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Livro FUNDAMENTOS SOCIOLÓGICOS E ANTROPOLÓGICOS DA EDUCAÇÃO

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FUNDAMENTOS 
SOCIOLÓGICOS E 
ANTROPOLÓGICOS 
DA EDUCAÇÃO
Professor Dr. Tiago Valenciano
Professor Me. Gilson Costa de Aguiar
GRADUAÇÃO
Unicesumar
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a 
Distância; VALENCIANO, Tiago; AGUIAR, Gilson Costa de. 
 
 Fundamentos Sociológicos e Antropológicos da Educação. 
Tiago Valenciano; Gilson Costa de Aguiar. 
Maringá-Pr.: UniCesumar, 2017. Reimpresso em 2019.
 176 p.
“Graduação - EaD”.
 
 1. Fundamentos. 2. Sociológicos. 3. Antropológicos. 4. EaD. 
I. Título.
ISBN 978-85-459-0954-5
 CDD - 22 ed. 306
CIP - NBR 12899 - AACR/2
Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário 
João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828
Impresso por:
Reitor
Wilson de Matos Silva
Vice-Reitor
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor Executivo de EAD
William Victor Kendrick de Matos Silva
Pró-Reitor de Ensino de EAD
Janes Fidélis Tomelin
Presidente da Mantenedora
Cláudio Ferdinandi
NEAD - Núcleo de Educação a Distância
Diretoria Executiva
Chrystiano Minco�
James Prestes
Tiago Stachon 
Diretoria de Graduação e Pós-graduação 
Kátia Coelho
Diretoria de Permanência 
Leonardo Spaine
Diretoria de Design Educacional
Débora Leite
Head de Produção de Conteúdos
Celso Luiz Braga de Souza Filho
Head de Curadoria e Inovação
Jorge Luiz Vargas Prudencio de Barros Pires
Gerência de Produção de Conteúdo
Diogo Ribeiro Garcia
Gerência de Projetos Especiais
Daniel Fuverki Hey
Gerência de Processos Acadêmicos
Taessa Penha Shiraishi Vieira
Gerência de Curadoria
Giovana Costa Alfredo
Supervisão do Núcleo de Produção 
de Materiais
Nádila Toledo
Supervisão Operacional de Ensino
Luiz Arthur Sanglard
Coordenador de Conteúdo
Priscilla Campiolo Manesco Paixão
Designer Educacional
Amanda Peçanha dos Santos
Projeto Gráfico
Jaime de Marchi Junior
José Jhonny Coelho
Arte Capa
Arthur Cantareli Silva
Ilustração Capa
Bruno Pardinho
Editoração
Kleber Ribeiro da Silva
Qualidade Textual
Juliana Basichetti Martins
Cintia Prezoto Ferreira
Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos 
com princípios éticos e profissionalismo, não so-
mente para oferecer uma educação de qualidade, 
mas, acima de tudo, para gerar uma conversão in-
tegral das pessoas ao conhecimento. Baseamo-nos 
em 4 pilares: intelectual, profissional, emocional e 
espiritual.
Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos 
de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 
100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil: 
nos quatro campi presenciais (Maringá, Curitiba, 
Ponta Grossa e Londrina) e em mais de 300 polos 
EAD no país, com dezenas de cursos de graduação e 
pós-graduação. Produzimos e revisamos 500 livros 
e distribuímos mais de 500 mil exemplares por 
ano. Somos reconhecidos pelo MEC como uma 
instituição de excelência, com IGC 4 em 7 anos 
consecutivos. Estamos entre os 10 maiores grupos 
educacionais do Brasil.
A rapidez do mundo moderno exige dos educa-
dores soluções inteligentes para as necessidades 
de todos. Para continuar relevante, a instituição 
de educação precisa ter pelo menos três virtudes: 
inovação, coragem e compromisso com a quali-
dade. Por isso, desenvolvemos, para os cursos de 
Engenharia, metodologias ativas, as quais visam 
reunir o melhor do ensino presencial e a distância.
Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é 
promover a educação de qualidade nas diferentes 
áreas do conhecimento, formando profissionais 
cidadãos que contribuam para o desenvolvimento 
de uma sociedade justa e solidária.
Vamos juntos!
Pró-Reitor de 
Ensino de EAD
Diretoria de Graduação 
e Pós-graduação
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está 
iniciando um processo de transformação, pois quando 
investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou 
profissional, nos transformamos e, consequentemente, 
transformamos também a sociedade na qual estamos 
inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportu-
nidades e/ou estabelecendo mudanças capazes de 
alcançar um nível de desenvolvimento compatível com 
os desafios que surgem no mundo contemporâneo. 
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de 
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo 
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens 
se educam juntos, na transformação do mundo”.
Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica 
e encontram-se integrados à proposta pedagógica, con-
tribuindo no processo educacional, complementando 
sua formação profissional, desenvolvendo competên-
cias e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em 
situação de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado 
de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal 
objetivo “provocar uma aproximação entre você e o 
conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento 
da autonomia em busca dos conhecimentos necessá-
rios para a sua formação pessoal e profissional.
Portanto, nossa distância nesse processo de cresci-
mento e construção do conhecimento deve ser apenas 
geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos 
que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. 
Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu 
Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns 
e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe das dis-
cussões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe 
de professores e tutores que se encontra disponível para 
sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de 
aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranqui-
lidade e segurança sua trajetória acadêmica.
A
U
TO
RE
S
Professor Dr. Tiago Valenciano
Doutorado em Sociologia pela Universidade Federal do Paraná (2016). 
Mestrado em Ciências Sociais pela mesma instituição (2011). Graduação em 
Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Maringá (2008). Atua como 
professor universitário e é empresário. Possui livros publicados sobre política 
local e nacional.
Link: <http://lattes.cnpq.br/1936893341910908>. 
Professor Me. Gilson Costa de Aguiar
Mestrado em História e Sociedade pela Universidade Estadual Paulista Júlio 
de Mesquita Filho (1999). Graduação em História pela Universidade Estadual 
de Maringá (1991). Atualmente é professor titular do Centro Universitário de 
Maringá e do Ensino a Distância da UniCesumar. Atua nas áreas de Teoria das 
Ciências Sociais, Sociologia da Educação, Filosofia da Educação e História da 
Educação. Possui livros publicados nas Áreas de Sociologia, Antropologia, 
Filosofia e História da Educação. Atua como jornalista na rede CBN de rádio. É 
âncora e colunista na CBN Maringá e Gazeta Maringá. 
Link: <http://lattes.cnpq.br/3020130108890878>. 
SEJA BEM-VINDO(A)!
Caro(a) aluno(a), este livro didático da disciplina “Fundamentos Sociológicos e Antropo-
lógicos da Educação” tem por objetivo geral fornecer subsídios para responder à seguin-
te questão: qual é o papel e a importância de estudarmos a Sociologia e Antropologia 
em um curso de licenciatura.
Tal pergunta surge como uma espécie de guia que irá balizar os temas e conteúdos aqui 
apresentados. Mais do que fazer uma defesa da relevância desses conhecimentos, o li-
vro pretende aguçar a sua consciência crítica, dialogando com questões fundamentais 
para a compreensão do convívio do homem em sociedade e na sociedade, além das 
interfaces assumidas pelo sujeito em relação à cultura e ao comportamento em nosso 
meio social.
Imagine que em uma rua, ao ser visualizada pela televisão, existem várias pessoas cami-
nhando. Ao observarmos atentamente, cada uma tem uma expressão facial diferente: 
algumas estão serenas, outras preocupadas, outras sorrindo. Os pensamentos também 
são os mais diversos: o retorno do trabalho para casa, a ida até a universidade, o cuidado 
com os filhos quando chegar em casa e o encontro marcado com seu amor. 
Observe que os indivíduos possuemsuas particularidades e peculiaridades. Quando 
essas características individuais são confrontadas com ideias distintas (que não são as 
nossas), normalmente há um embate de argumentos. É assim que começa a disputa 
pelas posições sociais existentes em nossa sociedade.
Neste exercício de visualização das disputas em sociedade, é possível refletir como cada 
indivíduo possui um papel diferente, uma importância distinta em nossa sociedade. De-
ve-se atentar também para o fato de que esse universo social exige que esses papéis 
sejam cumpridos. Dessa forma, na falta daquele que exerce determinada função social, 
esta ficará desprovida. 
Além das disputas individuais em sociedade, os embates pela aceitação da sociedade de 
cada indivíduo também é intensa. A partir dessa “disputa” entre a visão do homem e seu 
comportamento em sociedade é que surgiram duas áreas de conhecimento que serão 
exploradas neste livro: a Sociologia e a Antropologia.
Como pano de fundo — e com importância relevante —, a educação é o primeiro ce-
nário em que aprimoramos nosso convívio social, aprendendo cotidianamente como 
dividir os espaços, respeitar os direitos e constituir nosso papel de cidadania. Na escola, 
desde os anos iniciais, compreendemos a importância e os entraves da vida em socieda-
de, conhecendo, às vezes a duras penas, que nossas vontades nem sempre serão aceitas. 
Por outro lado, a gratificante construção de um trabalho em grupo nos faz crer que a 
vida em/na sociedade ainda é a melhor saída para somar nossos esforços, subtrair as 
dificuldades, dividir os problemas e multiplicar o sucesso do trabalho em grupo.
Neste panorama, a Unidade I abordará o processo histórico de formação da Sociologia 
enquanto disciplina, sendo as revoluções Industrial e Francesa as principais alterações so-
ciais que contribuíram para a reflexão sobre a necessidade dessa área de conhecimento. 
APRESENTAÇÃO
FUNDAMENTOS SOCIOLÓGICOS E 
ANTROPOLÓGICOS DA EDUCAÇÃO
Faremos, ainda, um exercício similar com a Antropologia, demonstrando como a 
análise do homem e da sua relação cultural constitui os aspectos de nossa socieda-
de. Por fim, faremos uma breve defesa desses saberes na formação docente.
As Unidades II e III contemplarão uma viagem pela Sociologia e sua história. Os cha-
mados “autores clássicos” terão suas ideias apresentadas e analisadas, como Augus-
te Comte, Émile Durkheim, Max Weber e Karl Marx. O balanço dessa miscelânea de 
propostas é a viagem pela Sociologia, passando pela barreira da modernidade e 
atingindo a pós-modernidade.
Na Unidade IV, vamos discutir se os clássicos da Sociologia ainda têm peso na atu-
alidade, além de abordar um interessante autor, que é quase uma unanimidade na 
pauta dos assuntos da Sociologia e da Educação: Pierre Bourdieu. Ainda nesta uni-
dade, articularemos os conhecimentos apresentados até então, com o objetivo de 
responder à seguinte questão: qual é a relação, afinal, entre a Sociologia, a Antropo-
logia e a Educação? Nossa ênfase partirá do diálogo entre o homem, a sociedade, 
a ciência e a educação, analisando como essas áreas conversam e compartilham o 
conhecimento.
Por fim, a Unidade V tratará da importância da crítica no universo do conhecimento, 
que perpassa, sob nosso olhar, a intervenção causada pela globalização e pela mo-
dernidade no novo estilo de “fazer educação”, isto é, das novas formas de transmitir 
o conhecimento e formar o senso crítico do cidadão. Essa crítica é papel fundamen-
tal da Sociologia e da Antropologia, que auxiliam no conhecimento de nossa socie-
dade e das interações sociais estabelecidas, o que poderá determinar a presença do 
homem em/na sociedade da maneira que visualizamos na atualidade.
Essa viagem tem como o objetivo abrir as portas para a inserção da Sociologia e 
da Antropologia aplicadas à Educação em sua vida acadêmica. Que este livro traga 
uma contribuição para sua formação e que desperte o interesse pelos temas relacio-
nados. Ele foi feito para ser o início de uma jornada de pesquisa da análise da vida 
social (e não uma resposta definitiva). Esperamos que ele fomente a capacidade de 
aprimorar a crítica social, que está carente de novas perspectivas. Boa leitura!
APRESENTAÇÃO
SUMÁRIO
09
UNIDADE I
SOCIOLOGIA E ANTROPOLOGIA: COMPREENDENDO NOSSA 
SOCIEDADE
15 Introdução
16 O Estudo das Ciências Sociais Enquanto Forma de Conhecimento Científico
24 O Ambiente para a Formação da Sociologia 
31 O Espaço de Surgimento da Antropologia: O Que É Esta Ciência? 
38 Considerações Finais 
45 Referências 
46 Gabarito 
UNIDADE II
SOCIOLOGIA CLÁSSICA I
49 Introdução
50 A Sociedade, um “Objeto Estranho” 
54 Auguste Comte 
62 A Herança Positiva no Estruturalismo de Émilie Durkheim 
75 Considerações Finais 
81 Referências 
82 Gabarito 
SUMÁRIO
10
UNIDADE III
SOCIOLOGIA CLÁSSICA II
85 Introdução
86 Karl Marx, O Materialismo Histórico Dialético 
94 Weber e a Racionalidade Impura: Os Modelos Ideais de Ação 
108 Considerações Finais 
114 Referências 
115 Gabarito 
UNIDADE IV
DOS CLÁSSICOS EM DIANTE: COMO PENSAR A SOCIOLOGIA?
119 Introdução
120 Os Clássicos Ainda Importam? 
125 A Sociologia de Pierre Bourdieu 
133 Fundamentos Sociológicos da Educação 
138 Considerações Finais 
145 Referências 
146 Gabarito 
SUMÁRIO
11
UNIDADE V
SOCIOLOGIA E ANTROPOLOGIA NA MODERNIDADE
149 Introdução
150 Sociedade na Contemporaneidade 
157 A Educação na Atualidade 
160 Um Breve Passeio Sociológico 
163 Os Fundamentos Antropológicos da Educação 
168 Considerações Finais 
174 Referências 
175 Gabarito 
176 CONCLUSÃO 
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Professor Dr. Tiago Valenciano
Professor Me. Gilson Costa de Aguiar
SOCIOLOGIA E ANTROPOLOGIA: 
COMPREENDENDO NOSSA 
SOCIEDADE
Objetivos de Aprendizagem
 ■ Conhecer o processo de formação da sociedade atual e as condições 
nas quais ela se desenvolveu.
 ■ Estudar e analisar o processo histórico de constituição da Sociologia 
e da Antropologia enquanto saberes científicos.
 ■ Sinalizar a importância da Sociologia e da Antropologia na formação 
docente.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
 ■ O estudo das ciências sociais enquanto forma de conhecimento 
científico
 ■ O ambiente para a formação da Sociologia
 ■ O espaço de surgimento da Antropologia: o que é essa ciência?
INTRODUÇÃO
Caro(a) aluno(a), você já parou para pensar sobre a quantidade de pessoas que 
vivem em sua cidade? Já refletiu, ainda, sobre a diferença de ideias, estilo de vida 
e preferências que cada uma tem? Já analisou que essas pessoas estão permanen-
temente pensando em algum assunto? Essas e outras perguntas serão debatidas 
nesta unidade, que tem como objetivo demonstrar e analisar o processo de for-
mação de nossa sociedade atual a partir de uma visão muito particular: a das 
Ciências Sociais.
O enfoque partirá da importância de estudarmos a Sociologia e a Antropologia 
enquanto saberes científicos, isto é, enquanto áreas de conhecimento relevan-
tes para o processo de formação e aprimoramento de cada carreira acadêmica. 
Veja: não pretendemos fazer uma simples defesa do conteúdo dessas áreas, mas 
dialogar com os demais campos do conhecimento, ressaltando a necessidade de 
nos conhecer primeiramente para, posteriormente, analisar a realidade do outro.
Nosso itinerário inicia na constituição das Ciências Sociais enquanto forma 
de conhecimento científico, ou seja, como essa área é subdividida e o que ela 
pretende estudar. Em seguida, vamos demonstrar o ambiente que propiciou o 
surgimento da Sociologia, a partir das transformações sociais que ocorreram na 
Europa no Século XIX. Por fim, o terceiro aspecto analisa o nascimento e a rele-
vância da Antropologiano universo acadêmico, sobretudo em uma disciplina 
em que o(a) futuro(a) docente irá lidar diariamente com a humanidade. Assim, 
nosso caminho inicia na Sociologia e na Antropologia, demonstrando o papel 
de cada uma na abordagem acadêmica.
Portanto, pretende-se, nesta unidade, apresentar um panorama das Ciências 
Sociais e da formação da atual civilização ocidental, apontando soluções para a 
resposta da “grande” questão que envolve esses conhecimentos: afinal, o que foi, 
o que é e o que poderia ser nossa sociedade?
Introdução
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SOCIOLOGIA E ANTROPOLOGIA: COMPREENDENDO NOSSA SOCIEDADE
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IU N I D A D E16
O ESTUDO DAS CIÊNCIAS SOCIAIS ENQUANTO 
FORMA DE CONHECIMENTO CIENTÍFICO
Se utilizarmos a tática de separar o nome “Ciências Sociais”, teremos um paradoxo 
na construção desse conceito. A ciência é uma forma de organizar sistemati-
camente o conhecimento adquirido, ou seja, de dispor algo que aprendemos 
ordenadamente para que esse “novo” conhecimento possa ser facilmente enten-
dido. É também uma forma de pensar e agir, isto é, algo que pensamos e fazemos 
de determinada maneira.
Essa forma de analisar o que é a ciência também nos faz compreender o 
que ela aponta. Em geral, a palavra “ciência” tem relação com a pesquisa e com 
a descoberta de novos conhecimentos, que serão posteriormente utilizados em 
O Estudo das Ciências Sociais Enquanto Forma de Conhecimento Científico
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nosso cotidiano. Qual é, porém, a necessidade de haver uma Ciência Social, um 
conhecimento da sociedade e sobre ela? É justamente neste ponto que o para-
doxo citado acontece.
A sociedade é um grande corpo em movimento. Tal qual uma máquina em 
que cada peça é responsável por efetuar determinada função, ela possui seus vícios 
e virtudes, suas vantagens e desvantagens, que estão presentes invariavelmente 
em qualquer uma das áreas. Se, por um lado, uma área pode ser muito especia-
lizada em fabricar produtos de madeira, a outra pode ser primaz na elaboração 
de material em plástico. Observe que as especialidades fazem com que a socie-
dade seja formada e moldada de acordo com o interesse de cada ser que a integra.
Nota-se, ainda, que a sociedade é dinâmica, que se inventa e reinventa a cada 
novo produto, nova moda, nova forma de aprendizado e de trabalho ou, ainda, 
a cada novo século. Por esse caráter — de permanente mudança social constru-
ída diariamente — é que o paradoxo se estabelece: ao passo que a ciência é fixa, 
com sua metodologia bem delimitada e que busca um “padrão” de comporta-
mento e atitude para que se obtenha um resultado, a sociedade se move, sendo 
construída diariamente por todos nós. Portanto, fica o questionamento: como 
se podem tirar leis gerais a partir do conhecimento científico para a compreen-
são da sociedade?
Esse é o desafio das Ciências Sociais desde sua gênese: explicar, a partir de 
mecanismos científicos, o comportamento da sociedade, que se move constan-
temente em busca de uma realidade diferente daquela que nós vivenciamos. 
Talvez por esse estilo peculiar é que o conteúdo aprendido seja tão abstrato e tão 
difícil de ser medido e tocado. Nosso esforço está em demonstrar como as ciên-
cias sociais se tornaram um importante e necessário instrumento para a análise 
deste “mundo de maluco” em que vivemos, que clama a cada nova descoberta 
por uma análise apurada de nossa realidade social.
Costumamos argumentar que as Ciências Sociais anseiam pelo conflito e 
pelo debate. De fato: sem os problemas entre as relações humanas seria muito 
difícil imaginar como o cientista social teria seu objeto de estudo, isto é, a socie-
dade, caracterizada pelas disputas sociais existentes. Desta forma, reafirmamos 
o ponto de largada da trajetória de formação dessa área: o conflito entre os seres 
humanos. Não tratamos aqui das brigas entre vizinhos e familiares ou as que 
SOCIOLOGIA E ANTROPOLOGIA: COMPREENDENDO NOSSA SOCIEDADE
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IU N I D A D E18
acontecem em um jogo de futebol, mas sim as disputas quase invisíveis na socie-
dade, que o cientista social tornará objeto de seu estudo. Isto é, os espaços de 
disputa política em que um grupo debate contra outro(s); a afirmação de prá-
ticas culturais e os conflitos ocasionados por essas políticas afirmativas com as 
demais culturas existentes; a dinâmica competitiva do mercado de trabalho e, 
por fim, as próprias relações sociais, palco de todos os primeiros conflitos.
Observe que “conflito” é a palavra-chave para compreender as Ciências 
Sociais. Quais são, porém, as origens dessa área de conhecimento? Qual a rele-
vância de estudarmos esse tipo de conteúdo no Ensino Superior? Além disso, 
será que as Ciências Sociais irão colaborar com a formação acadêmica? São essas 
as perguntas que pretendemos responder neste tópico.
Nossa jornada inicia na Grécia Antiga em 500 a.C., quando a sociedade se 
diferenciava das demais por um motivo: foi a primeira vez que se tentou orga-
nizar uma corrente de pensamento sobre a vida humana em sociedade. Pelo 
desenvolvimento típico da Democracia e do contato com diferentes culturas, os 
gregos puderam não depender necessariamente da Igreja e do Estado — deten-
tores do poder político, econômico e ideológico daquele período — para pensar 
sobre a natureza dos homens e da sociedade.
Prova desse argumento são as ideias de Platão e Aristóteles sobre a melhor 
forma de organizar a política em sociedade, que ganharam força e vigor na Grécia 
Antiga e até hoje balizam discussões sobre a política. Cada qual à sua maneira, 
ambos proporcionaram o pioneirismo da Grécia, que recebeu o título distintivo 
de “berço da civilização ocidental”, pela forma “evoluída” que sua população se 
comportava.
Apesar dos avanços proporcionados pelos gregos, a primeira universidade só 
surgiu no século XII, com a consolidação dos intelectuais no mundo acadêmico 
após a ruptura do comando da Igreja sobre a educação. Neste hiato, as produ-
ções isoladas refletiam o comando da Igreja sobre a condição individual e social 
de pesquisa, o que não contribuiu para o progresso das Ciências Humanas. A 
instituição das universidades delimitou, de alguma forma, uma separação entre 
o mundo “exterior” (a sociedade em si) e o mundo “interior” (as instituições de 
ensino), o que levava novamente à reflexão sobre a importância da discussão da 
vida em sociedade.
O Estudo das Ciências Sociais Enquanto Forma de Conhecimento Científico
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Collins (2009) ratifica a relevância do surgimento das universidades para as 
pesquisas sobre as humanidades:
Com o surgimento das universidades e especialmente em virtude da 
criatividade da faculdade filosófica, os intelectuais ganharam seu pró-
prio “lar” e conquistaram maior clareza acerca de seus próprios propó-
sitos. A história do pensamento humano a partir de então oscilou entre 
uma interação entre a comunidade intelectual e o mundo exterior e um 
isolamento das universidades em relação a questões práticas e ortodo-
xias ideológicas, bem como entre as formas como essas questões pene-
travam nesse ambiente, oferecendo aos intelectuais novas demandas e 
novosproblemas (COLLINS, 2009, p. 19).
Observamos que, apesar das universidades terem surgido como espaço para a 
transmissão do conhecimento, precisavam dialogar mais com a comunidade, uma 
crítica que permanece até os dias de hoje. O papel, portanto, das Ciências Sociais 
neste contexto é estabelecer a conexão entre o acadêmico e o popular, entre a 
erudição do conhecimento e a praticidade das pessoas, entre a teoria e a prática.
Somente após o Renascimento é que as Ciências Sociais começaram a assu-
mir seu espaço de atuação. Contudo, convém ressaltar que o período conhecido 
como Renascença (que ocorreu entre o fim do século XIV e início do XVII) teve 
grande relevância para compreender o campo de trabalho de um cientista social. 
Tal argumento se baseia nas transformações econômicas, políticas e sociais do 
período, com fenômenos que alteraram as estruturas da sociedade desde então. 
Além da valorização de elementos da Antiguidade Clássica (por isso o nome 
“Renascimento”), citamos a transição do modo de produção feudal para o capi-
talista como chave para o entendimento das cisões ocasionadas pelo turbilhão 
de transformações sociais.
A ruptura cultural ocasionada a partir do Renascimento e do fim da sociedade 
medieval na Europa oportunizou que o homem (pautado pelo antropocentrismo) 
passasse a figurar como centro das preocupações de pesquisas acadêmicas, dis-
cussões filosóficas e da sociedade em si. O foco direcionado para o homem 
enquanto “centro do universo” abriu espaço para o protagonismo das Ciências 
Sociais, que são basicamente um produto das transformações ocorridas no perí-
odo entre e a Revolução Industrial e a Revolução Francesa (principalmente após 
esses períodos), conforme trataremos a seguir.
SOCIOLOGIA E ANTROPOLOGIA: COMPREENDENDO NOSSA SOCIEDADE
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
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É nesse cenário que as Ciências Sociais começaram a ganhar forma no campo 
de conhecimento das humanidades. A primeira a ganhar autonomia de atuação 
para a reprodução e produção do saber foi a Antropologia. A partir das desco-
bertas de sociedades tribais na América, na África e no Pacífico com as grandes 
expedições marítimas, o homem europeu passou a conhecer realidades muito 
distintas das que já estava acostumado no velho continente.
Com tais descobertas, a explicação medieval de que a sociedade europeia 
era uma “operação divina” deixou de imperar, surgindo, assim, diversas teorias 
para explicar a evolução da sociedade e do seu relacionamento com o outro. 
Um processo de estranhamento, isto é, de olhar o outro de forma diferente para 
conhecer melhor a si mesmo, obteve sucesso na relação da Antropologia com as 
demais ciências. Paralelo a isso, a Antropologia dialogou com a Medicina, bus-
cando explicações biológicas para a existência de um outro não europeu.
Outra vertente de atuação da Antropologia é a chamada Antropologia Cultural 
ou Histórica, que tem por objetivo estudar os padrões de cultura de determi-
nados grupos sociais ou de sociedades específicas, a fim de compreender como 
essas comunidades estão organizadas, quais são seus costumes, sua organiza-
ção interna, seu relacionamento com outras sociedades, entre outros aspectos.
Após essa divisão de áreas de atuação entre o antropólogo de campo (que 
trabalhava em conjunto com pesquisas na seara da Biologia e da Medicina) e o 
antropólogo histórico-cultural, a Antropologia passou a ter de forma evidente seu 
objeto de pesquisa, consolidado na segunda metade do século XIX: o homem e 
seu duplo relacionamento, com seu eu interior e com o mundo exterior, ou seja, 
a sociedade propriamente dita.
Em segundo lugar, destacamos a Sociologia como ciência que se estabeleceu 
no campo das Ciências Sociais. Por seu caráter mais generalista, as raízes para 
seu estabelecimento são as mais diversas: inspirou-se na História, na Filosofia, na 
Política, na Economia, na Antropologia, na Psicologia, entre outras. Abrangente 
em relação aos objetos de pesquisa, a Sociologia pode ser considerada como a 
mãe de todas as Ciências Sociais.
Produto indireto das Revoluções Burguesas, a Sociologia tem como foco o 
estudo da sociedade e das diversas implicações que essa relação pode estabele-
cer. Ela nasce “da constatação de que a ordem social moderna desorganizou as 
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formas de convívio social, gerando problemas novos que reclamavam interpre-
tações e soluções inovadoras” (SELL, 2012, p. 18). Em suma: a Sociologia está 
destinada a analisar as relações sociais e tentar fixar leis gerais do comporta-
mento da sociedade. Como exposto, essa paradoxal tarefa motiva os sociólogos 
a continuar atuando na área, tentando decifrar uma encantadora personalidade: 
o homem atuando em sociedade, seja ativa ou passivamente.
A preocupação em estabelecer a Sociologia como ciência foi um dos objeti-
vos de Auguste Comte, considerado por alguns como o “pai da Sociologia”. Ele 
foi responsável por popularizar a expressão “Física Social”, que posteriormente 
seria conhecida como a Sociologia propriamente dita. A Física Social de Comte 
reflete, assim, dois conceitos distintos em união para um mesmo ambiente: a 
sociedade. Ao passo que a Física estuda o movimento dos corpos em sociedade, 
a Física Social nada mais é do que o estudo da dinâmica da ação das pessoas 
socialmente, as quais são influenciadas pela sociedade, ditando suas normas, as 
normas do trabalho e do seu campo próprio de atuação.
Foi neste contexto que a Sociologia passou a intervir nas discussões políticas 
da sociedade. Daí nasce a terceira e mais recente das Ciências Sociais: a Ciência 
Política. Dialogando com a política permanentemente — e, por que não, prati-
cando a política desde seu nascimento —, a Sociologia estabeleceu uma relação 
de proximidade com a política, até mesmo conversando com a Filosofia, que em 
sua origem se destinou a estudar os comportamentos políticos.
A Ciência Política teve origem no final do Século XIX nos Estados Unidos e 
buscava se estabelecer, desde então, como uma ciência “autônoma”, isto é, uma 
área de atuação própria, sem ser confundida com a Filosofia, a Sociologia ou 
encarada como uma subárea do Direito, por exemplo. Por esse caráter recente e 
multifacetado, tem quebrado barreiras quanto ao pensamento político, na busca 
de estabelecer o seu principal objeto de pesquisa: as relações de poder.
Além de estudar as relações de poder, a Ciência Política tem o desafio de 
explicar como o Estado é constituído, seja enquanto ente governamental ou 
como espaço em que os políticos irão expor suas ideias, conduzir os rumos de 
uma determinada população, enfim, fazer política. A última vertente de estudo 
da Ciência Política são os Sistemas Políticos, que têm por finalidade estruturar 
um Estado específico, além de incorporar as regras de disputas eleitorais, por 
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exemplo. Observamos, assim, que há um ingrediente específico para que haja 
um cientista político analisando algum fenômeno em geral: o poder e o local 
onde esse poder é aplicado, normalmente um Estado, um partido político ou 
um conjunto de forças políticas.
As três áreas das Ciências Sociais (Antropologia, Sociologia e Ciência Política) 
tentam explicar, ora em conjunto, ora separado, a complexa sociedade em que 
vivemos. Cultura, relações sociais e relações de poder são as palavras-chaves que 
estruturam o grande leque do aprendizado que essasáreas podem nos propor-
cionar, variando de acordo com o interesse de cada pesquisador.
Você se lembra de que, no início deste tópico, foi visto que a ciência busca 
um padrão de comportamento que a sociedade, às vezes, não pode oferecer por 
seu dinamismo próprio? Após nossos últimos apontamentos, esse paradoxo ficou 
mais fácil de ser enxergado. Isso porque as Ciências Sociais não são exatas, mas 
são múltiplas e dependem de diversos ingredientes para que haja um produto 
final, uma conclusão de determinado fenômeno social.
É assim, caro(a) aluno(a), que as Ciências Sociais justificam sua presença 
neste livro sobre os fundamentos sociológicos e antropológicos da Educação: 
não é possível educar sem conhecer a diversidade de aspectos que formam a 
sociedade em que vivemos. É muito difícil educar e transmitir o conhecimento 
somente a partir da sua própria realidade, sem considerar que o processo de 
formação educacional está em constante movimento e em constante mudança.
Quer uma prova desse argumento? Basta olharmos para a trajetória da edu-
cação brasileira nos últimos anos. Saímos de uma educação rígida, em que as 
carteiras da sala de aula eram enfileiradas; em que os alunos, na maioria das 
vezes, não tinham a palavra durante as aulas; em que o professor era a auto-
ridade absoluta e em que o giz e o apagador faziam sucesso. Hoje, a educação 
mudou. Os alunos aprendem, muitas vezes, em grupos, nos quais o diálogo e a 
troca de conhecimento vale muito mais do que diversas aulas. O professor, ao 
mesmo tempo que transmite o conhecimento, recebe-o dos alunos. Além disso, 
o ensino a distância se tornou uma realidade possível e praticável para quem não 
pode estar fisicamente presente em uma carteira escolar.
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Note que a educação se transforma a partir das mudanças que a sociedade 
impõe. Da mesma forma, a sociedade impõe novos desafios à educação e está 
também em processo diário de aprimoramento, devendo aderir aos anseios das 
pessoas. Essa via firmada entre a sociedade e a educação jamais pode ser inter-
rompida, uma vez que elas estão interligadas e são interdependentes entre si, o 
que justifica a necessidade das Ciências Sociais durante a formação educacio-
nal no Ensino Superior.
A trajetória percorrida até aqui procurou oportunizar a você, aluno(a), a 
possibilidade de conhecer e avaliar a importância das Ciências Sociais diante 
dos fundamentos da educação, analisando como e porque a Antropologia, a 
Sociologia e a Ciência Política são sua base principal.
Dessas três áreas, vamos nos concentrar, neste livro, somente em duas: a 
Antropologia e a Sociologia, analisando a relevância de ambas para a educa-
ção. Obviamente, as duas dialogam entre si quando o assunto é educação e suas 
bases, contribuindo para a formação do cidadão atuante, que irá compreender 
e transmitir os ensinamentos aqui adquiridos durante sua atuação profissional.
Nosso próximo objetivo é avaliar, de forma pontual, o panorama em que a 
Antropologia e a Sociologia foram constituídas. A apresentação deste cenário 
é importante para verificarmos como e porque essas duas áreas importam para 
fundamentar as bases da educação. Vamos lá!
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O AMBIENTE PARA A FORMAÇÃO DA SOCIOLOGIA
Em um curto período de tempo, a produção no modo de vida rural da Europa 
terminou, e as pessoas passaram a conviver na sociedade urbana. Nesse cenário, 
a tendência para o “caos” é grande, concorda? Se uma localidade tem capacidade 
de receber certo número de moradores, com a expansão sem planejamento ela 
tende a entrar em colapso. Foi isso que ocorreu com as transformações sociais 
derivadas do modo de produção capitalista na Europa. 
Com o desenvolvimento da indústria e a capacidade produtiva integrada a 
uma cadeia mundial de produção, há uma mudança nas condições de vida dos 
seres humanos. Essa mudança se fez sentir, primeiramente, na Europa, após a 
Revolução Industrial, e depois se propagou para diversas regiões do Planeta.
A indústria sediada na Europa necessitou cada vez mais de matéria-prima 
vinda de diversas partes do mundo, assim como o mundo passou a consumir, 
em uma escala crescente, os produtos industriais. Nesta cadeia produtiva nas 
áreas industriais e nos centros econômicos, nesta fase do capitalismo, ocorre um 
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crescimento da população urbana. Uma realidade que trará impasses e incertezas 
no decorrer dos séculos XIX e XX. Isso levará um número crescente de pensa-
dores sociais a buscar entender qual será o futuro da sociedade diante de uma 
concentração populacional nunca vista na história humana. A cidade se tornou 
um ambiente de tensão, que exigiu preocupação por parte dos cientistas europeus.
Se a ciência foi um instrumento de dominação para a conquista de novos ter-
ritórios, para a expansão do capitalismo ocidental fundado na empresa mercantil 
e, posteriormente, industrial, agora deveria atender à ordem social instituída na 
própria Europa. Entender as relações sociais constituídas no Ocidente se tornou 
uma prioridade. Buscar uma ação para sua transformação será o objeto de pre-
ocupação das forças políticas e também dos cientistas.
O crescimento urbano desse período pode ser medido pela vida em Londres, 
a primeira grande cidade industrial do mundo, no centro de uma economia que 
já foi por quatro séculos a maior do mundo, a inglesa. Londres praticamente tri-
plicou a sua população entre os séculos XVIII e XIX. A massa populacional que 
passou a migrar para a cidade, com o chamado êxodo rural, fez crescer uma 
cidade desconexa e desordenada.
Os operários se concentraram em torno das fábricas ou em cortiços. Sem vias 
planejadas, as cidades estavam com problemas de ocupação. As moradias eram 
mal ventiladas, muitas delas tinham apenas um cômodo, onde ficava toda família, 
faltava saneamento e todos estavam expostos a um ambiente úmido e insalubre 
que provocava doenças, como tifo, cólera, varíola e escarlatina. Essas epidemias 
passaram a preocupar o Estado. A busca de um saneamento básico levará, entre 
outras atitudes, a promover o zoneamento urbano e as políticas de saúde pública.
A desigualdade de condições ficou expressa também na vida das classes mais 
abastadas, que tinham acesso aos benefícios dos produtos que a economia mun-
dial permitia. A elite londrina, por exemplo, consumia produtos de luxo vindos 
das mais diversas partes e, também, aqueles que eram produzidos na indústria 
do seu país. As classes populares, em sua grande maioria formada de operários, 
não tinham acesso a esses bens.
Outros problemas também surgiram com a formação dos núcleos urba-
nos industriais, com a concentração populacional. O alcoolismo, o crescimento 
dos homicídios, os latrocínios e a prostituição são alguns deles. Até mesmo os 
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manicômios começaram a se propagar como uma alternativa para o tratamento 
de pessoas que demonstravam desequilíbrio de comportamento. Essas situações 
se justificam diante da condição de vida do operariado, que trabalhava em torno 
de 15 horas por dia, sem descanso. Até mesmo criançasde 10 anos eram encon-
tradas nas fábricas sujeitas às mesmas jornadas dos adultos.
A massa humana que veio do campo, onde trabalhava subordinada ao regime 
feudal fundado na subsistência, agora se via em uma condição oposta. Inserido 
em um regime frenético de trabalho, que nada lembrava as relações no mundo 
rural, o operariado viu se desfazerem os vínculos sociais que foram a base de sua 
identificação. A economia capitalista fez emergir as relações centradas na racio-
nalidade e na busca de orientar a convivência social pela produtividade. A vida 
passou a valer na proporção em que gerava a riqueza e na lógica de mercado.
Dentro dessa lógica do mercado de trabalho, a quantidade de seres huma-
nos disponíveis para trabalhar nas fábricas apresentava uma qualificação básica. 
A empresa capitalista estava, ainda, dando os seus primeiros passos nos sécu-
los XVIII e XIX, estando longe de uma complexa rede de produção com setores 
específicos em um alto grau de qualificação como temos hoje. A sobrevivência 
passa a custar a sujeição a uma condição desumana de trabalho.
As condições de trabalho da classe operária durante a Revolução Industrial e 
sua propagação pela Europa foi tema de análise de Eric Hobsbawm em sua obra 
Era das Revoluções. O historiador inglês estabelece uma relação direta entre a 
quantidade de mão de obra ofertada para a produção, o nível de qualificação e 
as condições de trabalho:
Conseguir um número suficiente de trabalhadores era uma coisa; outra 
coisa era conseguir um número suficiente de trabalhadores com as ne-
cessárias qualificações e habilidades. A experiência do século XX tem 
demonstrado que este problema é tão crucial e mais difícil de resolver 
do que o outro. Em primeiro lugar, todo operário tinha que aprender 
a trabalhar de uma maneira adequada à indústria, ou seja, num ritmo 
regular de trabalho diário ininterrupto, o que é inteiramente diferen-
te dos altos e baixos provocados pelas diferentes estações no trabalho 
agrícola ou da intermitência autocontrolada do artesão independente. 
A mão de obra tinha que aprender a responder aos incentivos monetá-
rios. Os empregadores britânicos daquela época, como os sul-africanos 
de hoje em dia, constantemente reclamavam da “preguiça” do operário 
ou de sua tendência para trabalhar até que tivesse ganhado um salá-
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rio tradicional de subsistência semanal, e então parar. A resposta foi 
encontrada numa draconiana disciplina da mão de obra (multas, um 
código de “senhor e escravo” que mobilizava as leis em favor do empre-
gador etc.), mas acima de tudo, na prática, sempre que possível, de se 
pagar tão pouco ao operário que ele tivesse que trabalhar incansavel-
mente durante toda a semana para obter uma renda mínima [...]. Nas 
fábricas onde a disciplina do operário era mais urgente, descobriu-se 
que era mais conveniente empregar as dóceis (e mais baratas) mulheres 
e crianças: de todos os trabalhadores nos engenhos de algodão ingleses 
em 1834-47, cerca de um quarto eram homens adultos, mais da metade 
eram mulheres e meninas, e o restante de rapazes abaixo dos 18 anos. 
Outra maneira comum de assegurar a disciplina da mão de obra, que 
refletia o processo fragmentário e em pequena escala da industrializa-
ção nesta fase inicial, era o subcontrato ou a prática de fazer dos traba-
lhadores qualificados os verdadeiros empregadores de auxiliares sem 
experiência (HOBSBAWM, 1982, p. 66-7).
Em certa maneira, até nossos dias, a qualificação de mão de obra é um elemento 
determinante para a forma como se estabelece a relação de trabalho e sua remu-
neração. Como Hobsbawm aponta, nos primeiros momentos da Revolução 
Industrial, essa condição já se apresentava. Ela se agravou com a massa de pes-
soas disponíveis para serem utilizadas pela produção capitalista, mas o grau de 
qualificação se ampliou e se aprofundou. Com isso, a maioria dos seres huma-
nos disponíveis hoje para o trabalho não não utilizados.
Nos primeiros tempos da Revolução Industrial, os trabalhadores eram recém-
-chegados da zona rural, tinham uma padronização de qualificação, mas eram 
utilizados em funções que exigiam um grau baixo de especialidade. As opera-
ções de trabalho poderiam ser ensinadas sem dificuldade pelos empregadores, 
partindo de capacidades que os trabalhadores já tinham adquirido em sua vida 
rural. Como afirma Hobsbawm, os menos qualificados eram, muitas vezes, entre-
gue ao comando de um trabalhador mais qualificado, por meio da terceirização 
das relações de produção.
As relações de trabalho são marcadas pela violência sem nenhuma garan-
tia. Não há, nos primeiros tempos da indústria, uma legislação favorável aos 
operários. A violência das relações no ambiente industrial se estende pela vida 
urbana e se expressa no cotidiano das cidades europeias durante o nascimento 
da indústria. Uma violência que terá formas distintas de ser compreendida e 
de gerar reação.
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Para o poder público, buscando atender ao interesse da empresa nascente, foi 
fundamental estabelecer mecanismos de controle social para garantir a ordem nos 
espaços urbanos. Policiamento ostensivo nas ruas e instituições para o aprisiona-
mento e tratamento daqueles que não se adaptavam à vida urbana era um exemplo. 
As escolas voltadas às classes populares e mantidas pelo poder público teriam 
como característica retirar os ociosos do mundo urbano e preparar os cidadãos 
para o trabalho. A educação, que sempre existiu como forma de organização da 
vida social e preparação das futuras gerações para a necessidade coletiva, agora 
deveria exercer essa função visando ao mundo da empresa capitalista, que se 
generalizava. Entre os movimentos operários que surgiram na Europa, alfabe-
tizar os filhos era uma garantia de não reproduzir a relação que os pais estavam 
sujeitos para os filhos.
Para enfrentar a violência que o mundo urbano apresentava, a classe ope-
rária se organizou em associações e sindicatos. Assim, enfrentou o ambiente de 
trabalho imposto pelas empresas e os empresários capitalistas, dando início aos 
confrontos em forma de “quebra de máquinas” e paralisação de trabalhadores. 
Aconteceram greves ocasionadas pela luta por melhores condições de trabalho, 
como o Movimento Cartista na Inglaterra do século XIX.
Os problemas sociais urbanos chegaram a um determinado grau em que 
até mesmo as forças sociais e políticas opostas de trabalhadores e patrões passa-
ram a lutar contra problemas comuns e se associar em campanhas para romper 
comportamentos que se mostravam nocivos à sociedade. Um desses “inimigos 
comuns” foi o consumo de bebidas alcoólicas. Como afirma Hobsbawm:
Por outro lado, havia muito mais pobres que, diante da catástrofe social 
que não conseguiam compreender, empobrecidos, explorados, joga-
dos em cortiços onde se misturavam o frio e a imundice, ou nos exten-
sos complexos de aldeias industriais de pequena escola, mergulhavam 
em total desmoralização. Destituídos das tradicionais instituições e 
padrões de comportamento, como poderiam muitos deles deixar de 
cair no abismo dos recursos de sobrevivência, em que as famílias pe-
nhoravam a cada semana seus cobertores até o dia do pagamento, e em 
que o álcool era “a maneira mais rápida para se sair de Manchester” 
(ou de Lille ou de Borinage). O alcoolismo em massa, companheiro 
quase invariável de uma industrialização e de uma urbanização brusca 
e incontroláveis, disseminou “uma peste de embriaguez” em toda a 
Europa. Talvez os inúmeros contemporâneosque deploravam o cres-
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cimento da embriaguez, como da prostituição e de outras formas de 
promiscuidade sexual, estivessem exagerando. Contudo, repentina 
aparição, até 1840, de sistemáticas campanhas de agitação em prol da 
moderação, entre as classes médias e trabalhadoras, na Inglaterra, Ir-
landa e Alemanha, mostra que a preocupação com a desmoralização 
não era nem acadêmica nem tampouco limitada a uma única classe. 
Seu sucesso imediato teve pouca duração, mas durante o restante do 
século a hostilidade à embriaguez permaneceu como algo que tanto 
patrões quanto movimentos trabalhistas tinham em comum (HOBS-
BAWM, 1982, p. 223-4).
Podemos considerar que diante desse ambiente, que trazia condições de degrada-
ção para parte considerável dos trabalhadores (às vezes até para a classe média e 
para o patronato), a ação pública deveria ser pontual e estar dentro de uma polí-
tica geral de governabilidade da vida social urbana. Isto é, era preciso uma ação 
dos governos municipais das cidades industrializadas. Eles necessitavam ter a 
capacidade de colocar, diante dos conflitos que se intensificam e de práticas que 
denegriam as forças sociais, mecanismos eficientes de ação.
Se a necessidade de racionalizar a vida social era uma emergência para o 
poder público, ela estaria na pauta de discussão do mundo científico. As cor-
rentes de pensadores que se debruçaram sobre os problemas da vida urbana e 
das condições humanas na sociedade industrial são sensíveis a partir do século 
XVIII. Contudo, foi no século seguinte que essa preocupação se intensificou.
Das correntes liberais ao Socialismo, as teses políticas emergiram à procura 
de dar resposta ao contexto tenso que o mundo industrial urbano apresentava. 
Os valores que orientavam o homem europeu tinham se alterado e seriam um 
modelo para as demais formas de compreensão que surgiram em diversas partes 
do mundo. Se o movimento liberal e socialista surgiu na Europa, sua propagação 
pela América, Ásia e África foi corrente. A influência da intelectualidade euro-
peia se demonstrou com o surgimento dos Estados nacionais em áreas antes 
colonizadas pelos europeus.
Paralelo a essas correntes, e muitas vezes sendo um contraponto a elas, os 
movimentos herdados das correntes naturais também emergiram. É o caso do 
Positivismo inaugurado por Comte na França. As teses do pensador francês 
viriam a inspirar aqueles que consideravam que a análise da vida social deveria 
estar fundada nos mesmos critérios dos fenômenos biológicos.
SOCIOLOGIA E ANTROPOLOGIA: COMPREENDENDO NOSSA SOCIEDADE
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Os pensadores que denominamos clássicos das ciências sociais irão produzir seus 
argumentos neste ambiente de confronto direto entre a massa de trabalhadores, 
as empresas, os empresários capitalistas e o poder público. Os problemas emer-
gentes da vida urbana alimentaram as análises de pensadores, como Durkheim, 
Marx e Weber. Eles darão as diretrizes para a compreensão da vida social, dos 
meios para a organização das instituições e do seu papel na construção da ordem 
coletiva. O que podemos destacar a princípio, e que será amplamente discutido 
na próxima unidade, é a importância do trabalho como condição para a orien-
tação do homem em sociedade.
Esse foi o ambiente que propiciou a formação da Sociologia, uma ciência 
da sociedade, que procura compreender a relação do homem com seu espaço 
e seu tempo. Para isso, faz uso do passado histórico, para o entendimento de 
determinados contextos; do presente, para explicação de fenômenos “atuais”; e, 
por fim, da correlação de fatos para possíveis cenários futuros. Resta-nos, então, 
responder: qual é a relação do homem consigo e quais são suas ações que estão 
presentes na sociedade? É isso que vamos debater agora, diante do ambiente de 
formação da Antropologia.
Virgindade Sociológica
Quem passou pelo lento processo de formação acadêmica nas Ciências So-
ciais – ou ainda o cumpre — vai saber muito bem daquilo que falo. Quem 
um dia se arriscará nessa seara das humanidades poderá perceber aquilo 
que digo. Quem já vivencia isso sabe muito bem o que escrevo. Talvez uma 
dessas profecias um dia se tornará realidade. Talvez são meros pensamen-
tos, lançados à luz de uma tela de notebook, que nada remetem aqueles 
grandes sociólogos em quem nos inspiramos.
A profissão do sociólogo é algo que se vivencia. Não dá pra separar seu dia a 
dia do seu exercício profissional. Afinal, a todo momento estamos em conta-
to com as pessoas, com a sociedade e, no fim das contas, só se faz Sociologia 
com a sociedade, relacionando-se com ela. Se vamos à uma festa, pronto! 
Logo queremos compreender porque aquelas pessoas estão ali, o que se 
passa na cabeça delas e qual é a noção de festa que elas possuem. Se lecio-
namos em sala de aula, a pergunta é sempre a mesma: o que será que eles 
farão com as informações e o conteúdo aqui ministrados?
Fonte: os autores.
O Espaço de Surgimento da Antropologia: O Que É Esta Ciência?
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O ESPAÇO DE SURGIMENTO DA ANTROPOLOGIA: O 
QUE É ESTA CIÊNCIA?
Quando falamos sobre o surgimento de uma nova ciência, logo vem à mente 
algo inédito, fascinante e voltado para um “conhecimento superior”. Porém, a 
inserção de novos conhecimentos nas humanidades é um fato que ocorre “natu-
ralmente”, com a necessidade de especificar as subáreas do pensamento humano. 
Demonstramos que a Sociologia é produto das ideias de sua época, um período 
de grande transformação social baseado nas mudanças sociais da Europa dos sécu-
los XIX e XX. O itinerário de formação da Antropologia não foi diferente, já que 
também é fruto da busca por conhecer o “novo”, por descobrir algo que encantava: o 
contato com novos povos e novas culturas por intermédio das grandes navegações.
Antes de falarmos de uma metodologia para explicar o que é e como estu-
dar a Antropologia, podemos afirmar que já existia uma espécie de “pensamento 
antropológico”, isto é, já havia um número considerável de pensadores refletindo 
Seja bem-vindo(a) à nossa sociedade. Se perguntas sem respostas sobre ela 
já passaram por seu pensamento, você, caro(a) aluno(a), deve estar pensan-
do: afinal, qual é o seu destino?
SOCIOLOGIA E ANTROPOLOGIA: COMPREENDENDO NOSSA SOCIEDADE
Reprodução proibida. A
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sobre os desdobramentos do estudo do homem e de sua relação consigo e com a 
sociedade. A questão fundamental da Antropologia é, portanto, entender como 
nós, seres humanos, tão parecidos em aspectos biológicos, podemos ser tão dife-
rentes em aspectos culturais.
Essa questão começou a ser respondida a partir da cultura europeia, domi-
nante nos primórdios da Antropologia. Diante do expansionismo europeu com 
as grandes navegações - iniciadas em Portugal e na Espanha e, posteriormente, 
na Inglaterra, na França e nos demais países -, podemos verificar que a relação 
entre dominante e dominado passou a pautar as principais questões voltadas 
à Antropologia. Afinal, a força do homem branco europeu era suficiente para 
dominar culturalmente um “novo homem descoberto”? Quem detinha, então, 
o domínio das relações culturais: o dominante (aqui visto como o Europeu) ou 
o dominado de qualquer localidade outrora “descoberta”?
Estabeleceu-se, assim, um paradoxo paraa Antropologia: como agir diante 
dessa situação? Em Aprender Antropologia, François Laplantine faz um resgate 
histórico dessa ciência, trazendo à luz uma importante contribuição acerca da 
fundamentação deste “novo” conhecimento.
O projeto de fundar uma ciência do homem — uma antropologia — é, 
ao contrário, muito recente. De fato, apenas no final do século XVIII é 
que começa a se constituir um saber científico (ou pretensamente cien-
tífico) que toma o homem como objeto de conhecimento, e não mais 
a natureza; apenas nessa época é que o espírito científico pensa, pela 
primeira vez, em aplicar ao próprio homem os métodos até então utili-
zados na área física ou da biologia (LAPLANTINE, 1987, p. 7).
Nota-se que a Antropologia é uma ciência racional, direcionada ao conhe-
cimento do homem por meio de seu contato com a sociedade, analisando as 
influências que um tem sobre o outro. Diante dessa face de troca do saber entre 
o individual e o social, ela se constitui, formando a cultura, um dos seus prin-
cipais objetos de análise.
Como a Antropologia está dividida? Quais são suas áreas e o que ela pes-
quisa, afinal? Mais que isso: qual a função de conhecermos a Antropologia para 
os fundamentos da educação? É esse o caminho que pretendemos demonstrar a 
você, caro(a) acadêmico(a), a fim de articular o conhecimento da Antropologia 
com as ações de sua vida cotidiana enquanto estudante das humanidades.
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Segundo Marconi e Presotto (2007), existem dois grandes grupos que estru-
turam a Antropologia: a Antropologia Física ou Biológica e a Antropologia 
Cultural, que, com suas peculiaridades, auxiliam no entendimento do seu campo 
de atuação.
A Antropologia Física ou Biológica é destinada a estudar a posição do homem 
enquanto “herdeiro biológico”, ou seja, o homem e a evolução dele desde o 
surgimento da espécie até a atualidade. Surge, então, o primeiro trabalho do 
antropólogo físico, que é estudar a Paleontologia, destinada a buscar o entendi-
mento do homem a partir da interface com a Biologia, a Genética, a Arqueologia 
e outras áreas.
A Paleontologia é um subcampo do conhecimento antropológico, uma vez 
que se articula com as demais áreas relacionadas a conhecer os fósseis humanos, 
realizar escavações em sítios arqueológicos, entre outros. Por meio do estudo 
do aspecto biológico humano, a Paleontologia articula as ciências naturais com 
a História, compreendo como o homem estava situado na terra dos primórdios 
até a atualidade.
Por outro lado, a Antropologia Cultural tem como missão o estudo dos 
aspectos que irão formar a sociedade a partir daquilo que nós, humanos, consi-
deramos como cultura, ou seja, algo que será perpetuado de geração em geração, 
constituindo o conjunto de várias áreas do conhecimento. A palavra “cultura” 
expressa o cultivo de elementos, como o conhecimento, a arte, as crenças, a lei, a 
moral, os costumes e todos os hábitos e as aptidões adquiridos pelo ser humano.
Neste sentido, a Antropologia Cultural tem por objetivo o estudo das dife-
rentes culturas para cada sociedade, por meio de alguns questionamentos: existe 
um padrão de cultura? É possível mensurar semelhanças e diferenças entre dife-
rentes culturas? O que faz com que a cultura de um povo seja formada? Ela é 
sempre imutável ou ela pode ser transformada de acordo com a evolução da socie-
dade? São essas as questões que permeiam há anos a Antropologia Cultural, um 
campo dessa ciência que estuda o homem e, sobretudo, recentemente, os possí-
veis “padrões de cultura” identificados na sociedade.
Laplantine (1987) salienta que a Antropologia Social e Cultural (ou Etnologia) 
é, hoje, o principal campo de atuação da Antropologia, uma vez que corresponde 
a praticamente tudo o que há na sociedade: “seus modos de produção econômica, 
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suas técnicas, sua organização política e jurídica, seus sistemas de parentesco, seus 
sistemas de conhecimento, suas crenças religiosas” (LAPLANTINE, 1987, p. 19). 
Portanto, a Etnologia é a área destinada a compreender a sociedade a partir 
do ponto de vista do homem. Conforme você, aluno(a), viu durante a formação 
das ciências sociais, a Antropologia pretende estudar a relação do homem em/
na sociedade, enquanto o sociólogo estuda o funcionamento da sociedade, seja 
a partir das suas instituições ou a partir dos mecanismos desenvolvidos pelos 
humanos para que a sociedade progrida.
Será que a Antropologia sempre estudou os aspectos culturais para entender 
a ação do homem? Um dos pioneiros da área é Bronislaw Malinowski (1884-
1942), que atribuiu a ela um caráter científico. Com a utilização da Etnografia, o 
autor ia até o campo de estudo para compreender melhor o dia a dia das comu-
nidades do pacífico ocidental. 
A ideia de Malinowski para o trabalho do antropólogo é simples: nada como 
se tornar um deles para conhecê-los melhor. Seguindo essa máxima, o autor se 
mudou para as Ilhas Trobriand, defendendo, durante sua pesquisa, aquilo que acre-
ditava: é preciso fazer Antropologia no momento onde observamos determinado 
acontecimento. Com isso, afastava-se a possibilidade de atuar antropologicamente 
a partir de informações alheias, isto é, sem ter a fidelidade dos conhecimentos 
adquiridos no campo (na área de pesquisa) pelo próprio antropólogo. 
Seu método conhecido como “observação participante” até hoje pauta os tra-
balhos na Antropologia. Portanto, segundo Malinowski, não há melhor maneira 
de se fazer Antropologia senão participar cotidiana e rotineiramente com o nativo, 
ou seja, com o estranho que se tentará entender, para posteriormente estabe-
lecer um padrão de cultura delimitado acerca de seu comportamento. Em Os 
Argonautas do Pacífico Ocidental, o autor se depara com essa realidade, traduzindo 
em seus diários as ações cotidianas do “nativo estranho” com o qual se deparou.
O nascimento da Antropologia, como exposto, teve como objeto de estudo 
o homem não europeu. Ela se debruçou sobre o comportamento de civilizações 
encontradas pela expansão europeia e sua dominação nas mais diferentes partes 
do mundo. Considerou, dessa forma, comparações, classificações e escalona-
mento mediante valores que o homem ocidental impunha aos demais povos. 
Essa escala serviu para estabelecer a “linha evolutiva” que tinha a “Europa 
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civilizada”, como afirma Augusto Comte, no topo. O pensador francês, funda-
dor das teses positivistas, estabelecia, no princípio da evolução civilizadora, as 
sociedades que tinham comportamentos próximos ao dos primatas. Mais tarde, 
Morgan e mesmo Hegel seguiram por caminhos diferentes o mesmo critério de 
colocar os ocidentais na cadeia evolutiva.
Charles Darwin é o autor de maior lembrança quando falamos de evolução, 
por mais que suas colocações sejam interpretadas de forma equivocada como 
uma justificativa de superioridade natural do homem europeu. O antropólogo 
francês considera que a lei do melhor adaptado reside mais na capacidade de 
assimilação do ser vivo ao meio do que de sua competência mental para garantir 
a permanência. Isto é, formas mais complexas de espécies podem ser elimina-
das se não assimilarem determinadas mudanças no meio.
A literatura também foi uma expressãoda superioridade ocidental. Romances 
e aventuras fortaleceram o ideal do vitorioso homem branco. Nas páginas dos 
livros que se transformaram em clássicos durante os séculos XIX e XX, os per-
sonagens vitoriosos eram os exemplares fiéis do corpo social do ocidente. Talvez, 
nenhum romance de aventura expressou com maior intensidade esta ideia do 
que a Lenda de Tarzan.
O homem branco está fadado, segundo a produção científica e literária pro-
duzida pelo ocidente, à conquista, à superioridade e à responsabilidade de civilizar 
o mundo e, como um deus, recriá-lo a sua imagem e semelhança. Na conquista 
estabelecida sobre diversos povos, o homem ocidental julgou, absolveu e conde-
nou. Sua sentença sempre está calcada na busca por si mesmo, segundo François 
Laplantine. Por isso, os que lhe pareciam conhecidos eram absolvidos e os que 
lhe causavam estranheza e o negavam deviam ser exterminados.
Esse panorama da Antropologia, conforme anunciamos anteriormente, 
mudou: o que está em voga na modernidade é a busca pelo conhecimento dos 
padrões de cultura e comportamento de cada sociedade, além da valorização 
da peculiaridade das culturas. Antes vistas como estranhas e desvalorizadas, 
as culturas não europeias passaram a ter a devida importância na discussão 
antropológica. O que vale hoje para a Antropologia é a igualdade de análise das 
culturas, reforçando as particularidades e não a supremacia cultural de um em 
relação a outrem.
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Entretanto, para compreendermos essa abordagem, Laplantine esclarece ser neces-
sário conhecer os conceitos de “social” e de “cultura”, uma vez que tanto a Antropologia 
quanto a Sociologia têm como finalidade o homem como objeto de estudo:
O social é a totalidade das relações (relações de produção, de explo-
ração, de dominação…) que os grupos mantêm entre si dentro de um 
mesmo conjunto (etnia, região, nação…) e para com outros conjuntos, 
também hierarquizados. A cultura por sua vez não é nada mais que 
o próprio social, mas considerado dessa vez sob o ângulo dos carac-
teres distintivos que apresentam os comportamentos individuais dos 
membros desse grupo, bem como suas produções originais (artesanais, 
artísticas, religiosas) (LAPLANTINE, 1987, p. 120).
Nota-se, dessa forma, que a cultura reflete em sociedade os comportamentos 
individuais de cada grupo, que posteriormente irá formar a sociedade. A cul-
tura, como já adiantamos, é a transmissão e o cultivo dos saberes e costumes 
de um grupo humano de forma coletiva, ou seja, com o convívio em/na socie-
dade. Logo, a cultura passa a integrar um objeto antropológico de conhecimento, 
na tentativa de responder quais são os padrões de cultura assumidos por cada 
grupo na humanidade.
Observe que no itinerário que propusemos, da formação da Antropologia 
até a investigação da cultura para essa ciência, tentamos demonstrar a pecu-
liaridade e a multiplicidade de culturas que você irá lidar ao longo da carreira 
docente. Veja que o processo de considerar as diferentes culturas (cada qual com 
sua importância) é algo próprio da Antropologia. Roberto DaMatta define esse 
conceito como a “relativização” das culturas:
O “relativizando” que nomeia este livro, portanto, nada tem a ver com 
uma ideologia substantiva do universo social humano, segundo a qual 
tudo é variável e tudo é válido. Muito ao contrário, trata-se de uma atitu-
de positiva e valorativa, expressa no meu “relativizando”, a cobrir o abra-
ço destemido que damos quando pretendemos entender honestamente 
o exótico, o distante e o diferente, o “outro” (DAMATTA, 1981, p. 10).
Relativizar, segundo DaMatta, é valorizar as diferenças culturais existentes, sabendo 
tolerá-las e, sobretudo, integrá-las na vida social. Portanto, a Antropologia aplicada 
à educação demonstra que, durante a carreira docente, é preciso saber relativizar 
as culturas, os modos de comportamento e o estilo de vida de cada aluno(a), na 
tentativa de facilitar o relacionamento estabelecido no ambiente escolar.
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Diante desse cenário, demonstramos que a Antropologia cumpre seu papel 
quanto aos fundamentos da educação: ela auxilia na compreensão e compara-
ção entre os dois objetos fundamentais e em constante mudança no processo de 
formação educacional, ou seja, a sociedade e a cultura. Ainda que ambas tenham 
boa linearidade de pensamento, são peças em aperfeiçoamento permanente, em 
uma engrenagem complexa que é a história e a evolução do pensamento humano.
O educador, nesta seara, deve estar preparado para utilizar o que a Antropologia 
melhor oferece, que é a “relativização” das culturas, além de se colocar no lugar 
do outro para melhor compreendê-lo, em um processo interminável de obser-
vação participante, conforme Malinowski, que poderá facilitar o entendimento 
das mudanças que a sociedade sofre. Assim, esperamos que a Antropologia possa 
fundamentar as bases do conhecimento das humanidades e, em conjunto com a 
Sociologia, ser parte da produção do saber.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesta unidade, pudemos trabalhar com a formação das Ciências Sociais ao longo 
dos anos, isto é, apresentamos a você, caro(a) aluno(a), como e porque existem 
três ciências que se dedicam a estudar a sociedade sob três pontos de vista: a 
Sociologia, a Antropologia e a Ciência Política.
Quanto à Sociologia, que tem a sociedade como grande laboratório, pudemos 
constatar seu ambiente de formação, tendo como plano de fundo a Revolução 
Industrial e a Revolução Francesa, dois marcos importantes para a compreen-
são de que a vida citadina possui maior complexidade do que a campesina, o 
que reflete nas novas relações sociais, trabalhistas, políticas e comportamentais.
Tal alteração do modo de vida do homem fez com que ele passasse a explo-
rar novos espaços, ainda não descobertos (ou não explorados), o que demonstra 
a necessidade de compreendermos a cultura do outro para melhor nos enten-
dermos. Surgia aí a Antropologia, destinada a estudar o homem e sua trajetória 
em/na sociedade.
A jornada até aqui estabelecida conduz para iniciar o propósito deste livro, 
indicado nesta Unidade I: aguçar o senso crítico da vida que estabelecemos 
socialmente. Isto é, olhar para além do já fixado, do que é dado pela sociedade 
para nós e do que ofertamos em troca para a sociedade. Em suma: a proposta 
é melhor compreender o meio em que vivemos, dialogando, criticando e deba-
tendo os caminhos para melhorar o convívio social.
Dessa forma, ainda fica a questão motriz do livro, porém já pautada de ante-
mão: quais são os fundamentos sociológicos e antropológicos e a respectiva 
contribuição de ambos para a educação? É o que pretendemos demonstrar nesta 
trajetória, iniciando pelos chamados autores clássicos da sociologia, que expu-
seram com propostas centrais um a um os estilos de vida na sociedade urbana 
em seus primórdios.
39 
1. O conflito, típico das Ciências Sociais, é um dos destaques da problematização 
de conceitos existentes nessa área. A respeito dessa predisposição, é correto 
afirmar que:
a) Os conflitos, típicos das Ciências Sociais, são direcionados na tentativa de não 
contrapor, mas igualar os problemas.
b) O conflito é necessário, uma vez que a partir dele se pode compreender como 
as relevantes questões sociais afetam os debates acerca das CiênciasSociais.
c) A problematização, típica das Ciências Sociais, deixa de existir nas sociedades 
urbanizadas.
d) A urbanização e seu estudo só existem para as Ciências Sociais a partir do 
século XXI.
e) O conflito, típico das Ciências Sociais, deveria ser estudado exclusivamente 
por essa ciência.
2. Acerca das áreas de conhecimento das Ciências Sociais, é correto afirmar que 
o estudo das relações sociais e da dinâmica da sociedade corresponde a qual 
especificação?
a) À Sociologia, que compreende a movimentação dos corpos em/na sociedade.
b) À Antropologia, que se destinou ao estudo da cultura dos povos contempo-
râneos.
c) À Ciência Política, destinada a compreender o Estado e as relações de poder.
d) À Sociologia, destinada a entender como a política, sobretudo, influencia o 
dia a dia dos indivíduos.
e) À Antropologia, voltada para o estudo dos primórdios da sociedade.
3. A aglomeração das pessoas em grandes centros urbanos e a maior concentra-
ção populacional fizeram com que as cidades recém-urbanizadas enfrentassem 
problemas estruturais. Considerando essas informações, leia as assertivas que 
seguem e assinale a alternativa correta.
I. O alcoolismo é uma das questões sociais enfrentadas no início da urbanização.
II. A crescente urbanização levou a população às grandes jornadas de trabalho, 
que tinham em torno de 15 horas diárias.
III. A alternativa criada para o tratamento de uma “sociedade doente” foram os 
manicômios, que surgiram como espaços para cuidar daqueles que não apre-
sentavam um satisfatório comportamento social.
IV. As classes populares, formadas em sua maioria por grandes empresários, fize-
ram com que o ritmo da Revolução Industrial fosse acelerado.
40 
a) Estão corretas apenas I e II.
b) Estão corretas apenas II e III
c) Estão corretas apenas I e III.
d) Estão corretas apenas I, II e III.
e) Está correta apenas II.
4. A classe operária é uma das formas existentes para o enfrentamento da violência 
do mundo urbano. Até hoje, os sindicatos - típicas organizações da classe traba-
lhadora - influenciam as decisões da legislação trabalhista, buscam as conquistas 
dos trabalhadores e intermediam as relações entre empregador e empregado. 
Diante do papel da classe operária nas origens do mundo urbano, podemos 
afirmar que:
a) A organização sindical foi uma das formas em que a classe operária se consti-
tuiu (e se constitui) em sociedade. Paralisações e quebra de máquinas foram 
as ações tomadas, por exemplo. 
b) Os sindicatos pouco representavam as classes operárias da época, pois mais 
atrapalhavam do que ajudavam na intermediação de crises entre os empre-
sários e os trabalhadores.
c) A ausência de greves na Inglaterra do século XIX demonstra a fragilidade sin-
dical.
d) A classe operária sempre aceitou com tranquilidade as medidas tomadas pe-
los proprietários das indústrias nas origens da sociedade urbana.
e) Os sindicatos, exemplos de resistência do empresariado, ainda não resulta-
ram em medidas positivas para a classe trabalhadora.
5. Na formação da sociedade urbana, diversos problemas surgiram na consolida-
ção dos núcleos habitacionais. Cite e comente quais foram esses problemas, 
analisando quais seus impactos na origem da sociedade urbana.
41 
A IMAGINAÇÃO SOCIOLÓGICA — WRIGHT MILLS
A imaginação sociológica capacita seu pos-
suidor a compreender o cenário histórico 
mais amplo, em termos de seu significado 
para a vida íntima e para a carreira exte-
rior de numerosos indivíduos. Permite-lhe 
levar em conta como os indivíduos, na agi-
tação de sua experiência diária, adquirem 
frequentemente uma consciência falsa de 
suas posições sociais. Dentro dessa agi-
tação, busca-se a estrutura da sociedade 
moderna, e dentro dessa estrutura são 
formuladas as psicologias de diferentes 
homens e mulheres. Através disso, a ansie-
dade pessoal dos indivíduos é focalizada 
sobre fatos explícitos e a indiferença pelo 
público se transforma em participação nas 
questões públicas.
O primeiro fruto dessa imaginação — e a 
primeira lição da ciência social que a incor-
pora — é a ideia de que o indivíduo só pode 
compreender sua própria experiência e 
avaliar seu próprio destino localizando-se 
dentro de seu período; só pode conhecer 
suas possibilidades na vida tornando-se 
cônscio das possibilidades de todas as pes-
soas, nas mesmas circunstâncias em que ele. 
Sob muitos aspectos, é uma lição terrível; 
sob muitos outros, magnífica. Não conhe-
cemos os limites da capacidade que tem o 
homem de realizar esforços supremos ou 
degradar-se voluntariamente, de agonia 
ou exultação, de brutalidade que traz pra-
zer ou de deleite da razão. Mas em nossa 
época chegamos a saber que os limites da 
“natureza humana” são assustadoramente 
amplos. Chegamos a saber que todo indi-
víduo vive, de uma geração até a seguinte, 
numa determinada sociedade; que vive 
uma biografia, e que vive dentro de uma 
sequência histórica. E pelo fato de viver, 
contribui, por menos que seja, para o condi-
cionamento dessa sociedade e para o curso 
de sua história, ao mesmo tempo em que 
é condicionado pela sociedade e pelo seu 
processo histórico. 
A imaginação sociológica nos permite 
compreender a história e a biografia e as 
relações entre ambas, dentro da socie-
dade. Essa é a sua tarefa e a sua promessa. 
A marca da análise social clássica é o reco-
nhecimento delas [...]. É a marca do que há 
de melhor nos estudos contemporâneos 
do homem e da sociedade.
Nenhum estudo social que não volte ao 
problema da biografia, da história e de 
suas interligações dentro de uma socie-
dade completou a sua jornada intelectual. 
Quaisquer que sejam os problemas espe-
cíficos dos analistas sociais clássicos, por 
mais limitadas ou amplas as característi-
cas da realidade social que examinaram, 
os que tiveram consciência imaginativa das 
possibilidades de seu trabalho formula-
ram repetida e coerentemente três séries 
de perguntas:
1) Qual a estrutura dessa sociedade como 
um todo? Quais seus componentes essen-
ciais e como se correlacionam? Como difere 
de outras variedades de ordem social? 
Dentro dela, qual o sentido de qualquer 
característica particular para a sua conti-
nuação e para a sua transformação?
2) Qual a posição dessa sociedade na his-
tória humana? Qual a mecânica que a faz 
modificar-se? Qual é seu lugar no desen-
42 
volvimento da humanidade como um todo 
e que sentido tem para esse desenvolvi-
mento? [...]
3) Que variedades de homens predominam 
nessa sociedade e nesse período? E que 
variedades irão predominar? De que for-
mas são selecionadas, formadas, liberadas 
e reprimidas, tornadas sensíveis ou imper-
meáveis? Que tipos de “natureza humana”, 
se revelam na conduta e caráter que obser-
vamos nessa sociedade, nesse período? [...]
Fonte: Mills (1965, p. 11-8).
Material Complementar
MATERIAL COMPLEMENTAR
Teoria social
Ana Christina Vanali (Organizadora)
Editora: Núcleo de Estudos Paranaenses
Sinopse: o presente trabalho articula em coletânea um resumo 
dos principais teóricos da Sociologia, possibilitando que o(a) 
acadêmico(a) possa “viajar” pela matriz de conhecimento dessa área. 
Karl Marx, Émile Durkheim, Max Weber, Karl Polanyi, Karl Mannheim, Norbert Elias, 
Howard Becker e Pierre Bourdieu são retratados nesta obra, de fácil leitura e de conteúdo didático.
Sociologia Clássica — Marx, Durkheim e Weber
Carlos Eduardo Sell
Editora: Vozes
Sinopse: a partir da importância de Marx, Durkheim e Weber 
para a matriz sociológica, Carlos Eduardo Sell retoma a teoria 
sociológica demonstrando os modelos básicos de pensamento dos autores, 
as características de cada um e os desa� os propostos para a análise da modernidade.
Aprender antropologia
François Laplantine
Editora: Editora: Brasiliense
Sinopse: leitura clássica acerca

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