Buscar

Hermenêutica Jurídica: Técnicas e Métodos

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 4 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Hermenêutica (Introdução ao Direito)
Introdução ao Direito
Tema - Hermenêutica
Principal Bibliografia utilizada: "Introdução ao Direito" - Silvio Venosa;"Lições preliminares de Direito" - Miguel Reale; "Introdução ao Estudo de Direito" - Paulo Nader; 
Hermenêutica
“Hermenêutica é a teoria científica da arte de interpretar, mas não esgota o campo de intepretação jurídica por ser apenas instrumento de sua realização ... Contém regras bem ordenadas que fixam os critérios e princípios que deverão nortear a interpretação.” – Carlos Maximiliano
O Termo ‘hermenêutica’ é de origem grega e deriva de “Hermes”, na mitologia como quem traduzia as mensagens dos Deuses (considerado o inventor da linguagem e escrita).
O estudo da hermenêutica jurídica é o estudo de técnicas e métodos para a correta interpretação das leis. É a compreensão que daria sentido a norma; o que significa dizer que há sempre um sentido que não está explicitamente demonstrado para que possa ser alcançado de forma essencialista. O conhecimento da norma passa pela compreensão da mesma, voltada diretamente para a dogmática jurídica.
A relação sujeito objeto na interpretação jurídica não é uma relação onde a dogmática jurídica se apresenta como verdade absoluta, mas uma atividade subjetiva, onde o sujeito tem o papel ativo, mesmo se considerado que grande parte da interpretação só pode ser realizada a partir de conceitos previamente estabelecidos pela tradição na qual o sujeito está inserido, ou jogado, conforme diria Heidegger.
Heidegger descrevia a hermenêutica como uma filosofia e não uma ciência, deveria ser entendida de modo existencial e não metodológico. "Devemos partir de uma pré-compreensão para chegarmos a uma compreensão mais elaborada (interpretação), pois se partíssemos do ´vazio´ não chegaríamos a nada".
No entanto, fora Savigny quem fundou a hermenêutica jurídica clássica; ele classificou o direito como ciência cultural. Em seguida, Kelsen classifica o direito como ciência formal, como a matemática; deu formato piramidal ao ordenamento jurídico. 
Hermenêutica e interpretação
Muitas vezes, hermenêutica  e interpretação são usadas como sinônimos, no entanto a doutrina de forma geral tenta separá-las, levando em consideração a linguagem do jurista – ciência dogmática do direito.
Hermenêutica é a teoria científica da interpretação, que busca construir um sistema que propicie a fixação do sentido e alcance das normas.
Já a interpretação é um trabalho prático elaborado pelo operador do direito que busca fixar o sentido e alcance das normas ou “expressões do direito”. Assim, utilixa os princípios descobertos e fixados pela hermenêutica
Linguagem
In claris cessat interpretatio:  a regra é clara e não precisa de interpretação; no entanto a maioria dos doutrinadores afirmam que a interpretação é sempre necessária, ainda que as normas sejam claras.
Mens legis: busca-se o sentido que está prescrito pela lei, ou o sentido querido pelo legislador.
Elementos da interpretação
                            I -             Revelar seu sentido: descobrir a finalidade da norma;
                          II -             Fixar alcance: delimitar seu campo de incidência, são os fatos sociais e as circunstâncias de aplicação;
                        III -             Normas jurídicas: todas as normas são passíveis de interpretação
Espécies de interpretação
                            I -             Autêntica: emana do próprio poder que fez o ato cujo sentido e alcance ela declara;
                          II -             Judicial: jurisprudência;
                        III -             Administrativa: elaborada pela administração por seus órgãos, pareceres, despachos...;
                        IV -             Doutrinárias: pelos doutrinadores e juristas, em obras e pareceres.
Quanto à natureza
                            I -             Literal ou gramatical: baseia-se na letra da norma; parte do exame do significado e do alcance das palavras.
                          II -             Lógico-sistemática: busca descobrir o sentido e alcance da norma; compreendê-la como parte de um todo em conexão com as demais que com ela se articula.
                        III -             Histórica: indaga o meio e o momento de elaboração da norma; causas pretéritas da solução do legislador.
                        IV -             Teológica: busca a finalidade da norma tutela ou serve; ratio legis (razão da lei).
Quanto aos efeitos
                            I -             Extensiva: O intérprete entende que o sentido e alcance são mais amplos que o que indica os seus termos;
                          II -             Restritiva: o intérprete restringe ou limita a incidência da norma, concluindo que o legislador escreveu mais do que se pretendia dizer;
                        III -             Declarativa ou especificadora: quando se limita ou especifica pensamento expresso na norma, sem necessidade de estendê-la a casos não previstos ou restringi-la mediante exclusão de casos inadmissíveis;
                        IV -             Estrita: normas se aplicam no sentido exato;
Dogmática e Zetética
A hermenêutica jurídica está voltada diretamente para a dogmática jurídica. Quanto ao conceito jurídico, o direito é um dogma. As normas são os dogmas de ação. Mas a norma só não basta, sua ambiguidade e vagueza exigem regras de interpretação; dizer não só a norma, mas também o que significa. As regras de interpretação são, em suma, dogmas que dizem como devem ser entendidas as normas.
A dogmática, do grego dokéin – ensinar, doutrinar, cumpre uma função informativa ao acentuar uma resposta de uma investigação. A Zetética, do grego zetéin – procurar, inquerir, investigar, cumpre uma função informativo-espreculativa, ao acentuar uma pergunta de uma investigação, mantendo aberto à dúvida, as premissas e os princípios que ensejam resposta.
O direito é dogmático, uma vez que se baseia no princípio da aceitação sem discurso dos pontos de partida (dogma). No entanto, o direito trabalha com certezas, e sim com incertezas dos conflitos na vida social.
Ao examinar um problema caímos em dois aspectos, o da resposta ou pergunta. Se acentuar-se a pergunta (zetética), os conceitos básicos, os princípios ficam abertos à dúvida. Se, no entanto, acentua-se a resposta (dogmática), ou seja, pormos de fora o questionamento, o problema mantém-se com soluções não aceitáveis, pois o colocaram de modo absoluto.
	Zetética
	Dogmática
	Desintegra as opiniões, pondo-as em dúvida
	Ato de opinar e ressalvar algumas opiniões
	Função especulativa infinita
	Função diretiva finita
	É configurado como ser (o que é?)
	É configurado como dever ser (decisão e orientar uma ação)
	É aberta, e pode não possuir uma resposta
	É fechada, pois está presa a conceitos fixados
	Premissas aos problemas (premissas podem ser postas de fora da dúvida)
	Problemas às premissas
	Constatações
	Não questiona suas premissas porque foram estabelecidas (por ato, poder, vontade...)  com inquestionáveis
	Como ponto de partida uma evidência
	Parte de dogmas, premissas evidentes, verdade (exigem uma decisão)
É preciso reconhecer que o fenômeno jurídico, com toda sua complexidade, admite tanto enfoque zetético quanto enfoque dogmático, na sua investigação. Isso explica que sejam várias as ciências que o tornem por objeto; em umas predomina o enfoque zetético, em outras o dogmático.
Enfoque Zetético
Nenhuma das disciplinas zetéticas são especificamente jurídicas, são gerais que admitem espaço para o fenômeno jurídico. A medida que o espaço é aberto, as disciplinas se incorporam ao campo das investigações jurídicas.
Porém, alguns pressupostos admitidos como verdadeiros podem orientar os quadros da pesquisa, é possível distinguir limites zetéticos; assim, algumas investigações podem ser a nível da experiência, ou lógica, ou metafísica. Pode também ter um sentido puramente especulativo ou pode produzir resultados que venham a ser tomados como basepara uma eventual aplicação técnica à realidade.
Em suma, a Zetética jurídica corresponde Às disciplinas que, tendo como objeto não apenas o direito, podem tomá-lo como um de sus objetos precípuos. As outras matérias não jurídicas que compõem a zetética são tidas como auxiliares da ciência jurídica stricto sensu. Essa tem se tornado um saber dogmático, o que não reduz esse saber; apesar de o jurista ser especialista em questões dogmáticas, é também especialista nas zététicas (em certa medida).
Enfoque Dogmático
São disciplinas dogmáticas, jurídicas, a ciência do direito civil, constitucional, tributário, administrativo... As disciplinas tornam-se dogmáticas a medida que considera certas premissas resultantes de uma decisão, como vinculantes para o estudo, renunciando-se ao postulado da pesquisa independente.
Essa dogmática explica que os juristas, no estudo do direito, procurem sempre compreendê-lo e torna-lo aplicável dentro dos marcos da ordem vigente. Ela constitui uma espécie de limitação, dentro da qual os juristas podem explorar diferentes combinações para determinar os possíveis comportamentos jurídicos.
No entanto, um jurista não pode excluir a repercussão social, sua eficácia social, os valores, a moral... Assim, ele tem que se valer também da pesquisa zetética.
Dizer que a dogmática não nega seu ponto de partida não é o mesmo que dizer que repete puramente o dogma. A dogmática apenas depende deste princípio, mas não se reduz a ele. Com a imposição de dogmas e regras de interpretação, a sociedade espera uma vinculação do comportamento; ao jurista se obrigar aos dogmas, parte dele, mas dando-lhes um sentido, o que lhe permite uma certa manipulação.
Em suma, a dogmática interpreta sua própria vinculação com o dogma. O ponto de partida é o dogma. Por meio de uma norma tenta se eliminar incertezas, exigindo vinculação; a dogmática mostra, então, que a nova norma, posta diante da incerteza anterior, fazendo-se prever no dogma o que anteriormente não se previa. O processo é que a dogmática aumenta a incerteza, mas de modo que sejam compatíveis com as exigências centrais da disciplina jurídica, a vinculação. Criar a dúvida é para orientar o homem em sociedade, nos quadros da ordem.
Dogmática e Zetética
Norma jurídica é resultado da dogmática jurídica, que por sua vez, é resultado de uma zetética acrescida dos fatos sociais jurídicos e da valoração.
Só se faz hermenêutica jurídica em cima dos conceitos dogmáticos.
Em Kelsen a norma não é um enunciado que limita, apenas estabelece a liberdade de fazer ou deixar de fazer.
Direito como norma
O jurista conhece o direito de uma forma preponderamente dogmática; ao fazê-lo tenta decidir um conflito com o mínimo de perturbação social possível. Na identificação do direito o jurista ocupa-se inicialmente com o pensamento dogmático; identifica suas premissas.
Em busca de um critério comum, que servirá de base às tratativas, que o jurista se empenha. Esse critério é a premissa do seu pensamento dogmático; que por sua vez, é o direito, algo que ele toma como um dado objetivo. O Jurista baseia-se na sociedade jurídica, nos critérios gerais, direitos comuns, nas leis já existentes e na constituição do país. Invoca o princípio da legalidade. Resolver a investigação, as indagações, dogmáticas é identificar o direito objetivamente. Em seguida o direito passa por um processo formal.
A ciência dogmática está às voltas com a identificação do direito, tendo em vista a decibilidade dos conflitos. 
Postado por K. W. às 11:59 
Marcadores: Introdução ao Direito - 1º Semestre
K. W.
Estudante de Direito do UniCeub

Outros materiais