Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Introdução de processos químicos e bioquímicos Departamento de Processos Inorgânicos Relatório da prática Eletroquímica Professor: Robinson Luciano Manfro Lorena Dalmaso Maria Beatriz Figueiredo Ribeiro Antonio Emerson Costa Santos Rio de Janeiro, 8 de novembro de 2018. I. INTRODUÇÃO A eletroquímica é a parte da química que retrata o uso de reações químicas espontâneas a fim de gerar eletricidade e do uso dela para forçar as reações químicas não espontâneas a acontecerem. O principal tipo de reações químicas nesse processo são as conhecidas como redox, em que há transferência de elétrons de uma espécie química para outra, modificando o número de oxidação dos elementos. A oxidação é a remoção de elétrons de uma espécie, enquanto a redução é a adição de elétrons a uma espécie. As reações de redução e oxidação responsáveis pela reação global em uma célula eletroquímica ocorrem espacialmente separadas. A oxidação acontece em um compartimento eletrônico e a redução em outro. Conforme a reação avança, os elétrons liberados na oxidação em um eletrodo movem-se através do circuito externo e entram na célula através do outro eletrodo. Neste eletrodo eles propiciam a redução. O eletrodo onde a oxidação ocorre é chamado de anodo; o eletrodo em que a redução ocorre é chamado de catodo. As células galvânica e eletrolítica são as principais aplicações da eletroquímica, que serão melhor exemplificadas a seguir. Células Galvânicas Uma pilha galvânica é uma célula eletroquímica que gera eletricidade como resultado de reações espontâneas. No catodo há uma espécie química com maior potencial de redução padrão, e no anodo uma espécie com menor potencial de redução padrão. Com isso, acontecerá redução do eletrodo catódico e oxidação no eletrodo anódico. Os elétrons liberados na oxidação se deslocam pelo circuito externo até o eletrodo catódico, onde ocorrerá a redução. Na solução eletrolítica, há liberação de íons em ambos processos, que podem ser neutralizados com a utilização de uma ponte salina. Células Eletrolíticas Na célula eletrolítica ocorre a eletrólise, que é um processo não espontâneo. O arranjo dos componentes nessas células é diferente do arranjo da célula galvânica. Geralmente os dois eletrodos estão no mesmo compartimento, existe apenas um tipo de eletrólito, as concentrações e pressões não estão próximas das condições padrão. Semelhante a uma célula galvânica, a oxidação ocorre no anodo e redução no catodo. Os elétrons vão do anodo para o catodo pelo circuito externo, os cátions movem-se através do eletrólito na direção do catodo, e, os ânions, na direção do anodo. Porém, é necessário fornecer corrente de uma fonte elétrica externa para que a reação ocorra. O objetivo é forçar a oxidação em um eletrodo e a redução no outro. II. OBJETIVOS ● Construção de uma pilha eletroquímica ● Observar a redução do Cobre ● Observar os efeitos da eletrólise III. MATERIAIS E MÉTODOS Experimento 01: Pilha Eletroquímica Materiais: ● Proveta/tubo de ensaio ● Barra de cobre ● Barra de ferro ● 2 fios com jacaré ● Solução 3% (m/m) de NaCl ● Fenolftaleína ● Ferricianeto de potássio Procedimento: Em um tubo de ensaio, foi colocada a solução de NaCl, preenchendo pouco mais da metade de seu volume e, em seguida, adicionou-se cinco gotas de fenolftaleína e duas gotas de ferricianeto de potássio. Através de buracos localizados na tampa de plástico do tubo, foram inseridas uma barra de cobre e uma barra de ferro, anteriormente limpas com uma lixa. Com o auxílio de um fio provido de jacarés nas pontas, as duas barras metálicas foram ligadas. Experimento 02: Redução do Cobre Materiais: ● Proveta ● Chumaço de palha de aço ● Ferricianeto de potássio ● Solução de CuSO4 Procedimento: Em uma proveta, foi introduzido um chumaço de palha de aço, tomando-se o cuidado de deixar uma ponta para que ele pudesse ser retirado posteriormente. A solução de CuSO4 foi adicionada, atravessando a palha de aço. Ao final dessa experiência, foi adicionado ferricianeto de potássio a proveta. Experimento 03: Eletrólise Materiais: ● Béquer ● Barra de cobre ● Moeda ● Pilha ● 2 fios (com jacaré) ● Solução de CuSO4 Procedimento: Inicialmente, realizou-se a limpeza mecânica da barra de cobre e da moeda com uma lixa. Feito isso, a moeda foi pesada e a solução de CuSO4 foi colocada no béquer. Após ligar, com o auxílio de dois fios providos de jacaré, a barra e a moeda, respectivamente, nos polos positivo e negativo da pilha, elas foram introduzidas ao béquer. Após 10 minutos mergulhada na solução, fez-se a secagem e pesagem da moeda. IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO Experimento 01: Pilha Eletroquímica Inicialmente foi preparada uma solução 3% (m/m) de NaCl com fenolftaleína e ferricianeto de potássio. Então foi colocado, através de um buraco na tampa, a barra de ferro na solução. Houve a formação de uma coloração rosa na região superior da barra, e azul na região inferior. Isso ocorre devido reações de oxirredução entre o metal e a solução, que podem ser observadas na tabela abaixo. Reações de oxirredução semi reação de oxidação/anódica: Fe(s)→ Fe2+(aq)+ 2e- semi reação de redução/catódica: H2O(l) + ½ O2(aq) + 2e- → 2OH-(aq) Tabela 1: reações de oxirredução observadas A oxidação do ferro metálico leva a liberação de elétrons que se acumulam na barra. Esses elétrons interagem com o oxigênio dissolvido na água que, por consequência, sofrem redução e levam a formação de hidroxilas. A região superior da barra fica rosa pois nesse compartimento eletroquímico acontece a reação de redução, que libera hidroxilas e aumenta o pH da solução. Já a coloração azul é explicada pela formação de íons Fe2+ na presença de ferricianeto de potássio. Nesse experimento foi constatado que é possível um único eletrodo conter um compartimento catódico e outro anódico. Ao fim dessa etapa, a barra de cobre foi inserida junto a de ferro na solução, conectadas com auxílio dos fios com jacaré. Houve a formação de uma pilha eletroquímica que funciona através de reações de oxirredução as quais acontecem espontaneamente produzindo um fluxo de elétrons, onde uma parte do sistema os doa (oxida) e a outra os recebe (reduz). Uma pilha fácil de ser construída e que permite a observação do fenômeno descrito é a formada pelo sistema Fe/Cu. Quando esses materiais são postos em contato elétrico as reações que se processam são a redução do cobre e a oxidação do ferro pois surge uma diferença de potencial (d.d.p.) entre dois eletrodos e há produção de corrente com uma determinada intensidade. Para estabelecer essa corrente é necessário um circuito fechado com um fio para unir os condutores e permitir a passagem da corrente elétrica (conhecida como jacaré). Ao observarmos as semi-reações de redução ocorrida no processo, é possível identificar o agente oxidante e o agente redutordo experimento. Semi-reações de redução E(v) Fe(s)→ Fe2+(aq)+ 2e- -0,44 Cu2+(aq) + 2e- → Cu(s) +0,34 Tabela 2: Reações de redução observadas O Ferro será o anodo, oxidando-se e perdendo elétrons, que migram para o catodo, que por sua vez é reduzido, como no caso do Cobre. Essa conclusão é obtida a partir dos potenciais padrões de redução. Como o cobre é positivo, tem-se que ele é o agente oxidante, fazendo com que o ferro seja o agente redutor. O anodo (Ferro) sofrerá desgaste, formando ferrugem no fundo do recipiente. Devido a adição dos indicadores fenolftaleína e ferricianeto de potássio, é possível analisar o processo corrosivo. A fenolftaleína, que é um indicador de área catódica, apresenta coloração rosa em meio básico e, portanto, deixa a coloração característica próxima a barra de cobre. Já na barra de ferro, nota-se uma região azul (área anódica), indicando a formação de íons Fe2+ devido a presença de ferricianeto de potássio. Percebe-se também que há uma perda de massa da barra em consequência da degradação causada pela reação de oxidação. Figura 1: Resultado observado na formação da pilha A partir dos potenciais padrão de redução dados também é possível calcular o potencial da pilha usando a seguinte fórmula E REDmaior - EREDmenor. Visto EΔ = isso, foi encontrada a ddp de 0,78V. Experimento 02: Redução do Cobre Neste experimento foi analisado a reação de dupla-troca entre o cobre e o ferro, por meio de uma reação de oxirredução. Foi colocada a uma proveta um chumaço de aço (Ferro + Carbono) e adicionada uma solução de CuSO4, gerando a seguinte reação: CuSO4(aq) + Fe(s) → FeSO4(aq) + Cu(s) Após a adição de CuSO4(aq), que ocorreu de forma espontânea (reação galvânica) devido ao potencial de redução de cobre ser maior do que o de ferro, foi possível observar a formação de regiões avermelhadas (Figura 2). Essa reação também é exotérmica visto que é espontânea e possui energia livre de Gibbs negativa. Esse fato é comprovado pela retenção de vapor nos locais que houve interação da solução com a palha de aço. A solução CuSO4 era de coloração azul e após passar pelo chumaço de aço tornou-se amarelada no fundo da proveta. Isso deve-se ao fato do ferro ser oxidado e substituir o cobre que estava em solução aquosa. Depois disso, a solução amarelada depositada na proveta foi transferida para a proveta do experimento 1, solução em que havia o indicador ferricianeto de potássio. Instantaneamente, a solução adquiriu uma cor de azul muito escura (Figura 3), reafirmando a presença de íons ferro em solução. Figura 2: Oxidação do ferro Figura 3: Coloração azul registrada Experimento 03: Eletrólise Após lixar a barra de cobre e a moeda, elas foram introduzidas em um béquer com solução de CuSO 4. Ambas foram conectados em uma pilha com o auxílio de fios e jacarés. A barra de cobre foi colocada no polo positivo da pilha e atua como compartimento anódico, já que irá oxidar e perder massa; a moeda foi colocada no polo negativo da pilha e atua como compartimento catódico, pois irá reduzir e ganhar massa. Figura 3: Célula eletroquímica Após a montagem da célula eletrolítica, o sistema foi deixado em repouso durante 10 minutos para posterior análise dos resultados. Semi-reações de oxirredução Semi-reação de oxidação/anódica: Cu(s) → Cu+2(aq) + 2e- Semi-reação de redução/catódica: Cu+2(aq) + 2e- → Cu(s) Tabela 3: Reações observadas no processo de eletrólise Como citado anteriormente, o cobre tem potencial padrão de redução igual a +0,34V. Isso significa que em uma reação de oxirredução, esse elemento irá reduzir. Porém, é possível forçar o acontecimento da oxidação quando há um fornecimento externo de energia (como a pilha). Esse processo é conhecido como eletrólise. Nesse caso específico, é explorado uma de suas aplicações, conhecida como eletrodeposição. Dando sequência ao experimento, todas as moedas utilizadas pelas 5 equipes foram pesadas antes e depois do processo de eletrólise. Foram obtidos os seguintes dados: Equipes Massa inicial (g) Massa final (g) 1 3,7230 3,7326 2 3,8754 3,8818 3 3,7173 3,7226 4 3,8883 3,8889 5 3,9870 3,9880 Tabela 4: massa das moedas antes e depois do processo eletrolítico A partir da análise da tabela acima é possível afirmar que processo de eletrólise (eletrodeposição) realmente ocorreu. Observa-se que a moeda aumentou de massa em todos os casos. Isso significa que a barra de cobre foi corroída/oxidada liberando elétrons que se juntam ao Cu+2 e se depositam na moeda formando cobre metálico. Após a construção da célula eletrolítica e a análise de ganho de massa da moeda, foi calculado a corrente gerada pela pilha, que força o acontecimento da eletrólise. A seguinte fórmula foi utilizada: ➔ Em que: : variação da massa da moeda antesm Δ e depois do experimento em gramas i: intensidade da corrente em ampérem Δ = F i × t × E t: tempo do experimento em segundos E: equivalente eletroquímico do cobre F: constante de Faraday Foram encontrados os seguintes resultados: Equipes (mg)m Δ Corrente (mA) 1 9,6 48,6 2 6,4 32,4 3 5,3 26,8 4 0,6 3,03 5 1 5,06 Tabela 5: intensidade de corrente encontrada Nota-se, a partir das informações da tabela, que é necessário ceder corrente elétrica para que a eletrólise ocorra. Também é possível perceber que quanto maior a variação de massa, maior a intensidade da corrente gerada. V. CONCLUSÃO As experiências laboratoriais foram realizadas com sucesso, uma vez que foi observado, através dos indicadores e cálculos teóricos, a eficiência das reações de oxirredução. Sua prática é crucial, pois propicia amplo aprendizado sobre os processos eletroquímicos e a construção das suas teorias, que, atualmente, são utilizadas em escala industrial e cotidiana e tem extrema importância. Conclui-se, assim, que os experimentos atingiram o seu objetivo de estudar os processos eletroquímicos, a montagem e a operação de uma pilha eletroquímica e um dispositivo de eletrólise simples. VI. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. P. W. Atkins. Princípios De Química - Questionando A Vida Moderna E O Meio Ambiente, 3ª edição, 2006. 2. P. W. Atkins. Físico-Química, 7ª edição, 2002.
Compartilhar