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RESUMO DE ECONOMIA POLÍTICA - PARTE 1

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ECONOMIA POLÍTICA 1 – prof. Eneuton
HUGON, P. (1980). História das Doutrinas Econômicas. 14 ed. São Paulo: Atlas. (Cap. 3)
NAPOLEONI, C. (1991). Smith, Ricardo, Marx. Rio de Janeiro: Graal. (Cap. 2)
BRUE, S. L. (2006). História do Pensamento Econômico. São Paulo: Thomson Learning.
HUNT, E. K. (1982). História do Pensamento Econômico. Rio de Janeiro: Campus. (Cap. 3)
MEEK, R. (1971). Economia e Ideologia: o desenvolvimento do pensamento econômico. Rio de Janeiro: Zahar. (Cap. 4)
UNIDADE I – Transformações Materiais, o surgimento do Mundo das trocas e as visões econômicas. 
O final da Idade Média e a Escolástica
1.2. O Mercantilismo: Teorias e práticas comerciais
1.3. As premissas de uma revolução teórica: os precursores de Economia Política Clássica
UNIDADE II – O Pensamento Econômico Fisiocrata.
2.1. A concepção de excedente econômico, segundo a fisiocracia
2.2. A concepção de sistema econômico 
UNIDADE III – A Economia Política Clássica: Adam Smith e Ricardo.
3.1. Adam Smith e o seu contexto histórico
3.2. Riqueza, Trabalho e Valor em Adam Smith
3.3. Ricardo frente às Teorias do valor Trabalho de Smith
3.4. A Teoria do Valor em Ricardo
3.5. A Teoria das Populações de Malthus
3.6. O excedente não solucionado no âmbito da Teoria Clássica do Valor
UNIDADE IV – A acumulação do Capital em Marx.
4.1. O contexto histórico-social das ideias econômicas de Marx
4.2. A teoria do Valor trabalho de Marx e a Mais-valia
4.3. Marx e a Acumulação do Capital
UNIDADE V – Keynes e a Macroeconomia
5.1. Lei de Say e o Principio da Demanda Efetiva
5.2. Conceitos básicos de Macroeconomia
5.3. Consumo e Investimento em Keynes
RESUMO:
UNIDADE I:
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DO SÉCULO XI AO XIV – FINAL DA IDADE MÉDIA E A ESCOLÁSTICA
Após esse longo período de decadência e obscuridade, a civilização vai reanimando-se, a partir do século XI, para expandir-se do século XII em diante. Ressurge uma vida econômica de trocas. As causas dessa reaparição encontram-se essencialmente no esforço desenvolvido pela Igreja e pela Realeza em prol do estabelecimento da ordem, no campo social, e da organização, no político. 
O quadro onde se dá esse reaparecimento é a região. A região tornar-se-á um centro quase que único de colaboração, produção e trocas; sua autonomia econômica se acentuará de modo bem nítido e dentro de seus limites funcionará uma autarquia mais ou menos pronunciada, não tanto por sistema quanto por necessidade.
O agente dessa nova vida econômica será a cidade que desperta, se desenvolve e se transforma no elemento ativo da região. Lugar de proteção contra a insegurança passa logo a constituir um centro de comércio. Nessas cidades os homens se agrupam e se defendem, a um tempo, contra os perigos do banditismo e os excessos dos senhores. Graças ao trabalho, as cidades se enriquecem e podem adquirir suas franquias. Nessa independência nascente se desenvolve a burguesia e as classes laboriosas se libertam.
A associação rege o trabalho; a corporação se organiza. Nessa economia de trocas, ainda restritas, que surge, justifica-se a regulamentação corporativa, encarregada de adaptar a produção a uma procura fraca e incerta. Dá-se especialização em ofícios. A divisão do trabalho aumenta as quantidades produzidas. O mercado se expande. A cidade, com as suas profissões especializadas, necessita, para sua manutenção, dos produtos agrícolas das cercanias. As trocas urbano-rurais se generalizam e completam.
A produção cresce o suficiente para poder o artífice atender não só às encomendas feitas, mas também às exigências de uma procura mais generalizada. O comércio se estende, tornando-se inter-regional com o aparecimento das feiras. Estas são grandes mercados onde já se efetuam trocas de monta: têm por objeto sobretudo produtos de luxo e, por vezes, agrícolas também. As feiras exigem meios materiais para uma comunicação mais rápida e segura. Realmente há um esforço no sentido de melhorar as vias de transporte, oferecendo também garantia aos mercadores que por elas transitam. As feiras exigem, igualmente, meios jurídicos de troca mais estáveis e em maior número: a meda e o crédito tornando-se necessários, expandem-se. Justo será reconhecer constituírem a organização e a atividade dessas feiras — das quais as de Flandres, de Champagne e de Beaucaire foram as mais célebres — a origem do grande capitalismo comercial moderno.
O impulso que se imprimiu, assim, ao comércio, teve, com as cruzadas, desenvolvimento ainda maior.
As permutas entre mercados distantes são, sem dúvida, ainda uma exceção: a Idade Média antes aponta para a sua possibilidade do que propriamente as realiza. E assim também as grandes transformações econômicas são retardadas, seja em virtude das inúmeras restrições impostas pela regulamentação corporativa à economia, seja devido às grandes catástrofes ocorridas no decurso desses séculos, tais como guerras intermináveis — a guerra dos 100 anos e epidemias devastadoras — a peste negra de meados do século XIV.
O que se deve, entretanto, deixar bem claro é o fato de se ter assistido, nessa época, à ressurreição do comércio e da manufatura e à passagem da atividade econômica, de local a regional; à Idade Média cabe, pois, o grande mérito de haver criado, desenvolvido e organizado o mercado regional, tal como caberá, mais tarde, ao mercantilismo, a glória de — na evolução dos fatos econômicos — ter constituído o mercado nacional.
AS IDÉIAS ECONÔMICAS
Na religião cristã, buscará o pensamento econômico a concepção moral: tratar-se-á, para os autores da época, de moralizar o interesse pessoal. E esse princípio,de moderação imprimirá o seu cunho principalmente às idéias relativas à propriedade e ao lucro.
A Aristóteles tomará de empréstimo principalmente a concepção do "equilíbrio" necessário a todas as coisas, noção, aliás, intimamente ligada à anterior e expressa sobretudo através da constante preocupação de realizar a justiça nas trocas. Esta a fonte direta, donde emanam as ideias.de justo preço e justo salário, com toda sua longa série de consequências.
§ 1." — Princípio de moderação: tornar moral o interesse pessoal
a) Os argumentos de ordem individualista:
O homem tem necessidades constantes; para garantir a sua satisfação mister se faz, pois, poder apropriar-se dos bens produtivos = doutrina populacionista.
Além disso, reconhece o direito natural, ao homem, a posse e o gozo de suas energias físicas e intelectuais. O direito de propriedade deve, portanto, estender-se a tudo quanto sua atividade lhe permita adquirir.
Mas se a propriedade privada é legítima e confere direitos a seu títular, também lhe impõe deveres por ter este instituído uma função social.
b) Os argumentos de ordem social:
Mas — e eis onde aparece o princípio de moderação —, como a propriedade se legitima por motivos de ordem social, deve-se impedir que desse direito abuse o seu titular em detrimento da coletividade. E os autores são unânimes em reconhecer, então, certo número de limitações ao direito de propriedade.
A exagerada ampliação desse direito, em benefício de um só indivíduo, é condenada. E isso porque daí resultaria: por um lado, um excesso de fortuna e, por conseguinte, a criação de novas necessidades supérfluas — o que a moral reprova. E, por outro, ficar a maioria dos homens privada desses bens. De fato, fazendo os bens da terra parte de um patrimônio comum, pertencente a todos os homens, se a uma minoria de grandes proprietários coubesse a maior parte desses bens, espoliada ficaria a grande massa da população. E em conseqüência de se reconhecer a legitimidade do direito de propriedade privada, aceita-se também a desigualdade de condições daí resultante. Esta se justifica, aliás, em virtude da diversidade dos serviços sociais. Todavia, jamais deve a desigualdade ser levada ao extremo: terá de ser igualmente moderada.
c) A Idade Média reconhece a plena dignidade do trabalho humano:
E nesse sentido aplicam-se regulamentos tendentesa moralizar, na prática, o interesse pessoal do comerciante.
O princípio de moderação, que acabamos de analisar em suas principais aplicações, visa, sobretudo, ao agente econômico.
Ao ato econômico e particularmente à troca aplica-se o princípio do equilíbrio.
§ 2." — Princípio de equilíbrio: tornar justa a troca
Para que essa justiça seja alcançada, necessário é que a permuta.realize um equilíbrio entre os interesses em jogo. Em outras palavras, é preciso que o preço seja justo. 
Os escolásticos se esforçarão por deixar clara essa noção: justo preço é aquele bastante baixo para poder o consumidor comprar (ponto de vista econômico), sem extorsão (ponto de vista moral), e suficientemente elevado para ter o vendedor interesse em vender (ponto de vista econômico) e poder viver de maneira decente (ponto de vista moral).
Esse duplo ponto de vista — econômico e moral •— levará os teólogos a procurarem uma base para o preço, isto é, o valor.
O trabalho despendido é também levado em consideração, bem como o preço de custo, as invenções e o talento necessário. São em geral observações isoladas e breves.
Essa noção de justo preço é aplicada ao salário, remuneração do operário em troca do trabalho prestado.
A noção de justo preço se aplica igualmente na determinação do lucro. O lucro do artesão deve resultar do equilíbrio entre o trabalho empregado, a aplicação da inteligência e a utilidade do serviço. Se o lucro ultrapassar de muito esse limite, deve ser condenado por não estar mais de acordo com a noção de justiça nas trocas; o lucro imoderado é prejudicial, tanto para o indivíduo como para a sociedade.
O justo lucro não deve permitir ao artesão enriquecer; esta, a própria condição da igualdade nas trocas.
Foi ainda essa idéia de justiça comutativa que determinou, então, a proibição do empréstimo a juros.
E, em suma, as idéias econômicas do período que acabamos de examinar se caracterizam por esse cunho prático e dependente.
Por três séculos subsistirá ainda esta dependência ou subordinação; todavia, a partir de meados do século XV até à segunda metade do século XVIII, o pensamento econômico não se subordinará mais à moral, e, sim, à preocupação metalista.
MERCANTILISMO
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Chama-se "mercantilismo" ao conjunto de idéias e práticas econômicas que floresceram, na Europa, entre 1450 e 1750.
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OS FATOS
§ 1.° — Transformação intelectual
É o Renascimento. Houve, no início dessa época, a ressurreição do antigo espírito e — por ele fecundado — um maravilhoso renovamento da civilização.
O estudo científico vai, pois, substituir, em parte, a tradição; a noção de progresso se impõe; a estagnação econômica da Idade Média cede o passo ao movimento, à dinâmica econômica dos tempos modernos.
Esta evolução do pensamento desenvolve ao mesmo tempo no homem da Renascença a curiosidade do saber e um ideal novo de bem-estar, de consumo, de luxo. São condições favoráveis ao progresso econômico sob várias formas.
Tal espírito é eminentemente favorável ao desenvolvimento da atividade econômica; essa necessidade de viver — e de viver melhor —, essa vontade de empreender e de realizar implicam para o indivíduo, para o grupo e para a nação um esforço novo e poderoso de produção.
A esse espírito da Renascença convém associar o trazido pelo movimento da Reforma. Os calvinistas e os puritanos anglo-saxões, que exalta o individualismo e a atividade econômica. O dogma calvinista da predestinação se concilia com o êxito material do indivíduo, estimulando sua atividade econômica, condenando sua ociosidade, apelando para sua consciência profissional, justificando seus sucessos nos negócios e, portanto, a busca do lucro.
§ 2." — Transformação política
O século XVI vê surgir o Estado moderno. A centralização monárquica vai, a partir do século XV, tomando o lugar dos pequenos núcleos feudais.
Sem dúvida a Idade Média tivera o seu sistema de Estado; todavia, em virtude mesmo de não passarem tais Estados de aglomerações feudais, não possuíam uma verdadeira política nacional.
Foi necessário vencesse o monarca seus vassalos para que essa unidade mecânica se transformasse em unidade política e econômica. E então surgiu a ideia de economia nacional no sentido moderno dessa expressão, isto é, a concepção de Estado que coordena todas as diferentes forças ativas da nação — materiais e humanas. O comércio, principalmente, transforma-
se em negócio público; seus interesses perdem o caráter de coisa exclusivamente privada; a noção de balança comercial — noção estatal — suplanta a de balança de contratos — noção individualista.
Sob esse novo impulso dirigido, o mercado se expande: de regional que era, passa a nacional.
Mas esta política não atua apenas no sentido de criar as economias nacionais, e, sim, também, de suscitar conflitos entre estas. Parece, ainda mesmo aos espíritos mais adiantados da época, que o "lucro de um implica o prejuízo do outro". Daí medidas estritas de intervenção que acarretam antagonismos violentos.
A vida econômica, sob a influência dessa transformação política, amplia-se e se organiza, pois, no quadro nacional.
Um terceiro grupo de transformações, estas de ordem geográfica, amplia o mundo e lança os primeiros fundamentos da economia internacional.
§ 3.° — Transformações geográficas
O fim do século XV marca o início da era das grandes descobertas.
Os limites do mundo parece que recuam. Não se trata de um acontecimento espontâneo, mas que está ligado aos grandes esforços anteriormente feitos pelos europeus para devassar os caminhos terrestres do Oriente, permitindo-lhes atingir as riquezas das Índias e da China. As descobertas marítimas prolongam essas descobertas de caminhos da terra — o espírito e o fim são os mesmos.
Mas, para abordar o oceano imenso — "o mar tenebroso" —, misterioso e temido, grandes esforços foram igualmente necessários a fim de melhorar a técnica da navegação.
Realmente essas descobertas fizeram "muito arruído". À vida econômica rasga-se, então, o horizonte universal. Os metais preciosos do novo mundo afluem para a Europa, deslocando rapidamente o eixo econômico mundial. Os grandes centros comerciais marítimos, localizados até então no Mediterrâneo, desenvolvem-se agora também no Atlântico e no mar do Norte: é o início da prosperidade de Londres, Amsterdã, Bordéus e Lisboa.
Uma tríplice transformação imprime o seu cunho ao meio econômico, a partir da segunda metade do século XVI. Fornece um novo quadro à atividade dos homens.
A transformação geográfica foi talvez o fenômeno mais importante. O afluxo de metais preciosos, a que dá origem, vai — numa Europa modificada pelas transformações intelectuais e políticas a que nos referimos — determinar duas consequências essenciais para o pensamento econômico:
 o desenvolvimento de ideias interessantes sobre moeda;
 a possibilidade de elaboração da concepção metalista, base dos sistemas mercantilistas.
AS IDÉIAS ECONÔMICAS E MONETÁRIAS
§ 1." — As ideias referentes à moeda
Verifica-se, no século XVI, na Europa, um considerável afluxo de metais preciosos. Ora, nessa mesma época, e, sobretudo na segunda metade desse século, experimentaram os preços, nos principais países da Europa, uma rápida e considerável alta, alta essa que transforma e desequilibra as condições da vida econômica e social. Os trabalhadores, principalmente, são seriamente atingidos pelo fenômeno. A sobrevivência das ideias medievais do justo preço e justo salário cristaliza a taxa dos salários, a despeito da elevação do custo de vida, em nível imutável. O descontentamento se generaliza, a opinião pública se inquieta.
Julgava De Malestroit não ter havido realmente elevação de preço algum; a alta seria apenas aparente, ocasionada pela redução do valor das moedas. Na verdade, para se adquirir uma coisa não seria necessário entregar quantidade maior de metal precioso que a anterior, mas, sim, apenas maior número de peças de moedas. Se tais moedas perdiam metade deseu valor em consequência das mutações, fazendo-se mister, portanto, entregar o dobro delas para a aquisição de um mesmo objeto, isso não significava haver entrega de uma quantidade de metal precioso duas vezes maior que a anterior; a quantidade entregue era mesma: não houvera uma valorização real das coisas, mas, sim, apenas uma alta nominal de preços.
Com o auxílio de estatísticas demonstra ser a elevação dos preços superior à redução havida no valor das moedas e a verdadeira causa do fenômeno residir, portanto, no enorme aumento do estoque monetário metálico.
Põe, assim, em evidência existir uma relação direta entre o movimento do estoque de metal precioso e os movimentos de preços.
A abundância de metais preciosos não constitui apenas o fundamento dessa controvérsia sobre a moeda, mas é, ainda, a determinante de uma concepção central do mercantilismo: a ideia metalista.
§ 2.° — A ideia metalista
Essa ideia foi deduzida da seguinte observação: a prosperidade dos países parece estar na razão direta da quantidade de metais preciosos que possuem.
É preciso dar a essa ideia "metalista" seu verdadeiro sentido. Os mercantilistas não veem o ouro e a prata como a única riqueza, mas os consideram como o mais perfeito instrumento de aquisição da riqueza.
Ouro e prata são, pois, para a nação, a forma eminente da riqueza.
É assim que se deve entender a ideia metalista, em sua acepção mais ampla.
Entretanto, não foram poucos os mercantilistas que confundiram a riqueza com o dinheiro. Até aos primórdios do século XVII, principalmente, muito comum era tal confusão em obras de autores espanhóis, italianos e, às vezes, mesmo ingleses.
Adam Smith, que no século XVIII examinou — aliás, conscienciosamente — o mercantilismo, insiste numa outra razão explicativa da ideia metalista. Encontra-a em Locke: o caráter de durabilidade das riquezas metálicas.
Existe ainda um terceiro fundamento para a ideia metalista: a necessidade de dinheiro para se fazer a guerra.
Em resumo: três são os principais fundamentos da ideia metalista. Um decorrente do fato de se associar à ideia de moeda riqueza (isto, aliás, com as devidas reservas já indicadas); outro, consistente no caráter de durabilidade da riqueza metálica, e o último, enfim, oriundo da necessidade de dinheiro para a guerra.
Não se manifestará esse pensamento sob a forma de um sistema único. Tendo o mercantilismo durado três séculos e reinado em diferentes países, foi necessariamente obrigado a evoluir no tempo e no espaço. Exprimiu-se, pois, através de um grande número de sistemas, dos quais distinguiremos as cinco formas seguintes: a espanhola ou bulionista; a francesa ou industrialista; a inglesa ou comercialista; a alemã ou cameralista e a fiduciária.
A sucessão dessas diferentes formas representa uma classificação cronológica e lógica do mercantilismo.
OS SISTEMAS MERCANTILISTAS
§ 1.° — A forma espanhola
Trata-se da primeira forma do mercantilismo, mais rudimentar, também chamada de "metalista" ou "bulionista". Essa primeira manifestação do pensamento mercantilista coincide com a descoberta e exploração das minas de ouro da América; tem nascimento no país que recebe este metal precioso: a Espanha.
Parece que nessa época — no século XVI, sobretudo, e no XVII — os representantes mercantilistas cometiam o erro "creso-hedonista", confundindo riqueza com metal precioso. Para se conseguir acumular o máximo de ouro e prata, dois são os processos preconizados e empregados:
Trata-se, primeiro, de impedir que o metal precioso saia do país. Para isso se toma toda uma série de medidas intervencionistas, nos diversos campos, tendo em vista evitar as importações e impedir a evasão do metal. Atraem-se também as moedas estrangeiras para o interior do país, mediante a adoção de uma política de taxa de juros elevada; depois, a fim de impedir a saída do metal, falsificam-se as moedas.
Trata-se, em seguida, do processo conhecido pelo nome de "balança de contratos".
A fiscalização concentra-se, agora, sobre os contratos assinados entre nacionais e estrangeiros. Sem dúvida os mercantilistas compreendem a importância das trocas entre nações. Mas, em contraposição, perceberam, também, acarretar esse comércio deslocamentos dos estoques metálicos. Dominados por essa preocupação, entregam-se à prática de medidas de controle, das mais severas e embaraçantes para as trocas.
Essa noção de balança de contratos torna-se, em breve, demasiado restrita. O Estado — para exercer o seu controle — passa, então, a tomar em consideração não mais os contratos estabelecidos pelos indivíduos entre si, mas, sim, o conjunto do comércio do país, com um ou outros países; ou melhor, o conjunto do seu comércio com todos os outros países. A noção de "balança de comércio" vai, assim, aos poucos substituir a de "balança de contratos". A concepção mercantilista se alarga: admite-se a entrada e a saída do ouro, contanto que ao mesmo tempo seja tomada uma série de medidas indispensáveis, tendentes a assegurar ao país uma "balança de comércio" credora.
§ 2.° — A forma francesa
Costuma-se dar-lhe o nome de mercantilismo "industrialista" ou "colbertismo". O objetivo é sempre o mesmo: procurar aumentar os estoques monetários; mas a França, não podendo beneficiar-se das fontes diretas de metais preciosos, entende obtê-los indiretamente e, para isto, o meio empregado é o fomento da indústria.
A indústria é preferida à agricultura. Isso, por um lado, em virtude de ser sua produção mais certa e regular e, por outro, à vista de terem os produtos fabricados para a exportação valor específicos maiores.
Esse esforço em prol do desenvolvimento industrial é acompanhado de numerosas medidas intervencionistas, tais como: o Estado outorga monopólio de produção e regulamenta a indústria de modo estrito; o regime corporativo se estende a todas as profissões e há interdição do trabalho livre. O preço do trabalho é fiscalizado pelos poderes públicos. Por conseguinte, é taxada, fixando-se o "salário máximo” a fim de colocar os produtos nacionais em condições vantajosas no mercado internacional. A taxa de juros é também fixada pelo Estado, sempre com a mesma finalidade: agir no sentido de compreensão do preço de custo, para favorecer a expansão da exportação e, indiretamente, do estoque metálico “nacional”.
Os mercantilistas são levados à adoção de uma política demográfica populacionista: uma população numerosa é favorável à produção. Note-se ser também condição para a organização de um exército forte.
A ingerência do Estado no campo da produção acarreta também a sua intervenção no setor do consumo: para aumentar o volume das exportações de objetos de luxo limita-se o seu consumo no mercado interno.
O que se deve fixar, relativamente a essa política e seus resultados, é a existência de uma acentuada intervenção do Estado na produção e, por via de consequência, no consumo.
§ 3." — A forma inglesa
Na Inglaterra o mercantilismo reveste a forma chamada "comercialista". Já era a Inglaterra, nessa época, uma grande potência marítima. Nesse período de grandes descobertas, suas possibilidades comerciais parecem extraordinárias. Foi então que solicitaram os negociantes a abolição da proibição da saída de metais preciosos do país. Em apoio dessa reivindicação apresentaram um argumento de ordem prática e outro de ordem histórica.
Os mercantilistas ingleses lutaram energicamente pelas suas reivindicações, cuja legitimidade, uma vez reconhecida, determinou a revogação, em benefício dos comerciantes, da proibição da saída dos metais preciosos.
Note-se que na concepção mercantilista é a nação — e não o indivíduo — o comerciante. Cabe-lhe, pois, envidar todos os esforços para conseguir uma balança de comércio exterior saldada mediante entrada de metal. É nesse espírito que se concede autorização para a saída de metal.
Todavia, como se exige, para que a balança seja favorável, sererri as importações de ouro e prata superiores às exportações, todo um sistemade regulamentações é elaborado: o Estado regulamenta a produção, fiscaliza as exportações e controla as vendas no exterior, certificando-se de voltar ao país o montante correspondente a essas operações (regulamentações alfandegárias, coloniais, pacto colonial etc).
Essa regulamentação é tanto mais rigorosa quando, na verdade, à preocupação metalista se vai juntar — como em todas as formas do mercantilismo — a preocupação política: é assim que a fiscalização das exportações visará também impedir a saída de produtos e matérias-primas que possam ser úteis à defesa do país ou à condução da guerra.
Esta preocupação política constante, que corresponde a acentuada tendência do mercantilismo à autarquia econômica.
§ 4." — A forma alemã
Esta doutrina, conhecida pelo nome de "cameralismo", é dominada por uma filosofia e por uma situação política que diferem daquelas dos países já citados.
A situação política é conhecida. Enquanto a maioria das nações do mundo ocidental já realizou ou está para realizar sua unidade, a Alemanha permanece dividida. Grande número de principados luta entre si para impor sua soberania; constituem eles pequenos Estados, isolados na sua economia e opostos pela sua política.
Filosoficamente, as ideias de Pufendorf (1632-1694) dominam. Afirmam a autoridade direta e alienável do Estado sobre o povo, justificando assim o paternalismo político. Afirmam a estrita subordinação dos interesses do indivíduo aos da coletividade, justificando a intervenção do Estado em todos os domínios, de forma ainda mais rigorosa do que nas outras formas do mercantilismo.
A preocupação política se revela, então, aqui, nitidamente principal e dominante: é a unidade política e o poder absoluto do Estado que se impõe edificar; a preocupação econômica é apenas secundária e subordinada: é limitada.
No século XVII um dos mais importantes cameralistas foi Ludwig Von Seckendorff (1626-1692). Partidário de uma população numerosa preconiza medidas para aumentar a produtividade da agricultura e das manufaturas. Insiste na necessidade de leis suntuárias a fim de diminuir as importações dos bens, não necessários, e reservar a mão-de-obra e as matérias- primas às produções indispensáveis. Propõe medidas severas para lutar contra a ociosidade e medidas que favoreçam os trabalhadores empenhados nas atividades mais produtivas, notadamente aquelas que contribuem para a exportação.
Johan Joachim Becker (1625-1685) insiste nos problemas do comercio; condena a importação e a exportação, quando realizadas em proveito dos particulares — que devem ser tratados como "os mais indignos criminosos", por importarem produtos que poderiam ser obtidos no próprio país, contribuindo assim para a "destruição de sua própria comunidade". É, pois, o Estado que deve tomar conta do cornércio exterior. A constituição de sociedades comerciais estatizadas é recomendada. Os produtos exportados devem ser vendidos pelo menor preço possível: reaparece aqui uma das preocupações dos mercantilistas franceses que viam, na venda no estrangeiro de produtos manufaturados, uma fonte abundante de metal precioso.
Todas essas medidas são acompanhadas de tão grande número de aplicações especiais que perdem todo alcance geral. No século XVIII surge uma reação no sentido de colocar em ordem todas essas ideias esparsas e dar-lhes mais generalidade.
É no sentido de sistematização da doutrinação mercantilista alemã que o professor vienense Johannes Heinrich von Justi (1717-1771) entre outros, tenta uma classificação das funções econômicas do Estado a fim de distinguir os princípios de uma política econômica. Tais princípios constituem o essencial da ciência cameralista, que se esforça no sentido de separar a ciência da Administração Geral do Estado. 
Von Justi tenta igualmente sistematizar as regras de tributação, insistindo na necessidade de simplificar a avaliação e o recebimento do imposto, limitar as taxas para assegurar a produtividade e se mostra favorável à igualdade de todos diante do imposto. Mostra-se ainda muito favorável ao comércio exterior, no qual vê a fonte principal da riqueza da coletividade. Interessa-se pela agricultura e insiste na necessidade de o explorador ser proprietário da terra, para que tenha estímulo em aumentar a produtividade. É populacionista tal como todos os mercantilistas: a importância quantitativa da população e o homem como fator da produtividade é que estão em primeiro lugar.
O destaque dado ao quantitativo se encontra na maior parte das preocupações cameralistas. O pequeno interesse pelos aspectos qualitativos dos problemas econômicos distingue os cameralistas dos outros mercantilistas, franceses e italianos em particular.
Os cameralistas deixaram estudos interessantes e volumosos. É em particular nas obras de JUSTI que se encontram as principais ideias e a prática do cameralismo alemão dos séculos XVII e XVIII. Quanto ao esforço de sistematização, trata-se apenas de tentativa.
Os princípios são sufocados pelos fatos; perdem-se na massa dos detalhes regulamentares e nos minuciosos ensaios de classificação. Tanto na forma como no fundo, a obra dos cameralistas carece de síntese. É uma análise de casos e de medidas particulares. Não atinge a clareza e o alcance de grande número de Tratados e de Ensaios de mercantilistas ingleses e franceses. O que não quer dizer, porém, que não tenham exercido importante influência na solução dos problemas políticos e econômicos da Alemanha.
§ 5.° — A forma fiduciária
O mercantilismo reveste, nos primórdios do século XVIII, a forma chamada fiduciária. Seus principais representantes são Dutot, Melon e, sobretudo John Law.
A experiência de Law constitui, com efeito, um sistema mercantilista. Seus fundamentos são sempre da mesma ordem: se não é mais a quantidade de metal precioso que constitui diretamente o centro do sistema, é, entretanto, a quantidade de moeda que continua sendo o elemento primordial: necessidade de aumentar o volume de moeda para aumentar a riqueza pública. Mas, partindo desse postulado, vai Law ampliar sua aplicação, fazendo, assim, de seu sistema o termo último da evolução mercantilista.
Ao examinar os meios de que o Estado pode lançar mão para aumentar o volume monetário, rejeita Law — como todos os mercantilistas do seu século — as restrições à exportação de moeda, bem como as medidas que asseguram o repatriamento obrigatório, em metal precioso, do valor das exportações. Elimina também a possibilidade de aumento das unidades monetárias mediante a utilização do crédito bancário: processo bom em si, parece-lhe de realização demasiado lenta. Detém-se na criação do papel-moeda: a moeda lhe parece um simples "bônus" que permite a aquisição de mercadorias.
Para desempenhar as funções de tal "bônus", o metal precioso é dispensável, por supérfluo, apresentando mesmo certos inconvenientes: a moeda- ouro e, sobretudo a moeda-prata sofrem variações de valor que tornam difícil e discutível o seu emprego como padrão monetário. O papel-moeda é, pois, suficiente e, além disso, mais barato que o metal. Pode ser produzido à vontade e em função das necessidades.
Sendo boa, para Law, a moeda abundante 17 e emitida em quantidade sempre igual à procura, o papel-moeda deve ser escolhido como instrumento de trocas.
A esta observação justa apõe uma ideia inexata: a de que a emissão do papel- moeda, com o objetivo de fomentar novas produções, constitui um instrumento eficiente, se puser em risco o desenvolvimento econômico. Ignora as inevitáveis repercussões que semelhantes emissões teriam sobre a circulação (mesmo quando produzissem novas riquezas) e principalmente sobre os preços, no sentido de elevá-los. Ora, as contínuas emissões, feitas, assim, por Law, puseram rapidamente um ponto final na confiança dos portadores dos títulos. Ao ser o Banco autorizado a emitir notas, tendo em vista possibilitar aos capitalistas a subscrição de ações da Companhia das índias, a confiança se transforma subitamente em desconfiança generalizada.Todos perceberam o caráter artificial e "inflacionista" dessas emissões. Os pedidos de reembolso se precipitaram e, a despeito do estabelecimento de curso para as notas bancárias, o seu valor volatilizou-se.
O erro capital de Law foi ter colocado, como centro do sistema, o volume da moeda em circulação, sem levar em conta a procura efetiva dessa moeda em função do real desenvolvimento da riqueza. Esta desastrosa experiência deixa também patente a confusão que, no espírito de Law, existia entre crédito e moeda, entre volume monetário e velocidade da sua circulação. Indica ainda o perigo de se ignorar uma das principais funções, peculiar a toda boa moeda — a de reserva de valor —, que não poderia ser desempenhada pela moeda-papel do banco de Law.
Smith qualificou a tentativa do banqueiro escocês de "o mais extravagante projeto de banco e de especulação que o mundo já tenha conhecido".
Apoiando-se na prática de substituir, no sistema monetário, a moeda-metal pela moeda-papel, a experiência de Law fez com que se desse atenção principalmente aos inconvenientes do emprego dos metais preciosos como moeda. Pôs em realce as vantagens da nota bancária como fator de elasticidade da circulação e concorreu para que também se visse ser útil a concentração do estoque de metais preciosos em um banco central.
Compreendeu ele, de fato, que o aumento da massa monetária podia agir sobre o crescimento das riquezas reais; que esta ação se realizava pelo aumento do emprego e da renda suplementar daí resultante e que era ela assim suscetível de aumentar o consumo e de agir favoravelmente sobre a produção. Esta é a ideia do multiplicador real que se encontrará em Keynes.
Mas esse mecanismo do multiplicador Law o faz repousar sobre o aumente do numerário, negligenciando sua velocidade de circulação. Isto o conduz a admitir que o suplemento de renda criado não será igual senão ao suplemento de moeda, quando na realidade é o múltiplo.
Este raciocínio, porque inexato, permitiu a Law pôr de lado o efeito da inflação criada pelo multiplicador: daí, a morte de seu sistema.
§ 6.° — A política colonial do mercantilismo
Acabamos de ver que durante três séculos a política econômica das nações foi dominada na Europa pelas ideias mercantilistas. Mas é igualmente fora da Europa e no quadro das políticas coloniais que essas ideias se impõem. São elas que vão presidir a organização e a evolução desses territórios do Novo Mundo que os descobridores, sobretudo portugueses e espanhóis, dão à Europa desde fins do século XV.
Em todas as manifestações das políticas coloniais praticadas pelas principais nações ocidentais, encontramos as consequências das mesmas ideias mercantilistas que orientam a construção de suas economias nacionais; encontramos o mesmo princípio fundamental, que liga estreitamente a riqueza e o poderio da nação à importância dos metais preciosos que ela possui, e a mesma preocupação essencial de assegurar uma favorável balança de comércio.
A política colonial desta época é uma consequência lógica do mercantilismo, dele se deduzindo integralmente. E nos territórios longínquos, subjugados e dependentes, sem possibilidade de tomar medidas de represálias econômicas, o caráter unilateral da política comercial do mercantilismo encontrará ambiente favorável ao seu desenvolvimento. É aí que ele aparece, tal como através de uma lente de aumento, em toda a sua amplitude; é aí que ele é mais nítido e, muitas vezes também, mais brutal. Essa política mercantilista da metrópole para com as suas colônias é conhecida como "pacto colonial".
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Coloquemos bem o problema para compreender os meios que vão ser empregados para atingir os fins da política colonial. Todos esses produtos, metais preciosos, especiarias e outros, devem ser obtidos da colônia em condições suficientemente vantajosas para que o conjunto dessas operações comerciais com a Metrópole seja nitidamente favorável a esta última. Para que isso seja possível é necessário que a Metrópole seja dona absoluta e exclusiva da economia de sua colônia. É indispensável que a política imposta não suscite nenhuma reação, nenhuma competição de ordem econômica da própria colônia ou de outras nações estrangeiras. Fazendo assim surgir um monopólio.
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Nessas condições, a colônia tem de aceitar a venda de seus produtos a preço vil, sem discussão, nem escapatórias possíveis, porque está proibida de vendê-los a outros mercados e, além disso, não lhe é permitido valorizar seus produtos primários mediante transformação industrial. Nesse sentido, há toda uma série de medidas severamente aplicadas a fim de que a colônia jamais possa reagir contra as restrições impostas. Consequentemente, compreende-se que a balança comercial dessas trocas seja sempre favorável ao país colonizador.
As consequências dessa política colonial são diversas e contraditórias. Para as Metrópoles, o comércio colonial representa importante elemento de riqueza e poderio que, ajudado e estimulado, servirá unicamente — em muitos casos — para o desenvolvimento de suas economias nacionais. Essa riqueza, entretanto, foi provisória, muitas vezes, deixando certos países colonizadores mais esgotados em virtude do imenso esforço realizado do que enriquecidos de modo durável.
Daí, muitos mercantilistas, sobretudo portugueses, prodigalizarem aos seus soberanos, desde o início do século XVII, sábios conselhos no sentido de diminuírem a extensão excessiva das conquistas a fim de não perderem definitiva e completamente as vantagens econômicas tão caro obtidas.
De qualquer forma, essas riquezas do Novo Mundo desempenharam importante papel, a partir do século XVI, no desenvolvimento das economias nacionais europeias e na formação do capitalismo comercial e financeiro, contribuindo de maneira decisiva para o progresso econômico ocidental moderno.
Para as colônias, essa política teve ao mesmo tempo efeitos favoráveis e desfavoráveis. Essa política deu origem a uma nova vida para as populações dos países descobertos, permitindo-lhes evoluir do estado primitivo à civilização. Mas, ao lado dessas vantagens, a política colonial trouxe às colônias sérios inconvenientes, feita que era no interesse da Metrópole.
Resumindo: a política colonial do mercantilismo ajudou fortemente as grandes nações europeias a constituírem suas economias nacionais, mas, de outro lado, opôs-se à formação de economia nacional nas colônias. Oposição profunda que até hoje complica o crescimento econômico de certas nações, oposição geradora de graves desequilíbrios internacionais.
THOMAS MUN
O enriquecimento da Inglaterra pelo comercio exterior – o “evangelho mercantilista”;
A entrada os saída de metais preciosos é condicionada por uma balança comercial negativa ou positiva. Ou seja, o dinheiro fiscal fluirá para o país como resultado de uma balança comercial positiva;
Enriquecimento: “revenda” de produtos estrangeiros e “reelaboração” de matérias primas;
Benefícios derivados dos baixos preços;
Teoria da determinação dos movimentos monetários e da taxa de câmbio pela balança comercial;
“Lucro sobre a alienação”.
Mun publicou uma obra em que argumentava que, desde que o total de exportações excedesse o total de importações, a saída de moeda de um pais em qualquer área de comercio não importava.
De acordo com Mun, o enriquecimento não estava nem na produção nem no acúmulo de bens de capital, mas em um excedente de exportações. Naturalmente, deve-se produzir para exportar, mas a produção é subserviente a meta final — o acúmulo de ouro.
As exportações deveriam ser efetuadas em navios ingleses para ganhar o seguro e os encargos do frete. Ao defender as exportações de ouro da Companhia das Índias Orientais para pagar os bens, Mun argumentou em favor de um comercio multilateral, em vez de bilateral.
Mun analisou a balança comercial geral, em vez de sua conta separada com cada país estrangeiro. Ele pensava que o aumento nas importações aumentaria o estoque de metal precioso da Inglaterra se os produtosfossem exportados para algum outro país com lucro. Mun raciocinou, portanto, que a exportação de aura deveria ser permitida, para pagar a importação de bens, que, por sua vez, aumentaria o volume total de bens exportados.
A ênfase de Mun, no entanto, era na compra e venda com lucro, em vez de no processamento de matérias-primas importadas em bens manufaturados, embora estes tenham sido mencionados no caso dos têxteis. Essa ênfase na importação de tesouro levou a estranha conclusão de que o comercio interno não enriqueceria um país.
Ao examinar o balanço de pagamentos, Mun foi suficientemente astuto para incluir itens invisíveis.
INFLUÊNCIA DO MERCANTILISMO
As formas fiduciária, cameralista, comercialista, industrialista e bulionista e a política colonial representam, pois, os diferentes aspectos do pensamento mercantilista no decurso de sua evolução.
Sua falha principal reside no fato de haverem atribuído os mercantilistas, na sua concepção de riqueza, demasiado valor ao metal precioso. Sem dúvida, só muito raramente se poderia falar aí em erro creso-hedonista propriamente dito, mas, não obstante, sempre exagerada era a preocupação metalista.
Outra falha é a de haverem considerado a produção apenas em função da prosperidade do Estado, sem jamais examinar a relação existente entre aquela e o bem-estar individual. E, assim, com essa preocupação, quase que exclusiva, de enriquecimento do poder público, focalizam os mercantilistas a sua atenção sobre medidas de intervenção em todos os setores. São, por essa forma, levados a organizar um vasto sistema de economia dirigida, cujos excessos entravarão os mecanismos econômicos, empreendendo a atividade individual e paralisando o desenvolvimento da vida econômica. E falharam ainda os mercantilistas na sua concepção de comércio internacional que, por estar diretamente ligada à preocupação metalista, constitui um dos aspectos mais criticáveis do sistema. Conforme tivemos oportunidade de salientar, trata-se de uma concepção "unilateral" e, portanto, não suscetível de aplicação geral. Assenta inteiramente na ideia de antagonismo entre as economias nacionais: "O lucro de um é o prejuízo de outro".
Mas, por outro lado, deve-se reconhecer aos mercantilistas o mérito de haverem também desenvolvido uma ação favorável sob um duplo aspecto:
no campo intelectual elaboram, com vigor, a noção de economia nacional, baseada na unidade e na solidariedade nacional. Indicam a vantagem e a necessidade de exploração de todos os recursos da nação — materiais e humanos — sob controle e direção do Estado;
no campo dos fatos criam, aplicam e desenvolvem a economia nacional tal como a conceberam.
Nos sistemas mercantilistas do século XVI até ao século XVIII, o principal personagem da atividade econômica é o comerciante, sobretudo o comerciante exportador e "aventureiro". É ele quem negocia, empresta, organiza sociedades e expedições, sendo encontrado nas mais diversas organizações econômicas: empréstimo para as grandes aventuras, sociedades por ações, sociedades privadas, mistas ou estatais, bancos.
É com o comerciante, sobretudo em torno de sua atividade no comércio internacional, que a economia interna se desenvolve. É ele quem recebe as matérias-primas, é ele quem as distribui nos mercados, os quais passam, aos poucos, do plano regional aos planos nacional e internacional. É ainda dele que depende o progresso das manufaturas, pois, com o aumento dos mercados, é necessário produzir mais, o que exige capitais monetários cada vez maiores. É somente o comerciante-banqueiro quem pode fornecê-los; é ele quem assume, assim, a direção da produção, direção que não é técnica, mas tipicamente capitalista, pois fornece capitais visando a maiores lucros.
Essa atividade econômica que se desenvolve ao redor do comerciante imprime a característica essencial do regime capitalista da época, mas ao lado dela persistem atividades corporativas e artesanais. As corporativas, fortemente regulamentadas, perdem progressivamente sua força. As atividades artesanais, livres, também perdem aos poucos sua importância: o desenvolvimento do setor capitalista dominado pelos comerciantes vem procurar empregados e operários da massa de artesãos que se tornam, assim, progressivamente, uma massa de assalariados.
Este sistema do capitalismo comercial e regulamentar, que se desenvolve no decorrer do longo período mercantilista, prepara o advento do capitalismo industrial — que aparecerá com a revolução técnica do último terço do século XVIII e se generalizará no século XX.
Apesar da importância considerável da literatura mercantilista, a esquematização isolada de muitas de suas ideias econômicas fundamentais nos leva a desenvolver o conceito mercantilista mais em função de atos c de política econômicos dos Estados, que em função da análise ou da teoria econômica.
UNIDADE II
O PENSAMENTO ECONÔMICO FISIOCRATA – “o governo da natureza”
É a primeira escola econômica. Seus representantes são franceses que, juntos, trabalharam na elaboração de uma explicação geral da vida econômica. Suas obras se situam entre 1756 e 1778. Reúnem-se em volta de um chefe, Doutor Quesnay.
Nesse século, cuja tradicional organização social e política parece periclitar, mas que resplandece das maiores esperanças, espíritos inquietos — certos de ser toda evolução filha da dor — buscam e encontram a quietude na explanação fisiocrática de uma ordem natural e providencial, ordem otimista, solidamente ligada à terra e cuja lógica e serenidade se opõem às tristezas e inquietação do momento.
NOÇÃO DE ORDEM NATURAL
A ordem natural e a ordem providencial são, com efeito, as duas concepções principais da doutrina da nova Escola. Os fenômenos econômicos — pensam os fisiocratas — processam-se livre e independentemente de qualquer coação exterior, segundo uma ordem imposta pela natureza e regida por leis naturais. Cumpre, pois, conhecer essas leis naturais e deixá-las atuar.
A sociedade se compõe de três classes: uma "produtiva", formada de agricultores; outra, constituída pelos proprietários imobiliários, e, finalmente, a classe chamada "estéril", compreendendo os que se dedicam ao comércio, à indústria, aos serviços domésticos e às profissões liberais.
A circulação das riquezas por entre essas diferentes classes indica a importância relativa de cada uma e explica a repartição dos bens produzidos. A classe dos "proprietários", detentora de 2 unidades, devolve à classe "produtiva" uma unidade, para aquisição de gêneros alimentícios, e entrega a outra unidade à classe "estéril", em pagamento dos produtos manufaturados de que necessita. A classe "estéril", por sua vez, tem de restituir à classe "produtiva", em troca dos produtos agrícolas, necessários à sua subsistência, a unidade de valor que recebera.
Há aí a primeira tentativa de elaboração de uma teoria sintética da circulação das riquezas, isto é, do fluxo das rendas. É a primeira expressão racional do funcionamento da vida econômica, em seu conjunto.
Há um exagero que se nota nitidamente na própria divisão da sociedade em classe "produtiva" e classe "estéril". Os fisiocratas pretendem dizer com isso ser apenas a produção agrícola aquela que permite a obtenção de riqueza gerada em maior volume que a riqueza consumida; a natureza colabora diretamente com o homem e lhe dá um lucro em produto real, ao qual dão os fisiocratas o nome de "produto líquido".
É uma noção economicamente falsa e estreita, decorrente de uma errada concepção dos fisiocratas sobre o valor. Sua ideia de valor gira em torno da ideia de produção. Confundem riqueza e valor; não veem os liames existentes entre o valor e o consumo; não apreendem a ideia de valor como relacionada com a satisfação das necessidades do homem, ideia que corresponde à realidade e cujo conhecimento os teria levado a admitir que a indústria e o comércio — tanto quanto a agricultura — geram utilidade e aumentam a utilidade das coisas.
Dentre os inúmeros erros que essa falsa noção vai difundirna doutrina fisiocrática, é interessante ressaltar a aversão ao comércio, tanto interno, como internacional. O comércio, segundo a concepção da Escola, não produz riqueza; portanto, não é útil. Todavia — e aí se depara novamente a influência da noção das duas crematísticas de Aristóteles —, distinguem os fisiocratas entre tráfico e comércio, o primeiro absolutamente condenável, gerador não de riqueza, mas apenas de lucro para os intermediários, o segundo tolerável à medida que concorre para serem os produtos da terra postos à disposição do consumo.
Em primeiro lugar, a demasiada importância atribuída à produção agrícola irá impressionar os espíritos e conduzi-los a uma melhor apreciação da utilidade da agricultura, utilidade essa até então quase que de todo olvidada.
Em segundo lugar, a noção de classe "estéril" — ainda que intrinsecamente falsa — torna-se também útil por conter em si uma reação contra a ideia metalista dos mercantilistas. A riqueza material — isto é, a produção agrícola, segundo os fisiocratas — volta a ocupar uma posição central na economia: a moeda passa a simples auxiliar de trocas; retoma, assim, o lugar que jamais devia ser abandonado, isto é, o de riqueza subalterna, cujo volume é naturalmente regulado pela necessidade da circulação e pela abundância da produção.
Conseguintemente, os fisiocratas envidam esforços no sentido de estabelecer bases sólidas para o direito de propriedade. Semelhante justificação da propriedade imobiliária importa na afirmação não só de direito, mas também de deveres.
Do direito de propriedade agrícola passam os fisiocratas à justificação do direito de propriedade de modo geral.
E sobre essa base jurídica, devolvido ao interesse pessoal o enérgico estímulo que as medidas mercantilistas tendiam a tornar ineficaz, irá desenvolver- se o individualismo. Eis o essencial dessa primeira concepção fundamental da Escola Fisiocrática.
Mas a ordem natural não é uma noção isolada: para ser compreendida, segundo a verdadeira acepção fisiocrática, deve ser completada pela noção de ordem providencial.
 NOÇÃO DE ORDEM PROVIDENCIAL
Os fisiocratas julgam ser a ordem natural uma ordem providencial, isto é, desejada por Deus para a felicidade dos homens. "As leis são irrevogáveis — escreve Mercier de la Rivière —, emanam da essência dos homens e das coisas, são a expressão da vontade de Deus."
Essa ordem, por isso que providencial é a melhor possível, a mais vantajosa para o gênero humano. Portanto, necessário é possa vigorar de modo natural, isto é, livremente: "As leis (de ordem natural) não restringem a liberdade do homem, pois as vantagens destas leis supremas são manifestamente objeto de melhor escolha da liberdade." 7
À noção providencial da ordem natural está intimamente ligada a de liberdade. Esta liberdade é para os fisiocratas a base do progresso econômico e social.
A conservação da liberdade é tanto mais indispensável quanto, na verdade, concorre para assegurar o "bom preço". E essa noção de "bom preço" é importante na doutrina fisiocrática, a qual o considera no interesse da produção. Deve garantir abundância e um preço alto: "Abundância com ausência de valor — escreve Quesnay — não é riqueza; preço alto com penúria é miséria; abundância com preço alto é opulência."
O preço "alto" é o fixado pela livre concorrência, aquele que resulta da adaptação automática da produção ao consumo e permite a repartição dos produtos por todos os mercados, independentemente de regulamentação. Eis como se exprime a reação contra a taxação do "mínimo" para os produtos agrícolas, frequentes na época.
A garantia de mercados remuneradores estimulará a produção — trata-se sempre da produção agrícola —, donde resultará um aumento do "produto líquido" e, por conseguinte, um aumento da riqueza geral.
Os fisiocratas acreditavam não colidir o bom preço — embora favorecendo diretamente o produtor agrícola — com os interesses do consumidor, pois aproveitaria às três classes da sociedade, aumentando a riqueza total, e, paralelamente, a parte que caberia a cada uma delas na repartição. O bom preço atuaria no sentido de elevar todos os preços — quer os da remuneração do trabalho, quer os do capital, quer os da terra.
O que merece ser sublinhado nesta concepção é a noção de harmonia, daí deduzida pelos fisiocratas; harmonia entre interesse individual e geral, a qual doravante servirá de base ao liberalismo econômico.
"O homem busca obter o máximo de satisfação com o mínimo de esforço." Esta noção de ordem natural e providencial sugere certo número de considerações:
Esta generalização do método dedutivo leva os fisiocratas à elaboração de leis gerais e permanentes; a noção de ordem natural é afirmada como verdade evidente e sempre exata, tanto no tempo, como no espaço. Chegam, assim, à sua sistematização muito extremada, sem dúvida, mas cujos excessos seriam indispensáveis à consolidação da ciência nascente.
Ora, a lei fisiocrática não é neutra, não é "indiferente", mas, ao contrário, traz o cunho "providencial" característico da doutrina: tem, de certo modo, o colorido de metafísica otimista. Daí perder sensivelmente de valor. Adam Smith liberará a lei econômica dessa característica, tornando-a, por isso mesmo, mais científica.
 Finalmente, convém observar constituir a ordem natural e providencial, para os fisiocratas, uma concepção que ultrapassa o campo de aplicação da economia: nela veem a base da organização de toda a sociedade. Se, por conseguinte, foram os fisiocratas os primeiros a conceber a ciência econômica, ultrapassa essa concepção, de muito, os limites da Economia e se estende — não sem ambição — à completa e total organização da vida das sociedades.
AS APLICAÇÕES DE ORDEM NATURAL E PROVIDENCIAL
Constituindo a ordem natural e providencial o ponto de partida de uma doutrina social ampla, convém considerá-la em suas aplicações não apenas econômicas, mas também políticas.
§ 1.° — As aplicações na esfera econômica
Para que possa essa ordem natural e providencial produzir todos os seus efeitos, imprescindível é a liberdade. Os fisiocratas vão protestar, assim, pelo exercício pleno dessa liberdade na esfera econômica:
 Liberdade para exercer o homem a sua atividade como bem lhe aprouver – trabalhar ou não;
 Liberdade de conservar o homem o produto de seu trabalho e dele dispor, isto é, afirmação e defesa do direito de propriedade sob todas as suas formas, mobiliária ou imobiliária;
 Liberdade, enfim, de plena alienação, seja vendendo o produto de seu trabalho, seja adquirindo o dos outros, isto é, liberdade de comércio: livre concorrência.
A ideia pela qual se norteiam é sempre a mesma: a liberdade gera o "bom preço".
No terreno fiscal chega a doutrina fisiocrática a um sistema original: partindo da convicção de provir tão somente da terra o "produto líquido' — a riqueza real — entendem dever incidir o imposto unicamente sobre ela. Daí a elaboração de um sistema tributário de taxação direta e única da renda dos proprietários de terras.
De modo geral observa-se que os sistemas tributários modernos, imbuídos da mesma concepção, dão preferência ao imposto direto.
§ 2.° — Aplicações na esfera política
Na esfera política a concepção de ordem natural, e principalmente a de ordem providencial, levará os fisiocratas a propor, como melhor forma de governo, a despótica, ou "o despotismo", conforme a denominam, ou a monarquia absoluta e hereditária, como também se diz.
O interesse essencial do país se confunde com o dos proprietários de terras. Ora, o interesse destes é um único: a obtenção do "produto líquido". Nada mais lógico, portanto, tenha também a nação um único representante.
E isso é tanto mais compreensível quanto, na verdade, se legitimava a monarquia absoluta e hereditária para os fisiocratas, pelo fato de se identificar com os interesses dos proprietários de terras, ou seja, com os da própria nação.
Há nesse sistema político uma interessante tentativa de justificação da monarquiaabsoluta e hereditária com base na sua utilidade social.
Esta teoria foi sintetizada por Dupont de Nemours nestes termos: "Os monarcas hereditários são os únicos soberanos cujos interesses podem estar ligados aos da nação, através da co-propriedade de todos os produtos líquidos ou territoriais à sua soberania."
Poder absoluto não significa, na acepção fisiocrática, poder arbitrário. O soberano não deve "fazer" as leis, mas, sim, apenas torná-las conhecidas em função da ordem natural, ou melhor, declará-las, fazendo com que sejam respeitadas. Trata-se, portanto, de um despotismo "legal", decorrente da "evidência" da ordem natural e que por isso mesmo se contrapõe ao despotismo arbitrário. Os fisiocratas reagem, assim, contra os consideráveis poderes que o Estado se tinha arrogado na esfera econômica.
* * *
Sintetizando: a Escola Fisiocrática é a primeira "escola" econômica. "Os fisiocratas, escreve Léon Walras, foram não somente a primeira, mas a única escola de economistas que, na França, apresentou uma Economia Política pura e original." Busca a explicação racional e lógica do mecanismo da vida econômica em seu conjunto. Subministra à novel ciência "leis" cujas particularidades indicamos acima.
Para os fisiocratas, a tarefa histórica do capitalismo consiste numa ampliação, por ele tornada possível, do excedente (que é o que constitui a base de um consumo superior e fonte de reutilização na produção), por essa razão, sua presença possui um significado e assume uma importância econômica real somente no âmbito daquelas atividades nas quais se forma o excedente – na agricultura - e, a partir daí, tal excedente pode ser ampliado.
Sua análise gira essencialmente em torno dos fenômenos da produção. Apresenta ainda uma tentativa de explicação sintética da circulação e da repartição.
Vale a pena assinalar que, segundo as intenções de seu autor, o Tableau deveria servir não apenas para descrever as relações recíprocas e a interdependência geral entre todos os fenômenos econômicos, mas também para mostrar como, no âmbito dessa interdependência, constitui um fenômeno mais relevante que os demais, na medida em que dele depende a amplitude do ciclo descrito no esquema. Esse fenômeno é o valor do “produto líquido” tal como se encontra determinado pela fertilidade da terra e pela capacidade que os homens possuem de explorá-la livre e plenamente como a forma mais avançada de gestão do processo produtivo na agricultura, como é a gestão capitalista. Como efetivamente demonstra o Tableau, a totalidade do processo de circulação de riqueza entre as classes posta em movimento pelo pagamento da renda à classe proprietária, e a amplitude das trocas que se realizam entre as classes, dependem da quantia da própria renda.
Seu método carece, sem dúvida, de sentido histórico. Profundamente falsos são, com efeito, os conceitos emitidos sobre o valor, levando-a, assim, a exagerar a função econômica da produção agrícola e a menosprezar a produtividade da indústria e do comércio.
Ocupa, entretanto, a Fisiocracia, na história do pensamento econômico, um lugar de primeira plana: foi a primeira escola a lançar os fundamentos da ciência econômica, a assentar solidamente o direito de propriedade sobre a noção de utilidade social, a justificar e exaltar a liberdade econômica. Deixa com isto — em uma reação contra os mercantilistas — definitivamente implantados os marcos do individualismo e do liberalismo, caracteres esses que vão ser, aliás, retomados e reformados por Adam Smith e pela Escola Clássica.
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“Regra da natureza”;
Laissez-faire, laissez-passer;
Ênfase na agricultura;
Taxação do proprietário de terra;
Inter-relação da economia.
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UNIDADE III
A ESCOLA CLÁSSICA – PRECURSORES 
A escola clássica começou em 1776, quando Adam Smith publicou seu trabalho A riqueza das nações, e terminou em 1871.
VISÃO GERAL DA ESCOLA CLÁSSICA
O contexto histórico: Revolução científica e revolução industrial.
Principais dogmas da escola clássica:
A doutrina clássica é geralmente chamada de liberalismo econômico. Suas bases são a liberdade pessoal, propriedade privada, iniciativa individual, empresa privada e interferência mínima do governo. O termo liberalismo deve ser considerado em seu contexto histórico: as ideias clássicas eram liberais, em contraste com as restrições feudais e mercantilistas sobre a escolha de profissões, transferências de terra, comercio e assim por diante.
Envolvimento mínimo do governo. As forças do mercado livre e competitivo guiariam a produção, a troca e a distribuição. A economia era considerada auto-ajustável e tendendo na direção do emprego total sem intervenção do governo. A atividade do governo se limita à aplicação dos direitos de propriedade e ao fornecimento da defesa nacional e da educação publica.
Comportamento econômico de auto-interesse. Os economistas clássicos supunham que o comportamento de auto-interesse básico para a natureza humana. Os produtores e os mercadores forneciam bens e serviços com o desejo de fazer lucros. Os trabalhadores ofereciam seus serviços para obter salários e os consumidores compravam produtos como uma maneira de satisfazer seus desejos.
Harmonia de interesses. Corn exceção importante de Ricardo, os clássicos enfatizavam a harmonia natural de interesses em uma economia de mercado. Ao correr atrás de seus interesses individuais, as pessoas atendiam aos melhores interesses da sociedade.
Importância de todos os recursos e atividades econômicas. Os clássicos assinalavam que todos os recursos econôrnicos — terra, mão-de-obra, capital e habilidade empresarial bem como as atividades econômicas — agricultura, comercio, produção e comercio internacional — contribuíam para a riqueza de uma nação. Os mercantilistas tinham dito que a riqueza derivava do comercio. Os fisiocratas acreditavam que a terra e a agricultura eram as fontes de riqueza.
Leis econômicas. A escola clássica deu grandes contribuições para a economia ao concentrar a analise em teorias econômicas explicitas ou "leis". Exemplos incluem a lei da vantagem comparativa, a lei de rendimentos cada vez menores, a teoria da população de Malthus, a lei dos mercados (lei de Saw), a teoria da renda de Ricardo, a teoria quantitativa da moeda e a teoria do valor-trabalho. Os clássicos acreditavam que as leis da economia são universais e imutáveis.
No longo prazo, a economia clássica atendeu a toda a sociedade porque a aplicação de suas teorias promovia o acumulo de capital e o crescimento econômico. Ela dava respeitabilidade aos empresários, em um mundo que anteriormente tinha direcionado as honras e a renda para a nobreza e os abastados. Os mercadores e os industriais obtiveram um novo status e dignidade, como promotores da riqueza da nação, e os empresários estavam seguros de que, ao procurar o lucro, estavam atendendo a sociedade. Essas doutrinas, em ultima analise, levaram a mais benefícios materiais para proprietários e gerentes das empresas, pois as ideias clássicas ajudaram a promover o clima político, social e econômico que estimulou a indústria, o comercio e o lucro. Em ultima analise, o progresso econômico permitia aos trabalhadores melhorar suas próprias posições e, nesse sentido, a economia clássica também os beneficiou.
Os economistas clássicos forneceram a melhor analise do mundo econômico ate a sua época, ultrapassando, de longe, as analises dos mercantilistas e dos fisiocratas. Eles lançaram a base da economia moderna como uma ciência social, e as gerações que se seguiram se beneficiaram de suas intuições e conquistas. Os dogmas que se tornaram contribuições duradouras incluem, mas não se limitam: (1) à lei de rendimentos decrescentes, (2) a lei da vantagem comparativa, (3) a noção de soberania do consumidor, (4) a importância do acúmulo de capital para o crescimento econômico e (5) ao mercado como um mecanismo para reconciliar os interesses dos indivíduos com os interesses da sociedade.
Isso não deve sugerir que a economia clássica não tinha fraquezase erros. A história e os te6ricos subsequentes da economia mostrariam que o laissez-faire era inadequado como política pública para lidar, entre outras coisas, com depressões econômicas, monopólios (naturais ou não), poder monopsônico, efeitos externos de ações privadas e provisões de bens cujos benefícios eram indivisíveis (bens públicos). Alguns defensores da economia clássica levavam sua crença do laissez-faire a extremos absurdos. Além de sua ênfase excessiva no laissez-faire, a economia clássica era ambígua, deficiente ou errada em várias áreas da analise econômica.
OS TRÊS PRECURSORES DA ESCOLA CLÁSSICA
SIR DUDLEY NORTH (1641-1691) - Mercantilista
North tem sido chamado o primeiro mercador proeminente a favor do livre-comércio. Ele enfatizou que o comercio tido é um beneficio unilateral para qualquer país que realize um excedente de exportações, mas um ato de vantagem mutua para os dois lados. Seu objetivo não é acumular espécie, mas trocar excedentes. Uma divisão de trabalho e comercio internacional promoveria a riqueza, mesmo se nenhum ouro ou prata existisse.
North repudiou o conceito de que a riqueza deveria ser medida pelo estoque de metais preciosos de um pals. Sua ênfase era no comercio e no acumulo.
Ele observou que o comercio entre nac6es distribui a oferta de dinheiro de acordo com as necessidades do comercio. E era a favor do laissez-faire como a maneira de atingir os ganhos máximos tanto do comercio interno como do comercio internacional. Isso era uma teorização destemida em uma época de nacionalismo excessivo.
Embora North acreditasse que o livre-comércio ajudaria tanto os mercadores como o país, ele não professava uma harmonia de doutrina de rendimentos como a declarada por Ultimo por Smith. Na realidade, North via que muitos "negócios" especiais estavam sendo beneficiados custa do publico , utilizando o poder do governo para adquirir privilégios especiais. Sua ideia de que as autoridades não deveriam, portanto, apoiar interesses privados limitados era muito contraria a doutrina mercantilista. Novamente, ele apresenta uma reflexão que tem relevância para as questões comerciais contemporâneas.
Finalmente, North discordava do conceito mercantilista de que a guerra e a conquista enriquecem um país. Ele escreveu: "Dinheiro exportado no comercio significa um aumento na riqueza da nação, mas, se gasto em guerra e pagamentos no exterior, significa empobrecimento". Por "pagamentos no exterior", ele provavelmente queria dizer pagamentos feitos sem receber um retorno equivalente das importações, como no caso de subsídios militares aos aliados. Essa e uma visão antimercantilista das mais fortes, mas que, em si mesma, dá margem a criticas: a riqueza de uma nação consiste no valor dos serviços prestados, alem do valor de bens domésticos e importados que estiverem disponíveis.
RICHARD CANTILLON (1680-1734) – Fisiocrata
Cantillon foi o precursor dos fisiocratas de duas maneiras. Primeiro, ele utilizou o termo empresário e enfatizou o papel dessa figura na vida econômica. Os empresários, Cantillon dizia, comprometem-se com pagamentos definidos, a espera de recebimentos incertos. Esse risco é remunerado pelo lucro, que a concorrência tende a reduzir para o valor normal dos serviços dos empresários.
Ele desenvolveu uma teoria de valor e preço. Sua ênfase no papel da terra e do trabalho, na oferta e na demanda e nas flutuações do preço o em torno do valor intrínseco o torna um precursor direto da economia clássica.
Ele também antecipou o pensamento da economia clássica de varias outras maneiras. Por exemplo, ele declarou: "Os homens se multiplicam como ratos em um celeiro, se tiverem meios ilimitados de subsistência". O economista clássico Thomas Malthus tinha um ponto de vista semelhante. Alem disso, Cantillon analisava o juro como uma recompensa pelo risco corrido no empréstimo, com base nos lucros que os empresários podem auferir ao emprestar e investir. Ele concentrou-se na produtividade dos recursos de uma nação. E lamentava que os nobres e monges não trabalhassem para produzir bens. Mas os nobres são uma grande exaltação para o país, ele apontava, e durante o tempo de guerra, eles utilizarão, pelo menos, seus seguidores e cavalos para a vitória. Cantillon dizia que nos países católicos ha muitos dias santos, "o que reduz o trabalho das pessoas em cerca de uma oitava parte do ano".
Com um pé no campo mercantilista, ele considerava excedente de exportação o bom para o comercio. Mas não acreditava que o ouro e a prata obtidos em casa servissem para o mesmo objetivo. Sua ênfase era na produção de bens e na venda desses bens ao exterior, de modo que as empresas prosperassem. Mas ele acreditava que um excesso de exportação não poderia ser mantido indefinidamente. Eventos subsequentes acabariam com a exportação. A analise de Cantillon das forcas que impediam um excedente perpétuo das exportações e sua ênfase na venda de bens em vez do acumulo de ouro aproximavam-se do pensamento clássico.
Ele dizia que a descoberta e a exploração de ricas minas de ouro e prata elevariam os preços, os arrendamentos e os salários internos. Os custos maiores promoveriam, por sua vez, importações, em detrimento dos trabalhadores e fabricantes internos, pois o dinheiro sairia do país. "A grande circulação de dinheiro, geral no inicio, para; a pobreza e a miséria continuam e o trabalho das minas parece ser somente para a vantagem daqueles empregados nelas e dos estrangeiros que lucram com ela". Foi isso que aconteceu na Espanha, disse ele.
Mas, se o aumento no dinheiro vier de um excedente de exportações de bens, ele enriquecera os mercadores e os empresários e dará emprego aos trabalhadores. No entanto, a medida que o dinheiro entra no país e o comercio prospera, o consumo e os preços se elevam, o gasto com itens supérfluos importados aumenta e o excedente de exportação diminui. O Estado começa a perder alguns ramos de seu comercio lucrativo, e os trabalhadores deixam o país.
Observe que lido ha confiança na lei natural ou no restabelecimento automático do equilíbrio aqui! E David Hume que leva essa linha de raciocínio um passo adiante.
DAVID HUME (1711-1776)
De todos os precursores da economia clássica, Hume foi o que mais se aproximou das ideias de Smith.
A maior contribuição de Hume como economista foi apresentar o que tem sido chamado, desde então, de mecanismo de preço-fluxo de moeda. Os mercantilistas queriam promover um excedente de exportações para acumular moeda. Na visão sombria de Cantillon, essa tática era contraproducente, pois se mais moeda estivesse disponível, os preços subiriam e as importações aumentariam. Mas, para pagar pelas importações, o dinheiro seria enviado ao exterior, provocando pobreza e falência atrás de si. Assim, portanto, o governo deveria impedir o excesso de dinheiro. Os fisiocratas estavam basicamente despreocupados com o comercio exterior, exceto que eles desejavam permitir o livre fluxo de grãos no exterior. Mas Hume, que, como Cantillon, aceitava a teoria de quantidade de dinheiro de John Locke (o nível do preço é determinado pela quantidade de dinheiro disponível, dadas a velocidade e a quantidade da produção), analisou o mecanismo do equilíbrio internacional que operaria sem intervenção do governo. O laissez-faire poderia prevalecer com resultados felizes.
Hume não acreditava que esses ajustes de nível de preço (para cima ou para baixo) ocorreriam instantaneamente. Em "Of money" e em "Of interest", ele afirmou que as alterações no nível do preço inicialmente seriam inferiores as alterações no dinheiro. Por um tempo, um aumento no dinheiro elevaria os gastos, a produção e o emprego. Mas, finalmente, o fluxo de dinheiro seria completamente absorvido como um aumento no nível do preço. Do mesmo modo, uma redução na oferta de dinheiro, inicialmente, reduziria os gastos, a produção e o emprego, antes de baixar o nível do preço.
O mecanismo de preço-fluxo de moeda de Hume é o pensamento da lei natural. Esse pensamento provinha dasuposição de um equilíbrio. Depois que a economia se move para fora do equilíbrio, automaticamente ocorrem eventos para restaura-la a seu equilíbrio. O mecanismo de Hume, claro, não funciona mais adequadamente na economia internacional. Como o padrão completo do ouro foi abandonado em todos os lugares, a quantidade de dinheiro em uma economia especifica não depende mais do fluxo de ouro. Os bancos centrais controlam a oferta de dinheiro em suas economias, de maneira muito independente da balança comercial. Nem os preços e salários são tão flexíveis para baixo como Hume supôs. Mas Hume também sabia de um segundo fator que promoveria o equilíbrio no comercio internacional — um fator que precede as alterações de preço e os movimentos do ouro. Quando as taxas de cambio entre as moedas das nações são livres para flutuar, o desequilíbrio no comercio tende a se corrigir.
Hume esta dizendo que o comercio internacional é um jogo de soma positiva, em que os pagamentos se somam para obter um numero positivo. Isso deve ser contrastado com a soma zero dos mercantilistas, onde o ganho de uma das partes é exatamente contrabalançado pela perda da outra.
As provisões e a mão-de-obra tornam-se mais caras nas nações ricas, ele argumentou. Os países mais pobres podem, assim, concorrer com êxito nas fabricações mais grosseiras e, posteriormente, nas mais elaboradas. 
Mais de 200 anos de hist6ria indicam que o otimismo de Hume era justificado em alguns casos e não-justificado em outros. As nações ricas atraem capital e talento, o que os países mais pobres nem sempre podem fazer com êxito. A riqueza leva a melhorias da saúde e da educação, a maior capital social geral, a maiores mercados e a outros benefícios que, por sua vez, resultam na maior expansão de riqueza e de renda. A pobreza, em comparação, geralmente leva a condições que perpetuam a pobreza. Em muitos casos, portanto, a lacuna entre as nações ricas e as pobres aumentou, mas em outros casos a previsão de Hume se provou precisa. Coreia do Sul, Taiwan, Cingapura e Japão são alguns dos exemplos de nações cuja confiança no comercio internacional permitiu que melhorassem seu padrão de vida em relação à Inglaterra, à Holanda e Franca, desde a época de Hume. Mas a ideia de um equilíbrio internacional em que todas as nações acabam se tornando igualmente ricas parece, ate agora, muito otimista. Hume claramente exagerou a harmonia internacional de interesses.
Hume tratou de vários outros tópicos de interesse. Por exemplo, mostrou-se conhecedor do conceito de elasticidade de demanda, que não foi formalmente incorporado na analise econômica ate muito tempo depois. Você pode lembrar que essa ideia esta relacionada à resposta dos compradores de um produto a alterações no preço. Hume disse que, se os impostos sobre o vinho fossem reduzidos, o governo coletaria mais receita, aparentemente supondo que o aumento na receita com maior venda no exterior excederia a perda de receita do menor preço por unidade. Mas ele não ampliou esse conceito para o equilíbrio internacional. Ele argumentava que um aumento nas importações estimularia as exportações, mas não percebeu que, com uma demanda inelástica (menor alteração na quantidade em porcentagem do que a alteração no preço em porcentagem) para os produtos de um país no exterior, um excedente de importações que causasse uma queda no preço em casa não estimularia as exportações o suficiente para produzir o equilíbrio.
Hume se opõe a ideia fisiocratica de que os impostos aplicados aos trabalhadores são transferidos para o proprietário de terras na forma de maiores salários e arrendamento reduzido. Os salários da mão-de-obra dependem, ele disse, da oferta e da demanda pela mão-de-obra, não dos impostos. Quando um imposto é aplicado aos produtos que os trabalhadores consomem, a consequência imediata é que essas pessoas consomem menos ou trabalham mais e, portanto, o imposto, simplesmente, não é repassado ao proprietário de terras.
Hume e a Cooperação
A teoria dos jogos é aplicável em situações em que as empresas, ao tomar suas próprias decisões de preço, produção, publicidade e outras relacionadas, avaliam as ações contrárias de seus rivais. A suposição tradicional tem sido a de que a melhor estratégia nesses jogos é obter a vantagem das oportunidades de lucro apresentadas pelos "movimentos” dos rivais.
Um conceito bem conhecido e chamado de dilema do jogo do prisioneiro tem sido aplicado à tendência dos duopolistas (as empresas em um setor de duas empresas) de trapacear em um acordo de fixa o de preços. Ao consumar esse acordo, cada empresa teme que a outra tire proveito do preço elevado, fornecendo, secretamente, concessões de corte no preço para compradores. Isso irá permitir que aquele que está trapaceando aumente seus lucros e participa o no mercado custa do outro conspirador. Temendo que a outra empresa trapaceie, cada uma decide trapacear, e o acordo de fixação de preço se desgastará.
O dilema do prisioneiro, portanto, é um "jogo de uma Única vez'', enquanto a situa o de duopólio é um "jogo de repetição".
Em 1984, o cientista político Robert Axelrod demonstrou que a estratégia ideal para jogos de repetição é cooperar, desde que o outro lado seja recíproco.
Hume reconhecia que uma estratégia de cooperação pode ser ideal em situações em que interações futuras entre duas partes são prováveis. A implicação econômica dessa ideia que alguns acordos de fixa o de preços podem ser mais duráveis do que poderíamos supor.
A ESCOLA CLASSICA — ADAM SMITH
Riqueza: a divisão do trabalho
RESUMO:
A teoria dos sentimentos morais;
A harmonia dos interesses e o governo limitado;
“Mão invisível” x “ordem cultural”;
Economia progressivista e competitiva;
Lei do comportamento do interesse próprio;
Lei da vantagem absoluta no comércio internacional;
Lei econômicas.
O CONTEXTO HISTÓRICO
O modo de produção capitalista, após finalmente romper os grilhões do feudalismo e superar o período transitório do mercantilismo, atingiu seu clímax e revelou com mais clareza suas características socioeconômicas intrínsecas na Revolução Industrial, que ocorreu primeiro na Inglaterra e na Escócia, por volta das três últimas décadas do século XVIII e começo do século XIX, e difundiu-se por muitas partes da Europa Ocidental, no início do século XIX.
O rápido crescimento da procura externa por produtos industrializados ingleses desencadeou a Revolução Industrial, que acabou determinando uma das transformações mais fundamentais da vida humana na História.
A Inglaterra do século XVIII tinha uma economia com um mercado bem desenvolvido, no qual o preconceito tradicional contra o mercado capitalista, em termos de atitudes e ideologia, já estava muito enfraquecido. N a Inglaterra daquela época, maiores quantidades de produtos industrializados a preços mais baixos significavam lucros sempre crescentes. Assim, a busca do lucro, estimulada pela crescente procura externa, foi o motivo da virtual explosão de inovações tecnológicas ocorridas em fins do século XVIII e no início do século XIX – e que, além de transformarem radicalmente toda a Inglaterra, acabaram por transformar quase todo o mundo.
A indústria têxtil foi de suma importância, no início da Revolução Industrial. Mais especificamente, o desequilíbrio entre os processos de fiação e tecelagem levou a muitas inovações. A indústria metalúrgica também teve papel muito importante na arrancada inicial para a produção fabril mecanizada. Todas essas invenções levaram a uma rápida expansão das indústrias metalúrgicas e de mineração de carvão – o que permitiu o uso generalizado de máquinas de ferro em uma grande variedade de indústrias. 
Empresários de muitas outras indústrias viram as possibilidades de maiores lucros, se conseguissem aumentar a produção e baixar os custos. Nesse período, houve “um verdadeiro surto de atividades inventivas”.
No fim daquele século, o vapor estava substituindo rapidamente a água como principal fonte de energia na indústria. O desenvolvimento

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