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Estado, Governo e Mercado

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Solange da Silva Pazo - Gestão em Educação Pública
Estado, Governo e Mercado           -Semana 3- Página 71 a 108
FÓRUM
Lembramos pelo material estudado que o governo pode alterar o equilíbrio entre Estado e mercado, ora favorecendo o papel do Estado, ora do mercado. Sugiro que você leia o artigo “Sobre a Lei Cidade Limpa: a estratégia de Gilberto Kassab”, transcrito abaixo:
SOBRE A LEI CIDADE LIMPA: A ESTRATÉGIA DE GILBERTO KASSAB
CAROLINA LEISTER
Embora a palavra de ordem no trato da coisa pública em voga por esses dias seja choque de gestão, qualquer que seja a interpretação atribuída a esta expressão (e ela tem designações diversas, tais como aquelas imputadas pelo PT ou PSDB), meu propósito aqui é abordar a estratégia adotada pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, em sua gestão. Kassab, como todos sabem, assumiu seu mandato sem qualquer legitimidade política, como geralmente ocorre a todos os candidatos a vice em uma chapa eleitoral. Candidato a vice-prefeito de José Serra, havia sido inclusive, no período de eleição, rechaçado pelos concorrentes de Serra e pelos próprios tucanos, por conta de sua associação a Celso Pitta, o que acabaria por macular a candidatura do PSDB. A previsão parece não ter se concretizado, uma vez que Serra saiu vencedor no pleito municipal. Portanto, ao assumir a prefeitura quando Serra se licenciou para concorrer ao governo do Estado de São Paulo, Kassab não dispunha de qualquer respaldo eleitoral. Algumas ações precipitadas tomadas pelo prefeito inicialmente, levaram sua já baixa popularidade a índices ainda mais baixos. Apesar desses percalços iniciais, o prefeito tem angariado o aval da população por meio da compra de algumas brigas, a principal delas expressa na lei cidade limpa, lei municipal de nº 14.223, de 26 de setembro de 2006.
Como é do conhecimento de todos, o direito de propriedade garante aos particulares a liberdade para ceder ou sublocar suas fachadas à publicidade de toda espécie: muros de casas são tomados por cartazes de propaganda política, fachadas inteiras de edifícios e layouts construídos em terrenos baldios são vendidos à publicidade varejista, e até mesmo as janelas dos veículos de taxis são sublocadas à iniciativa privada, que visa divulgar toda espécie de conteúdo publicitário. Se a propriedade é privada, daí poderem os particulares dispor de seus bens (e de suas fachadas) como lhes aprouver, a poluição visual gerada por este uso predatório do espaço comum figura sendo uma consequência adversa do pleno uso deste direito. Trata-se do problema ocasionado pelo uso de um recurso, a paisagem urbana, que quando partilhado por todos, incorre em consequências adversas para a coletividade. O nome técnico deste problema é Tragédia dos Comuns e seu caso clássico a pesca desenfreada de um recurso comum compartilhado, os peixes, que gera a escassez dos mesmos, posto que os particulares não dispõem de qualquer incentivo para restringir unilateralmente seu consumo visando garantir as unidades de reposição, caso os demais não façam o mesmo. As três possíveis soluções para o problema da Tragédia são ou a estatização, ou a privatização, ou a regulação.
No caso da lei cidade limpa, adotou-se a estatização – se a propriedade privada é garantida como um direito dos particulares, mas seu uso sem quaisquer restrições deixou de ser admitido, porque a paisagem urbana incluindo as fachadas dos bens imóveis e móveis dos particulares, passou a ser caracterizada como um espaço público. Por força da legislação, o poder estatal alterou a dotação inicial (os direitos de propriedade) dos particulares. Estes ainda podem dispor de sua propriedade, ela não foi estatizada. Contudo, não podem mais vender ou sublocar suas fachadas para a publicidade de qualquer natureza. A prefeitura proibiu este comércio, e, deste modo, parece ter extinguido um mercado, o mercado de publicidade de rua. Com a extinção de um mercado, sempre há quem perca, neste caso, todos aqueles que participavam deste mercado: pintores, donos das fachadas e o comerciante em geral. Mas a lei cidade limpa também produziu ganhadores: a população em geral, que agora pode enxergar a cidade, uma vez eliminada a poluição visual produzida pela publicidade de rua. Portanto, parece intuitivo supor que a lei cidade limpa trouxe mais benefícios que desvantagens. Difícil contabilizar em que medida, mas parece não haver dúvida disto.
E também, se um particular tem sua fachada invadida por publicidade, pode agora requerer a tutela do Estado visando defender o seu direito subjetivo a uma fachada limpa, e do autor da invasão a responsabilidade por limpar aquilo que sujou. Mas direitos subjetivos, contrariamente a direitos referentes à propriedade privada, não podem ser trocados. Ou seja, se é proibido expor publicidade nas fachadas, então o proprietário pode requerer proteção do Estado se alguém o faz em seu bem, mas não pode mais sublocar esta mesma fachada se o quiser. Daí afirmar que um mercado foi extinto. E parece ter sido justamente porque o direito de propriedade dos economistas é diverso do direito subjetivo do qual nos falam os juristas.
Mas a estatização da paisagem urbana é apenas parte da estratégia do prefeito. Se, por um lado, extinguiu um mercado ao proibir publicidade de rua, por outro, pretende manter como exceção a esta lei a possibilidade de sublocar alguns espaços públicos, aqueles os quais o município é proprietário, como os abrigos de ônibus e os relógios, para a iniciativa privada. Duas consequências podem ser implicadas: a primeira, é que devemos supor que o valor desses espaços é maior do que aquele alugado aos particulares, e, segundo que ainda assim, a poluição visual será muito menor. Por força desta última consequência, podemos afirmar que a lei cidade limpa beneficiou mais que prejudicou: minimizou o uso desregulado e predatório do espaço comum. Pela primeira, que o prefeito não extinguiu um mercado, apenas criou um monopólio cujo controle permanece agora nas mãos da prefeitura. Portanto, compatibilizou o incentivo privado, o do prefeito, na medida em que a lei cidade limpa supostamente foi capitalizada em termos de um aumento da aprovação dos residentes da cidade de São Paulo à sua gestão, além do incremento de renda que o monopólio criado proporcionará à prefeitura, e o incentivo comum, beneficiando a população, uma vez minimizada a poluição visual gerada pela publicidade de rua.
Pela leitura observamos que foi por meio de uma lei que o direito de propriedade foi alterado em favor do interesse público.
Comente sobre como as alterações feitas por meio de leis e políticas públicas interferem no equilíbrio entre Estado e mercado, considerando os 4 modelos de Estado apresentados na segunda unidade de nossa apostila.
 
 	Penso que em sociedade é fundamental respeitar e cumprir regras, porem também é importante compreender em que contexto esta ou aquela legislação foi colocada em vigor. Evidentemente que toda e qualquer decisão esta carregada de ideologia e no que tange as leis além da ideologia temos o teor politico, o favorecimento a este ou aquele setor.
A questão da "Cidade Limpa" foi um golpe duro no mercado publicitário de São Paulo que fez da via e dos espaços públicos verdadeiras "feiras livres" que tinham como regra fisgar e ganhar no grito e no laço a atenção do potencial consumidor, ou seja, quanto mais atenção chamar melhor será para os negócios.
Muito mais que apenas um golpe nas empresas publicitarias que com desespero tentam atrair mais e mais consumidores observamos também uma regulação no direito a propriedade privada uma vez que os proprietários lucravam vendendo suas fachadas, mas por trás da ideia de apenas despoluir a cidade houve também um monopólio da prefeitura quanto as áreas destinadas ao espaço publicitário. Nesse sentido todo eleitor sabe que toda e qualquer obra pública tem interesses político-partidários e não necessariamente interesse público. O interesse público tem que estar disfarçado na obra pública pois o interesse de todo partido políticoé se manter no poder público para traçar suas estratégias ideológicas no exercício do poder executivo e legislativo. Se anteriormente fachadas e espaço publico eram negociadas diretamente entre as empresas publicitarias e os proprietários agora os espaços são negociados pela prefeitura e certamente por valores que excedem em muito as antigas negociações, mas no capitalismo tudo é negociável, se tornando mercadoria e como mercadoria tem preço e alguém lucrando muito .

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