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POESIA DE CRUZ E SOUZA

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Cárcere das Almas 
Ah! Toda a alma num cárcere anda presa,
Soluçando nas trevas, entre as grades
Do calabouço, olhando imensidades,
Mares, estrelas, tardes, natureza.
Tu se veste de uma igual grandeza
Quando a alma entre grilhões as liberdades
Sonha e, sonhando, as imortalidades
Rasga no etéreo Espaço da Pureza.
Ó almas presas, mudas e fechadas
Nas prisões colossais e abandonadas,
Da Dor no calabouço, atroz, funéreo!
Nesses silêncios solitários, graves,
Que chaveiro do Céu possui as chaves
Para abrir-vos as portas do Mistério?!
	 
	 
	Cruz e Sousa
Análise da Poesia: 
O titulo do poema “cárcere das almas”, por si, já nos antecipa o teor do assunto abordado: A alma encarcerada _ Esse poema é significativo em razão da própria história do personagem(eu lírico), pois parece se fundir com sua própria história. Oriundo de família escrava, sendo negro, sofrendo preconceito, desiludido com o amor, o poema remete ao maior de todos os desejos humanos: A liberdade! 
Talvez Cruz e Sousa exteriorize neste soneto ainda que de forma inconsciente, o desejo de se libertar de sua própria história, de seus complexos e desilusões. Ele, vivendo como livre em pleno regime de escravidão, era escravo de sua origem e do preconceito que sofria.
No poema a prisão ou “cárcere” se configura não de forma física, mas num estado de espírito. Que, colocando a “alma entre grilhões”, sofre almejando “as liberdades”, como que se fossem inúmeras as prisões sofridas.
Esta prisão está dentro do próprio ser humano, no coletivo; daí a frase: “Ó almas presas, mudas funéreas”. Subentende-se que todo ser humano sofre as dores da prisão da alma que, trancafiada entre grilhões e “Nas prisões colossais e abandonadas”, são impedidas de alçar vôo a liberdade. Assim, esta presente no texto o conflito entre matéria e espírito. 
O poema inicia com uma interjeição: ”Ah”, esse inicio possui um tom de emoção muito forte; característico do período do simbolismo que valorizava a sonoridade das palavras. 
Observa-se logo no inicio o conflito entre a alma x o mundo. Conflito esse que limita o homem a ficar confinado no cárcere de seus sentimentos “entre as grades do calabouço”. Por isso, o soluço das almas que se encontram “Nas prisões colossais e abandonadas” pode bem representar a imensidão do sentimento humano oculto aos olhos más latente no coração.
O texto discorre por esse inquietante desejo da alma de se ver livre, E como símbolo de liberdade o eu lírico utiliza a própria natureza: “Mares, estrelas, tardes, natureza” e esta (a alma) “sonha e, sonhando, as imortalidades rasga no etéreo Espaço da Pureza.” O autor personifica um lugar(Espaço) onde a alma pode encontrar (A Pureza), daí a associação da prisão com um lugar imundo, nojento, ignóbil.
A terceira estrofe inicia-se com um grito “O´...”Toda a estrofe é um lamento profundo, esta imerso em dor e agonia e, finalmente a última estrofe que termina com uma indagação: “Que chaveiro do Céu possui as chaves para abrir-vos as portas do Mistério?” _Continua a busca incessante para as inquietações da alma 
Neste poema estão presentes vários indícios do simbolismo:
No que diz respeito as sugestões rítmicas por exemplo; o autor usa as rimas opostas ou enlaçada do metrificado dos parnasianos ou barroco, e é evidente a musicalidade Observa-se também que o ritmo da repetição característica do texto poética estão bem presentes, a marcação: AE,EA,AE,EA. 
Ex: presa/grades / imensidades/natureza. (1ª estrofe)
 grandeza/liberdades/imortalidades/pureza. (2ª estrofe)
O frequente uso das palavras : “Céu, anjos, asas, luar, alma,” são características da poesia simbolista e são estes os componentes que dão o toque místico ao período. 
Outras palavras que compõem esse texto e caracteriza o movimento simbolista são elas: cárcere (prisão), calabouço (prisão subterrânea), grilhões (laços que prendem), etéreo (sublime, celestial), colossais (gigantescos, poderosos) atroz (sem piedade, desumano), funéreo (relativo a morte, fúnebre). 
A presença de aliteração: 
Ex: “Nesses silenciosos solitários, graves” / “Ó almas presas, mudas e fechadas” * (repetição do som “s”)
A presença de assonância: 
Ex: “Mares, estrelas, tardes, natureza.” (repetição dos sons vocálicos /a/e/e/.)
Uso das palavras em letras Maiúsculas em substantivos comuns:
Ex: “Rasga no Etéreo espaço da pureza.”
 “Da Dor no calabouço, atroz funéreo!”
 “Que chaveiro do Céu possui as chaves para abrir-vos as portas do Mistério?!”
Emprego do plural em substantivos abstratos sugerindo uma nova dimensão a palavra.
Ex: “Do calabouço olhando IMENSIDADES,”
 “Quando a alma entre grilhões as LIBERDADES sonha e, sonhando as IMORTALIDADES”

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