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NEOPLASIA GÁSTRICA E GASTRECTOMIAS 4° tumor maligno mais frequentes entre homens e o sexto entre mulheres (INCA, 2012). Em ambos os gêneros, a incidência aumenta a partir de 35 a 40 anos. Mais comum em: ♂, idosos e pessoas de baixa renda. A incidência vem diminuindo, mas a mortalidade permanece alta. O tipo histológico mais comum é o adenocarcinoma. No ocidente a sobrevida em cinco anos é: - 30% nos países desenvolvidos; - 20% nos países em desenvolvimento. No oriente sobrevida acima de 70% no e devido a programas de detecção precoce, o que aumenta bastante o prognóstico. Etiologia Multivariada e os componentes de risco conhecidos são de origem: a) Infecciosa como infecção gástrica pelo Helicobacter pylori (principalmente cepas cagA e vacA). b) Idade avançada e sexo masculino c) Hábitos de vida: dieta pobre em produtos de origem vegetal, dieta rica em sal, consumo de alimentos conservados de determinadas formas como defumação, conserva ou salga. d) Exposição a drogas, como o tabagismo e) Associação com doenças como: gastrite crônica atrófica, metaplasia intestinal da mucosa gástrica, anemia perniciosa, pólipo adenomatoso do estômago e gastrite hipertrófica gigante. f) História pessoal ou familiar de algumas condições hereditárias como o próprio CA gástrico e o pólipo adenomatoso familiar. Paciente que tem histórico de CA gástrico e pólipo adenomatoso na primeira geração da família deve fazer endoscopia a partir de uma idade bem mais precoce que a população geral. Quadro clínico A maioria dos diagnósticos são feitos em estágios avançados da doença porque os primeiros sintomas são, muitas vezes, inespecíficos. Os sintomas mais comuns são: - Perda ponderal (40%) - Dor abdominal vaga (58%) Os sintomas também variam com base na localização da lesão primária: - Tumores proximais envolvendo a junção gastroesofágica: Disfagia é comum; - Tumores distais ou antrais: Náuseas e vômitos; - Doença infiltrada difusa (linitis plástica): Saciedade precoce. Exame físico ▪ Massa abdominal palpável tipicamente têm um grande tumor localmente avançado. ▪ Metástases hematogênicas para o fígado podem resultar em icterícia, ascite e hepatomegalia (quadro avançado). ▪ Disseminação linfática pode levar a: linfadenopatia supraclavicular esquerda ´palpável (linfonodo de Virchow – Sinal de Troisier). E também a presença de linfonodos periumbilicares aumentados – Sinal de Sister Mary Joseph. ▪ Metástase peritoneal pode ser identificada como uma massa palpável de ovário (Tumor Krukenberg) no exame pélvico. ▪ Massa extralumial no exame retal (prateleira de Plummer). Achados cutâneos inespecíficos incluem acantose nigricans e erupção de múltiplas queratoses seborreicas. OBS.: Quando são encontradas alterações no exame físico, já considerar CA avançado. Diagnóstico Endoscopia digestiva alta ( ) Procedimento de escolha para o diagnóstico (acurácia entre 90 e 96%) Permite a localização do tumor, caracterização morfológica e diagnóstico do tecido através da biópsia. Indicação: Pacientes > 55 anos com dispepsia ou que possuem sintomas de alarme (perda ponderal, vômitos recorrentes, sangramento do TGI ou histórico familiar de CA). OBS.: Terapia anti-secretora, bloqueadores de H2 podem mascarar os sintomas e pode atrasar o diagnóstico. O CA gástrico precoce pode assumir diferentes morfologias na endoscopia, como saliências polipoides sutis, placas superficiais ou depressões. Os tumores ulcerados apresentam um risco maior de invasão profunda e de metástases linfáticas em comparação com lesões planas. Todas as vezes que suspeitar de CA gástrico, fazer múltiplas biópsias, que não precisam ser feitas na área central da úlcera e sim na periferia, onde há mais chances de encontrar tecido histologicamente viável para diagnóstico. A distinção entre CA ulcerado e úlceras pépticas benignas nem sempre pode ser óbvia. Desse modo, 6 a 8 amostras de biópsia a partir das bordas e base da úlcera são recomendados (sensibilidade de 98% para detectar malignidade). Classificação endoscópica para CA avançado - Borrmann Tipo I Lesão polipoide ou vegetante bem delimitada. Tipo II Lesão ulcerada, bem delimitada, de bordas elevadas. Tipo III Lesão ulcerada infiltrativa em parte ou em todas as suas bordas. Tipo IV Lesão difusamente infiltrativa, não se notando limite entre o tumor e a mucosa normal. Com relação ao tipo I, é importante diferenciar o pólipo adenomatoso e um hiperplásico causado pelo uso crônico de IBPs, pois a supressão do conteúdo ácido gera a retenção deste na glândula fúndica, o que desencadeia hipertrofia. A biópsia é o meio de diferenciação. Ecoendoscopia As camadas distintas da parede luminal do TGI podem ser visualizadas. Avaliação da profundidade de penetração de malignidades. Avaliação da linfadenopatia loco-regional e envolvimento de órgãos adjacentes. Tomografia e Ressonância magnética TC é o método de escolha para estadiamento (sensibilidade para o estadiamento nodal é 50% a 95% e a especificidade de 40 a 99%). RM é inferior a TC para o estadiamento nodal. A tomografia por emissão de pósitrons com 18F-Fluoro-desoxiglucose (FDG-PET) é cada vez mais utilizada e pode fornecer informações adicionais, especialmente para a doença metastática. Estadiamento, detecção de recidiva, em pacientes assintomáticos com taxas de marcadores tumorais aumentando e pacientes com achados negativos ou equivocados em técnicas convencionais de imagem. Tratamento A ressecção cirúrgica é a única opção de cura para o CA gástrico. CA gástrico proximal: Gastrectomia total ou gastrectomia proximal subtotal. CA gástrico distal: Gastrectomia distal subtotal. LINFADENECTOMIA O comprometimento de linfonodos é um dos mais importantes fatores prognósticos independentes em CA gástrico. Quanto maior for o número de linfonodos acometidos e mais distantes estes estiverem do tumor inicial, pior o prognóstico. Dissecção D1: Remove nodos N1 (perigástricos ao longo do lado esquerdo e pericárdicos direitos, pequena e grande curvatura, suprapilóricos e infrapilóricos). Dissecção D2: D1 + remoção dos linfonodos ao longo da artéria gástrica esquerda, artéria hepática comum, tronco celíaco e artéria esplênica. Dissecção D3: D2 + remoção de mais linfonodos ao longo do ligamento hepatoduodenal e raiz do mesentério. Dissecção D4: D3 + remoção de linfonodos para-aórticos e linfáticos paracólicos. A dissecção D1 é considerada conservadora (CLND). D2 a D4 são consideradas dissecções estendidas (ELND), geralmente a D2 é mais realizada. Gastrectomias GASTRECTOMIA PARCIAL Billroth I: É a ressecção de uma porção doente do estômago através de uma incisão abdominal e estabelecimento de uma anastomose entre o estômago e o duodeno. Ela é realizada para remoção de uma lesão benigna ou maligna localizada no piloro ou metade superior do estômago. Billroth II: É uma ressecção da porção distal do estômago através de uma incisão abdominal e estabelecimento de uma anastomose entre o estômago e o jejuno. Essa manobra é realizada para remover uma lesão benigna ou maligna no estômago ou no duodeno. Essa técnica é mais utilizada pois a B1 ocasionava muita gastrite alcalina de refluxo e úlcera de boca anastomótica. GASTRECTOMIA TOTAL Uma forma de reconstruir o trânsito após gastrectomia total é fazendo uma anastomose entre esôfago e intestino (esôfago-entero anastomose) +uma enterro-entero anastomose, formando o que chamamos de Y de Roux, que é composto por uma alça alimentar, que traz o alimento do esôfago para o intestino e uma alça biliopancreática que traz as secreções biliares e pancreática para se misturar com o alimento digerido (+ secreção da boca), começando o processo de digestão e absorção intestinal (ocorre na confluência das duas alças). Vantagem: Diminuição de riscos de gastrite alcalina de refluxo.
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