou em folha a parte. Representação dos materiais mais usados Figura 5932: Representação dos materiais mais usados. Fonte: NBR 6492/94. Desenho de Projetos 95 Quadro geral de esquadrias Os elementos das portas devem estar especificados num quadro geral, conforme exemplos: Figura 6033: Quadro geral de esquadrias (sugestão). Fonte: NBR 6492/94. Desenho de Projetos 96 Neste Capítulo, verificamos a correta simbologia e normatização para a indicação de informações cruciais aos projetos de edificações, tais como, o tamanho dos textos, as indicações de nível e de acesso. Estes padrões são definidos pela ABNT, e podem ser encontrados nas NBRs, sobretudo a NBR 6492/94, que regula a representação de projetos de arquitetura. A correta representação das informações e dos símbolos é fundamental para a correta compreensão e comunicação dos desenhos técnicos. É HORA DE SE AVALIAR Lembre-se de realizar as atividades desta unidade de estudo. Elas irão ajudá-lo a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no processo de ensino-aprendizagem. Desenho de Projetos 97 Exercícios – Unidade 4 1. Como um engenheiro deveria representar, respectivamente, uma parede cortada em Planta, a projeção do beiral da casa e uma esquadria cortada? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 2. Represente, em uma folha de papel, uma parede com 15 cm de espessura feita de concreto. 3. Em que consiste a informação do seguinte símbolo? a) Símbolo de nível em Planta indica que o pavimento está 34,25m acima do nível 0,00. (certo). Símbolo de nível em Corte, indica que o pavimento está 34,25m acima do nível 0,00. b) Símbolo de nível em Planta indica que o pavimento está 34,25m abaixo do nível 0,00. c) Símbolo de área. Indica que o cômodo têm 34,25m2. d) Símbolo de nível em Corte indica que o pavimento está 34,25m abaixo do nível 0,00. Desenho de Projetos 98 4. Utilizando as plantas realizadas no exercício nº 6 do Capítulo 2, adicione os símbolos aprendidos neste capítulo quando for adequado. Obs.: Guarde esta atividade, pois ela fará parte da avaliação da disciplina. 5. Utilizando o Corte realizado no exercício nº 6 do Capítulo 3, adicione os símbolos aprendidos neste capítulo quando for adequado. Obs.: Guarde esta atividade, pois ela fará parte da avaliação da disciplina. 6. Tendo indicado os símbolosem Plantas, elaborar uma tabela com indicação de Portas e Janelas. 7. Tendo indicado os símbolos em Plantas, elaborar uma tabela com indicação de Revestimentos. Obs.: Recomenda-se pesquisar materiais de revestimento, tipos de cobertura e esquadria, para adicionar realismo ao projeto e às propostas. Desenho de Projetos 99 5 Projeto de telhados Desenho de Projetos 100 Objetivos da unidade: Neste capítulo, iremos estudar as formas mais usuais de cobertura utilizadas na construção civil. Os telhados serão o principal objeto de estudo, podendo ter estruturas de madeira ou metálicas, e cobertas com telhas de materiais variados. Existe uma técnica específica para elaboração de telhados tradicionais, e cálculos para verificar a altura da cumeeira e o posicionamento de espigões e rincões. Esta técnica, assim como a correta nomenclatura dos componentes do telhado, que serão parte fundamental deste capítulo. Plano da unidade: Introdução. Telhados Estrutura de um telhado Etapas da elaboração de um telhado tradicional em planta. Elevação de telhados. Coberturas de superfície curva Treliças. Bons estudos! Desenho de Projetos 101 Introdução A cobertura é um elemento de suma importância do edifício, tanto por sua função efetiva, protegendo contra efeitos climáticos, quando pela sua participação da volumetria (forma) da arquitetura. São muitas as formas já desenvolvidas para solucionar a questão da cobertura, entre as variantes podem–se mencionar ocas indígenas, iglus, lajes de madeira e concreto e formas variadas de telhado. Nesta unidade, a atenção será dada à concepção e à representação de telhados em projeto, visando extrair o melhor proveito das condições técnicas e materiais, e contribuir da melhor forma ao aspecto estético da edificação. Telhados Os telhados são formados pelas telhas, estrutura e sistema de escoamento de águas pluviais (calhas e condutores). Cada plano do telhado é denominado água do telhado. Conforme o tipo e o número de águas, os telhados classificam-se em: Telhado de uma água: Figura 6134: Telhado de uma água. Desenho de Projetos 102 Telhado de duas águas: Figura 6235: Telhado de duas águas. Telhado de três águas: Figura 6336: Telhado de três águas Desenho de Projetos 103 Telhado de quatro águas: Figura 6437: Telhado de quatro águas Declividade A declividade ou inclinação da cobertura pode ser expressa em percentagem; ex.: i = 30%. Os planos do telhado têm inclinações iguais e sua declividade depende do tipo da telha. A altura do telhado (h) é calculada considerando a declividade e a metade do vão (L/2) a ser coberto. Desenho de Projetos 104 Figura 6538: Tipos de telhas mais comuns Desenho de Projetos 105 Estrutura de um telhado A estrutura é constituída pelos elementos que suportam a cobertura e por parte do sistema de escoamento de águas pluviais. A tesoura é o elemento estrutural principal dos telhados. As tesouras podem estar assentadas sobre a laje, sobre as paredes externas com uma cinta de concreto (berço) ou sobre uma peça de madeira (contrafrechal). As dimensões limites usuais em estruturas de madeira de lei são: vão – 10 m; distância entre tesouras – 3,50 m; distância entre terças – 2,50 m e entre caibros – 0,50 m. É necessário conhecer os nomes e dimensões das peças de uma tesoura para especificação em projetos de telhados. Na Figura 6.4, apresenta-se uma tesoura comum estruturada em madeira de lei com os respectivos nomes e dimensões das peças. Figura 6639: Estrutura tradicional de um telhado Obs. 1: Tesoura é uma viga composta de madeira ou metal destinada a suportar a cobertura. Obs. 2: As dimensões das peças variam conforme as dimensões do telhado. Desenho de Projetos 106 A dimensão mínima de um beiral é de 50 cm e a máxima é de 80 cm, considerando um telhado cerâmico. Para criar beirais maiores, é necessário dispor colunas de apoio, que podem formar uma varanda, por exemplo. Também existem tipos diferentes de beiral, conforme as figuras a seguir. Figura 6740: Beiral solto Desenho de Projetos 107 Figura 68: Beiral apoiado na laje Figura 69: Telhado sem beiral com platibanda – “falsa laje”. Desenho de Projetos 108 Figura 7041: Corte longitudinal de um telhado. Desenho de Projetos 109 Nomenclatura As interseções dos planos do telhado recebem os seguintes nomes: Cumeeira – é a interseção das águas mais altas e horizontais do telhado. Espigão – é a aresta descendente que divide as águas do telhado. Rincão – á a aresta descendente que recebe as águas do telhado. Os rincões são representados por duas linhas. Figura 7142: Nomenclatura dos componentes de um telhado Etapas da elaboração de um telhado tradicional em planta. A resolução de um telhado começa pela distribuição das águas de modo a evitar o acúmulo de água ou qualquer abertura que permita a entrada de chuva e vento. Não existe uma solução única para qualquer tipo de telhado, e o julgamento do projetista deve levar em conta tanto a eficiência quanto o aspecto estático do telhado projetado. O que será explicado a seguir é uma sequência prática para distribuir as águas de uma cobertura de modo a manter todos os beirais nivelados, evitando acúmulo de água e aberturas indesejadas. Desenho de Projetos 110 a. Traçam-se o perímetro da projeção da cobertura, representado pela linha do beiral. Figura 7243: Elaboração de um telhado tradicional, primeira parte. b. Determinam-se os retângulos inscritíveis na superfície dada. Figura 7344: Elaboração de um telhado tradicional, segunda parte. Desenho de Projetos 111 c. Traçam-se as bissetrizes de todos os ângulos. Figura 7445: Elaboração de um telhado tradicional, terceira parte. d. Resolve-se o retângulo cujo lado menor é o maior possível, em relação aos lados menores dos outros retângulos inscritíveis. A seguir, resolvem-se os retângulos menores. Figura 7546: Elaboração de um telhado tradicional, quarta parte - final Desenho de Projetos 112 No caso da interseção de telhados sobre plantas com ângulos diferentes de 90° entre paredes, os problemas de interseção entre os planos também são resolvidos por meio dos prolongamentos das bissetrizes. Figura 7647: Interseção de telhados não ortogonais. Considerando-se cumeeiras paralelas, independentemente do tipo de solução encontrada para o diagrama de telhado, deve-se evitar a calha horizontal. Neste exemplo, a interseção dos planos gerou uma nova cumeeira. Figura 7748: Telhados com cumeeiras paralelas Desenho de Projetos 113 Elevação de telhados. Para a representação dos telhados em fachadas é necessário calcular a altura de todas as cumeeiras. A cota de cada cumeeira é função do lado menor do retângulo. No exemplo que segue, considerou-se uma declividade de 30%. Altura cumeeira 1 = declividade x L/2 Altura cumeeira 1 = 30/100 x 7,50/2 Altura cumeeira 1 = 1,125m Altura cumeeira 2 = declividade x L/2 Altura cumeeira 2 = 30/100 x 4,80/2 Altura cumeeira 2 = 0,72m Figura 7849: Elaboração da elevação de um telhado. Obs.: O dimensionamento das peças estruturais deum telhado será estudado mais detidamente nas Disciplinas de Cálculo. Desenho de Projetos 114 Coberturas de superfície curva Abóbadas de berço Figura 7950: Abóbada de berço. Fonte: google images. Abóbadas ogivais Figura 80: fonte: google images Desenho de Projetos 115 3.5.3. Cúpulas. Figura 81: Cúpula de Florença. Fonte: google images. 3.6. Treliças. Treliças são estruturas metálicas compostas de barras que distribuem espacialmente o peso da cobertura. Esta modalidade estrutural se divide em: a) Pavilhão em treliças Figura 82: Pavilhão em treliça Desenho de Projetos 116 Pavilhão em arco. Figura 83: Pavilhão em arco utilizando treliças. Fonte: cedido por Marco Millazo. b) Treliça espacial. Figura 84: Treliça espacial. Fonte: google images. Desenho de Projetos 117 Neste capítulo, aprendemos a importância das coberturas na arquitetura, tanto do ponto de vista funcional, como estético. Focamos na elaboração de telhados tradicionais, com estruturas de madeira e telhas cerâmicas ou metálicas, mas também vimos outras formas de cobertura, como a abóbada e a cúpula. A nomenclatura dos componentes do telhado foi descrita, de modo a orientar os alunos com outros profissionais. Assim, esperamos que todos tenham se tornados capazes para elaborar coberturas simples e funcionais, podendo desenvolver os conhecimentos para a elaboração de estruturas mais complexas. É HORA DE SE AVALIAR Lembre-se de realizar as atividades desta unidade de estudo. Elas irão ajudá-lo a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no processo de ensino-aprendizagem.
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