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1 2 3 Reitor Prof. Ms. Stefano Barra Gazzola Gestão da Educação a Distância Prof. Ms. Wanderson Gomes de Souza Design Instrucional e Diagramação Diógenes Caxin Victor Rocha Coord. do Núcleo Pedagógico Prof.ª Ms. Terezinha Nunes Gomes Garcia Prof.ª Dr.ª Gleicione Aparecida Dias Bagne de Souza Revisão Ortográfica / Gramatical Erika de Paula Sousa 4 Autor Alessandro Ferreira Alves Doutor em Matemática Aplicada pela Faculdade de Engenharia Elétrica e Computação (FEEC) da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP-SP) no departamento de Telemática. Mestre em Matemática Pura pelo Instituto de Matemática, Estatística e Computação (IMECC) da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP-SP). Possui Licenciatura Plena em Matemática pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU-MG). Atua como professor titular no Centro Universitário do Sul de Minas (UNIS-MG), desde o ano de 2001, como professor em diversos Cursos de Graduação, bem como cursos de pós- graduação, nas Modalidades Presencial (GEP) e a Distância (GEaD). Além disso, é Coordenador do Curso de Licenciatura Plena em Matemática na Modalidade a Distância desde o segundo semestre de 2007, bem como já atuou como coordenador dos cursos de pós-graduação do UNIS-MG, tais como: MBA em Finanças Corporativas (GEDUP – 2007 e 2008), MBA em Gestão Empresarial (GeaD – 2008), Pós-graduação em Matemática Empresarial (GEP – 2004, 2005 e 2006) e Lato Sensu em Matemática e Ensino (GEDUP – 2002 e 2003). Atualmente, atua como professor titular de disciplinas em vários cursos de 5 nossa instituição, como, por exemplo, Engenharia Mecânica, Engenharia de Produção, Engenharia Civil, Matemática, Física, Comércio Exterior, Sistemas de Informação e Ciência da Computação, relacionadas à Matemática, Estatística e Computação, bem como professor em diversos cursos da GEPÓS, (MBA em Finanças Corporativas e Gestão Bancária, MBA em Gestão Estratégica e Inteligência em Negócios, MBA em Gestão Empresarial, MBA em Logística Empresarial e Lato Sensu em Ensino de Matemática e Física). O professor Alessandro Ferreira Alves também é membro do CONSELHO UNIVERSITÁRIO (CONSUN) do Centro Universitário do Sul de Minas Gerais desde o ano de 2008, atuando como representante do quadro de coordenadores da instituição. De outra forma, atua com projetos de consultoria na área de Finanças, Estatística Aplicada a Mercado e Controle Estatístico de Processos. 6 ALVES, Alessandro Ferreira Guia de Estudo – Cálculo Diferencial Integral I – Alessandro Ferreira Alves. Varginha: GEaD- UNIS/MG, 2012. 144p. 1. Introdução ao cálculo diferencial e integral, limites e continuidade de funções de uma variável real. I. Título. 7 Sumário PRÉ-REQUISITOS 10 UNIDADE 03 – Aplicações Envolvendo a Derivada 11 Aspectos Introdutórios: A Derivada como Taxa de Variação 12 2. Máximos e Mínimos de Funções 46 4. Funções Crescentes e Decrescentes 68 5. Critérios de Caracterização de Extremos de Funções 79 6. Concavidade e Pontos de Inflexão 91 7. Processo Sistemático para a Análise Geral do 105 Comportamento de uma Função y = f(x) 105 8. Problemas Diversos sobre Máximos e Mínimos 117 9. Regra de L’ Hospital e Mínimos 135 Resumo da Unidade 141 Diretrizes para a Próxima Unidade 141 Referências Bibliográficas 142 Bibliografia Básica 143 Bibliografia Complementar 143 8 META Nesta terceira unidade é de nosso interesse apresentar as aplicações envolvendo o conceito e interpretação das derivadas, já que em diversas áreas do conhecimento (matemática, física, engenharia etc.) encontramos diversas situações que devem ser resolvidas utilizando a derivada como taxa de variação. Além disso, estaremos discutindo uma série de resultados e procedimentos a fim de estudarmos o comportamento de funções mais complexas através da interpretação gráfica. De outra forma, apresentaremos uma série de resoluções de aplicações de problemas simulados utilizando os conceitos apresentados anteriormente. 9 OBJETIVOS DA UNIDADE Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta unidade, você seja capaz de: - compreender e aplicar a noção de derivada na resolução de problemas simulados nas áreas de matemática e física; - estar plenamente familiarizado com os principais conceitos e resultados envonvendo derivadas e taxas de variação; - estar plenamente familiarizado com problemas envolvendo máximos e mínimos; - estar plenamente familiarizado com os principais resultados para a análise do comportamento de funções mais complexas; - estar plenamente familiarizado com funções crescentes e decrescentes; 10 - caracterizar pontos de inflexão e extremos de funções; - compreender, relacionar e aplicar os principias resultados do cálculo diferencial de uma variável em situações do dia a dia; PRÉ-REQUISITOS Em verdade, para se ter um bom aproveitamento desta unidade, é importante você relembrar os tópicos discutidos nas duas primeiras unidades deste guia de estudos. 11 EMENTA Limites. Continuidade. Derivadas. Estudo da Variação das Funções. Máximos e Mínimos. A Integral Indefinida. A Integral Definida. Técnicas de Integração. UNIDADE 03 – Aplicações Envolvendo a Derivada 12 Aspectos Introdutórios: A Derivada como Taxa de Variação 13 Já vimos na unidade 02 que a derivada na Física é de fundamental importância, por exemplo, porque a Aceleração nada mais é do que a derivada da velocidade com relação ao tempo t. Ou ainda, vimos que quando um corpo qualquer se move em linha reta de acordo com a equação do movimento s = s(t), então a sua velocidade é dada por v = s’(t), ou seja, a velocidade representa a variação do deslocamento por unidade de variação do tempo. Importante A derivada s’(t) pode ser interpretada como a taxa de variação da função s(t) por unidade de variação do tempo t. A derivada v’(t) pode ser interpretada como a razão da variação da velocidade v(t) por unidade de variação t. 14 Figura 01: A derivada como taxa de variação. Desta forma, já podemos perceber que toda derivada pode ser encarada como uma taxa de variação. Por exemplo, se considerarmos uma função y = f(x) , quando a variável independente x varia de x até x + x, a correspondente variação de y será y = f(x + x) – f(x). Logo, o quociente, x y = x xfxxf )()( 15 Representa a taxa média de variação de y em relação a x. Por outro lado, a derivada f ’(x), Representa a taxa instantânea de variação ou simplesmente taxa de variação de y em relação a x. Vejamos alguns exemplos que ilustram a aplicabilidade envolvendo taxas de variação em diversas situações. f ’(x) = 0 lim x x xfxxf )()( Importante! A interpretação da derivada como uma razão de variação tem aplicações práticas nas mais diversas áreas do conhecimento.16 Quando estudamos a Geometria de Euclides (Geometria Euclidiana), vemos que a área de um quadrado é função de seu lado. Desta forma, pede- se: a) Calcular a taxa de variação média da área de um quadrado em relação ao lado quando este varia de 2,5 a 3 metros. b) A taxa de variação da área em relação ao lado quando este mede 4 metros. Solução: Vamos considerar A a área do quadrado e l o seu lado. Desta forma, podemos escrever que A = l², ou seja, da geometria elementar sabemos que a área de um quadrado é o seu lado ao quadrado. Desta forma, temos que: a) A taxa média de variação média de A em relação a l 17 quando l varia de 2,5 a 3 metros é dada por: l A = 5,23 )5,2()3( AA = 5,0 25,69 = 5,0 75,2 = 5,5 b) A taxa de variação da área em relação ao lado é dada por: dl dA = )( 2l dl d = 2.l Logo, quando l = 4 metros, temos que: dl dA = 2.(4) = 8, Ou seja, 18 )4(dl dA = 8 Portanto, concluímos que quando l = 4 metros, a taxa de variação da área do quadrado será de 8 m² por variação de 1 metro no comprimento do lado. Vimos que a Derivada pode ser interpretada como uma inclinação e como uma taxa de variação. Desta forma, responda: a) Se a velocidade de um corpo ao tempo t segundos for medida em metros/segundo, quais são as unidades da aceleração? b) O custo C para construir uma casa de área A metros quadrados é dado pela função C = f(A). Qual é a interpretação prática da função f ’(A)? 19 c) O custo para extrair T toneladas de minério de uma mina de cobre é dado por C = f(T) reais. Qual é o significado de falarmos que f ’(2000) = 100? Solução: a) As unidades da aceleração, ou, como sabemos Aceleração = dt dv , são 2)()).(( segundo metros segundosegundo metros , ou ainda, escrevemos metros/seg 2 . b) Temos que f ’(A) = dA dC , é um custo dividido por uma área, logo, é medido em reais por metro quadrado. Podemos pensar em dC como custo extra para construir dA metros quadrados a mais. Desta forma, dA dC é o custo adicional por metro quadrado. Ou seja, se for de interesse o planejamento de se construir uma casa de mais ou 20 menos A metros quadrados de área, f ’(A) é o custo por metro quadrado de área extra , envolvida na construção de uma casa um pouco maior, chamamos de custo marginal. O custo marginal não é necessariamente o mesmo que o custo médio por metro quadrado para a casa toda, pois, uma vez que decidimos construir uma casa grande, o custo para acrescentar uns poucos metros quadrados poderia ser relativamente pequeno. c) Temos que f ’(2000) = dT dC 2000T . Como C é medido em reais e T em toneladas dT dC , deve ser medido em reais por tonelada. Desta forma, a declaração dT dC 2000T = 100 diz que quando 2000 toneladas de minério tiverem sido extraídas da mina, o custo de extrair a tonelada seguinte é aproximadamente R$100,00. Outro modo de falarmos o mesmo, é que custa cerca de R$100,00 extrair a tonelada 21 número 2000 ou 2001. Note que isto pode ser bem diferente do custo para extrair a décima tonelada, que provavelmente será mais acessível. Consideremos a seguinte situação: A Cidade AFA é atingida por uma moléstia epidêmica. Os setores da secretaria de saúde da cidade AFA calculam que o número de pessoas atingidas pela moléstia depois de um tempo t (mensurado em dias a partir do primeiro dia da epidemia) é aproximadamente caracterizado pela expressão: Pede-se: a) Qual a razão da expansão da epidemia no tempo t = 4? f(t) = 64.t – 3 3t 22 b) Qual a razão da expansão da epidemia no tempo t = 8? c) Quantas pessoas serão atingidas pela epidemia no 5 0 dia? Solução: Neste caso, notemos, inicialmente, que a taxa com que a epidemia se propaga é dada pela razão de variação da função f(t) em relação a t. Desta maneira, para um tempo t qualquer, essa taxa é caracterizada por: Logo: a) No tempo t = 4, temos que f ’(4) = 64 – (4)² = 64 – 16 = 48. Portanto, no tempo t = 4, a moléstia está se alastrando à razão de 48 pessoas por dia. b) No tempo t = 8, temos que f ’(8) = 64 – (8)² = 64 – 64 = 0. Portanto, no tempo t = 8, a moléstia está totalmente f '(t) = 64 – t² 23 controlada. c) Como o tempo foi contado em dias a partir do 1 0 dia de epidemia, o 5 0 dia corresponde à variação de t de 4 para 5. O número de pessoas atingidas pela moléstia durante o 5 0 dia será dado por: f(5) – f(4) = (64.5 – 3 53 ) – (64.4 – 3 43 ) f(5) – f(4) = 320 – 3 125 – 256 + 3 64 f(5) – f(4) = 43 Observação Importante sobre o Exemplo! No item (a) vimos que no tempo t = 4 (início do 5 0 dia), a epidemia se alastra a uma taxa de 48 pessoas por dia. No item (c) calculamos que durante o 5 0 dia 43 pessoas serão atingidas. Essa diferença ocorreu porque a taxa de propagação da moléstia se modificou no decorrer do dia. 24 Analistas de produção verificaram que na montadora AFA, o número de peças produzidas nas primeiras t horas diárias de trabalho, é caracterizada pela expressão: Pede-se: a) Qual a razão de produção (em unidades por hora) após 3 horas de trabalho? b) Qual a razão de produção (em unidades por hora) após 7 horas de trabalho? c) Quantas peças serão produzidas na 8 a hora de trabalho? f(t) = 84),1.(200 40),.(50 2 tparat tparatt 25 Solução: Neste caso, temos que: a) A razão de produção após 3 horas de trabalho é dada por f ’(3). Notemos que na definição da função f(t) para t < 4 segue que f ’(t) = 50.(2t + 1), ou seja, f ’(3) = 50.(2.(3) + 1) = 350. Logo, após 3 horas de trabalho a razão de produção é de 350 peças por hora de trabalho. b) A razão de produção após 7 horas de trabalho é dada por f ’(7). Notemos que na definição da função f(t) para t > 4 segue que f ’(t) = 200, ou seja, f ’(7) = 200. Logo, após 7 horas de trabalho a razão de produção é de 200 peças por hora de trabalho. c) O número de peças produzidas 8 a hora de trabalho é dado por: f(8) – f(7) = 200.(8 + 1) – 200.(7 + 1) f(8) – f(7) = 200 26 Um reservatório de água em uma residência na cidade AFA está sendo esvaziado para limpeza. A quantidade de água no reservatório, em litros, t horas após o escoamento ter iniciado é caracterizada pela expressão: Observação Importante sobre o Exemplo! Neste exemplo, o número de peças produzidas na 8 a hora de trabalho coincidiu com a razão de produção após 7 horas de trabalho. Tal fato ocorreu porque a razão de produção permaneceu constante durante o tempo considerado. V = 50.(80 – t)2 27 Pede-se: a) A taxa de variação média do volume de água no reservatório durante as 10 primeiras horas de escoamento. b) A taxa de variação do volume de água no reservatório após 8 horas de escoamento. c) A quantidade de água que sai do reservatório nas 5 primeiras horas de escoamento. Solução: Neste caso, temos que: a) A taxa de variação média do volume nas 10 primeiras horas é dada por: dt dv = 10 )080.(50)1080.(50 22 = 10 )8070.(50 22 = 10 )150.(50 = – 7500 l/hora 28 b) A taxa de variação do volume de água num tempo qualquer é dada por: dt dV = 50.2(80 – t).(– 1) = – 100.(80 – t) No tempo, t = 8, temos que: )8(dt dV = – 100.(80 – 8) = (– 100).(72) = – 720 l/h c) A quantidade de água que sai do reservatório nas 5 primeiras horas é dada por: V(0) – V(5) = 50.(80)² – 50.(75)² V(0) – V(5) = 38 750 litros 29 O período de tempo L, em horas de permanência de uma droga no sistema de uma pessoa é uma função da quantidade administrada, q, em MG. Desta forma, L = f(q). a) Interprete a afirmação f(10) = 6. Dê unidades para os números 10 e 6. b) Interprete a afirmação f ’ (10) = 0,5 em termos de dose e duração. Solução: a) Sabemos que f(q) = L. Na afirmação f(10) = 6, temos que q = 10 e L = 6, assim as unidades são 10 mg e 6 horas. A afirmação f(10) = 6 nos diz que uma dose de 10 mg dura 6 horas. 30 b) A afirmação f ’(10) = 0,5 nos diz que, a uma dose de 10 mg, a taxa de variação da duração é de 0,5 hora por MG. Em outras palavras, se aumentarmos a dose por 1 mg, a droga permanecerá no corpo aproximadamente por 30 minutos mais. O número de novas assinaturas de um jornal, y, em um mês é função da quantia, x, em reais, gasta em propaganda nesse mês. Desta maneira, y = f(x). a) Interprete as afirmações f(250) = 180 e f ’(250) = 2. b) Utilize as afirmações dadas na letra (a) para avaliar f(251) e f(260). Qual avaliação é mais confiável? Solução: a) A afirmação f(250) = 180 nos diz que y = 180 quando x = 250. Isto significa que se R$250,00 forem gastos por mês em 31 propaganda, resultarão 180 novas assinaturas num mês. Como a derivada é dx dy , a afirmação f ’(250) = 2 nos diz que dx dy = 2 quando x = 250. b) A afirmação f(250) = 180 diz que, quando são gastos R$250,00 em propaganda há 180 novas assinaturas. A afirmação f ’(250) = 2 diz que o número de novas assinaturas aumenta a uma taxa de 2 assinaturas por real adicional gasto em propaganda. Se um real a mais for gasto em propaganda (e então x = 251), esperamos 2 novas assinaturas além das 180, portanto f(251) 180 + 2 = 182. Analogamente, se 10 reais a mais forem gastos em propaganda (e assim x = 260), esperaremos cerca de 10.(2) = 20 novas assinaturas e f(260) 180 + 10.(2) = 200. Note que para avaliar f(260) temos que assumir que a taxa de 2 novas assinaturas para cada real adicional continua para todo o percurso de x = 250 a x = 260. Isto significa que a estimativa para f(251) é mais confiável. 32 Um quadrado de lado l está se expandindo segundo a equação l = 2 + t², onde a variável t representa o tempo. Determinar a taxa de variação da área desse quadrado no tempo t = 2. Solução: Vamos considerar A como sendo a área do quadrado. Logo, podemos escrever que: Área = (lado)² = l² Notando que de acordo com o enunciado l = (2 + t²). Desta maneira, sabemos que a taxa de variação da área em relação Informação Importante! Em muitas situações práticas a quantidade em estudo é caracterizada por uma função composta, ou seja, através da composição de funções. Nestas situações, para determinarmos a taxa de variação do contexto, devemos utilizar a Regra da Cadeia apresentada na unidade 02. 33 ao tempo, num tempo t qualquer, é caracterizada por dt dA . De acordo com os aspectos teóricos apresentados na unidade 02 do guia de estudos, vimos o resultado envolvendo o cálculo da derivada de funções compostas, como apresentado mais uma vez abaixo. Teorema 02 (A Regra da Cadeia): Sejam f e g funções deriváveis e h a função composta definida por h(x) = (f g)(x) = f(g(x)). Se u = g(x) é derivável no ponto x e se y = f(u) é derivável no ponto u = g(x), então a função composta h é derivável no ponto x e a sua derivada é dada por: h'(x) = (f g)’(x) = [f(g(x)]’ = f ’(g(x)).g’(x) 34 Desta forma, aplicando a Regra da Cadeia no exemplo em questão, vem que: dt dA = dl dA . dt dl = (2.l).(2.t) = 4.l.t = 4.(2 + t²).t No tempo t = 2, temos que: )2(dt dA = 4.(2 + 2²).(2) = 48 unid. área / unid. tempo Importante! O Teorema 02 nos diz que a derivada de uma função composta é igual a derivada da função de fora aplicada na função de dentro, vezes a derivada da função de fora. 35 O raio de uma circunferência cresce a razão de 21 cm/s. Qual a taxa de crescimento do comprimento da circunferência em relação ao tempo? Solução: Consideremos: r = raio da circunferência t = tempo l = comprimento da circunferência. Da Geometria, sabemos que: l = 2.π.r 36 De acordo com o enunciado do problema (por hipótese), a taxa de crescimento de r em relação a t é dada por dt dr = 21 cm/s. Sendo assim, para encontrarmos a taxa de crescimento de l em relação a t, ou seja, para encontrarmos dt dl , devemos utilizar mais uma vez a Regra da Cadeia. Neste caso, temos que: dt dl = dr dl . dt dr = (2.π). dt dr = (2.π).(21) = 42.π cm/s Um ponto P(x,y) se move ao longo do gráfico da função y = x 1 . Se a abscissa varia à razão de 4 unidades por segundo, qual é a taxa de variação da ordenada quando a abscissa é x = 10 1 ? Solução: Neste caso, temos que: dt dy = dx dy . dt dx 37 Desta maneira, como x varia à razão de 4 unidades/segundo, dt dx = 4. Como y = x 1 , vem que dx dy = 2 1 x . Então, vem que: dt dy = dx dy . dt dx dt dy = ( 2 1 x ).(4) = 2 4 x Quando x = 10 1 , obtemos: dt dy = 2) 10 1 ( 4 = – 4.(100) = – 400 Portanto, concluímos que quando a abscissa do ponto P é x = 10 1 e está crescendo a uma taxa de 4 unidades/segundo, a ordenada decresce a uma razão de 400 unid./s. A Figura 02 abaixo nos mostra a disposição geométrica do exemplo. 38 Figura 02: A interpretação da situação do exemplo. Acumula-se areia em um monte com forma de um cone onde a altura é igual ao raio da base. Se o volume de areia cresce a uma taxa de 10 m 3 /h, a que razão aumenta a área da base quando a altura do monte é de 4 metros? Solução: Consideremos a Figura 03 abaixo, que nos mostra a disposição geométrica do cone em questão. 39 Figura 03: O cone do exemplo. Onde: V = volume de areia h = altura do monte r = raio da base A = área da base. Da Geometria Espacial, sabemos que: h r 40 e Por hipótese, temos que dt dV = 10 m³/h e h = r. Substituindo h = r na expressão do volume, vem que: (I) A = π.r² (II) V = 3 1 π.r².h (III) V = 3 1 π.r³ 41 Queremos encontrar a taxa de variação dt dA quando r = 4 metros. Derivando (I) com relação a t, vem que: dt dA = dr dA . dt dr dt dA = (2πr). dt dr Notemos que necessitamos encontrar dt dr . Derivandoa expressão (III) em relação a t, vem que: dt dV = dr dV . dt dr dt dA = (πr²). dt dr Como dt dV = 10 m³/h, temos que: 42 dt dr = 2. 1 r .(10) = 2. 10 r Portanto, dt dA = (2πr). 2. 10 r = r 20 Quando r = h = 4 metros, dt dA = 4 20 = 5. Logo, quando a altura do monte é de 4 metros, a área da base cresce a uma taxa de 5 m²/h. Seja V centímetros cúbicos o volume de um cubo tendo uma aresta de a centímetros. Pede-se para encontrar a taxa de variação média do volume com relação a a quando este varia de: a) 3,00 a 3,20 43 b) 3,00 a 3,10 c) 3,00 a 3,01 d) Qual é a taxa de variação instantânea do volume em relação a a quando a = 3? Solução: Neste caso, temos que como o volume de um cubo é dado por Consideremos a função f definida por: V = a 3 f(a) = a3 44 Desta forma, a taxa de variação média de V em relação a a quando este varia de a 1 até a 1 + a é dado por: Logo, temos que: a) a 1 = 3, a 1 + a = 3,2, i.e., a = 0,2, segue que: 2,0 )3()2,3( ff = 2,0 )3()2,3( 33 = 28,8 b) a 1 = 3, a 1 + a = 3,10, i.e., a = 0,1, segue que: 1,0 )3()1,3( ff = 1,0 )3()1,3( 33 = 27,9 c) a 1 = 3, a 1 + a = 3,01, i.e., a = 0,01, segue que: 1,0 )3()01,3( ff = 01,0 )3()01,3( 33 = 27,1 a afaaf )()( 11 45 d) A taxa de variação instantânea de V em relação a a em 3 é f ’ (3), ou seja, f(a) = 3.a 2 e, portanto, f ’(3) = 27. No item (a) percebemos que, quando o comprimento da aresta do cubo varia de 3,00 a 3,20 cm, a variação do volume é de 5,77 cm 3 e a taxa de variação média do volume é 28,8 cm 3 por centímetro de variação no comprimento da aresta. As interpretações para os itens (b) e (c) são análogas. Assim, quando o comprimento da aresta do cubo é 3 cm, a taxa de variação instantânea do volume é 27 cm 3 por centímetro de variação no comprimento da aresta. 46 2. Máximos e Mínimos de Funções 47 Nesta seção estaremos interessados no estudo envolvendo pontos de máximo e de mínimo de funções y = f(x). Para iniciarmos tal estudo, consideremos inicialmente o gráfico de uma função y = f(x) apresentado na Figura 04 abaixo, onde assinalamos alguns pontos no eixo das abscissas que serão objeto de estudo nesta Unidade. Figura 04: O gráfico de uma função y = f(x). 48 Em verdade, os pontos assinalados anteriormente no gráfico da função apresentado na Figura 04 acima, são denominados de pontos extremos da função y = f(x). Os correspondentes valores de f(x 1 ) e f(x 3 ) são chamados máximos relativos e f(x 2 ) e f(x 4 ) são chamados mínimos relativos. Sendo assim, como o nosso ambiente de trabalho na unidade terá como alicerce tais pontos, vamos definir de maneira formal cada um deles como segue. Definição (Máximo Relativo ou Máximo Local): Uma função y = f(x) tem um máximo relativo em c, se existir um intervalo aberto I, contendo c, tal que f(c) ≥ f(x) para todo x I D(f), onde D(f) representa o domínio da função f(x). Definição (Mínimo Relativo ou Mínimo Local): Uma função y = f(x) tem um mínimo relativo em c, se existir um intervalo aberto I, contendo c, tal que f(c) ≤ f(x) para todo x I D(f), onde D(f) representa o domínio da função f(x). 49 Figura 05: Valores extremos de uma função. Vejamos o gráfico da função f(x) = 1 – x² mostrado na Figura 06, abaixo. Podemos notar que o ponto x = 0 é um ponto de máximo relativo da função f(x) = 1 – x², sendo que o máximo relativo de f é dado por f(0) = 1. 50 Figura 06: O gráfico da função y = 1 – x². 51 Vejamos o gráfico da função f(x) = |x| mostrado na Figura 07 abaixo. Podemos notar que o ponto x = 0 é um ponto de mínimo local da função f(x) = |x|, sendo que o mínimo local de f é dado por f(0) = 0. Figura 07: O gráfico da função y = 1 – x². 52 O ponto x = 2 é um ponto de máximo local de f(x) = senx como podemos visualizar na Figura 08 abaixo. Sendo que o máximo local de f é dado por f( 2 ) = sen( 2 ) = 1. Figura 08: O gráfico da função y = senx. π/2 1 53 A função f(x) = 3x 4 – 12x² tem um máximo relativo em c 1 = 0, pois existe o intervalo aberto (– 2, 2), tal que f(0) ≥ f(x0 para todo x (– 2, 2). Além disso, em em c 2 = – 2 e c 3 = 2 , a função dada tem mínimos relativos, pois f(– 2 ) ≤ f(x) para todo x (– 2, 0) e f( 2 ) ≤ f(x) para todo x (0, 2). A Figura 09 abaixo nos mostra esta disposição geométrica. Figura 09: O gráfico da função f(x) = 3x4 – 12x² . 54 Na Figura 10 abaixo apresentamos o gráfico da função polinomial (polinômio de grau 4) f(x) = x 4 – 4x 3 – 13x 2 + 28x + 60. Vamos analisar a existência de pontos extremos da função f(x). Figura 10: O gráfico da função f(x) = x4 – 4x3 – 13x2 + 28x + 60. Salientamos que o gráfico de uma função é uma ferramenta muito relevante para caracterizarmos pontos 55 extremos da função. Todavia, podemos ficar diante da situação de poder apresentar somente uma estimativa para os valores de máximo e de mínimo da função em questão. Por exemplo, ao observarmos o gráfico apresentado na Figura 10 acima, é coerente afirmarmos que estamos diante de dois pontos de mínimos relativos situados em x = – 2 e x 4,2 e um ponto de máximo em x = 0,8. Mais adiante, vocês estudarão alguns métodos de cálculo numérico que possam melhorar a aproximação destes valores, especificamente falando na disciplina de Cálculo Numérico. A proposição seguinte nos permite encontrar com precisão os possíveis pontos extremos de uma função y = f(x). Proposição 01: Suponhamos que f(x) existe para todos os valores de x (a, b) e que f tem um extremo relativo em c, onde a < c < b. Se a derivada f ’(c) existe, então f ’(c) = 0. 56 Da proposição, podemos concluir que, quando f ’(c) existe, a condição f ’(c) = 0 é necessária para a existência de um extremo relativo em c. Esta condição não é suficiente, isto é, se f ’(c) = 0, a função pde ter ou não um ponto extremo relativo no ponto c. Na Figura 11, abaixo, apresentamos algumas interpretações acerca da existência ou não de pontos extremos de y = f(x) em x = c. A Proposição 01 pode ser interpretada geometricamente como segue. Se f(x) tem um extremo relativo em c e se f ’(c) existe, então o gráfico de y = f(x) tem uma reta tangente horizontal no ponto x = c. 57 Figura 11: Existência ou não de pontos extremos de y = f(x). Definição (Ponto Crítico): O ponto c D(f) tal que f ’(c) = 0 ou f ’(c) não existe é denominado de ponto crítico de f. De outra forma, um fato importante que devemos ressaltar, é que é interessante verificarmos que uma função definida num dado intervalo I pode admitir diversos pontos extremos relativos. O maior valor da função num intervaloé denominado máximo absoluto da função nesse intervalo. Similarmente, o menor valor é denominado mínimo absoluto. 58 Figura 12: Pontos extremos absolutos. A função do primeiro grau f(x) = 3x tem um mínimo absoluto igual a 3 no intervalo I = [1, 3). Não existe um máximo absoluto em I = [1, 3). A função f(x) = – x² + 2 possui um máximo absoluto igual a 2 no intervalo I = (– 3, 2). Além disso, podemos dizer que – 7 é um mínimo absoluto em I = (– 3, 2). • Máximo Absoluto É o menor valor da função no intervalo considerado. • Mínimo Absoluto 59 Proposição 02: Seja f: [a, b] uma função contínua definida em um intervalo fechado I = [a, b]. Então, f assume máximo e mínimo absotuto em I = [a, b]. Quando o intervalo I em questão não for especificado, devemos utilizar as definições que seguem. Definição (Máximo Absoluto): Dizemos que f(c) é o máximo absoluto da função f(x), se c D(f) e f(c) ≥ f(x) para todo os valores de x no domínio da função f(x). Definição (Mínimo Absoluto): Dizemos que f(c) é o mínimo absoluto da função f(x), se c D(f) e f(c) ≤ f(x) para todos os valores de x no domínio da função f(x). A função f(x) = x² + 6x – 3 possui um mínimo absoluto igual a – 12 em c = – 3, já que f(– 3) = – 12 ≤ f(x) para todos os valores de x D(f). A Figura 13 nos mostra a disposição geométrica do exemplo. 60 Figura 13: A interpretação do exemplo. A função f(x) = – x² + 6x – 3 possui um máximo absoluto igual a 6 em c = 3, já que f(3) = 6 ≥ f(x) para todos os valores de x D(f). A Figura 14 nos mostra a disposição geométrica do exemplo. 61 Figura 14: A interpretação do exemplo. 62 63 Aqui estaremos apresentando dois dos resultados mais importantes do Cálculo Diferencial e Integral de uma variável, que são o Teorema de Rolle e o Teorema do Valor Médio. Para detalhes com relação às demonstrações dos mesmos, você pode encontrar em qualquer uma das referências colocadas no final desta unidade. Figura 15: Dois importantes resultados do Cálculo Diferencial e Integral. Resultados Fundamentais do Cálculo Diferencial Teorema de Rolle Teorema do Valor Médio 64 Teorema de Rolle: Seja f uma função definida e contínua em [a, b] e derivável em (a, b). Se f(a) = f(b) = 0. Então, existe pelo menos um ponto c entre a e b tal que f ’(c) = 0. Nas Figuras 16 e 17, abaixo, mostramos a disposição geométrica de funções em que o Teorema de Rolle é válido. Salientamos que, com as mesmas hipóteses, o Teorema de Rolle pode ser estendido para funções tais que f(a) = f(b) ≠ 0. 65 Figura 16: Funções que o Teorema de Rolle é válido. Figura 17: Funções que o Teorema de Rolle é válido. 66 Teorema do Valor Médio: Seja f uma função definida e contínua em [a, b] e derivável em (a, b). Então, existe um número c no intervalo (a, b) de tal forma que f ’(c) = ab afbf )()( . Figura 18: Interpretação geométrica do Teorema do Valor Médio. 67 Geometricamente falando, o Teorema do Valor Médio estabelece que, se a função y = f(x) é contínua em [a, b] e derivável em (a, b), então, existe pelo menos um ponto c entre a e b onde a tangente à curva é paralela à corda que une os pontos P(a, f(a)) e Q(b, f(b)), como mostrado na Figura 16 acima. 68 4. Funções Crescentes e Decrescentes 69 Aqui, estaremos interessados em discutir o crescimento e decrescimento de funções em determinados intervalos, ou seja, discutiremos sobre funções crescentes e funções decrescentes. Figura 19: Funções Monótonas. Funções Monótonas Decrescentes Crescentes 70 Definição (Função Crescente): Dizemos que uma função f, definida num intervalo I, é crescente neste intervalo se, para quaisquer x 1 , x 2 I, x 1 < x 2 , temos que f(x 1 ) ≤ f(x 2 ). Figura 20: Exemplo de uma função crescente. Definição (Função Decrescente): Dizemos que uma função f, definida num intervalo I, é decrescente neste intervalo se para quaisquer x 1 , x 2 I, x 1 < x 2 , temos que f(x 1 ) ≥ f(x 2 ). 71 Figura 21: Exemplo de uma função decrescente. Definição (Função Monótona): Se uma função f é crescente ou decrescente num intervalo I, dizemos que f é monótona neste intervalo. Se analisarmos geometricamente o sinal da derivada de função f(x), podemos determinar os intervalos onde a função derivável f(x) é crescente ou decrescente. Para tal, basta analisarmos o resultado abaixo. 72 Proposição 03: Seja f uma função contínua em [a, b] e derivável no intervalo (a, b). Desta forma, temos que: i) Se f ’(x) > 0 para todo x (a, b) então f é crescente em [a, b]. ii) Se f ’(x) < 0 para todo x (a, b) então f é decrescente em [a, b]. 73 Vamos determinar os intervalos nos quais a função f(x) = x³ + 1 é crescente ou decrescente. Solução: Vamos derivar inicialmente a função f(x), ou seja, vamos encontrar a derivada f ’(x) e analisar quais os números x Observação importante referente à Proposição 03! Devemos salientar que a hipótese de continuidade de f no intervalo fechado [a, b] na Proposição 03, acima, é de fundamental importância. Para verificarmos tal fato, por exemplo, consideremos a função: f: [0, 1] f(x) = 1,1 10,1 xpara xparax Temos que f ’(x) = 1 > 0 para todo x (0, 1) e, no entanto, temos que f não é crescente no intervalo [0, 1]. Além disso, podemos perceber que a Proposição 03 não pode ser aplicada porque f(x) não é contínua no ponto x = 1. 74 tais que f ’(x) > 0 e quais os números x tais que f ’(x) < 0. Temos que: f ’(x) = 3.x² Como 3.x² é maior que zero para todo x ≠ 0, concluímos que a função f(x) = x³ + 1 é sempre crescente. A Figura 22, abaixo, nos mostra a disposição geométrica deste exemplo. Figura 22: A disposição geométrica do exemplo. 75 Vamos determinar os intervalos nos quais a função f(x) = x² – x + 5 é crescente ou decrescente. Solução: Vamos derivar inicialmente a função f(x), ou seja, vamos encontrar a derivada f ’(x) e analisar quais os números x tais que f ’(x) > 0 e quais os números x tais que f ’(x) < 0. Temos que: f ’(x) = 2x – 1 Então, para 2x – 1 > 0 ou x > ½ temos que f(x) é crescente. Para 2x – 1 < 0, ou seja, x < ½ a função f(x) é decrescente. A Figura 23, abaixo, nos mostra a disposição geométrica deste exemplo. 76 Figura 23: A disposição geométrica do exemplo. Vamos determinar os intervalos para os quais a função definida por dupla sentença f(x) = 1,1 1,42 2 xsex xsex é crescente ou decrescente. 77 Solução: Inicialmente, vamos averiguar o gráfico da função f(x) na Figura 24, abaixo. Figura 24: A disposição geométrica do exemplo. Desta forma, podemos perceber que: Para x < 1: Neste caso,observemos que f ’(x) = 4x. Desta maneira, temos que 4x > 0 para x (0, 1), ou seja, a função é crescente no intervalo (0, 1). E 4x < 0 para x ( 78 – ∞ , 0), ou seja, a função é decrescente no intervalo ( – ∞ , 0). Para x > 1: Neste caso, temos que f ’(x) = – 1 . Desta maneira, concluímos que f ’(x) < 0 para todo x (1, + ∞), ou seja, a função é decrescente no intervalo (1, + ∞). Portanto, podemos concluir que f é crescente no intervalo [0, 1] e decrescente em ( – ∞ , 0] [1, + ∞). 79 5. Critérios de Caracterização de Extremos de Funções 80 Nesta seção, estaremos interessados em apresentar e aplicar na resolução de problemas simulados teoremas que estabelecem critérios para que possamos determinar os extremos de uma função y = f(x). Teorema (Critério da Derivada Primeira para Determinação de Extremos de uma função): Seja f uma função contínua num intervalo fechado [a, b] que possui derivada em todo o ponto do intervalo aberto (a, b), exceto possivelmente num ponto c. i) Se f ’(x) > 0 para todo x < c e f ’(x) < 0 para todo x > c, então f tem um máximo relativo em c. ii) Se f ’(x) < 0 para todo x < c e f ’(x) > 0 para todo x > c, então f tem um mínimo relativo em c. A Figura 25, abaixo, nos mostra geometricamente algumas situações envolvendo o Teorema acima, ou seja, envolvendo o Critério da Derivada Primeira para Determinação de Extremos. 81 Figura 25: Algumas possibilidades do teorema. Vamos determinar os intervalos de crescimento, decrescimento e os máximos e mínimos relativos da função f(x) = x³ – 7x + 6. Solução: Temos que: f '(x) = 3.x² – 7 Para todo x, fazendo f’(x) = 0, vem que: f '(x) = 3.x² – 7 = 0 3.x² – 7 = 0 82 3.x² = 7 x = 3 7 Portanto, concluímos que os pontos críticos da função f são 3 7 e 3 7 . Desta forma, temos que: Para x < 3 7 , temos que f ’(x) é positiva, ou seja, f ’(x) > 0. Aplicando a Proposição 03, concluímos que f(x) é crescente em (– ∞, 3 7 ). Para 3 7 < x < 3 7 , f ’(x) é negativa, ou seja, f ’(x) < 0. Então f(x) é decrescente em ( 3 7 , 3 7 ). Para x > 3 7 temos que f ’(x) é positiva, ou seja, f ’(x) > 0. Então f(x) é crescente em ( 3 7 , + ∞). 83 Portanto, pelo Teorema (Critério da Derivada Primeira para Determinação de Extremos), concluímos que f tem um máximo relativo em 3 7 e f tem um mínimo relativo em 3 7 . A Figura 26, abaixo, nos mostra a disposição geométrica do exemplo. Figura 26: A disposição geométrica do exemplo. 84 Vamos determinar os intervalos de crescimento, decrescimento e os máximos e mínimos relativos da função f(x) = 5, )7.(2 1 5,3)2( 2 xse x xsex . Solução: Neste caso, temos que: Para x < 5, temos que f ’(x) = 2.(x – 2) e se x > 5, temos que f ’(x) = 2 1 . Além disso, f ' (5) = 2 1 e f ' (5) = 6. Logo, concluímos que f ’(5) não existe e então 5 é um ponto crítico de f. O ponto x = 2 também é um ponto crítico , pois f ’(2) = 0. Se x < 2, f ’(x) é negativa, ou seja, f ’(x) < 0. Então, pela Proposição 03, f(x) é decrescente em ( – ∞, 2]. Se 2 < x < 5, f ’(x) é positiva, ou seja, f ’(x) > 0. Então, f(x) é crescente em [2, 5]). 85 Para x > 5, f ’(x) é positiva, ou seja, f ’(x) > 0. Então f(x) é crescente em [5, + ∞). Desta forma, pelo Teorema (Critério da Derivada Primeira para Determinação de Extremos), concluímos que f tem um mínimo relativo em x = 2. A Figura 27, abaixo, nos mostra a disposição geométrica do exemplo. Figura 27: A disposição geométrica do exemplo. 86 Teorema (Critério da Derivada Segunda para Determinação de Extremos de uma função): Sejam f uma função derivável no intervalo aberto (a, b) e c um ponto crítico de f nesse intervalo, isto é, f ’(c) = 0, com a < c < b. Se f admite a derivada f ’’ em (a, b), temos: i) Se f ’’(c) < 0, então f tem um valor máximo relativo em c. ii) Se f ’’(c) > 0, então f tem um valor mínimo relativo em c. Vamos determinar os máximos e os mínimos relativos da função f(x) = 18x + 3x² – 4x³ utilizando o critério da derivada segunda. Solução: Temos que: f '(x) = 18 + 6x – 12.x² 87 e f '’(x) = 6 – 24.x Fazendo f ’(x) = 0, vem que: 18 + 6x – 12.x² = 0 Resolvendo esta equação do segundo grau encontramos os pontos críticos da função f, que são: 2 3 e – 1. Como f ’’( 2 3 ) = – 30 < 0, f tem um valor máximo relativo em 2 3 . Como f ’’(– 1) = 30 > 0, f tem um valor mínimo relativo em – 1. Vamos determinar os máximos e os mínimos relativos da função f(x) = x.(x – 1)² utilizando o critério da derivada segunda. Solução: Temos que: f '(x) = x.2.(x – 1) + (x – 1)².(1) = 3.x² – 4x + 1 e 88 f '’(x) = 6x – 4 Fazendo f ’(x) = 0, vem que: 3.x² – 4x + 1= 0 Resolvendo esta equação do segundo grau encontramos os pontos críticos da função f, que são: 1 e 3 1 . Como f ’’(1) = 2 > 0, f tem um valor mínimo relativo em 1. Como f ’’( 3 1 ) = – 2 < 0, f tem um valor máximo relativo em 3 1 . Vamos determinar os máximos e os mínimos relativos da função f(x) = 6x – 3x² + 2 1 x³ utilizando o critério da derivada segunda. Solução: Temos que: f '(x) = 6 – 6x + 2 3 x² e f '’(x) = 3x – 6 89 Fazendo f ’(x) = 0, vem que: 6 – 6x + 2 3 x² = 0 Resolvendo esta equação do segundo grau encontramos os pontos críticos da função f, que neste caso é apenas o valor x = 2. Como f ’’(2) = 0, nada podemos afirmar com auxílio do Teorema (Critério da Derivada Segunda para Determinação de Extremos de uma função). Observação importante referente ao exemplo! Usando o critério da derivada primeira ou a visualização do gráfico da função f(x) = 6x – 3x² + 2 1 x³ na Figura 28, abaixo, podemos concluir que a função dada é sempre crescente. Portanto, não existem máximos nem mínimos relativos. Em verdade, com a teoria que será apresentada a seguir, iremos constatar que (2, 4) é um ponto de inflexão. 90 Figura 28: A disposição geométrica do exemplo. 91 6. Concavidade e Pontos de Inflexão 92 Já ouvimos a palavra concavidade quando estudamos uma função do segundo grau, onde caracterizamos que a parábola tem concavidade para cima ou a parábola tem concavidade para baixo. Salientamos que o conceito de concavidade é muito útil quando desejamos esboçar o gráfico de uma função y = f(x). Para introduzirmos o conceito de concavidade, inicialmente, vamos olhar para a Figura 29, abaixo. Figura 29: Introduzindo o conceito de concavidade para cima. 93 Na Figura 29 (a) podemos notar que dado um ponto qualquer c entre a e b, em pontos próximos de c o gráfico de f está acima da reta tangente à curva no ponto P(c, f(c)). Dizemos que a curva tem concavidade voltada para cima no intervalo (a, b). Como f’(x) representa a inclinação da reta tangente à curva, observamos na Figura 29 (b) que podemos descreveressa mesma situação afirmando que no intervalo (a, b) a derivada f’(x) é crescente. Em termos geométricos, isso quer dizer que a reta tangente gira no sentido anti-horário à medida que avançamos sobre a curva da esquerda para a direita. Similarmente, a Figura 30 (a), abaixo, descreve uma função que tem concavidade voltada para baixo no intervalo (a, b). Na Figura 30 (b) vemos que a tangente gira no sentido horário quando nos deslocamos sobre a curva da esquerda para a direita. A derivada f’(x) é decrescente no intervalo (a, b). 94 Figura 30: Introduzindo o conceito de concavidade para baixo. Sendo assim, temos as seguintes definições acerca da concavidade de uma função y = f(x): Definição (Função Côncava para Cima): Uma função f é dita côncava para cima no intervalo (a, b), se f’(x) é crescente neste intervalo. 95 Definição (Função Côncava para Baixo): Uma função f é dita côncava para baixo no intervalo (a, b), se f’(x) é decrescente neste intervalo. Proposição 04: Seja f uma função contínua no intervalo [a, b] e derivável até 2 a ordem no intervalo (a, b). Desta forma, temos que: i) Se f ’’(x) > 0 para todo x (a, b) então f é côncava para cima em (a, b). Importante! Reconhecer os intervalos onde uma curva tem concavidade voltada para cima ou para baixo, auxilia muito no traçado de seu gráfico. Isto será feito a partir do momento que analisarmos o sinal da derivada f’’(x). 96 ii) Se f ’’(x) < 0 para todo x (a, b) então f é côncava para baixo em (a, b). Salientamos que podem existir pontos no gráfico de uma função y = f(x) em que a concavidade muda de sentido. Esses pontos são chamados pontos de inflexão. A definição formal de tais pontos é apresentada abaixo. Definição (Ponto de Inflexão): Um ponto P(c, f(c)) do gráfico de uma função y = f(x) é denominado ponto de inflexão, se existe um intervalo (a, b) contendo c, tal que uma das seguintes situações ocorra: i) f é côncava para cima em (a, c) e côncava para baixo em (c, b). ii) f é côncava para baixo em (a, c) e côncava para cima em (c, b). 97 Na Figura 31 abaixo, os pontos de abscissa c 1 , c 2 , c 3 e c 4 são pontos de inflexão. Devemos ressaltar que c 2 e c 3 são pontos de extremos de f(x) e que f(x) não é derivável nestes pontos . Nos pontos c 1 e c 4 , existem as derivadas f’(c 1 ) e f’(c 4 ). Nos correspondentes (c 1 , f(c 1 )) e (c 4 , f(c 4 )), a reta tangente corta o gráfico de f(x). Figura 31: Interpretação geométrica dos pontos de inflexão. Vamos determinar os pontos de inflexão e reconhecer os intervalos onde a função f(x) = (x – 98 1)³ tem concavidade voltada para cima ou para baixo. Solução: Neste caso, temos que: f '(x) = 3.(x – 1)² e f ’’(x) = 6.(x – 1) Fazendo f’’(x) > 0, temos que: 6.(x – 1) > 0 x – 1 > 0 x > 1 Portanto, concluímos que no intervalo (1, +∞), f’’(x) > 0. Similarmente, no intervalo (–∞, 1), f’’(x) < 0. Pela Proposição 04 f é côncava para baixo no intervalo (–∞, 1) e no intervalo (1, +∞) 99 é côncava para cima. A representação do gráfico da função f(x) = (x – 1)³ é mostrada na Figura 32, abaixo. Figura 32: O gráfico da função f(x) = (x – 1)³. 100 Vamos determinar os pontos de inflexão e reconhecer os intervalos onde a função f(x) = x 4 – x² tem concavidade voltada para cima ou para baixo. Solução: Neste caso, temos que: f '(x) = 4.x³ – 2x e f ’’(x) = 12x² – 2 Fazendo f’’(x) > 0, temos que: 12x² – 2 > 0 x² > 6 1 . Desta forma, x > 6 6 ou x < 6 6 . 101 Portanto, f tem concavidade para cima nos intervalos: (–∞, 6 6 ) e ( 6 6 , ∞). No intervalo ( 6 6 , 6 6 ), f’’(x) < 0. Logo, neste intervalo f é côncava para baixo. Nos pontos c 1 = 6 6 e c 2 = 6 6 a concavidade muda de sentido. Desta maneira, nestes pontos o gráfico de f tem pontos de inflexão. 102 Figura 33: O gráfico da função f(x) = x4 – x² . Vamos determinar os pontos de inflexão e reconhecer os intervalos onde a função f(x) = 1,)1(1 1, 2 2 xparax xparax tem concavidade voltada para cima ou para baixo. 103 Solução: Para x < 1, f’(x) = 2x e f’’(x) = 2. Para x > 1, f’(x) = – 2.(x – 1) e f’’(x) = – 2. Logo, para x (–∞, 1), f’’(x) > 0 e, portanto, f é côncava para cima neste intervalo. No intervalo (1, + ∞), f’’(x) < 0, desta forma neste intervalo f é côncava para baixo. Além disso, notemos que no ponto c = 1 a concavidade muda de sentido e, assim, o gráfico de f apresenta um ponto de inflexão em c = 1. O gráfico da função f(x) = 1,)1(1 1, 2 2 xparax xparax é mostrado na Figura 34, abaixo. 104 Figura 34: O gráfico da função f(x) = 1,)1(1 1, 2 2 xparax xparax . 105 7. Processo Sistemático para a Análise Geral do Comportamento de uma Função y = f(x) 106 Já vimos que a partir do momento que trabalhamos com funções mais complexas, a visualização do gráfico das mesmas se torna uma tarefa árdua. Sendo assim, utilizando os diversos conceitos e resultados discutidos na unidade, podemos formar um conjunto de informações que permitam realizar a análise do comportamento de funções y = f(x). Ressaltamos que o uso da representação algébrica em sintonia com a representação geométrica vai nos propiciar uma discussão relevante sobre as várias propriedades e características das funções. Esse aparato teórico tratado aqui é muito importante no contexto da resolução de problemas envolvendo máximos e mínimos. O Quadro 01, abaixo, apresenta um resumo que poderá ser utilizado como um algoritmo para analisarmos o comportamento de uma função a partir de sua representação algébrica. Salientamos que, neste caso, a nossa análise pode culminar com um esboço do gráfico destacando as propriedades e características da função. 107 Quadro 01: Quadro-resumo para a análise do comportamento de y = f(x). Etapa Procedimento Definições e Teoremas Utilizados 1 a Encontrar D (f) 2 a Calcular os pontos de intersecção com os eixos. (Quando não requerer muito cálculo). 3 a Encontrar os pontos críticos. Seção 02 4 a Determinar os intervalos de crescimento e decrescimento de f(x). Proposição 03 5 a Encontrar os máximos e mínimos relativos. Teorema (Critério da Derivada Primeira) ou Teorema (Critério da Derivada Segunda) 6 a Determinar a concavidade e os pontos de inflexão de f. Proposição 04 7 a Encontrar as assíntotas horizontais e verticais, se Definições de Assíntotas 108 existirem. Horizontais e Verticais (Unidade 01 do guia) 8 a Esboçar o gráfico. Esboçar o gráfico da função f(x) = 3x 4 – 8x³ + 6x² + 2. Solução: Vamos seguir a sequência descrita no Quadro 01 anterior. 1 a Etapa: D(f) = . 109 2 a Etapa: Interseção com o eixo dos y. f(0) = 2 3 a Etapa: f’(x) = 12.x³ + 24.x² + 12x.Resolvendo 12.x³ + 24.x² + 12x = 0 , encontramos x 1 = 0 e x 2 = 1, que são os pontos críticos. 4 a Etapa: Fazendo f’(x) > 0, obtemos que 12.x³ + 24.x² + 12x > 0 quando x > 0. Portanto, f(x) é crescente para x ≥ 0. Fazendo f’(x) < 0, obtemos 12.x³ + 24.x² + 12x < 0 quando x < 0. Portanto, f é decrescente para x ≤ 0. 5 a Etapa: Temos f’’(x) = 36.x² – 48x + 12. 110 Como f’’(0) = 12 > 0, temos que o ponto 0 é um ponto de mínimo e f(0) = 2 é um mínimo relativo de f. Como f’’(1) = 0, nada podemos concluir. 6 a Etapa: Fazendo f’’(1) > 0, observamos que 36.x² – 48x + 12 > 0 quando x ( –∞, 3 1 ) ( 1, +∞). Então, f é côncava para cima em ( –∞, 3 1 ) ( 1, +∞). Fazendo f’’(x) < 0, temos que 36.x² – 48x + 12 < 0 quando x ( 3 1 , 1). Então f é côncava para baixo em ( 3 1 , 1). Os pontos de abscissa 3 1 e 1 são pontos de inflexão. 7 a Etapa: Não existem assíntotas. 8 a Etapa: O gráfico da função f(x) = 3x 4 – 8x³ + 6x² + 2 é apresentado na Figura 35, abaixo. 111 Figura 35: O gráfico da função f(x) = 3x4 – 8x³ + 6x² + 2. Esboçar o gráfico da função f(x) = 3 2 x x . 112 Solução: Inicialmente, notemos que o domínio de f é dado por D(f) = – {3}. Além disso, temos que: f '(x) = 2)3( )6.( x xx E f ’’(x) 4)3( 5418 x x Fazendo f’(x) = 0, temos que: 2)3( )6.( x xx = 0 E, então, x = 0 e x = 6 são os pontos críticos. Vemos que f’(x) > 0 quando x ( –∞, 0) (6, +∞). Assim, concluímos que a função f é crescente em ( –∞, 0) (6, +∞). Fazendo f’(x) < 0, vemos que f é decrescente em [0, 6]. 113 Como f’’(0) < 0, temos que 0 é ponto de máximo relativo e, como f’’(6) > 0, temos que 6 é ponto de mínimo relativo. Ainda f(0) = 0 é máximo relativo de f e f(6) = 12 é o mínimo relativo de f. Fazendo, f’’(x) = 4)3( 5418 x x > 0, obtemos que f é côncava para cima em (3, +∞). E, fazendo f’’(x) = 4)3( 5418 x x < 0, obtemos que f é côncava para baixo em (–∞, 3). Determinando os limites: 3 lim 2 3 x x x = 0 9 = + ∞ e 114 3 lim 2 3 x x x = 0 9 = – ∞ Encontramos que x = 3 é assíntota vertical (verificar a definição de assíntota vertical na Unidade 01 do guia de estudos). Não existe assíntota horizontal. A Figura 36, abaixo, nos mostra o gráfico da função f(x) = 3 2 x x . Figura 36: O gráfico da função f(x) = 3 2 x x . 115 Esboçar o gráfico da função f(x) = (x + 1) 31 . Solução: Inicialmente, notemos que o domínio de f é dado por D(f) = . Além disso, temos que f(x) corta o eixo dos y no ponto y = 1, já que f(0) = 1. Corta o eixo dos x em – 1, já que resolvendo (x + 1) 31 = 0, obtemos x = – 1. Fazendo, f '(x) = 3 1 (x + 1) 32 = 0 concluímos que não existe x que satisfaça f’(x) = 0. Como f’(– 1) não existe, o único ponto crítico de f é x = – 1. Como f’(x) é sempre positiva, concluímos que a função é sempre crescente. Não existem máximos nem mínimos. Como 116 f’’(x) = 9 2 (x + 1) 35 , concluímos que, para x < – 1, f’’(x) > 0 e, portanto, f é côncava para cima em (–∞,– 1). Quando x > – 1, f’’(x) < 0 e, portanto, f é côncava para baixo no intervalo (–1, + ∞). O ponto de abscissa x = – 1 é um ponto de inflexão. Não existem assíntotas. A Figura 37, abaixo, nos mostra a disposição geométrica da função em questão. Figura 37: O gráfico da função f(x) = (x + 1)31 . 117 8. Problemas Diversos sobre Máximos e Mínimos 118 Aqui, estaremos interessados em apresentar alguns problemas práticos envolvendo os tópicos discutidos anteriormente, especificamente falando sobre problemas de maximização e minimização. Salientamos, inicialmente, que o primeiro passo para resolvermos estes problemas é escrever de forma precisa qual a função que deverá ser analisada. Esta função poderá ser escrita em função de uma ou mais variáveis. A partir do momento em que definimos a função a ser estudada, devemos identificar um intervalo apropriado e então proceder com a aplicação dos resultados e teoremas discutidos nesta Unidade. (Aplicação na Área da Matemática) Determinar dois números positivos cuja soma é igual a 4 e tal que a soma do cubo do menor número com o quadrado do número maior seja a menor possível, ou seja, seja mínima. 119 Solução: Indiquemos por x o número menor (0 ≤ x ≤ 2); assim o maior será 4 – x. Seja S(x) = x 3 + (4 – x) 2 , 0 ≤ x ≤ 2. Devemos determinar x que torna mínimo o valor de S. Temos que: S’ (x) = 3.x 2 + 2.x – 8. Daí: 3.x 2 + 2.x – 8 = 0 2 3 4 x ou x 120 - + S’ 0 4/3 2 S’ 0 4/3 2 Desta forma, x = 3 4 torna mínimo o valor de S. Ou seja, concluímos que e os números procurados são 3 4 e 3 8 . Um campo retangular à margem de um rio deve ser cercado, com exceção do lado ao longo do rio. Se o custo do material for de R$12,00 por metro linear no lado paralelo ao rio e de R$8,00 por metro linear nos dois extremos, encontre o campo de maior área possível que possa ser cercado com R$3600,00 de material. 121 Solução: Seja x o comprimento de cada extremo do campo, y metros o comprimento do lado paralelo ao rio e A m 2 a área do campo. Logo, (I) A = x.y Rio x metros x metros y metros Figura 38: A disposição geométrica da aplicação. Como o custo do material em cada extremo é de R$8,00 por metro linear e o comprimento de cada extremo é de x metros, o custo total da cerca para cada extremo será de (R$8,00).x. Analogamente, o custo total da cerca para o terceiro lado é de (R$12,00).y. Então: (II) 8.x + 8.x + 12.y = 3600 122 Para expressarmos A em termos de uma variável, resolvemos a igualdade acima para y em termos de x e substituímos esse valor na igualdade para a área A, obtendo A como função de x, ou seja, (III) A = x.(300 – 3 4 .x) De (II), se y = 0, x = 225 e se x = 0, y = 300. Como ambos, x e y, devem ser não-negativos, o valor de x que irá tornar A um máximo absoluto está no intervalo fechado [0, 225]. Como A é contínua no intervalo fechado [0, 225], segue que A traz um valor máximo absoluto nesse intervalo. De (III), A(x) = 300.x – 3 4 x2 A’ (x) = 300 – 3 8 x Como A’(x) existe para todo x, os números críticos de A são encontrados ao equacionarmosA’(x) = 0, o que resulta em x = 112 2 1 . O único número crítico de A é 112 2 1 que está no intervalo fechado [0, 225]. Desta forma, o valor máximo absoluto de A deve ocorrer em 0, 112 2 1 ou 225. Como A(0) = 0 e A(225) = 0, enquanto que A(112 2 1 ) = 16875, o valor máximo absoluto de A em [0, 225] é 16875, ocorrendo quando x = 112 2 1 e y = 150. Assim sendo, a maior área possível que poderá ser cercada com R$3600,00 de 123 material será de 16875 m 2 , e isto acontece quando o lado paralelo ao rio tiver 150 metros e os extremos tiverem, cada um, 112 2 1 metros. Solução: Consideremos x o número de lugares e P(x) o lucro diário. P(x) é encontrado ao multiplicarmos por x o lucro por lugar. Quando 40 ≤ x ≤ 80, o lucro por lugar será de R$16,00; assim, P(x) = 16.x. Se, contudo, x > 80, então o lucro por lugar será de 16 – 0,08.(x – 80), dando assim, P(x) = x.[16 – 0,08.(x – 80)] = 22,40.x – 0,08.x 2 . Logo: Ao planejar um restaurante, estima-se que se houver de 40 a 80 lugares, o lucro bruto diário será de R$16,00 por lugar. Se, contudo, o número de assentos for acima de 80 lugares, o lucro bruto diário por lugar decrescerá de R$0,08 vezes o número de lugares acima de 80. Qual deverá se o número de assentos para que o lucro bruto diário seja máximo? 124 P(x) = 28080,.08,0.40,22 8040,.16 2 xsexx xsex O limitante superior de 280 para x foi obtido notando que 22,40.x – 0,08.x 2 = 0 quando x = 280 e quando x > 280, 22,40.x – 0,08.x 2 é negativo. Mesmo que x, por definição, seja um inteiro, para ter uma função contínua, vamos supor que x possa assumir todos os valores reais no intervalo [40, 280]. Existe continuidade em 80, pois: P(80) = 1280 e )(lim 80 xP x = x x .16lim 80 = 1280 )(lim 80 xP x = ).08,0.40,22(lim 2 80 xx x = 1280 125 Desta maneira, P é contínua no intervalo fechado [40, 280], e, sendo assim, temos um valor máximo absoluto de P nesse intervalo. Quando 40 < x < 80, P’(x) = 16; quando 80 < x < 280, P’(x) = 22,40 – 0,16.x. P’(80) não existe, pois P ’ (80) = 16 e P ’ (80) = 9,60. Equacionando P’(x) = 0, segue que 22,40 – 0,16.x = 0 x = 140 Os números críticos de P são, então, 80 e 140. Vamos calcular P(x) nos pontos extremos do intervalo [40,280] e nos números críticos. 126 P(40) = 640 P980) = 1280 P(140) = 1568 P(280) = 0 O valor máximo absoluto de P é, portanto, de 1568, ocorrendo quando x = 140. A capacidade de assentos deve ser de 140 lugares, o que dá um lucro bruto diário de R$1568,00. Onde: : é o fluxo de ar na traquéia Na área da Biologia, encontramos a expressão: = V.A 127 V: velocidade do ar A: área do círculo formado ao seccionarmos a traqueia A Figura 39, abaixo, nos mostra a disposição desta situação. Figura 39: A disposição geométrica da aplicação. Sendo assim, quando tossimos, o raio diminui, afetando a velocidade do ar na traqueia. Sendo r 0 o raio normal da 128 traqueia, a relação entre a velocidade V e o raio r da traqueia durante a tosse é dada por: onde a é uma constante positiva. Desta forma, pede-se: a) Calcular o raio r em que é maior a velocidade do ar. b) Calcular o valor de r com o qual teremos o maior fluxo possível. Solução: Neste caso, temos que: a) O raio r da traqueia contraída não pode ser maior que o raio normal r 0 , nem menor que zero, ou seja, devemos ter 0 ≤ r ≤ r 0 . Na letra (a), vamos encontrar o máximo absoluto da V(r) = a.r².(r 0 – r) 129 função V(r) no intervalo 0 ≤ r ≤ r 0 , ou seja, no intervalo I = [0, r 0 ]. Temos que: V(r) = a.r².( r 0 – r) V’(r) = 2.a.r 0 .r – 3.a.r² Fazendo V’(r) = 0, ou seja, V’(r) = 2.a.r 0 .r – 3.a.r² = 0 Obtemos os pontos críticos da função V(r), ou seja, neste caso, os pontos críticos da função são: r 1 = 3 2 e r 2 = 0 Além disso, podemos averiguar que: 130 V’’(r) = 2.a.r 0 – 6.a.r Como V’’( 3 2 r 0 ) é menor do que zero, i.e., V’’( 3 2 r 0 ) < 0, concluímos que r 1 = 3 2 é um valor máximo relativo. Para r [0, r 0 ], temos que o máximo absoluto é V( 3 2 r 0 ) = 3 0 ).(27 .4 r a . Desta maneira, afirmamos que a velocidade do ar na traqueia é maior quando o raio r dela é dois terços do raio r 0 da traqueia não contraída. b) Podemos escrever a função = V.A, em função do raio r da traqueia como segue: (r) = a.r².(r 0 – r).π.r² Queremos encontrar o máximo absoluto da função (r) em 0 ≤ r ≤ r 0 . Temos que: ’(r) = 4.a.π.r 0 .r³ – 5.a..π.r4 131 Fazendo ’(r) = 0, vem que: ’(r) = 4.a.π.r 0 .r³ = 0 Desta forma, segue que: r 1 = 0 e r 2 = 5 4 . r 0 São pontos críticos da função (r). Além disso, temos que: ’’(r) = 12.a.π.r 0 .r² – 20.a.π.r³ Logo, ’’(r) = 12.a.π.r 0 .r² – 20.a.π.r³ = 0 e ’’( 5 4 . r 0 ) = 3 0 ).(..25 64 ra . Desta maneira, concluímos que em 5 4 . r 0 temos um ponto de máximo relativo. O ponto r 1 = 0 é um ponto de mínimo (Aplicação na Área da Matemática e da Física) 132 relativo, pois a função (r) decresce no intervalo ( – ∞ , 0) e cresce no intervalo [0, 5 4 . r 0 ]. O máximo absoluto no intervalo [0, r 0 ] será ( 5 4 . r 0 ), que é igual a 5 0 ).(...125,3 256 ra . Solução: Inicialmente, vamos olhar para a Figura 40, abaixo, que nos mostra a disposição geométrica da aplicação. Figura 40: A disposição geométrica da aplicação. 133 A partir da Figura 40, acima, podemos descrever a função que caracteriza o custo da obra pela expressão: f(x) = (2000 – x).312 + 22 )500(x .(640) Nosso objetivo aqui será o de calcular o mínimo absoluto dessa função considerando o intervalo 0 ≤ x ≤ 2000. Temos que: f '(x) = – 312 + 22 )500( .640 x x Logo, resolvendo a equação f’(x) = 0, vem que: – 312 + 22 )500( .640 x x = 0 134 Obtemos que x 279,17 metros é um ponto crítico. Além disso, temos que: f ’’(x) = 2 3 22 2 ))500(( 640.)500( x Como f’’(279,17) > 0, temos que x = 279,17 é um ponto de mínimo relativo. O que nos falta agora é saber se este mínimo é absoluto no intervalo 0 ≤ x ≤ 2000. Como o único ponto crítico de f no intervalo aberto (0, 2000) é x 279,17, este ponto é mínimo absoluto neste intervalo. Como f(0) > f(279,17), concluímos que a obra poderá ser realizada com o menor custo possível se a canalização de água alcançar o outro lado do rio 279,17 metros abaixo da central de abastecimento. 135 9. Regra de L’ Hospital e Mínimos 136 Aqui, estaremos interessados em apresentar um método geral para fugirmos de indeterminações do tipo 0 0 ou . Esse método é dadopelas conhecidas regras de L’Hospital. Figura 41: A interpretação das regras de L’Hospital. Proposição 05 (Fórmula de Cauchy): Suponhamos que f(x) e g(x) sejam duas funções contínuas no intervalo fechado [a, b], deriváveis em (a, b) e se g’(x) ≠ 0 para todo x (a, b), então, existe um número z (a, b), tal que: Método geral para fugirmos de indeterminações 137 Proposição 06 (Regras de L’ Hospital): Sejam f(x) e g(x) funções deriváveis num intervalo aberto I, exceto possivelmente, em um ponto z I. Suponhamos que g(x) ≠ 0 para todo x ≠ a em I. i) Se )(lim xf ax = )(lim xg ax = 0 e )(' )(' lim xg xf ax = L, então )( )( lim xg xf ax = )(' )(' lim xg xf ax = L. ii) Se )(lim xf ax = )(lim xg ax = ∞ e )(' )(' lim xg xf ax = L, então )( )( lim xg xf ax = )(' )(' lim xg xf ax = L. )(' )(' )()( )()( zg zf agbg afbf 138 Vejamos alguns exemplos que ilustram a aplicabilidade das regras de L’Hospital. Utilizando a regra de L’ Hospital, vamos determinar 1 2 lim 0 xx e x . Solução: Observemos que x 0, o quociente 1 2 xe x toma a forma indeterminada 0 0 . Aplicando a regra de L’ Hospital, vem que: 1 2 lim 0 xx e x = xx e 2 lim 0 = 0 2 e = 2 Utilizando a regra de L’ Hospital, vamos determinar 23 6 lim 2 2 0 xx xx x . 139 Solução: Observemos que x 0, o quociente 23 6 2 2 xx xx toma a forma indeterminada 0 0 . Aplicando a regra de L’ Hospital, vem que: 23 6 lim 2 2 0 xx xx x = 32 12 lim 0 x x x = 3)0(2 1)0(2 = 5 Utilizando a regra de L’ Hospital, vamos determinar 2 lim 0 xxx ee xsenx . Solução: Observemos que x 0, o quociente 2 xx ee xsenx toma a forma indeterminada 0 0 . Aplicando a regra de L’ Hospital, vem que: 2 lim 0 xxx ee xsenx = xxx ee x 1cos lim 0 140 Como o último limite acima toma a forma indeterminada 0 0 , podemos aplicar novamente a regra de L’ Hospital. Temos que: xxx ee x 1cos lim 0 = xxx ee senx 0 lim = 2 0 = 0 Logo, 2 lim 0 xxx ee xsenx = 0. Utilizando a regra de L’ Hospital, vamos determinar xx e x x 4 1 lim 3 . Solução: Observemos que quando x + ∞, o quociente xx ex 4 1 3 toma a forma indeterminada . Aplicando a regra de L’ Hospital sucessivas vezes, obtemos: 141 xx e x x 4 1 lim 3 = 43 lim 2 x e x x = x e x x 6 lim = 6 lim x x e = = + ∞ Resumo da Unidade Nesta terceira unidade trabalhamos com diversas aplicações nos mais variados campos do conhecimento envolvendo a Derivada de uma função y = f(x). Além disso, apresentamos uma série de outras definições e resultados importantes que relacionam o contexto de aplicabilidade das derivadas, por exemplo, como taxa de variação e a sua relevância para a interpretação do comportamento de funções através de uma análise algébrica e gráfica. Salientamos ainda que a unidade 03 possui uma série de exemplos e resolvidos envolvendo os tópicos discutidos anteriormente. Diretrizes para a Próxima Unidade A partir do momento que discutimos a parte das aplicações envolvendo a Derivada, na próxima unidade 142 estaremos interessados em apresentar o processo inverso da diferenciação, que é o processo de antidiferenciação ou teoria envolvendo as Integrais Indefinidas e Definidas. Referências Bibliográficas Para maiores informações com relação ao assunto tratado nesta unidade, cada um de vocês pode se pautar nos livros descritos abaixo. 143 Bibliografia Básica GUIDORIZZI, Hamilton Luiz. Um Curso de Cálculo. 5ª Ed. Volume 1. Rio de Janeiro: LTC, 2003. LEITHOLD, Louis. O Cálculo com Geometria Analítica. 3ª Ed. Volume 1. São Paulo: Harbra, 1994. THOMAS, George B. Cálculo. Volume 1. São Paulo: Addison Wesley, 2003. Bibliografia Complementar ANTON, H. Cálculo: Um novo horizonte. 6ª Ed. Volume 1. São Paulo: Bookman, 2000. BOULOS, P. Cálculo Diferencial e Integral. Volume 1. SP: Makron Books, 2006. EDWARDS, Jr. C. H.; PENNEY, D. E. Cálculo com Geometria Analítica. Volume 1. Rio de Janeiro: Prentice-Hall do Brasil, 1997. FLEMIMING, D. M.; GONÇALVES, M. B. Cálculo A: Funções, Limite, Derivação, Integração . 5ª Ed. Revista e Ampliada. SP: Pearson Makron Books, 1992. SIMMONS, G. L. Cálculo com Geometria Analítica. Volume 1. São Paulo: McGraw-Hill, 1987.
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